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Marketing Corporativo e Endomarketing Marketing Corporativo e Endomarketing Paula Maines da Silva Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização da Editora da ULBRA. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº .610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal. Paula Maines da Silva é mestranda em Administração pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos (2009), especialista em Marketing pela Universidade Luterana do Brasil – ULBRA (2005) e bacharel em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS (2000). Atualmente, é coordenadora dos Cursos de Secretariado Executivo Trilingue e Tecnológico em Processos Gerenciais; professora dos cursos tecnológicos em gestão da ULBRA. Conselho Editorial EAD Dóris Cristina Gedrat (coordenadora) Mara Lúcia Machado José Édil de Lima Alves Astomiro Romais Andrea Eick ISBN 978-85-7528-289-2 Dados técnicos do livro Fontes: Minion Pro, Officina Sans Papel: offset 90g (miolo) e supremo 240g (capa) Medidas: 15x22cm Projeto Gráfico: Humberto G. Schwert Editoração: Rodrigo S. de Abreu Impressão: Gráfica da ULBRA Junho/2010 Setor de Processamento Técnico da Biblioteca Martinho Lutero - ULBRA/Canoas Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S586m Silva, Paula Maines da Marketing corporativo e endomarketing / Paula Maines da Silva. – Canoas : Ed. ULBRA, 2010. 112 p. 1. Marketing Corporativo. 2. Endomarketing. I. Título. CDU 658.8 Sumário Apresentação .............................................................. 7 1 | Introdução ao marketing corporativo .............................. 9 2 | Ambientes mercadológicos .......................................... 19 3 | Sistema de marketing ................................................. 33 4 | O processo estratégico de marketing ............................ 49 5 | Endomarketing .......................................................... 57 6 | Implantação e gerenciamento do endomarketing ............ 67 7 | Comunicação interna ................................................. 87 8 | Plano de endomarketing ............................................. 91 9 | Verdades e mentiras do endomarketing ........................101 10 | Endomarketing um a um ............................................107 Referências .............................................................111 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao estudo da disciplina de Marketing Corporativo e Endomarketing! Esta disciplina está dividida em duas partes, onde inicialmente serão apresentados os conceitos essenciais do marketing, buscando a compreensão das diversas variáveis que compõem o marketing corporativo. Busca o desenvolvimento da capacidade crítica na análise das principais funções e atividades do setor e a sua importância para o alcance da efetividade administrativa em um ambiente globalizado. A segunda parte engloba os conceitos centrais de endomarketing, o processo de implantação do endomarketing nas organizações e o papel da comunicação interna neste processo. Em termos de competências, pretende-se que os alunos possam, ao final, demonstrar os diferentes cenários onde está inserido o marketing corporativo e endomarketing, desenvolvendo a capacidade de análise crítica das diversas áreas que compõem o setor, incentivando a crítica, a análise, bem como demonstrando a sua importância para atingir eficiência e eficácia no mercado de atuação. 8 Apresentação Também se procura aqui desenvolver a percepção e a capacidade crítica frente às variáveis, funções (essenciais e operacionais), ferramentas e contextos da realidade do marketing corporativo e endomarkeitng e de suas potencialidades, bem como conhecer a necessidade do seu público-alvo. 1 Introdução ao marketing corporativo Apresentação Este capítulo tem como objetivo apresentar o histórico, as características e os conceitos básicos que compreendem o estudo do marketing corporativo. Desta forma, espera-se que o aluno, ao terminar este capítulo, possa compreender qual o papel do marketing nas organizações e sua relação com o mercado e consumidores. Estima-se que para a conclusão deste estudo sejam necessárias quatro horas, incluindo os exercícios propostos e as tarefas a serem enviadas ao tutor em datas a serem divulgadas na plataforma. 1.1 Histórico do marketing Quando falamos em marketing, podemos achar que este assunto fica restrito aos estudiosos da área de administração, mas ele está presente no nosso dia a dia, pois todos nós consumimos produtos ou serviços. E de alguma forma as empresas conseguem despertar nosso interesse para compra de determinados produtos/serviços, seja através de um outdoor que vemos na rua que utilizamos para ir ao trabalho, por uma propaganda chamativa durante o intervalo da novela, ou simplesmente por um produto com uma embalagem diferenciada que nos chama a atenção durante a ida ao supermercado com a família no fim de semana. 10 Introdução ao marketing corporativo Mas você deve estar se perguntando: quando o marketing surgiu em nossas vidas? Para responder a esta pergunta temos que lembrar um pouco de História, que começa na Revolução Industrial, chamada a Era da Produção, passando depois pela Era de Vendas (1930) até chegar à Era do Marketing (1950). Era da Produção – É marcada pela demanda maior que a oferta. Las Casas (2005, p. 21) afirma que neste período os consumidores estavam ávidos por produtos e serviços. A produção era quase artesanal. Com a Revolução Industrial apareceram as primeiras indústrias organizadas, aplicando a administração científica de Taylor. A produtividade aumentou. Assim mesmo, a ideia dos empresários e a disponibilidade de recursos eram fatores determinantes na comercialização. Era de Vendas – É marcada pelo surgimento dos primeiros sinais de excesso de oferta. Las Casas (2005, p. 21) comenta que os fabricantes desenvolveram-se e produziram em série. Portanto, a oferta passou a superar a demanda, e os produtos acumulavam-se em estoques. Algumas empresas começaram a utilizar técnicas de vendas bem mais agressivas e a ênfase na comercialização das empresas dessa época era totalmente dirigida às vendas. Era do Marketing – É marcada pela percepção do empresariado de que a venda a qualquer custo já não era uma forma eficaz de comercialização. Las Casas (2005, p. 21) afirma que o mais importante eram a conquista e a manutenção de negócios a longo prazo, mantendo relações permanentes com a clientela. Por isso, nessa época, passou a existir uma valorização maior do consumidor. Todos os produtos deveriam ser vendidos a partir da constatação dos seus desejos e necessidades. 11Introdução ao marketing corporativo A. A comercialização voltada para a produção e vendas começa com a ideia e o desenvolvimento de produtos, além da contratação e do treinamento de recursos humanos da organização. B. A comercialização voltada para o consumidor começa com a constatação dos seus desejos e necessidades e somente após o desenvolvimento de produtos e recursos humanos para a venda. Empresa Consumidor Consumidor Empresa Figura 1 – Diferentes enfoques na comercialização. Fonte: Las Casas, 2005, p. 23. O que percebemos desta evolução na figura 1 é que no início as empresas desenvolviam produtos sem verificar a necessidade e o interesse do seu consumidor, e, hoje, as empresas modernas estão orientadas para o mercado, ou seja, a partir das necessidades e desejos dos consumidores é que os produtos são desenvolvidos. Reflexão A partir do estudo do surgimento do marketing, proponho a você analisar se a suaempresa está orientada para o mercado. E não se esqueça de levantar os fatores que respaldam a sua resposta. 1.2 Conceitos centrais de marketing A tradução de marketing significa mercado, porém marketing, além de mercado, está ligado a conceitos de troca, satisfação, valor, necessidades e desejos. Kotler e Keller (2006, p. 4) afirmam que o marketing é um processo social e 12 Introdução ao marketing corporativo gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com o outro. Já Minadeo (2008, p. 9) incorpora no conceito de marketing o papel de conquistar e manter clientes: Marketing pode ser entendido como uma orientação da administração baseada em que a tarefa primordial da organização é determinar as necessidades, os desejos e os valores de um mercado visado, e adaptar-se para promover a satisfação do consumidor de forma mais eficaz que os seus concorrentes. Em outras palavras, o papel do marketing é conquistar e manter clientes. Um desejo de um consumidor unido ao poder de compra pode ser definido como demanda potencial. A estratégia das empresas está em entregar produtos, com sua distribuição, através de promoções e preços acessíveis para os clientes, visando atrair e reter clientes. Reichelt (2009, p. 19) diz que a responsabilidade das empresas é fazer com que o produto de uma dada empresa esteja disponível no lugar certo, no tempo certo e a um preço considerado aceitável pelo comprador. Desta forma, focando no cliente é que as empresas acabam tendo um diferencial perante seus concorrentes e conseguindo se manter estáveis no mercado tão competitivo. Mercado Quando falamos em mercado, qual é a primeira imagem que vem à sua cabeça? Por acaso você não se lembra dos mercados públicos das grandes cidades? Pois é, estes mercados são locais físicos onde compradores e vendedores se reúnem para comprar e vender seus produtos. Mas no ponto de vista do marketing mercado abrange vários grupos de clientes. Kotler e Keller (2006, p. 9) apresentam os principais mercados de clientes: Mercado consumidor – Empresas que comercializam produtos e serviços de consumo em massa. Grande parte da solidez de uma marca depende do desenvolvimento de um produto superior, com uma embalagem adequada, 13Introdução ao marketing corporativo