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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS- UFT DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE NUTRIÇÃO Nutrição Básica Profa. Dra. Renata Junqueira Pereira Apostila didática formatada para o Curso de Nutrição. Palmas, 2012 2 2 NUTRIÇÃO COMO CIÊNCIA O conhecimento sobre Nutrição se fundamenta em duas áreas da ciência. As ciências físicas da bioquímica e da fisiologia mostram como a nutrição se relaciona com a saúde física e o bem estar, num complexo grupo de componentes químicos em trabalho numa corrente de funções e de reações designadas à manutenção da vida. As ciências do comportamento auxiliam uma maior compreensão de como a nutrição está interligada à natureza humana, baseando-se nos princípios psicológicos e experiências de vida individuais. A Ciência da Nutrição se fundamenta no conhecimento científico, desenvolvido através de pesquisas que relatam os processos envolvidos na ingestão de alimentos, assimilando-os e utilizando-os para manutenção dos tecidos corporais e armazenamento de energia; um alicerce para a vida e a saúde. Nutrientes são substâncias presentes nos alimentos, essenciais ao fornecimento de energia, ao crescimento e ao funcionamento normal do organismo e manutenção da vida. Necessidades Nutricionais são as quantidades de nutrientes e de energia disponíveis nos alimentos que um indivíduo sadio deve ingerir para satisfazer suas necessidades fisiológicas normais e prevenir sintomas de deficiências. Macronutrientes é a denominação dada aos três grandes nutrientes que produzem energia: carboidratos, proteínas e gorduras. Micronutrientes são as duas classes de pequenos elementos e composições, não- energéticos: as vitaminas e os minerais. Eles são essenciais, em pequenas quantidades, ao regulamento e controle das funções no metabolismo celular e na formação de estruturas do corpo. Dietética é a ciência ligada ao planejamento nutricional e à preparação de alimentos, desenvolvidos através da administração da dieta e do uso do alimento. 3 3 OS NUTRIENTES PODEM SER CLASSIFICADOS EM: ENERGÉTICOS: combustíveis corporais (Calor + Energia) – Carboidratos e Lipídeos. Em certos casos: proteínas. PLÁSTICOS: constituição corporal, crescimento e reparação – Proteínas, água, minerais e lipídeos. REGULADORES: homeostase do organismo – vitaminas, minerais, proteínas, água e fibras. ESSENCIAIS: Não sintetizados pelo organismo: Ácidos graxos linoléico (ω-6) e linolênico (ω-3) Aminoácidos essenciais: leucina, isoleucina, valina, metionina, triptofano, lisina, fenilalanina, treonina e histidina. Vitaminas: lipossolúveis e hidrossolúveis Minerais Sintetizados pelo organismo, mas em quantidade insuficiente para a manutenção dos processos vitais, devendo ser supridos pela dieta: Água SEMI-ESSENCIAIS: São formados no organismo a partir de um precursor essencial e, portanto, tornam-se essenciais na ausência ou insuficiência de seus precursores. Aminoácidos: cisteína e tirosina Metionina _____ Cisteína Fenilalanina ______ Tirosina NÃO ESSENCIAIS: Normalmente sintetizados pelo organismo ou supridos pela alimentação normal, exceto as fibras que são de origem vegetal. Carboidratos Maioria dos Lipídeos Fibras dietéticas 4 4 ALIMENTOS ORIGEM VEGETAL CEREAIS – arroz, trigo, milho, cevada, centeio, aveia etc e seus derivados. LEGUMINOSAS – feijão, lentilha, ervilha, grão-de-bico, amendoim, soja, tremoço etc. RAÍZES e TUBÉRCULOS – mandioca, cará, inhame, batata, batata-doce, batata baroa, cenoura, beterraba, cebola etc. VEGETAIS FOLHOSOS – alface, taioba, agrião, acelga, brócolis, couve-flor etc. LEGUMES – abóbora, abobrinha, chuchu, jiló, quiabo etc. SEMENTES OLEAGINOSAS – amêndoas, castanhas, nozes, gergelim, girassol ÓLEOS VEGETAIS – gordura de coco e gorduras hidrogenadas vegetais FRUTAS – maçã, pêra, tomate, uva, ameixa, figo etc AÇÚCARES E DOCES: incluindo o mel ORIGEM ANIMAL LEITE E DERIVADOS – queijos, iogurte, sorvete, leite condensado, coalhada etc. CARNES – boi, porco, carneiro, peixe, aves e seus derivados: salsicha, salame, presunto (embutidos em geral) OVOS GORDURAS ANIMAIS – manteiga, creme de leite e banha de porco. NUTRIENTES BIODISPONÍVEIS: nutrientes que são liberados no trato digestivo pela digestão dos alimentos e são absorvidos e utilizados pelo organismo. BOM ESTADO NUTRICIONAL: ingestão de nutrientes adequada e bem balanceada, permitindo a formação de reservas de nutrientes para: reprodução, crescimento e manutenção do organismo; funções normais dos órgãos e tecidos; resistência do organismo a infecções; disposição para o trabalho e atividades cotidianas e reparação de tecidos danificados. MAU ESTADO NUTRICIONAL: condição em que o organismo encontra-se debilitado, com progressivo esgotamento das reservas nutricionais. SUBNUTRIÇÃO: situação em que o indivíduo está ingerindo poucos alimentos e, portanto, poucos nutrientes. Representa o estado de transição entre a nutrição e a desnutrição. Termo em desuso, geralmente confundido com desnutrição. 