Buscar

cidadania_e_humanizacao_em_saude

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Cidadania e Humanização em Saúde
Elaboração
Anália de Oliveira Maia
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção ................................................................................................................................. 4
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 5
introdução.................................................................................................................................... 7
unidAdE i
GESTÃO DA SAÚDE PÚBLICA .................................................................................................................. 9
CAPítulo 1
GESTÃO PÚBLICA ..................................................................................................................... 9
CAPítulo 2
GESTÃO DO SISTEmA ÚnICO DE SAÚDE –SUS .......................................................................... 12
CAPítulo 3
SAÚDE PÚBLICA ...................................................................................................................... 20
unidAdE ii
CIDADAnIA ......................................................................................................................................... 24
CAPítulo 1
COnCEITO E CArACTEríSTICAS ............................................................................................. 24
CAPítulo 2
PrESSUPOSTOS COnSTITUTIvOS .............................................................................................. 30
CAPítulo 3
CIDADAnIA Em SAÚDE ........................................................................................................... 36
unidAdE iii
HUmAnIZAÇÃO ................................................................................................................................... 41
CAPítulo 1
nA PrESTAÇÃO DO SErvIÇO DE SAÚDE E nA ASSISTênCIA HOSPITALAr .................................. 41
rEfErênCiAS .................................................................................................................................. 56
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para refl exão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar 
sua leitura mais agradável. Ao fi nal, serão indicadas, também, fontes de consulta, para 
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de 
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fi m de que o aluno faça uma pausa e refl ita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifi que seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
refl exões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, fi lmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
6
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de � xação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fi xação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verifi car a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certifi cação.
Para (não) � nalizar
Texto integrador, ao fi nal do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
introdução
Conforme preconiza a Política Nacional de Humanização (BRASIL, 2005), a 
humanização é um acordo, é uma construção coletiva que acontece com a edificação e 
compartilhamento do conhecido entre os seus atores. 
O trabalho em rede com equipes multidisciplinares promove a identificação das 
necessidades, dos desejos e dos interesses das pessoas envolvidas, do reconhecimento 
de gestores, trabalhadores e usuários, que são sujeitos ativos e protagonistas das 
iniciativas na área de saúde, assim como da formação de redes solidárias e interativas, 
participativas e protagonistas do SUS, do sistema Único de Saúde.
Esta disciplina, Cidadania e Humanização na saúde, pretende jogar luzes nesse setor 
nefrálgico e importante de gestão do poder público. 
É necessário que, enquanto profissionais da área, possamos promover o contágio 
do SUS por essa atitude humanizadora. Na realidade, é preciso destacar o aspecto 
subjetivo encontrado em toda e qualquer ação humana, nas mais variadas práticas de 
saúde. A rede de humanização em saúde tem como característica a sua permanente 
construção em relações de cidadania, olhando para cada cidadão, levando em conta 
sua especificidade, sua realidade existencial, sua personalidade enquanto inserida na 
coletividade, suas histórias e ansiedades pessoais no contexto social em que se insere.
É possível e adequado tornar a constituição da humanização, com a participação 
solidária e comprometida dos profissionais. A estes cabem o desenvolvimento e a 
qualificação do olhar para o outro com sensibilidade, acolhimento, com a demonstração 
de compreensão e cuidado que desenvolve no cidadão o sentimento de autoestima e 
confiança.
Nesta disciplina, pretendemos ser capazes de motivá-los para o trabalho de implantação 
de projetos de humanização nas suas diversas realidade profissionais.
objetivos
 » Desenvolver os conhecimentos sobre Gestão Pública na Saúde.
 » Trabalhar os conceitos e as características da cidadania.
 » Identificar os pressupostos básicos da cidadania.
 » Levantar questões humanitárias nas relações entre profissionais e 
beneficiários da saúde pública. 
9
unidAdE igEStão dA SAÚdE 
PÚBliCA
CAPítulo 1
gestão pública
A Gestão Pública é área do conhecimento voltada para o estudo das atividades 
relacionadas à gerência de instituiçõespúblicas, sendo atribuições de o profissional 
coordenar, planejar e executar processos em departamentos municipais, estaduais e 
federal. Com esse objetivo, apropria-se das noções gerais de direito e economia, dos 
conhecimentos específicos em políticas públicas, legislação regulamentadora e teorias 
clássicas da administração.
Os modelos de gestão em utilização na sociedade brasileira carecem de uma profunda 
mudança, um remanejamento com a criação de novos modelos que sejam mais eficazes 
e eletivos, pois o que temos hoje não atendem as demandas da sociedade brasileira. 
O Brasil possui a Secretaria de Gestão Pública – SEGEP, do Ministério do Planejamento, 
Orçamento e Gestão que, em 2014, apresentou o Programa Nacional de Gestão Pública 
e Desburocratização – GESPÚBLICA. Esse programa visa o fortalecimento da gestão 
pública, utilizando o Modelo de Excelência em Gestão Pública – MEGP.
Para que isso aconteça, promoveu a implantação do modelo referencial de gestão pública, 
que visa desenvolver ações de apoio técnico aos órgãos e entidades da Administração 
Pública Federal, isso voltado para a mobilização, preparação e motivação da atuação 
em favor da inovação e da qualificação da gestão.
Para a implementação da estratégia, adotou-se algumas iniciativas das quais destacamos 
o aprimoramento do GESPÚBLICA – o Sistema Eletrônico de Autoavaliação da Gestão. 
Esse Sistema viabiliza a avaliação da gestão prescritiva, por meio da identificação e 
análise das práticas de gestão adotadas e dos resultados da organização. Essa avaliação 
viabiliza o rápido diagnóstico, assim como a implantação de melhorias na governança, 
atingindo com isso excelência nos resultados institucionais.
10
unidAdE i │ gEStão dA SAÚdE PÚBliCA
Seria o ideal, mas veremos ao final deste trabalho, que nem sempre a teoria na prática 
é funcional. 
A Gestão Pública, participativa e democrática, leva aos resultados positivos esperados, 
considerando-se que o processo de formação das normas administrativas e os 
mecanismos de ação e controle se apresentarão mais compatíveis e de acordo com a 
realidade brasileira.
O programa GESPÚBLICA pode se apresentar como instrumento de cidadania, já que 
visa a renovação do seu compromisso com a valorização do cidadão, utilizando-se de 
estratégias de mobilização da Administração Pública, pretendendo alcançar a melhoria 
da qualidade dos serviços.
gestão em saúde
A Gestão em Saúde remete a tempos remotos, anterior à Saúde Pública. A Saúde Pública 
nasceu interdisciplinar, em função da utilização das inúmeras especialidades no campo 
do conhecimento. Isso ocorreu bem antes da utilização da interdisciplinaridade no 
século passado. Entre as inúmeras disciplinas em que se baseou a saúde pública citamos: 
Geologia, Zoologia, Microbiologia, Medicina, voltando-se sempre para a investigação 
científica para compreensão do processo saúde e patologia. Daí surgiu a administração 
sanitária preocupada com o estudo e a aplicabilidade da epidemiologia.
Surgia então o campo da administração sanitária e de práticas em saúde, encarregado 
da reflexão em torno da administração de uma fatia do Estado – os laboratórios, as 
escolas e os departamentos de saúde pública –, distinta, no entanto, da administração 
de empresas, já que sua função era investigar e articular a gestão pública no sentindo 
de extinguir as ameaças à saúde da população e combater epidemias.
No início, a gestão de saúde, ou administração sanitária, utilizou-se do conhecimento 
desenvolvido nos campos militares. As guerras serviram de laboratórios para o 
desenvolvimento de ideias relacionadas às doenças, aos germes e as condições insalubres 
encontradas nos campos e ambientes inimigos. Vieram também dos campos da guerra 
os conceitos e erradicação e de controle de riscos. Hoje evoluímos para conceitos 
contemporâneos da Ciência Política, da Sociologia e da Teoria Geral da Administração.
Os sistemas nacionais e públicos de saúde tiveram suas origens em países da Europa, 
iniciando-se no Reino Unido, que visavam a ampliação dos objetivos no campo da 
gestão em saúde. Com isso, sedimentou-se a cultura sanitária que visa a organização de 
serviços e programas de saúde que atenda à nova racionalidade.
11
gEStão dA SAÚdE PÚBliCA │ unidAdE i
O conceito de integração sanitária foi financiado e gerido por uma rede de serviços 
controlada pelo Estado. A essa rede pública foi atribuído o caráter preventivo, com 
atribuições voltadas para a atenção clínica e assistencial individual em hospitais. Assim, 
surgiu o conceito de hierarquização e regionalização dos serviços de saúde. O arcabouço 
inicial de conhecimentos utilizados pela administração sanitária ficou evidentemente 
precário para atender à complexidade embutida na nova política pública de saúde.
Desenvolveu-se então, ao longo do século XX, a investigação voltada para o 
desenvolvimento das novidades e dos projetos arrojados organizacionais, com a criação 
de novos modelos voltados para o atendimento da saúde pública.
Foram então criadas a Organização Mundial de Saúde – OMS e a Organização 
Pan-Americana de Saúde – OPAS, que vieram para estimular a produção do 
conhecimento na área da saúde e para sistematizar a divulgação das experiências e 
tecnologia então desenvolvidas, tanto na área da organização como planejamento 
e gestão dos serviços de saúde.
Nesse período de efervescência de pesquisas na área da administração e gestão da saúde, 
deu-se a aproximação entre as áreas da Clínica e o campo da Saúde Pública. Foi então 
que se deu o desenvolvimento dos estudos sobre gestão de pessoal, atenção primária, 
planejamento e programação em saúde, sistemas locais de saúde e modelos de atenção.