disponível nos locais adequados e sustentada por propaganda contínua e serviço confiável. Mercado organizacional – Empresas que vendem bens e serviços para outras empresas deparam-se com profissionais bem treinados e bem informados, que possuem técnicas para avaliar ofertas de vários concorrentes. Compradores organizacionais compram bens que permitem fabricar um produto ou podem ser revendidos para terceiros com lucro. As empresas que vendem esses bens devem demonstrar como eles ajudarão seus clientes a atingir receitas maiores ou custos menores. A propaganda desempenha um papel importante, mas um papel mais forte é desempenhado pela força de vendas, pelo preço e pela reputação da empresa no que se refere à confiabilidade e à qualidade. Mercado global – Empresas que vendem seus produtos e serviços no mercado global enfrentam decisões e desafios adicionais. Elas têm de decidir em que países entrar, como entrar em cada país, como adaptar as características de seus produtos e serviços a cada um deles, como determinar preços para seus produtos em países diferentes e como adaptar suas comunicações a diferentes culturas. Essas decisões devem ser tomadas em face de diferentes exigências em relação à compra, negociação, propriedade e formas de uso dos bens, de diferentes culturas, línguas e sistemas jurídicos e políticos e de moedas cujo valor pode flutuar. Mercados sem fins lucrativos (terceiro setor e governamental) – Empresas que vendem seus produtos a organizações sem fins lucrativos, como igrejas, universidades, instituições de caridade ou órgãos públicos, e precisam determinar seus preços com cautela, pois essas organizações têm poder de compra limitada. Preços mais baixos afetam as características e a qualidade dos bens e serviços que o fornecedor pode incluir em sua oferta. Muitas compras do governo exigem licitação, e, na ausência de fatores que justifiquem um preço mais elevado, é favorecida a proposta que apresenta o menor preço. Troca e transações Antigamente, as pessoas utilizavam o sistema de escambo, ou seja, produtos eram trocados por algo em contrapartida. Hoje em dia, a economia continua sendo baseada na troca, mas em vez de apenas trocarem produtos 14 Introdução ao marketing corporativo na contrapartida da aquisição de um item, ocorre o pagamento com dinheiro. Kotler e Keller (2006, p. 5) apresentam as cinco condições essenciais para que a troca possa existir: 1. Que existam pelo menos duas partes; 2. Que todas as partes possuam algo que possa ter valor para as outras partes; 3. Que todas as partes tenham capacidade de comunicação e de entrega; 4. Que todas as partes estejam livres para aceitar ou recusar a oferta de troca; 5. Que todas as partes acreditem ser adequado participar da negociação. Já a transação, segundo Rocha (2005, p. 10), é quando um acordo é efetuado. A transação é uma troca de valor entre duas ou mais partes. Satisfação e valor Quando falamos valor em marketing não estamos nos referindo apenas ao valor monetário de algum produto ou serviço, mas aos benefícios que são percebidos pelo cliente. Kotler e Keller (2006, p. 140) dizem que o valor percebido pelo cliente (VPC) é: a diferença entre a avaliação que o cliente potencial faz de todos os benefícios relativos a um produto ou serviço e as alternativas percebidas. Já o valor total para o cliente é o valor monetário de um conjunto de benefícios econômicos, funcionais e psicológicos que os clientes esperam de determinado produto ou serviço. Por fim, o custo total do cliente é o conjunto em que os consumidores esperam incorrer para avaliar, obter, utilizar e descartar um produto ou serviço, incluindo os custos monetários, de tempo, de energia física e psíquicos. 15Introdução ao marketing corporativo Valor entregue para o cliente Valor total para o cliente Valor do produto Valor dos serviços Valor do pessoal Custo total para o cliente Custo monetário Custo de tempo Custo de energia física Valor da imagem Custo psíquico Na figura 2 verificaremos um esquema que representa bem este conceito dos autores sobre o valor total entregue para o cliente a partir do valor total e do custo total para o cliente. Figura 2 – Determinantes do valor entregue ao cliente. Fonte: Kotler e Keller, 2006, p. 140. A satisfação é o resultado que o cliente terá da aquisição do produto ou serviço. Kotler e Keller (2006, p. 142) definem satisfação como sendo a sensação de prazer ou desapontamento resultante da comparação entre o desempenho (ou resultado) percebido de um produto e as expectativas do comprador. Se o desempenho não alcançar as expectativas, o cliente ficará insatisfeito. Se alcançá- las, ele ficará satisfeito. Se o desempenho for além das expectativas, o cliente ficará altamente satisfeito ou encantado. Necessidades e desejos O ser humano tem necessidades e desejos que diferem de uma pessoa para outra. Rocha (2005, p. 9) conceitua necessidade como o estado de privação de alguma satisfação básica, ou seja, as pessoas têm necessidades biológicas que não são criadas pelas empresas, e sim pela sua própria condição humana, como a necessidade de comer e beber. Já os desejos são carências por 16 Introdução ao marketing corporativo 5 Necessidades de autorrealização (desenvolvimento e realizações pessoais) 4 Necessidades de estima (autoestima, reconhecimento, status) 3 Necessidades sociais (sensação de pertencer, amor) 2 Necessidades de segurança (segurança, proteção) 1 Necessidades fisiológicas (comida, abrigo, água) satisfações específicas para atender à necessidade. Uma pessoa tem sede, que é uma necessidade humana,só que em vez de ela tomar água, ela tem desejo de tomar uma Coca-Cola. Rocha (2005, p. 9) diz que os desejos humanos são continuamente moldados e remodelados por forças e instituições sociais, incluindo igreja, escola, família e empresas. E o desafio dos profissionais é justamente se aprofundar no estudo das necessidades e dos desejos para conseguirem ser mais eficazes no atendimento do seu público-alvo. E uma teoria que auxilia os profissionais a entenderem o que motiva os indivíduos e como os produtos/serviços se encaixam na vida dos consumidores é a Teoria de Maslow. Kotler e Keller (2006, p. 183) dizem que Maslow colocou as necessidades humanas em uma hierarquia, da mais urgente para a menos urgente (figura 3). Em ordem de importância, elas são necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessidades sociais, necessidades de estima e necessidades de autorrealização. Quando as pessoas suprem a necessidade mais importante, tentam satisfazer a segunda mais importante e assim por diante. Figura 3 – Hierarquia das necessidades de Maslow. Fonte: Kotler e Keller, 2006, p. 184. 17Introdução ao marketing corporativo Um fator importante a ser destacado é que necessidades não podem ser geradas pelas empresas e sim podem ser compreendidas pelos profissionais de marketing. Reichelt (2009, p. 31) diz que aquilo que o marketing pode fazer é estudar e procurar conhecer mais as necessidades humanas, criando, assim, produtos e serviços que atendam a essas necessidades do consumidor de forma conveniente e interessante. Dessa forma, esses produtos e serviços poderão se tornar desejos e, posteriormente, ser adquiridos por muitos consumidores. Reflexão Se coloque como consumidor de um produto ou serviço e analise se a empresa que fornece para você utiliza os conceitos centrais de marketing. Faça um apontamento das formas como a empresa emprega os conceitos estudados. 2 Ambientes mercadológicos Apresentação Este capítulo tem como objetivo apresentar ao aluno os ambientes externos e internos da empresa, seus conceitos e influências no contexto mercadológico. Estima-se que para a conclusão deste estudo sejam necessárias quatro horas, incluindo os exercícios propostos e as tarefas a serem enviadas ao tutor em datas a serem divulgadas na plataforma. 2.1 Ambientes de marketing Imagine uma empresa que conseguisse descobrir a cura do câncer, desenvolver alimentos altamente nutritivos e saborosos que não engordassem ou casas mais baratas de construir. Certamente, esta empresa ganharia muito dinheiro, não acha? Pois as empresas bem-sucedidas representam este exemplo, ou seja, são aquelas que conseguem prever e identificar mudanças e/ou tendências a fim de reconhecer as oportunidades e necessidades futuras de seus clientes e consumidores. Por tendência, Kotler e Keller (2006, p. 76) definem como um direcionamento ou uma sequência de eventos com certa força e durabilidade. Mais previsíveis e duradouras, as tendências revelam como será o futuro e oferecem muitas oportunidades. 20 Ambientes mercadológicos As empresas e seus fornecedores intermediários de marketing, consumidores, clientes, concorrentes e públicos trabalham em um ambiente instável, ou seja, um ambiente mais amplo de forças e tendências que molda oportunidades e ameaças. Estas forças externas representam fatores não controlados pelas corporações, as quais Las Casas (2005, p. 29) diz que por estarem fora do domínio da empresa as variáveis são chamadas variáveis incontroláveis. Estas variáveis podem estar contidas no micro ou macroambiente de marketing. Microambiente: é aquele que está mais diretamente próximo da empresa, podendo ser externo ou interno. O microambiente externo envolve o mercado, intermediários de marketing, fornecedores e acionistas; enquanto o microambiente interno é delimitado pelos Recursos Humanos, financeiros, produção, localização, pesquisa e desenvolvimento e a imagem da companhia. Macroambiente: é aquele caracterizado por seis grandes forças denominadas como demográficas, econômicas, naturais, tecnológicas, políticas/legais e culturais. 