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Esquistossomose
Na classe Trematoda, encontramos a família Schistosomatidae, que apresenta sexos separados e são parasitos de vasos sanguíneos de mamíferos. Essa família é dividida em duas subfamílias: Bilharzielinae e Schistosomatinae. Na segunda estão incluídos os vermes que apresentam um nítido dimorfismo sexual, com espécies parasitando o homem e animais.
Dentre as principais espécies que têm importância epidemiológica em medicina humana, destaca-se a Schistosoma mansoni. No Brasil, a doença é popularmente conhecida como “xistose”, “barriga d’água” ou “mal do caramujo”, atingindo milhões de pessoas, numa das maiores regiões endêmicas dessa doença em todo o globo. As espécies de gênero Schistoma que afetam o homem chegaram às Américas durante o tráfico de escravos e com os imigrantes orientais e asiáticos (nos quais foram detectados numerosos indivíduos parasitados pelo S. haematobium e S. japonicum). Entretanto, apenas o S. mansoni aqui se fixou, seguramente pelo encontro de bons hospedeiros intermediários e condições ambientais e condições ambientais semelhantes às da região de origem.
· Morfologia
A morfologia do S. mansoni deve ser estudada nas várias fases que podem ser encontradas em seu ciclo evolutivo: adulto (macho e fêmea), ovo, miracídio, esporocisto e cercária.
a) Macho
Mede cerca de 1 cm e tem cor esbranquiçada. Apresenta o corpo dividido em duas porções: a anterior, na qual encontramos a ventosa oral e a ventosa ventral (acetábulo), e a posterior (que se inicia logo após a ventosa ventral), onde encontramos o canal ginecóforo; este nada mais é do que dobras das laterais do corpo no sentido longitudinal para albergar a fêmea e fecundá-la. Atrás do acetábulo encontramos 7 a 9 massas testiculares que se abrem diretamente no canal ginecóforo (o verme não apresenta órgão copulador, e assim, os espermatozóides passam pelos canais deferentes, que se abrem no poro genital, dentro do canal ginecóforo.
b) Fêmea
Mede 1,5 cm e tem cor mais escura devido ao ceco com sangue semidigerido. Na metade anterior, encontra-se a ventosa oral e o acetábulo. Seguindo-se a este temos a vulva, depois o útero e o ovário. A metade posterior é preenchida pelas glândulas vitelinas.
c) Ovo
Mede cerca de 150 micrômeros de comprimento por 60 de largura, com um formato oval, e na parte mais larga apresenta um espículo voltado para trás. O que caracteriza o ovo maduro é a presença de um miracídio formado, visível pela transparência da casca.
d) Miracídio
Apresenta forma cilíndrica. Apresenta, células epidérmicas, onde se implantam os cílios, os quais permitem o movimento no meio aquático. A extremidade anterior apresenta uma papila apical, ou terebratorium. Nela, encontram-se terminações das glândulas adesivas e de penetração. 
e) Cercária
As cercárias têm uma cauda bifurcada, a qual se perde rapidamente no processo de penetração, servindo apenas para a movimentação da larva no meio líquido. Duas ventosas estão presentes; a ventosa oral apresenta as terminações das chamadas glândulas de penetração; a ventosa ventral é maior e fixa-se na pele do hospedeiro no processo de penetração.
· Ciclo biológico
O Schistosoma mansoni, ao atingir a fase adulta de seu ciclo no sistema vascular do homem, alcança as veias mesentéricas, principalmente a veia mesentérica inferior, migrando contra a corrente circulatória; as fêmeas fazem a postura no nível da submucosa. Os ovos colocados levam cerca de uma semana para tornarem-se maduros (com miracídio formado). Da submucosa chegam à luz intestinal. Os prováveis fatores que promovem esta passagem são: reação inflamatória, pressão dos ovos (bombeamento), enzimas proteolíticas produzidas pelo miracídio. Assim, há a perfuração da parede venular; os ovos ganham a luz intestinal e são excretados juntamente com as fezes. Se, decorridos cerca de 20 dias, os ovos não conseguirem atingir a luz intestinal, ocorrerá a morte dos miracídios. Alcançando a água, os ovos liberam o miracídio, estimulados pelos seguintes fatores: temperaturas mais altas, luz intensa e oxigenação da água. A capacidade de penetração restringe-se a cerca de oito horas após a eclosão e é notavelmente influenciada pela temperatura. O contato com o tegumento do molusco faz com que o terebratorium assuma a forma da ventosa, ocorrendo, quase simultaneamente a descarga do conteúdo das glândulas de adesão. A ação combinada dos intensos movimentos do miracídio e da ação de suas enzimas proteolíticas constitui o elemento que permite sua introdução nos tecidos do molusco.
A larva, após a perda das glândulas de adesão e penetração, continua a perder outras estruturas no processo de penetração. O miracídio, transforma-se, na verdade, em um saco com paredes de cutícula contendo a geração das células germinativas, o qual é denominado esporocisto.