Essas inovações e posturas profissionais geraram a necessidade da formação de gestores 
hospitalares, unindo áreas então dissociadas, como da Economia e da Administração de 
Empresas. Tudo isso converge para o esforço conjunto na recomposição da formação e 
da pesquisa em gestão hospitalar.
12
CAPítulo 2
gestão do Sistema Único de 
Saúde –SuS
É frequente ouvirmos as reclamações dos cidadãos que dependem do sistema público 
de saúde, pois vivenciam os problemas organizacionais, logísticos e de qualidade dos 
serviços que impedem o acesso regular ao atendimento às necessidades de saúde 
da população. Mas como solucionar esse impasse se não há transparência quanto à 
identificação dos responsáveis pelo Sistema Único de Saúde? É aí que tem inicio o “jogo 
de empurra”; o homem comum – o trabalhador, o usuário do SUS – não sabe a quem se 
dirigir, como reivindicar o seu direito constitucional a uma saúde de qualidade, digna 
e humana. A importância da definição clara dessas responsabilidades de gestão das 
políticas públicas de saúde visa assegurar condições viabilizadoras da concretização 
do direito à saúde do homem comum no exercício da sua cidadania, atendendo com 
dignidade o determinado na Constituição Federal de 1988.
É ainda importante considerar os processos decisórios na área das políticas de saúde. 
A eficiência do SUS está diretamente relacionada com os serviços prestados pelas 
pessoas (profissionais de saúde, prestadores de serviços, empresários, entre outros), 
no que se refere à qualidade. Por isso, é estabelecido, na Carta Magna de 1988, as bases 
organizacionais do SUS, determinando a maneira como as decisões políticas na área de 
saúde serão adotadas, visando sempre ao atendimento do cidadão usuário e trabalhador 
do país. Nesse sentido, contempla aspectos importantes para o bom funcionamento do 
serviço público de saúde:
1. a delimitação do papel e das atribuições dos gestores;
2. a forma de atuação das instâncias coletivas de negociação e da ação 
decisória na política pública de saúde, no que se refere ao SUS.
Para tanto, os atores responsáveis pelas comissões intergestoras e pelos conselhos 
participativos na saúde obedecem a Lei Federal no 8.080, promulgada em 1990. Essa 
Lei determina a direção do SUS como única em cada esfera de governo, determinada 
entãocomo órgão responsável pelo desenvolvimento das funções de competência do 
Poder Executivo na área do Ministério da Saúde em âmbito nacional. Já as secretarias 
de saúde, na alçada estadual e municipal.
Na verdade, o SUS é a autoridade de saúde em cada esfera do poder público, sua ação 
técnica e política devem ser contempladas pelos próprios princípios da reforma sanitária 
13
gEStão dA SAÚdE PÚBliCA │ unidAdE i
do Brasil. O reconhecimento de duas dimensões indissociáveis da atuação dos gestores 
da saúde – a política e a técnica – pode ajudar a compreender a complexidade e os dilemas 
no exercício dessa função pública de autoridade sanitária, a natureza dessa atuação e as 
possíveis tensões relativas à direção da política de saúde em um dado governo e ao longo 
do tempo.Não devemos nos esquecer de que esses cargos, tanto do ministro de saúde 
como os secretários estaduais e municipais de saúde, possuem importância política 
irrefutável, são nomeados pelo representante do executivo devidamente representado 
por eleição direta. O presidente, os governadores e os prefeitos têm legitimidade 
democrática para designar os representantes dos órgãos mencionados. Isso signifi ca 
que estão vinculados aos projetos de governo de seus designadores e terão que fornecer 
respostas e resultados aos chefes do executivo. Mas terão que considerar, em ordem 
prioritária, as determinações constitucionais, obedecendo a norma jurídica do SUS, 
que apresenta um determinado modelo de política de Estado para a saúde pública e que 
não termina junto com o mandato governamental. Essa interação, governo e política de 
Estado setorial, deve ser atendida pela atuação dos gestores do SUS, já que em algumas 
situações podem criar tensões que irão infl uenciar o processo continuísta das políticas 
públicas de saúde.
A efi ciência na política do gestor de SUS não está apenas condicionada ao Executivo ou 
às políticas públicas de saúde por este determinada. Ela se apresenta também a partir 
da sua interação com o meio social, os grupos e atores sociais nos inúmeros espaços 
de negociações e nos âmbitos decisórios formais e informais. Além disso, para que os 
objetivos na área de saúde sejam alcançados, é necessária a interação harmônica do 
gestor com os demais órgãos governamentais, ou seja, os outros ministérios e secretarias 
do governo, com os demais poderes – o legislativo e o judiciário – além, naturalmente, 
do relacionamento com a sociedade civil organizada.
A adoção de um sistema político federativo e as especifi cidades de cada Estado geram 
consequências signifi cativas para as políticas públicas, no caso em pauta, da saúde.
A federação brasileira apresenta especifi cidades que a diferencia de outros 
países federativos, como destacado no vídeo da TV Justiça, com apresentação 
do professor de direito Constitucional Luciano Coelho Ávila, características da 
federação brasileira, no programa Apostila.
Assista o vídeo disponível no link: 
<https://www.youtube.com/watch?v=DOTIfnROLDM>.
Refl etiram-se a respeito das enormes diferenças existentes entre os milhares de 
municípios brasileiros, conforme Souza (2002) ressalta o fato de que no contexto da 
14
unidAdE i │ gEStão dA SAÚdE PÚBliCA
heterogeneidade econômica e social, a descentralização de políticas públicas, aqui 
também considerada as de saúde, pode gerar situações adversas, como até mesmo o 
aprofundamento das desigualdades sociais. Para evitar isso, é necessário assegurar 
condições adequadas para o fortalecimento da gestão pública, dos mecanismos de 
coordenação da rede e da facilitação do acesso às ações e serviços para os cidadãos, 
independentemente da sua localização geográfica de seu domicílio. A Constituição 
Federal de 1988 previu essa mudança no funcionamento da saúde no âmbito federal.
A preocupação com a descentralização das políticas públicas de saúde monta aos anos 
de 1990, tendo indução federal por meio da formulação e implementação das Normas 
Operacionais do SUS, com emissão de várias portarias, que eram editadas anualmente 
por diversas áreas do Ministério da Saúde e pelas outras inúmeras entidades federais 
de saúde, geralmente vinculadas a mecanismos de incentivo financeiros de políticas 
e práticas realizadas pelos gestores estaduais, municipais e prestadores de 
serviços. A verdade é que, os anos de 1990, testemunharam a mudança de um sistema 
enormemente centralizado para um panorama em que os diversos gestores, estaduais e 
municipais, tornam-se fundamentais para o funcionamento da saúde.
Simplificando, podemos mencionar aqui quatro grupos de funções gestoras na saúde:
1. Formulação de políticas e planejamento.
2. Financiamento.
3. Regulação, coordenação, controle e avaliação.
4. Prestação direta de serviços de saúde. 
Essas funções, em cada uma delas, possuem outra quantidade de subfunções e 
atribuições de gestão. Exemplo disso esta na formulação de políticas e planejamento; 
nela se encontra incluídas as atividades de diagnóstico de necessidades de saúde, 
identificação de prioridades e programação de ações, entre inúmeras outras.
Pacto pela saúde
Conjunto de reformas institucionais do SUS acordado pela União, estados e municípios, 
objetivando a promoção de inovações nas ferramentas de gestão, alcançando com isso 
a qualificação e a eficiência nas respostas do SUS, quando demanda pelas dificuldades 
amplamente divulgadas pela mídia. Para que isso seja possível, o pacto pela saúde surge 
no sentido de redefinir as responsabilidade da gestão (como dito anteriormente) com 
foco nas necessidades da população, do trabalhador e do usuário dos serviços de saúde 
pública, possibilitando assim a tão sonhada equidade social.
15
gEStão dA SAÚdE PÚBliCA │ unidAdE i
O Termo de Compromisso de Gestão – TCG será necessariamente implementado pela 
adesão dos estados e municípios que, junto à União, se comprometem com as políticas 
públicas para a saúde. Esse termo é renovado todos os anos e substitui os processos de 
habilitação, antes utilizado, com estabelecimento de metas e dos compromissos para 
cada personalidade da federação. 
Essas prioridades são:
1. a redução da mortalidade de gestantes e crianças;
2. o controle de doenças e epidemias;
3. a redução da mortalidade por câncer de mama e colo do útero.
Para alcançar esses objetivos, o pacto pela saúde efetuou modificações nos trâmites de 
transferências dos recursos da União para os estados e municípios, que passaram a ser 
divida em blocos. Esses grandes blocos de financiamento são:
1. atenção básica;
2. média e alta complexidade da assistência;
3. vigilância em saúde;
4. assistência farmacêutica;
5. gestão do SUS.
Esse novo desenho veio para substituir, pelo menos em tese, as antigas formas de 
financiamento que não atendiam às necessidades da população e esvaziava os cofres 
públicos. 
Pacto pela vida 
Compromisso assumido pelos gestores do SUS, com foco nas prioridades importantes da 
realidade de saúde da população brasileira. Entende-se por prioridade o estabelecimento 
de metas nacionais, estaduais e municipais. Estes necessitam se organizar em ações 
eficientes que viabilizem o alcance das metas e dos objetivos pactuados. Essas 
prioridades pactuadas são seis, a saber:
16
unidAdE i │ gEStão dA SAÚdE PÚBliCA
1. Saúde do idoso
Aqui se leva em consideração pessoas com 60 anos ou mais, considerando a necessidade 
do envelhecimento saudável e ativo, com atenção integral e integrada à saúde. Há a 
implantação de serviços de atenção domiciliar e a preferência no atendimento nas 
unidades de saúde.