2.2 Macroambiente de marketing O ambiente demográfico é relacionado às características populacionais, como faixa etária, renda, gênero, escolaridade, raça, nacionalidade, tamanho da família, taxa de natalidade e mortalidade, ocupação e religião. Dentro do crescimento da população mundial, é importante conhecermos as taxas de crescimento e sua evolução passada e projetada. Este crescimento determina o volume de necessidades humanas a serem atendidas globalmente. Contudo, este fato isolado não significa crescimento de mercados a não ser que este venha acompanhado do aumento do poder de compra. Na China, o governo aprovou leis que limitam cada família a ter apenas um filho, com o objetivo de conter o alto crescimento populacional. Como consequência, as crianças estão cada vez recebendo mais atenção dos pais e familiares, ganhando vários presentes que vão de doces a computadores. Este panorama incentivou empresas a entrarem no mercado chinês, como a Bandai Company, famosa por seus Powers Rangers, e a dinamarquesa Lego Group (KOTLER e KELLER, 2006). Avaliando o composto etário, podemos identificar produtos de alta importância para cada região. Por exemplo, o envelhecimento da população 21Ambientes mercadológicos brasileira pode ser visto como uma grande oportunidade para as empresas de previdência privada, através do atendimento dos mercados que possibilitem um retorno adequado aos investimentos (MADRUGA et al., 2004). Uma população pode ser dividida em seis grupos etários: pré-escolares, em idade escolar, adolescentes, adultos jovens entre 25 e 40 anos, adultos de meia-idade, entre 40 e 65 anos, e adultos acima dos 65 anos. Para as corporações esta divisão pode ajudar a identificar e criar produtos específicos para cada faixa etária, desenvolvendo ações específicas, de acordo com as necessidades de cada grupo. Os mercados étnicos também são importantes e fundamentais para segregação e análise, pois possuem preferências e hábitos de compras específicos. Um exemplo seria a cidade de São Paulo, que abriga pessoas de diversas etnias, como japoneses, por exemplo, e que encontram produtos desenvolvidos especialmente para eles. A população de qualquer sociedade exprime necessidades diferentes a partir da educação auferida e que pode ser classificada em cinco grupos educacionais fundamentais: analfabetos, concluintes do ensino fundamental, concluintes do ensino médio, graduados universitários e graduados com formação profissional. Cada um destes grupos tem necessidades e busca satisfazê-las de modo diferente, como, por exemplo, pessoas instruídas gostam de adquirir livros e revistas. Aspectos relacionados à moradia vêm se alterando nos últimos tempos devido às mudanças familiares. Antigamente, a moradia era constituída de marido, esposa e filhos, mas atualmente aumentou consideravelmente o número de pessoas que vivem sozinhas e de casais sem filhos. Madruga (2004, p. 51) diz que do ponto de vista estratégico isso representa uma grande oportunidade para uma série de indústrias, como as de alimentos industrializados e de construção civil. Os tamanhos menores das embalagens de alimentos prontos congelados e os flats com serviços e divisão de cômodos pouco convencionais, do ponto de vista de uma família tradicional, são consequências da análise do ambiente. As mudanças geográficas da população também devem ser estudadas, pois podemos perceber diferenças entre os consumidores de cada região. Os gaúchos da Região Sul do Brasil, por exemplo, têm hábitos de consumo característicos que diferem de outras regiões. O chimarrão é um produto altamente consumido no Sul, enquanto que no Nordeste outros produtos têm a preferência dos consumidores, como o curau. As influências são sentidas 22 Ambientes mercadológicos desde hábitos alimentares até mesmo na maneira de vestir e no estilo de vida(LAS CASAS, 2005). O ambiente econômico, segundo Madruga et al. (2004, p. 57), refere-se aos fatores econômicos que influenciam a percepção e o poder de compra dos consumidores, além dos esforços de marketing das organizações. O poder de compra de uma economia é caracterizado pela renda anual, poupanças, empréstimos e disponibilidade de crédito. Compreender qual é a renda per capita de uma população ou de micromercado auxilia no desenvolvimento de produtos e na decisão de participar ou não deste mercado. A economia tem afetado as atividades de marketing. Numa época de recessão, os consumidores, com receio do futuro, recuam seus gastos, principalmente em relação aos bens tangíveis, como eletrodomésticos, automóveis etc. Os gastos aumentam quando a economia se recupera, de modo geral os negócios se reativam, acelerando o setor produtivo. A inflação pode ocasionar diferentes consequências, ou os consumidores se retraem e não compram os produtos, ou compram o mais rápido possível para escapar de preços mais elevados em compras futuras (LAS CASAS, 2005). Dados interessantes sobre os fatores que alteraram o ambiente econômico brasileiro a partir dos anos 1990 O Plano Real trouxe estabilidade à nossa moeda – algo desconhecido para os brasileiros, que conviveram durante décadas com uma elevada inflação. Diversos segmentos empresariais se viram desprovidos de uma hora para outra do que era na verdade sua fonte de ganhos: a inflação. Os consumidores começaram, por sua vez, a planejar melhor os seus gastos, com a possibilidade de realizar negócios mais seguros a médio e longo prazos – o que era quase impossível no cenário de inflação mensal na faixa de 10%. Por exemplo, o mercado segurador enfrentou um forte e imprevisto 23Ambientes mercadológicos O ambiente natural determina as condições do ambiente de terminadas localidades. Existe uma grande preocupação de toda a sociedade com temas como energias renováveis, aquecimento global, redução das florestas, preservação de espécies animais e vegetais. Desta forma, as empresas devem estar conscientes das ameaças e oportunidades associadas a quatro tendências do ambiente natural: • Escassez de matérias-primas; • Custo de energia crescente; • Níveis crescentes de poluição; • Mudança do papel dos governos em relação à proteção ambiental. crescimento após a implantação do real, duplicando em um ano. Esses fatores, aliados à abertura da economia ao comércio exterior, causaram uma reviravolta no ambiente econômico, ocasionando acirramento da concorrência. Em função disso, pela primeira vez o país teve queda real dos preços de inúmeros produtos, o que provocou aumento da renda e do consumo como eletrodomésticos simples e roupas; depois de alguns anos, a venda de produtos mais caros também começou a ser beneficiada, como eletrodomésticos mais sofisticados, automóveis, viagens aéreas e imóveis. Em janeiro de 2008, pela primeira vez, o Brasil se torna um credor internacional, em função de investimentos recebidos em nível recorde, e pelos fortes superávits na balança comercial – durante vários anos consecutivos. Assim, o país passou a ter US$ 4 bilhões a mais em créditos do que em débitos (Brazil shift to creditor status. Los Angeles Times Online, 22 fev. 2008). Fonte: Minadeo, 2008, p. 35. 24 Ambientes mercadológicos Alguns temas importantes na área ambiental • Embalagens: redução de peso, possibilidade de reciclagem. Um exemplo marcante: as tradicionais caixinhas de poliestireno – lançadas em 1975 pelo McDonald’s – haviam se tornado um marco inovador no design de acondicionamento de alimentos. Passaram a receber críticas dos ecologistas, por conter CFC. Em 1990, foram substituídas por papel-cartão (VAZ, 1995, p. 60). Por sua vez, os supermercados estão realizando diversas ações visando trocar as sacolas plásticas que fornecem aos clientes (BARROS, B. Varejo busca opções à sacola plástica. Valor, 15 de maio 2008). • Redução do volume de resíduos dos processos industriais, comprovando-se que os mesmos não sejam danosos ao meio ambiente. Isso implica um menor uso de água tratada nas atividades industriais e no estímulo do recuo dessa água. • Ausência de produtos poluentes na fórmula ou no processo industrial. • Eliminação de testes in vivo de medicamentos e cosméticos em animais, ao lado da redução do uso de peles de animais em artigos de vestuário. • Diminuição do consumo de energia elétrica através de racionalização do seu uso; redução do consumo de combustíveis nos veículos; fomento aos veículos multicombustíveis; ampliação do uso de fontes renováveis de energia – como o etanol, o biodiesel, a energia solar e a eólica. • No ano 2000, a Ford vendeu mais de 445 mil unidades de seu Sport utility Explorer, número que caiu a apenas 137.813 em 2007. Parte desta queda se explica pelos problemas do veículo, porém, os aumentos dos preços dos combustíveis minaram a 25Ambientes mercadológicos O ambiente tecnológico é uma das forças que mais influencia as decisões mercadológicas das empresas, pois, segundo Minadeo (2008, p. 31), a tecnologia impulsiona o lançamento de novos produtos, o aperfeiçoamento de processos produtivos, alterações nas formas de comunicação e de comercialização, surgimento de novos canais de distribuição, custos de produção e de logística, tempo de atendimento aos pedidos dos clientes e formas de gestão da atividade empresarial. A taxa de crescimento da economia é afetada pelo número de novas tecnologias importantes que são desenvolvidas, embora as descobertas tecnológicas não surjam de forma linear, o que pode causar consequências em longo prazo. Um exemplo são os celulares, que mudaram muito ao longo do tempo e modificaram completamente a forma de comunicação das pessoas. competitividade desse tipo de veículos nos EUA (VELLA, M. Ford’s Explorer, back from the dead. Business Week Online, 14 jan.2008). • Menor poluição sonora por parte dos aviões. • Em função da preocupação pela preservação da natureza, exige-se certificação da origem da proveniência da madeira a partir de projetos de reflorestamento, nos produtos que utilizam essa matéria-prima: celulose, móveis, lápis, portas e itens usados na construção civil. • Em 2007, as receitas geradas com as energias eólica, solar, biocombustíveis e células combustíveis cresceram cerca de 40%, de US$ 55 para US$ 77,3 bilhões (PERNICK, R. Clean energy: it’s getting affordable. Business Week Online, 17 mar. 2008). Em 2008, a Califórnia destinou US$ 271 milhões para a criação de 12 centros de pesquisa focados em células de combustíveis. As universidades destinatárias dos recursos se comprometeram a alocar outros US$ 560 milhões em contrapartida (POLLACK, A. $ 271 million for research on stem cells in Califórnia. The New York Times Online. 