Aula 2 Introdução a NBR ISO9001 2015-escopo da norma

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Auditoria da Qualidade
Aula 2: Introdução à NBR ISO 9001:2015 - escopo da norma
Apresentação
Na aula 1 denimos o que é um sistema de Gestão da Qualidade, bem como seus sete princípios: Foco no cliente, Liderança, Engajamento das pessoas, Abordagem de processos, Melhoria, Decisão baseada em evidências e Gestão de relacionamento. Apresentamos também a Norma NBR ISO 9001:2015 e exploramos cada um dos seus 8 Requisitos: Introdução e escopo da norma, Contexto da organização, Liderança, Planejamento, Apoio, Operação, Avaliação de desempenho e Melhoria.
Com a nova versão da ISO 9001, houve algumas mudanças signicativas na aplicação do Escopo, direcionando ainda mais as empresas para o resultado em si, e não para a simples aplicação da norma. Esse requisito será o foco do aprofundamento na Norma nesta aula. Exploraremos também a abordagem de processo, apresentaremos o ciclo PDCA e a mentalidade de Risco.
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Fonte: TierneyMJ / Shutterstock 
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Aprofundamento sobre a NBR ISO 9001:2015
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A ISO 9001:2015 foi oficialmente publicada em setembro de 2015 e trouxe várias mudanças e discussões.
É oportuno frisar que a ISO 9001 estabelece um sistema de gestão para que as organizações sejam mais ecientes, satisfaçam mais seus clientes e,
dessa forma, alcancem seus objetivos.
A mudança na forma de determinar o escopo, por exemplo, é uma prova disso. Aqui vamos nos aprofundar na denição de Escopo que delimita a atuação de um Sistema de Gestão da Qualidade comparando a versão anterior (2008) com a versão mais atual, de 2015.
Em relação ao manual da Qualidade, na versão 2008, o escopo podia ser formalizado no Manual da Qualidade, que não é mais um requisito obrigatório na versão 2015 da Norma. Entretanto, a norma ainda estabelece que O escopo do sistema de gestão da qualidade da organização deve estar disponível e ser mantido como informação documentada. Assim, ainda é E mesmo não sendo obrigatório, o Manual da Qualidade ainda é uma ferramenta muito útil nesse processo.
 ( Fonte: Dn Br / Shutterstock )
Atenção
Na versão 2008, era possível reduzir o escopo do Sistema de Gestão da Qualidade, limitando-o, por exemplo, a alguns processos macro. Agora, na versão 2015, isso será um pouco mais difícil, a não ser que aquilo que se pretende excluir não impacte no resultado da empresa ou na conformidade dos produtos/serviços.
O objetivo da ISO 9001 é melhorar o sistema de gestão e, com isso, garantir que as organizações alcancem seus objetivos, assim, tudo aquilo que estiver relacionado ao planejamento estratégico (e a Qualidade, é claro)
deverá constar no escopo.
Exemplo
Suponhamos que o principal produto comercializado por uma determinada empresa sejam peças para colheitadeiras agrícolas, mas que no planejamento estratégico a empresa tenha decidido expandir sua participação de mercado, concentrando seus esforços em peças para tratores.
Se essa expansão impactar a saúde nanceira da empresa, se afetar o funcionamento do SGQ, ambos os produtos deverão constar na denição do escopo.
A empresa não poderá certicar apenas uma linha de produtos, pois isso pode afetar os resultados da organização e certamente vai impactar no alcance de seus objetivos. Então, dentro do escopo, todos os itens devem ser aplicados, um requisito só não será aplicável quando tiver uma justicativa extremamente boa, ou seja, quando ele não afetar a qualidade do produto/serviço e, assim, não inuenciar no resultado da empresa.
Não podemos esquecer que o item 4.3 da norma é, na verdade, um subtópico do item “4 Contexto da organização” e a ISO 9001 fez questão de deixar claro que o escopo precisa estar alinhado a ele. Ao determinar esse escopo, a organização deve considerar:
	a
b 
As questões externas e internas referidas em 4.1. 	 Os requisitos das partes interessadas pertinentes referidos em 4.2.
c 
Os produtos e serviços da organização.
Repare que o item “a” e “b” terminam citando os dois tópicos anteriores da norma, “4.1 Entendendo a organização e seu contexto” e “4.2 Entendendo as necessidades e expectativas de partes interessadas”, tornando esses requisitos fundamentais para o escopo.
Comentário
O que não houve na evolução das versões da norma foi a necessidade de levar em consideração alguns aspectos na hora de deni-la, como a política da qualidade, os processos e a natureza da organização. Dentro ou fora do manual, essas orientações para denição do escopo não mudaram. Agora, na versão 2015, a ISO 9001 estendeu essa preocupação, fazendo com que as empresas também analisem questões legais, tecnológicas, de competitividade ou de mercado, questões culturais e sociais. Bem como não esqueçam as expectativas do seu cliente, dos fornecedores e colaboradores, em resumo, de todas as partes interessadas. Igualmente, não é possível ignorar questões estratégicas. Se algo é essencial para a sobrevivência da empresa, não é possível excluir isso do seu escopo.
