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1 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro INFLAMAÇÃO INFLAMAÇÃO A inflamação constitui uma reação fisiológica de defesa e reparação do organismo desencadeada por estímulos físicos, químicos ou biológicos que podem gerar dor, edema e em alguns casos levar à disfunção do órgão ou tecido. É sempre local e nunca generalizada, sendo também inespecífica, atuando sob diversos fatores. Apesar das causas serem variadas, o mecanismo de ação é sempre o mesmo. O agente inflamatório age sobre os tecidos induzindo a liberação de mediadores químicos vasoativos, ou seja, irão atuar na parede do vaso, promovendo a sua vasodilatação e aumento da permeabilidade, com a saída de plasma e de células para o tecido lesionado. Existem dois tipos de mediadores químicos: - MEDIADORES QUÍMICOS DE AÇÃO RÁPIDA: Como o próprio nome já diz, promove a liberação de mediadores químicos logo que entra em contato com o agente agressor, liberando: Serotonina e Histamina (promovem a vasodilatação e ↑ da permeabilidade) - MEDIADORES QUÍMICOS DE AÇÃO PROLONGADA: Estes são liberados durante todo o processo inflamatório, até que o agente seja eliminado totalmente do tecido, sendo: Bradicinina e Prostaglandina (promovem a vasodilatação, ↑ da permeabilidade e também promovem a quimiotaxia, que corresponde na atração de leucócitos para área atingida) 2 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro PROCESSO INFLAMATÓRIO • Reação de defesa do organismo • Principais objetivos da reação inflamatória – Identificar e eliminar o agente agressor – Realizar o reparo do tecido sobrevivente • Locais de ação: tecidos conjuntivos vascularizados. • Sinais cardinais: São os sinais e sintomas característicos da reação inflamatória que irão aparecer após a atuação dos mediadores químicos nos vasos sanguíneos. Esses mediadores irão atuar no vaso sanguíneo, e logo em seguida começarão a aparecer os sinais cardinais. SINAIS CARDINAIS: São os sinais e sintomas característicos da reação inflamatória. Com o aumento do fluxo sanguíneo, ocorre o primeiro sinal cardinal, o RUBOR, que é caracterizado pela vermelhidão. Como o fluxo sanguíneo aumenta e o sangue contém uma certa temperatura, acontece o segundo sinal, o CALOR, ocasionando o ↑ da temperatura do local. O aumento da permeabilidade e do fluxo sanguíneo, consiste na saída de plasma para o tecido, causando o EDEMA. 3 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro Esse edema vai comprimir as terminações nervosas, juntamente com a prostaglandina que vai irritar essas terminações, ocasionando outro sinal cardinal que é a DOR. A PERDA DA FUNÇÃO vai ser o último sinal cardinal, pois essa inflamação pode ocasionar o impedimento da função fisiológica do local lesionado. Síntese de prostaglandinas e leucotrienos Quando ocorre uma lesão na membrana celular, que é constituída por fosfolipídios, a enzima fosfolipase A2, presente nos leucócitos e plaquetas, é ativada por citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina (IL)-1. Esta enzima leva à degradação dos fosfolipídios, resultando na produção de ácido araquidônico. Este, ao ser metabolizado, forma os leucotrienos, pela ação da enzima lipoxigenase, e forma as prostaglandinas, as prostaciclinas e os tromboxanos, pela ação da enzima cicloxigenase (Cox). A prostaglandina H2 (PGEH2) é o precursor imediato da prostaciclina e possui função de reduzir a concentração do ácido clorídrico no estômago e de aumentar a concentração do muco protetor, atuando, portanto, como um protetor gástrico. Além desta função, age como 4 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro vasodilatador participando ativamente de processos cardiovasculares e da circulação renal, para contrabalançar os processos de vasoconstrição, no intuito de evitar a necrose renal. 