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CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 1 www.pontodosconcursos.com.br Aula 3 – Administração Senado Olá Pessoal! Reprogramei a aula 3 em virtude do tamanho do conteúdo. Administração de operações e gestão da qualidade ficou para a aula 4, e funções e habilidades do administrador; empreendedorismo, cultura e ambiente organizacional para a aula 5. Na aula de hoje abordaremos os seguinte assuntos Aula 03 –16/03 mudança e inovação; controle de processos ; administração de projetos Sumário 1. Criatividade e Inovação . ......................................................................................................... 3 2. Gestão da Mudança Organizacional . . . ................................................................................ 11 2.1 Crescimento e Declínio Organizacional . . . ........................................................................ 14 2.2 Processo de Mudança. . . ..................................................................................................... 16 2.3 Papel dos Agentes de Mudanças. . . .................................................................................... 17 2.4 Resistência à Mudança. . . ................................................................................................... 19 2.5 Estratégias para superar a resistência. . . ............................................................................. 20 2.6 Tipologia de Mudanças. . . .................................................................................................. 23 2.7 Pesquisa-ação como modelo de processo de mudança . . . .................................................. 24 2.8 As novas tecnologias e seus impactos na administração organizacional . . . ...................... 25 1. Gestão por Processos . . . ....................................................................................................... 28 1.1 Categorias de Processos. . . ................................................................................................. 33 1.2 Hierarquia do Processo . . . .................................................................................................. 34 1.3. Mapeamento de processos . . . ............................................................................................ 38 1.4 Fluxograma . . . .................................................................................................................... 39 1.5. Análise e melhoria de processos . . . ................................................................................... 42 2. Gestão de Projetos . . . ........................................................................................................... 44 2.1. Ambiente de projetos. O projeto no contexto global das organizações . . . ........................ 46 2.2 O que é gestão de projetos? . . . ........................................................................................... 49 2.3 O PMI e o PMBOK . . . ....................................................................................................... 51 2.4. Ciclo de vida dos projetos.. . . ........................................................................................... 52 2.5. Áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos . . . ................................................ 56 CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 2 www.pontodosconcursos.com.br 2.6. Processos do gerenciamento de projetos. . . ....................................................................... 60 2.7. Escritórios de projeto. . . . ................................................................................................... 65 2.8. Papéis e responsabilidades do gerente de projetos. . .......................................................... 68 4. Lista de Questões . . . ............................................................................................................. 70 5. Gabarito . . . ........................................................................................................................... 80 6. Questões Comentadas . . . ...................................................................................................... 81 7. Bibliografia . . . ...................................................................................................................... 97 CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 3 www.pontodosconcursos.com.br 1. Criatividade e Inovação Alguns autores, entre os quais Gundling (1999), Hamel (2000), Reis (2004), definem a inovação como um processo de produção, de criação de novos conceitos ou de novos produtos, capazes de gerar resultados econômicos para as empresas. Outros autores como Rocha Neto (2003), Sbragia (2006) e May (2007), conceituam inovação como sendo o resultado científico, que incorporados aos bens e serviços, são úteis à sociedade. O manual de Oslo, elaborado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), terceira edição, define inovação como: Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. Segundo o manual de Inovação do Movimento Brasil Competitivo (MBC), a inovação pode ser (2008, p. 12): Vejam esta questão da FGV ITEM 1. (FGV/FIOCRUZ/2010/ANALISTA DE GESTÃO DE SAÚDE/GESTÃO DA INOVAÇÃO) No que concerne a inovação, assinale a afirmativa correta. (A) Inovação é uma idéia ou um objeto percebido como novo pelo indivíduo. (B) Inovação corresponde à efetiva aplicação prática de uma invenção. (C) Inovação é o ato de criar uma nova tecnologia, processo ou objeto. (D) Inovação é a aquisição de um conhecimento novo por acaso ou sem esforço determinado, sem aplicação prática. (E) Inovação é a criação de uma solução técnica para um determinado problema. Bem, vimos que de acordo com a definição apresentada no manual de OSLO, inovação é algo que resulte implementado, seja serviço, produto ou processo. Enquanto não for concretizado na prática não é inovação. Desta forma, o gabarito é a alternativa B. • Inovação incremental – quando existe melhoria no que se faz e/ou aperfeiçoamento do modo de fazer o produto, processo ou serviço, por acrescentar novos materiais, ou desenhos ou embalagens que tornam mais práticos produtos ou processos já anteriormente existentes, ou ainda, quando se acrescentam utilidades diferenciadas ou melhoras evidentes que os tornam mais desejados pelos seus clientes/consumidores. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 4 www.pontodosconcursos.com.br • Inovação radical – quando as novas ideias resultam em produtos ou processos totalmente novos, que antes não existiam no mercado. Esta classificação feita pelo MBC corresponde à classificação realizada por Richard Daft em seu livro “Organizações: teoria e projetos”. Importante enfatizar que Daft usa no lugar da expressão “inovação” a expressão “mudança”. As inovações radicais impactam fortemente a sociedade e geralmente são oriundas de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), que Barbieri (2004) as define como o trabalho sistemático com o objetivo de ampliar o conhecimento e utilizá-lo em novas aplicações. Embora as inovações incrementais sejam pequenas modificações ou melhorias incorporadas, agregam valor ao produto, processo ou serviço. Essa melhoria é um conceito simples e de pouco investimento, é uma forma sistemática e eficiente para resolução de problemas, cujo processo é estruturado em etapas que identificam as causas dos problemas, planejam e padronizam a solução. Veja o quadro comparativo que Daft apresenta sobre as duas forma de inovação: Mudança Incremental Mudança Radical Avanço ContínuoSurto de Ruptura de Paradigmas Afeta Parte da Organização Transforma a organização como um todo Por meio da estrutura normal e dos processos gerenciais Cria Nova estrutura e Administração Melhorias na Tecnologia Tecnologia Inovadora Melhorias no Produto Novos produtos criam novos mercados Agora vejamos uma questão da FGV CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 5 www.pontodosconcursos.com.br ITEM 2. (FGV/SEFAZ/2009) Assinale a alternativa que não pode ser uma característica de inovação incremental. (A) Avanço contínuo. (B) Criação de novos mercados. (C) Inovações criadas por meio das estruturas e decisões organizacionais normais. (D) Melhorias tecnológicas. (E) Melhorias em produtos. Ficou fácil, quando olhamos o quadro de Daft. Esta foi a perspectiva cobrada na questão. Segundo o quadro acima, criação de novos mercados não é uma característica da inovação incremental, mas sim da inovação radical. Portanto o gabarito é a alternativa B. Vamos à outra questão da FGV sobre este assunto ITEM 3. (FGV/FIOCRUZ/2010/ANALISTA DE GESTÃO DE SAÚDE/GESTÃO DA INOVAÇÃO) No que concerne a inovação radical, assinale a afirmativa correta. (A) Inovação radical consiste de pequenos avanços em tecnologias, produtos, processos ou serviços, tendo como objetivo melhorar o sistema existente, possuindo alta taxa de sucesso e baixo nível de incertezas envolvido. (B) Inovação radical é um produto, processo ou serviço que apresenta características de desempenho já conhecidas, que promovam melhorias significativas de desempenho ou custo. (C) Inovação radical abrange aperfeiçoamentos em layouts e processos, em novos arranjos logísticos e organizacionais e em novas práticas de suprimentos e vendas. (D) Inovação radical ocorre quando um produto ou mercadoria já existente recebe melhorias e ganha novo valor de mercado. (E) Inovação radical geralmente é fruto de atividades de P&D e tem um caráter descontínuo no tempo e nos setores, isto é, inaugura uma nova rota tecnológica. Bem, já vimos acima que a inovação radical é que introduz processos ou produtos totalmente novos, que não existiam anteriormente. Também vimos que, em geral, são resultado de ações de P&D (pesquisa e desenvolvimento). Sendo assim, o gabarito é a alternativa E. Todas as outras alternativas dizem respeito às características da inovação incremental. Outra questão no mesmo sentido: ITEM 4. (FGV/FIOCRUZ/2010/ANALISTA DE GESTÃO DE SAÚDE/GESTÃO DA INOVAÇÃO) Sobre as inovações incrementais, analise as afirmativas a seguir: I. Abrangem melhorias feitas no design ou na qualidade dos produtos e aperfeiçoamentos em processos. II. Ocorrem de forma contínua em qualquer indústria, embora possam variar conforme o setor. