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Revisões / Reviews
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Volume X Nº3 Maio/Junho 2008
A violência é encarada como um problema social. Quando se 
pretende compreender a génese das condutas violentas, a maio-
ria dos estudos centra-se no lobo frontal, particularmente, no 
lobo pré-frontal. Assim, este artigo dedica-se a uma revisão da 
literatura, nos últimos dois anos, em ordem a analisar se existe 
uma relação entre as disfunções no córtex pré-frontal e os com-
portamentos violentos. 
A nossa pesquisa identificou catorze estudos. Os resultados são 
apresentados por sectores: órbito-frontal, ventromedial, dorsola-
teral e ventrolateral. Com efeito, parece ser evidente o risco que 
as disfunções acarretam no desenvolvimento de comportamentos 
agressivos, nomeadamente, na inibição, na empatia, na memória 
e na moratória. 
Não obstante a rede de regiões neurais, concluiu-se que o córtex 
órbito-frontal (COF) regula a auto-monitorização adaptativa e o 
acesso à informação do estímulo; o córtex ventromedial (CVM) 
envolve-se no julgamento e no conhecimento moral; o córtex 
ventrolateral (CVL) relaciona-se com a aprendizagem retrospectiva 
e a inibição comportamental; e o córtex dorsolateral (CDL) suporta 
o raciocínio prospectivo e a atenção. Em jeito de conclusão, são 
apontadas algumas sugestões para futuras investigações. 
Palavras-chave: órbito-frontal, dorsolateral, ventromedial, ven-
trolateral, violência.
Continua:
Resumo / Abstract
Sónia Alexandra Cortinhas de Carvalho 
Mestranda da Universidade do Porto
João Marques – Teixeira
Professor da Universidade do Porto
Correspondência com o artigo:
soniaacortinhas@gmail.com 
Tlf: 965 316 100
 
Revisão da Literatura: Córtex Pré-frontal 
e Comportamentos Violentos
Literature Review: Prefrontal Cortex and Violent Behaviors
Introdução
Os crimes violentos foram sempre vistos como um problema 
significativo da ordem e da saúde pública a nível mundial, mas 
eles existem desde o berço da humanidade. Aliás, os antro-
pólogos e os historiadores reconhecem que a violência se res-
guarda em qualquer cultura, inclusivé, nas mais primitivas. 
O Relatório Global sobre Assentamentos Humanos das Na-
ções Unidas (UN-Habitat) frisa o aumento estatístico de crimes 
violentos a nível mundial, nomeadamente, o crime contra a 
propriedade, a violência doméstica e o homicídio[1]. 
Em Portugal, de acordo com o Relatório Anual de Segurança 
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Interna do Ministério da Administração Interna[ 2 ], verificou-se, 
no geral, o acréscimo de ocorrências criminais participadas às 
Forças de Segurança e à Policia Judiciária, totalizando 391.085 
participações, mais 2% que no ano 2005. No âmbito da crimi-
nalidade intitulada de violenta e grave, observou-se também 
uma subida de 2% em relação ao ano anterior, o que reflecte 
o seu reduzido impacto no total nacional (5.5%). De entre os 
crimes situados nesta categoria, salientam-se o crime por furto 
(80%); rapto, sequestro e tomada de reféns (26.9%); homicídio 
voluntário consumado (20.5%); e violação (6.1%).
Podem ser adoptados diferentes pontos de vista na tentativa 
de compreender e explicar os comportamentos violentos[3]. As 
visões explicativas que inicialmente repousavam sob teorias 
causais e estáticas deram lugar, nos últimos 20 anos, à neces-
sidade de uma integração multifactorial de factores biológicos, 
psicológicos e sociais, cruciais para a compreensão etológica 
e preventiva do crime[4]. 
Em simultâneo, os avanços tecnológicos têm comprovado 
a participação de determinadas estruturas cerebrais na me-
diação da agressão/violência, nomeadamente, através de 
estudos com técnicas de neuroimagem (Tomografia Assisti-
da por Computador, Tomografia por Emissão de Pósitrons, 
Electroencefalografia e Imagem por Ressonância Magnética), 
neuropsicológicas e avaliações neuroquímicas. Com efeito, 
a produção científica tem evidenciado, recorrendo a estas 
técnicas, que as lesões ou défices no sistema límbico, angular 
gyrus, lobo temporal, parietal e frontal contribuem para os 
comportamentos violentos[5,6].
Se bem que os sistemas cerebrais sejam interdependentes, 
as disfunções nas suas estruturas traduzem, em maior ou 
menor grau de intensidade, modificações nos padrões com-
portamentais e funcionais em áreas inerentes à motivação, 
expressão, memória, integração de funções sensoriais e exe-
cução motora[ 7].
Contudo, quando se pretende compreender a génese das con-
dutas violentas, os estudos centram-se especialmente no lobo 
frontal - área motora, pré-motora e pré-frontal -, sem descurar 
a importância de outras áreas associativas do cérebro[7,8]. 
De facto, o lobo frontal desempenha um papel fulcral no pla-
neamento, iniciação, integração, implementação, e atenção 
no acompanhamento de acções complexas; condições essas 
que se reúnem sob o termo “funções executivas”. De entre as 
áreas do córtex pré-frontal que têm sido implicadas nos com-
portamentos violentos e antissociais, sobressaem as regiões 
dorsolateral, orbital, ventromedial e ventrolateral.
Os estudos dedicados ao COF indicam que os indivíduos 
lesionados são caracteristicamente impulsivos, desconcentra-
dos, indiferentes às consequências do seu comportamento[9] e 
agressivos[10]. Adicionalmente, salientam-se os défices no com-
portamento interpessoal, ao nível do processamento emocional 
e auto-monitorização adaptativa (e.g., não demonstrar ansie-
dade antes de tarefas de elevado risco, dificuldade em avaliar 
quais os comportamentos aliciadores de emoções negativas/
positivas, adoptar apropriadamente o comportamento num 
determinado contexto, em ordem a corresponder aos objec-
tivos e às expectativas dos outros)[11]. Apesar da semelhança 
com o pré-frontal lateral na função selectiva de respostas, é 
sugerido que COF é recrutado especialmente em situações 
complexas e ambíguas, tornando as decisões mais intuitivas 
ou emocionais. Outros autores referem: nos danos precoces, 
a pobre aquisição da moral e de regras sociais[12]; a redução 
Continuação:
Violence has been viewed as a social problem. To understand 
the origin of violent actions, the majority of the studies are focu-
sed in frontal lobe, particularly, in prefrontal lobe. So, this article 
dedicates a literature review, in order to analyze if there’s a rela-
tionship between prefrontal cortex dysfunctions and aggressive 
behaviours. 