5 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro Cox 1 A Cox 1 está presente em quase todos os tecidos (vasos sanguíneos, plaquetas, estômago, intestino, rins) e é, por isso, denominada de enzima constitutiva. A Cox 1 está associada à produção de prostaglandinas e resulta em diversos efeitos fisiológicos, como proteção gástrica, agregação plaquetária, homeostase vascular e manutenção do fluxo sanguíneo renal. Cox 2 A Cox 2 está presente nos locais de inflamação, sendo, por isso, denominada de enzima indutiva. Ela é expressa por células envolvidas no processo inflamatório, como macrófagos, monócitos e sinoviócitos. Entretanto, se sabe que ela também se encontra em outros tecidos e órgãos, como rins, cérebro, ovário, útero, cartilagem, ossos e endotélio vascular. A Cox 2 é induzida pelas citocinas (IL-1[interleucina-1], IL-2 e fator de necrose tumoral [TNF]) e outros mediadores nos sítios de inflamação. Ela é, também, expressa no sistema nervoso central, e tem papel na mediação central da dor e da febre. FUNÇÕES DAS PROSTAGLANDINAS As prostaglandinas estão envolvidas em diferentes processos fisiológicos e patológicos, incluindo: Vasodilatação ou vasoconstrição, Contração ou relaxamento da musculatura brônquica ou uterina, Ovulação, Metabolismo ósseo, Aumento do fluxo sanguíneo renal, Inibição da secreção gástrica de ácido entre outros. No trato gastrintestinal, as prostaglandinas I2 e E2 são citoprotetoras da mucosa gástrica - por inibirem a secreção ácida, aumentarem o fluxo sanguíneo local, promoverem a produção de muco, aumentarem a síntese de bicarbonato e o fluxo sanguíneo para as camadas superficiais de mucosa gástrica. Nos rins, aumentam a filtração glomerular, por seu efeito vasodilatador. No sistema cardiovascular, podem apresentar vários efeitos, como a ação vasodilatadora. Promovem também o relaxamento do músculo liso. 6 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro Quando a produção de prostaglandinas é aumentada, ocorre maior sensibilidade à dor e a febre e aumento da resposta inflamatória. O processo inflamatório pode se dividir em duas fases: agudo e crônico A inflamação aguda é uma resposta imediata e inespecífica contra o agente agressor, levando de minutos até alguns dias, marcada pelo edema. É caracterizada por vasodilatação, com aumento da pressão hidrostática na microcirculação e fuga de líquido para o interstício. A inflamação crônica é sempre precedida pela inflamação aguda e não se observam nessa fase os sinais característicos das reações agudas (dor, tumor, calor, rubor e perda de função). É caracterizada por degeneração e pelo aumento da resposta celular diante da permanência do agente agressor, podendo durar semanas, meses e até anos. ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS - AINES São grupo heterogênio de fármacos que apresentam atividade anti-inflamatória (controle da inflamação), analgésica (controle e prevenção da dor) e antipirética ou antitérmica (controle da febre). Produzem alívio da dor e não produz inconsciência (anestesia). Os agentes anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são os fármacos mais largamente prescritos e usados em todo o mundo, desde a produção do ácido acetilsalicílico pela Bayer em 1899. Os fármacos anti-inflamatórios são indicados quando o desconforto proveniente da dor e do edema e a limitação funcional forem maiores que os benefícios fisiológicos da reação inflamatória. Estima-se que exista mais de 50 AINEs diferentes no mercado, porém nenhum deles é ideal no controle ou na modificação dos sinais e sintomas da inflamação. MECANISMO DE AÇÃO A ação dos AINEs consiste na inibição das enzimas Cox, com consequente diminuição da produção de prostaglandinas, combatendo, assim, a inflamação, a dor e a febre. Existem anti-inflamatórios que inibem de forma mais seletiva ou específica a Cox 1 ou a Cox 2. A inibição da Cox 1 está associada a aumento do risco de sangramentos e a danos no trato gastrintestinal. 7 Profa.Lúcia Fioravanti de Castro Os inibidores seletivos e específicos de Cox 2 foram desenvolvidos na tentativa de diminuir a incidência dos efeitos adversos da inibição da Cox 1. CASCATA DA INFLAMAÇÃO E LOCAIS DE ATUAÇÃO DOS ANTI-INFLAMATÓRIOS ,valdecoxib, etoricoxib, parecoxib e lumiracoxib 8 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro Os AINES podem ser classificados de acordo com a estrutura química ou mecanismo de ação. Na tabela 1 observamos os principais fármacos de acordo com estas classificações: Valdecoxie etoricoxibe parecoxibe lumiracoxibe 9 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro Farmacocinética São características dos AINEs: Rápida absorção; A maior parte da absorção ocorre no estômago e porção superior do intestino delgado; A maioria se liga a proteínas plasmáticas; A ação farmacológica é do fármaco livre (não ligado as proteínas plasmáticas); A metabolização é predominantemente hepática e mais rápida nas crianças; A excreção é renal; A eliminação