5 5 DESNUTRIÇÃO: estado patológico resultante da ingestão de quantidades insuficientes de nutrientes, por longos períodos, causando alterações bioquímicas, morfológicas e psicológicas. SUPERNUTRIÇÃO: ingestão excessiva de alimentos, geralmente podendo levar á obesidade. OBESIDADE: estado patológico resultante da ingestão excessiva de alimentos, causando alterações bioquímicas, morfológicas e psicológicas. METABOLISMO – compreende a soma de processos físicos e químicos que se desenvolvem no organismo vivo, pelos quais as células convertem as substâncias nutritivas em energia útil, calor e trabalho, necessários à síntese de novos compostos vitais para estruturação e funções celulares. Constitui assim, um complexo total, contínuo, de trocas químicas que determinam a utilização final dos nutrientes. Os processos metabólicos são designados a atender a duas necessidades essenciais: produção de energia e manutenção de um equilíbrio dinâmico entre a construção (Anabolismo) e a destruição (Catabolismo) de tecidos, sendo esses processos controlados pelas enzimas celulares, coenzimas e hormônios. BALANÇO ENERGÉTICO (BE) Balanço Energético = Energia Ingerida – (Energia Gasta + Energia Excretada) BE Positivo = E Ingerida > (E Gasta + E Excretada) BE Negativo = E Ingerida < (E Gasta + E Excretada) BE Neutro = E Ingerida = (E Gasta + E Excretada) DIETA BALANCEADA Uma dieta nutritiva deve ser planejada de acordo com as condições físicas e de saúde do indivíduo, atendendo às leis fundamentais de alimentação, propostas por Escudero (quantidade, qualidade, harmonia e adequação). São consideradas também as deficiências nutricionais que podem ocorrer e os prejuízos decorrentes dos excessos alimentares. O objetivo é orientar três conceitos básicos: a variedade na seleção dos alimentos, a proporcionalidade e a moderação, principalmente em termos de gorduras e açúcares. A Pirâmide Alimentar, que foi publicada em 1992 pelo Departamento de Agricultura dos EUA, é o guia alimentar adotado oficialmente para a população americana. O guia alimentar da Pirâmide Alimentar tem um enfoque um pouco mais amplo que outros guias propostos anteriormente. Há uma preocupação em abordar a alimentação de forma a ensinar uma dieta global, e não apenas uma dieta básica. 6 6 VALOR ENERGÉTICO DOS ALIMENTOS MEDIDAS DE ENERGIA UNIDADES DE MEDIDA – a unidade padrão para medida de energia é a caloria (cal), que é a quantidade de energia térmica necessária para se elevar 1ml de água em 1°C. Devido ao fato da quantidade de energia envolvida no metabolismo dos gêneros alimentícios ser muito alta, a quilocaloria(kcal) = 1000 calorias, é comumente utilizada. É comum designar quilocaloria como caloria e utilizar a letra C maiúscula. 1 cal = 4,184 J (joule) 1kcal = 1000 cal ou 4184 J DIRETA MEDIDA DO CALOR LIBERADO - CALORIMETRIA INDIRETA A quantidade de energia gerada pelo organismo pode ser avaliada direta ou indiretamente. Calorimetria Direta – feita através da monitoração da quantidade de calor produzida por um indivíduo localizado dentro de uma estrutura grande o suficiente para permitir quantidades moderadas de atividade. Este método fornece uma medida da energia gasta na forma de calor, mas não fornece nenhuma informação sobre o tipo de combustível que está sofrendo oxidação. Seu uso é oneroso e não se encontra facilmente disponível. Calorimetria Indireta – o método indireto mede a taxa metabólica pela determinação do consumo de oxigênio com um espirômetro e a produção de dióxido de carbono do organismo por um dado tempo. Este procedimento tem a vantagem da mobilidade e do baixo custo do equipamento e pode ser aplicado quando o indivíduo está deitado em repouso ou engajado em várias atividades. Os dados obtidos permitem o cálculo do quociente respiratório (QR): QR = moles de CO2 expirado moles de O2 consumido O QR é convertido em quilocalorias de calor produzido por metro quadrado de superfície corporal por hora e é extrapolado para o gasto de energia em 24h. O RQ tem valor diferenciado para cada tipo de combustível: RQ Carboidrato = 1,0 Dieta mista = 0,85 Proteína = 0,82 Lipídeo = 0,7 7 7 MEDIDA ENERGÉTICA DO ALIMENTO A energia total