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Casos de Direito Penal

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CURSO: DIREITO
Nome do aluno(a)/Grupo: Carlos Campos Junior 
Disciplina: PRÁTICA JURÍDICA II – DIREITO PENAL Professora: Lorena Fonseca B. Dalto
01 – No dia 24.01.2018, Carla Ribeiro, solteira, dentista, 24 anos, deu entrada no Hospital Miguel Couto do Município do Rio de Janeiro, em trabalho de parto. Em razão de uma pressão alta, Carla faleceu durante o parto de sua filha Isis, não tendo sequer a oportunidade de conhecê-la. 
Marco Antônio, brasileiro, jornalista local da cidade do Rio de Janeiro, solteiro, com 40 anos de idade, com o pretexto de macular a imagem profissional da Dra. Ana, publicou, em matérias jornalísticas de sua autoria, ser ela a responsável pelo parto de Carla e pela sua morte, por negligência e imperícia médica. No entanto, a paciente tinha histórico de pressão arterial alta e caso evidente e irreversível de eclampsia. No dia do ocorrido, Dra. Ana estava no hospital em regime de plantão, mas não atendeu a paciente, conforme se pode comprovar pela ficha da falecida Carla Ribeiro. A Dra. Ana estava no dia do acontecido, realizando visitas nos pacientes internados no hospital, na companhia das médicas residentes Clara e Bianca.
Além disso, ficou amplamente comprovado não ter ocorrido, no caso de Carla Ribero, qualquer negligência ou imperícia médica, tratando-se, por certo, de uma fatalidade. O fato foi comprovado por laudo realizado pelo próprio hospital e pelo Conselho Regional de Medicina.
Entretanto, ainda assim, insistiu o referido jornalista em atacar a médica, divulgando matéria, a qual foi extrajudicialmente interpelado, com pedido de explicação pela própria médica e pela direção do Hospital Municipal Miguel Couto. Além disso, mais duas matérias, nas duas semanas subsequentes, insistiram em responsabilizar a Dra. Ana criminalmente pela morte de Carla com o intuito de ofender objetivamente sua honra, bem como sua imagem profissional perante a população local. Nas referidas matérias, mesmo sabendo não serem verdadeiras as afirmações, afirmou Marco Antônio que "era claro o verdadeiro assassinato praticado no referido Hospital, pelas mãos da sempre negligente Dra. Ana". E continuou afirmando "A Dra. Ana, se é que pode ser chamada assim, deveria ter a cassação de sua atividade profissional pelo CRM, já que não possui condições de exercer o sagrado ofício da medicina". 
Como se não bastasse, Marco Antônio prosseguiu com os ataques e ofensas impressas, ao escrever e publicar que "a suposta médica Dra. Ana matou Carla e não se sabe quantos mais, não devendo sequer exercer mais a profissão.", sendo esta última publicação veiculada na edição de 22/02/2018. Entre os documentos coletados pela cliente e pelo escritório encontram-se as edições impressas do jornal, laudo médico hospitalares a demonstrar que não houve negligência ou imperícia médica, os documentos do Conselho Regional de Medicina no mesmo sentido, e os documentos comprobatórios de que Ana não realizou o parto de Carla no hospital.
	