A ISO 9001:2015 está focada em fazer com que as empresas satisfaçam seus clientes e alcancem seus objetivos. Não é exagero dizer que a maior parte dos objetivos empresariais está relacionada com a venda de produtos ou serviços. Entretanto, para que o produto/serviço possa ser vendido, há uma série de processos que se inter-relacionam e que causam signicativos impactos uns nos outros, fazendo com que seja muito complexo excluir algum sem afetar a Qualidade do produto ou serviço.
Então, tudo que afeta o produto/serviço, afeta a Qualidade, afeta o alcance dos objetivos e, por isso, deve ser levado em consideração no escopo.
Basicamente, esses são os fatores que você precisa levar em conta quando for descrever o escopo do seu SGQ. E isso não é só para atender à norma. Analisar esses fatores ajuda a organizar sistematicamente a sua empresa a pensar de forma mais macro, mais abrangente e, assim, mais direcionada aos resultados que sua organização pode alcançar.
O escopo deverá descrever de forma simplicada a sua empresa. Para isso, é possível se orientar por algumas perguntas que, por si só, denem quem ela é no mercado:
Onde minha empresa está localizada?
Quais os produtos/serviços são vendidos pela minha empresa?
Em qual mercado (local físico) minha empresa atua?
Para quem eu vendo?
Quais os processos do meu SGQ?
Ao responder essas perguntas, você estará formalizando informações importantes sobre o funcionamento do seu Sistema de Gestão da Qualidade, orientando-se e orientando seu Sistema de Gestão da Qualidade para os resultados que você espera. E isso acontece porque esses aspectos tanto afetam seu Sistema de Gestão da Qualidade quanto são afetados por ele.
Você pode, por exemplo, ser uma empresa situada no Brasil, mas que destina toda a sua produção à exportação. Dessa forma, seus processos serão orientados para tornar possível que essa transação ocorra.
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 Alguns exemplos de denição de Escopo
Abordagem de processo
A NBR ISO 9001:2015 promove uma abordagem de processo no desenvolvimento, implementação e melhoria da ecácia de um sistema de gestão da qualidade para aumentar a satisfação do cliente pelo atendimento aos requisitos dele.
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Fonte: NicoElNino / Shutterstock 
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Entender e gerenciar processos inter-relacionados como um sistema contribui para a ecácia e a eciência da organização em atingir seus resultados pretendidos. Essa abordagem habilita a organização a controlar as inter-relações e interdependências entre processos do sistema, de modo que o desempenho global da organização possa ser elevado.
A abordagem de processo envolve a denição e a gestão sistemática de processos e suas interações para alcançar os resultados pretendidos de acordo com a política da qualidade e com o direcionamento estratégico da organização. A gestão dos processos e do sistemacomo um todo pode ser conseguida usando o ciclo PDCA com um foco geral na mentalidade de risco (itens que veremos a seguir, ainda nesta aula), visando tirar proveito das oportunidades e prevenir resultados indesejáveis.
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A aplicação da abordagem de processo em um sistema de gestão da qualidade proporciona:
	1
2 
	Entendimento e consciência no atendimento e requisitos.
	A consideração de processos em termos de valor agregado.
	3
4 
	Melhoria de processos baseada na avaliação de dados e
	O alcance de desempenho ecaz do processo.
informação.
A gura 1 é uma representação esquemática de qualquer processo e das interações de seus elementos, sendo dividida em 5 partes:
	1
2 
	Fontes de entradas (que normalmente são fornecedores).
	Entradas (os insumos).
3 
Atividades (que é o processo).
	4
5 
	Saídas (produtos ou serviços).
	Recebedores de saídas (normalmente os clientes internos ou
externos).
Na gura 1 também são destacados os possíveis controles para monitorar e medir o desempenho, destacando os pontos de partida. Os pontos de monitoramento e medição necessários para controle são especícos de cada processo e variam dependendo dos riscos relacionados.
 Figura 1: representação esquemática de um processo, retirada da NBR ISSO 9001:2015 (item 0.3.1)
Ciclo PDCA
O Ciclo PDCA (Plan – Do – Check – Act) pode ser aplicado para todos os processos e para o sistema de gestão da qualidade como um todo. Este ciclo pode ser resumidamente descrito como:
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Fonte: one photo / Shutterstock 
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Plan (planejar)
produtos e serviços resultantes em relação as políticas, objetivos e requisitos, e reportar os resultados.
A gura 2 demonstra como o ciclo PDCA pode ser associado às Seções de 4 a 10 na NBR ISO 9001:2015 (os números nos ciclos, correspondem à Seção na Norma).
 Figura 2: o ciclo PDCA, da norma NBR ISO 9001:2015 (item 0.3.2)
Mentalidade de risco
A mentalidade de risco é essencial para se conseguir um sistema de gestão da qualidade ecaz. Seu conceito estava implícito nas versões anteriores da NBR ISO 9001:2015, incluindo, por exemplo, realizar ações preventivas para eliminar não conformidades potenciais, analisar quaisquer não conformidades que ocorram e tomar ação para prevenir recorrências que sejam apropriadas aos efeitos da não conformidade.