Our search identified fourteen studies. The results are displayed 
for categories: orbitofrontal, ventromedial, dorsolateral and ven-
trolateral. In this way, it seems that the impaired functions predis-
pose a major risk in development of violent behaviours, namely, in 
inhibition, in empathy, in memory and in moratorium. 
Nevertheless the networks of neural regions, the findings provide 
evidence that orbitofrontal cortex (OFC) regulates the adaptable 
behaviour and the access to stimulus information; the ventrome-
dial cortex (VMC) involves the moral judgment and knowledge; 
the ventrolateral cortex (VLC) serves the retroactive learning and 
the behavioural inhibition; and the dorsolateral cortex (DLC) su-
pports the retrospective reasoning and the attention. In conclu-
sion, are pronounced some suggestions to future investigations. 
Key–words: orbitofrontal, ventromedial, ventrolateral, dorsolate-
ral, violence.
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do metabolismo da glicose no COF e no CVM em pacientes 
impulsivos e em crianças agressivas[13,14].
O adicional envolvimento do CDL pode predispor a sequelas 
no planeamento, na atenção e na resposta preservativa[5]. Em 
certo modo, este sector está envolvido na representação de 
objectivos, consonantes com os estados afectivos positivos ou 
negativos[15]. Averiguou-se ainda o reduzido metabolismo no 
CDL em pacientes agressivos e em crianças agressivas com 
epilepsia[13,16]; o funcionamento anormal do CDL durante uma 
tarefaemocional, segundo um estudo de fMRI[17].
Os estudos atinentes ao CVL adoptam tarefas que requerem 
a inibição de respostas[18] e a aprendizagem retroactiva[19,20]. 
As disfunções no lobo frontal, particularmente no COF e CVL, 
incrementam a agressão reactiva[21], assim como as patologias 
(e.g., psicopatia)[19,22].
Desde o caso dramático de Phineas Gage, as investigações de-
bruçam-se ainda sobre as lesões no CVM, das quais resultam 
a “sociopatia adquirida”, a “sociopatia desenvolvimental” ou a 
“pseudopsicopatia”. Nesta linha, tem sido acusada a agres-
sividade, a inadequação social[23], as dificuldades na tomada 
de decisão (e.g., antecipação afectiva de consequências), a 
reduzida condutância eléctrica da pele quanto ao estímulo pre-
ditor de consequências negativas[5]. A sua alteração resultaria 
na atenuação do valor emocional dos dilemas morais, acom-
panhada de respostas desinibidas[24]. É, outrossim, sugerido 
que esta região se encontra mais envolvida na representação 
de estados afectivos negativos ou positivos na ausência de 
incentivos imediatos e presentes[15].
Há uma notável evidência sobre a participação da psicopa-
tologia nos crimes ou nos comportamentos violentos[3,8,25]. 
Verificou-se a elevada incidência de desordens psiquiátricas 
em população encarcerada, e só aproximadamente 25% de 
indivíduos beneficiavam de tratamento farmacológico, ou são 
considerados legalmente “insanos”[26]. Uma revisão sistemática 
de diversos estudos mostrou que cerca de 23.000 prisioneiros 
estavam mais predispostos a ter a psicose ou a depressão 
major e, acentuadamente, exibir a desordem de personalidade 
antissocial do que a população geral[27].
Numa revisão da literatura, é referido que os esquizofrénicos 
apresentam tendencialmente um risco mais elevado de praticar 
crimes violentos, em relação às pessoas não esquizofrénicas, 
embora se denote, neste aspecto, bastante inconsistência 
empírica[28].
Na psicopatia também têm sido reportados défices no CVM[22], 
no CVL[29], mas a mensuração respeitante ao efeito das lesões 
no COF com a Iowa Gambling Task, indica algumas discordân-
cias quando são feitas comparações com os não-psicopatas[30]. 
Alguns investigadores sugerem que, em detrimento dos défices 
no CDL, são mais prováveis nos psicopatas no COF[24].
Noutra revisão da literatura[23] sobre a personalidade anti-social 
(PAP), é referido o envolvimento de regiões mediais e laterais 
do CPF. Segundo os estudos de fMRI com tarefas de con-
dicionamento (e.g., medo, inibição), tem sido observado um 
aumento da intensidade do sinal na amígdala e nas regiões do 
CPF (e.g., dorsolateral, órbito-frontal) em pacientes com PAP, 
porém, não diferindo no desempenho em relação ao grupo 
de controlo. Desta maneira, sugeriu-se um provável esforço 
extra para o processamento de emoções negativas, o qual se 
designou por estratégia compensatória.
No geral, no que respeita ao córtex pré-frontal, tem sido rela-
tado a redução da matéria cinzenta em indivíduos antissociais 
e psicopatas[3,32]; a correlação entre o menor fluxo do sangue 
no lobo frontal e o aumento dos comportamentos agressivos 
manifestados por ofensores não-psicopatas[34]; a menor ac-
tivação do córtex pré-frontal e das regiões angular gyrus em 
homicidas[35].
Há quem frise que a disfunção do CPF durante a adolescência, 
enquanto período crítico desenvolvimental, deixa perturbações 
no comportamento dirigido a objectivos e na auto-regulação 
emocional, traduzindo um elevado risco de se tornar cronica-
mente antissocial na vida adulta[25]. O mesmo se pode dizer 
sobre outros períodos desenvolvimentais: período neonatal e 
infância[12,36].
Posta em evidência o enquadramento da temática, o presente 
trabalho dedica-se a uma revisão das produções científicas, 
em ordem a analisar a seguinte questão: 1) existe uma relação 
entre as disfunções (lesões e défices) no córtex pré-frontal e 
os comportamentos violentos?
2. Método
 
2.1. Procedimento
Partindo de um artigo de revisão intitulado “Homicídio e lobo 
frontal”[7], procedeu-se a uma revisão sistemática da literatura 
sobre o tema supracitado, mediante o levantamento de artigos 
científicos nos últimos dois anos (2006 e 2007), nas seguintes 
bases de dados: Medline, ScienceDirect, Oxfords Journals e 
Pubmed. Cruzaram-se as palavras-chave “pré-frontal”, “órbito-
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frontal”, “dorsolateral” e “ventromedial” com “crime”, “violên-
cia”, “agressividade”, “homicídio”, “moral”, “esquizofrenia”, 
“psicopatia” e “antissocial”. 
Na selecção dos artigos, foram examinados os resumos, 
atendendo a: 1) termos “órbito-frontal”, “dorsolateral”, “ven-
tromedial” e “ventrolateral”, uma vez que a apresentação dos 
resultados seguirá esta estrutura dimensional (por áreas); 2) 
termos “défices” e “lesões”; 3) tipo de artigo (seleccionaram-se 
apenas os estudos empíricos). No total, foram seleccionados 
14 artigos.