é mais rápida em crianças do que em adultos, exigindo doses mais frequentes. Efeitos adversos Não existem evidências contundentes que demonstrem maior efetividade de um AINE sobre outro e, muitas vezes, a escolha se baseia na menor frequência e intensidade dos efeitos colaterais e no custo da medicação. Embora a idade superior a 60 anos, a história prévia de complicações gastrintestinais e o uso concomitante de corticosteróides sejam os principais fatores de risco para complicações gastrintestinais graves com o uso dos AINEs, não se pode esquecer que o uso crônico dessas medicações pode acarretar esofagite, gastrite ou duodenite, úlcera gástrica ou duodenal. Eventos gastrintestinais Idade avançada, doença ulcerosa péptica prévia, sangramento prévio e uso concomitante de outro AINE ou corticosteróide são fatores de risco para as complicações gástricas como as ulcerações de mucosa, a esofagite de refluxo, o estreitamento esofagiano e a úlcera péptica Eventos cutâneos Fotossensibilidade, eritema multiforme e urticária têm sido observados com os AINEs de modo geral. Um estudo com 381 adultos que apresentavam reação alérgica aos AINEs observou boa tolerância à nimesulida e ao meloxicam. 10 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro Eventos hepáticos Toxicidade hepática e necrose podem ocorrer especialmente com os inibidores de Cox 1. Eventos cardiovasculares Inúmeros trabalhos têm sido publicados sobre a toxicidade cardiovascular dos diversos AINEs, especialmente dos inibidores seletivos da Cox 2. Ainda não está estabelecido se o risco é específico de um inibidor Cox 2 em particular, aplicável a toda a classe dos inibidores de Cox 2, ou característica de todos os AINEs. Infarto agudo do miocárdio, isquemia cerebrovascular, hipertensão e insuficiência cardíaca congestiva parecem estar associados com o uso de pelo menos alguns dos AINEs. Em recente estudo com pacientes que apresentaram infarto do miocárdio, foi observado que qualquer AINE utilizado em doses habituais pode determinar maior risco para essa complicação, especialmente em pacientes idosos. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Os AINEs, por se ligarem fortemente às proteínas plasmáticas, podem deslocar outras medicações de seus sítios ligantes. É o que ocorre com o metotrexato, a fenitoína e as sulfoniluréias, aumentando sua atividade e toxicidade. Em resumo, os AINEs, de um modo geral, devem ser utilizados somente quando houver indicação precisa, uma vez que podem acarretar efeitos adversos mesmo quando utilizados por curtos períodos. Os inibidores seletivos de COX 2 ainda não estão aprovados para uso em crianças. EFEITOS ANTITÉRMICOS DOS AINES A temperatura corporal normal é regulada por um centro no hipotálamo que assegura um equilíbrio entre a perda e a produção de calor. A febre ocorre quando há um distúrbio deste termostato hipotalâmico que provoca a elevação do ponto de ajuste da temperatura corporal. Os AINEs aparentemente reajustam o termostato. O mecanismo da ação antipirética dos AINEs é considerado como inibição da produção de prostaglandinas no hipotálamo, pois durante uma reação inflamatória, as endotoxinas bacterianas induzem os macrófagos a liberar um pirógeno - interleucina 1 (IL-1). Há evidências 11 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro de que IL-1 estimula a produção, no hipotálamo, das prostaglandinas tipo E, e que estas, por sua vez, podem causar a elevação da temperatura. Quando a produção de prostaglandinas é aumentada, ocorre maior sensibilidade à febre e aumento da resposta inflamatória. EFEITOS ANALGÉSICOS DOS AINES Os AINEs são eficazes contra aqueles tipos de dor em que as prostaglandinas agem sensibilizando os nociceptores, como as dores associadas a inflamações ou danos teciduais. Por isso, são eficazes na artrite, dor de origem muscular e vascular, odontologia, dismenorreia, dor de estado pós-parto e a dor de metástases de câncer em ossos - todas elas condições que se associam a um aumento da síntese de prostaglandinas. Quando a produção de prostaglandinas é aumentada, ocorre maior sensibilidade à dor e aumento da resposta inflamatória. EFEITOS ANTI-INFLAMATÓRIOS DOS AINES Os AINES DE 1º GERAÇÃO INIBEM A COX-1 E A COX-2, SEM SELETIVIDADE, SENDO QUE, SEUS EFEITOS ADVERSOS COMO NEFROTOXICIDADE E TOXICIDADE GÁSTRICA SÃO DEVIDO À INIBIÇÃO DA COX-1 E OS EFEITOS TERAPÊUTICOS ESTÃO RELACIONADOS COM A INIBIÇÃO DA COX-2. A figura abaixo mostra algumas das classes de AINEs não específicos com seus respectivos exemplos. 