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Funções dos rins: excreção de produtos do metabolismo, eliminação de fármacos, regulação do equilíbrio ácido-básico e hidroeletrolítico, ativação da vitamina D, produção de hormônios e prostaglandinas. Insuficiência renal é quando os rins não podem exercer suas funções. Pode ser insuficiência renal aguda com redução brusca da função renal (por algumas horas ou poucos dias, é temporária) ou insuficiência renal crônica (IRC) que é silenciosa, lenta, irreversível, com síndrome metabólica e com declínio progressivo da função glomerular. Causas mais comuns: diabetes, hipertensão arterial e glomerulonefrite. Como é avaliada a função renal: pelo médico através de exame de sangue (clearance de creatinina – depuração plasmática, os músculos excretam creatinina para o sangue; o rim está em sua função de 100% quando o clearance é em média 100ml/min – volume de sangue que fica livre da creatinina por minuto – taxa de filtração glomerular TFG) ou exame de urina. Os rins filtram em media 180 litros de sangue por dia, de 90-125ml por minuto. A medida que os rins diminuem essa taxa de filtração glomerular (abaixo de 90ml/min), há os estágios da doença renal crônica. O tratamento médico de IRC visa retardar a progressão da doença e preservar a qualidade de vida do paciente, pois não há cura. A terapia conservadora (até o estágio 4) envolve dieta e tratamento das demais alterações sistêmicas (hipertensão, diabetes, insuficiência cárdica, infecções). Evitar prescrição de fármacos nefrotóxicos (principalmente os AINES). No estágio 5 (clearance da creatinina é menor que 15ml/min), o tratamento é a diálise para filtração do sangue ou transplante renal. A dialise pode ser domiciliar (dialise peritoneal) sendo de 4-5 vezes ao dia ou hospitalar (hemodiálise) a cada 2-3 dias, com duração de aprox. 5 horas. 3 protocolos de acordo com a gravidade do caso: tratamento conservador, com hemodiálise e tratamento após transplante renal. - Os sintomas clínicos podem não ser observados até que 75% dos néfrons estejam comprometidos (silenciosa). - Retenção de líquidos e aumento do volume plasmático (hipertensão arterial). - Diminuição dos eritrócitos (anemia) - Agregação plaquetária anormal: maior tempo de sangramento. - Supressão da resposta dos linfócitos, disfunção dos granulócitos, diminuição da imunidade celular (paciente é considerado imunossuprimido com maior predisposição a infecções – causa mais comum de óbito). - Doença periodontal: a infecção bucal pode agravar as condições sistêmicas. - Candidoses bucais: infecções oportunistas devido à imunossupressão (principalmente nos transplantados que usam terapia imunossupressora). Cuidados no atendimento odontológico: 1) entrar em contato com o nefrologista para obter informações sobre o estagio atual da doença e controle metabólico; 2) antes de procedimentos cirúrgicos, precisamos ter hemograma e coagulograma para avaliar se a hemostasia está preservada; 3) avaliar a pressão arterial; 4) pacientes com pressão arterial muito elevada, casos graves de anemia ou distúrbios de coagulação sanguínea devem ser atendidos somente nas urgências odontológicas, em ambiente hospitalar. Eliminar possíveis focos infecciosos: combater as infecções de maneira agressiva em ordem local e complementando com uso de antibióticos; dar instrução de higiene bucal e controle de índice de biofilme. Evitar a administração ou prescrição de fármacos com potencial nefrotóxico ou que possam interagir com os medicamentos que o paciente usa (evitar principalmente os AINES, preferir os corticosteroides). Se a doença estiver bem controlada, o tratamento odontológico seguirá os procedimentos rotineiros de um paciente normal. Caso contrário, o dentista deverá informar o nefrologista sobre o tipo de procedimento a ser realizado e os fármacos que pretende empregar. Se, após a troca de informações com o médico, o paciente for considerado estável o suficiente para se submeter ao tratamento, alguns fatores devem ser levados em consideração: • Sedação mínima: se for considerada, empregar um benzodiazepínico de ação curta (p. ex., midazolam 7,5 mg). • Antissepsia intrabucal e extrabucal: solução de digluconato de clorexidina 0,12% e 0,2%, respectivamente. • Anestesia local: empregar menores volumes possíveis de uma solução de articaína 4% ou lidocaína 