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Provas na Justiça do Trabalho Ônus da prova e Inversão

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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	5
2.  DAS PROVAS	6
3. ÔNUS DA PROVA NA JUSTIÇA DO TRABALHO	8
4. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA APÓS A REFORMA	9
5. CONCLUSÃO	14
REFERÊNCIAS	16
1. INTRODUÇÃO
A CLT, após o advento da Lei de reforma trabalhista, aderiu às regras já presentes no direito processual civil. Entretanto, mesmo antes da ocorrência desta modificação normativa, a doutrina e a jurisprudência já entendiam que o ônus poderia ser invertido pela evidente fragilidade do obreiro na relação de trabalho e principalmente de emprego. Exatamente por ser o polo hipossuficiente da relação que, não em poucos casos, são aplicados institutos até mesmo do CDC para regular a distribuição do ônus probatório, já que tal código também objetiva resguardar o direito do mais vulnerável.
A hodierna tendência doutrinária e jurisprudencial entabula regras mais maleáveis de repartição do ônus da prova, tendo sido crucial para a fixação das diretrizes que hoje constam no art. 818, CLT, modificado pela Lei 13.467/17. A melhor interpretação, em conjunto com o novo artigo, assegura a efetividade do acesso do jurisdicionado à justiça, pois busca-se a verdade real por meio de todas as provas licitas que possam ser produzidas em juízo. 
Foi por tais fatores que a doutrina entendeu que existe uma carga dinâmica na produção do ônus probatório, de forma que o juiz do trabalho pode incumbir o encargo de provar à parte que possuir melhor condições de produção e acesso as provas. 
E é este tema que será abordado no presente trabalho, onde se fará um apanhado em breves linhas sobre o que é a prova, quais princípios regem o conjunto probatório no ordenamento jurídico trabalhista, como ocorre a distribuição de seu ônus entre as partes e de que forma os tribunais tem entendido e recepcionado as novas regras de inversão do ônus de provar após a reforma trabalhista de 2017.
2.  DAS PROVAS
A prova é parte fundamental do processo, sendo necessária para que o juiz forme seu posicionamento sobre os fatos alegados pelos litigantes e decida de quem é o direito que está sendo discutido em juízo. Ademais, é este o caminho que o reclamante detém de convencer o juízo de que os fatos ocorreram conforme alegado, dando embasamento ao direito alegado. Desta forma, entende-se que as provas são primordiais na instrução do processo e sem elas o convencimento do juiz se tornaria prejudicado e poderia não se chegar a justiça almejada. Segundo Mauro Schiavi[footnoteRef:1] [1: SCHIAVI, Mauro Manual de Direito Processual do Trabalho, 7ª edição São Paulo editora LTR 2014.  Pag. 621/643.] 
“As provas são os instrumentos admitidos em Direito como idôneos, a demonstrar um fato ou um acontecimento ou, excepcionalmente, o direito que interessa à parte no processo, destinados para formação da convicção do órgão julgador da demanda”.
Neste sentido, a prova tem como finalidade comunicar ao juiz os fatos que ocorreram com a correspondente materialidade derivada de cada fato relevante e pertinente à causa.
A palavra prova tem sua etimologia no latim e deriva de “probare”, recebendo como significado os sinônimos exame, verificação, reconhecimento por experiência e demonstração[footnoteRef:2]. O fim esperado da prova é o “convencimento do juiz”, em análise conjunta aos elementos constantes nos autos do processo.  Para Liebman[footnoteRef:3], prova é o instrumento que serve para noticiar um determinado fato, além de “fornecer a demonstração e formar a convicção da verdade do próprio fato. Tais analises ocorrem na fase de instrução probatória do processo, onde busca-se formar e colher provas necessárias para essa finalidade”[footnoteRef:4]. [2: LEITE, Carlos Henrique Bezerra, Manual de Processo do Trabalho 1º ed. Atlas 2014. pag. 230/231.  ] [3: LIEBMAN, Enrico Túlio. Processo de Execução. 3. Ed. Rio de Janeiro, Forense, 2003, v2, p. 80.] [4: LEITE, Carlos Henrique Bezerra, Manual de Processo do Trabalho 1º ed. Atlas 2014pag. 230/231.] 
É sabido que a CLT não conceitua prova, contudo, observa-se no art. 769 da lei supra, que nos casos de omissão deve o processo do Trabalho basear-se no Código de Processo Civil. Entretanto, o Novo CPC também não traz uma definição de prova, apenas discorre em seu art. 369 que: 
“As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos, em que se funda o pedido ou defesa e influir eficazmente na convicção do juiz”.