disponível de um alimento é medida por meio de uma bomba calorimétrica. Este dispositivo consiste de um recipiente fechado, no qual uma amostra, previamente pesada, de alimento é queimada numa atmosfera de oxigênio por ignição elétrica. O recipiente é imerso em um volume de água e a elevação na temperatura da água após a queima do alimento é utilizada para calcular a energia térmica gerada. Nem toda a energia dos alimentos está disponível para as células. Os processos de digestão e absorção não são completamente eficientes e a porção nitrogenada dos aminoácidos não é oxidada, mas excretada na forma de uréia. Sendo assim, a energia biologicamente disponível dos alimentos é expressa em valores arredondados, discretamente abaixo daquela obtida no calorímetro. Energia Bruta do Alimento (calor de combustão) kcal/g Carboidrato Lipídeo Proteína Etanol 4,10 9,45 5,65 7,10 Energia nas Fezes Energia Digerível (kcal/g) Carboidrato Lipídeo Proteína Etanol 4,0 9,0 5,20 7,10 Energia na Urina Energia Metabolizável (energia disponível; valor de combustível fisiológico) kcal/g Carboidrato Lipídeo Proteína Etanol 4,0 9,0 4,0 7,0 8 8 Análise de Dietas e Como Fazer Anamnese Sexo Altura Idade Massa Corporal (peso e biotipo) Atividade Física Hábitos Alimentares Condições Socioeconômicas Necessidades Nutricionais de acordo com o sexo e faixa etária Análise da Dieta Consumida (História Alimentar, Recordatório 24h, Recordatório de 3 dias, Registro Alimentar ou Diário Alimentar, Questionário de Freqüência Alimentar etc). Características físico-químicas da dieta (volume, temperatura, consistência, fracionamento, condimento, fibras) Proporcionalidade dos Macronutrientes Prática 1 - COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS ALIMENTOS Calcular o valor de energia, carboidratos, lipídeos e proteínas dos alimentos das refeições abaixo: DESJEJUM 200 ml de Leite Integral 75g de pão 40g de queijo prato 10g de manteiga 10 g de açúcar 100g de banana prata ALMOÇO 170 g de arroz branco cozido 230g de feijão preto cozido 150g de carne de frango grelhada 40g de tomate 15g de alface 50g de cenoura crua LANCHE 200m de iogurte natural 15g de mel 6 unidades biscoito cream-craker 2 unidades de torradas JANTAR 120g de purê de batatas 150g de feijão roxinho cozido 130g de carne de boi moída 30g de brócoli cozido 9 9 UTILIZAÇÃO DOS GUIAS ALIMENTARAES NO PLANEJAMENTO DIETÉTICO DEFINIÇÃO Os guias alimentares são instrumentos de orientação e informação à população visando promover saúde e hábitos alimentares saudáveis. Os guias devem ser representados por grupos de alimentos, e são baseados na variedade de informações incluindo a relação existente entre os alimentos e a saúde dos indivíduos. Com um guia alimentar adequado à população os objetivos propostos podem ser alcançados. HISTÓRICO Século passado – Atwater – investigação nutricional e elaboração do primeiro guia alimentar. 1894: publicou padrões dietéticos para a população norte-americana. A partir daí foram propostos vários guias para diversos grupos populacionais com diferentes formas de apresentação: em rodas de alimentos, pilhas, utensílios, carrinhos de supermercado e finalmente como pirâmide. A primeira pirâmide foi proposta pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em 1992. 10 10 Traduzia as recomendações dos Guias Alimentares para Americanos publicados em 1990 e das Cotas Alimentares Dietéticas Recomendadas (RDAs) de 1989. A Pirâmide Alimentar original teve o intuito de transformar nutrientes em quantidades de alimentos a serem ingeridos diariamente, para alcançar as recomendações. Para adaptar ao hábito alimentar dos brasileiros, pesquisadores da Faculdade de Saúde Publica da USP, introduziu o grupo das leguminosas e adequou as porções de cada grupo de alimentos. Em abril de 2005, o Departamento da Agricultura dos E.U.A. lançou a sua nova pirâmide. Este novo símbolo substitui a antiga Pirâmide de Alimentos, publicada em 1992. Os objetivos da reformulação foram: Tornar o símbolo mais efetivo para a motivação dos indivíduos em selecionar alimentos saudáveis. Transmitir as informações científicas nutricionais mais atualizadas. Adequar-se às recomendações dos Guias Alimentares para Americanos de 2005 e às novas Ingestões Dietéticas de Referência (DRIs), publicadas a partir do ano de 2000. Abordar mais individualização. 