Relativamente ao peso percentual dos artigos nas diferen-
tes bases de dados, saliente-se: 64.29% no Science Direct, 
14.29% no Medline, 14.29.% no Oxford Journals e 7.13% no 
Pubmed. Este desnível deve-se, em parte, à indisponibilidade 
de acesso directo à informação. No que toca às metodologias 
utilizadas nos artigos em revisão, estes socorrem-se, na sua 
maioria, da ressonância magnética e de testes neuropsico-
lógicos. Contudo, notou-se que são escassos os estudos 
empíricos dedicados à exploração das áreas cerebrais acima 
enunciadas com amostras constituídas por criminosos ou 
ofensores com histórias de violência, excepto para o COF. 
No geral, é abordada a relação da psicopatologia com o 
comportamento agressivo, impulsivo e antissocial, e quando 
se recorre a amostras de sujeitos saudáveis são pesquisadas 
essencialmente as funções cerebrais no comportamento. 
Por outro lado, há consideravelmente estudos dedicados ao 
impacto das lesões no comportamento (agressivo), em parti-
cular, no CVM. Desta forma, como não é possível apresentar 
uma relação directa entre as disfunções no lobo pré-frontal e os 
crimes violentos, também devido ao espaço das datas pesqui-
sadas, tentaremos demonstrar em que medida as disfunções 
contribuem para os comportamentos violentos.
3. Resultados
3.1. Sector Órbito-Frontal
Antonucci et. al.[37] examinaram 15 sujeitos não psicóticos de 
duas clínicas psiquiátricas, a fim de analisar a associação en-
tre o volume do COF e a agressividade/impulsividade. Estes, 
clinicamente estáveis, foram submetidos ao preenchimento 
de três questionários avaliadores da agressão/ impulsividade 
(e.g., Barratt Impulsivity Scale, Lifetime History of Aggression 
Scale-Revised e Buss-Perry Physical Aggression Subescale) 
e à ressonância magnética em imagem (eMRI). Os resultados 
indicaram uma associação significativa e positiva do volume da 
matéria cinzenta/ assimetria do COF com a impulsividade mo-
tora e agressão, respectivamente. Para os participantes com a 
desordem afectiva, houve uma forte associação da assimetria 
do COF com as medidas psicométricas da agressão. Por outro 
lado, para os participantes sem esta desordem, houve uma 
associação forte e positiva do COF e as subescalas medidoras 
da impulsividade. Estes resultados sugerem um papel distintivo 
do COF na relação com a agressão/ impulsividade, ou seja, a 
agressividade e a impulsividade traduzem diferentes modelos 
de organização no COF. Os autores salientam a concordância 
destes resultados com os estudos prévios, que têm evidencia-
do a actuação do COF e CVM na regulação da agressividade e 
na geração da impulsividade (motora e não-planeamento). 
Coccaro et. al.[38] comparam 10 sujeitos não medicados e 
diagnosticados com a desordem explosiva intermitente (IED) 
com 10 saudáveis, em ordem a investigar a reactividade da 
função amígdala-COF durante uma tarefa emocional pela res-
sonância magnética em imagem (fMRI). Incluíram-se medidas 
comportamentais(e.g., Lifetime History of Aggression Scale-
Revised, Buss-Perry Aggression Questionnaire, State-Trait 
Anger Expression Inventory e Beck Depression Inventory). 
Os resultados mostraram a ausência de diferenças significati-
vas entre os grupos quanto à performance. Porém, segundo 
a fMRI, os indivíduos com a desordem explosiva intermitente 
exibiram uma hiperactivação na amígdala e uma hipoactivação 
no COF nas tarefas emocionais (processamento de emoções 
implícitas e explicitas); além disso, não se verificou a conexão 
amídgala-COF durante as mesmas respostas, ao invés do 
grupo de controlo. 
Deste modo, os autores pressupõem que a interacção disfun-
cional amídgala-COF compromete as respostas sociais dos 
sujeitos com uma história prévia de comportamento impulsivo/
agressivo, e substancia também o défice interaccional entre 
o network córtice-límbico e a agressão. Entrementes, não se 
aplicaram medidas comportamentais quanto à impulsividade, 
e a própria natureza da tarefa pode recrutar sobretudo funções 
da amígdala do que do COF.
Beer, Oliver, Scabini e Knight[39] propuseram analisar o papel do 
COF na auto-monitorização, apropriação do comportamento 
interpessoal e emoções sociais (e.g., embaraço). Nesta linha, 4 
participantes lesionados no COF e 4 lesionados no CPF lateral 
foram comparados com 8 participantes saudáveis (divididos 
em 2 grupos), numa tarefa interpessoal (conversação com 
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um estranho), mas antes avaliaram-nos quanto ao conhe-
cimento de normas sociais. Após completarem a tarefa, os 
participantes reputaram em que medida sentiram apropriado 
revelar informação pessoal/íntima aquando a conversa com 
o “estranho”, e seguidamente à visualização de um filme, os 
mesmos avaliaram em que medida se sentiram embaraçados, 
furiosos, angustiados, etc, baseando-se em escalas. 
Os resultados salientaram a “ignorância” dos pacientes lesio-
nados no COF, cuja performance “violou” as normas sociais, 
e o embaraço associado à inadequação do comportamento 
emergiu só depois da visualização do filme. Os autores suben-
tendem que a lesão no COF deturpa o discernimento na aquisi-
ção de informações emocionais complementares, necessárias 
à auto-monitorização. No entanto, não é abordada a influência 
da amígdala ou de outras estruturas cerebrais, já que se fala 
na emoção e nos aspectos cognitivos inerentes ao comporta-
mento adaptativo concordante com as regras sociais.
Hoaken, Allaby e Earle[40] investigaram o desempenho de 20 
ofensores violentos, 20 ofensores não-violentos encarcerados 
e 20 de controlo quanto a 1) funções cognitivas e 2) reconhe-
cimento afectivo de expressões faciais. A classificação divisora 
do tipo de violência foi baseada na definição apresentada por 
Harris e colaboradores citados pelo mesmo autor, e nas infor-
mações clínicas de ficheiros dos prisioneiros. 
Os testes usados foram os seguintes: 1) Conditioned Non-
spatial-Association Test, Concrete Subject-Ordered Working 
Memory Test e Abstract Subject-Ordered Working Memory 
Test; 2) Ekman Facial Affect Recognition task. Por conseguinte, 
verificou-se a pobre performance dos dois grupos ofensores 
nas medidas de função executiva, em relação ao grupo de con-
trolo; o pobre reconhecimento do grupo ofensores violentos na 
tarefa de reconhecimento afectivo das faces, ao invés de outros 
dois grupos; e os défices executivos associavam-se signifi-
cativamente às dificuldades de interpretação afectiva. Estes 
défices cognitivos são explicados, baseando-se nos aspectos 
do córtex pré-frontal, mas sem se especificar, no entanto, as 
estruturas do CPF ou a influência de outras estruturas.