Ademais, vale realçar que a Constituição de 88 em seu art. 5º, LV, prevê: “Art. 5º, LV- Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. ”
A Consolidação das Leis do Trabalho, com redação alterada pela Lei nº 13.467/2017, dispõe em seu art. 818 que “a prova das alegações incumbe: I-ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito e II- ao reclamado, quanto a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do reclamante”. A nova redação complementou o entendimento já existente na justiça comum, inteligência do art. 333 do CPC, não sendo mais necessário utilizar este manual de forma subsidiária no que tange o ônus da prova.
Os princípios que regem a prova no ordenamento jurídico brasileiro são: a) Princípio da Necessidade da Prova: dispõem que os fatos alegados devem ser acompanhados de provas que viabilizem o reconhecimento do direito.
b) Princípio da Licitude e Probidade da Prova: Não se admite provas obtidas por meios ilícitos ou escusos, deve, portanto, ser prova idônea da realidade dos fatos.
c) Princípio do Livre convencimento Motivado do Juiz: Classificado também como princípio da persuasão racional, esse fundamento está pautado na ideia de que o juiz pode decidir da forma que achar melhor, desde que fundamente seu posicionamento. Não se prendendo, portanto, em nenhuma prova apresentada ao juízo.
d) Princípio da Aquisição Processual da Prova no Processo do Trabalho: as provas pertencem ao juízo, o que quer dizer que no momento em que a prova é apresentada no processo, passa a integrar os autos, não pertencendo a nenhuma das partes mais. Desta forma, o juiz tem a faculdade, de acordo com suas convicções, de beneficiar a quem achar de direito, conforme a literalidade do artigo 371 do CPC que dispõe: “O juiz apreciará livremente a prova, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.”
e) Princípio da Aptidão Para a Prova: Tal princípio determina que a prova deve ser produzida por aquele que obtiver meios mais adequados para a sua obtenção.
f) Principio da Oralidade: Basilar do Direito Trabalhista, visa a celeridade processual e a verdade dos fatos, muitas vezes mascarada por documentos duvidosos. Na seara trabalhista valoriza-se sobremaneira o depoimento das partes e suas testemunhas para a formação da convicção do juiz.
3. ÔNUS DA PROVA NA JUSTIÇA DO TRABALHO
A despeito da nova redação trazida pela reforma trabalhista, a distribuição do ônus de provar se manteve nas mesmas linhas já conhecidas pelos militantes desta seara. O responsável por comprovar o ocorrido dependerá do que for alegado ou utilizado como matéria de defesa. Neste sentido, a doutrina pátria classifica o ônus da prova em subjetivo e objetivo. O subjetivo se direciona às partes, ou seja, as provas que reclamante e reclamado usarão para o convencimento do juiz. Já o ônus objetivo, é dirigido ao magistrado, pois diz respeito ao raciocínio lógico do julgador no ato de decidir, analisando e valorando as provas[footnoteRef:5]. [5: SCHIAVI, Mauro Manual de Direito Processual do Trabalho, 7ª edição São Paulo editora LTR 2014.  Pag. 646] 
Corroborando com este entendimento Schiavi[footnoteRef:6] reforça que o ônus da prova no processo diz respeito somente às partes, uma vez que o magistrado tem o dever constitucional de julgar e de fundamentar em harmonia com os elementos dos autos. [6: Idem.] 
Uma vez que a prova produzida pertence aojuízo e não as partes, sendo produzidos os materiais comprobatórios, deve o juiz do Trabalho julgar de acordo com a melhor prova, independentemente da parte que a produziu e o que foi colhido como elemento probante. Almeida colaciona que, “quem não pode provar é como quem nada tem; aquilo que não é provado é como se não existisse; não poder ser provado, ou não ser é a mesma coisa”[footnoteRef:7].  [7: ALMEMEIDA JR., João Mendes de. Direito judiciário brasileiro. São Paulo: Saraiva 1960. P.172] 
4. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA APÓS A REFORMA
Ao modificar o Art. 818 da CLT, a Reforma Trabalhista trouxe luz a dinâmica de distribuição da produção probatória, dispondo que  "o ônus da prova incumbe ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito", mas delimitou ainda o seguinte:
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos deste artigo ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juízo atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 
	Desta feita, ao confrontar o claro desequilíbrio na produção de provas primordiais, admite-se a inversão do ônus da prova. Especialmente, no que tange a dita “prova diabólica”, a qual é de difícil ou impossível obtenção por uma das partes e imprescindível a demonstração de seu direito. Na seara trabalhista tem-se como exemplo o cartão de ponto que pertence ao Reclamado.