2%, com epinefrina 1:100.000 ou 1:200.000 (máximo de 2 tubetes por sessão). Quando a epinefrina estiver contraindicada, empregar solução de prilocaína 3% com felipressina (exceto em pacientes com anemia). Evitar o uso da mepivacaína, cujas metabolização hepática e excreção renal são mais lentas. Anestésicos: melhor usar lidocaína ou articaína. Evitamos a prilocaína pela anemia e a mepivacaína pelo tempo de excreção e metabolização. • Uso de analgésicos: para dores leves, optar pela dipirona ou pelo paracetamol, nas menores doses eficazes. Evitar o uso da aspirina. Para dores moderadas a intensas, o tramadol parece ser uma boa escolha. • Uso de anti-inflamatórios: evitar o uso de anti-inflamatórios não esteroides, que podem aumentar a retenção de sódio e interagir com os anti-hipertensivos e diuréticos, causando brusco aumento da pressão arterial. Podem também interferir negativamente na agregação plaquetária. Dar preferência ao uso dos corticosteroides (dexametasona ou betametasona), em dose única ou por tempo restrito. • Uso de antibióticos: nos casos leves de doença renal crônica, não há necessidade de redução das doses ou mudanças no intervalo entre as doses dos antibióticos mais usados em odontologia: penicilina V, amoxicilina, metronidazol, claritromicina, azitromicina e clindamicina. Além dos cuidados descritos para os pacientes em terapia conservadora, o tratamento odontológico dos pacientes submetidos à hemodiálise requer precauções adicionais, descritas a seguir: • Avaliar a capacidade de tolerância do paciente aos procedimentos mais invasivos ou de maior duração. • Na avaliação da pressão arterial, nunca empregar o braço que contém a fístula arteriovenosa necessária às sessões de hemodiálise. • Todo paciente submetido à hemodiálise recebe heparina, anticoagulante que permite ao sangue passar pelo equipamento de diálise sem coagular. Como a heparina possui meia-vida plasmática curta (aprox. 2-4h), é recomendado que os procedimentos odontológicos que causam sangramento sejam agendados no dia seguinte às sessões de diálise, para evitar o risco de hemorragia. • A penicilina V, a azitromicina e a clindamicina em geral não necessitam de ajustes das doses ou aumento do intervalo entre elas. Com base nos valores da taxa de filtração glomerular, o intervalo entre as doses de amoxicilina 500mg poderá ser mantido a cada 8 h ou ajustado para cada 12 ou 24 h (caso não consiga falar com o médico, talvez seja melhor usar a azitromicina, 1x ao dia). • O metronidazol, quando empregado por tempos curtos (3-5 dias), não requer ajustes nas doses e posologias habituais (250 mg a cada 8 h ou 400 mg a cada 12 h), por ser bem dialisável. • A profilaxia da endocardite bacteriana nesses pacientes é discutível. Quando ocorre esta complicação infecciosa, ela é invariavelmente causada por bactérias da pele, cuja porta de entrada é a fístula arteriovenosa, que permite a saída do sangue para a máquina e seu retorno após a diálise. Não há casos documentados de endocardite bacteriana decorrentes de procedimentos dentários que causam bacteremia transitória. Os pacientes que serão submetidos ao transplante renal devem ter os processos infecciosos tratados previamente, pois qualquer infecção severa pode contribuir para a rejeição do enxerto. Realizado o transplante, os procedimentos eletivos deverão ser agendados seis meses após a intervenção. Casos de urgência deverão ser atendidos em ambiente hospitalar, após troca de informações com o médico. Para diminuir a probabilidade de rejeiçãodo rim transplantado, são empregados imunossupressores como a ciclosporina, os glicocorticoides e a azatioprina. Por esse motivo, os pacientes estão mais propensos ao desenvolvimento de infecções. • Considerar a profilaxia antibiótica previamente aos procedimentos cirúrgicos, pois as bacteremias transitórias decorrentes podem resultar em glomerulonefrite no rim transplantado, com risco de perda do órgão transplantado. • Pacientes fazendo uso crônico de corticosteroides podem requerer suplementação do corticosteroide, a critério médico. • Pacientes fazendo uso de varfarina (anticoagulante de meia-vida prolongada) deverão ser cuidadosamente avaliados antes de todo procedimento que cause sangramento, inclusive quanto à RNI (razão normatizada internacional) atual.
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