8 mai. 2008). Fonte: Minadeo, 2008, p. 53. 26 Ambientes mercadológicos As empresas devem ficar atentas às seguintes tendências tecnológicas: • Aceleração do passo da mudança tecnologia; • Oportunidades ilimitadas de inovação; • Variação dos orçamentos de pesquisa e desenvolvimento; • Crescimento da legislação sobre as mudanças tecnológicas. Inovações tecnológicas A utilização de novas tecnologias permite que algumas empresas criem um novo mercado, ou uma nova categoria de produtos: • Em 2007, a Apple lança o iPhone, um ipod com funções de telefone celular, navegador de internet e organizador digital. A empresa percebeu que possuía condições de levar à telefonia celular sua tecnologia de interface mais amigável ao usuário, utilizada anteriormente no iPod. Foi lançado a US$ 599 na versão com 8 gigabytes e a US$ 499 na versão de 4 gigabytes. A empresa anunciou acordo com a Cingular Wireless, que tem a maior rede dos EUA, para distribuir o aparelho. O iPhone permite fazer fotografias e enviá-las por e-mail com três ou quatro toques de tela, sem interromper o fluxo de música. Passa de uma função para outra com grande facilidade. Seu maioravanço é uma tecnologia de tela multitoque, que permite mover imagens quase como se elas fossem apanhadas com os dedos. A Apple começou a registrar patentes de telas multitoque em 2004, chegando a 73 delas. Além disso, adquiriu a Fingertouch, em 2005, que detinha tecnologias nesse campo (Por dentro da Apple. Época Negócios, mar. 2007, p. 96-108). Vendeu mais de 4 milhões de Iphones nos 200 27Ambientes mercadológicos No ambiente político/legal, as estratégias de marketing são fortemente afetadas. Este ambiente abrange leis, órgãos governamentais e grupos de pressão que influenciam ou limitam várias organizações e indivíduos em uma sociedade. As principais tendências políticas a serem analisadas neste ambiente são a quantidade substancial de legislação que regula os negócios e o crescimento de grupos de interesse. Alguns temas críticos para os órgãos de controle governamental, segundo Minadeo (2008, p. 43), são: • Meio ambiente; • Uso de marcas e patentes; • Segurança quanto ao uso dos produtos e serviços ofertados ao consumidor; • Direitos do consumidor; • Mensagens publicitárias; • Preços e tarifas de serviços públicos, bem como o controle da sua qualidade. dias desde seu lançamento. Apenas nos EUA foram vendidas 3,4 milhões de unidades do aparelho (Valor Online, 15 de jan. 2008). • CNN: sua proposta de oferecer telejornalismo ao vivo 24 horas por dia fez surgir um novo conceito de noticiário televisivo – adequado para a TV a cabo – e que se tornou uma mídia de alcance global. • Em 2007, a rede Target, focada em moda, realizou um desfile sem modelos, através de hologramas. Com modelos, um desfile de 15 minutos custa cerca de US$ 200 mil. O da Target foi representado 144 vezes, na Grand Central, maior estação de metrô de New York (Época Negócios, dez. 2007, p. 24-25). Fonte: Minadeo, 2008, p. 32. 28 Ambientes mercadológicos • Ações que possam caracterizar abuso econômico ou eliminação da concorrência. Quanto ao aspecto legal, a legislação tem inúmeros propósitos, dos quais podemos destacar o de proteger as empresas de outros concorrentes, proteger os consumidores de práticas comerciais injustas ou fraudulentas e proteger o interesse da sociedade contra o comportamento desenfreado das empresas. Resumindo, é de responsabilidade das corporações compreenderem as principais leis com a finalidade de proteger a competição, os consumidores e a sociedade (KOTLER e KELLER, 2006). Quanto aos grupos de interesse público, estes vêm exercendo pressão junto aos órgãos governamentais, exigindo diversas modificações nas leis e solicitando novas para que a proteção aos consumidores seja ainda maior. Desta forma, segundo Kotler e Keller (2006, p. 92), o marketing corporativo deve esclarecer bem seus planos junto aos departamentos jurídicos, de relações públicas e assuntos públicos para evitarem possíveis inconvenientes. Resultados da atuação legítima de órgãos do governo • O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) estuda as fusões e aquisições de empresas, para fomentar a concorrência e impedir concentrações de mercado que sejam indesejáveis. Por exemplo, na aquisição da Kolynos pela Colgate – que assim que chegou a deter mais de 75% do mercado brasileiro de cremes dentais –, o CADE obrigou a adquirente a suspender o uso da marca Kolynos por quatro anos, surgindo assim a marca Sorriso. • Na compra da Antarctica pela Brahma, o CADE exigiu que a marca Bavária e cinco fábricas fossem vendidas. 29Ambientes mercadológicos O ambiente cultural é moldado pelas crenças, valores e normas básicas dos indivíduos determinados pela sociedade em que eles nascem, definindo assim seus gostos e preferências. Compreende-se então que os indivíduos de um mesmo território possuem características semelhantes. Por conseguinte, podemos estabelecer que as principais tendências e características culturais de interesse de marketing são os valores culturais centrais, as subculturas e os valores culturais secundários (KOTLER e KELLER, 2006). • Valores culturais centrais – os indivíduos tendem a preservar as crenças e valores centrais da sua sociedade. A mudança somente ocorre se a sociedade em que ele vive mudar seus conceitos. • Subculturas – são grupos de valores compartilhados que surgem de suas experiências ou circunstâncias especiais de vida. À medida que os grupos subculturais exibem desejos e comportamentos diferentes, o marketing pode escolher subculturas como seus mercados-alvo. • Valores culturais secundários – embora os valores culturais centrais sejam persistentes, as mudanças culturais podem mudar ao longo do tempo. Podemos utilizar como exemplo a década de 1960, em que o estilo de música escutada e o estilo de vestir dos jovens mudaram comparados com os jovens atuais. Desta forma, é importante o marketing monitorar • O governo incentivou a indústria farmacêutica a produzir genéricos de modo a contribuir à redução dos preços daqueles compostos cuja fórmula não mais é protegida por patentes. Nessa área, o órgão do Ministério da Saúde responsável é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), cujo papel é atestar a qualidade dos produtos farmacêuticos. Por exemplo, em 2001, a ANVISA determinou que 71 dos 112 fitoterápicos da Herbarium fossem retirados do mercado, por não estarem baseados em princípios ativos científicos (Exame, 27 out. 2004). Fonte: Minadeo, 2008, p. 46. 30 Sistema de marketing estes valores, para que se possa identificá-los, gerando oportunidades de mercados futuros ou evitar possíveis ameaças. 2.3 Microambiente de marketing O microambiente externo é composto por elementos que não estão sob o controle direto da empresa e que influencia e é influenciado pelas decisões administrativas da mesma. Vejamos cada um dos elementos segundo Madruga et al. (2004, p. 66): • Mercado – é conceituado como o conjunto de consumidores reais e potenciais de um produto. O conceito de produto, nesse, caso, engloba serviços, ideias, lugares, pessoas e os desejos desses consumidores. Daí a importância de conhecer as características e os valores desse grupo, para melhor atendê-lo; • Intermediários de marketing – no processo de fornecimento de produtos e adequação de ofertas aos mercados, certas empresas desempenham o papel de intermediários, como, por exemplo, atacadistas, varejistas, representantes de vendas, armazenadores, transportadoras e financeiras. Vários programas de marketing fracassam no atendimento do mercado por negligenciar a importância deste grupo; • Fornecedores – um grupo fundamental para o sucesso do marketing de uma empresa é o de fornecedores. Dificilmente uma empresa poderá atender bem o mercado se não tiver fornecedores confiáveis, cujos produtos sejam de boa qualidade; • Acionistas – outro grupo que pode ser considerado como externo ao gerenciamento de marketing de uma empresa são os acionistas. No caso de empresas pequenas, seria mais adequado considerá-los como parte do ambiente interno, pois em geral são também gestores. Os acionistas não têm uma atuação direta na concepção e na execução do marketing-mix. Entretanto, qualquer insucesso ou resultado diferente do desejado por eles pode ensejar pressões por mudanças na política de marketing da empresa. 