12 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro CLASSIFICAÇÃO DOS AINES CLASSE FÁRMACOS ESTRUTURAS SALICILATOS ácido acetil salicílico O O O OH CH3 diflunisal O F OH OH F ÁCIDO FENILACÉTICO diclofenaco HN OH O Cl Cl 13 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro Benefícios dos AINEs seletivos de COX-2, os chamados COXIBS Inibidores seletivos da COX-2 não têm efeito sobre a função plaquetária, uma vez que esta está sobre controle da enzima COX-1. Em estudos, o celecoxibe foi comparado com outros AINEs (naproxeno, ibuprofeno e diclofenaco), mostrando-se praticamente não-atuante sobre a tromboxana (aumenta a agregação plaquetária) produzida pela COX-1. Outro ponto de destaque dos inibidores seletivos de COX-2 é a baixa incidência de úlceras gastrintestinais. Reações adversas dos principais medicamentos da COX-2 14 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro Decisões da Anvisa, 3 de outubro de 2008 Suspensão da comercialização e uso, em todo o país, da apresentação de 400 mg do antiinflamatório Prexige (Lumiracoxibe), do laboratório Novartis, e da apresentação de 120 mg do medicamento Arcoxia (Etoricoxibe), da Merck Sharp e Dohme. Os anti-inflamatórios seletivos da COX-2 só poderão ser vendidos com retenção da receita médica (receituário C1–branco) pelo estabelecimento farmacêutico. As apresentações de 60mg e 90 mg do medicamento Arcoxia sofrerão adequações nas respectivas bulas para que sejam incluídas advertências de segurança quanto aos níveis pressóricos e cardiovasculares. Celebra (Celecoxibe), da empresa Pfizer também sofrerá alterações em sua bula, com novas restrições relativas ao tempo de tratamento e à utilização durante a gravidez e o período de amamentação. Bextra (Parecoxibe), da Pfizer, terá seu uso restrito aos ambientes hospitalares por causar problemas no estômago e em todo o tubo digestivo. Prexige (Lumiracoxibe) De acordo com a agência, foram registrados 3.585 casosde efeitos adversos relacionados ao Prexige de julho de 2005, quando ele foi registrado pela Anvisa, até abril de 2008. Desses, 1.265, ou 35%, ocorreram no Brasil, um dos oito países onde o medicamento não foi totalmente proibido. A maioria dos problemas relacionados ao uso do antiinflamatório são os de fígado, mas também foram registrados casos de dor abdominal, sangramento gástrico e problemas de pele, entre outros. 30 mortes ocorreram no mundo sendo estas 6 no Brasil. 15 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro Posologias e apresentações comerciais de alguns AINEs Conclusão: Apesar de acreditar que os AINEs seletivos da COX-2 seriam menos invasivos e trariam menos efeitos colaterais, observou-se que estes desencadeiam efeitos adversos graves, por isso devem ser administrados com cautela analisando o risco-benefício. 16 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro Corticóide, Corticosteroide, Glicocorticoides ou Anti-inflamatório Esteroidal Os glicocorticóides são hormônios esteróides, sintetizados no córtex da glândula adrenal, que afetam o metabolismo dos carboidratos e reduzem a resposta inflamatória. A sua síntese e liberação ocorrem naturalmente pelo organismo, de acordo com sua necessidade, sob influência do ACTH (hormônio adrenocorticotrófico). O Cortisol é um hormônio corticosteroide da família dos esteróides, produzido pela parte superior da glândula supra-renal diretamente envolvido na resposta ao estresse. Sua forma sintética, chamada de hidrocortisona, é um anti-inflamatório usado principalmente no combate às alergia e artrite reumatóide. Tem três ações primárias: estimula a quebra de 1) proteínas, 2) gorduras e 3) providencia a metabolização da glicose no fígado. Considerado o hormônio do stress, ativa respostas do corpo em situações de emergência para ajudar a resposta física aos problemas, aumentando a pressão arterial e o açúcar no sangue, propiciando energia muscular. Uma vez que o stress é pontual, superada a questão, os níveis hormonais e o processo fisiológico volta à normalidade, mas quando este se prolonga, os níveis de cortisol no organismo disparam. 17 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro CORTISOL: GLICOCORTICOIDE ENDÓGENO A estimulação da produção deste hormônio está relacionada a diversos fatores, são estes: Como o cortisol é liberado para a corrente sanguínea? 