Outra prioridade seria a qualificação dos profissionais de saúde no atendimento de 
idosos, assim como a divulgação das políticas públicas na área de saúde para as pessoas 
idosas, para todos os atores e profissionais da área de saúde no SUS.
A estratégia adotada pela gestão do SUS foi a criação da Caderneta de Saúde da Pessoa 
Idosa, que garante ao cidadão com mais de 60 anos o exercício da cidadania com 
dignidade e humanização, quandoda necessidade de apoio e orientação na saúde. 
Também foi elaborado o Manual de Atenção Básica à saúde da Pessoa Idosa, a orientação 
permanente de ordem educacional na área do envelhecimento com saúde.
Muito tem sido feito com objetivo de dar acolhimento, apoio e conforto às pessoas 
idosas, facilitando e dando qualidade de vida para os nossos idosos.
2. Controle do câncer de mama e de colo do útero
Cabe ressaltar aqui, a criação da visita domiciliar, os chamados “médicos de família”, 
uma iniciativa que vem favorecer e valorizar a vida e a saúde de mulheres e mães.
Eis algumas estratégias assumidas no combate ao câncer de colo de útero e de mama:
 » Exame preventivo do câncer do colo de útero como objeto de campanha 
nacional.
 » Cirurgia especial para retirada de lesões ou parte do colo de útero 
comprometido, cuidando para que os danos sejam minimizados, visando 
a saúde da mulher.
 » Mamografia e compra de aparelhos de alta resolução para feitura do 
exame.
3. redução da mortalidade de gestantes e 
crianças
Com relação ao combate da mortalidade infantil e das gestantes, foram instituídos os 
seguintes protocolos:
17
gEStão dA SAÚdE PÚBliCA │ unidAdE i
 » Redução da mortalidade neonatal de 5%, no entanto, alcançaram-se 
metas bem mais consistentes.
 » Redução em 50% dos óbitos por disenteria e 20% por pneumonia.
 » Redução de 5% na mortalidade materna.
 » Garantia de insumos e medicamentos para tratamento da hipertensão da 
parturiente.
 » Qualificação dos locais de distribuição de sangue nas maternidades e 
outros locais de parto.
4. fortalecimento do combate às doenças e 
epidemias 
No Brasil o combate às epidemias e às doenças é hoje referência no Mundo. Em 1980, 
quando teve início a epidemia do HIV, o Brasil deu início às companhas de prevenção 
e atendimento dos cidadãos infectados. De lá para cá, somos o país cujo registro da 
doença é um dos menores. 
O mesmo aconteceu com a dengue e outras doenças. A Fundação Oswaldo Cruz organiza 
e mantém que se posicionam como centro de excelência na pesquisa e no planejamento 
das estratégias de combate e prevenção de doenças.
A malária é outro exemplo de nossa eficácia; houve uma queda significativa nos registros 
de casos. No entanto, ainda temos casos na região norte onde está a maioria dos casos 
de malária.
Nosso melhor desempenho se monstra no combate à tuberculose, cuja redução nos 
casos de óbito foi de mais de 50% entre 1990 e 2015. A estatística positiva também 
aumentou: os registros de pacientes que se recuperam da doença mostram um número 
significativo de pessoas que venceram a tuberculose.
Nossos gestores de saúde conseguiram estruturar a vigilância epidemiológica de 
forma a enfrentar essas e outras patologias transmissíveis com sucesso. As campanhas 
de vacinação, de esclarecimento e de apoio na mídia, falada e escrita, conquistaram 
a confiança do público alvo que buscaram ajuda e orientação para a prevenção e o 
combate das inúmeras doenças que se fizeram presente na vida da população entre os 
anos de 1980 e 2015.
18
unidAdE i │ gEStão dA SAÚdE PÚBliCA
Com a criação desses programas nacionais conseguiu-se reduzir as taxas de incidência 
das doenças e o número de vítimas, principalmente a partir das propagandas e o 
atendimento da população.
5. Promoção da saúde
É uma estratégia de articulação transversal na qual se confere 
visibilidade aos fatores que colocam a saúde da população em risco e 
às diferenças entre necessidades, territórios e culturas presentes no 
nosso País, visando à criação de mecanismos que reduzam as situações 
de vulnerabilidade, defendam radicalmente a equidade e incorporem 
a participação e o controle sociais na gestão das políticas públicas. 
(Política Nacional de Promoção da Saúde, Brasil. 2006).
É importante que a promoção da saúde seja integrada e intersetorial, favorecendo assim 
o diálogo entre os setores do governo e a sociedade. Com isso, os objetivos traçados 
serão alcançados, a saber:
1. promoção da qualidade de vida;
2. redução dos riscos à saúde;
3. favorecimento do meio ambiente a partir do esclarecimento quanto à 
necessidade de preservação;
4. prevenção de doenças e epidemias.
A promoção da saúde implica no fomento, na geração de recursos e estratégias que 
visem aumentar a saúde e o bem-estar. Não está diretamente ligada à doença em si, 
mas na educação e na busca de uma vida saudável, levando o indivíduo e a coletividade 
ao fortalecimento da capacidade de lidar com a saúde.
6. Atenção básica
O pacto pela saúde foi aprovado por unanimidade pelo Conselho Nacional de Saúde 
e foi dada publicidade pela Portaria GM/MS no 399, de 22 de fevereiro de 2006, cujo 
objetivo seria promover a melhoria dos serviços de saúde prestados pelo poder público, 
nas três esferas, ao cidadão brasileiro. Daí a importância de sua adesão pelos gestores 
regionais, estaduais e federal. O pacto pela vida vem dar reforço ao SUS, buscando 
resultados a partir de um conjunto de compromissos sanitários prioritários, combinados 
e implementado pelos atores federados.
19
gEStão dA SAÚdE PÚBliCA │ unidAdE i
Essas prioridades deverão ser sedimentadas pelo SUS, de forma a garantir o alcance das 
metas pactuadas. Prioridades estaduais, regionais ou municipais podem ser somadas 
às prioridades nacionais, a partir de acordos locais. Os estados e municípios devem 
acordar as ações necessárias para alcançar as metas e os objetivos gerais propostos.
<http://www.portalconscienciapolitica.com.br/ci%C3%AAncia-politica/
politicas-publicas/saude/pacto-pela-saude/>.
<https://www.youtube.com/watch?v=cRtqixwU7I4>.
20
CAPítulo 3
Saúde pública
O Brasil ainda tem algum caminho para percorrer no que se refere à saúde pública 
de qualidade, até porque a preocupação com a saúde da população é relativamente 
recente. O próprio Ministério da Saúde é jovem, tem menos de um século, foi criando 
em 1930, pelo então presidente Getúlio Vargas. Antes disso, cada um se cuidava como 
podia; com dinheiro era possível ter a assistência de um médico ou um amigo médico, 
parente ou vizinho. Por esse motivo a expectativa de vida era muito diminuta, em torno 
dos 50 ou 60 anos. Qualquer infecção ou doença mais grave, que hoje com certeza 
trata-se sem preocupação, era fatal. A mortandade atingia principalmente idosos e 
crianças. Além da população miserável ou pobre.
Esse é o motivo desse capítulo. Vamos efetuar uma viagem pela história da saúde 
pública no Brasil.
Antes de começarmos, assista a este vídeo do Ministério da Fazenda sobre a 
História da Saúde Pública no Brasil.
<https://www.youtube.com/watch?v=SP8FJc7YTa0>.
História da saúde pública no Brasil
No Brasil Colônia não havia qualquer movimento, mesmo que remotamente, parecido 
com políticas públicas, cada um fi cava à sua própria sorte. Para se ter uma ideia, no 
ano de 1789, existiam apenas quatro profi ssionais de saúde no Rio de Janeiro, principal 
cidade da Colônia junto com Salvador da Bahia. Apenas 4 médicos para atender a 
população rica, os nobres e os senhores abastados do Corte.
Em função da carência de profi ssionais qualifi cados na saúde, era comum procurar os 
xamãs, curandeiros para tratar as doenças na base de medicina, hoje conhecida como 
alternativa, utilizando-se de ervas e unguentos.
Uma alternativa viável seria a utilização das religiosas, enfermeiras jesuítas, que 
procuravam atender os necessitados nas raras Santas Casas existentes à época.
Somente em 1808, quando chega ao Brasil a família real de Portugal que fugiam de 
Napoleão, foram criadas as escolas de medicina no país, sendo a primeira delas fundada 
em Salvador, na Bahia. No Rio de Janeiro, foi criada a Escola de Cirurgia do Rio de 
21
gEStão dA SAÚdE PÚBliCA │ unidAdE i
Janeiro, sendo ambas as únicas opções para os jovens que não poderiam viajar para 
Portugal para cursar medicina. Essa situação perdurou até a proclamação da república.
A saúde pública no Brasil 
Infelizmente, apesar de hoje o número de médicos formados no Brasil ter aumentadoem termos significativos, a saúde pública ainda é deficitária. Como registrado 
anteriormente, é comum pacientes em corredores de hospitais públicos, trabalhadores 
morrem sem atendimento, parturiente são tratadas com indignidade e muitas vezes 
dando à luz em circunstancias vexatória. 
