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Resumo de Economic Development in Brazil 1822 1913 Nathaniel H Leff por Felipe Moreti Bolini e Lucas Silva Soares da Costa

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Felipe Moreti Bolini				Lucas Silva Soares da Costa
Economic Development in Brazil, 1822 – 1913 – Nathaniel H. Leff
	Inicia-se o texto comparando o crescimento econômico dos EUA e do Brasil durante o período de 1822 (independência do Brasil) até 1913. A economia norte americana cresceu de forma quase constante, enquanto o Brasil, apesar do crescimento populacional, apresentou baixíssimo crescimento no período, sendo que grande parte deste pequeno crescimento ocorreu entre 1900 e 1913. Uma cause direta dessa má performance é o fato de o nordeste, a região mais populosa, ter passado por abrupta queda em seu PIB per capita, de 30%, no período de 1811 até 1913. Assim, pergunta-se porque isso ocorreu.
	O ponto trazido pelo autor é o fato de as atividades econômicas mais importantes do Nordeste, açúcar e algodão, terem decaíram e cedido lugar ao café, levando o Nordeste a uma grande depressão. Isso se deve ao fato de o café ser mais barato para produzir, sendo menos custoso conseguir uma moeda estrangeira, de tal forma que este produto foi explorado à exaustão, levando o nordeste a um caso de “Dutch Disease”. A alta exploração do café fez com que o câmbio real se apreciasse, deixando os produtos do Brasil menos competitivos, o que piora ainda mais a situação nordestina.
	Não era fácil para os nordestinos simplesmente alterarem a produção para o Café, dado as limitações geográficas. Ademais, a migração, dada a precariedade de transportes e a distância, era inviável em larga escala. Eleva-se o fato que, para o Nordeste, não valeria a pena se manter no Brasil. Cita-se, como tentativa de concretizar uma saída do país, a fracassada Confederação do Equador.
	No sudeste, o efeito benéfico do café foi cerceado pela Instituição escravista, de tal forma que era possível aumentar a produção sem necessariamente usar a mão de obra local ou aumentar salários reais - elasticidade da oferta de trabalho. Com isso,  mesmo com o boom da produção de café, a demanda e a oferta de trabalho livre continuaram estáveis. Contudo, em 1852, com o fim da escravidão, tornou-se necessário a busca por mão-de-obra imigrante para que a oferta por trabalho ainda continuasse elástica e barata.
	A utilização da mão-de-obra imigrante, e não de agricultores ou nordestinos, passa pelo fato de os agricultores ganharem salários maiores do que nas lavouras e por uma questão racial, motivada pela tese do branqueamento. Destarte, é importante o fato da alta elasticidade de trabalho brasileira ter sido persistente ao longo da história em decorrência de mão-de-obra ultra marina, que impediu o crescimento de salários e nível técnico da população.
	Para além desses fatores, quando analisamos o setor interno, agrário, do Brasil, nota-se uma relevante estrutura econômica, estruturada, socialmente, pelo meio termo entre escravo e senhor, que, em geral, produzia alimentos. Essa estrutura se mostra interessante com o fato de que, no início do século XIX, somente 16% do PIB era exportação. Outras atividades, como comércio e transporte, eram presentes, mas, dado que ocorriam em cidades pouco populosas, não eram notáveis.
	O baixo crescimento da agricultura doméstica, por representar grande fração da economia do país, pode explicar a razão para o baixo crescimento agregado do país. Essa estagnação se deve aos altos custos de transportes, uma limitação que impedia um acesso dos fazendeiros a mercados além dos imediatamente próximos (poucas hidrovias e ferrovias e rodovias ruins). O texto coloca que a existência de uma melhor rede de transportes ajudaria, inclusive, em exportar os gêneros alimentícios, haja vista que o valor da produção, por trabalhador, tenderia a diminuir. Além disso, por essa dificuldade de transporte, a oferta de alimentos, em muitas regiões, era inelástica ao preço, de tal forma que um aumento de demanda leva a um aumento dos preços, gerando o fenômeno da ''inflação de longo prazo'' do século XIX. Os altos custos de transporte também minaram o desenvolvimento industrial.
	Com os fatos citados acima, nota-se que o desenvolvimento mais abrangente de ferrovias, como nos EUA, poderia ter aumentado a produção de comida e manufaturados, além de diminuir os preços. Contudo, esse desenvolvimento não ocorreu devido à geografia e aos baixos ganhos marginais, de tal forma que o investimento estrangeiro não se justificava, além do fato de não haver capital doméstico suficiente e o governo ser pouco ativo.
	Buscando evidenciar as limitações econômicas ocasionadas pelo péssimo transporte, são feitas pesquisas empíricas, de tal forma que constata-se que houve maior crescimento do setor alimentício interno e mais exportação do mesmo com o crescimento das ferrovias no final do século XIX. Ademais, constata-se o aumento de tarifas para importados como outro fator benéfico ao mercado interno de alimentos e manufaturados.
	Sobre a posição passiva do governo acerca da construção de ferrovias, temos a questão fiscal como principal fator impeditivo. Durante o século XIX, buscou-se evitar déficits nominais no Brasil, de tal forma que, em conjunto com o sistema tributário muito concentrado no comércio internacional e, à rigor, pouco rentável (baixa captação), aumentar a captação enfrentava resistências, limitando os gastos. Como o investimento em transporte era caro, optou-se pelo capital estrangeiro. Em parte, o aspecto centralizado do Império colaborou para as resistências de aumento de impostos, haja vista que províncias não conseguiam fazer grandes investimentos e as elites locais possuíam preferências distintas para que aceitassem contribuir para um projeto público. Assim, o sistema monárquico, menos passível de participação política, também influenciou nisso.
	De maneira diferente, com a instauração da República em 1889, os gastos, de 1898 a 1913, cresceram a uma taxa de 10% ao ano, de tal forma que, com maior elasticidade de oferta e melhores transportes, houve um crescimento econômico real no período. Com isso, temos que o período imperial foi de "oportunidades perdidas".

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