11 11 A NOVA PIRÂMIDE As Bases Como a anterior, a nova pirâmide é um símbolo, uma ferramenta de educação nutricional que reflete as recomendações dos Guias Alimentares para Americanos. Serve para auxiliar indivíduos a alcançar a alimentação e o estilo de vida saudável. O símbolo não é uma dieta terapêutica para nenhuma condição de saúde específica. Os indivíduos que apresentam condições de saúde crônica devemconsultar um profissional da saúde para determinar qual o padrão de dieta é mais apropriado para sua situação. O que não mudou no novo símbolo? O formato de pirâmide. O número de grupos alimentares e os alimentos pertencentes a cada grupo. Os três conceitos básicos da alimentação saudável: proporcionalidade, variedade e moderação. O conceito de proporcionalidade entre os grupos alimentares. A adequação para indivíduos a partir de 2 anos de idade. O que mudou na nova pirâmide? Maior simplicidade: ausência dos símbolos de gorduras e açúcares adicionados dentro de cada grupo alimentar. Inclusão da atividade física como princípio de estilo de vida saudável, que é simbolizado por um indivíduo subindo uma escada, na lateral esquerda da pirâmide. Este conceito foi adicionado aos pré-existentes (variedade, proporcionalidade e moderação). Ênfase na importância de mudanças graduais no estilo de vida: incluído no símbolo da escada. Apresentação dos grupos alimentares em listras verticais coloridas, mantendo a idéia de proporção entre eles. Porém, o novo símbolo engloba, também, a proporcionalidade dentro de um mesmo grupo. Por exemplo: os produtos de grãos integrais estão localizados próximos à base, e os mais ricos em gordura e açúcar (ex.: croissant) estão mais próximos ao topo da pirâmide. Maior possibilidade de individualização: O novo símbolo recomenda 12 níveis calóricos. Aumento do número de porções para hortaliças e frutas, e redução do tamanho da porção do grupo das carnes. As cores de alguns grupos alimentares encorajam a escolha de alimentos mais nutritivos. Por exemplo: o grupo dos Grãos tem cor alaranjada, para dar ênfase aos grãos integrais; o grupo das Hortaliças é verde-escuro, para dar ênfase às hortaliças dessa cor. Inclusão da categoria de óleos, enfatizando à base contendo fontes de óleos monoinsaturados e polinsaturados, e limitando ao topo as fontes de gorduras saturadas, trans e colesterol. Inclusão da “permissão de calorias controladas”. 12 12 Observar a quantidade recomendada de cada grupo alimentar, nas diferentes faixas energéticas, para o planejamento dietético utilizando-se o guia da pirâmide alimentar. 13 13 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA O guia contém as primeiras diretrizes alimentares oficiais para nossa população; As orientações do guia são adequadas à prevenção de doenças crônicas não- transmissíveis (DCNT) como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e câncer; Por outro lado, aborda as deficiências nutricionais e as doenças infecciosas, prioridades de saúde pública no Brasil; Contém mensagens centrais para promoção da saúde e prevenção da má-nutrição em suas diferentes formas de manifestação. Dez passos para alimentação saudável 1- Faça pelo menos 3 refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia. Não pule refeições. 2- Inclua diariamente 6 porções do grupo de cereais (arroz, milho, trigo, pães e massas), tubérculos e raízes nas refeições. Dê preferência aos grãos integrais e aos alimentos na sua forma mais natural. 3- Coma diariamente pelo menos 3 porções de legumes e verduras como parte das refeições e 3 porções ou mais de frutas nas sobremesas e lanches. 4- Coma feijão com arroz todos os dias ou, pelo menos, 5 vezes por semana. Esse prato brasileiro é uma combinação completa de proteínas. 5- Consuma diariamente 3 porções de leite e derivados e 1 porção de carnes, aves, peixes ou ovos. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação torna esse alimentos mais saudáveis! 6- Consuma, no máximo, 1 porção por dia de óleos vegetais, azeite, manteiga ou margarina. Fique atento aos rótulos dos alimentos e escolha aqueles com menores quantidades de gorduras trans. 7- Evite refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas doces e outras guloseimas como regra da alimentação. 8- Diminua a quantidade de sal na comida e retire o saleiro da mesa. Evite consumir alimentos industrializados com muito sal (sódio) como hamburguer, charque, salsicha, lingüiça, presunto, salgadinhos, conservas de vegetais, sopas, molhos e temperos prontos. 14 14 9- Beba pelo menos 2 litros (6 a 8 copos) de água por dia. Dê preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições. 