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Resumo de Consequências Econômicas da Independência Brasileira Stephen Haber e Herbert Klein - Felipe Moreti Bolini e Lucas Silva Soares da Costa

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Felipe Moreti Bolini							Lucas Silva Soares da Costa
Resumo de “Consequências Econômicas da Independência Brasileira” – Stephen Haber e Herbert Klein
	O paper inicia sua argumentação relatando o fato de que muitos acadêmicos defendem que os processos de independência ocorridos na América Latina não foram economicamente libertadores, apenas subordinaram economicamente tais países a uma potência capitalista, a Inglaterra. Contudo, estudar essa dependência econômica é muito difícil, pois usualmente processos de independência envolvem grandes destruições de capital e longos períodos de instabilidade. Uma exceção à isso é o Brasil, que sofreu poucos embates e perdas de capital durante o processo de independência, de tal forma que é um bom caso de estudo para testar a relação entre independência política social e dependência econômica na América Latina.
	O artigo testa três hipóteses: o Brasil teve que abdicar de seu desenvolvimento comercial para proteger a coroa portuguesa de napoleão; a independência impactou significativamente as trocas internacionais brasileiras; e que o comercio restrito com a Inglaterra atrasou a industrialização brasileira. 
	Para realizar esta análise, retoma-se as interpretações históricas clássicas: como pagamento pelo transporte e segurança da família real portuguesa; os acordos de 1810, os quais são ratificados em 1827 e perduram até 1844. Além disso, o paper traz à tona o fato de que, ainda que a razão imediata para a transferência família real portuguesa tenha sido Napoleão, a ideia já era muito antiga e refletia a relação entre colônia e metrópole. No caso, desde 1790, produtos brasileiros eram mais de 40% das exportações portuguesas e colocar o Brasil como centro do império estava em pauta e possuía apoiadores.
	Ademais, o paper também salienta que a relação entre Brasil e Inglaterra existia desde 1703. O ouro e diamantes brasileiros eram quase que totalmente enviados à coroa inglesa, e o fluxo de importados ingleses para o Brasil era grandioso no século XVIII, ainda mais devido ao fato de que Portugal mal era capaz de abastecer o mercado interno com seus manufaturados. Ou seja, a relação comercial entre Brasil e Inglaterra não começou em 1808.
	Dessa forma, é claro que a Inglaterra possuía uma relação vantajosa com o Brasil, mas que essa relação advém de períodos prévios à independência, de tal forma que o fatos ocorridos após a independência política brasileira foi apenas uma institucionalização dessas relações com a Inglaterra. Contudo, o que ainda não está claro é a relação entre os comércios entre Brasil e Inglaterra e o subdesenvolvimento brasileiro.
	A independência política brasileira se difere significativamente das demais pelo fato de suas diretrizes comerciais não terem se alterado. Seus compradores e vendedores continuaram os mesmos. Argumenta-se ainda que, após 1808, não houve um grande aumento na relação econômica entre os países: na década de 1820, o comércio não sofreu grandes mudanças; de 1830 em diante, em parte por causa do café, Estados Unidos, França, Alemanha e Portugal se tornam relevantes no fluxo de exportações, diversificando a pauta. Ou seja, não há uma nova metrópole (Inglaterra), como sugerido.
	Um argumento considerado é o dos termos de troca, de que o câmbio de commodities agrárias em relação à manufaturados acaba por atacar o bem-estar e o desenvolvimento brasileiro. O prolongamento desta situação demonstra o alinhamento das elites brasileiras com os ideais coloniais. Contudo, essa argumentação dos termos de troca é falha. É verdade que até 1844 a Inglaterra se beneficiava de uma estrutura tarifária desigual, mas isso não significa que o controle do estado brasileiro foi abdicado aos ingleses, fato que se evidencia na dificuldade inglesa em abolir o tráfico negreiro no Brasil. Além disso, em 1844 o acordo realizado em 1827 caiu por terra, de tal forma que os policy makers brasileiros dobraram a tarifa aos ingleses. Ou seja, o Brasil era independente da Inglaterra e não se rebaixava frente à demanda britânica. 
	Outro argumento é o de que não é claro que o câmbio livre prejudicou o Brasil. Os preços de exportação aumentaram 22% em 40 anos, enquanto que os de importaram pouco se alteraram. Assim, não é tão claro o fato posto de que uma política protecionista teria sido melhor.
	Nesse momento, os autores abordam a Teoria da Dependência e três ideias principais. A primeira, de que uma tarifa protecionista teria sido benéfica ao pais; a segunda, de que os importados ingleses impediram o desenvolvimento da indústria brasileira; e, por fim, a terceira ideia de que o Brasil possuía capacidade financeira e tecnológica para se industrializar. A primeira ideia cai por terra quando observamos o fato de que se tal fosse posta em prática os danos às contas públicas seriam muito grandes, dado que ocorreriam menos importações, e o governo não seria capaz de suportar tal situação. A segunda ideia se torna fraca quando observamos o fato de que a indústria de algodão não foi destruída por importados. Por fim, é evidente que o país não possuía capacidade para se financiar na medida em que a arrecadação de capital era limitada, tal qual o sistema financeiro/bancário, havendo poucas possibilidades de empresas construírem dívidas e não havendo possibilidade de empresas abrirem capital. Além disso, os custos de logística reduziam os lucros das empresas e, portanto, os investimentos, de tal forma que a inovação tecnológica seguia o mesmo caminho. Por fim, outro fator que faz desta terceira ideia frágil é a desigualdade socioeconômica presente no Brasil, decorrente da escravidão, havendo, portanto, baixa demanda.
	Com isso, é evidenciado o fato de que o modelo de dependência dos efeitos da independência possui baixo poder explicativo no caso brasileiro, de tal forma que a conclusão é de que, na verdade, a independência política explica muito pouco da economia brasileira.

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