Birbaumer et. al.[41] compararam 10 psicopatas criminais 
com 10 sujeitos saudáveis, visando testar a hipótese se este 
comportamento pode ser consequência de um deficiente 
condicionamento do medo, através da fMRI e avaliações da 
resposta electrodérmica, seguindo as matrizes pavlovianos. 
Os psicopatas foram seleccionados segundo o Psychopathy 
Check-Revised (PCL-R) e, devido a certos constrangimentos 
na recolha de dados, esta demorou mais de 2 anos. Com 
efeito, os resultados apontaram, nos psicopatas, uma insufici-
ência significativa da activação do circuito límbico - pré-frontal 
(amígdala, COF, ínsula e cingulado anterior) durante a aquisição 
do paradigma (só a activação na amígdala direita), o mesmo 
acontecendo na condutância eléctrica da pele. 
Em contraste, o grupo de controlo mostrou uma activação 
“estável” do mesmo circuito (activação substancial da amígdala 
esquerda e COF esquerdo). Estas observações sugerem uma 
certa dissociação do processamento emocional e cognitivo, 
resultante do retrocesso sobre a antecipação de acontecimen-
tos aversivos nos psicopatas. 
3.2. Sector Ventromedial
Fellows[42] comparou 21 sujeitos lesionados no CVM com 11 
sujeitos lesionados no córtex frontal (dorsal e lateral) e 21 
sujeitos saudáveis, de forma a explorar os efeitos das lesões 
na tomada de decisão. Seleccionaram os participantes atra-
vés de fMRI, informações clínicas e medição do Quociente 
de Inteligência. Os participantes efectuaram escolhas face à 
informação estandardizada apresentada num quadro (e.g., 
escolher o apartamento correcto). 
Os resultados assinalaram estratégias diferentes entre os 
grupos. Enquanto os participantes de controlo e os lesio-
nados no córtex frontal basearam as suas estratégias numa 
pesquisa “baseada no atributo”, os participantes lesionados 
no CMV seguiram uma estratégia “baseada na alternativa”, 
mas o desempenho global não foi afectado pelo aumento da 
complexidade (e.g., quantidade de informação adquirida). 
Assim, o autor sugere que estas diferenças sistemáticas podem 
afectar a qualidade das escolhas dos participantes lesionados 
no CVM, susceptíveis de serem consideradas “impulsivas” 
(e.g., não examinar a informação toda, diferentes objectivos) 
e, enfim, admite que o processo de tomada de decisão é, de 
facto, suportado pelo sector ventromedial.
Ciaramelli, Muccioli, Ládavas e Pellegrino[43] avaliaram 7 pa-
cientes lesionados na região ventromedial e 12 indivíduos 
saudáveis, através da fMRI e de tarefas com dilemas morais 
pessoais, impessoais e não morais. Todos os pacientes apre-
sentavam um declínio na conduta interpessoal, retrocesso no 
cumprimento das normas sociais e “alienação” emocional. 
Os testes neuropsicológicos aplicados indiciaram competên-
cias intelectuais íntegras, mas com moderados problemas nas 
funções executivas e de memória. Assim, introduziram pergun-
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tas de memória, além de outras, durante a experimentação. 
Nos resultados, verificou-se que todos os pacientes mostra-
ram-se capazes de recordar os aspectos relevantes do cenário, 
enquanto realizavam as suas decisões; mas foram mais rápidos 
e mais inclinados do que o grupo de controlo em “autorizar” 
as violações morais nos dilemas morais pessoais, enquanto 
nos dilemas impessoais não se observaram diferenças de 
desempenho. Os autores concluem que o CVM é necessário 
para confrontar as violações morais, possivelmente, através de 
reacções emocionais e antecipatórias que influem a escolha e 
o comportamento moral. Todavia, os autores não aplicaram, 
de facto, medidas comportamentais para concluírem as ditas 
dificuldades interpessoais na fase da selecção.
Robertson et. al.[44] examinaram 16 participantes saudáveis, 
sem nenhuma história psiquiátrica ou desordens neurológicas. 
Estes foram pré-testados na rapidez de leitura, usando-se o 
subteste Sight Word Efficiency, e demonstraram uma boa 
amplitude de palavras lidas. Em ordem a analisar a topologia 
da cognição moral, socorreram-se da fMRI e de narrativas 
(morais e não-morais). Enquanto a sensibilidade para o sentido 
de justiça estava associada a uma maior activação do sulcus 
intraparietal esquerdo, a sensibilidade parabenevolência estava 
associada a uma maior activação do tálamo, córtex cingulado 
posterior, córtex pré-frontal ventromedial e dorsolateral. Estes 
resultados sugerem o importante papel destas regiões no aces-
so às experiências/histórias pessoais (suportada pela memória 
autobiográfica), identidades e perspectivas sociais; possibilitam 
as representações neurais do processo da sensibilidade moral; 
e suportam diferentes processamentos da informação neural 
para o reconhecimento interpretativo de questões da justiça e 
benevolência morais.
3.3. Sector Ventrolateral
Kaladjian et. al.[45] compararam 21 esquizofrénicos não pacien-
tes com 21saudáveis, através da fMRI, no intuito de identificar 
as áreas cerebrais especificamente associadas às respostas 
inibitórias, durante uma tarefa Go-NoGo (e.g., carregar num 
botão aquando o aparecimento do sinal). Os participantes 
preencheram os seguintes critérios: nenhuma história de abuso 
de drogas ou de desordens neurológicas; parâmetros da Struc-
tured clinical Interview for DSM-IV Axis I Disorders e National 
Adult Reading Test. Comparando os sujeitos saudáveis com 
os esquizofrénicos, estes exibiram uma diminuição significativa 
na activação durante a inibição da resposta motora só no CVL 
direito. Os autores concluem que esta região é crítica para a 
inibição do comportamento impulsivo e sugerem que pode ser 
uma chave decisiva para as desordens psiquiátricas.
Mitchell, Rhodes, Pine e Blair[46] examinaram 13 voluntários, 
sem antecedentes psiquiátricos ou ingestão actual de medi-
cação, de forma a determinar quais as regiões implicadas na 
“aprendizagem retroactiva”. Socorreram-se da fMRI, em com-
binação com uma tarefa de tomada de decisão (e.g., vender 
ou manter o stock) com diferentes condições de valores dos 
reforços e de respostas. Antes do início da experiência, houve 
24 tentativas de treino. Os resultados mostraram a activação 
do CVL, COF, CDL, córtex dorsomedial e caudado na reversão 
dos erros, e adicionalmente, o aumento da activação do CVL, 
CDL e caudado a seguir à reversão das contingências para 
respostas correctas. Deste modo, sugeriu-se que o CVL está 
envolvido no “desempate” das respostas alternativas, me-
diante a manipulação das representações; e o CDL intervém 
na aprendizagem retroactiva, pela manutenção dos níveis da 
atenção.