18 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro Principais hormônios produzidos pelas glândulas suprarrenais: - Cortisol: É o chamado hormônio do estresse (estresse físico, que ocorre em cirurgias, infecções, traumas etc..). Uma das suas principais ações é garantir glicose (açúcar = energia) para as células, seja antagonizando a insulina ou estimulando a transformação de gorduras e proteínas em glicose. Também age modulando nosso sistema imune (sistema de defesa contra infecções). É o hormônio que prepara nosso corpo para lutar contra estresses. - Androgênios e estrogênios: São respectivamente os hormônios masculinos e femininos. - Aldosterona: Age no rim controlando os níveis de sódio e potássio na urina e no sangue. É um dos principais hormônios no controle da pressão arterial. - Adrenalina: É mais um hormônio do estresse. É chamado o hormônio de fuga ou luta. Quando liberado promove aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial, do aporte de sangue para os músculos, aumenta a glicose disponível para as células e dilata as pupilas. Se o cortisol prepara o corpo para aguentar o estresse, a adrenalina promove os meios para o corpo atacar ou fugir do mesmo. 19 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro Os glicocorticoides sintéticos, desenvolvidos pela indústria farmacêutica, são muito semelhantes aos naturais, se considerada a sua estrutura química. Os medicamentos contendo glicocorticoides são utilizados na terapêutica, com variadas finalidades. Isso inclui principalmente terapia de reposição hormonal (em caso de problemas no córtex suprarrenal), terapias de imunossupressão, terapia antialérgica e anti-inflamatória. Nos tratamentos anticâncer, os glicocorticoides, também, têm sido muito utilizados, principalmente, associados a outros medicamentos. Uso terapêutico dos glicocorticoides O emprego dos glicocorticoides na terapêutica deve-se principalmente ao fato destes apresentarem poderosos efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores. Eles inibem manifestações tanto iniciais quanto tardias da inflamação, isto é, não apenas a vermelhidão, o calor, a dor e o edema iniciais, mas também os estágios posteriores de cicatrização e reparo de feridas. Estes fármacos têm atividade sobre todos os tipos de reações inflamatórias, sejam elas causadas por patógenos invasores, por estímulos químicos ou físicos ou por respostas imunes inadequadamente desencadeadas, como as observadas na hipersensibilidade ou na doença autoimune. Indicações dos corticoides ou glicocorticoides Os corticoides em geral são fármacos que conseguem modular processos inflamatórios e imunes do nosso organismo, tornando-se extremamente úteis em uma infinidade de doenças. Qualquer doença de origem alérgica, inflamatória ou autoimune, pode ser tratada com corticoide, como: Asma, alergias, hepatite autoimune, lúpus, artrite reumatoide, leucemias, gota, rinite alérgica, vitiligo, psoríase, Doença inflamatória intestinal, Doença de Addison (insuficiência adrenal), glomerulonefrites (inflamação na região dos rins que filtra o sangue e forma a urina), Doenças de pele de origem inflamatória ou autoimune, transplante de órgãos entre outras. Conforme a dose dos glicocorticoides vai sendo elevada, começa a apresentar efeitos imunossupressores, o que justifica o seu uso nas doenças autoimunes e no transplante de órgãos. 20 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro EFEITOS COLATERAIS DOS CORTICOIDES EM GERAL Ao mesmo tempo que são drogas extremamente úteis em uma variedade de doenças graves, os corticoides apresentam, principalmente se usados a longo prazo, uma lista imensa de efeitos colaterais indesejáveis, que variam desde problemas estéticos até infecções graves por imunossupressão. Os efeitos colaterais estão intimamente relacionados a dose e ao tempo de uso. O uso esporádico e por pouco tempo não é capaz de levar aos efeitos descritos a seguir. Efeitos colaterais dos corticoides na pele Os efeitos estéticos são os que mais incomodam os pacientes, principalmente as mulheres. Entre os mais comuns podemos citar a equimose e a púrpura associadas ao corticoide. São pequenas hemorragias que ocorrem em baixo da pele, normalmente em áreas expostas ao sol, como mãos e antebraços. Um sinal típico da toxicidade pelos corticoides é o desenvolvimento da aparência "cushingóide" que se caracteriza