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FACULDADE DOM ALBERTO PEDAGOGIA ESTUDOS DA SOCIEDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL SANTA CRUZ DO SUL – RS 1 ASPECTOS HISTÓRICOS E SOCIAIS Em todos os tempos, o ensino de História foi permeado por escolhas políticas. No Brasil, após a proclamação da República, em 1889, a construção da identidade do país tornou-se prioridade. As elites tinham de garantir a existência de um estado-nação, escolhendo para ser ensinado aos alunos conteúdos que exaltavam grandes "heróis" nacionais e feitos políticos gloriosos. Desde então, poucas mudanças aconteceram em termos do quê e como ensinar nessa área, e todas foram influenciadas, sobretudo, pelas visões de quem estava no poder. Para desenvolver a postura crítica da turma e dar aulas consistentes, é fundamental que o professor entenda esse processo. História é uma disciplina passível de múltiplas abordagens - que até há pouco tempo não estavam em sala de aula, mas que hoje devem ser vistas com destaque. Por isso, tornou-se premente o trabalho com diversas fontes e o relacionamento do passado com o presente para que se entenda que contra fatos há, sim, argumentos. Tudo depende do olhar que se lança sobre eles. Quando os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549 e fundaram a primeira escola, só usavam os textos históricos como suporte para ensinar a ler e escrever e seus conteúdos sequer eram discutidos. Foi apenas em 1837 que o Colégio Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, instituiu a História como disciplina obrigatória e autônoma (leia a linha do tempo no box "O ensino de História no Brasil"). O foco era a formação da civilização ocidental e o estudo sobre o Brasil era apenas um de seus apêndices. Estabalecer a correspondência entre passado e presente passou a ser um dos objetivos da disciplina nos anos 1990, com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Desde a publicação dos PCNs, temas como ética e pluralidade cultural passaram a permear o ensino da disciplina, indicando mais uma mudança: se nos tempos idos o objetivo era fomentar a ideia de identidade nacional, ancorada na deturpação e romantização de acontecimentos, hoje o intuito é explorar as diferentes identidades que existem dentro de uma nação, tornando os alunos sabedores da diversidade cultural de sua época. Um desafio e tanto para os professores. 2 Mitos pedagógicos As metodologias da disciplina levaram à construção de alguns mitos. São eles: - História é decoreba A concepção de Educação que está por trás disso é a de que a aprendizagem se dá pela repetição da fala do professor ou do conteúdo do material didático. Grande equívoco. - Não é preciso memorizar Em reação contrária à idéia anterior, alguns educadores defenderam que não era preciso decorar nada. Porém saber datas e nomes ajuda a relacionar os fatos. Memorizar significativamente é diferente de decoreba. - Uma lição de moral A História nasce como disciplina escolar no Brasil em um contexto de criação da identidade nacional. Daí a idéia de que ela serviria para incutir princípios e valores nacionalistas. - Um fato depois do outro Não se sustenta a idéia de que para entender um período é preciso estudar o que veio antes dele. O aluno aprende com base em questões do presente, relacionando ao passado o que lhe é mais próximo. - Existe apenas uma verdade De inspiração positivista, esse mito parte da idéia de que os documentos oficiais e os fatos políticos são os fiéis guardadores da realidade. A idéia foi sendo derrubada ao longo do século 20, quando os historiadores, recorrendo a outras fontes documentais, descobriram diferentes interpretações sobre períodos e fatos. 3 Fonte: www.google.com.br . Há que se destacar a escassez de pesquisas que envolvem o ensino de História e Geografia para alunos da Educação Infantil e das séries iniciais do Ensino Fundamental, o que nos levou a propor outro objetivo, que emergiu, não por acaso, do primeiro, mas inserido num contexto mais restrito. Assim, buscamos verificar o que a literatura da área tem apontado sobre a temática mediante a construção de uma ação pedagógica que forme para a cidadania e que permita ao sujeito que aprende a se reconhecer como produto e, ao mesmo tempo, agente de sua própria história. Ante o cenário traçado atrás, percebemos que cada vez mais o aluno tem deixado de ser o indivíduo passivo e reprodutor de ideologias, em todas as áreas do conhecimento, tornando-se crítico e criativo, descobridor e pesquisador, a fim de que professor e aluno construam juntos o conhecimento, com base numa visão holística de parceria, colaboração, cooperação, dinamicidade, interação e trabalho coletivo. O RCNEI (BRASIL, 