10- Torne sua vida mais saudável. Pratique pelo menos 30 minutos de atividade física todos os dias e evite as bebidas alcoólicas e o fumo. Mantenha o peso dentro de limites saudáveis. Deve-se considerar o número de porções propostas pelos dez passos e consultar sempre as tabelas de equivalentes propostas pelo guia: 15 15 16 16 17 17 DIETARY REFERENCE INTAKES – DRI (INGESTÕES DIETÉTICAS DE REFERÊNCIA) Necessidades Nutricionais – são as quantidades de nutrientes e de energia disponíveis nos alimentos que um indivíduo sadio deve ingerir para satisfazer suas necessidades fisiológicas normais e prevenir sintomas de deficiências. Assim, as necessidades nutricionais se expressam em médias para grupos semelhantes da população. DIETARY REFERENCE INTAKES – DRI DRI – conjunto de 4 conceitos de referência para consumo de nutrientes, com definições e aplicações diferenciadas, propostos pelo Food and Nutrition Board/ Institute of Medicine a partir de 1997: EAR – Estimated Average Requirement AI – Adequate Intake RDA – Recommended Dietary Allowance UL–Tolerable Upper Intake Level NECESSIDADE MÉDIA ESTIMADA (EAR) – representa o valor de ingestão de um nutriente, estimado para satisfazer as necessidades de 50% dos indivíduos saudáveis de determinada faixa etária, estado fisiológico e sexo. É utilizado como base para estabelecer as RDA e também para avaliar a adequação e o planejamento da ingestão dietética de grupos populacionais. INGESTÃO DIETÉTICA RECOMENDADA (RDA) – é o nível de ingestão dietética suficiente para satisfazer as necessidades de quase todos os indivíduos saudáveis (97 a 98%) em determinada faixa etária, estado fisiológico e sexo. A RDA é um valor a ser usado como meta de ingestão na prescrição da dieta para indivíduos saudáveis, não devendo ser utilizada para avaliação da adequação da dieta e nem para o planejamento de cardápios de grupos populacionais. INGESTÃO ADEQUADA (AI) – é o nível de ingestão de nutrientes a ser utilizado em substituição à RDA quando as evidências científicas não forem suficientes para o cálculo da EAR. Tais recomendações de ingestão baseiam-se no consumo médio de nutrientes observado ou estimado para um grupo de indivíduos considerados saudáveis. A AI deve ser usada como meta de consumo de nutrientes na prescrição da dieta para indivíduos saudáveis, na ausência da RDA. 18 18 NÍVEL MÁXIMO DE INGESTÃO TOLERÁVEL (UL) – é o nível mais alto de ingestão diária de nutrientes isento de risco de efeitos adversos à saúde para quase todos os indivíduos de uma população. O UL não é um nível de ingestão recomendável, uma vez que se questionam os benefícios do consumo de nutrientes acima dos valores de RDA ou AI. O UL é baseado no NOAEL (maior nível de ingestão ou dose experimental de um nutriente que não resultou em nenhum efeito adverso). Se não há dados adequados de NOAEL, utiliza-se o LOAEL (ingestão mais baixa ou dose experimental a partir da qual um efeito adverso tenha sido identificado). PARÂMETROS PARA O ESTABELECIMENTO DAS DRI Categorias de Estágios de Vida As recomendações para ingestão do nutriente são expressas em 16 grupos de estágios de vida. As categorias são utilizadas para todos os nutrientes (Quadro 1). Primeira Infância (desde o nascimento até 12 meses) 0 a6 meses 7 a 12 meses Necessidades aumentadas devido à grande velocidade de crescimento nesta fase. Infância 1 a 3 anos A grande velocidade de crescimento nessa faixa etária, comparada com a de 4 a 5 anos, fornece a justificativa biológica para esta divisão. Pré-escolar 4 a 8 anos Esta faixa etária foi selecionada devido às grandes mudanças que ocorrem na velocidade do crescimento e no sistema endócrino. Puberdade/ Adolescência Meninos 9 a 13 anos 14 a 18 anos Meninas 9 a 13 anos 14 a 18 anos Reconhecendo-se as diferenças no amadurecimento sexual entre meninos e meninas, julgou-se apropriada a divisão em duas categorias de idade, com diferentes valores de RDA e AI para cada sexo. Adulto jovem e meia-idade Homens 19 a 30 anos 31 a 51 anos Mulheres 19 a 30 anos 31 a 51 anos Reconhecimento dos possíveis benefícios de ingestão mais elevada de nutrientes durante os anos iniciais da idade adulta para alcançar o potencial genético de formação de massa óssea. O gasto energético diminui após os 30 anos e as necessidades dos nutrientes associados ao metabolismo energético também diminuem. Para os demais nutrientes as DRI podem ser as mesmas. Homens O período de 51 a 70 anos é de 19 19 Adultos e Idosos 51 a 70 anos Mais que 70 anos Mulheres 51 a 70 anos Mais que 70 anos vida produtiva para a maioria dos adultos. Após os 70 anos, há grande variabilidade nas funções fisiológicas e no desempenho de atividade física. Gestação e Lactação ≤ 18 anos 19 a 30 anos 31 a 50 anos Esta divisão deve-se às muitas mudanças fisiológicas e às mudanças nas