	A inversão do ônus da prova na seara trabalhista é firmada na impossibilidade ou grande dificuldade de acesso à prova indispensável por parte do obreiro, sendo amparado pelo princípio da distribuição dinâmica do ônus da prova sedimentado pelo Novo Código de Processo Civil, no seguinte artigo:
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
O disposto no texto legal supra foi amplamente recepcionado pela Justiça do Trabalho, conforme redação da IN 39/2016 do C. TST:
Art. 3° Sem prejuízo de outros, aplicam-se ao Processo do Trabalho, em face de omissão e compatibilidade, os preceitos do Código de Processo Civil que regulam os seguintes temas: 
(...)
VII - art. 373, §§ 1º e 2º (distribuição dinâmica do ônus da prova);
Nesse viés, a jurisprudência pátria caminha no sentido de amparar a inversão do ônus da prova para viabilizar o amplo acesso à justiça:
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. DIFERENÇAS DE COMISSÕES. DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS DA PROVA. APTIDÃO. Muito embora as reclamadas hajam alegado a correção no pagamento da parcela em discussão, optaram por não trazer aos autos documentação capaz de solucionar a controvérsia, daí porque está correto o autor ao falar na distribuição dinâmica do ônus da prova, invocando o novel princípio da aptidão para a prova. Poderiam as empresas, se assim quisessem, demonstrar de forma transparente o procedimento que era utilizado para a apuração dos valores devidos e pagos aos seus empregados. Admitir isso não significa subverter por completo a regra de distribuição do ônus da prova, mas a distribuir esse ônus conforme as possibilidades concretas que tocam a cada uma das partes. Recurso parcialmente provido"(PROCESSO Nº TRT 001258-54.2011.5.06.0006 (RO); 3ª Turma; Data da publicação: 28/05/2013). (Processo: RO - 0000568-81.2014.5.06.0018, Redator: Sergio Torres Teixeira, Data de julgamento: 29/11/2017, Primeira Turma, Data da assinatura: 14/12/2017) (grifo nosso)
(TRT-6 - RO: 00005688120145060018, Data de Julgamento: 29/11/2017, Primeira Turma)
O entendimento moderno de a inversão do ônus da prova no Processo do Trabalho tem como objetivo equilibrar a relação laboral, transferindo-se assim, o ônus da prova que seria do obreiro ao empregador.  A CLT não traz em seu texto dispositivos claros acerca de inversão do ônus da prova, entretanto, com o surgimento do Código de Defesa do Consumidor, os Juízes passaram a ter uma base legal para solucionar os conflitos e tentar equilibrar a discrepância existente entre as partes que compõem a relação laboral. Tal fato ocorre, uma vez que o art. 6º, VIII do CDC poderá ser utilizado e aplicado de forma subsidiária em situações de hipossuficiência ou verossimilhança da alegação sem, contudo, ter elementos que possam comprovar os fatos.
Bezerra Leite[footnoteRef:8], um dos defensores da inversão do ônus da prova no processo do trabalho afirma que pode ocorrer a aplicação analógica do artigo 6º, VIII do CDC à benefício do empregado, uma vez que este, de modo semelhante ao consumidor, também pode estar em situação de hipossuficiência, combinando a inteligência do artigo supra com os ditames do artigo 852-D da CLT e com o artigo 769, da CLT. [8: LEITE, Carlos Henrique Bezerra, Manual de Processo do Trabalho 1º ed. Atlas 2014] 
A aplicação da norma consumerista na justiça do trabalho se pauta na adoção da teoria do diálogo das fontes normativas em decorrência da idêntica necessidade de efetivação do direito fundamental de acesso à justiça e ao processo justo, tanto para o consumidor quanto para o trabalhador, visto que um e outro são hipossuficientes e vulneráveis na relação jurídica (material e processual).
A hipossuficiência existente dentro da relação de emprego e inclinada ao trabalhados, não é apenas a financeira, mas também probatória, pois na grande maioria das vezes o reclamado é quem detém os meios capazes de comprovar a veracidade dos fatos, já que ele é dono do negócio, detém o poder diretivo e o controle dos demais empregados que lhe são subordinados, bem como dos documentos inerentes ao contrato de trabalho, como FGTS e recolhimentos previdenciários.