Chegamos ao ponto de importar médicos de Cuba. Situação polêmica que gerou 
protestos e indignação entre os profissionais de saúde e os usuários do SUS. O descaso e 
o péssimo atendimento são comuns na maioria dos postos, prontos-socorros e hospitais 
do Brasil. Pior, na maioria das vezes a culpa não é dos profissionais desses postos ou 
instituições hospitalares, pois é voz corrente da classe que falta tudo e não há condições 
de trabalho.
Não há aqui a intenção de criticar ou condenar o poder público. Nossa preocupação é 
encontrar soluções ou sugestões que viabilizem o atendimento do trabalhador e usuário 
da saúde pública. 
Saúde pública versus saúde particular
Em contrapartida, a saúde particular está muito bem. Para aqueles que podem 
pagar, não há limite para o bom atendimento. Temos hospitais de referência e somos 
respeitados no mundo, possuímos profissionais que são solicitados no exterior para 
palestras e participação em equipes médicas no exterior. 
No entanto, os planos de saúde estão cada vez mais caros e com atendimento cada 
vez mais precário. Os tribunais brasileiros estão repletos de ações promovidas pelos 
cidadãos que, sem o respaldo da saúde pública, são obrigados a contratarem os planos 
de saúde.
Enquanto o caos se instala na saúde pública, a particular oferece o que há de mais 
moderno em equipamentos, profissionais qualificados, conforto e acolhimento 
humanitário, desde que tenhamos suficientes recursos financeiros para financiar tal 
atendimento.
22
unidAdE i │ gEStão dA SAÚdE PÚBliCA
Mas é importante ressaltar que isso não é regra. Há hospitais públicos e profissionais 
da rede pública de alto nível, em muitos casos o cidadão é bem recebido e tratado com 
dignidade, obtendo o que há de melhor e mais moderno em termos de saúde. Não é regra, 
são consideradas exceções, mas é importante citar que é possível, se houver vontade 
política, oferecer ao cidadão atendimento de qualidade, acolhimento e humanização 
desse atendimento na saúde pública.
Infelizmente a regra é o usuário ficar meses na fila de espera por um exame ou cirurgia, 
acontecendo óbitos durante essa espera, causando revolta na população.
Mas quem pensa que contratar um plano de saúde garante acesso aos melhores serviços, 
também se engana. Apesar de o plano de saúde garantir um atendimento mais rápido e 
melhor que o público, é importante salientar que, dependendo do tipo de doença que a 
pessoa tenha, o plano de saúde pode não dar cobertura total para o tratamento.
dados alarmantes sobre a saúde no Brasil
Segundo uma pesquisa divulgada no começo de 2012, aproximadamente 47% da 
população brasileira desaprova a qualidade da saúde pública no Brasil. Além disso, de 
acordo com a mesma pesquisa, aproximadamente 30% dos municípios brasileiros não 
possuem hospitais públicos.
Parece pouco, porém, é preciso destacar que, se os habitantes dessa localidade precisam 
de atendimento hospitalar, eles são encaminhados à cidade mais próxima que possua 
um hospital e, dessa maneira, acabam sobrecarregando esses hospitais, que acabam 
tendo que colocar macas em corredores.
Melhorias visíveis da saúde no Brasil
Mesmo com tanta desigualdade e precariedade, podemos afirmar que a saúde melhorou 
muito nos últimos trinta anos. Os dados da mortalidade infantil caem a cada dia e 
hoje podemos afirmar que apenas 23 crianças, a cada mil nascimentos, morrem antes 
de completar um ano. Cerca de três décadas atrás, esse número estava perto das 100 
mortes, a cada mil nascidos. Além disso, o Brasil possui um dos sistemas de tratamentos 
para portadores da AIDS mais elogiados do mundo, sendo este tratamento ao alcance 
da população gratuitamente. Quem possui males como diabetes e hipertensão também 
tem tratamento gratuito de qualidade.
Também é importante ressaltar que, no que diz respeito a carteira de vacinação das 
crianças brasileiras, nosso país é um dos mais completos, e graças a isso, já conseguimos 
23
gEStão dA SAÚdE PÚBliCA │ unidAdE i
reduzir a zero, o número de casos de diversas doenças, como por exemplo a poliomielite, 
que há mais de vinte e cinco anos não ocorre no Brasil.
Podemos afi rmar que a expectativa de vida no Brasil aumentou consideravelmente. Com 
todos os problemas que temos na saúde pública, o cidadão brasileiro é mais longevo, 
a população de idosos aumentou e a mortandade prematura diminuiu, pelo menos na 
área da patologia humana.
Expectativa de vida
No início do século XX, os brasileiros alcançaram um aumento na sua expectativa de 
vida em torno de três anos. Com a utilização do modelo de população estável, Santos 
(1978) determinou a expectativa de vida do povo brasileiro nas três primeiras décadas 
do século XX em torno dos 30 e 36 anos. 
Para as décadas seguintes, os valores desse indicador aumentaram, segundo o mesmo 
autor, levando a esperança de vida ao nascer do homem brasileiro para 41 anos, 
equivalente a mais 5 anos. 
As diferenças regionais já eram sentidas, alterando a expectativa para menos ou para 
mais, dependendo da região brasileira. Por exemplo, no Nordeste, esse quadro era 
completamente diferente, pois ao nascer já se sabia que a expectativa de vida (se não 
morresse ainda em criança) seria de no máximo 36 anos, para mais ou para menos, 
contra os 49 anos de vida para o povo da região Centro-Oeste e 43 para os brasileiros 
do Sudeste.
Essas diferenças refl etiam na prioridade de investimentos do Estado para as regiões 
Centro-Oeste e Sudeste, onde a atuação da saúde pública era mais efi ciente, benefi ciando 
essas regiões brasileiras.
Essa tendência de aumento da expectativa de vida no Brasil diminuiu no ano de 1955 
até a década de 1970, com avanços bem lentos em todas as regiões do Brasil. Essa 
condição se deu em decorrência da crise estrutural da economia e da dependência que 
a população vulnerável sofreu das políticas públicas compensatórias.
Esse panorama começou a mudar em meados da década de 1970, com um crescimento 
discreto na expectativa de vida do brasileiro. 
Acesse ao link <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/
tabuadevida/evolucao_da_mortalidade.shtm>, para maiores informações sobre 
a expectativa de vida dos brasileiros.
24
unidAdE iiCidAdAniA
CAPítulo 1
Conceito e características
Na última década do século XX, cresceu, no mundo inteiro, o interesse e a pesquisa 
em torno do conceito de cidadania. Nesta abordagem que se ocupa de fenômenos 
relacionados à cidadania, podem ser destacadas três entendimentos:
1. A teoria de Marshall (1949) a cerca dos direitos da cidadania: Marshall 
desenvolve a sua teoria sociológica de cidadania a partir dos direitos e das 
obrigações inerentes à condição de cidadão. Determina o entendimento 
dos direitos de cidadania: Direitos Civis, conquistados no século XIX; 
Direitos Políticos, alcançados no século XIX; e os Direitos Sociais, 
conquistados no século XX. Ao longo do tempo, a teoria de Marshall foi 
enriquecida com outros enfoques, como o da ampliação da cidadania às 
classes trabalhadoras, por meio dos direitos de associação, à educação 
e ao voto; e do reconhecimento dos movimentos sociais como força 
dinâmica e necessária para o desenvolvimento dos direitos de cidadania.
2. A abordagem de Tocqueville e Durkheim, a respeito da cultura cívica: 
para os dois pensadores, a cidadania, que não se restringe àquela 
sancionada por lei, tem na virtude cívica seu aspecto capital. A partir 
desta concepção, na esfera pública, grupos voluntários privados e sem 
fins lucrativos passam a formar a sociedade civil.
3. A teoria marxista/gramsciana, a cerca da sociedade civil: Marx e Gramsci 
focam na reconstrução da sociedade. Este último opera uma mudança 
paradigmática, com sua visão tripartite:Estado – Mercado – Sociedade 
Civil. O viés gramsciano de referência à sociedade civil visa a proteção 
contra os abusos estatais e de mercado.
25
CidAdAniA │ unidAdE ii
Pertencer a um Estado-Nação significa o estabelecimento de uma personalidade em 
um território geográfico. Historicamente, a cidadania era concebida em relação a 
restritos grupos de elite, como, por exemplo: os ricos de Atenas ou os barões ingleses 
do século XVIII. Mais tarde, a cidadania é estendida a uma parcela maior dos 
residentes de um país.
A cidadania, antes considerada um status, torna-se um processo constituído por uma 
engrenagem que envolve as relações e os idiomas utilizados por políticos que destacam o 
pertencimento e os direitos universais de uma comunidade. A cidadania é um conjunto 
de práticas políticas, econômicas, culturais e jurídicas que vão definir o cidadão como 
membro qualificado de uma sociedade. Os direitos e as obrigações da cidadania existem 
quando o Estado prioriza a regras da cidadania e se incumbe de tomar medidas sérias 
para protegê-las. 
A cidadania determina a interlocução entre o cidadão e o estado, focando nos direitos e 
obrigações de um e de outro. Há teorias a cerca da sociedade civil que fazem referência às 
instituições mediadoras entre cidadão e estado.A sociedade civil tem três perspectivas: 
A sociedade civil é uma esfera não estatal de influência que emerge do capitalismo e da 
industrialização (teoria marxista). 
a. Desenvolve a proteção dos cidadãos contra o abuso dos direitos (definição 
normativa). 
b. Prioriza a interação entre grupos voluntários na esfera não estatal (visão 
das ciências sociais).