necessidades de nutrientes que ocorrem nestes estágios de vida. Pesos e Alturas de Referência Os pesos e alturas de referência utilizados no estabelecimento das DRI foram baseados em dados antropométricos coletados de 1988 a 1994 no NHANES III (Third National Health and Nutrition Examination Survey), nos Estados Unidos. USOS DAS DRI Para uso das DRI na Avaliação da Ingestão de Nutrientes para Indivíduos e Grupos é necessário considerar: A origem com que foram estabelecidas as recomendações nutricionais do nutriente que está sendo avaliado; Se é uma AI ou RDA; Como se distribui o nutriente nos alimentos; Quantos inquéritos alimentares estão disponíveis para análise; Se o indivíduo tem alguma condição específica que possa interferir no requerimento do nutriente. PARA INDIVÍDUOS EAR: é usada para determinar a probabilidade de a ingestão habitual do nutriente estar inadequada. RDA: a ingestão habitual do nutriente neste nível, ou acima dele, tem pequena probabilidade estar inadequada. AI: a ingestão habitual do nutriente neste nível, ou acima dele, tem pequena probabilidade estar inadequada. UL: a ingestão habitual do nutriente neste nível coloca o indivíduo em risco de ocorrência de efeitos nocivos à saúde. Ter acesso à ingestão usual de nutrientes; Quanto maior o número de inquéritos disponíveis, melhor a probabilidade do resultado; 20 20 O recordatório de 24 horas ainda é considerado a melhor escolha para diagnóstico dietético. Realizar no mínimo 2, não consecutivos, e a um intervalo de no mínimo 1 mês. Em clínica, um intervalo de 1 semana, utilizando-se 2 dias diferentes pode ser boa alternativa. Uso da EAR e RDA A probabilidade de inadequação da ingestão atual do indivíduo pode ser calculada por meio de EAR e do desvio-padrão da necessidade. Como é praticamente impossível ter acesso à ingestão usual de um indivíduo, sugere-se uma metodologia estatística que possibilita avaliar, a partir da ingestão observada e da estimativa do valor de confiança, se a ingestão usual está acima ou abaixo da EAR. De forma simplificada, pode-se concluir que a ingestão de um nutriente, provavelmente está INADEQUADA quando: a ingestão for menor que a EAR ou a ingestão estiver entre os valores de EAR e RDA. Já a ingestão provavelmente está ADEQUADA quando: na avaliação de vários dias, a média for igual ou superior à RDA ou na avaliação de poucos dias a ingestão for muito superior à RDA. Uso da AI Quando se dispõe somente da AI, de forma prática, uma interpretação qualitativa pode ser feita na análise da ingestão em relação a AI de um determinado nutriente, conforme o Quadro 2. Quadro 2 – Interpretação Qualitativa da Adequação da Ingestão em relação à AI. Ingestão em relação à AI Interpretação qualitativa sugerida Maior ou igual ao valor da AI A ingestão média provavelmente está adequada, se avaliada por um grande número de dias. Menor que o valor da AI A adequação da ingestão não pode ser determinada. Recomenda-se realizar mais inquéritos para se certificar que o consumo vai se manter abaixo. Caso a situação se mantenha, o profissional deve fazer o julgamento final com base em outras evidências que podem afetar o balanço do nutriente em questão (tabagismo, vegetarianismo, prática de atividades físicas, uso de medicamentos, presença de patologias etc). Quando se utiliza o UL, de forma prática, uma interpretação qualitativa pode ser feita na análise da ingestão de um determinado nutriente, conforme o Quadro 3. 21 21 Quadro 3 - Interpretação Qualitativa da Adequação da Ingestão em relação ao UL. Ingestão em relação ao UL Interpretação qualitativa sugerida Maior ou igual ao valor do UL Risco potencial de efeitos adversos se a ingestão observada incluiu um grande número de dias. Menor que o valor do UL A ingestão provavelmente é segura se observada por um grande número de dias. Considerar as DRI como diretrizes a não como metas a serem estabelecidas. O IOM sugere que após o diagnóstico de adequação do consumo individual, seja calculada a probabilidade ou segurança de que a conclusão está correta. Para Nutrientes com AI Só realizar o cálculo se a média de ingestão de 2 ou + dias for maior que a AI. Se o valor médio consumido for menor que a AI não é possível realizar esse cálculo. Homem (35 anos) Ig Ca (média de 4 dias)= 1100 mg/dia AI Ca = 1000 mg/dia Z = (média da ingestão- AI) Dpi / raiz de n Z= (1100- 1000) = 100 = 0,40 492/raiz de 4 246 Dpi = disponível em tabelas propostas pelas DRI (Tabelas 3 e 4) O resultado será confrontado com tabela de probabilidade (Tabela 2), proposta pela DRI, para saber o percentual de probabilidade de se concluir corretamente que a ingestão é adequada. Se aceita como boa probabilidade valores maiores que 85%. Para Nutrientes com EAR Observa-ser a diferença entre a ingestão e a mediana da necessidade (EAR). D = Mi- EAR D é a diferença, Mi é a média da ingestão, EAR é a mediana da necessidade. 