por uma face arredondada (chamada de fácies em lua), pelo acúmulo de gordura na região posterior do pescoço e das costas (chamado de corcova ou giba de búfalo) e pela distribuição irregular da gordura corporal, com predomínio na região abdominal e tronco. Ações metabólicas dos corticoides 21 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro 22 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro Efeitos colaterais dos corticoides nos olhos O uso contínuo de corticoides sistêmicos, normalmente por mais de 1 ano com doses maiores que o equivalente a 10mg de prednisona pode levar a alterações oftalmológicas como a catarata e glaucoma. Efeitos colaterais metabólicos dos corticoides Além do ganho de gordura, a corticoterapia crônica também leva a alterações do metabolismo da glicose, podendo inclusive induzir ao Diabetes Mellitus e a elevação dos níveis de colesterol. Efeitos colaterais músculoesqueléticos dos corticoides A corticoterapia prolongada é responsável por aumento da incidência de osteoporose devido a redução da absorção de cálcio no trato gastrintestinal e o aumento da excreção deste cátion pelos rins. Pode ocorrer necrose óssea, lesões musculares (miopatia), fraturas ósseas e distúrbios do crescimento quando usado em crianças. Efeitos colaterais dos corticoides no sistema nervoso central O uso de corticoides em um primeiro momento pode causar uma sensação de bem-estar e euforia. Porém, a longo prazo está associado a uma maior incidência de quadros psiquiátricos como psicose e depressão, além de insônia e alterações da memória. Efeitos colaterais imunológicos dos corticoides A imunossupressão causada pela corticoterapia é um efeito desejável nos casos das doenças auto-imunes, mas pode também ser um grande problema por facilitar a ocorrência de infecções. É preciso saber balancear bem os risco com os benefícios. O risco de infecção ocorre naqueles que tomam o equivalente a 10mg/dia ou mais de prednisona por vários dias, sendo muito elevado em doses acima de 40mg por dia. O risco de infecção torna-se significativo a partir de uma dose acumulada de 700mg de prednisona ou equivalente. 23 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro Cuidados e perigos do uso de corticoides A corticoterapia prolongada requer alguns cuidados, principalmente na hora de suspender o fármaco. O uso de prednisona ou similares por muito tempo, inibe a produção natural de cortisol pela supra renal. Como os corticoides sintéticos têm uma meia-vida de algumas horas apenas, a suspensão abrupta faz com que após 2 ou 3 dias os níveis de cortisol fiquem próximo de zero. Quando a supra renal fica muito tempo inibida pelo administração de corticoides exógenos, ela demora a voltar a produzir o cortisol natural. Como o cortisol é um hormônio essencial para a vida, o paciente que suspende o corticoide abruptamente entra em um estado chamado de insuficiência supra renal, podendo evoluir para choque circulatório, coma e óbito se não for rapidamente atendido. Por isso, a retirada dos corticoides após uso prolongado deve ser sempre feita de modo lento e gradual. Nunca se deve suspender o tratamento sem conhecimento médico. 24 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro Como interromper a terapêutica glicocorticóide Quando usada por cinco dias ou menos, poderá ser suspensa abruptamente. Se a terapêutica se prolongar por mais de cinco dias, a suspensão deverá ser mais cautelosa de acordo com o seguinte esquema: 25 Profa. Lúcia Fioravanti de Castro REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CASTRO, L. F. Obtenção de Candidatos a Fármacos Anti-inflamatórios Não Esteroidais Destituídos de Gastrotoxicidade . 2008.110 f. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual Paulista. “Júlio de Mesquita Filho”. Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas. Araraquara, 2008. GRANGEIRO, N. M. G. C., CHAVES, H. V., SILVA, A. A. R., GRAÇA, J. R. V., BEZERRA, V. L. M. M., Enzimas Ciclooxigenases 1 e 2: Inflamação e Gastro-Cardio Proteção, Revista Eletrônica Pesquisa Médica – volume 2 – no. 3 – Jul - Set 2008. RANG, H. P.; DALE, M. M.; RITTER, I. M. Farmacologia.3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 1997. 691 p. BAVARESCO, L., BERNARDI, A., BATTASTINI, A.M.O., Glicocorticóides: Usos Clássicos e Emprego no Tratamento do Câncer, Infarma, v.17, nº 7/9, 2005.
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