Wolf, Vasic e Walter[47] avaliaram 15 sujeitos saudáveis, isentos 
de histórias de trauma cerebral, de desordens psiquiátricas e ou 
de consumo de substâncias nos últimos 6 meses. Em ordem 
a examinar quais as áreas cerebrais recrutadas durante uma 
tarefa apelativa da memória de trabalho (verbal), baseada numa 
versão modificada do Sternberg Item Recognition Paradigm, 
recorreram à fMRI. Os resultados indicaram a activação do CVL 
esquerdo (BA47), CPF anterior (BA 10) e CDL bilateral durante a 
recuperação de dois ou mais itens; a activação do CVL bilateral 
na recuperação de um item. Os autores concluem que as áreas 
do córtex pré-frontal parecem estar envolvidas distintamente 
na discriminação dos itens: o CVL pode iniciar a recuperação 
explícita da informação, e as áreas dorsais do CPF podem estar 
envolvidas no aumento do processo da recuperação. 
3.4. Sector Dorsolateral
Grimm et. al.[48] avaliaram 29 sujeitos saudáveis, sem défices 
neurológicos ou psiquiátricos, a fim de analisar quais as regiões 
corticais envolvidas no processamento das diferentes dimen-
sões da emoção: valência, intensidade e reconhecimento. 
Usaram a fMRI durante a aplicação do International Affective 
Picture System, dividido em duas partes (e.g., visualização e 
julgamento de fotografias emotivas), e os resultados patentea-
ram uma correlação significativa da valência com a activação 
no CVM (durante a visualização) e CDL bilateral (julgamento); a 
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intensidade com o CVL direito (julgamento); e o reconhecimento 
com o córtex cingulado anterior (visualização). Os resultados 
evidenciaram a segregação neural da representação de dife-
rentes emoções nas regiões pré-frontais corticais. 
Blair et. al.[49] compararam o desempenho de 25 sujeitos psi-
copatas (de instituições de alta segurança) com 30 sujeitos 
saudáveis, mediante a mensuração do funcionamento do CDL 
(e.g., tarefa de alternação espacial), do COF (e.g., tarefa de al-
ternação do objecto) e do córtex cingulado anterior (e.g., tarefa 
Stroop). Seleccionaram-se os pacientes segundo os critérios 
da Psychopathy Check-Revised (PCL-R), Raven’s Advanced 
Matrix.Set I (inteligência geral) e National Adult Reading Test 
(inteligência verbal). 
Os resultados acusaram défices só nas medidas de funciona-
mento do COF nos psicopatas, não se verificando diferenças 
nas outras medidas. Assim, subentendeu-se que a principal 
função do COF, a alteração das respostas motoras para os 
objectos, em função da informação-reforço, é deficiente nos 
psicopatas, ao contrário do papel do CDL, a alteração das 
respostas motoras para a localização espacial, em função da 
informação-reforço. 
Yoon, Hoffman e D’Esposito[50] recrutaram 14 sujeitos saudá-
veis, com a pretensão de analisar quais as regiões do córtex 
pré-frontal lateral envolvidas nas representações sensórias, 
retrospectivas e prospectivas, através da fMRI durante a apli-
cação de uma tarefa apelativa da memória de trabalho (e.g., 
visualização de rostos e carregar um botão na fase do julga-
mento). Nos resultados, observaram-se as correlações entre 
as representações sensórias retrospectivas e o CVL, e entre as 
representações prospectivas da acção e o CDL. Com efeito, 
os autores enfatizam a segregação espacial das regiões no 
suporte da informação retrospectiva vs. prospectiva. 
4. Discussão
Parece ser consensual que as disfunções no córtex pré-frontal 
aumentam o risco do desenvolvimento de uma personalidade 
agressiva, designadamente, no controle inibitório, na empatia, 
na memória e na moratória. 
4.1. Sector Órbito-Frontal
Depreendeu-se uma consistência empírica quanto ao contri-
buto de défices no sector órbito-frontal para a agressão, por 
via da desregulação emocional, e para a geração da impulsi-
vidade. Aliás, constatou-se[15] que o COF modula a agressão, 
mediante a activação do afecto negativo por menor dominância 
do hemisfério esquerdo (associado à expressão dos afectos 
positivos). No que respeita às lesões no lado direito do CFI, é 
aludido[51] que o papel generante do impulso pode ser locali-
zado no COF, enquanto a sua regulação pode ser fixada no 
córtex frontal inferior.
Apesar de o estudo de Beer, John, Scabini e Robert[39] não 
fazer referência ao papel da amígdala e de outras estruturas, 
demonstra que os danos no COF dificultam a adequação das 
relações interpessoais, em termos de auto-monitorização (e.g., 
comportar-se em concordância com as regras da tarefa) e ge-
ração das emoções ligadas aos erros sociais (e.g., embaraço 
percepcionado). Desta maneira, a regulação do comporta-
mento adaptativo dirigido aos objectivos e emocional, ambos 
indissociáveis, é uma característica relevante do COF.
Interessa ainda referir a importância da conexão entre a amíg-
dala e o COF. O estudo de Coccaro et. al.[38], pioneiro na 
análise da activação cerebral da amígdala – COF, durante o 
processamento da informação emocional em indivíduos com 
desordem explosiva intermitente, patenteia o impacto disfun-
cional de ambas estruturas no comportamento. 
O estudo de Birbaumer et. al.[41] demonstra também as falhas 
no envolvimento emocional dos psicopatas criminosos durante 
a aquisição do “medo” que aparecem ligadas só à activação 
da amígdala direita. A falha na activação do COF manifestou-
se, sobretudo, quando foi necessário exteriorizar a associação 
aprendida para as respostas comportamentais.
Algumas pesquisas de neuroimagem têm encontrado uma 
maior activação desta estrutura para os afectos negativos do 
que para os positivos[15,52],o que pode justificar a hiperactivação 
desta estrutura, em oposição do COF. Além disso, é sugerido 
que a maior activação pode ser um mecanismo básico na 
patologia do comportamento agressivo[38], e corresponder a 
uma estratégia compensatória, i.e., um esforço extra para o 
processamento de emoções negativas, como foi denotado em 
estudos que versam PAP[23]. Ademais, a disfunção da amígdala 
tem sido igualmente salientada em população não clínica[53,5].
Todavia, alguns autores sugerem diferenças funcionais entre 
a amígdala esquerda e direita, e esta estrutura demarca-se 
mormente no processamento emocional (e.g., reconhecimento 
das expressões faciais, contingências de condicionamento), 
enquanto o COF serve como seu mediador[15,54] e regula as 
respostas motoras apropriadas[29]. Morris, Ohman e Dolan[55] 
Revisões / Reviews Saúde Mental Mental Health
42
propuseram que a amígdala direita está envolvida no processo 
de aprendizagem emocional inconsciente, ao passo que a es-
querda se cinge mais à aprendizagem emocional consciente. 