Para estar conforme os requisitos da Norma, uma organização precisa planejar e implementar ações para abordar riscos e oportunidades, o que permite estabelecer uma base para o aumento da ecácia do sistema de gestão da qualidade, conseguir resultados melhorados e para a prevenção de efeitos negativos.
Oportunidades podem surgir como resultado de uma situação favorável ao atingimento de um resultado pretendido, por exemplo, um conjunto de circunstâncias que possibilite à organização atrair clientes, desenvolver novos produtos e serviços, reduzir desperdício ou melhorar produtividade. Ações para abordar oportunidades podem também incluir a consideração de riscos associados.
Risco é o efeito da incerteza e qualquer incerteza pode ter um efeito positivo ou negativo. Um desvio positivo proveniente de um risco pode oferecer uma oportunidade, mas nem todos os efeitos positivos de risco resultam em oportunidades.
Atividade
1. Sobre o objetivo da ISO 9001 e sua relação com o Escopo, qual das opções abaixo está mais completa?
a) O objetivo do escopo é formalizar o planejamento estratégico da organização para atender os requisitos da NBR ISO 9001:2015.
b) O objetivo da ISO 9001 é melhorar a qualidade dos produtos e serviços e garantir que as organizações alcancem seus objetivos.
c) O escopo, alinhado com o objetivo da ISO 9001, define o planejamento estratégico das organizações.
d) O objetivo da ISO 9001 é implantar o sistema de gestão, através da definição do escopo dos produtos e serviços das empresas.
e) O objetivo da ISO 9001 é melhorar o sistema de gestão e, com isso, garantir que as organizações alcancem seus objetivos, assim, tudo aquilo que estiver relacionado ao planejamento estratégico (e a Qualidade, é claro) deverá constar no escopo.
2. Quais os elementos que as organizações devem considerar para determinar o escopo?
a) As questões externas e internas referidas em 4.1, onde minha empresa está localizada? E quais os produtos/serviços são vendidos pela minha empresa?
b) As questões externas e internas referidas em 4.1, os requisitos das partes interessadas pertinentes referidos em 4.2 e os produtos e serviços da organização.
c) As questões externas referidas em 4.1, os requisitos das partes interessadas pertinentes referidos em 4.2 e onde a minha empresa está localizada?
d) As questões internas referidas em 4.1, os requisitos das partes interessadas pertinentes referidos em 4.2 e quais os produtos/serviços são vendidos pela minha empresa?
e) Onde minha empresa está localizada? os requisitos das partes interessadas pertinentes referidos em 4.2 e os produtos e serviços da organização.
3. Quais os benefícios proporcionados pela aplicação da abordagem de processo em um sistema de gestão da qualidade? a) Entendimento e consciência no atendimento e requisitos.
b) A consideração de processos em termos de valor agregado.
c) Melhoria de processos baseada na avaliação de dados e informação.
d) O atingimento de desempenho eficaz do processo.
e) Todas as alternativas anteriores.
4. Correlacione as colunas com a denição de cada etapa do Ciclo PDCA (preencher os parênteses com Plan, Do, Check ou Act).
Plan 1 Do 2 Check 3 Act 4
a) Monitorar e (onde aplicável) medir os processos e os produtos e serviços resultantes em relação as políticas, objetivos e requisitos, e reportar os resultados.
b) Estabelecer os objetivos do sistema e seus processos e os recursos necessários para entregar resultados de acordo com os requisitos dos clientes e com as políticas da organização.
c) Executar ações melhorar o desempenho, conforme o necessário.
d) Do (fazer): implementar o que foi planejado.
5. Considere as asserções abaixo sobre a mentalidade de riscos:
1: Para estar conforme com os requisitos da Norma, uma organização precisa planejar e implementar ações para abordar riscos e oportunidades.
2: A abordagem de riscos e oportunidades estabelece uma base para o aumento da ecácia do sistema de gestão da qualidade, conseguir resultados melhorados e para a prevenção de efeitos negativos.
Sobre essas asserções podemos armar:
a) As asserções 1 e 2 estão erradas.
b) A asserção 1 está certa e a 2 está errada.
c) A asserção 1 está errada e a asserção 2 está certa.
d) As asserções 1 e 2 estão certas.
e) Nenhuma das respostas anteriores, pois não se refere à mentalidade de riscos.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9001: Sistema de gestão da qualidade - requisitos. Rio de Janeiro, 2015.
PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
RAMOS, D. ISO 9001:2015 – 4.3 Determinando o escopo do sistema de gestão da qualidade (Parte 1). Disponível em:
https://blogdaqualidade.com.br/4-3-determinando-o-escopo-do-sistema-de-gestao-da-qualidade-parte-1/. Acesso em: 21 out. 2019.
Próxima aula
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Necessidades e expectativas de partes interessadas.
Explore mais
Leia os textos a seguir e aprenda mais um pouco:
Será que sua empresa merece a ISO 9001:2015?;
ISO 9001:2015 - 4.3 Determinando o escopo do sistema de gestão da qualidade (parte 1); ISO 9001:2015 - 4.3 Determinando o escopo do sistema de gestão da qualidade (parte 2).