1998), o ensino de História na Educação Infantil precisa seguir alguns princípios, que podem levar a uma autonomia futura desejável. Os seguintes norteadores devem ser observados: 1) O respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas, etc.; 2) O direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil; 4 3) O acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética; 4) A socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma e, 5) O atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade (BRASIL, 1988, p. 13). Pensar numa Educação Infantil que leve em consideração todos os aspectos da infância e da criança, é de extrema importância, nesse sentido, Pouco se exige em termos de conhecimento mais elaborado acerca das funções da educação infantil e das características sócio-históricas do desenvolvimento das crianças, bem como em termos do domínio do saber historicamente elaborado a respeito das diversas dimensões pelas quais o homem e o mundo podem ser conhecidos. (OLIVEIRA, 2002, p. 24) Entendemos que a infância vem se modificando através dos tempos e dos diferentes contextos sociais, e para interpretar o significado atribuído à infância, deve-se compreender sua trajetória dentro da história e quais os tratamentos e a relação das crianças com a sociedade para assim entender o conceito de infância, criança e educação infantil. Fonte: www.google.com.br http://www.google.com.br/ 5 10- ASPECTOS SOCIOCULTURAIS A cultura molda as experiências e influencia o desenvolvimento das crianças. Do nascimento até os 5 anos de idade, as crianças passam por transformações importantes quanto a tamanho, organização biológica, capacidades comportamentais e organização social de experiências – um complicador importante para compreender a associação entre o contexto cultural e os processos de aprendizagem das crianças pequenas. A cultura consiste de conhecimentos, ferramentas e atitudes historicamente acumulados que permeiam a ecologia proximal da criança, inclusive as “práticas” culturais dos membros do núcleo familiar e de outros parentes. Ao desempenhar seus papéis – como prover cuidados e subsistência – esses membros enculturados da sociedade estão, eles próprios, sujeitos a várias influências vindas de sua ecologia natural e sociedade. A aprendizagem é compreendida como uma modificação relativamente permanente no comportamento e na compreensão conseqüente às experiências da criança. O desenvolvimento implica mudanças qualitativas na organização funcional do cérebro, do corpo e do comportamento individuais da criança, assim como em mudanças concomitantes no relacionamento entre a criança e suas experiênciasorganizadas em termos sócio-culturais. Fonte: www.google.com.br 6 A cultura desempenha um papel essencial na forma como a criança interpreta o mundo. Uma diferença determinante entre a aprendizagem da criança e qualquer sistema técnico inteligente é que tais sistemas podem reconhecer e organizar informações, mas não podem captar seu significado. O desenvolvimento do significado e a adoção de ferramentas culturais adequadas – símbolos, significados, roteiros, objetivos, etc. – da atividade humana são os desafios básicos da aprendizagem inicial. É necessário ter em mente que as crianças ainda não conseguem compreender e analisar conscientemente o significado do mundo. Os significados são fundamentados em conexões corporais com os objetos e são constantemente associados à ação.No entanto, a partir do nascimento ou logo depois, as crianças são extremamente sensíveis a contingências entre todos os tipos de eventos no ambiente. Tal sensibilidade permeia desde a aprendizagem dos padrões característicos da atividade, até a diversidade das respostas das pessoas de seu ambiente, e as contingências entre os fonemas da língua que ouvem e que formarão a base gramatical de seu idioma nativo. Ao nascer, a criança já conhece o “tom” característico de seu idioma nativo, aprendizagem que é demonstrada pela atenção diferente que dá às vocalizações emitidas nesse idioma. Muitos psicólogos acreditam que crianças de diferentes grupos culturais aprendem um “estilo cognitivo” básico caracterizado em termos um pouco diferentes, mas sobrepostos, dependendo das diferentes tradições acadêmicas. Um “estilo cognitivo” deve privilegiar a atenção inicial ao contexto no qual os eventos ocorrem. Em seguida, a atenção deve ser dirigida aos objetos participantes do evento. Uma formulação semelhante aplica-se a contextos culturais que favorecem o individualismo ou coletivismo. Segundo Vygotsky (1989, 1930/2009), todo ser humano contribui, com sua imaginação, com os significados e sentidos que produz, para construir e transformar a cultura em que vive, ao mesmo tempo em que é constituído por ela. As crianças, portanto, não são passivas frente a suas experiências na escola e por essa razão podem contribuir para o desenvolvimento dessas instituições, se escutadas. 