Cidadania e sociedade civil são noções diferentes, mas contingentes. A Cidadania é 
implementada pelo Estado, enquanto a sociedade civil envolve grupos, em harmonia 
ou conflito; cria grupos e pressiona; se for fraca, corre o risco de ser dominada pelas 
esferas do Estado ou do mercado; consiste na esfera pública e as lutas pela cidadania se 
dão por meio dos interesses dos grupos sociais; mas não é o lócus (lugar) dos direitos 
da cidadania, pois não se trata do Estado. 
Temos três tipos de regimes: 
 » Regimes liberais (Teoria liberal).
 » Regimes tradicionais (comunitarismo).
 » Regimes de social democracia (Teoria da democracia extensiva).
Teoria Liberal é a dominante nos países industrializados, especialmente anglo-saxões. 
Com ênfase no indivíduo, o liberalismo propõe que os direitos são inerentes a todas 
26
unidAdE ii │ CidAdAniA
as pessoas e envolvem liberdades a serem usufruída pela sociedade como um todo. 
Constituem pontos centrais as liberdades civis e os direitos de propriedade.
Os direitos individuais são vitais. Em contraposição, os direitos sociais ou pertencentes 
a grupos representam uma violação aos princípios liberais. O cidadão é entendido 
enquanto indivíduo e possui liberdade no exercício dos seus direitos. A cidadania 
encontra-se, assim, relacionada à imagem pública do indivíduo enquanto cidadão 
livre, dotado de igualdade, ao inverso das suas características dominante, enquanto 
pertencente a um grupo que determina a sua identidade. 
A principal crítica ao liberalismo é seu forte acento individualista. O declínio da 
solidariedade entre os cidadãos e a ausência do senso de destino está na raiz dos grandes 
males da modernidade.
Nosso entendimento é que a cidadania deve ser vista como uma prática e não como um 
status de pertencimento. A precedência deve ser outorgada pela visão do bem comum 
e não alicerçada por direitos individuais. 
Mas como será possível atingir o bem comum? Que projeto de comunidade de cidadãos 
pode ser oferecido a uma sociedade multifacetada? Habermas critica as duas perspectivas, 
liberal e comunitarista. Para ele, o papel do cidadão se limita a uma visão individualista 
e instrumental da tradição liberal (Locke) ou a uma compreensão comunitária e ética 
da tradição de Aristóteles. O modelo liberal focaliza os direitos individuais, enquanto, 
para a visão comunitarista, a participação do governo é a essência da liberdade. 
Para Janoski, a teoria de “democracia expansiva” (Mark Warren) representa a terceira 
via e preconiza a expansão de direitos individuais ou coletivos a sujeitos historicamente 
discriminados por classe, gênero ou etnia. A teoria democrática expansiva reivindica o 
aumento da participação das massas na alçada decisória com maior interação entre o 
cidadão e as instituições. Enfatiza os direitos de participação e reivindica um equilíbrio 
entre direitos individuais, direitos de grupo e obrigações. Marshall vislumbrava a 
cidadania como elemento de mudança social, apontando três gerações de direitos:
 » Direitos Civis para o exercício das liberdades. 
 » Direitos Políticos que garantem a participação, tanto passiva quanto 
ativa, no processo político. 
 » Direitos Sociais que correspondem à aquisição de um padrão mínimo de 
bem-estar e seguranças sociais.
27
CidAdAniA │ unidAdE ii
Marshall direciona sua atenção ao antagonismo existente entre direitos civis que 
conseguem a proteção do indivíduo contra o Estado e os direitos sociais que devem 
garantir o direito a uma renda real, por meio de benefícios assegurados pelo Estado, e 
conclui que cidadania social e capitalismo estão em guerra. 
Janoski (1998) classifica assim o confronto entre liberalismo, social-democracia e 
comunitarismo: 
1. O liberalismo se baseia no individualismo: os direitos civis são relacionados 
apenas a obrigações mais essenciais.
2. A social-democracia ou expansiva se baseia na participação igualitária de 
grupos e indivíduos, toda uma série de direitos e obrigações é equilibrada 
por permutas restritas e generalizadas. 
3. O comunitarismo se baseia em forte hierarquia comunitária, no qual as 
obrigações da comunidade se referem aos direitos nas relações em longo 
prazo e apresentam prioridade na garantia do bem-estar da comunidade.
Segundo Janoski (1998), essas teorias políticas podem ser associadas a regimes estatais: 
o liberalismo, aos direitos civis nos regimes liberais, em que há uma maior separação 
entre esfera estatal, mercantil e pública (Austrália, Canadá, Japão, Suíça, Estados 
Unidos); o Comunitarismo, com sua priorização das obrigações sobre os direitos nos 
regimes tradicionais, em que há uma ampla justaposição entre as esferas do mercado, do 
público e também estatal (Áustria, Bélgica, França, Alemanha e Itália); e a democracia 
expansiva, com seus altos níveis de direitos políticos, sociais e de participação aos 
regimes social-democráticos, em que há incentivos na participação social, tanto no 
governo quanto na economia (Dinamarca, Noruega, Suécia, Holanda e Finlândia).
Para a leitura nacionalista, a cidadania encontra-se diretamente relacionada à formação 
da consciência nacional que imprime nos indivíduos um senso de pertencimento à 
comunidade. É a ideia do Estado-nação o agente garantidor dos direitos da cidadania.
A expressão “nação” surge no bojo da erupção revolucionária francesa do fim do século 
XVII. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão trouxe as bandeiras da 
soberania democrática e dos direitos civis da cidadania. No modelo francês, o indivíduo 
é reconhecido por seus direitos; no modelo alemão, os indivíduos são caracterizados 
por suas identidades (língua, religião, história).
Vemos hoje a migração em alta escala, em função dos inúmeros conflitos mundiais. Essa 
realidade, mormente no pós-conflito, gera situações desafiantes para os nacionalismos 
na tentativa de encontrar uma constante extensão dos direitos da cidadania. A aspiração 
28
unidAdE ii │ CidAdAniA
da cidadania multicultural tem seu foco central na diversidade étnica entre grupos 
que convivem em uma mesma sociedade. Os direitos não devem ser apenas voltados 
para os indivíduos; é necessário também garantir os mesmos direitos a estes grupos, 
defendendo-se a necessidade de uma cidadania diferenciada, dos direitos culturais da 
cidadania (WILL KYMLICKA, 1995).
A visão multiculturalistasustenta que a cidadania, como identidade, deve ter 
precedência sobre a cidadania como status legal, podendo passar assim da cidadania 
comum (sociedades liberais) a uma cidadania diferenciada (grupos de imigrantes).
No seio do processo de globalização, no qual o Estado-Nação tende a declinar em 
importância, dá-se uma transição para um novo espaço de cidadania (polis, império, 
cidade, Estado-Nação, espaço global ou transnacional), de uma cidadania vinculada 
aos direitos individuais para uma cidadania devida à pessoa universal.
Encontramo-nos em um momento de revitalização do conceito de cidadania e, por isso, 
é preciso ter em vista três metas:
1. analisar os sistemas econômicos e políticos de diversos países, em uma 
perspectiva comparativa, para auxiliar o desenvolvimento dos direitos de 
participação;
2. explicar os aspectos da sociedade civil e da organização social;
3. compreender o nexo de solidariedade que mantém o conjunto social. A 
cidadania presume a existência de uma sociedade civil inserida em redes 
e conexões entre pessoas e grupos.
Para refl exão a respeito do assunto estudado neste capítulo, leia com atenção a 
matéria assinalada e assista ao vídeo. Refl ita e faça suas inferências a respeito do 
delicado assunto que está mobilizando o Mundo Ocidental. :a?
<http://www.publico.pt/mundo/noticia/projeccao-dao-empate-no-voto-
sobre-limites-a-imigracao-na-suica-1623009>.
<http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/02/suica-vota-cotas-para-
imigracao-e-ameaca-fechar-portas-para-europeus.html>.
<http://www.brasilpost.com.br/raphael-tsavkko-garcia/precisamos-falar-sobre-
imigracao_b_7129478.html>.
29
CidAdAniA │ unidAdE ii
Vídeos
<https://www.youtube.com/watch?v=Rfzl6QMIbJM>.
<https://www.youtube.com/watch?v=AgaC9QWuy4U>.
30
CAPítulo 2
Pressupostos constitutivos
Uma teoria política será mais completa quanto maior for a sua capacidade de ser avaliada 
por possibilidades de análise promovidas por ela na totalidade de seus pressupostos 
metodológicos, assim como as suas contribuições conceituais. 
As desigualdades na propriedade, na apropriação do produção social e no planejamento 
produtivo geram os movimentos sociais da atualidade, como resultado das contradições 
sociais. Apesar de universais, essas contradições são enfrentadas a partir do seu contexto 
social, gerando os movimentos que enfrentam e se relacionam às carências básicas de 
um povo. Sua maior preocupação, ou seja, seu foco, está na criação de uma democracia 
com dupla perspectiva institucional e da cultura democrática, melhor, das relações 
sociais, a qual depende da capacidade de articulação de um aspecto mais amplo de 
atores sociais e da reconstrução prática da cidadania. 
O processo sinaliza para a liberdade, a igualdade social e a autonomia, para 
independência de gestão, respeito à vida, a representatividade política alternativa pelo 
próprio movimento que são valores relacionados diretamente com a cidadania e com o 
exercício livre da cidadania. 