Sendo assim, seria interessante explorar futuramente esta 
questão, as diferenças de activação ou de funcionamento entre 
os dois lados da amígdala, bem como do COF no âmbito da 
criminalidade. 
A investigação apresentada por Hoaken, Allaby e Earle[40] mos-
tra que a interpretação de expressões afectivas faciais é mais 
pobre nos ofensores com antecedentes históricos de violência 
que nos ofensores não violentos, e esta dificuldade aparece 
correlacionada a défices de função executiva (para ambos 
os grupos). Com efeito, a incapacidade de compreender as 
emoções dos outros, um tipo de aprendizagem associativa, 
predispõe facilmente à hostilidade e interacção agressiva. 
Dado à menor plasticidade cognitiva, não existe a corres-
pondente capacidade em usar as opções de respostas mais 
adaptativas. Na verdade, este tipo de dificuldade tem sido 
frequentemente enunciado no âmbito da psicopatologia, com 
os psicopatas[41]; desordem bipolar[56]; e esquizofrénicos[57]. 
Entretanto, na investigação citada, não se efectuaram rastreios 
psiquiátricos, em ordem a detectar a presença de possíveis 
perturbações e de normalizar a amostra, e o critério usado 
para divisão dos grupos é algo instável, dado à própria com-
plexidade do acto violento.
Curiosamente, parece que os efeitos mais nocivos, derivados 
das disfunções do CFP, envolvem os indivíduos com ante-
cedentes de violência; quando se demonstram, sobretudo, 
agressivos do que impulsivos. Logo, acarretam com uma maior 
probabilidade para desordens afectivas graves. 
Estes factores levam também a uma menor activação do COF, da 
amígdala esquerda e de outras estruturas do sistema límbico. 
As lesões no COF aumentariam, outrossim, o risco de agressão 
instrumental[58], défices na aprendizagem retroactiva[29], pertur-
bações na regulação social devido à pobre auto-consciência 
das emoções[59], etc.
A respeito de outras estruturas cerebrais, é sugerido que o 
cingulado anterior possui um maior acesso aos sistemas motor 
e espacial, enquanto o COF tem um maior acesso à informação 
sobre o estímulo[60].
4.2. Sector Ventromedial
O sector ventromedial é crucial para se opor às violações mo-
rais pessoais, e estando envolvido na representação do valor 
contextual específico do estímulo, a sua disfunção tem sido 
associada a elevados níveis de impulsividade, de agressividade, 
de ansiedade e de apatia[23,6,62].
No geral, os estudos versam as dificuldades no processo 
afectivo e intuitivo na tomada de decisão ética e social, ao 
nível das estratégias, auto-consciência e selecção de acções 
socialmente apropriadas.
A capacidade de tomar decisões éticas é central no compor-
tamento humano social e envolve a detecção e a interpretação 
de questões morais, bem como a idoneidade para a razão e o 
acto, alicerçados em princípios morais[44]. 
O processo de escolha entre as várias opções, embora envolva 
múltiplos processos[63], é um comportamento fundamental 
intrínseco à neguentropia. Paralelamente às observações de 
Fellows[42], existem outras que ilustram a variedade de estra-
tégias heurísticas usadas para lidar com a complexidade de 
cada decisão[64]. Deste modo, as contusões no CVM podem 
provocar dificuldades na gestão da informação estruturada; 
nas associações entre o estímulo-reforço[65]; na flexibilidade 
em determinar o valor relativo das alternativas[42], tornando 
os indivíduos menos inclinados a usar uma estratégia de 
maximização da informação[66], em detrimento de indivíduos 
saudáveis[67]. 
Além de,ssa diferença de estratégias, o estudo de Ciaramelli, 
Muccioli, Ládavas e Pellegrino[43] evidencia outros factores 
prejudiciais à qualidade das decisões: a rapidez e a falha emo-
cional na antecipação das consequências morais.
Os lesionados no CVM estavam propensos em consentir 
mais rapidamente as violações morais, quer pessoais, quer 
impessoais, em comparação com os participantes saudáveis 
que se mostravam mais relutantes em permitir as violações 
pessoais em relação às impessoais. Outros autores chegam 
a conclusões similares[68,69]. 
Como os dilemas pessoais incitam um maior envolvimento 
pessoal dado à responsabilidade evocada, ao contrário dos 
dilemas impessoais[70], compreende-se que seja preciso an-
tecipar as respostas negativas emocionais, empatizar com a 
situação de uma potencial vítima ou até predizer as perspec-
tivas/intenções de outrem. Nesta linha, alguns estudos com 
fMRI mostram que a reflexão numa experiência emocional é 
suportada pelas regiões do córtice pré-frontal medial[71,72], o 
que salienta o network.
Por outro lado, para os dilemas impessoais, tem sido sugerido 
que são acompanhados, em particular, pelo CDL, mediante o 
Revisões / Reviews
43
Volume X Nº3 Maio/Junho 2008
raciocínio lógico[73]. 
Se bem que a resolução dos dilemas morais requer uma 
ponderação sobre o bem/mal, é subentendido que o proces-
so de decisão efectua-se através de dois sistemas neurais 
interactivos: a amígdala trabalha os sinais emocionais ime-
diatos, enquanto que o CVM seria necessário para os sinais 
a longo-termo[74]. Ademais, é sugerido que amígdala fornece 
a informação expectante sobre o reforço (valência positiva ou 
negativa), o qual é depois representado pelo CVM, e os outros 
sistemas usam esta informação para seleccionar as respostas 
adequadas[61].
O estudo de Robertson et. al.[44] alega que a sensibilidade para 
o sentido de justiça e de benevolência (empatia e ética) seguem 
processamentos de informação neurais distintos. 
De facto, os recentes avanços nas teorias da moratória enfa-
tizam esta distinção, sendo o sentido de benevolência mais 
aplicável aos conflitos morais, cuja resolução se baseia no 
enfoque de variáveis situacionais emergentes nas relações com 
os outros, e na orientação das emoções sociais[73]. Assim, as 
áreas cerebrais críticas para a sensibilidade moral são o córtex 
pré-frontal medial (acesso à informação do self e compreensão 
da perspectiva do outro), o córtex cingulado posterior (acesso 
às prévias experiências emocionais, cognitivas e somáticas) e 
sulcus temporal superior (acesso às percepções relacionadas 
com a cognição social). 
A menor activação deste sector também tem sido denun-
ciada em inúmeras psicopatologias, tais como, a desordem 
da personalidade borderline[75], personalidade anti-social[23] e 
psicopatia[22,61]. 