7 Diferentes formas de brincadeira – com objetos, simbólicas, de faz-de- conta – criam diferentes tipos de contextos culturais para aprendizagem. No entanto, há amplas variações culturais na medida em que os adultos sancionam diferentes formas de brincadeiras ao longo da primeira infância. Nas sociedades nas quais a brincadeira é uma prática cultural valorizada nessa idade, Poddiakov demonstrou como as crianças realizam experiências sociais com outras pessoas em brincadeiras e na vida cotidiana. Vygotsky e outros estudiosos das brincadeiras infantis enfatizam a importância da mutualidade e da possibilidade de transcender, no brincar, a situação presente por meio da criação de outros mundos (imaginários). Vygotsky argumentou que distorcer a realidade na brincadeira reforça paradoxalmente a aprendizagem aplicada à vida real ao modificar a compreensão da criança sobre a relação entre os objetos e seus significados. O estudo de contextos culturais e aprendizagem na primeira infância envolve o entrelaçamento de fatores biológicos e culturais. O desenvolvimento ativo de subculturas para expandir e melhorar a aprendizagem é uma tendência atual promissora. A exposição pura ao conteúdo a ser aprendido, oferecida por diferentes práticas culturais, é de fundamental importância. Um achado de rotina nas pesquisas em diversas áreas é que as crianças aprendem mais rapidamente quando são solicitadas a aprender ou solucionar problemas baseados naquilo que lhes é familiar, ou que façam sentido do ponto de vista humano. Essas relações entre cultura e aprendizagem não diminuem de intensidade, mas tornam-se ainda mais nítidas à medida que a criança passa do início ao meio da infância e à adolescência. Consequentemente, aqueles que desejam utilizar o poder da cultura para promover a aprendizagem devem considerar tanto o enriquecimento cultural da criança quanto sua saúde e seu bem-estar físico, uma vez que todos esses elementos desempenham um papel particularmente importante durante esse período de mudanças extraordinariamente rápidas do desenvolvimento. Devemos ser democráticos e éticos com a educação da criança pequena, levando em consideração a especificidade familiar, cultural e local, bem como a 8 importância dessa etapa de ensino e estar atentos às concepções que nossos educadores têm a esse respeito. 11- PROFESSOR COMO MEDIADOR O papel do professor é fundamental para a organização do espaço e do tempo necessários para a aprendizagem da criança. Ser mediador é se posicionar literalmente entre o ensino e a aprendizagem, ou seja, é não dar respostas prontas, e sim estimular a busca de respostas promovendo a reflexão, mostrando os caminhos, compreendendo as dificuldades e o motivo de elas estarem ocorrendo. Dessa maneira, o professor- mediador estará colaborando para a construção da autonomia dos alunos - seja de pensamento seja de ação - ampliando a participação social e dinamizando o desenvolvimento mental deles, de forma a capacitá-los a exercer o papel de cidadão do mundo. A mediação terá sucesso quando o professor: Interagir com a criança, e não coagi-la; Interagir com a criança procurando compreender seu mundo e o modo de ela vivenciá-lo; para isso, é preciso entender o universo dela e o processo que está em andamento; Considerando o conhecimento de mundo que a criança traz, valorizá-la, estimulá-la e proporcionar-lhe outros conhecimentos e outras leituras; Estimular a reflexão e a busca de respostas; Usar o “erro” da criança para buscar o “acerto”; não ignorar nem desrespeitar as várias formas dialetais utilizadas pelos alunos. Ao contrário, num clima de respeito, desde a Educação Infantil, encorajar todas as crianças a falar, a escrever e a ler como sabem; Der voz à criança e orientá-la a respeitar a fala dos outros. 9 Fonte: /www.google.com.br Em todo processo de aprendizagem humana, a interação social e a mediação do outro tem fundamental importância. Na escola, pode-se dizer que a interação professor-aluno é imprescindível para que ocorra o sucesso no processo ensino aprendizagem. Por essa razão, justifica-se a existência de tantos trabalhos e pesquisas na área da educação dentro dessa temática, os quais procuram destacar a interação social e o papel do professor mediador, como requisitos básicos para qualquer prática educativa eficiente. As escolas que atendem a Educação Infantil precisam receber atenção especial dos governantes, dos gestores, professores, pais, funcionários da escola, enfim de todos aqueles que estão de alguma