31Sistema de marketing O microambiente interno é composto pelos seguintes elementos descritos por Madruga et al (2004, p. 68): • Recursos Humanos – essa área da organização deve estar ciente da estratégia e da tática a serem executadas pelo marketing, pois para alcançar esses objetivos é necessário contar com pessoas com perfil adequado, motivação e treinamento para o desempenho de suas funções. A falta de colaboração dessa área provavelmente terá forte impacto na percepção de qualidade do produto fornecido; • Recursos financeiros – os administradores financeiros normalmente procuram cortar gastos e respeitar a previsão de despesas. Os clientes, por sua vez, não estão preocupados com a boagestão financeira da empresa, e sim com as escolhas mais adequadas para o seu consumo. A expansão dos negócios mediante ampliação de unidades fabris e instalações de atendimento ao cliente pode demandar grandes investimentos, e o retorno deverá ser demonstrado, a fim de convencer os executivos da área financeira. Despesas imprevistas é outro ponto difícil de negociar com a área financeira. Caso o marketing queira acompanhar uma promoção da concorrência e financiar compras de clientes em diversas parcelas, pode haver resistências internas devido ao custo de divulgação da ação e ao descasamento do fluxo de caixa previsto pelo setor financeiro; • Produção – a área de produção ou operações é responsável pela confecção dos produtos. Para que haja confiabilidade e velocidade na sua fabricação é necessário um mínimo de previsão e delimitação dos processos produtivos. Os clientes, por outro lado, buscam o oposto: maior diversidade de ofertas e maior personalização dos produtos com um custo adequado; • Localização – o aspecto geográfico pode ser um grande diferencial para os consumidores. Proximidade, conveniência e praticidade são aspectos por eles valorizados e podem contribuir para o sucesso das ações de marketing, juntamente com a redução de custos e a rapidez de entrega; • Pesquisa e desenvolvimento – a política de pesquisa e desenvolvimento de uma empresa é que define se ela vai liderar as ações no ambiente de concorrência ou simplesmente seguir o comportamento ditado pelos concorrentes. Empresas como a Intel se notabilizam por estar à frente da 32 Sistema de marketing concorrência no desenvolvimento de produtos, mesmo que isso implique a perda de rentabilidade no curto prazo. O foco das empresas que investem fortemente em pesquisa e desenvolvimento está no médio e no longo prazos; • Imagem da companhia – todas as ações internas da empresa que tenham alguma repercussão externa contribuem para a formação de sua imagem. Em diversos negócios, essa imagem é fundamental para o sucesso. O investimento nela é um processo contínuo e às vezes dispendioso, mas pode tornar-se um ativo de alto retorno. É fundamental que a análise do microambiente externo e interno seja feita de forma cuidadosa e minuciosa, pois os resultados farão parte da concepção das estratégias e táticas do marketing de cada organização. Reflexão As empresas trabalham em ambientes que são afetados por forças e tendências que moldam oportunidades e ameaças. Estes fatores externos que afetam as organizações são representados pelas seis grandes forças apresentadas na unidade 4. Identifique pelo menos uma das forças que pode influenciar o ambiente de sua empresa e justifique. 3 Sistema de marketing Apresentação Este capítulo tem como objetivo apresentar o composto de marketing a partir da interação de uma empresa com seus meios ambientes, tanto internos como externos. Serão estudados temas relacionados às linhas de produtos e marcas, estratégias de preços, conceitos de canais de distribuição, comunicação e promoção. Para complementar o assunto será abordada uma visão ampliada do composto de marketing, através dos 4 As e dos 4 Cs. Desta forma, espera-se que o aluno possa compreender o funcionamento de um sistema de marketing. Estima-se que para a conclusão deste estudo sejam necessárias oito horas, incluindo os exercícios propostos e as tarefas a serem enviadas ao tutor em datas a serem divulgadas na plataforma. 3.1 Composto de marketing Composto de marketing, ou marketing mix, ou ainda os 4 Ps, envolve os quatro elementos básicos e essenciais para desenvolver uma estratégia de marketing. Estes elementos são denominados produto, preço, promoção e praça. Reichelt (2009, p. 86) diz que os 4 Ps foram criados, inicialmente, por Jerome 34 Sistema de marketing McCarthy, nos Estados Unidos, porém se tornaram uma unanimidade em toda a literatura de marketing. Hoje em dia alguns autores aumentaram o número de Ps, apresentando composto de marketing formados por 6 Ps ou até mesmo por 8 Ps, mas nos concentraremos no mais aceito, que são os 4 Ps. Figura 4 – Composto de marketing (Marketing Mix). Fonte: Las Casas, 2005, p. 18. 3.2 Produto Produto, para Kotler (1996, p.376), é algo que pode ser oferecido a um mercado para sua apreciação, aquisição, uso ou consumo para satisfazer a um desejo ou necessidade. A partir do conceito, podemos concluir que os produtos a serem levados ao mercado são bens físicos tangíveis. As empresas, ao planejarem que tipo de produto oferecer ao mercado, precisam pensar através de cinco níveis de produtos denominados: benefício-núcleo, produto genérico, produto esperado, produto ampliado e produto potencial. Chagas (2007) descreve cada um dos níveis: Benefício-núcleo – compreende-se o benefício fundamental do produto, ou seja, se o produto for uma furadeira, o consumidor espera realizar furos com ela e não outra coisa qualquer. Igualmente, este aspecto pode ser levado para a área de serviços (produtos intangíveis). Neste caso, se um consumidor está buscando hospedar-se em um hotel para passar a noite, ele espera repouso e sono tranquilo. Produto genérico – compreende-se a transformação do benefício-núcleo em um produto. Desta forma, analisando o caso do hotel anteriormente mencionado, Organização Consumidor Consumidor Preço Distribuição (Ponto de venda) Promoção (Comunicação) 35Sistema de marketing podemos caracterizar o produto genérico como um prédio com quartos, sendo o benefício-núcleo o sono e o repouso do consumidor. Produto esperado – este se caracteriza pelo conjunto de atributos e condições que os compradores, normalmente, esperam e sobre o qual concordam quando compram um produto ou serviço. Voltando novamente ao caso do hotel, quando buscamos um quarto para passar a noite, compreendemos que este deva possuir uma cama. Contudo, em alguns lugares isto pode não ser essencialmente uma verdade. Produto ampliado – compreendem-se os benefícios adicionais oferecidos pelo produto ou serviço que são disponibilizados aos consumidores na busca de diferenciá-lo entre as diversas corporações que o produzem a partir do produto esperado. Por exemplo, o quarto de hotel pode ter um banheiro privativo com água quente e televisor com canais a cabo. Produto potencial – neste nível busca-se saber todas as transformações e ampliações que este produto pode ou deve sofrer no futuro. Considerando que o produto ampliado já apresenta diferencial competitivo, o produto potencial descreve a sua possível evolução. Além dos níveis dos produtos, estes também possuem uma hierarquia que parte das necessidades básicas e vai até os particulares que satisfazem a estas necessidades. Quanto à hierarquia, Chagas (2007) identifica sete níveis: • Família de necessidade. A necessidade-núcleo que fundamenta a família do produto. Por exemplo: alimentação; • Família de produtos. Todas as classes de produtos que podem satisfazer a uma necessidade-núcleo com razoável eficácia. Por exemplo: matinais; • Classe de produtos. Um grupo de produtos dentro da família reconhecido como possuindo coerência funcional. Por exemplo: cereais; • Linha de produtos. Um grupo de produtos dentro de uma classe que estão diretamente relacionados porque funcionam de maneira similar e são vendidos aos mesmos grupos de consumidores; • Tipo de produtos. Aqueles itens dentro de uma linha de produtos que compartilham uma ou diversas formas possíveis do produto; 36 Sistema de marketing • Marca. Nome associado a um ou mais itens da linha de produtos que é usado para identificar a fonte ou caráter do item; • Item. Uma unidade distinta dentro de uma marca ou linha de produtos identificada por preço, tamanho, aparência ou algum outro atributo. Os produtos podem ainda ser classificados em três variáveis características – bens duráveis, bens não duráveis e serviços. Por bens duráveis se compreendem os produtos tangíveis, que geralmente sobrevivem a muitosusos, como, por exemplo, uma geladeira. Por bens não duráveis se compreendem bens tangíveis que não sobrevivem a muitos usos ou consumo, por exemplo, um sanduíche. E por serviços se compreendem atividades, benefícios ou satisfações que são colocados à venda. Neste caso, podemos citar como exemplo um penteado feito no salão de beleza. Em relação ao composto de marketing produto, podemos apresentar três decisões das organizações, relacionados a abrangência, extensão e profundidade. Chagas (2007) define as decisões como: Quanto à abrangência, se compreende o número de linhas de produtos diferentes que a empresa oferece ao mercado consumidor; Quanto à extensão, se compreende o número de produtos totais das linhas de produtos oferecidos ao mercado; Quanto à profundidade, se compreende a quantidade de variações oferecidas a cada produto da linha. Quando se desenvolve uma estratégia de marketing para produtos individuais, passamos pela decisão de marca. Marca, segundo a American Marketing Association, é um nome, sinal, símbolo ou combinação dos mesmos, que tem o propósito de identificar bens ou serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e de diferenciá-los de concorrentes. Essencialmente, uma marca representa a promessa de a corporação entregar, consistentemente, um conjunto específico de características, benefícios e serviços aos consumidores. As marcas trazem um símbolo de garantia de qualidade, contudo, a garantia de qualidade em si é um símbolo ainda mais complexo que envolve seis níveis de significados definidos por Chagas (2007) como: 37Sistema de marketing • Atributos. A princípio a marca traz uma série de atributos, como preço, qualidade, engenharia, durabilidade, valor de revenda, tecnologia etc.; • Benefícios. A marca se caracteriza por muito mais que um conjunto de atributos. Esses atributos necessitam ser transformados em benefícios funcionais e/ou emocionais. Por exemplo, ao dirigir um carro de alto valor, o indivíduo pode compreender um benefício emocional de sucesso ou status; • Valores. A marca também transmite algo sobre os valores de seus fabricantes, tais como responsabilidade social, alto desempenho, prestígio etc.; • Cultura. Adicionalmente, a marca pode representar certa cultura. A marca Mercedes, por exemplo, representa a cultura alemã: organizada, eficiente e de alta qualidade; • Personalidade. A marca pode também projetar certa personalidade como se fosse uma pessoa. Por exemplo, um carro da marca Ferrari mostra agressividade e velocidade; • Usuário. Quanto ao usuário, a marca sugere o tipo de consumidor que compra o produto. Por exemplo, ao ver um motorista de um carro Mercedes, espera um executivo de idade média, bem-sucedido e pai de família. Dificilmente será o veículo de um jovem, em início da carreira profissional e solteiro. Mesmo compreendendo alguns preceitos de marca, é importante tomar a decisão de desenvolver uma marca para o produto ou não. A criação de uma marca envolve aspectos como embalagem, rotulagem, propaganda, proteção legal e o risco de um produto não satisfazer aos seus consumidores-alvo, porém, uma marca pode oferecer uma série de vantagens, como tornar mais fácil para a corporação processar pedidos e detectar problemas. Uma marca, uma vez registrada, confere proteção legal para as características exclusivas do produto ou linhas de produtos associadas a elas, entre outros. 