Se não há atuação profissional em organizações e associações da classe trabalhadora, 
geridas e criadas por esses profissionais, não haverá vínculos sólidos com os seus 
movimentos sociais autônomos, segundo Amamoto (2004), Demonstrando, assim, 
a necessidade da criação e do desenvolvimento da relação do Serviço Social com a 
população.
O conceito de cidadania induz diretamente a ideia de núcleo urbano, de comunidade 
politicamente organizada. Na Grécia, cidadãos são aqueles que compartilham de um 
mesmo sistema legal e a cidadania seria o conjunto desses cidadãos que exercem os seus 
direitos civis, políticos e sociais estabelecidos na constituição. O direito e dever de um 
cidadão andam ou devem andar sempre juntos. Exercer a cidadania é ter lucidez com 
relação aos seus direitos e deveres, lutar por eles em caso de ameaça ou possibilidade 
de impedimento do exercício da cidadania. 
Atribuem-se o surgimento da cidadania à Grécia Clássica, mas sabe-se que surgiu bem 
antes do aparecimento das aldeias, vilas ou cidades. O primeiro modelo de cidadania 
foi o grupo familiar composto de cinco a oito indivíduos de ambos os sexos, que deu 
início a agricultura, a domesticação de animais, que procuravam uma vida mais estável. 
31
CidAdAniA │ unidAdE ii
Assim, com a união de várias famílias, visando o mesmo objetivo, eram formadas as 
aldeias. A união de várias aldeias gerou e completou a comunidade, donde surgem as 
cidades. Então, foram formando vários tipos de cidadanias e a consolidada surgiu na 
Grécia, na idade do Bronze, que se fortaleceu na civilização Minoica. Logo após, surgiu 
a cidadania em Roma, que era governada por um rei, auxiliada e controlada por um 
senado e uma assembleia. Os romanos possuíam a cidadania Civitas. Mais tarde foi 
criada uma nova cidadania diferenciada, muito próxima do que se denomina hoje de 
cidadania multicultural. Foi em Roma que essa nova cidadania foi criada, a civitas sine 
suffragio, ou a cidadania de segunda classe. 
Na Idade Média surge a cidadania Teocrata, resultante da queda do império romano. 
A cidadania para todos tem início com a ascensão da burguesia e o fortalecimento do 
capitalismo.
A cidadania na Idade Moderna, subdividida em cidadania liberal, cidadania republicana 
e o cidadania comunitária, está totalmente interligada pois para um bom funcionamento 
da sociedade teremos que ter administradores públicos comprometidos com as regras 
a se seguir e proporcionar uma administração clara e para todos de que fazem parte da 
comunidade. Do mesmo jeito que um cidadão tem o compromisso com a cidadania.
Cidadania pode ser entendida como a totalidade de direitos e deveres a que o cidadão 
está relacionado na sociedade em que habita. O fundamento principal do conceito 
de cidadania está vinculado fortemente à noção de direitos, em geral, mas a ênfase 
está constituída pelos direito políticos. É ele que permite a intervenção pelo indivíduo 
nos negócios públicos do Estado, com participação pelo voto (direto) ou pelos cargos 
públicos (indireto) na constituição do governo e na administração pública.
Mas é importante ressaltar que, numa democracia, a definição de direito está diretamente 
ligada ao pressuposto da contrapartida, os deveres. Na coletividade são os deveres do 
cidadão que garantem o exercício de seus direitos.
teorias da cdidadania
A cidadania engloba uma série de fatores, entre eles as questões sociais e políticas; e 
vem evoluído com o passar do tempo, havendo uma profunda relação entre cidadania e 
classe social. A cidadania pode ser descrita como a participação em uma comunidade, 
como membro dela, na qual os menos favorecidos pelo sistema de classes acabam 
ficando de fora, não podendo participar de forma efetiva da comunidade e da cidadania.
No estado moderno, a cidadania é vista como a capacidade de exercer o poder político 
por meio do voto, o que leva a crer que todas as pessoas são iguais perante a lei, não 
32
unidAdE ii │ CidAdAniA
sendo, no entanto, nenhuma pessoa ou grupo legalmente privilegiado. Contudo, na 
prática o que se observa é que os menos favorecidos ficam as margens da prática da 
cidadania. Na visão de Marx, a cidadania plena somente poderá ser alcançada se ocorrer 
uma revolução social em que a base da classe social dominante seja destruída.
Para Aristóteles, cidadania era o status (posição) em que os únicos privilegiados que 
exerciam cidadania plena eram os grupos dirigentes da cidade-estado (participavam 
nas deliberações e exercício do poder). Já no estado democrático moderno, a base da 
cidadania consiste na capacidade de participar no exercício do poder político por meio 
do processo eleitoral (a cidadania se estende a todos).
direitos da cidadania
Para Marshall, não existe um princípio universal que estabeleça direitos e deveres 
inalienáveis da cidadania, mas sim elementos distintos como o direito civil, político e 
social que associados possibilitam o pleno exercício da cidadania, sendo que a cidadania 
consiste na conquista dessesdireitos. O direito civil consiste na liberdade individual 
assegurada pela lei, sendo representada pelo poder judiciário. O direito político está no 
direito à participação no processo eleitoral. E o elemento social da cidadania representa 
o poder de viver em sociedade e ter os seus direitos assegurados.
No entanto, esses “direitos” do cidadão só foram reconhecidos no Século XX. Outros 
direitos intrinsicamente ligados à Cidadania surgiram no final do século passado e 
agora no início do século XXI. São exemplos desses direitos:
 » do consumidor;
 » do idoso;
 » dos adolescentes;
 » das crianças;
 » dos deficientes;
 » dos homoxessuais;
 » das minorias étnicas;
 » dos animais;
 » da natureza. 
33
CidAdAniA │ unidAdE ii
Há ainda outra forma de estudar os direitos que esclarece a forma correta de distinguir 
a prática diária da cidadania da letra da lei. São os tipos de cidadania, a formal e a real.
desenvolvimento da cidadania
Marshall atesta que, até o fim da sociedade feudal, os elementos formadores da cidadania 
(direitos civis, políticos e sociais) se encontravam interdependentes entre si, mas 
com o fim desta forma de estado e com os avanços das trocas de mercado foi possível 
separar esses elementos da cidadania. A partir de então, cada um tomou o seu caminho 
e a velocidade de avanços própriosocorreu a criação das leis que foram constituídas 
legalmente, as quais deveriam reger a convivência em sociedade e legitimar as ações 
das autoridades publicas. 
Portanto, tal poder ser ostentado como legítimo e estar publicamente reconhecido; 
contudo, o que se observa é que a imposição dos direitos é muito mais significativa para 
os que não detém poder social e político do que para os poderosos. Isso evidência que, 
embora os direitos de cidadania possam ser exercidos por todos os que o possuem, eles 
tendem a servir de forma diferente a membros de classes diferentes.
Atrelados a estes questionamentos, surge à possibilidade da união de forças em prol 
de benefícios em comum, passando assim os elementos da cidadania a serem mais 
evidentes e possuir maior clareza com o advento dos direitos industriais, os quais davam 
condições de reivindicações às classes menos favorecidas, na busca pelos seus direitos, 
tendo o sindicalismo efetuado o movimento inicial na busca de uma diminuição nas 
barreiras das desigualdades sociais.
Para Marshall, o conflito é algo necessário para o estabelecimento da cidadania, sendo 
necessário que a classe oprimida se una e lute contra seus opressores na busca de seus 
direitos; tanto que as maiorias dos grupos anteriormente excluídos de seu âmbito de 
convivência tiveram que lutar contra a resistência dos que tinham se oposto a sua 
expansão. Contudo, para que de fato ocorra a expansão da cidadania, é necessário que 
ocorra a participação do estado, tendo em vista que, para se empreender a guerra, o 
estado precisa de sua população e com a ajuda desta população envolvida na guerra 
o estado consegue promover mudanças sociais por meio da mobilização das massas; 
dando origem ao surgimento da responsabilidade coletiva e compartilhada.
Por fim, o processo de expansão ou alargamento da cidadania está diretamente ligada ao 
desenvolvimento capitalista, o que proporciona novas oportunidades não só das classes 
mais baixas, mas também das classes dominantes, tendo cada uma a ampliação de sua 
cidadania por meio de lutas próprias e o que consequentemente veio a disseminar de 
34
unidAdE ii │ CidAdAniA
forma mas ampla as liberdades e direitos individuais e coletivos, que nada mais é que 
o exercício da cidadania.
<https://www.youtube.com/watch?v=z6bLJKb1Fh0>
Como dissemos anteriormente, o conceito de cidadania foi construído na Grécia 
Clássica, usado para designar os direitos relativos ao cidadão, isto é, o indivíduo que 
vivia na cidade e participava ativamente dos negócios e das decisões políticas. Nesta 
época cidadania era conceituada com sendo todas as implicações decorrentes de uma 
vida em sociedade.
No decorrer da história global, o conceito de cidadania foi ampliado, considerando todo 
um conjunto de valores sociais que determinam o total de deveres e direitos de uma 
pessoa.
Na atualidade cidadania representa um conjunto de direitos que faculta à pessoa a 
possibilidade de participar ativamente de relações da vida e do governo de seu povo. 
Quem não é possuidor da cidadania está a margem ou excluído da vida social e tomada 
de decisões, fi cando numa posição de inferioridade dentro da sociedade em que vive.
Com a ampliação das atividades que determinam o pleno exercício da cidadania e como 
ser cidadão representa direitos e deveres na sociedade em que se vive, assim a saúde 
pública é uma das formas de manifestação da cidadania e, para verifi car a situação da 
cidadania no Estado brasileiro, foi necessário delimitar o tema à saúde pública, o que 
foi feito na Unidade I.