forma contribuindo para o processo educacional. Os professores, sobretudo, devem colaborar no processo de ensino por meio da escuta sensível, da organização do espaço escolar e, principalmente, é preciso que eles tenham consciência da sua importância enquanto educador infantil. Um espaço escolar sem estrutura, sem organização e que não acolhe o aluno não possibilitará desenvolvimento e aprendizagem de qualidade para as 10 crianças. A busca pela constituição de um ambiente que proporcione boas experiências para a criança é imprescindível, pois este exerce papel fundamental no desenvolvimento das crianças. Deste modo é preciso pensar sobre o ambiente educativo na Educação Infantil. O espaço escolar é socialmente construído, logo a criança como ser social, participa desse processo. para Vygotsky, a ideia de interação social e de mediação é ponto central do processo educativo. Pois para o autor, esses dois elementos estão intimamente relacionados aoprocesso de constituição e desenvolvimento dos sujeitos. A atuação do professor é de suma importância já que ele exerce o papel de mediador da aprendizagem do aluno. Certamente é muito importante para o aluno a qualidade de mediação exercida pelo professor, pois desse processo dependerão os avanços e as conquistas do aluno em relação à aprendizagem na escola. Organizar uma prática escolar, considerando esses pressupostos, é sem dúvida, conceber o aluno um sujeito em constante construção e transformação que, a partir das interações, tornar-se-á capaz de agir e intervir no mundo, conferindo novos significados para a história dos homens. Quando se imagina uma escola baseada no processo de interação, não se está pensando em um lugar onde cada um faz o que quer, mas num espaço de construção, de valorização e respeito, no qual todos se sintam mobilizados a pensarem em conjunto. Na teoria de Vygotsky, é importante perceber que como o aluno se constitui na relação com o outro, a escola é um local privilegiado em reunir grupos bem diferenciados a serem trabalhados. Essa realidade acaba contribuindo para que, no conjunto de tantas vozes, as singularidades de cada aluno sejam respeitadas. Portanto, para Vygotsky, a sala de aula é, sem dúvida, um dos espaços mais oportunos para a construção de ações partilhadas entre os sujeitos. A mediação é, portanto, um elo que se realiza numa interação constante no processo ensinoaprendizagem. Pode-se dizer também que o ato de educar é nutrido pelas relações estabelecidas entre professor-aluno. Paulo Freire expressa que a escola deve ser um lugar de trabalho, de ensino, de aprendizagem. Um lugar em que a convivência permita estar continuamente se superando, porque a escola é o espaço privilegiado para 11 pensar. Ele que sempre acreditou na capacidade criadora dos homens e mulheres, e pensando assim é que apresenta a escola como instância da sociedade. Paulo Freire diz que “não é a educação que forma a sociedade de uma determinada maneira, senão que esta, tendo-se formado a si mesma de uma certa forma, estabelece a educação que está de acordo com os valores que guiam essa sociedade” (1975, p. 30). Reconhece a presença do oprimido e do opressor, ao que convida-nos a essa libertação, inicialmente pela libertação do opressor que reside em cada um, para então conseguirmos pela marcha popular libertar todos os homens. Assim, a educação é compreendida como instrumento a serviço da democratização, contribuindo pelas vivências comunitárias dos grupos sociais, no diálogo, para formar pessoas participantes. A reforma da educação e a reforma da sociedade andam juntas, sendo parte do mesmo processo. Paulo Freire apresenta propostas de práticas pedagógicas necessárias à educação como forma de construir a autonomia dos educandos, valorizando e respeitando sua cultura e seu acervo de conhecimentos empíricos junto à sua individualidade. O aprender na escola precisa acontecer de forma significativa, dessa maneira a apropriação do conhecimento não pode partir do nada, mas sim do conhecimento prévio, dos interesses e das experiências dos alunos. A aprendizagem torna-se significativa quando o novo conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento dos alunos passando a adquirir significado para ele ao manter relação com a sua vivência. 