38 Sistema de marketing Decisões de estratégias de marca Uma corporação, quando decide sobre estratégia de marca, pode realizá-la através de extensões de linhas de produtos, extensões de marca, multimarcas e novas marcas. Chagas (2007) explica cada uma das extensões: • Extensões de linhas de produtos. Ocorrem quando uma empresa lança itens adicionais na mesma categoria de produtos sobre a mesma marca, como novos sabores, formas, cores, ingredientes, tamanho de embalagem etc. Contudo, esta estratégia envolve riscos porque a marca pode perder seu significado específico. Deve-se tomar a decisão se as extensões de linha constroem volume adicional ou canibalizam as vendas existentes; • Extensões de marca. Caracterizam-se pelo lançamento de um produto em uma nova categoria usando uma marca já existente. Essa estratégia oferece muitas vantagens quando uma marca bem-sucedida dá a um novo produto reconhecimento instantâneo e aceitação rápida pelo mercado-alvo, contudo, o novo produto pode desapontar os consumidores, destruindo seu respeito em relação aos demais produtos da corporação. A marca pode perder seu posicionamento especial na mente dos consumidores se for praticada uma extensão excessiva, por isso deve-se dimensionar adequadamente a extensão da marca; • Multimarcas. Frequentemente, as empresas lançam marcas adicionais na mesma categoria de produtos, com a finalidade de estabelecer características e/ou apelos para diferentes motivos de compra. Um exemplo é a P&G (Procter & Gamble), que produz nove marcas diferentes de sabão em pó, capacitando a empresa a conseguir maior espaço no mercado e a satisfazer necessidades diferentes dos seus consumidores. A grande armadilha da utilização de multimarcas é que cada uma delas pode obter apenas uma pequena participação de mercado e não oferecer rentabilidade suficiente para as corporações. Idealmente, as marcas de uma empresa devem canibalizar as marcas concorrentes e não competirem entre si. Com isso, espera-se um lucro líquido maior para a organização; • Novas marcas. Ao lançar novos produtos em uma nova categoria, a organização deve verificar se as marcas atuais são apropriadas aos atributos e benefícios que estes produtos buscam satisfazer. Inexistindo 39Sistema de marketing esta afinidade, é imprescindível a criação de uma nova marca para evitar danos à imagem atual das marcas já existentes. Ao decidir a introdução de uma nova marca, a corporação deve considerar as seguintes questões: o negócio é suficientemente grande? Durará o tempo suficiente para se ter rentabilidade? O custo de estabelecer a nova marca será coberto pelas prováveis vendas e lucro? E ainda seria melhor evitar o uso de outra marca já existente se o produto fracassar? 3.3 Preço Antigamente, a definição do preço de um produto era feita em cima da margem de ganho que o empresário queria obter, porém, com a grande concorrência as empresas tiveram que modificar o seu modo de fixar o preço. O estabelecimento de preço é um problema quando a empresa precisa fixá- lo pela primeira vez. A empresa deve decidir onde posicionar seu produto em termos de qualidade e preço. Desta forma é possível identificar nove estratégias de posicionamento de preço X qualidade. Estes nove posicionamentos são os cruzamentos de três padrões de qualidade classificados como alto, médio e baixo e três padrões de preço igualmente classificados como alto, médio e baixo. Chagas (2007) diz que desta forma temos o seguinte: • Alta qualidade e alto preço: estratégia Premium; • Alta qualidade e preço médio: estratégia de alto valor; • Alta qualidade e baixo preço: estratégia de valor supremo; • Média qualidade e alto preço: estratégia de preço alto; • Média qualidade e preço médio: estratégia de preço médio; • Média qualidade e baixo preço: estratégia de valor médio; • Baixa qualidade e alto preço: estratégia de desconto; • Baixa qualidade e preço médio: estratégia de falsa economia; • Baixa qualidade e preço baixo: estratégia de economia. Além das empresas compreenderem as estratégias de preços e qualidade, ela deve considerar outros fatores para definir sua política de preço, sendo um deles 40 Sistema de marketing o de estabelecer qual é o objetivo do preço. Neste item, podemos identificar seis grandes objetivos através da fixação de preços (CHAGAS, 2007): • Sobrevivência. As corporações perseguem a sobrevivência como objetivo principal quando enfrentam excesso da capacidade produtiva, concorrência intensa ou mudança nos desejos nos consumidores, entretanto esta estratégiadeve ser um objetivo de curto prazo. A empresa deve aprender como acrescentar valor para não enfrentar sua extinção; • Maximização de lucros. Neste objetivo as corporações estimam a demanda e os custos associados a preços alternativos, escolhendo aquele que produz fluxo de caixa positivo e alto retorno sobre investimento. Neste objetivo as empresas devem conhecer profundamente as funções de demanda e de custo, as quais são difíceis de estimar e não devem ignorar os efeitos de outras variáveis do composto de marketing e as reações dos concorrentes; • Maximização do faturamento. Este objetivo requer apenas a estimativa da função demanda, levando em consideração que o faturamento irá maximizar o lucro em longo prazo e o crescimento da participação de mercado; • Maximização do crescimento de vendas. Algumas corporações acreditam que o maior volume de vendas levará os custos unitários a serem menores e os lucros maiores em longo prazo. Desta forma, estabelecem um preço mais baixo, assumindo que o mercado é sensível a preço. Esta prática é denominada preço de penetração de mercado; • Maximização da desnatação do mercado. Algumas corporações estabelecem preços altos para “desnatar” o mercado. Este objetivo consiste em estimar o preço mais alto que se pode cobrar, dados os benefícios comparativos de um novo produto X os substitutos disponíveis; • Liderança de qualidade. Este objetivo caracteriza-se por desenvolver produtos de alta qualidade com preços igualmente altos na busca de uma taxa de retorno acima da média do setor; • Outros objetivos de preços. As organizações públicas ou corporações sem fins lucrativos podem adotar objetivos de preço que visam somente à recuperação parcial ou total dos seus custos. 41Sistema de marketing Seleção de um método de estabelecimento de preço O problema de preços é sanado selecionando um dos métodos mais comuns neste processo que são apresentados por Kotler e Keller (2006, p. 441) como preço de markup; retorno-alvo; valor percebido; preço de valor; de mercado e de licitação. • Markup. É o método mais elementar ou padrão da maioria das corporações. Este método consiste em se apurarem os custos variáveis e os custos fixos para se determinar o custo total do produto. A partir deste custo, estipula-se um markup a ser embutido no custo total, determinando- se assim o preço de venda. Por exemplo, se um produto tiver custo variável de R$ 10,00 por unidade e R$ 6,00 de custo fixo por unidade, obteremos um custo total de R$ 16,00. Considerando que o markup desejado pela empresa seja de 20%, teremos o preço de venda deste produto de R$ 20,00 por unidade. • Retorno-alvo. Esta abordagem considera que a determinação do preço deve ser estabelecida a partir da taxa de retorno sobre os investimentos que a corporação deseja auferir após a venda dos produtos. • Preço de valor percebido. Esta abordagem leva em consideração a percepção que os consumidores têm e atribuem de valor como fator- chave para a determinação do preço. Normalmente, não são levados em consideração os custos de produção se estes forem menores que o valor percebido. Entretanto, este método necessita de pesquisas e testes antes do lançamento oficial do produto. • Preço de valor. Algumas empresas têm estabelecidos preços baixos para produtos de qualidade superior, apostando em um volume de vendas maior se o preço fosse determinado pelo valor percebido. Neste ponto os preços diferem entre si justamente no valor por um ser estabelecido com preço percebido e outro com preço inferior ao que poderia ser percebido. • Preço de mercado. Neste caso, a empresa baseia largamente seus preços a partir dos preços praticados pelos seus concorrentes. Contudo, a empresa pode cobrar mais, menos ou igual aos seus concorrentes. Desta forma, ela não leva em consideração os custos ou vontades de lucratividade da empresa. 42 Sistema de marketing • Preço de licitação. Neste método o preço é orientado para o mercado a partir do preço prefixado pelos concorrentes ou próprios consumidores. 