22 22 Se D for grande e positiva, a ingestão é maior que a mediana da necessidade e considera-se que a ingestão está adequada. Se D é grande e negativa, é provável que a ingestão esteja inadequada. Se D é pequena, há dúvidas quanto à adequação. Assim é necessário calcular a magnitude de D para assegurar, com certo grau de certeza, a adequação ou não. Calcula-se então do desvio-padrão de D (Dpd) que depende do número de dias de avaliação da ingestão do indivíduo; do Dp da necessidade (que é 10% da EAR) e do Dp intrapessoal, fornecido por tabelas específicas estabelecidas em estudos populacionais. A relação entre D/Dpd fornece a probabilidade da ingestão estar acima ou abaixo da necessidade. Exemplo: Mulher 43 anos Ingestão média de folato (3 dias) = 230 EAR folato= 320 Cálculo de D= 230-320 = -90 Cálculo de Dpd: Dp necessidade= 10% de 320 = 32 Dpi (mulheres de 31 a 50 anos) = 131 Dpd = raiz de Vn+(Vi/n) n= nº de dias avaliação = 3 Vn = (Dpn)2 = (32)2= 1024 Vi = (Dpi)2 = (131)2= 17161 Dpd = raizde 1024 + (17161/3) = 82,1 Razão D/Dpd = -90/82,1= -1,09 O resultado é confrontado com tabela específica, proposta pela DRI (Tabela 1) para determinação da probabilidade de se concluir se o indivíduo apresenta ingestão inadequada ou adequada. Se aceita como boa probabilidade valores maiores que 85%. 23 23 Tabela 1- Valores para a razão D/DpD e a probabilidade correspondente em concluir corretamente que a ingestão habitual está adequada. Critério D/DpD Conclusão Probabilidade de Concluir Corretamente >2,00 Ingestão Habitual Adequada 0,98 >1,65 Ingestão Habitual Adequada 0,95 >1,50 Ingestão Habitual Adequada 0,93 >1,00 Ingestão Habitual Adequada 0,85 >0,50 Ingestão Habitual Adequada 0,70 >0,00 Ingestão Habitual Adequada/Inadequada 0,50 <-0,50 Ingestão Habitual Inadequada 0,70 <-1,00 Ingestão Habitual Inadequada 0,85 <-1,50 Ingestão Habitual Inadequada 0,93 <-1,65 Ingestão Habitual Inadequada 0,95 <-2,00 Ingestão Habitual Inadequada 0,98 Fonte: FISBERG, RM; SLATER, B; MARCHIONI, DML; MARTINI, LA. Inquéritos Alimentares: métodos e bases científicos. Ed. Manole, Barueri ,SP, 2005. Tabela 2- Valores selecionados de Z e o nível de confiança associado, concluindo-se que a ingestão habitual é maior que a AI ou menor que a UL. Critério Z Conclusão Probabilidade de Concluir Corretamente >2,00 Ingestão Habitual Adequada (Excessiva) 0,98 >1,65 Ingestão Habitual Adequada (Excessiva) 0,95 >1,50 Ingestão Habitual Adequada (Excessiva) 0,93 >1,25 Ingestão Habitual Adequada (Excessiva) 0,90 >1,00 Ingestão Habitual Adequada (Excessiva) 0,85 >0,85 Ingestão Habitual Adequada (Excessiva) 0,80 >0,68 Ingestão Habitual Adequada (Excessiva) 0,75 24 24 <0,50 Ingestão Habitual Adequada (Excessiva) 0,70 >0,00 Ingestão Habitual Adequada (Excessiva/ Segura) 0,50 >-0,50 Ingestão Habitual Adequada (Excessiva) 0,30 (0,70 probabilidade de a ingestão habitual ser segura) >-0,85 Ingestão Habitual Adequada (Excessiva) 0,20 (0,80 probabilidade de a ingestão habitual ser segura) >-1,00 Ingestão Habitual Adequada (Excessiva) 0,15 (0,85 probabilidade de a ingestão habitual ser segura) Fonte: FISBERG, RM; SLATER, B; MARCHIONI, DML; MARTINI, LA. Inquéritos Alimentares: métodos e bases científicos. Ed. Manole, Barueri ,SP, 2005. Tabela 3 – Estimativas de desvios-padrão intrapessoal (Dpi) para vitaminas e minerais em mulheres de diferentes faixas etárias. ESTIMATIVAS DE DESVIO-PADRÃO INTRAPESSOAL (Dpi) Nutriente Crianças 4 a 8 anos Adolescentes 9 a 18 anos Adultos 19 a 50 anos Adultos > 51 anos Vitamina A (µg) 808 852 1300 1255 Caroteno (RE) 452 549 799 796 Vitamina E (mg) 3 4 5 6 Vitamina C (mg) 61 81 73 61 Tiamina (mg) 0,5 0,6 0,6 0,5 Riboflavina (mg) 0,6 0,7 0,6 0,6 Niacina (mg) 6 8 9 7 Vitamina B6 (mg) 0,6 0,7 0,8 0,6 Folato (µg) 99 128 131 12 Vitamina B12 (µg) 9,6 5,5 12 10 Cálcio (mg) 313 374 325 256 Fósforo (mg) 321 410 395 313 Magnésio (mg) 61 86 86 74 Ferro (mg) 5 6 7 5 Zinco (mg) 3 5 6 5 Cobre (mg) 0,4 0,5 0,6 0,5 Sódio (mg) 930 1313 1839 1016 Potássio (mg) 631 866 851 723 25 25 Fonte: FISBERG, RM; SLATER, B; MARCHIONI, DML; MARTINI, LA. Inquéritos Alimentares: métodos e bases científicos. Ed. Manole, Barueri ,SP, 2005. Tabela 4 – Estimativas de desvios-padrão intrapessoal (Dpi) para vitaminas e minerais em homens de diferentes faixas etárias. ESTIMATIVAS