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 6 www.pontodosconcursos.com.br III. Derivam exclusivamente de atividades de P&D. Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta. (B) se somente a afirmativa II estiver correta. (C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. (E) se todas as afirmativas estiverem corretas. Analisemos as afirmativas: I. Perfeito! Inovação incremental relaciona à melhoria de algo já existente. II. Também correto! Partem do pressuposto da Qualidade Total, que veremos mais à frente, a melhoria deve ser realizada de forma contínua. III. ERRADO! As inovações que derivam de atividades de P&D (pesquisa e desenvolvimento) são as radicais. Portanto, o gabarito é a alternativa C. Os diversos tipos de inovação são classificados segundo o manual de Inovação do MBC, (2008, p.11), em: • Inovação em Produtos – quando há introdução de um novo produto ou serviço, há melhoramento na especificação técnica, nos componentes ou materiais já existentes, atendendo melhor às necessidades do mercado. • Inovação em Processos – quando há implementação de novas formas de fabricação ou de distribuição de bens e novos meios de prestação de serviços. • Inovação Organizacional – quando são adotados ou desenvolvidos novos métodos organizacionais nas práticas de negócio empresarial, seja no local de trabalho ou nas relações com o mercado, fornecedores e distribuidores. • Inovação em Marketing ou Modelos de Negócio – quando são adotados ou desenvolvidos novos métodos de marketing e comercialização, com mudanças significativas na concepção do produto ou na sua embalagem, no posicionamento do produto no mercado, em sua promoção ou na fixação de preços. Já Daft faz outra classificação para os tipos estratégicos de Mudança ou Inovação. Segundo este autor são quatro os tipos de inovações para obter vantagem estratégica: CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 7 www.pontodosconcursos.com.br 1. Mudanças na Tecnologia: são modificações no processo de produção da organização, incluindo sua base de conhecimentos e habilidades, que capacitam a competência distintiva. Incluem métodos de trabalho, equipamentos e fluxo de trabalho. 2. Mudanças nos Produtos ou Serviços: referem-se aos resultados em produtos ou serviços de uma organização. Novos produtos incluem pequenas adaptações de produtos existentes ou linhas inteiramente novas de produtos. 3. Mudanças na Estratégia e Estrutura: referem-se ao domínio administrativo da organização, que envolve a supervisão e a administração da organização. Incluem modificações na estrutura da organização, na administração estratégica, nas políticas, nos sistemas de recompensas, nas relações trabalhistas, nos dispositivos de coordenação, nos sistemas de informações gerenciais e de controle e nos sistemas de contabilidade e orçamento. As mudanças de estrutura são geralmente realizadas de cima para baixo (determinadas pela alta direção), enquanto as mudanças de produtos e de tecnologia muitas vezes ocorrem de baixo para cima. 4. Mudanças na cultura:referem-se a modificações nos valores, atitudes, expectativas, crenças, aptidões e comportamento dos funcionários. Consistem em mudanças na forma como os funcionários pensam. Os quatro tipos de mudanças são interdependentes. Uma alteração em um deles geralmente implica mudança em outro. É importante enfatizar as estratégias utilizadas em cada um destes elementos. Na Mudança de Tecnologia Daft traz à tona a discussão entre organizações mecanísticas e orgânicas e defende que, às vezes, uma estrutura orgânica gera idéias inovadoras, mas não é a melhor estrutura para utilização destas idéias, sendo mais produtivo a estrutura mecânica. A esta combinação de estruturas orgânicas para gerar idéias e mecânicas para implementação, Daft chama de abordagem ambidestra. Na mudança nos Produtos Daft enfatiza o Modelo de Conexões Horizontais, composto pela especialização departamental, amplitude CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 8 www.pontodosconcursos.com.br de fronteiras e conexões horizontais. Para Daft os principais departamento na inovação são P&D, Marketing e Produção. O elemento Amplitude de fronteiras implica em que o departamentos especializados tenham , necessariamente, excelentes ligações com setores importantes do ambiente externo. E as conexões horizontais implicam em que os departamentos especializados compartilhem idéias e informações. Para as estratégias de mudança na estrutura Daft sugere a abordagem de núcleo dual, que consiste na comparação entre modificações administrativas e técnicas. Para as mudanças administrativas a estrutura mecanística é a mais adequada para produzir mudanças. Aqui as decisões são tomadas de cima para baixo. Já nas inovações técnicas a estrutura orgânica é a mais adequada mudanças técnicas, pois em geral são realizadas de baixo para cima. Já para as estratégias de mudança cultural, Daft menciona tendências utilizadas nos últimos anos para estas transformações, como a Reengenharia,Gestão da Qualidade Total, Organizações de Aprendizagem e Desenvolvimento Organizacional. Reengenharia é repensar a empresa ou organização a partir do zero e reestruturá-la em torno dos processos. Esta foi uma idéia muito criticada por acarretar em perda de capital intelectual, uma vez que reestruturando processos haverá uma redução de pessoal. Consistia em implantar nova cultura, com mudança de valores, exigência de maior qualificação do pessoal, maior valorização das atividades que agregam valor ao produto ou serviço. Há grande impacto sobre o pessoal em virtude das demissões em função da reestruturação, diminuindo a lealdade e aumentando o clima de incerteza entre os empregados. Outra técnica parecida com a Reengenharia é o Downsizing. Aqui o objetivo não é a reestruturação de processos, mas o corte de pessoal para diminuir níveis hierárquicos e tentar obter maior flexibilidade. Trata-se de adaptar a quantidade de pessoas às necessidades ou possibilidades da empresa. A experiência demonstrou que as empresas que a adotaram até criaram algumas vantagens de curto prazo, mas que se revelaram insípidas e pouco eficazes no longo prazo. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 9 www.pontodosconcursos.com.br Qualidade Total é um sistema de administração que visa obter qualidade em todas as áreas de atuação. A qualidade começa com o projeto, incluindo todas as especificações do produto ou serviço, passa pelas etapas de produção ou operação, e abrange o atendimento ao cliente e a assistência técnica. Como o foco é o cliente, a organização está voltada para o mercado. O objetivo não são mudanças radicais, mas incrementais para aperfeiçoar progressivamente os processos e métodos de trabalho. Na perspectiva da Qualidade Total quem decide se um produto é ou não de boa qualidade é o cliente. Da afirmação acima, podemos entender Qualidade Total como um sistema de gestão centrado na qualidade, baseado na participação de todos na organização, visando o sucesso a longo prazo, através da satisfação do cliente. Na gestão pela Qualidade Total todas as pessoas são responsáveis pela qualidade, e por isto aumenta a participação e o comprometimento de todos com a organização. Um dos aspectos mais importantes deste sistema é a educação e treinamento das pessoas. Uma Organização de Aprendizagem é aquela que tem a habilidade de criar, adquirir e transferir conhecimento e de modificar seu comportamento para refletir sobre novos conhecimentos e insights. Nas organizações de aprendizagem as pessoas não são treinadas para exercer suas funções, mas sim educadas a desempenhar com satisfação suas atividades, desenvolvendo o espírito de equipe e a criatividade A expressão “Organizações em Aprendizagem” (do inglês "Learning Organization") é um conceito criado por Chris Argyris, professor em Harvard e especialista em comportamento organizacional, e que descreve uma organização em constante aprendizagem e que se desenvolve à medida que os seus colaboradores vão ganhando novos conhecimentos. Em 1990, Peter Senge, professor do MIT, popularizou o conceito através do seu best-seller A Quinta Disciplina. Desenvolvimento Organizacional é uma mudança planejada em qualquer parte do sistemas, sistema concreto (linha de produção) ou sistema de valores (cultura) de uma organização. As mudanças decorrem da necessidade de modernizar, atualizar. Para ser DO é necessário que a mudança interfira no ambiente, no processo ou no comportamento das pessoas. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 10 www.pontodosconcursos.com.br Ao dissertar sobre os elementos da mudança é interessante a distinção trazida por Daft para Mudança Organizacional e Inovação Organizacional. Por Mudança Organizacional o autor diz que a literatura considera que é a adoção de uma nova idéia ou comportamento por uma organização ao passo que Inovação Organizacional, ao contrário, é a adoção de uma idéia ou comportamento que são novos para o ramo de atividade, mercado ou o ambiente geral da organização. Exemplifica os dois conceitos mencionando que a primeira organização a lançar um conceito ou produto é inovadora, e as que copiam são as que realizam mudanças. No entanto, defendendo o emprego do termo mudança no lugar de inovação em seu livro, Daft diz que os termos são intercambiáveis porque o processo de mudança nas organizações tende a ser idêntico quer uma modificação seja feita cedo quer tarde em relação a outras organizações no ambiente. Os elementos da mudança bem sucedida, segundo Daft, estão explicitados no quadro abaixo. AMBIENTE ORGANIZAÇÃO 1. Idéias 3. Adoção 4. Implementação 2. Necessidades Fornecedores Associações Profissionais Consultores Literatura de Pesquisa Clientes Competição Legislação Regulamentação Força de Trabalho 5. Recursos Criatividade Internae Invenções Problemasou Oportunidades Percebidas CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 11 www.pontodosconcursos.com.br Para Daft uma idéia é uma nova maneira de fazer coisas. A mudança é a expressão exterior destas idéias. Já as necessidades são a percepção de mudança, a urgência de se levar a sério as idéias apresentadas. Geralmente está associada à crises e pressões do ambiente. A adoção ocorre quando os tomadores de decisão decidem seguir adiante com uma idéia proposta. A implementação ocorre quando os membros da organização utilizam uma nova idéia. Os recursos dizem respeito à energia e atividade humana necessários à implementação, uma vez que as mudanças não acontecem por si mas apenas em decorrência da aplicação de tempo e recursos. Não há primazia cronológica entre idéias e necessidades. Qualquer uma destas podem ocorrer primeiro. 2. Gestão da Mudança Organizacional O edital fala também em gestão da mudança organizacional. Neste sentido, esta é uma perspectiva diferente da Mudança, enquanto inovação, mas em como as transformações podem ser geridas. Esta é a perspectiva conceitual que abordaremos abaixo. Mudança é a alteração de um estado de coisas para outro. Segundo Chiavenato é “a transição de uma situação para outra situação diferente.. Representa transformação, perturbação, interrupção, fratura.” Todos nós passamos por situações de mudança. Algumas pequenas e com pouco impacto e outras grandes, com impactos significativos. Podemos sofrer com o fechamento de uma rua para trânsito de veículos e pedestres ou sermos impactados pelas transformações advindas de crises financeiras. Também podemos ser impactados com mudanças felizes, como o casamento e o nascimento de filhos. O que importa é que toda mudança traz conseqüências e desestrutura o status quo. Ela rompe um estado de equilíbrio e provoca um estado de tensão, de desconforto, de incômodo. Em especial as organizações de trabalho são impactadas cotidianamente pelas mudanças. Do lado de fora ou externo à CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 12 www.pontodosconcursos.com.br organização ela é impactada pelas mudanças de hábitos e preferências dos consumidores, pela alteração de características dos produtos e matérias-primas dos fornecedores, concorrentes mudam suas estratégias, etc. Do lado de entro ou interno, para fazer face às necessidades de adaptação externa e às suas próprias estratégias de desenvolvimento as empresas precisam reconfigurar processos de trabalho, adquirir e modificar equipamentos, as pessoas precisam aprender novos conhecimentos, etc. Vejam que não só a tecnologia causa impactos internos e externos, mas também outros fatores dissociados da tecnologia, como a evolução do sistema social, muitas vezes exigindo formas de produção ecologicamente aceitáveis ou aderentes à outros princípios. O quadro abaixo demonstra o repertório de mudanças que podem estar envolvidos em uma organização. Podemos considerá-las como fontes de mudanças organizacionais.Fonte: Chiavenato (2005) Mudança não é um fenômeno novo. Ela sempre ocorreu. O que diferencia os tempos atuais de outras épocas é a velocidade da mudança. Antes, o passado representava uma fonte aceitável para se prever o futuro. Uma série histórica de dados era suficiente para planejar o futuro na Era Industrial. Na Era da Informação isto não é mais possível. As constantes crises econômicas e financeiras mundiais, CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 13 www.pontodosconcursos.com.br associadas à maior dependência global tornaram impossível prever o futuro com segurança. Este cenário se configurou assim a partir dos anos 70. Veja no quadro abaixo, elaborado por Chiavenato, as forças de mudança que agem sobre as organizações na atualidade. FORÇAS PARA A MUDANÇA EXEMPLOS TECNOLOGIA • Computadores mais rápidos e mais baratos • Redes abrangentes de informação • Softwares de relacionamento com clientes e fornecedores FORÇA DE TRABALHO • Maior diversidade • Necessidade de mais competências pessoais • Mais exigências sobre as pessoas COMPETIÇÃO • Concorrência Globalizada • Crescimento do comércio eletrônico • Fusões e consolidação de empresas CHOQUES ECONÔMICOS • Desvalorização da moeda • Mudanças nos preços do petróleo • Recessão nos Estados Unidos, Europa e Japão POLÍTICA INTERNACIONAL • Colapso da União Soviética • Abertura dos mercados na China • Fim do Apartheid na África do Sul Fonte: Chiavenato (2005) Uma característica essencial às organizações nos tempos modernos é sua agilidade e flexibilidade para agir frente às mudanças que se apresentam e desafiam as organizações. Vejam esta questão da CESPE: ITEM 5. (CESPE/BANCO DA AMAZÔNIA/2009/ PSICOLOGIA DO TRABALHO) O desenvolvimento de tecnologias de trabalho constitui fonte de mudança organizacional. A afirmativa está CERTA! Perfeita a afirmação! Quando são desenvolvidas novas tecnologias de trabalho estamos alimentando o canal de mudança da organização. A tecnologia (incluindo tecnologias duras – equipamentos – e tecnologias leves - novos processos de trabalho) estão incluídos entre as fontes de mudanças citadas na aula. Vejam esta outra questão: ITEM 6. (CESPE/IPEA/2008/ GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS) As turbulências do ambiente externo podem ser corretamente consideradas como o principal gatilho para a mudança organizacional, na medida em que as organizações são altamente dependentes do seu ambiente externo. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 14 www.pontodosconcursos.com.br A afirmativa está ERRADA! Não é correto dizer que as turbulências no ambiente externo são o principal motivo para a mudança. Podemos ter causas internas que descompassam a organização em relação ao ambiente. Existem diversas forças que atuam sobre a organização e podem causar mudanças, conforme vimos em aula. Algumas são internas e outras são externas. 2.1 Crescimento e Declínio Organizacional Larry Greiner construiu um modelo para caracterizar as mudanças ns organizações durante o seu crescimento, desde sua criação. São cinco as etapas do modelo, conforme veremos abaixo: meio Crescimento por meio da criatividade: refere-se ao momento da criação da organização. A ênfase está na criação de seus produtos ou saídas para a sociedade. Prevalece a informalidade e o controle é feito pessoalmente pelos fundadores ou donos. Os processos de gerenciamento são deixados de lado e em dado momento, quando a organização começa a cresce e o número de funcionários aumenta, isto gera uma crise de liderança, solucionada por se atrair gerentes profissionais para a organização. Crescimento por meio de direção: o estágio seguinte, após a crise de liderança. Prevalece a formalidade, introduzida pelos gerentes profissionais, e ocorre maior burocratização, com mais departamentos e conseqüente especialização de funções. A maior especialização pode provocar desejo de autonomização e de autodireção. Ocorre uma crise com os gerentes graduados (maior nível hierárquico) ao não delegarem poder de decisão para baixo. Esta crise é solucionada com a delegação de poder de tomada de decisões para os níveis hierarquicamente inferiores. Crescimento por meio de delegação: é o estágio que vem logo após a crise de autonomia. Neste momento o alto escalão concentra-se no planejamento de longo prazo. Verificam, no entanto, que a delegação dada aos níveis inferiores ocasiona que os gerentes dos departamentos agem em direções diferentes. Ocorre a crise de controle, que é contornada pela implantação de um sistema de coordenação. Crescimento por meio de coordenação: resolvida a crise de controle segue-se o estágio onde impera a coordenação. Para isto são criados grupos de projetos para criar vínculos entre membros de diferentes equipes e melhorar a comunicação. Também podem ser contratados CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 15 www.pontodosconcursos.com.br consultores para ajudar na tarefa de consolidar a coordenação. Isto pode provocar uma crise burocrática, com emprego de mais tempo e esforço no controle do que na produção. Esta pode ser contornada com a simplificação de programas e sistemas. Crescimento por meio de colaboração: Para superar a crise burocrática incentiva-se a simpificação,e adoção de sistemas sócias colaborativos e autocontroláveis. Os gerentes passam a incentivar a colaboração e o trabalho em equipe. Neste momento as organizações passam por períodos de declínio temporários, quando é necessário revitalizá-las. Chiavenato, apresenta o modelo de Greiner em quatro estágios conforme o quadro abaixo. Ainda outro modelo de desenvolvimento das organizações é o de Adizes, que apresenta três estágios: 1. Crescimento: envolve todas as fase de uma organização, meninice, infância, adolescência e plenitude. 2. Maturidade:é a fase que se alcança a estabilidade CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 16 www.pontodosconcursos.com.br 3. Envelhecimento: é o momento que a organização se torna burocrática (disfunção da burocracia) e tende à morte. 