O juiz do Trabalho deve ter a destreza, à luz das circunstâncias do caso concreto, de atribuir o encargo probatório a parte litigante que possa desempenhá-la com maior facilidade. A doutrina e jurisprudência estão caminhando no sentido de atribuir maior importância a técnica da inversão do ônus da prova, de forma a equilibrar a relação jurídico-processual trabalhista. Em grande parte dos casos, em razão do alto custo da prova/perícia ou da dificuldade de obtenção por causa da subordinação/dependência do empregador, o reclamante não tem condições de produzir prova para sustentar sua alegação, inviabilizando-se assim, o próprio direito pleiteado e afastando a efetivação do alcance da justiça.
Muito embora não exista previsão expressa na CLT acerca da possibilidade de inversão do ônus da prova pelo Juiz do Trabalho, deve o magistrado laçar mão da aplicação subsidiária do disposto no artigo 6°, VIII do Código de Defesa do Consumidor - que estabelece a facilitação da defesa dos direitos do consumidor, inclusive com a inversão do ônus da prova a seu favor, quando a critério do juiz for verossímil sua alegação ou quando for ele hipossuficiente - em atenção ao que estabelece o artigo 769 da CLT.   A inversão do ônus é ocorrência de movimento mundial, onde há a majoração dos poderes do Juiz na direção do processo, tendo como mete que os litigantes sejam postos em pé de igualdade e/ou isonomia real e que a justiça seja implementada com maior efetividade. Não se trata, portanto, de abuso de direito, uma vez que para ser autorizada a inversão do ônus da prova pelo juiz deverá ser ato justificado com argumentos jurídicos, sob crivo do contraditório, diante das circunstancias do caso concreto, a aplicação da carga dinâmicada produção da prova. 
Vale citar a Jurisprudência sobre o assunto:
DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. VEROSSIMILHANÇA DA ALEGAÇÃO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 6º, VIII, DO CDC. DIÁLOGO DAS FONTES. Nos casos de alegação de dispensa discriminatória, havendo indícios de sua veracidade, impõe-se a inversão do ônus da prova, com base no princípio da aptidão probatória e na aplicação analógica do art. 6º, VIII, do CDC, cabendo à reclamada comprovar que o ato ocorreu em virtude motivo diverso. E não poderia ser de outra forma. Com efeito, a proteção do trabalhador, em evidência na Constituição, em razão dos fundamentos da dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho, ganha relevo com o novo Código Civil de 2002, que consignou, expressamente, nas disposições gerais aplicáveis aos contratos em geral, vários princípios com o objetivo de limitar o uso irregular, abusivo ou arbitrário do contrato. Os princípios da socialidade, eticidade e boa-fé, que permeiam as relações contratuais, vedam ao empregador a possibilidade de agir em flagrante discriminação de empregado que não está em plena condição de saúde. O princípio da eticidade tem por objetivo a valorização do ser humano na sociedade, o que se dá mediante a efetivação dos princípios constitucionais, mormente o da dignidade da pessoa humana. Já a boa-fé é observada no comportamento das partes em todos os momentos da relação contratual. O contrato possui uma função social, que serve de limite ao contratante autossuficiente, com a finalidade de evitar posturas arrimadas na prepotência do empregador. Atende, ainda, à necessidade de justiça social e surge como forma de afastar instrumentos de dominação, que aviltam a dignidade humana. Recurso ordinário parcialmente provido. (grifo nosso)
(TRT-17 - RO: 00016566820155170001, Relator: CLÁUDIO ARMANDO COUCE DE MENEZES, Data de Julgamento: 11/09/2018, Data de Publicação: 17/09/2018)
E neste sentido, entende também o TST:
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ART. 71, § 1º, DA LEI Nº 8.666/93 E RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO PELAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS DO EMPREGADOR CONTRATADO. POSSIBILIDADE, EM CASO DE CULPA IN VIGILANDO DO ENTE OU ÓRGÃO PÚBLICO CONTRATANTE, NOS TERMOS DA DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PROFERIDA NA ADC Nº 16-DF E POR INCIDÊNCIA DOS ARTS. 58, INCISO III, E 67, CAPUT E § 1º, DA MESMA LEI DE LICITAÇÕES E DOS ARTS. 186 E 927, CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL E PLENA OBSERVÂNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 10 E DA DECISÃO PROFERIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NA ADC Nº 16-DF. SÚMULA Nº 331, ITENS IV E V, DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. REVELIA. Conforme ficou decidido pelo Supremo Tribunal Federal, com eficácia contra todos e efeito vinculante (art. 102, § 2º, da Constituição Federal), ao julgar a Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 16-DF, é constitucional o art. 71, § 1º, da Lei de Licitações (Lei nº 8.666/93), na redação que lhe deu o art. 4º da Lei nº 9.032/95, com a consequência de que o mero inadimplemento de obrigações trabalhistas causado pelo empregador de trabalhadores terceirizados, contratados pela Administração Pública, após regular licitação, para lhe prestar serviços de natureza contínua, não acarreta a esta última, de forma automática e em qualquer hipótese, sua responsabilidade principal e contratual pela satisfação daqueles direitos.