Inicialmente o esporocisto apresenta movimentos ameboides, que diminuem com o tempo até a completa imobilidade da larva. Ocorre no seu interior uma série de ramificações tubulares, onde há a multiplicação de células germinativas. Em condições ideais de temperatura, irão ser formados esporocistos secundários, a partir da segunda semana de penetração do miracídio. Os esporocistos secundários, algum tempo depois de terem atingido o seu destino final nas paredes cuticulares, apresentam três áreas estruturais bem definidas. A primeira seria o chamado poro de nascimento, a segunda apresenta cercárias desenvolvidas ou em desenvolvimento e a terceira possui células embrionárias que darão origem ao esporocisto terciário.
A formação cercariana inicia-se com a disposição das células germinativas em uma mórula. Com o crescimento da mórula, esta célula central se multiplica. Mais tarde, serão formadas fibras musculares, e a formação completa desse estágio larval ocorre em um período de até 30 dias.
A Biomphalaria glabrata pode eliminar por dia, em média, até 4500 cercárias e a Biomphalaria straminea, do Nordeste, em média 400 cercárias/dia. Embora as cercarias possam viver por 36 a 48 horas, sua maior atividade e capacidade infectiva ocorrem nas primeiras oito horas de vida. Nadam ativamente na água, não sendo, entretanto, atraídas pelo hospedeiro preferido. Ao alcançarem a pele do homem, se fixam preferencialmente entre os folículos pilosos com auxílio das duas ventosas e de uma substância mucoproteica secretada por suas glândulas acetabulares. Por ação lítica e mecânica promovem a penetração do corpo cercariano (de forma ativa) e ao mesmo tempo, a perda da cauda. Quando ingeridas com a água, as que chegam ao estômago são destruídas pelo suco gástrico, mas as que penetram na mucosa bucal desenvolvem-se normalmente. Após a penetração, as larvas resultantes, denominadas esquistossômulos, adaptam-se às condições fisiológicas do meio interno, migram para o tecido subcutâneo e, ao penetrarem num vaso, são levadas passivamente até os pulmões, pelo sistema vascular sanguíneo. Dos pulmões, os esquistossômulos se dirigem para o sistema porta. Uma vez no sistema porta intra-hepático, os esquistossômulos se alimentam e se desenvolvem, transformando-se em machos e fêmeas, 25 a 28 dias após a penetração. Daí migram, acasalados, para o território da veia mesentérica inferior, onde farão a oviposição.
· Transmissão
Pela penetração ativa das cercarias na pele e mucosa. Penetram mais frequentemente nos pés e pernas por serem as áreas do corpo que mais ficam em contato com as águas contaminadas. O horário em que são vistas em maior quantidade na água e com maior atividade é entre 10 e 16 horas, quando a luz solar e o calor são mais intensos. Os locais onde se dá a transmissão com mais freqüência são os focos peridomiciliares: valas de irrigação de hortas, açudes, pequenos córregos.
· Quadro clínico
· Esquistossomose Aguda:
a) Fase pré-postural: sintomatologia variada, há pacientes que não se queixam de nada e outros reclamam de mal-estar, problemas pulmonares (tosse), dores musculares, desconforto abdominal e um quadro de hepatite aguda.
b) Fase aguda: enterocolite e no fígado provoca a formação de granulomas, caracterizandoa forma toxêmica, sendo que o doente apresenta um quadro febril, sudorese, calafrios, emagrecimento, diarréia, disenteria, hepatoesplenomegalia discreta e alterações discretas das funções hepáticas (transaminases)
· Esquistossomose Crônica:
a) Intestino: diarréia mucossanguinolenta, dor abdominal, tenesmo; diminuição do peristaltismo e constipação constante. Entretanto, a maioria dos casos crônicos é benigna
b) Fígado: “fibrose de Symmers”, quadro de granuloma no órgão que provoca uma neoformação conjuntivovascular ao redor dos vasos portais, devido ao fibrosamento dos espaços porta. Não nota-se cirrose, mas sim fibrose do órgão.
· Aspectos epidemiológicos
Em locais sem saneamento básico onde ocorre alta endemicidade da doença e presença de Biomphalaria glabrata há transmissão de esquistossomose. O clima de país tropical propicia as condições necessárias para a transmissão da doença, já que as variáveis temperatura e luminosidade favorecem a eclosão do miracídio e a proliferação de criadouros de moluscos. Cabe ainda alertar que o período chuvoso pode, por outro lado, propiciar a dispersão dos caramujos pelas enchentes e a formação de novos criadouros temporários, e, deste modo, provocar um aumento da população planorbídica logo após a diminuição da intensidade das chuvas. Vários estudos mostram que as faixas etárias mais jovens são as que apresentam a maior taxa de prevalência e as cargas parasitárias mais altas. Os fatores que explicariam este fato seriam relacionados ao sistema imunológico, sistema endócrino e aspectos comportamentais.

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