Embora os estudos apresentados nos resultados abranjam 
amostras de sujeitos lesionados e saudáveis, e não sujeitos 
considerados agressivos ou impulsivos, é evidente o contributo 
deste sector para a manutenção do comportamento social-
mente adaptativo. 
4.3. Sector Ventrolateral
A literatura indica o envolvimento deste sector na inibição da 
resposta motora, na aprendizagem retroactiva e nos processos 
cognitivos de controlo da memória semântica.
O estudo de Kaladjian et. al.[45] ressai a menor activação doCVL 
direito nos esquizofrénicos durante a inibição da resposta mo-
tora, em comparação com os participantes saudáveis. Apesar 
de não serem consideradas as tipologias de esquizofrenia, as 
conclusões são concordantes com outros estudos, que verifi-
caram também a menor activação do CVL direito em sujeitos 
com personalidade hiperactiva, borderline e antissocial[76,7,78]. 
Deste modo, compreende-se que o CVL seja entendido como 
uma estrutura-chave nas perturbações psicopatológicas, e 
por outro lado, o lado direito é habitualmente implicado na 
mediação da inibição do comportamento.
Se reflectirmos sobre a actividade inibitória, faz sentido re-
lacioná-la com a “aprendizagem retroactiva”. Paralelamente 
ao estudo de Mitchell, Rhodes, Pine e Blair[46], outros autores 
também concluem que o CVL suporta a “resposta retroactiva” 
através da saliência, entre as várias opções adquiridas, da re-
presentação da resposta motora valorizada[19,20,79]. Subjacente 
a esta aprendizagem, está o recrutamento da memória - a 
base. A memória semântica detém informações a longo-termo, 
significados de vocábulos, propriedades de objectos que são 
representados de uma maneira específica[80]
Por isso, ela é um ingrediente fundamental às decisões e ac-
ções diárias. Há, de facto, evidência sobre a participação do 
córtex pré-frontal (CPF) nos processos da memória de trabalho 
e a longo-prazo[50]. 
Uma revisão da literatura refere a especialização do CVL 
esquerdo nos processos cognitivos de controlo no acesso à 
informação relevante da memória semântica, um papel que é 
efectivado pelas interconexões entre o CVL e as regiões tem-
porais lateral e inferior[79]. Ademais, são distinguidos dois pro-
cessos do CVL esquerdo para um processamento semântico 
controlado: 1) recuperação controlada, não sendo automática, 
activa o conhecimento relevante; 2) posterior selecção “desem-
pata” as representações simultaneamente activas, permitindo 
a selecção da “melhor” representação e, subsequentemente, 
a tomada de decisão e acção. 
A investigação apresentada por Wolf, Vasic e Walter[47] apoia 
esta ideia, segundo a qual o CVL pode ser crítico para o início 
do processo da recuperação da informação, enquanto o CDL 
e o CFP anterior actuam como suportes. 
A selecção da informação depende do número e da duração 
dos “competidores activos”, e da retenção do objectivo espe-
cífico. Um dos “competidores” é a interferência proactiva, refe-
rente ao conhecimento prévio que, não sendo relevante, pode 
influenciar negativamente o subsequente processamento[33]. 
A lesão no CVL esquerdo aumenta a interferência proactiva, 
em comparação com outros aspectos da performance da 
memória a curto-prazo[81].
Importa ainda considerar o teor das tarefas de decisão, porque 
Revisões / Reviews Saúde Mental Mental Health
44
é sugerido que as decisões de reconhecimento do item envol-
vem menos as funções de selecção em relação às decisões 
baseadas na reminiscência[82]. 
As primeiras assentam na familiaridade e na evocação mínima 
de detalhes episódicos; as segundas requerem mais infor-
mação sobre os detalhes episódicos. Por exemplo, carregar 
num botão aquando o aparecimento do sinal não é a mesma 
coisa que decidir manter ou vender um stock. Nesta linha, os 
estudos têm evidenciado a elevada activação do CVL medial 
esquerdo[83,84]. 
Enquanto certas decisões exigem pouco esforço, outras 
solicitam uma ponderação cuidadosa das opções. Pode-se 
enquadrar aqui o último exemplo. Para tal, as tomadas de 
decisões dependem ainda de informações emocionais e mo-
tivacionais do COF e das áreas subcorticais (e.g., amígdala), 
sendo integradas pelo CVL[85]. 
Todavia, note-se que só foram expostos estudos com amostras 
de sujeitos saudáveis, pois não se encontraram amostras de 
sujeitos lesionados ou classificados agressivos e impulsivos no 
espaço de tempo da pesquisa. No âmbito da criminalidade, 
este sector cerebral é usualmente aludido, em junção com 
outras regiões, nos quadros psicopatológicos. 
No entanto, consideramos que a importância deste sector não 
foi, até hoje, devidamente explorada. Por exemplo, na psico-
patia é comummente aludida a disfunção no CVL explicando, 
segundo diversos autores, as falhas na selecção de respostas 
correctas. Contudo, estas falhas podem ter a sua origem nas 
dificuldades de recuperação e selecção das informações 
semânticas, o que significaria uma menor flexibilidade dos pro-
cessos cognitivos de controlo da memória e, por conseguinte, 
uma maior probabilidade de erros nas respostas motóricas.
4.4. Sector Dorsolateral
Neste sector, são atribuídas as funções de representação 
prospectiva da acção, a manutenção dos níveis de atenção 
e o raciocínio. 
O estudo de Grimm et. al.[48] evidenciou a associação entre a 
actividade no CDL bilateral e a valência do estímulo durante 
o julgamento (e.g., fotografias positivas ou negativas) e não 
durante a visualização. Como não se trata de um dilema pes-
soal, logo não exige uma profunda antecipação afectiva das 
consequências e a evocação da responsabilidade pessoal. 
Isso leva a crer que a actividade do CDL depende, de facto, 
da valência do estímulo, estando em concordância com as 
observações esboçadas no sector ventromedial (e.g., dilemas 
pessoais vs. dilemas impessoais). Além disso, os mesmos 
autores salientam que o julgamento emocional pode ser acom-
panhado pelo aumento da atenção que também tem sido 
associado com o CDL. 
A valência do estímulo pode abranger duas características: 
1) o aspecto afectivo atinente à qualidade do estímulo, 2) o 
aspecto classificador do estímulo afectivo, como positivo ou 
negativo[6,86]. Nesta óptica, é indicado que a primeira caracte-
rística está associada à actividade neural no CVM, enquanto a 
segunda está associada com a actividade neural no CDL[48]. 
Se bem é possível a diferenciação destes sectores, consi-
dera-se que o CVM depende sobretudo das características 
contextuais do estímulo e o CDL redunda à “lógica” ou ao 
“julgamento” das diferentes informações que lhe chegam.