(...)
Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada" (destacou-se) . Na hipótese dos autos, verifica-se que o Tribunal de origem consignou que "é o caso vertente, em que o Município de Fortaleza olvidou de carrear aos autos prova de haver fiscalizado o cumprimento das obrigações contratuais e legais por parte da prestadora dos serviços, ônus que lhe competia, em face do princípio da aptidão da prova (art. 6º, VIM (sic), do CDC), tendo, ademais, sofrido a aplicação da"ficta confessio", por deixar de comparecer à audiência de instrução" .Agravo de instrumento desprovido. (grifo nosso)
(TST - AIRR: 12899820125070010, Relator: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento: 26/04/2017, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 05/05/2017)
 	Dessa forma, considerando a busca pela igualdade processual, assim como da situação hipossuficiente do trabalhador, desde que demonstrada a dificuldade ou impossibilidade na produção probatória, pode-se requerer a inversão do ônus da prova com base no Art. 818, §1º da CLT, Art. 6º, VIII do CDC e Art. 373, §1º do CPC/15.
5. CONCLUSÃO
A justiça do trabalho tem como uma de suas bases o princípio da proteção do trabalhador, onde de maneira geral, busca-se proteger o obreiro de eventuais arbitrariedades cometidas contra este, por ser o trabalhador a parte mais frágil da relação laboral.
Neste contexto, na fase probatória é dever do juiz utiliza-se de meios que facilitem a busca pela verdade real. Ocorre que muitas vezes para se chegar a veracidade dos fatos deve-se aplicar outros mecanismos não previstos na lei trabalhista. Lei esta que após a reforma de 2017 acompanhou as determinações contidas no NCPC e dinamizou a produção probatória entre as partes. Mesmo com esta inovação, em muitos casos concretos ainda não se conseguia produzir material que correspondesse com a realidade dos fatos, de forma que por autorização da própria CLT, em muitos casos passou-se a ser aplicada a regra expressa no Código de Defesa do Consumidor, que também busca proteger a parte mais frágil da relação de consumo.	
Em se tratando de provas, não é a forma de obtê-la que vai dirigir o juíz na busca da primazia da realidade e sim a real capacidade de cada uma das partes de produzir as provas que comprovem os seus direitos e os coloquem em paridade de armas processuais. Por isso, deve ser considerada a condição que cada um dos litigantes possui para resguardar seu direito. Historicamente, o obreiro é quem tem sofrido por não conseguir obter o material necessário a comprovar aquilo que alega, não por ser tese falsa, mas pela inegável dificuldade de ter acesso a documentos e até mesmo a testemunhas que o auxiliam na busca pela verdade.
Entendendo, portanto, que as provas pertencem ao juízo e não as partes, demonstra que o fato de obreiro ou empregador tê-las produzido só corroborou para que se atingisse o objetivo da busca pela justiça, pois com base no conjunto probatório o juiz firmará seu entendimento sobre o caso concreto, analisando os elementos em si e não quem os produziu. 
Por fim, cumpre realçar que o ideal seria que o Direito do Trabalho possuísse seu próprio código processual, assim como acontece com o Direito Civil e Direito Penal, entretanto não é admissível que o juiz se exima de julgar algum litigio alegando falta de regulamentação estatal. É por isso que de forma expressa a CLT admite a aplicação subsidiaria de outras regras processuais compatíveis com a justiça do trabalho, pois o interesse da justiça é atender o jurisdicionado, independente ou não da falta de normatização especifica sobre o assunto
REFERÊNCIAS
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 7ª edição São Paulo editora LTR 2014.  
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Manual de Processo do Trabalho. 1º ed. Atlas 2014.  
LIEBMAN, Enrico Túlio. Processo de Execução. 3. Ed. Rio de Janeiro, Forense, 2003, v2.
_______. Manual de Processo do Trabalho. 1º ed. Atlas 2014.
_______. Manual de Direito Processual do Trabalho. 7ª edição São Paulo editora LTR 2014.  
_______. Manual de Direito Processual do Trabalho. 7ªedição São Paulo editora LTR 2014.  
ALMEMEIDA JR., João Mendes de. Direito judiciário brasileiro. São Paulo: Saraiva 1960. 
________. Manual de Processo do Trabalho. 1º ed. Atlas 2014

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