02 – Mário, nascido em 04/01/1998, primário, começa a namorar Luciana, jovem que recém completou 15 anos. Logo após o início do namoro, ainda muito apaixonado, é surpreendido pela informação de que Luciana estaria grávida de seu ex-namorado, o adolescente Ronaldo, com quem mantivera relações sexuais. Luciana demonstra toda a sua preocupação com a reação de seus pais diante desta gravidez quando tão jovem e, em desespero, solicita ajuda de Mário para realizar um aborto. Diante disso, no dia 17/01/2014, em Vitória, Mário adquire remédio abortivo cuja venda era proibida sem prescrição médica e o entrega para a namorada, que, de imediato, passa a fazer uso dele. Luciana, então, expele algo não identificado pela vagina, que ela acredita ser o feto. Os pais presenciam os fatos e levam a filha imediatamente ao hospital; em seguida, comparecem à Delegacia e narram o ocorrido. No hospital, foi informado pelos médicos que, na verdade, Luciana possuía um cisto, mas nunca estivera grávida, e o que fora expelido não era um feto. Após investigação, no dia 20/01/2014, Mário vem a ser denunciado pelo crime do Art. 126, caput, c/c. o Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, perante o juízo do Tribunal do Júri da Comarca de Vitória/ES, não sendo oferecido qualquer instituto despenalizador, apesar do reclamo defensivo. A inicial acusatória foi recebida em 22/01/2014. Durante a instrução da primeira fase do procedimento especial, são ouvidas as testemunhas e Luciana, assim como interrogado o réu, todos confirmando o ocorrido. As partes apresentaram alegações finais orais, e o juiz determinou a conclusão do feito para decisão. Antes de ser proferida decisão, mas após manifestação das partes em alegações finais, foram juntados aos autos o boletim de atendimento médico de Luciana, no qual consta a informação de que ela não estivera grávida no momento dos fatos, a Folha de Antecedentes Criminais de Mário sem outras anotações e um exame de corpo de delito, que indicava que o remédio utilizado não causara lesões na adolescente. Com a juntada da documentação, de imediato, sem a adoção de qualquer medida, o magistrado proferiu decisão de pronúncia nos termos da denúncia, sendo publicada na mesma data, qual seja, 18 de junho de 2018, segunda-feira, ocasião em que as partes foram intimadas. Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Mário, redija a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus, apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada no último dia do prazo para interposição, considerando-se que todos os dias de segunda a sexta-feira são úteis em todo o país.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE VITÓRIA/ES.
Autos do processo nº
MÁRIO, já qualificado nos autos em epígrafe, que lhe move a Justiça Pública, por seu advogado signatário, inconformado com a r. decisão, que o pronunciou, vem, respeitosamente, dentro do prazo legal, perante Vossa Excelência, interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com fulcro no art. 581, inciso IV, do CPP.
Requer seja recebido e processado o presente recurso e, caso Vossa Excelência entenda que deva ser mantida a respeitável decisão, que seja encaminhado ao Egrégio Tribunal de Justiça com as inclusas razões.
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
Vitória, 25 de junho de 2018.
Advogado
OAB
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
RECORRENTE: Mário
RECORRIDO: Ministério Público
Autos do processo nº...
Colenda Câmara Julgadora,
Ínclito Relator,
Em que pese o indiscutível saber jurídico do MM. juiz "a quo", impõe-se a reforma de respeitável sentença que pronunciou o Recorrente, pelas seguintes razões de fato e fundamentos a seguir expostas:
I - PRELIMINARMENTE
Da Prescrição
Num primeiro momento, se faz necessário demonstrar que existe nulidade nos autos, em razão da existência de causa extintiva da punibilidade por prescrição da pretensão punitiva da pena em abstrato, conforme dispõe o art. 107, inc. IV do CP. Visto que, o Recorrente no dia dos fatos era menor de 21 (vinte e um) anos, sendo assim, reduzindo o período pela metade, conforme alude o art. 115, do CP.
Ocorre que, durante o período do recebimento da denúncia até a decisão de pronuncia, passaram-se mais de 4 (quatro) anos, sem que houvesse suspensão do prazo prescricional ou uma nova causa de interrupção. 
Contudo, a denúncia foi recebida no dia 22/01/2014, funcionando com causa de interrupção do prazo prescricional, conforme art. 117, inc. I do CP. 
II - DOS FATOS
Consta dos autos que o Recorrente nascido no dia 01/01/1996, primário, foi abordado pela vítima que na ocasião era sua namorada, com a notícia que estaria gravida de seu ex-namorado, o adolescente Ronaldo, com quem a vítima mantivera relações 
sexuais, ocorre que a vítima muito preocupada com a gravidez indesejada, pede ajuda a seu namorado o então Recorrente, para que a ajude a abortar.
Diante disso, no dia 03/01/2014, na cidade de Vitória/ES, o Recorrente muito apaixonado e surpresocom a informação, adquire remédio abortivo que cuja venda era proibida sem prescrição médica e o entrega para a vítima, que, de imediato, passa a fazer o uso dele. A vítima, então expele algo não identificado pela sua vagina, acreditando ela ser o feto.
Acontece que, os pais da vítima presenciaram o ocorrido, levando sua filha imediatamente ao hospital, e, em seguida, a Delegacia de polícia, onde narraram o ocorrido. 
Ocorre que, os médicos no hospital informaram que a vítima não estava gravida e que apenas se tratava de um cisto. Sendo assim, o que fora expelido não fora um feto. 
Após investigação, no dia 20/01/2014, o Recorrente vem a ser denunciado pelo crime do art. 126, “caput”, c/c. art. 14, inc. II, ambos do CP.
A inicial acusatória foi recebida no dia 22/01/2014. 
Durante a instrução da primeira fase do procedimento especial, foram ouvidas as testemunhas e a vítima, em seguida foi ouvido o Recorrente, onde todos esclareceram o ocorrido. 
Depois, do interrogatório, as partes apresentaram alegações finais orais e o juiz determinou a conclusão do feito para decisão.
Verifica-se que, antes de se proferida a decisão, mas após manifestação das partes em alegações finais, foram juntados aos autos o boletim de atendimento médico da vítima, onde consta a informação de que ela não estava gravida no momento dos fatos, a folha de antecedentes criminais do Recorrente sem outras anotações e um exame de corpo de delito, onde indicava que o remédio ingerido pela vítima não a causara lesões. 
Contudo, o magistrado proferiu decisão de pronuncia nos termos da denúncia, sem que fosse observado as documentações juntadas, sendo a mesma aplicada no dia 18/06/2018, na ocasião em que as partes foram intimadas.

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