Fuster[87] menciona que a função essencial do CPF lateral con-
siste na integração temporal da informação no passado ou no 
futuro. Nesta linha, o estudo de Yoon, Hoofman e D’Esposito[50] 
expõe a correlação entre as representações sensórias retros-
pectivas e o CVL, e entre as representações prospectivas da 
acção e o CDL durante uma tarefa apelativa da memória de 
trabalho. Sabendo que o CVL controla os processos cognitivos 
no acesso às representações sobre os objectos ou aconteci-
mentos, é sugerido que o CDL usa estas informações para a 
preparação e execução das acções motoras. Outros autores 
chegam a constatações semelhantes[79,88,89]. 
Em certa medida, este sector está envolvido na representação 
de objectivos, consonantes com os estados afectivos positi-
vos ou negativos[15], e na orientação espacial da informação 
cognitiva[85].
As dificuldades neste processo cognitivo podem se traduzir 
em erros perseverativos. Barbosa[8] refere que os pacientes 
lesionados no CDL demonstram uma maior percentagem de 
erros de perseveração no Wisconsin Card Sorting Test (WCST), 
e não na expressão verbal das estratégias de resposta e na 
consciência dos erros. 
No que toca à lateralização dos hemisférios, os sinais no CDL 
direito têm sido correlacionados com valências negativas; em 
contraste, os sinais no CDL esquerdo têm sido associados 
às valências positivas[90]. Adicionalmente, os sinais no CDL 
esquerdo têm sido associados ao julgamento emocional, e os 
sinais no CDL direito à antecipação ou atenção do julgamento 
emocional[91]. 
Na psicopatologia, é referido o reduzido metabolismo no CDL 
Revisões / Reviews
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Volume X Nº3 Maio/Junho 2008
em pacientes agressivos e crianças com epilepsia[13,16]; a per-
turbação de funções executivas em indivíduos psicopatas[92]; 
etc. Neste contexto, o estudo de Blair et. al.[39] indiciadéfices 
só no COF nos psicopatas, em relação aos sujeitos saudáveis. 
De facto, este tipo de défice, apontado por inúmeros autores, 
revela-se mais consistente, ao contrário no CDL[24,41]. 
Em suma, o CDL surge constantemente associado a outros 
sectores, e os défices destacam-se quando se encontram 
envolvidos estímulos emocionais (por exemplo, rostos), e se 
requer o respectivo julgamento para a posterior execução 
motora, suportada por representações prospectivas. Por 
exemplo, discriminar as expressões faciais como “positivas” 
ou “negativas” e carregar num botão aquando o aparecimento 
de rostos “positivos”. 
5. Síntese
6. Conclusão
O interesse crescente no estudo das bases neuropsicológicas 
do comportamento antissocial deve-se, em parte, à ligação 
empírica entre as disfunções neurológicas no lobo pré-frontal 
e os comportamentos antissociais e violentos. 
No entanto, não é possível apresentar directamente uma re-
lação directa entre a criminalidade violenta e as disfunções no 
lobo pré-frontal. A maioria dos estudos tocam este assunto e 
pressupõem esta relação, mas demonstram-na de uma forma 
indirecta: essencialmente através de amostras de sujeitos com 
desordens psiquiátricas, até porque estas são percentualmente 
evidentes em população de reclusos[3,8]. Este facto prende-se 
também com as dificuldades derivadas de recursos financeiros 
e viabilidade metodológica na realização dos estudos. 
De qualquer forma, foi possível depreender a importância das 
regiões do córtex pré-frontal para o comportamento adaptativo. 
As disfunções - originadas por lesões, défices estruturais ou 
funcionais - aumentam o risco da impulsividade e, em casos 
mais extremos, da violência. Contudo, deve-se assumir uma 
visão multifactorial do fenómeno “comportamento criminal” 
para se alcançar uma compreensão etológica e preventiva do 
crime[4]. Nesta linha, Cusson[93] diz que “O problema criminal 
contemporâneo está demasiado imbricado na trauma da nossa 
vida quotidiana para poder ser combatido através de meios 
simples, brutais e expeditos. Para o conter sem atentar contra 
os nossos valores é preciso estudá-lo e conhecê-lo, evitando 
desvalorizá-lo ou dramatizá-lo.” (p. 13). 
O sector cerebral mais pesquisado é o órbito-frontal, e conhe-
ce-se um significativo desenvolvimento nos dois últimos anos. 
Este aparenta ser o mais importante, como alguns autores têm 
vindo a salientar, mas há que atribuir igual atenção ao sector 
ventrolateral, visto possuir uma relação proeminente com a 
memória, o que não acontece. Sem a emoção ou a memória, 
os “graus de liberdade” do ser humano seriam mínimos. 
Os resultados dos estudos devem ser interpretados e ge-
neralizados com precaução, uma vez que detêm algumas 
falhas metodológicas. Nos estudos supracitados, notou-se o 
seguinte: desigualdade de rigor nos critérios de selecção dos 
participantes; diferenças nas características das amostras (por 
exemplo, nível educacional, regimes de medicação) e a sua 
falta de representatividade e aleatoriedade; uso de diferentes 
metodologias; por vezes, não existem referências às condições 
de temperatura, ruído; e só alguns estudos usam grupos de 
controlo, treinos prévios e compensações monetárias. 
As investigações futuras poderiam dedicar-se a análises de 
género no âmbito de comportamentos violentos, descorti-
nando a sua relação com as disfunções pré-frontais, pois os 
estudos utilizam normalmente amostras de sujeitos masculinos 
e institucionalizados. Outrossim, seria interessante explorar as 
diferenças de activação ou de funcionamento entre as áreas 
do CPF mencionadas neste artigo, com sujeitos reputados de 
violentos, impulsivos ou antissociais. Adicionalmente, estas 
diferenças ainda podem ser analisadas em função da natureza 
das tarefas (por exemplo, interpessoais vs. intrapessoais), da 
patologia (por exemplo, entre os sujeitos com psicopatia e 
desordem explosiva intermitente) e da faixa etária (por exemplo, 
estudos longitudinais). 
À guisa de conclusão final, os avanços no conhecimento 
Região cerebral Principais funções
Sector órbito-frontal Auto-monitorização adaptativa
Sector dorsolateral Representação prospectiva da acção
Sector ventromedial Julgamento ético e representação contextual do 
 estímulo
Sector ventrolateral Inibição do comportamento e representações 
 retrospectivas
Quadro 1. Áreas cerebrais do lobo pré-frontal e suas principais 
funções.
Revisões / Reviews Saúde Mental Mental Health
46
neurocientífico trazem importantes implicações para o sistema 
legal, permitem uma melhor compreensão sobre as variáveis 
influentes no comportamento criminal e antissocial, e enrique-
cem as concepções teóricas e práticas, possibilitando novas 
respostas preventivas e remediativas.
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