2.2 Processo de Mudança Kurt Lewin desenvolveu um modelo em que define o processo de mudança em três etapas: descongelamento, mudança e recongelamento. : As velhas idéias e práticas são derretidas 1. Descongelamento e desaprendidas para serem substituídas por outras que serão aprendidas. Os grupos e as pessoas entendem a necessidade de mudança e a aceitam. : Ocorre com a adoção de novas atitudes, valores e 2. Mudança comportamentos. As novas idéias e práticas são aprendidas e executadas pelas pessoas. 3. Recongelamento: Um novo padrão é incorporado e se torna a nova norma. Significa que o que foi aprendido foi integrado à prática atual. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 17 www.pontodosconcursos.com.br Este é um ciclo contínuo que se desenvolve no embate entre forças individuais que atuam pró ou contra a mudança. A mudança é o resultado da competição entre estas forças. Quando o equilíbrio do sistema é rompido pela tentativa de introduzir uma mudança estas forças começam a agir ou positivamente (apoio e suporte) ou negativamente (oposição e resistência). Veja no quadro de Chiavenato o esquema do campo de forças de Kurt Lewin. Olhem como a CESPE cobrou este assunto ITEM 7. (CESPE/BANCO DA AMAZÔNIA/2009/ PSICOLOGIA DO TRABALHO) O modelo clássico de mudança organizacional de Kurt Lewin baseia-se na mudança da estrutura organizacional como forma de produção da mudança. A afirmativa está CERTA! Perfeito! A etapa de descongelamento inclui a alteração das práticas da organização, incluída a alteração de estruturas organizacionais e processos. 2.3 Papel dos Agentes de Mudanças Os responsáveis pelas atividades de mudanças dentro da organização são chamados agentes de mudanças. São pessoas que atuam como catalisadores neste processo.Podem ser gerentes, funcionários, consultores internos ou externos. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 18 www.pontodosconcursos.com.br Um agente de mudança é a pessoa que conduz este processo. Em geral, os altos executivos são vistos como agentes de mudanças. Às vezes estes executivos recorrem à consultores externos. Uma vantagem da utilização de consultores externos é que oferecem habilidades especializadas e não ficam absorvidos com atividades cotidianas. Podem ter mais influência e prestígio do que um elemento interno. Por outro lado, não conhecem os procedimentos operacionais, compreendem pouco a história, a cultura e as pessoas da organização. Embora os agentes tenham papel importante como instrumento da mudança, são aqueles que realizam as tarefas diárias, do cotidiano os grandes responsáveis pela mudança. Convencê-los da necessidade da mudança e ganhar o apoio para as ações traçadas é fator de sucesso para mudança. Vamos dar uma olhada em uma questão da Esaf ITEM 8. (ESAF/ EPPGG/2009) Ao ser designada(o) como responsável por um processo de mudança organizacional, você saberá ser capaz de fazê-lo desde que não incorra no seguinte erro conceitual: a) no âmbito da administração pública, o marco legal burocrático constitui-se em um forte limitador para a implementação de mudanças que, de regra, na administração privada, dependeriam apenas da visão do agente de mudanças. b) mudanças causam os mais diferentes tipos de reação dos atores organizacionais, desde a adesão imediata à proposta de mudança até à resistência completa a qualquer tipo de mudança, sendo esta a mais frequente. c) a resistência à mudança pode se dar nos âmbitos individual e organizacional. d) embora fundamental em um processo de mudança, o papel da alta gerência não pode ser considerado como fator determinante de sucesso. e) mudanças que implicam em alterações na estrutura organizacional, com reflexo nos níveis de autoridade e responsabilidade, decorrem, quase sempre, da introdução de novas tecnologias. A questão pede a afirmativa incorreta.Muita atenção com os enunciados das questões. Muita gente boa erra questões facílimas em virtude de desatenção ao enunciado.Vamos às alternativas: Alternativa A está CERTA. No âmbito público a lei é um fator restritivo à mudança. Qualquer ação só pode ser tomada se estiver de acordo com a legislação. Em outras palavras na administração pública só podemos fazer aquilo que a lei autoriza. Alternativa B está CERTA. Conforme vimos em aula as reações dos atores à mudança podem ser as mais diversas. Gerenciar a reação à mudança exige inclusive que o patrocinador da mudança tenha a sutileza de diagnosticar a reação e seu grau, para adaptar suas ações. Alternativa C está CERTA. Podemos ter reações de indivíduos e reação da organização,localizadas na cultura daquela organização. Alternativa D está CERTA. A alta gerência exerce papel fundamental como agente de mudança, mas são os que realizam as ações cotidianas que garantirão a mudança plenamente. Alternativa E está ERRADA. É o gabarito da questão! As mudanças em estruturas organizacionais não ocorrem apenas em função da introdução de novas tecnologias. Existem outras variáveis, inclusive mais importantes, que pressionam a mudança de estrutura organizacional, como a necessidade de adequar o processo de tomada de CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 19 www.pontodosconcursos.com.br decisão (agilizá-lo) em função de novos produtos e/ou concorrentes, ou também em função de uma revisão da estratégia da empresa, etc. 2.4 Resistência à Mudança Mudar uma realidade organizacional não é uma tarefa simples. Crenças arraigadas podem provocar resistência e impedir a transformação desejada. Lembram do campo de forças de Kurt Lewin? Pois é, mudanças, em alguns casos, provocam sentimentos de insegurança. A resistência à mudança pode ser conseqüência de aspectos lógicos, psicológicos ou sociológicos, conforme o quadro abaixo. TIPOS DE RESISTÊNCIAS CARACTERÍSTICAS ASPECTOS LÓGICOS (Objeções racionais e lógicas) • Interesses pessoais: desejo de não perder posições conquistadas • Tempo requerido para ajustar‐se às mudanças • Esforço extra requerido para reaprender as coisas • Custos econômicos da mudança • Questionamento da viabilidade técnica da mudança ASPECTOS PSICOLÓGICOS (Atitudes emocionais e psicológicas) • Medo do desconhecido • Dificuldade em compreender a mudança • Baixa tolerância pessoal à mudança • Antipatia quanto ao agente de mudança • Falta de confiança nas outras pessoas • Necessidade de segurança íntima • Desejo de manter o status quo ASPECTOS SOCIOLÓGICOS • Coalisões políticas • Valores sociais opostos • Visão estreita e paroquial • Interesses afetados • Desejo de reter os colegas atuais Vamos a outra questão da CESPE ITEM 9. (CESPE/BANCO DA AMAZÔNIA/2009/ PSICOLOGIA DO TRABALHO) A inércia estrutural das organizações é fonte de resistência à mudança organizacional, pois a estrutura de uma organização produz estabilidade organizacional. A afirmativa está CERTA! As organizações podem resistir à mudança em função de suas culturas e de suas estruturas organizacionais. Estruturas arraigadas há muito tempo oferecem resistência à sua transformação. O sentimento de estabilidade está na manutenção da estrutura. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 20 www.pontodosconcursos.com.br 2.5 Estratégias para superar a resistência No processo de realização de mudança a resistência não deve ser menosprezada. Kotter e Schlensiger aconselham seis estratégias para vencer a resistência à mudança. Estas estratégias estão sintetizadas no quadro abaixo: ABORDAGEM CONTEÚDO QUANDO UTILIZAR Comunicação e Educação Explicação da necessidade e da lógica da mudança às pessoas, aos grupos e à organização • A mudança é eminentemente técnica • As pessoas precisam de informação para compreender a mudança • As informações sobre a mudança são ambíguas e inexatas Participação e Envolvimento Solicitação às pessoas que ajudem a desenhar e implementar a mudança • As pessoas precisam sentir-se envolvidas na mudança • A mudança requer informação a partir das pessoas Facilitação e Apoio Oferta de treinamento, apoio emocional e de compreensão às pessoas afetadas pela mudança • A mudança envolve vários departamentos • A mudança requer realocação de recursos • As pessoas resistem devido a problemas psicológicos, emocionais e de ajustamento pessoal Negociação e Acordo Negociação e barganha com os resistentes e aceitando sugestões • O grupo tem poder e força sobre a implementação • O grupo pode perder algo com a mudança Manipulação e Cooptação Dando às pessoas-chave um papel importante no desenho e na implementação da mudança • As pessoas tem poder e força para resistir à mudança • As outras estratégias de mudança não funcionam bem • A s outras estratégias de mudança tem um custo elevado Coerção Ameaça com perda do cargo ou do emprego, ou transferência ou ainda, perda de promoções • Quando a rapidez é essencial para enfrentar a crise • Os iniciadores da mudança têm poder sobre as pessoas • Outras táticas de mudança não deram resultado Fonte: Chiavenato (2005) CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 21 www.pontodosconcursos.com.br Vejamos como a CESPE cobrou isto em concurso: ITEM 10. (CESPE/BANCO DA AMAZÔNIA/2009/ PSICOLOGIA DO TRABALHO) Envolver os funcionários de uma organização em uma mudança planejada afeta a efetividade da mudança, ocasionando maior resistência. A afirmativa está ERRADA! Participação e Envolvimento são estratégias para superar a resistência à mudança, conforme vimos em aula. Ajudam a reduzir a resistência e não aumentá-la. Vejam esta outra questão da CESPE: ITEM 11. (CESPE/IPEA/2008/ GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS)A persuasão é a ferramenta suprema para a criação de um ambiente receptivo, principalmente no que se refere à atuação da liderança de topo. A afirmativa está ERRADA! A persuasão é uma ferramenta de manipulação. Como vimos em aula esta é uma estratégia que é usada quando o patrocinador da mudança tem muito poder e se tem urgência. Esta estratégia não resulta em ambiente receptivo, por sua própria natureza autoritária. As estratégias listadas podem ser usadas em conjunto. Aplicá-las exige sensibilidade para avaliar a situação e os resultados esperados. A utilização destas estratégias deve ser consideradas em função do tipo e da velocidade da mudanças. Abaixo reproduzo um quadro do professor Chiavenato que apresenta o continuum da mudança. No lado direito está as estratégias que forçam as pessoas a mudarem rapidamente, e isso provoca efeitos colaterais para a organização. A s estratégias do lado esquerdo ajudam a desenvolver a organização. Abaixo estão quatro variáveis situacionais que precisam ser consideradas na escolha das estratégias: 1. Volume e tipo de resistência previsto . Quanto maior a resistência, maior será a dificuldade para superá-la e tanto mais lenta será a mudança. Em relação ao quadro seguinte (continuum da mudança), nesta situação os patrocinadores da mudança precisam se deslocar para o lado esquerdo do continuum para buscar a maneira mais adequada de reduzir a resistência. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 22 www.pontodosconcursos.com.br 2. Posição do iniciador diante dos resistentes . Quanto menor o poder do iniciador ou patrocinador da mudança em relação à outras pessoas, mais ele deverá se deslocar para a esquerda do continuum. Se for mais forte deverá se deslocar para a direita. 3. Posse dos dados para projetar a mudança e da energia para implementá-la. Quanto mais precisar de informações de outras pessoas, tanto mais deverá se deslocar para a esquerda. Do contrário deverá se deslocar para a direita. 4. Riscos envolvidos. Quanto maior for o risco de sobrevivência da organização caso a situação não seja mudada, tanto mais o patrocinador deverá se deslocar para a direita. Se os riscos forem pequenos e pressionarem pouco deverá se deslocar para a esquerda. Continuum da Mudança Vamos olhar uma questão da CESPE? ITEM 12. (CESPE/IPEA/2008/ GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS) Existem mudanças graduais, de tipo evolutivo, e outras radicais, de tipo revolucionário. Essa caracterização está profundamente relacionada à visão de organização que prepondera na investigação dos processos de mudança. • Mudança Lenta • As pessoas têm tempo suficiente para mudar • Muito envolvimento das pessoas • Tentativa de reduzir qualquer resistência • Mudança Rápida • As pessoas têm pouco tempo para mudar • Mudança claramente planejada • Pequeno envolvimento das pessoas • Tentativa de superar qualquer resistência Fonte: Chiavenato (2005) CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 23 www.pontodosconcursos.com.br A afirmativa está CERTA! Algumas mudanças podem ser realizadas de forma gradual (lenta) e outras de forma mais imediata (rápidas). Lembram do continuum da mudança visto em aula e das estratégias de superação da resistência? Pois é, dependendo do que a situação requer escolhe-se a estratégia de superação de resistência. 2.6 Tipologia de Mudanças Existem algumas tipologias de mudanças feitas por diversos autores. Lima e Bressan (2003) apresentam uma síntese destas tipologias, que reproduzo abaixo. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 24 www.pontodosconcursos.com.br Veremos que é importante enfatizarmos as tipologias que dividem as mudanças em primeira ordem e segunda ordem. Vamos enfatizar, neste sentido, a definição de Robbins, que é um autor muito cobrado. Mudança de primeira ordem é uma mudança linear e contínua. Não implica mudanças fundamentais nas pressuposições dos funcionários sobre o ambiente e sobre aspectos que podem causar melhorias nas empresas. Ocorre sem causar quebras nos aspectos-chave da organização. Mudança de segunda ordem é uma mudança multidimensional, multinível, descontínua e radical, que envolve reenquadramento de pressupostos sobre a empresa e o ambiente em que ela se insere. Envolve a quebra de paradigmas organizacionais. Vejam como a CESPE cobrou este assunto: ITEM 13. (CESPE/BANCO DA AMAZÔNIA/2009/ PSICOLOGIA DO TRABALHO) A mudança transformacional, ou de segunda ordem, refere-se ao reenquadramento de pressupostos de uma organização, com alteração de sua missão e objetivo. A afirmativa está CERTA! É a perspectiva teórica de Robbins vista em aula: “Mudança de segunda ordem é uma mudança multidimensional, multinível, descontínua e radical, que envolve reenquadramento de pressupostos sobre a empresa e o ambiente em que ela se insere. Envolve a quebra de paradigmas organizacionais”. Alteração da missão e objetivo são alterações de paradigmas organizacionais. 2.7 Pesquisaação comomodelo de processo de mudança Constitui-se como uma coleta sistemática de dados, seguida da seleção de uma ação de mudança com base no que indicam as análises. São cinco etapas: diagnóstico, análise, retroação, ação e avaliação. 1. Diagnóstico. É a etapa de levantamento de dados, através de entrevistas, exame de documentos e das preocupações de todos na organização, para descobrir o que aflige a organização. 2. Análise. É a fase de síntese e análise das informações para listar problemas e possíveis ações. É a fase de compartilhamento das descobertas 3. Retroação. com as pessoas na organização e de envolvê-las no processo de mudança. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 25 www.pontodosconcursos.com.br 4. Ação. É o momento de colocar em prática as ações planejadas para provocar a mudança e/ou corrigir os problemas identificados. 5. Avaliação. É a fase em que se comparam os dados coletados no diagnóstico com as mudanças realizadas. A principal vantagem deste modelo é o foco no problema e não na solução. Os problemas é que vão determinar o curso de ação da mudança. Para encerrar este tópico, vejamos uma questão da CESPE: ITEM 14. (CESPE/IPEA/2008/ GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS) Uma das etapas do processo de mudança está associada à criação de um senso de urgência, uma necessidade que justifique a realização do processo. A afirmativa está CERTA! Mudamos por algum motivo. A mudança é realizada quando se conclui que o modo de se realizar uma tarefa, processo ou como a organização está estruturada não responde aos atuais requisitos do mercado que atende (seja público ou privado) ou quando se conclui que não responderá aos cenários vindouros. 2.8 As novas tecnologias e seus impactos na administração organizacional O mundo desde a década de 1970 sofre de forma acelerada transformações advindas das novas tecnologias, principalmente da tecnologia da informação, isto é, convergência entre computador, televisão e telecomunicações. A internet mudou a forma como as organizações se estruturam para funcionar. Três inovações tecnológicas aprofundaram o fenômeno da globalização: A digitalização do som e da imagem, o desenvolvimento da microeletrônica e as tecnologias de transmissão pelas ondas de rádios de alta freqüência e pelas modernas redes de informação. Com estas inovações a velocidade de circulação da informação aumentou exponencialmente. A internet tem se consolidado como um símbolo destas transformações. Algumas das tendências da Internet são: 1. As organizações se vêem obrigadas pela Internet a se transformarem. Cada dia se fortalece o comércio eletrônico dando maior importância às redes eletrônicas de clientes, fornecedores e parceiros. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 26 www.pontodosconcursos.com.br 2. A rede de intermediaçãodos canais de distribuição de produtos está sendo desbaratado pela internet que aproxima produtores de consumidores. À medida que as organizações se aproximam dos clientes, evitando os usuais distribuidores, melhora-se a relação com os usuários finais, os serviços e reduz-se os custos. 3. O cliente está se tornando cada vez mais poderoso, em conseqüência da disponibilidade de informações na Internet. A exigência crescente dos consumidores por melhores produtos pressiona as organizações. 4. As organizações utilizam a Internet para se tornarem mais inovadoras e eficientes e isto muda o cenário de competição. 5. A velocidade dos negócios muda drasticamente com a Internet. Os horizontes de planejamento ficam cada vez menores, em função do imediatismo da Internet e das expectativas de clientes e fornecedores. 6. A fronteira das organizações se amplia através da Internet. As extranets estão possibilitando a cooperação com fornecedores para ter acesso aos planos e processos operacionais. 7. A aceleração tecnológica provocou a valorização do conhecimento como ativo das empresas e como vantagem competitiva. O maior valor das empresa são seus ativos intangíveis. Vamos à uma questão da ESAF ITEM 15. (ESAF/ EPPGG/2009) Reduzindo, cada vez mais, o lapso que vai da ficção à realidade, o avanço tecnológico a todos impacta. No campo das organizações, é correto afirmar que: a) o desenvolvimento da robótica interessa mais às organizações industriais e menos às agropecuárias ou de serviços. b) em um país como o Brasil, dada a rigidez da legislação, as relações de trabalho são pouco afetadas pela incorporação de novas tecnologias. c) o domínio do ferramental tecnológico, por si só, é suficiente para garantir a empregabilidade de um indivíduo. d) as organizações virtuais se valem da tecnologia para unir pessoas, ideias e bens sem, todavia, ser necessário reuní-los em um mesmo espaço físico simultaneamente. e) a incorporação de uma nova tecnologia garante o alcance de melhores resultados em comparação aos que seriam obtidos caso a tecnologia anterior fosse mantida. Vamos examinar as afirmativas para encontrar a correta. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 27 www.pontodosconcursos.com.br Alternativa A está ERRADA. Todos os tipos de organizações precisam se adequar aos novos tempos e utilizar maciçamente as novas tecnologias. O agronegócio brasileiro está repleto de exemplos de organizações que utilizam intensamente as tecnologias modernas, inclusive robótica. Alternativa B está ERRADA. Pelo contrário, as relações de trabalho tem sido fortemente afetadas pelas tecnologias. A implantação de novos processos baseados em utilização intensiva de tecnologia, impacta a forma em que os sindicatos atuam na defesa de suas categorias. Temos como exemplos o setor bancário: a notória eficiência do auto-atendimento em equipamentos bancários e pela internet, enfraqueceu os argumentos de dispensa em massa. Os bancários precisaram se reorganizar e pautar suas lutas com outros argumentos. Alternativa C está ERRADA. Empregabilidade é um conceito que abrange o domínio de competências amplas para o novo mundo de trabalho, o que garantia a possibilidade de se estar empregado em qualquer circunstância e a qualquer momento. Domínio tecnológico é apenas uma destas competências. Sozinha não garante a empregabilidade. Alternativa D está CERTA. Fácil, Fácil! Ora organizações virtuais são aquelas que utilizam a tecnologia para reunir pessoas, de diferentes lugares, sem necessidade de deslocamento, de forma assíncrona, ou seja, em momentos distintos. Eventualmente estes encontros podem ser feitos de forma síncrona, todos conectados ao mesmo tempo por computadores para uma conferência. Alternativa E está ERRADA. Nem sempre a incorporação de uma nova tecnologia é garantia de sucesso. Existem outras variáveis envolvidas, como o custo da nova tecnologia versus o benefício para a produção, muitas vezes a escala em que se produz não justifica uma ova tecnologia. Outro exemplo: um processo realizado de forma equivocada, que continua a ser executada de forma errônea com a implantação da nova tecnologia. O rearranjo do processo talvez desse mais resultado. Sendo assim, o gabarito é a alternativa D. E para finalizar este tópico, vamos ver uma questão da CESPE. ITEM 16. (CESPE/SEBRAE/2008/ GESTÃO DE PESSOAS) A rápida evolução das novas tecnologias da informação e comunicação aumentou a rapidez da comunicação entre pessoas, rompeu barreiras físicas e temporais entre pessoas, bem como redefiniu os contornos das estruturas hierárquicas nas organizações. Esse cenário marcado por mudanças tecnológicas, estruturais e políticas afetou as atividades tradicionais de gestão de pessoas. A afirmativa está CERTA! Exato! As novas tecnologias da informação alteraram a forma de relacionamento, aproximou as pessoas, mesmo que distantes fisicamente, forçou a horizontalização das organizações, enfim provocou transformações CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 28 www.pontodosconcursos.com.br 1. Gestão por Processos Processos são seqüências de ações ou eventos que levam a um determinado fim, resultado ou objetivo. Existem processos administrativos, processos civis, processos legislativos etc. Há também processos fisiológicos ou psicológicos. A relação fundamental entre os processos é que há uma entrada de alguma coisa, uma etapa de transformação e uma saída. Vejam o quadro abaixo: Este é o processo “escovar os dentes”. Temos uma entrada de quatro matérias-primas, uma etapa de transformação e uma saída. Neste caso, o objetivo do processo é manter os dentes saudáveis e higienizados. Veja que o processo não existe naturalmente. Em algum momento de nossas vidas, alguém (nossos pais, dentistas, professores) nos ensinou como deveríamos escovar os dentes. Se, em algum momento, estivermos com algum problema (mau hálito, cáries, retração gengival, placas, dor de dente), iremos procurar um dentista. Ele irá fazer um diagnóstico e, além de agir corretivamente, ele irá nos ensinar como melhorar o processo, seja ensinando como é a escovação correta (inclinação da escova, número de vezes que cada dente deve ser escovado etc), seja sugerindo que troquemos de modelo de escova ou de pasta de dente. Pode ser que ele sugira que aumentemos a freqüência com que “rodamos o processo” (ou seja, sugerindo que escovemos os dentes mais vezes). Ou talvez haja a necessidade de acrescentemos outro processo (utilizar fio dental) para alcançar o objetivo almejado. A visão tradicional ou vertical de uma organização apresenta uma estrutura funcional, onde as atividades pertencentes a uma mesma área técnica ou de conhecimento são agrupadas em uma mesma unidade administrativa. Esta estrutura propicia uma visão distorcida da organização. Primeiramente, ela não mostra os clientes (para quem CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 29 www.pontodosconcursos.com.br produz); em segundo lugar não são vistos os produtos/serviços fornecidos aos clientes (o que produz) e finalmente não se tem idéia do fluxo de trabalho por meio do qual são desenvolvidos, produzidos e entregues o produto/serviço (como produz). Por esta visão, os executivos tendem a gerenciar a organização de maneira vertical e funcional. Criando os chamados “silos verticais” em torno dos departamentos. Estes silos, geralmente, impedem que assuntos inter- departamentais sejam solucionados entre funcionários de níveis inferiores. Isto exige a presença dos responsáveis dos silos envolvidos para resolver a questão. Num ambiente de negócios turbulento, onde a organização e a tecnologia tornam-se mais complexas, esta visão vertical torna-se altamente arriscada. Isto exige uma maneira diferente de gerenciar a organização, que inclui entre outros o cliente, o produto/serviço e o fluxo do trabalho. A visão processual (horizontal) deuma organização se encontra dentro desta perspectiva. A visualização da organização como um todo permite um maior inter-relacionamento da cadeia de valor, por meio do conceito de processo. Assim, em linhas gerais, um processo genérico tem as seguintes Características. Conceitos de Processo de Trabalho Vejamos como alguns autores conceituam processo: • Todo trabalho importante realizado nas empresas faz parte de algum processo. - Graham e LeBaron; • Processo é qualquer atividade ou conjunto de atividades que toma um input, adiciona valor a ele e fornece um output a um cliente específico. Os processos utilizam os recursos da organização para oferecer resultados objetivos aos seus clientes - Harrington; Organização Departamentos A B C D Processos 1 2 ENTRADAS SAÍDAS Fluxo de Agregação de Valor CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 30 www.pontodosconcursos.com.br • Um grupo de atividades realizadas numa seqüência lógica com o objetivo de produzir um bem ou serviço que tem valor para um grupo específico de clientes - Hammer e Cgampy. Agora vejamos como algumas organizações e organizadoras de concursos definem processo de trabalho. INSTITUIÇÃO DEFINIÇÃO DE PROCESSO DE TRABALHO ISO 9000 Conjunto de atividades inter-relacionadas que transforma insumos (entradas) em produtos (saídas) Guia de Simplificação de Processos do Gespública Conjunto de recursos e atividades interrelacionadas ou interativas que transformam insumos (entradas) em serviços/ produtos (saídas) Esaf Por processo se entende uma seqüência integrada de atividades, interdependentes, efetuadas para produzir bens ou serviços de valor para o cliente. Cespe Processo é uma ordenação específica das atividades de trabalho no tempo e no espaço, com um começo e um fim identificados, assim como as entradas e as saídas FCC Uma atividade que usa recursos e é gerenciada de forma a possibilitar a transformação de entradas em saídas, pode ser considerada um processo. Vejam que todas as definições são muito parecidas, e falam em atividades, entradas e saídas. Vamos agora analisar uma questão da FCC ITEM 17. (FCC/ MPE_SE/2009/ANALISTA/ESPECIALIDADE ADMINISTRAÇÃO) Ao grupo de atividades realizadas em uma sequência lógica com o objetivo de produzir bem ou serviço que tem valor para um grupo específico de clientes atribui-se o nome de (A) kaizen. (B) insumos. (C) processo. (D) just-in-time. (E) qualidade total. Não tem como errar uma questão destas. Kaizen e Just-in-time são conceitos desenvolvidos pelos japoneses para processos de qualidade total. Insumos são parte de um processo incluído na etapa entradas. O gabarito então é a alternativa C. Definição muito parecida com a apresentada no quadro de definições de processo na aula. Agora vejam como é parecida esta outra questão da FCC ITEM 18. (FCC/BAHIAGAS/2010/TECNICO DE PROCESSOS ORGANIZACIONAIS/ ADMINISTRAÇÃO) Um grupo de atividades realizadas numa sequência lógica com o objetivo de produzir um bem ou serviço que tem valor para um grupo específico de clientes é denominado CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 31 www.pontodosconcursos.com.br (A) processo. (B) ciclo PDCA. (C) kaizen. (D) fluxograma. (E) just-in-time. Pessoal, definição igual a da questão acima. Trocaram algumas alternativas equivocadas para que a questão não ficasse igual, porque assim alguém poderia pedir a anulação. É a definição de processo. Portanto o gabarito é a alternativa A É importante estudar os processos de trabalho, pois organizações, governamentais ou privadas, têm objetivos, e, para alcançar tais objetivos, elas organizam as atividades de determinadas maneiras, que são os processos. Segundo o Guia de Simplificação do Gespública, existem dois tipos de processos: os processos finalísticos e os processos de apoio. Processos finalísticos são aqueles em função dos