3.4 Ponto de venda O ponto de venda, também conhecido como “praça”, refere-se ao composto de marketing responsável por proporcionar a conveniência ao cliente, pois ele será o contato entre o mercado e o cliente. Reichelt (2009, p. 93) afirma que gerenciar praça significa estabelecer canais de marketing, que são vias por meio das quais um produto (ou intermediário) facilita o acesso aos bens que produz. Estão envolvidos neste processo de distribuição dos produtos e serviços as equipes interna e externa de vendas, distribuidores, varejistas, atacadistas, agentes, representantes, franqueados, concessionários, entre outros. Reichelt (2009, p. 94) diz que estes intermediários são de grande relevância para que se atenda as chamadas utilidades de marketing: tempo, lugar e posse, ou seja, eles permitem que o consumidor adquira o produto no lugar certo e na hora certa. 3.5 Promoção As empresas devem comunicar-se efetivamente com seus consumidores, com seu canal de distribuição e com seus clientes potenciais. Para tanto, o composto de marketing denominado de composto promocional ou simplesmente de promoção foi caracterizado em cinco ferramentas básicas (KOTLER e KELLER, 2006): • Propaganda. Qualquer forma paga de apresentação impessoal e de promoção de ideias ou serviços por um patrocinador identificado; • Marketing direto. Uso do correio, telefone, e-mail e outras ferramentas de contato impessoal para comunicar ou solicitar resposta de consumidores ativos e potenciais específicos; 43Sistema de marketing • Eventos ou experiências. Atividades patrocinadas pelas empresas com ampla divulgação, relacionada à marca, geralmente em ocasiões especiais; • Promoção de vendas. Incentivos a curto prazo para encorajar a experimentação ou compra de um produto ou serviço; • Relações públicas e publicidade. Uma variedade de programas preparados para promover ou proteger a imagem de uma corporação e de seus produtos individuais; • Venda pessoal. Interação face a face com um ou mais compradores potenciais com o propósito de fazer vendas. Para que o processo de comunicação seja eficiente e eficaz, é necessário compreender quais são os elementos que compõem este processo e depois quais as etapas básicas da comunicação. Os elementos da comunicação são basicamente o emissor e o receptor, ou seja, alguém que envia uma mensagem a outrem. Contudo, o processo de comunicação não é somente formado por um emissor e um receptor. O processo na verdade segue uma trajetória caracterizada pelo emissor, a codificação, a mensagem (ou os veículos pelos quais ela será enviada), a decodificação, o receptor, a resposta do receptor e o feedback ao emissor, completando assim o ciclo do processo de comunicação. A partir da compreensão dos elementos do processo, podemos desenvolver um programa de comunicação e promoção eficaz, trabalhando oito etapas fundamentais que são: Etapa 1 – Identificar a audiência-alvo: deve-se identificar claramente para quem estamos desenvolvendo a comunicação. A audiência pode ser dirigida a potenciais compradores, a compradores já existentes ou ainda aos integrantes do canal de distribuição. Esta audiência pode ser formada por indivíduos, grupos, públicos específicos ou público em geral. Etapa 2 – Determinar os objetivos da comunicação: procuram-se determinar os objetivos da comunicação com a audiência já determinada na etapa anterior. Normalmente, a comunicação visa à compra e à satisfação do cliente final com o produto ou linhas de produtos promovidos pela empresa. 44 Sistema de marketing Dentro deste processo, podemos buscar seis estados de disposição de compra, que são consciência, conhecimento, simpatia, preferência, convicção e compra propriamente dita. Devemos então determinar o que realmente se busca compreender, ou que resposta queremos da audiência-alvo. Etapa 3 – Preparar a mensagem: buscamos desenvolver a mensagema partir da resposta desejada. Idealmente, a formulação da mensagem deve atrair a atenção, manter o interesse, despertar o desejo e conduzir à ação. Este processo é comumente conhecido como AIDA (atenção, interesse, desejo, ação). A formulação da mensagem exige a solução de quatro problemas: o que dizer (conteúdo da mensagem); como dizer (estrutura da mensagem), como dizer simbolicamente (formato da mensagem) e quem dizer (fonte da mensagem). Etapa 4 – Selecionar os canais de comunicação: buscamos selecionar canais eficientes de comunicação para veicular a mensagem desenvolvida na etapa anterior. Para Kotler (1996, p. 523) esses canais podem ser divididos em dois tipos: pessoal e impessoal. No canal pessoal, temos duas ou mais pessoas comunicando-se entre si, podendo ser por telefone, por carta, e-mail, corpo a corpo etc. Este canal é considerado bastante eficiente, pois o feedback é individualizado. No canal de comunicação impessoal, temos a condução da mensagem sem contato ou interação pessoal. Este canal inclui a mídia, atmosferas e eventos. A mídia consiste em veículos impressos (jornais, revistas, mala direta), de difusão (rádio e televisão), de divulgação (audioteipe, videoteipe, videodisco) e visuais (placas, outdoors, cartazes e luminosos). Normalmente, a comunicação impessoal é veiculada através de mídias pagas. As atmosferas são “ambientes planejados” que criam ou reforçam as inclinações do comprador em relação à aquisição de um produto ou serviço. E os eventos são ocorrências planejadas para comunicar mensagens específicas a audiências-alvo. Por exemplo, podem-se desenvolver conferências, inaugurações, patrocínios esportivos, entre outros. Etapa 5 – Estabelecer o preço da promoção: buscamos estabelecer o orçamento de promoção. Ou seja, quanto a corporação pretende ou pode disponibilizar de recursos para a realização das promoções e da comunicação. 45Sistema de marketing Usualmente, as corporações utilizam quatro métodos para definir o orçamento de promoção: disponibilidade de recursos, paridade competitiva, porcentagem de vendas e objetivo da tarefa. A disponibilidade de recursos ignora complemente o papel da promoção e disponibiliza a cada vontade da empresa de comunicar-se uma determinada quantia numerária a partir dos recursos financeiros e humanos disponíveis. No método da paridade competitiva, o orçamento de promoção é estabelecido a partir das disponibilidades auferidas pelos concorrentes. Este método tem por finalidade equiparar a empresa aos seus concorrentes, não levando necessariamente em consideração a importância deste composto para a empresa. No método de porcentagem, a empresa estabelece a partir de seu faturamento um percentual a ser destinado com a promoção. Desta forma, quanto mais eficiente for a comunicação, auferindo ganhos para a empresa, maior será o seu orçamento. Por fim, temos o método do objetivo-alvo, o qual busca estabelecer objetivos específicos bem como seu resultado. Por exemplo, com uma ação promocional, pode-se desejar buscar uma maior participação de mercado, e desta forma estabelece-se um orçamento a fim de conseguir esta meta e monitora-se o resultado. Etapa 6 – Decidir sobre o composto de comunicação: buscamos decidir sobre o composto promocional. Esta decisão é baseada na tentativa de maximizar os objetivos de promoção a um custo competitivo, e desta forma necessitamos decidir entre cinco ferramentas promocionais mais utilizadas: propaganda, promoção de vendas, marketing direto, relações públicas e venda pessoal. Etapa 7 – Mensurar os resultados da promoção: mensura o impacto da comunicação sobre a audiência-alvo. Isto envolve perguntar para a audiência se reconhece ou se lembra da mensagem, quantas vezes a viram e quais seus pontos de destaque, como a sentiu e quais suas atitudes anteriores e atuais em relação ao produto da corporação. Etapa 8 – Administrar e coordenar o processo global de comunicação de marketing: a corporação e a administração das comunicações de marketing integrado têm como objetivo produzir maior consciência na mensagem e maior 46 Sistema de marketing impacto sobre as vendas. Esta etapa visa colocar a responsabilidade nas mãos de uma pessoa para unificar a imagem da empresa e de suas marcas, à medida que essas imagens decorram de milhares de atividades da empresa. 3.6 4 As Um outro modelo, proposto por Raimar Richers e denominado os 4 As, descreve a interação da empresa com o seu meio ambiente a partir da definição dos seus objetivos e através do uso das ferramentas do marketing mix. Os 4 As contemplam a análise, adaptação, ativação e avaliação. Cobra (1990, p. 45) descreve cada um dos elementos: Análise – visa identificar as forças vigentes no mercado, como economia, política, sociedade, concorrência, legislação e tecnologia e suas interações com a empresa; Adaptação – é o processo de adequação das linhas de produtos ou serviços da empresa às necessidades de consumo identificadas através da análise. Isso ocorre através do posicionamento do produto em termos de: design (desenho), características e qualidade, denominação da marca, embalagem, preço sugerido aos clientes distribuidores e/ou aos consumidores finais e serviços ao cliente ou consumidor; Ativação – é também chamado composto promocional, que, juntamente com o composto de produtos, formam o composto de marketing; Avaliação – é o controle da gestão de marketing, que procura avaliar as principais forças e fraquezas organizacionais, as oportunidades e os problemas, analisando os resultados operacionais de cada esforço de marketing isoladamente ou em conjunto. 