É de muita relevância para os dias contemporâneos saber o que está sendo oferecido 
para o cidadão, no âmbito da saúde pública, porque salutar cidadania da pessoa 
infl uência em todo o decorrer da vida, o que pode determinar o quanto e como uma 
pessoa pode viver.
O escopo da análise do exercício da cidadania na saúde pública busca verifi car as políticas 
apresentadas pelos órgãos responsáveis pela gestão da saúde pública, colocando à prova 
se o direito a saúde positivado nas normas brasileiras está sendo consolidado, isto é, 
usufruído pelos cidadãos.
Assim sendo, os pontos analisados na política de prestação do serviço serão: a 
distribuição de remédios gratuitos pela rede pública, imunização a doenças, tratamento 
a usuários com doenças crônicas, a assistência a gestantes e a falta de médicos e outros 
profi ssionais da saúde. Na Grécia Antiga, a Cidadania era compreendida apenas por 
35
CIDADANIA │ UNIDADE II
direitos políticos. Esses direitos eram exercidos por homens livres, ou seja, por homens 
que não precisavam preocupar-se com trabalho para a própria sobrevivência, uma vez 
que era exigida dedicação integral para com os negócios públicos. Por isso, o número de 
cidadãos era pequeno, pois eram excluídos da cidadania mulheres, homens ocupados, 
escravos e estrangeiros.
No final da Idade Moderna, a nobreza e o clero continuaram a ter certos privilégios sobre 
o povo. Pensadores da época, como Voltaire, que marcaram a história da cidadania, 
começaram a defender um governo democrático, com o fim do privilégio das classes, 
maior participação popular, liberdade e igualdade e a partição de poder.
A cidadania desde o início esteve e continua em permanente construção; é um 
referencial da conquista humana, por meio dos indivíduos que buscam mais igualdade, 
direitos, melhores garantias coletivas e individuais. Esta não discrimina um indivíduo 
pela sua raça, religião, gênero ou idade, pois é estendida a todos os pertencentes de 
uma sociedade. Porém, apenas nascer em determinado local não significa ser um 
cidadão. Tem-se como característica da cidadania o acesso aos bens ali produzidos, o 
reconhecimento e a execução dos direitos e deveres como um ser social. Portanto, só é 
considerado cidadão o indivíduo que participa dos acontecimentos de seu determinado 
local.
Mesmo com as grandes conquistas de direitos, há no Brasil muito que ser feito no 
quesito cidadania. Apesar da conquista dos direito políticos, civis e sociais, não é 
possível esconder as dificuldades que milhões de brasileiros passam diariamente com a 
miséria, violência, desemprego e analfabetismo.
Podemos, portanto, dizer que a cidadania está em constante evolução. Ela irá mudar de 
acordo com a sociedade, época e Estado.
36
CAPítulo 3
Cidadania em saúde
Cidadania em saúde é uma parte importante e especial constante da cidadania em geral. 
Pressupõe que cada pessoa, qualquer que seja o papel e a posição que tenham na sua 
cidade, assume ativamente as normas determinadas de convivência, do pertencimento, 
do envolvimento, do dar e do oferecer, na sua interlocução com os demais, na realidadeem que se manifesta.
No que se refere à cidadania em saúde, são consideradas características comuns e 
específicas, consoantes com os papéis que cada pessoa representa, num dado momento: 
político, profissional de saúde, gestor de serviços de saúde, fornecedor de bens e serviços 
aos sistema de saúde, cliente de serviços de saúde etc. Porém, existe para todos um 
conjunto de direitos e deveres essenciais.
a. Direito ao reconhecimento enquanto pessoa humana integral com 
características e especificidades próprias e o dever de reconhecê-los 
reciprocamente nos outros.
b. Direito ao respeito na sua individualidade e dignidade e o dever de 
respeitá-los em si próprio e nos outros.
c. Direito à obtenção de respostas adequadas dos serviços de saúde e o dever 
de contribuir na prestação desse direito na cobrança de tais respostas 
dadas a si e aos outros.
d. Direito a receber cuidados com rigor profissional e o dever recíproco em 
relação a si próprio e aos outros naquilo que puder efetivamente alcançar. 
e. Direito a exigir a responsabilidade, por parte dos serviços e dos 
profissionais de saúde e o dever, de se responsabilizar por si e pelos outros 
nas situações que estiverem na sua mão influenciar e controlar.
O desafio essencial é o de criar uma dinâmica em desenvolvimento contínuo que vise 
à evolução de uma situação em que predomina a pouca informação, a passividade e a 
dependência dos saberes e das ações de outrem para as inter-relações de produção e 
partilha, constante de informação e de conhecimento, de proatividade, de autocontrole 
e da máxima autonomia possível no que se respeita à saúde individual e coletiva a 
que corresponde também uma parte de responsabilidade de cada um pela saúde e, 
por extensão, pelo estado de saúde da comunidade, assumindo assim uma atitude de 
cidadania em saúde.
37
CIDADANIA │ UNIDADE II
O Sistema Único de Saúde – SUS, no seu comprometimento com o princípio da 
integralidade na atenção à saúde do povo brasileiro, promove reflexões sobre as questões 
relacionadas com o direito à saúde, as conceituações, as concepções e os interconectores 
com a regulação e outras capacidades de gestão da saúde pública no Brasil. A ênfase está 
na regulação do acesso, no sentido da ação imediata na regulamentação das relações 
que envolvem a gestão do SUS, a rede prestadora de serviços e o cuidado oferecido aos 
beneficiários desses serviços. 
A integralidade é um princípio e uma diretriz importantes na organização do SUS, 
de acordo com a orientação dada pela Constituição Federal de 1988. A Constituição 
Federal, quando apresenta as diretrizes do sistema nacional de saúde, determina a 
compreensão da integralidade a ser utilizada no atendimento integral e, desta forma 
a CF define a competência no sentido de regulamentar, fiscalizar e controlar, devendo 
sua execução ser efetuada diretamente ou indiretamente ou ainda por pessoa física ou 
jurídica de direito privado. 
As ações determinadas segundo estes conceitos importam em reconhecer que a obtenção 
do cuidado em saúde possui a complexidade de um grande desafio para a gestão da saúde 
pública no Brasil, pois há diferenças entre pessoas e em relação à aplicabilidade prática 
de seus serviços. O acesso é conceituado como sendo um conjunto de especificidades 
que caracterizam a relação entre os beneficiários dos serviços e o sistema de saúde, 
compreendendo que essas dimensões estão vinculadas: à disponibilidade dos serviços, 
à acessibilidade, à acomodação aos mesmos serviços, às formas diferenciadas de 
organização e apropriação dos serviços pelos beneficiários, à capacidade de aquisição 
e sua aceitabilidade social. Aqui o acesso pode ser compreendido como o nível de 
facilidade com que os cidadãos obtêm cuidados de saúde. Refere-se ao ingresso das 
pessoas nos serviços de saúde e ao recebimento de cuidados subsequentes. Por cuidado, 
há várias compreensões: 
1. umas que se limitam às competências técnicas para o bom êxito de um 
planejamento terapêutico, como curar, tratar, controlar, recuperar a que 
denominam assistência; 
2. outras que ampliam esse significado, ultrapassando o conceito de 
construção do objeto e interferir nele, não devemos nos restringir 
à existência de pequena tarefa das práticas de saúde, devemos sim 
construir projetos que determinem o corpo e a mente, o homem com uma 
compreensão ampla, maior, o projeto que torne o cidadão feliz, felicidade 
que envolve a ação assistencial. 
38
unidAdE ii │ CidAdAniA
A partir da compreensão e do reconhecimento da importância da regulamentação 
do sistema público de saúde, a preocupação com a forma como o Estado lidava com 
a questão foi aprofundada, isso nas últimas décadas, efetuando reflexões sobre a 
regulação, junto com os processos de reforma do Estado e das privatizações de serviços 
que até então eram da alçada do Governo, com foco nos serviços de utilidade pública. 
Com essas reformas, a regulação governamental adquiriu uma maior importância 
enquanto centralização de intervenção do Estado no mercado e em diversos outros 
domínios. Assim, a regulação se torna instrumento de políticas públicas, traduzindo-se 
nas mudanças institucionais.
Dessa premissa, vale ressaltar a mudança no processo de regulação da saúde, cuja 
direção fica vinculada à construção do Estado-nação, que no Brasil tem início na década 
de 1930, momento em que se instauram as principais instituições que constituíram o 
moderno Estado brasileiro.
Com isso, a CF determina que a fiscalização e a regulação das atividades de saúde sejam 
efetivas e objetivas em relação aos serviços de assistência à saúde no Brasil. No entanto, 
a CF não estabelece que os serviços e as ações de saúde sejam uma reserva de direito 
público. Porém, no âmbito mais geral do marco regulatório do SUS, está claro que 
compete ao Estado uma posição intransferível e indelegável de regulador dos serviços 
de saúde no Brasil. 
O sistema dual do Brasil existe na medida em que o sistema público nacional se relaciona 
com o sistema de saúde. Portanto, paralelamente ao processo de implementação do 
SUS ocorreu o estabelecimento da política regulatória voltada para o segmento privado 
da saúde, com definições e um redirecionamento das atribuições públicas, passando a 
enfatizar políticas voltadas para o mercado, que se expandia e se consolidava como o 
sistema privado, ou supletivo, de assistência à saúde. 