12 Fonte: www.google.com Chamamos de “saber” um ato ou um efeito de abstrair idéias ou noção de alguma coisa. Quando nascemos passamos a interagir com o mundo ao redor, vivemos em eterno aprendizado, mas a instituição escolar parece esquecer que as crianças, adultos ou adolescentes nunca chegam vazios a escola, eles trazem consigo uma bagagem social, cultural, etc. devido a essa interação com o mundo e isso deve ser levado em consideração no momento do ensino-aprendizado. Não existe ninguém no mundo que não saiba algo, cada um dos alunos em sala de aula passaram por experiências diferentes e possuem bagagens diferentes. Devido a isso é que surge a importância de se trabalhar em conjunto, pois além da questão da socialização, os estudantes podem trocar informações e aprender coisas novas, característico da experiência de cada um, enriquecendo assim suas respectivas bagagens e tornando a aula dinâmica. O que diferencia o saber é a cultura onde a pessoa (criança) está inserida, a escola precisa socializar os conteúdos pertencentes ao mundo da cultura, pois de que adianta falar-se em neve se os alunos oriundos das classes menos favorecidas nunca a viram, sentiram, vivenciaram essa realidade (é necessário frisar que o exemplo aqui citado é valido na alfabetização, já que em outros graus de aprendizagem o exemplo da neve pode ser utilizado como abertura de 13 mundo, ao se tratar de outras culturas). Então nesse contexto para facilitar no processo de aprendizagem e percepção, as escolas deveriam levar em consideração os conhecimentos prévios dos seus estudantes, trazendo para sala de aula situações do cotidiano dos mesmos. Considerar a criança como sujeito é levar em conta, nas relações que com ela estabelecemos, que ela tem desejos, ideias, opiniões, capacidade de decidir, de criar, de inventar, que se manifestam, desde cedo, nos seus movimentos, nas suas expressões, no seu olhar, nas suas vocalizações, na sua fala. É considerar, portanto, que essas relações sempre têm dois lados— de um lado o adulto e do outro a criança. São, portanto, relações dialógicas — entre o adulto e a criança — que possibilitam a constituição da subjetividade da criança como também contribuindo na contínua constituição do adulto como sujeito. Ao juntarmos ao substantivo sujeito os adjetivos sócio, histórico e cultural, estamos afirmando que desejos, vontades, opiniões, capacidade de decidir, maneiras de pensar, de se expressar e as formas de compreender o mundo são construídas historicamente na cultura do meio social em que vive a criança. Significa dizer que cada ser humano que chega ao mundo trazconsigo a história da humanidade e da cultura, erguida ao longo de muitos séculos. Além disso, a criança constrói uma história pessoal, que vai se fazendo na cultura familiar e que se define em função da classe social de sua família, do espaço geográfico que habita, do seu sexo, de seu pertencimento etnico-racial, das especificidades de seu desenvolvimento e das vivências socioculturais que têm em função desses fatores. Sua história se constrói também com seus pares, produzindo e partilhando uma cultura da infância, constituída por ideias, valores, códigos próprios, formas específicas de compreensão da realidade, que lhe permitem não apenas reproduzir o mundo adulto, mas ressignificá-lo e reinventá- lo. Quando afirmamos que a criança é um cidadão de direitos, estamos considerando que, independentemente de sua história, de sua origem, de sua cultura e do meio social em que vive, lhe foram garantidos legalmente direitos inalienáveis, que são iguais para todas as crianças. Ao considerarmos a criança um ser da natureza, recuperamos a dimensão biológica da espécie humana. Ao mesmo tempo, estamos dizendo que não vivemos sós no planeta Terra, que o compartilhamos com numerosas outras espécies das quais dependemos para continuar existindo. As crianças, sendo parte dessa natureza, devem conhecer 14 e conviver harmoniosamente com os demais elementos que dela fazem parte, aprendendo a respeitar, conservar e preservar seus bens. O professor tem essa responsabilidade, não apenas de ensinar, mas de educar em um contexto global, ele não precisa apenas preocupar-se com os conteúdos que vão ser repassados a partir da relação cuidar/educar, porém de que forma esses chegarão a se transformar em conhecimento pelos educandos. Além dos conteúdos relacionados às áreas de conhecimentos formais, é preciso ensinar a criança “a ser gente”, deforma que saibam se comportar em sociedade e que aprendam a lidar com as dificuldades no âmbito pessoal e grupal. Dessa forma, o professor precisa ser exemplo daquilo que ensina, respeitando os saberes trazidos por cada um de sua vivência em comunidade. 12- CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO PARA A SOCIEDADE Na Educação Infantil não há como dissociar o cuidar do educar, pois as crianças estão lá para aprender e se desenvolver, e como é de conhecimento, nós seres humanos somos completamente dependentes do outro nos primeiros anos de vida, então não há como existir uma Educação Infantil completa se o cuidar e o educar não estiverem entrelaçados. O ensino escolar, nesse processo de aprendizagem e desenvolvimento humano, apresenta um papel importante, uma vez que se apresenta como auxiliar no desenvolvimento cognitivo do aluno. No ambiente escolar encontram- se possibilidades para o desenvolvimento cognitivo acontecer, visto que através da mediação e das interações estabelecidas nesse espaço, mobilizam-se diversos processos externos e internos que desencadeiam aprendizagem e desenvolvimento intelectual. (VIGOTSKY, 2007). Entende-se que o aprendizado acontece em duas etapas, primeiro a interação da criança com o outro, que seria denominada por Vigotsky como função interpsicológica, depois a internalização dos conceitos, que acontece no interior da criança, como uma função intrapsicológica. Isso acontece a partir das relações de interação entre os sujeitos. 15 A concepção de desenvolvimento humano, postulada por Vigotsky, remete à ideia de que o sujeito é constituído em um ambiente histórico e cultural, por meio das interações com os mesmos. Fonte: www.google.com A interação é vista como componente crucial no processo de aprendizagem e desenvolvimento, uma vez que o indivíduo vai construindo a aprendizagem através da experiência vivenciada em contato com o outro, principalmente quando falamos em crianças, pois estas tem a imitação como um instrumento de aprendizagem, logo tomará de exemplo condutas que vivenciou em seu meio. Ressalta-se que o aprendizado da criança começa antes mesmo dela frequentar a escola, pois em seu processo de desenvolvimento humano, interage com outros grupos humanos, como família e sociedade, os quais participam de sua aprendizagem e de seu desenvolvimento, tendo o outro papel importante nesse processo. Papel da escola é socializar o conhecimento seu dever é atuar na formação moral dos alunos, é essa soma de esforço que promove o pleno desenvolvimento o individuo como cidadão. A escola é o lugar onde a criança deverá encontrar os meios de se prepara para realizar seus projetos de vida, a qualidade de ensino é, portanto, condição necessária tanto na sua formação intelectual quanto moral, sem formação de qualidade a criança poderá ver seus projetos frustrados no futuro. 16 A convivência deve ser organizada de modo que os conceitos como justiça, respeito e solidariedade que sejam compreendidos, assimilados e vividos, com esse proposto à escola se desafiam a instalar uma atitude crítica, que levará o aluno a identificar possibilidades de reconhecer seus limites nas ações e nos relacionamentos a partir dos valores que os orientam. Formar uma escola democrática que está sempre atenta à qualidade do relacionamento entre seus alunos, professores, pais e dirigentes, já que já praticam, as relações sociais são os melhores mestres em questão e moralidade. Professor a cooperação o diálogo reforçam o respeito mútuo, tão determinante para o convívio democrático, então educador o seu desafio é, então esta alerta para o conhecimento e as informações que possam orientar os princípios da construção da cidadania na escola. Fazer com que o aluno perceba que há coerência entre esses valores e o que ele espera da vida, então não há duvida, ele se tornará uma pessoa que se auto- espeito, pelo simples fato de respeitar esses valores. O papel da escola é justamente esse: fazer compreensível o significado dos conceitos das normas e valores, se esforçar para torna-los visíveis, assimilar os valores no seu comportamento ao conscientizá-los na sua relação com os outros alunos afirmando sua autonomia, estabelecer limites ao exercícios da liberdade, contribuir para uma convivência democrática. Desta forma, a escola deve preocupar-se, possibilitando condições para que a sociedade que a abriga ingresse em seu meio, assumindo assim seu compromisso como local de transmissão de saber e construção do conhecimento o papel da escola neste mundo que se transforma, deve estar equilibrado entre uma função sistêmica de preparar cidadãos tanto para desenvolver suas qualidades como para a vida em sociedade. Ao mesmo tempo, deve exercitar sua função crítica ao estudar os principais problemas que interferem em sua localidade, devendo apontar soluções. A educação é, portanto, um processo social que se enquadra numa concepção determinada de mundo, a qual estabelece os fins a serem atingidos pelo ato educativo em consonância com as ideias dominantes numa dada sociedade. O fenômeno educativo não pode ser, pois, entendido de maneira fragmentada, ou como uma abstração válida para qualquer tempo e lugar, mas 17 sim, como uma prática social, situada historicamente, numa realidade total, que envolve aspectos valorativos, culturais, políticos e econômicos, que permeiam a vida total do homem concreto a que a educação diz respeito.