quais a organização existe. Os processos finalísticos são produzidos para o cliente externo, que reconhece a organização em função deles. Os processos de apoio, que também podem ser chamados de processos de suporte ou processos-meio, são aqueles que criam as condições necessárias para que os processos finalísticos sejam realizados. Por exemplo, processos de limpeza do prédio, processos de aquisição de computadores, processos de gestão de pessoas/recursos humanos etc. Inclusive, em algumas empresas, alguns dos processos de apoio podem ser terceirizados. Os processos de apoio incluem os processos decisórios, os processos de medição de desempenho etc. Vejam que estes mesmos processos podem receber outras denominações ou fazer parte de outras classificações. Tadeu Cruz, por exemplo, chama os processos finalísticos de processos primários e os processos de apoio de processos secundários. Outra classificação refere-se ao nível em que os elementos são agrupados no processo. Poderíamos, em uma organização, dizer que há um processo de logística. Dentro deste processo, poderia haver um processo de limpeza. Dentro deste processo, poderia haver um processo de limpeza da fachada do prédio X. Poderíamos classificar os processos, assim, de processo nível 1, processo nível 2, processo nível 3... Ou então poderíamos chamar de “macroprocessos” o maior nível, o segundo nível “processos”, o terceiro “atividades”... Outra classificação possível utiliza a idéia de “subprocessos” dentro dos processos. Os processos finalísticos frequentemente são chamados processos de produção. Vejam como a ESAF abordou isto: ITEM 19. (ESAF / ANEEL 2006) Processos operacionais ou de produção se destinam a atender às demandas dos clientes por bens e serviços. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 32 www.pontodosconcursos.com.br Afirmativa correta. São os processos finalísticos que vimos acima. Como vimos,os processos finalísticos são aqueles em função dos quais a organização existe e s ão produzidos para o cliente externo, que reconhece a organização em função deles. Sabemos que as organizações governamentais também têm processos. Isto vale para todas as organizações. A padaria da esquina tem processos de trabalho, mesmo que eles não estejam definidos no papel. Talvez a padaria tenha os processos “produção de pães”, “venda de pães” e “processo de logística”. Em uma organização governamental de grande porte, é necessário que haja uma preocupação em como os processos são executados, como podem ser acompanhados, como podem ser melhorados, como podem ser reproduzidos de uma unidade para outra. É aí que entra a gestão por processos. A gestão de processos é a forma com que se lida com os processos em uma organização, buscando torná-los cada vez mais eficientes. Existe uma diferença conceitual entre “gestão de processos” e “gestão por processos”: - gestão de processos: trata-se da maneira com que os processos existentes são gerenciados (perdoem-nos pela redundância, mas é simples assim); - gestão por processos: refere-se à organização em que toda a gestão é estruturada em função dos processos. A gestão por processos também pode ser chamada de estrutura por processos. Na gestão por processos, as pessoas não são vinculadas a unidades, e sim a processos de trabalho; os indicadores de desempenho não são de projetos, nem de unidades, nem de programas, e sim de processos. Trata-se de uma filosofia diferente de gerenciar uma organização, em que os processos são o foco de organização do trabalho. Em uma organização de ponta, os processos devem ser mapeados e constantemente melhorados, conforme metodologia estabelecida, o que traz inúmeros benefícios, entre os quais podemos citar: - identificação e eliminação do retrabalho; - eliminação de etapas desnecessárias; - padronização dos produtos; - redução de custos e tempo empregado em determinadas tarefas; - aumento do valor agregadodos produtos; - redução do tempo dos processos; - redução do tempo de treinamento de novos servidores para executar as tarefas; - melhoria dos indicadores de desempenho; - aumento da satisfação do cliente. − melhor coordenação e integração do trabalho; − tempos de respostas mais rápidos; − provê uma visão sistêmica das atividades da organização; − maior satisfação com o trabalho por parte dos funcionários. Vejam como a ESAF cobrou isto: CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 33 www.pontodosconcursos.com.br ITEM 20. (ESAF/ ANEEL 2006) Selecione a opção que não explicita a finalidade da gestão por processos. a) Integrar as atividades para melhor atender o cliente. b) Possibilitar a racionalização de recursos. c) Alcançar maiores índices de produtividade. d) Reestruturar as unidades organizacionais. e) Promover a rotatividade de pessoal. L As alternativas A, B, C e D estão certas. São objetivos da gestão por processos: integração entre atividades de forma a beneficiar o cliente, racionalização de recursos, aumento de produtividade e reestruturação de unidades, antes fechadas em si mesmas. A gestão por processos não busca promover a rotatividade de pessoal. Rotatividade da empresa não é algo bom, e normalmente os processos podem ser aperfeiçoados e geridos com a mesma equipe A alternativa E está ERRADA. É o gabarito. Vejam esta outra questão da ESAF. ITEM 21. (ESAF/ EPPGG/2009) Sobre o tema “gerenciamento de processos”, é correto afirmar que: a) a partir da estratégia, a organização deve identificar seus processos críticos, gerenciando-os com base em um enfoque de sistema aberto. b) os esforços de mapeamento devem ser abrangentes, de modo a permitir uma completa varredura em todos os processos da organização. c) um bom mapeamento de processos decorre de se saber que a abordagem vertical é mais importante que a abordagem horizontal. d) todos os processos organizacionais devem ser otimizados, mesmo aqueles que não agregam valor. e) considerado um fim em si mesmo, o mapeamento de processos é mais importante que o cumprimento das metas e objetivos estabelecidos. A alternativa B está errada. Somente os processos que agreguem valor devem ser objeto de análise. A alternativa C está errada. O mais importante nos processos são as abordagens horizontais, intra e interdepartamentais e não as abordagens verticais, hierárquicas. A alternativa D está errada. Os processos que não agregam valor deveriam ser descartados e não melhorados. A alternativa E está errada. O processo é meio para atingir um fim, esta finalidade é mais importante. A alternativa A está certa. É o gabarito! Os processos que devem ser gerenciados são aqueles considerados críticos. 1.1 Categorias de Processos Existem três categorias básicas de processos empresariais: 1. os processos de negócio (ou de cliente) são aqueles que caracterizam a atuação da empresa e que são suportados por outros processos internos, resultando no produto ou serviço que é recebido por um cliente externo; 2. os processos organizacionais ou de integração organizacional são centralizados na organização e viabilizam o funcionamento coordenado dos vários subsistemas da organização em busca de CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 34 www.pontodosconcursos.com.br seu desempenho geral, garantindo o suporte adequado aos processos de negócio; 3. os processos gerenciais são focalizados nos gerentes e nas suas relações (Garvin) e incluem as ações de medição e ajuste do desempenho da organização. Cada categoria se subdivide em tipos de processos, que se distinguem uns dos outros em função da sua capacidade de gerar valor, do fluxo básico, da atuação e da orientação básica com relação à estrutura organizacional. Os processos de negócio são ligados à essência do funcionamento da organização (Dreyfuss). Eles são típicos da empresa em que operam e são muito diferentes de uma organização para outra. Eles têm o suporte dos sistemas que têm sido desenvolvidos ao longo de décadas de desafios e aperfeiçoamento. Os processos organizacionais geralmente produzem resultados imperceptíveis para os clientes externos, mas são essenciais para a gestão efetiva do negócio. Os processos gerenciais incluem as ações que os gerentes devem realizar para dar suporte aos demais processos de negócio. A avaliação da qualidade do atendimento aos pedidos dos clientes é um processo gerencial típico em diversas organizações. Os processos organizacionais e gerenciais são processos de informação e decisão. Eles podem ser verticais e horizontais. Os processos verticais usualmente se referem ao planejamento e ao orçamento empresarial e se relacionam com a alocação de recursos escassos (fundos e talentos). Os processos horizontais são desenhados tendo como base o fluxo do trabalho.O trabalho nos processos horizontais pode ser realizado de diversas maneiras, gerando três tipos de processos horizontais (laterais) (Galbraith): voluntários (ocorrem por meio do contato voluntário entre os membros do grupo por iniciativa dos envolvidos), formais (definidos previamente por meio de documentos formais) e coordenados (que exigem times de organização mais complexa e formal). Iremos adentrar um pouco mais sobre processos gerenciais e organizacionais na próxima aula, pois há uma indicação em separado no edital. 1.2 Hierarquia do Processo Macroprocesso: é um processo que geralmente envolve mais de uma função da organização, e cuja operação tem impacto significativo nas demais funções da organização. Dependendo da complexidade do processo este é dividido em subprocessos. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 35 www.pontodosconcursos.com.br Subprocesso: divisões do macroprocesso com objetivos específicos, organizado seguindo linhas funcionais. Os subprocessos recebem entradas e geram suas saídas em um único departamento. Finalmente os subprocessos podem ser divididos nas diversas atividades que os compõem, e em um nível mais detalhado em tarefas. Para fins deste estudo os processos são desmembrados apenas até o nível de atividades. A figura abaixo esquematiza a hierarquia do processo. Finalmente, exemplificando o desmembramento da atividade "solicitação de documentos" temos as seguintes tarefas : • Solicitação do RG • Solicitação do CPF • Conferência dos documentos • Registro no cadastro Representação da estrutura hierárquica dos processos ATIVIDADES TAREFAS SUBPROCESSOS PROCESSO Hierarquia do Processo : processo, subprocesso, atividades, tarefas. Uma outra forma de representar a hierarquia do processo é representada na figura abaixo, onde são representados os diversos níveis bem como os clientes e fornecedores. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 36 www.pontodosconcursos.com.br Hierarquia dos processos vinculada aos clientes de cada nível. Fornecedor: Entrega do Pedido Cliente: Expedição Desenvolvimento do Produto/Serviço Geração do Pedido Processamento do Pedido Atendimen to ao Cliente Recursos Humanos Financeiro Jurídico Manutenção, etc. Cliente: Necessidades Expectativa Cliente: Satisfação Prazer Macroprocessos: Macro‐Processos de Apoio Organização Entrada do Pedido Fabricaç ão Expediç ão Fornecedor: Geração do Pedido Cliente: Atendimento ao Cliente Processos Processamento do Pedido 1° Nível 2° Nível Subprocessos Fabricação Cortar Usinar Soldar Monta r 3° Nível CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 37 www.pontodosconcursos.com.br Vejamos esta questão ITEM 22. (FCC/ MPE_SE/2009/ANALISTA/ESPECIALIDADE ADMINISTRAÇÃO) Na definição da hierarquia de processos, o macroprocesso tem relevância (A) estratégica. (B) sistêmica. (C) tática. (D) operacional. (E) tecnológica Pessoal,na hierarquia do processo, é no macroprocesso que se desenha estrategicamente o processo. Processo tem relevância tática e subprocesso tem relevância operacional. As palavras sistêmica e tecnológica estão aí para confundir os candidatos. Portanto o gabarito é a alternativa A. Analisemos agora a questão abaixo ITEM 23. (FCC/TRE_RS/2010/TECNICO JUDICIÁRIO/ AREA ADMINISTRATIVA) Na gestão por processo, I. a organização otimiza a cadeia de processos e assegura o melhor desempenho do sistema integrado, a partir da mínima utilização de recursos e do máximo índice de acertos. II. identifica-se os processos críticos de negócio; para que a organização existe; quais os recursos necessários para gerar produtos que a organização deseja produzir e ofertar ao mercado. III. identifica-se na organização as categorias básicas: 1) de processos de negócios ou de clientes; 2) organizacionais ou de integração; e 3) gerenciais. IV. a hierarquia dos processos é definida pelo seu grau de relevância estratégica e operacional e são estruturados em macroprocessos, processos, atividades e tarefas. V. é importante a modelagem dos processos organizacionais com base no conhecimento dos processos críticos da concorrência. Está correto o que consta SOMENTE em (A) I, III e IV. (B) I, II e IV. (C) III e V. (D) II e IV. (E) I e III. A afirmativa I está correta! Perfeito, este é o objetivo da gestão por processos: assegurar que o sistema organizacional tenha um desempenho sem sobreposições de atividades e com máxima eficiência. A afirmativa II está errada! O problema do item 2 é a afirmativa “para que a organização existe”, que é a definição de missão, componente do planejamento estratégico e não do modelo de gestão por processos. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 38 www.pontodosconcursos.com.br A afirmativa III está correta! São exatamente as três categorias básicas da gestão por processos que vimos na aula. A afirmativa IV está correta! Também vimos em aula: é a hierarquia do processo. A afirmativa V está errada! A gestão por processos preocupa-se apenas com a análise do desempenho dos processos da própria organização, e não em agir sobre os processos críticos da concorrência. Desta forma o gabarito é a alternativa A. 1.3. Mapeamento de processos Mapeamento de processos é algo simples: é o conhecimento e análise, pela empresa, dos processos existentes. O mapeamento de processos “permite que sejam conhecidas com detalhes e profundidade todas as operações que ocorrem durante a fabricação de um produto ou a produção de um serviço. Ele pode ser entendido também como “o conhecimento e a análise dos processos e seu relacionamento com os dados, estruturados em uma visão top down, até um nível que permita sua perfeita compreensão e obtenção satisfatória dos produtos e serviços, objetivos e resultados dos processos”. As definições apresentadas acima são parecidas. Mapeamento é a fase em que o processo é conhecido, explicitado. Talvez em uma pequena padaria, não seja útil gastar esforços para colocar no papel os processos, mas, em uma organização governamental, mapear processos é fundamental. Afinal, mapear o processo é a primeira etapa para podermos analisá-lo e melhorá-lo. Vale ressaltar que o mapeamento de processos tem como pressuposto a visão sistêmica, segundo a qual a organização deve ser entendida como um todo, com componentes que estabelecem relações complexas entre si, dentro de um contexto. ITEM 24. (FCC/PGE_RJ/2009/TECNICO SUPERIOR/ ADMINISTRADOR) O modelo de gestão orientado para processos é adequado para promover maior efetividade organizacional porque (A) há uma eliminação de barreiras dentro da empresa, possibilitando a visualização da organização como um todo e uma maior interrelação entre os diferentes agentes da cadeia de valor: clientes, fornecedores e gestores do processo. (B) elimina a estrutura vertical de comando, descentralizando o fluxo de decisões, estimulando a participação e o envolvimento dos funcionários com os objetivos estratégicos da empresa. (C) cada atividade pode ser controlada de forma independente, e não como uma série de tarefas sequencialmente interrelacionadas e organizadas com a finalidade de produzir resultados específicos. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 39 www.pontodosconcursos.com.br (D) favorece a formação de equipes de trabalho, é composto por profissionais com diferentes competências, orientados para o desenvolvimento de projetos específicos. (E) permite que os esforços da empresa estejam direcionados para uma integração entre processos e funções, tornando a divisão do trabalho de cada setor mais precisa e estável. A alternativa B está errada. O modelo de gestão por processos não pressupõe a eliminação da estrutura hierárquica vertical em uma empresa. A alternativa C está errada. Está negando a definição de processo. A alternativa D está errada. Esta é a definição do modelo de gestão por projetos. A alternativa E está errada. É importante enfatizar que a gestão pro processos adota uma perspectiva diferente do modelo de gestão mecanicista, típico da administração científica, do modelo clássico e do modelo burocrático. A perspectiva da gestão por processos é orgânica, ou seja, a divisão do trabalho pode ser continuamente alterada para adequar os processos às novas exigências do ambiente. A alternativa A está certa. É o gabarito! Este é o grande objetivo da gestão por processos: aumentar a visibilidade sobre toda a cadeia produtiva e assim eliminar as barreiras que possam interferir em algumas fases do processo. 1.4 Fluxograma O fluxograma é uma representação visual de processos ou atividades, com símbolos pré-determinados para representar ações, responsáveis, direção das interações etc. As principais vantagens da utilização de fluxogramas: • Visão de conjunto e integrada do processo. • Visualização de detalhes críticos do processo. • Identificação do fluxo do processo e das interações entre os subprocessos. • Identificação dos pontos de controle potenciais. • Identificação das inconsistências e pontos frágeis. Para que a compreensão dos fluxogramas organizacionais seja facilitada, é necessário que os símbolos sejam padronizados e sua utilização seja pré-definida. Normalmente cada organização usa um CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 40 www.pontodosconcursos.com.br padrão diferente, mas os símbolos utilizados são sempre intuitivos. O livro “O processo nosso de cada dia”, uma das referências mais importantes na área de processos, nos traz os seguintes símbolos para fluxogramas: Vejam abaixo um exemplo de processo mapeado com a ferramenta fluxograma. Agora vejamos esta questão da FCC ITEM 25. (FCC/ TRF_1a REGIÃO/2006/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) Quanto às vantagens da utilização dos fluxogramas, é INCORRETO afirmar que (A) permitem compreender ou estabelecer, com clareza e facilidade as relações entre as unidades simples ou complexas de trabalho. (B) possibilitam identificar, no órgão em estudo, as relações que possam ser eliminadas ou devam ser alteradas. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: MARCELO CAMACHO 41 www.pontodosconcursos.com.br (C) facilitam a identificação das fases de execução que ficariam mais bem situadas em outro ponto do fluxo de trabalho. (D) permitem identificar e suprimir os movimentos inúteis de um elemento qualquer, como por exemplo, um documento. (E) possibilitam caracterizar a forma pela qual uma posição se relaciona com as demais dentro do órgão, isto é, seu nível de responsabilidade. A alternativa A está CERTA. É uma ferramenta para visualizar e compreender os processos. A alternativa B está CERTA. Perfeito, podemos verificar quais são os nós críticos do processo e eliminá-los. A alternativa C está CERTA. Sim, através
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