Apesar de a CF ter sido promulgada em 1988, apenas a partir de 1996 foi estabelecida 
uma política regulatória para o segmento privado da assistência no Brasil, efetuada de 
forma desestruturada e oposta à regulação do sistema estatal. Essa regulação possui as 
características da regulação de atividades de mercado, na perspectiva econômica que 
foca na regulação enquanto maneira de viabilizar a intervenção do Estado na economia, 
objetivando garantir os direitos dos consumidores privados, em função do interesse 
público comprometido com a produção de serviços de saúde. 
A municipalização da saúde brasileira, iniciada a em 1993, com a NOB/SUS no 93, 
aumentada pela NOB/SUS no 96, abriu-se, porém, novas perspectivas, embora houvesse 
contrapontos com os dispositivos constitucionais. Foi preciso, em 1993, a extinção dos 
INAMPS para viabilização da implementação das diretrizes e dos princípios do SUS.
39
CIDADANIA │ UNIDADE II
Em consequência, foi instituído o Sistema Nacional de Auditoria – SNA, como 
Departamento de Controle, Avaliação e Auditoria do SUS, cuja atribuição é 
proceder à avaliação técnico-científica, contábil, financeira e patrimonial do SUS, 
realizada de forma descentralizada, com a função de controlar a execução dos 
serviços, para verificação da sua compatibilidade com os padrões determinados; 
para a identificação de situações de risco técnico e administrativo; para avaliar a 
estrutura, os processos e os resultados conquistados, aferição de sua conformação 
com os critérios e parâmetros determinantes de eficiência, eficácia e efetividade; 
para auditoria da normalidadedos procedimentos efetuados por pessoas físicas e 
jurídicas. 
Para que o sistema de controle, avaliação e auditoria efetue o seu importante papel de 
verificar as ilegalidades e irregularidades que eram abusivamente cometidas por pelos 
prestadores da iniciativa privada vinculados ao SUS, demonstrando e confirmando a 
importância de proceder ao impedimento do prestador de serviços de transgredir do 
que induzir processos que garantissem o acesso e a qualidade do atendimento fornecido 
à população usuária do SUS. 
O SUS recebeu por herança um conjunto de prestadores de serviços de saúde 
representativo de um desafio para a assistência integral. O grande número de centros 
e postos de saúde no país sofreram com as restrições orçamentárias, as soluções de 
continuidade, me função da sua colocação em segundo plano, sem priorização da 
contratação de recursos humanos, prejudicando a rede hospitalar. Sequer identifica-se 
um sistema de financiamento que viabilize as iniciativas municipais que não estivessem 
ligadas ao atendimento e aos procedimentos médicos individuais para a assistência 
clínica. 
A efetivação da política pública de saúde depende de uma eficiente rede prestadora 
de serviços, o que é inexistente, e que se expanda ao longo do tempo atendendo 
às necessidades da população. O conjunto de prestadoras privadas de maior 
complexidade também vem sendo implementada, priorizando lucros, atuando no 
vácuo mais complexos e mais rentáveis deixados pelo setor público. A forte penetração 
dos interesses desses prestadores privados nas instituições governamentais do SUS 
determinou a proteção desses interesses, além de não ter desenvolvido uma ação 
reguladora que permitisse a que o interesse público fosse priorizado na compra de 
serviços. Este legado gerou, na atualidade, a necessidade de regulação governamental 
para publicitar a rede privada, fazendo valer o interesse público em função de garantir 
o acesso universal.
40
unidAdE ii │ CidAdAniA
Assista aos vídeos sugeridos. Façam suas refl exões e registrem suas inferências em 
um texto dissertativo. <https://www.youtube.com/watch?v=ySF_m9K0Ojg>.
<https://www.youtube.com/watch?v=nWpxHp4Mc2Y>.
Alguns textos para ajudar na sua refl exão.
<http : / /w w w.fdv.br/s i sb ib/ index .php/di re i tos e g arant ias /ar t ic le /
viewFile/37/35>.
<http://www.cartacapital.com.br/saude/saude-cidadania-e-democracia-4606.
html>.
<http://pensesus.fi ocruz.br/cidadania-para-sa%C3%BAde-cebes-publica-nova-
cole%C3%A7%C3%A3o-de-livros-digitais-e-videoaulas>.
41
unidAdE iiiHuMAnizAção
CAPítulo 1
na prestação do serviço de saúde e na 
assistência hospitalar
Com o advento da industrialização, as máquinas estão cada vez mais presentes nas 
instituições hospitalares representando alta tecnologia e cuidados que envolvem o 
processo de saúde e adoecimento, pois ele busca promover, manter ou recuperar a 
dignidade e a totalidade humana. A enfermagem foi a primeira a profissionalizar o 
cuidado, em se tratando do atendimento humanizado, no sentido de criar procedimentos 
que facilitem o atendimento de pessoas fragilizadas para que estas sigam sua trajetória 
de recuperação positivamente. 
Para viabilização desse cuidado humanizado é necessário manter um olhar atento para 
si e para o outro, no sentido de possibilitar que o contato consigo mesmo colabore 
positivamente no cuidado de cada ser. Identifica-se, então,o encontro entre cuidador e 
o cuidado, com a intencionalidade de manter o foco na construção de uma empatia que 
promoverá as ações positivas para a relação cuidador/cuidado. Desenvolver o conceito 
de fundamentar suas ações a partir de considerações éticas para o cuidado o que nos 
leva aos quatro princípios ou valores: 
1. autonomia; 
2. beneficência; 
3. não maleficência; 
4. justiça. 
A ética contribui no processo de humanização hospitalar, fundamentando-se 
racionalmente na condição de resgatar a dignidade humana no que se refere ao cuidado 
hospitalar, medida que nos aproximamos das relações do paciente para identificar as 
suas dimensões. Esbarramo-nos com o sentido de que, se existe um ser precisando 
42
unidAdE iii │ HuMAnizAção
de cuidados, terá que existir também alguém com disposição para o cuidado. 
Compreendendo o significado da vivência de cuidador e o favorecido pelo cuidado, é 
necessário ouvir aqueles que experimentam tal relação.
O Ministério da Saúde programou a publicação de um manual beneficiando e 
contribuindo para a humanização da assistência hospitalar, oferecendo orientações 
aos gestores, profissionais de saúde e usuários do SUS. Segundo Barjas Negris, a 
Política Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar – PNHAH nasceu de 
uma iniciativa estratégica do Ministério da Saúde, em meados de 2000, com o objetivo 
de buscar iniciativas capazes de favorecer a melhora do contato humano do usuário 
com o profissional de saúde, entre estes, o hospital e a sociedade, de forma a fornecer 
garantias para o bom funcionamento do Sistema Único de Saúde – SUS. São princípios 
básicos do PNHAH o respeito à especificidade dos hospitais e a íntima cooperação 
entre os inúmeros agentes que formam o SUS – o Ministério da Saúde, as Secretarias 
Estaduais e Municipais de Saúde e as instituições hospitalares –, importante também 
é a integração dos vários programas, que possuem a humanização como foco em suas 
ações.
Nas inúmeras áreas de atendimento hospitalar encontramos uma orientação global 
para os projetos de caráter humanizado, cuja principal função é estimular a criação 
e a sustentação permanente de redes de comunicação entre os diversos setores da 
instituição de saúde. Há espaços em que a norma de atuação está na expressão 
independente, na educação permanente, no diálogo, no respeito às opiniões divergentes 
e na solidariedade.
Aconstituição do grupo de profissionais voltados para a humanização nos hospitais, a 
Rede Nacional de Humanização, as inter-relações entre as instituições de saúde, são 
fundamentais na comunicação e motivadas pelo PNHAH, como se pode verificar a 
partir alguns objetivos:
 » Geral: viabilizar, divulgar e consolidar a criação de uma postura 
humanitária democrática, cuja solidariedade e crítica se firmem como 
regra na rede hospitalar credenciada pelo SUS.
 » Específicos: aprimorar a qualidade e a eficiência da atenção fornecida 
aos usuários da rede hospitalar credenciada ao SUS.
 » Modernizar: as relações de trabalho nos hospitais públicos, revitalizando 
a imagem pública dessas instituições públicas junto à sociedade.
43
HuMAnizAção │ unidAdE iii
 » Capacitar: os profissionais dos hospitais públicos no sentindo de 
valorizar um novo paradigma no que se refere à atenção e à saúde, 
valorizando as crenças e o estilo de vida dos pacientes, aqui incluímos 
a cidadania, apesar da valorização da integralidade dos processos de 
atendimento. 
 » Estimular: a criação de parcerias e troca de conhecimentos, experiências 
e pesquisas em humanização da assistência hospitalar. Fortalecendo 
as iniciativas de humanização apresentadas ou já existentes na rede 
hospitalar do Estado. 
 » Conceber: projetos de humanização que implantados beneficiem 
administradores, profissionais de saúde e usuários do sistema de saúde.
 » Desenvolver: sistema de motivação para o fornecimento de serviço de 
saúde humanizado, desenvolvimento parâmetros de acompanhamento 
de resultados.
A partir dessa postura humanizadora, o PNHAH sinaliza para diferentes parâmetros 
para a humanização da assistência hospitalar, o que se constata em três grandes áreas:
 » Acolhimento e atendimento dos usuários.
 » Trabalho dos profissionais.
 » Lógicas de gestão e gerência.
A implantação de uma cultura de humanização requer investimentos também 
humanitários para sua instalação; requer a participação de todos os envolvidos 
no sistema, tendo sua aferição difícil, senão impossível, de ser contabilizada. O 
desenvolvimento e a assistência à saúde dos municípios brasileiros possuem condições 
completamente

Continue navegando