3.7 4 Cs Os 4 Ps representam segundo Kotler e Keller (2006, p. 17) a visão que a empresa vendedora tem das ferramentas de marketing disponíveis para influenciar compradores. A partir desta proposta, Robert Lauterborn sugeriu que os 4 Ps do vendedor correspondessem aos 4 Cs dos clientes, em que, do 47Sistema de marketing ponto de vista de um comprador, cada ferramenta de marketing é projetada para oferecer um benefício ao cliente. Produto Necessidades e desejos do cliente Preço Custo para satisfazer o consumidor Promoção Comunicação Ponto de venda Conveniência para comprar Figura 5 – Transformação 4P’s em 4C’s Fonte: da autora Cliente – este é o consumidor, buscando produtos e serviços para que seus desejos ou necessidades sejam supridos da melhor forma possível. É um dos pontos mais relevantes, sem clientes não há consumo, não existem vendas, pesquisas etc. Um profissional de marketing deve conhecer seu cliente, tratá- lo com respeito e ouvi-lo sempre que possível, seja através de um canal de telemarketing, por correio eletrônico, SAC, contato direto etc., enfim, há várias formas de ouvir seu cliente, basta dar-lhe oportunidade de dizer quais são suas impressões sobre os produtos, os pontos que podem ser melhorados mesmo que sejam excelentes e aqueles em que o concorrente irá fortalecer-se ao produzir um produto que foque diretamente os pontos fracos do seu produto. Tentar entender o cliente é um exercício diário, que exige preparo e dedicação, então se deve deixar sempre aberto um canal para que a comunicação seja eficaz e eficiente. Conveniência – o cliente irá procurar um ponto de distribuição do produto que lhe convenha, pode ser o mais próximo de sua residência, o caminho para o trabalho, o de melhor acesso, o que possua o melhor atendimento etc. É muito importante que o profissional de marketing saiba onde, como e quando distribuir seus produtos, um produto que não está nas lojas e um serviço em que não há pessoa disponível não podem ser vendidos. É necessário saber qual é a capacidade de produção, estimar muito bem o segmento ou nicho de mercado que se pretende atingir, não deixando com que os produtos sobrem após várias pessoas reclamarem que não encontraram nas lojas, e aí já é tarde e ele foi para 48 Sistema de marketing a concorrência. Hoje é vital que a distribuiçãoseja um dos melhores meios para conquistar clientes, toda a logística envolvida pode dar o diferencial que o cliente procura e, na falta do concorrente, é o seu produto que será vendido, pois é o mais conveniente para o cliente naquele momento. Comunicação – Não adianta produzir, distribuir sem comunicar, o cliente deve estar ciente da existência do seu produto, da facilidade de acesso que terá ao buscar a compra e que não faltará em suas futuras compras, o cliente pode ser informado através de um jornal, revista, por e-mail etc. As mensagens comunicadas não são construídas com base nas características dos produtos, mas nas características individuais dos consumidores e suas preferências. As informações adicionais adquiridas em cada novo contato são coletadas e armazenadas. Esse procedimento assegura a provisão de bases de informação para diálogos individualizados mesmo em segmentos maiores. Custo – O cliente não irá pagar muito mais do que sua percepção de valor poderá sugerir, o que para a empresa é o preço, para o cliente é o custo. O valor que terá de desembolsar para que adquira o produto ou serviço, para que tudo saia perfeitamente é vital que o profissional de marketing faça pesquisas relevantes, saiba quanto o cliente pagaria para adquirir o produto X, quais os benefícios que ele procura em um produto similar, qual é seu segmento de mercado ou o nicho escolhido, estudar o comportamento do consumidor, qual é a distância que ele poderá ou estará disposto a deslocar-se para comprar, o que faria sair da concorrência para comprar da sua empresa etc. Reflexão Pense numa empresa e faça uma análise a partir do composto de marketing (produto, preço, promoção e ponto de venda) de como esta empresa trabalha. 4 O processo estratégico de marketing Apresentação Este capítulo tem como objetivo apresentar ao aluno o processo estratégico de marketing utilizado pelas empresas. Este processo engloba o desenvolvimento de quatro etapas: análise, planejamento, implementação e controle. Espera-se que o aluno, ao terminar este capítulo, possa compreender como o processo estratégico de marketing ocorre, bem como usá-lo dentro das organizações. Estima-se que para a conclusão deste estudo sejam necessárias seis horas, incluindo os exercícios propostos e as tarefas a serem enviadas ao tutor em datas a serem divulgadas na plataforma. 4.1 O processo estratégico de marketing O marketing também é um processo gerencial que precisa ser constantemente monitorado pelas organizações. As etapas que fazem parte do processo estratégico de marketing são: análise, planejamento, implementação e controle. 50 O processo estratégico de marketing Figura 5 – Processo de marketing. Fonte: Reichelt, 2009, p. 66. 4.2 Etapa 1 do processo estratégico: análise A etapa 1 do processo estratégico de marketing consiste na análise, que é o momento em que as empresas realizam pesquisas de mercado, envolvendo, segundo Reichelt (2009, p. 67), aspectos como processo estratégico, consumidores, concorrência e o mercado em geral. É o momento de analisar o ambiente, verificando suas possibilidades e seus perigos. A análise deve ser feita externa e internamente, ou seja, avaliar as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. Esta avaliação global é chamada análise SWOT (originário do inglês, strenghts, weakness, opportunities, threats). Os itens forças e fraquezas se referem às características da empresa (dados internos), enquanto as oportunidades e ameaças se referem aos fatores de mercado (dados externos). Segundo Polizei (2005, p. 33), as forças e fraquezas normalmente exprimem informações presentes, e as oportunidades e ameaças representam informações normalmente futuras. Análise Planejamento Implementação Controle 51O processo estratégico de marketing Figura 6 – Análise Swot. Fonte: Polizei, 2005, p. 33. A análise do ambiente externo (oportunidades e ameaças) contempla o estudo das forças macroambientais (econômicas, demográficas, tecnológicas, político-legais, naturais e socioculturais) e microambientais (mercado, fornecedores, concorrentes e distribuidores). Kotler e Keller (2006, p. 50) dizem que um objetivo importante da avaliação ambiental é o reconhecimento de novas oportunidades. Sob muitos aspectos, um bom marketing é a arte de encontrar, desenvolver e lucrar a partir de oportunidades que satisfaçam as necessidades dos consumidores. A análise do ambiente interno (forças e fraquezas) propõe que a empresa avalie constantemente suas forças e fraquezas para poder tirar proveito das oportunidades atraentes de mercado. Sobre esta questão é evidente que o negócio não precisa corrigir todas as suas fraquezas e nem deve se vangloriar de todas as suas forças, mas a pergunta que deve persistir é se o negócio deve se limitar às oportunidades para as quais dispõe dos recursos necessários ou se deve examinar melhores oportunidades, para as quais pode precisar adquirir ou desenvolver forças (KOTLER e KELLER, 2006). Empresa Interno atual Pontos fortes Pontos fracos Oportunidades Ameaças Mercado Externo futuro 52 O processo estratégico de marketing 4.3 Etapa 2 do processo estratégico: planejamento A etapa 2 do processo estratégico de marketing abrange o planejamento, que por sua vez engloba a elaboração das declarações de visão, missão e princípios, a definição do posicionamento estratégico a ser adotado e a definição de um plano de ação. Elaboração das declarações de visão, missão e princípios A elaboração das declarações de visão, missão e princípios é importante para a organização, porque a partir destes itens é que a identidade organizacional é construída, estabelecem-se o clima organizacional e os padrões de conduta a serem seguidos pelos colaboradores. Entende-se por visão o que se idealiza para a empresa, ou seja, algo que deve ser construído com base nos valores, sonhos, desejos e ambições da organização, para servir como um norte aos esforços coletivos dos colaboradores (SILVA et al., 2004). Os valores, segundo Silva apud Joyce (2004, p. 31), são as crenças básicas, os ideais e a ética, que são levados em consideração por ocasião da tomada de decisão na organização. E a missão, segundo Reichelt (2009, p. 72), consiste em uma frase que descreve quem é o público-alvo da empresa, o que a empresa vende, em qual negócio ela está inserida e como ela se posiciona no seu mercado. Vamos tomar como exemplo a Gerdau e verificar qual é a missão, a visão e os valores da empresa: Missão – O Grupo Gerdau é uma empresa com foco em siderurgia, que busca satisfazer as necessidades dos clientes e criar valor para os acionistas, comprometida com a realização das pessoas e com o desenvolvimento sustentado da sociedade. Visão – Ser uma empresa siderúrgica global, entre as mais rentáveis do setor. Valores – Cliente satisfeito, segurança total no ambiente de trabalho, pessoas comprometidas e realizadas, qualidade em tudo que faz, empreendedorismo responsável, integridade, crescimento e rentabilidade. 53O processo estratégico de marketing Definição do posicionamento estratégico Com a acirrada competição dos mercados, cada vez mais as organizações precisam ter um posicionamento estratégico bem definido. Para entendermos melhor o que é posicionamento estratégico, temos que entender o que é posicionar e o que é estratégia. De acordo com Silva (2004, p. 95), posicionar significa ocupar um espaço definido na mente do consumidor e, embora a estratégia de comunicação deva assumir uma posição de destaque, ela só será sustentável se os atributos tangíveis do produto forem coerentes com a imagem comunicada. Já estratégia, segundo Silva apud Ansoff (2004, p. 80), é um dos vários conjuntos de regras de decisão para orientar o comportamento de uma organização. É importante salientar que estratégia corporativa é um direcionamento geral que irá envolver e dirigir todas as atividades da organização, enquanto estratégia de marketing mix são direcionamentos
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