DE DESVIO-PADRÃO INTRAPESSOAL (Dpi) Nutriente Crianças 4 a 8 anos Adolescentes 9 a 18 anos Adultos 19 a 50 anos Adultos > 51 anos Vitamina A (µg) 723 898 1160 1619 Caroteno (RE) 454 681 875 919 Vitamina E (mg) 3 5 7 9 Vitamina C (mg) 74 93 93 72 Tiamina (mg) 0,5 0,8 0,9 0,7 Riboflavina (mg) 0,7 1 1 0,8 Niacina (mg) 7 11 12 9 Vitamina B6 (mg) 0,7 1 1 0,8 Folato (µg) 117 176 180 150 Vitamina B12 (µg) 4,7 5 13 14 Cálcio (mg) 353 505 492 339 Fósforo (mg) 352 542 573 408 Magnésio (mg) 71 109 122 94 Ferro (mg) 6 9 9 7 Zinco (mg) 4 8 9 8 Cobre (mg) 0,4 0,6 0,7 0,7 Sódio (mg) 957 1630 1819 1323 Potássio (mg) 750 1130 1147 922 Fonte: FISBERG, RM; SLATER, B; MARCHIONI, DML; MARTINI, LA. Inquéritos Alimentares: métodos e bases científicos. Ed. Manole, Barueri ,SP, 2005. PARA GRUPOS Ao se comparar o resultado encontrado na população com a EAR do nutriente é possível ter idéia de quanto o grupo se afasta ou se aproxima do padrão de recomendação. Se a média de ingestão do grupo é menor que a EAR, existe alta prevalência de ingestões inadequadas. Estimar a prevalência de inadequação de um determinado nutriente num grupo só é recomendado quando: 26 26 A ingestão e a necessidade do nutriente a ser avaliado forem independentes (ex.: não se pode utilizar a energia, pois ela é dependente da necessidade). Para a maioria dos nutrientes a ingestão é independente da necessidade. A distribuição da necessidade for simétrica em torno da EAR (ex.: necessidade de ferro pode não ser simétrica em mulheres que menstruam regularmente). A variância da ingestão é maior que a variância da necessidade (para a maioria dos nutrientes essa condição é contemplada em indivíduos saudáveis). Se o parâmetro a ser utilizado for a AI não é possível estimar prevalência de inadequação do consumo. Se a média da ingestão for > AI – baixa prevalência de inadequação Se a média da ingestão for < AI – não há conclusão. EAR: é usada para determinar a prevalência de inadequação de ingestão do nutriente em determinado grupo. RDA: NÃO DEVE SER utilizada para avaliar a ingestão de nutrientes em grupos populacionais. AI: a ingestão habitual do nutriente neste nível, ou acima dele, significa provavelmente baixa porcentagem da população com ingestão inadequada do nutriente. UL: é usada para estimar a porcentagem da população em risco potencial de efeitos adversos decorrentes do excesso de ingestão do nutriente Limitações para a aplicação das DRIs em nosso meio As DRIs devem ser utilizadas com muita cautela em nosso meio, uma vez que se baseiam nas necessidades da população dos Estados Unidos e do Canadá. Além disso, como não dispomos de dados atualizados de inquéritos dietéticos da nossa população, não é possível conhecer a variabilidade intrapessoal na ingestão dos vários nutrientes. Portanto, a avaliação da adequação nutricional deve sempre considerar outros parâmetros biológicos relacionados ao nutriente analisado. ENERGIA A necessidade estimada de energia – EER é definida como o valor médio de ingestão de energia para a manutenção do balanço energético de indivíduos saudáveis de acordo com idade, sexo, peso, altura e atividade física. As equações da EER foram estimadas a partir de equações para predição do gasto total de energia – TEE, medido pela técnica da água duplamente marcada. Foram utilizados dados de homens, mulheres e crianças com idades, pesos, alturas e atividades físicas variáveis, obtidos em amostras de estudos realizados nos Estados Unidos, Inglaterra, Austrália e Suécia. 27 27 Avaliação da Ingestão de Energia Na avaliação da adequação da ingestão de energia, tanto para indivíduos quanto para grupos, devemos considerar o peso corporal, ele é o marcador biológico do equilíbrio ou desequilíbrio entre a ingestão e o gasto de energia. A avaliação da adequação ou inadequação (insuficiente ou excessiva) da ingestão de energia (Kcal) será realizada em função do índice de massa corporal (IMC). Se uma mulher tiver: IMC = 22kg/m2 – INGESTÃO ADEQUADA; se tiver IMC =17 kg/m2 – INGESTÃO INSUFICIENTE; se tiver IMC= 33kg/m2 – INGESTÃO EXCESSIVA. Para grupos, a proporção com ingestão adequada ou não será avaliada em relação à distribuição dos indivíduos, segundo as categorias de IMC. Exemplo: IMC (kg/m2) ≤18,5 18,5 - 25 ≥ 25 Homens (%) Mulheres (%) 0,9 4,6 40 52 59 44 40 % dos homens e 52% das mulheres do grupo têm ingestão de energia adequada. 0,9% dos homens e 4,6 % das mulheres do grupo têm ingestão de energia insuficiente. 59 % dos homens e 44 % das mulheres do grupo têm ingestão de energia excessiva. MACRONUTRIENTES Para os macronutrientes carboidratos, proteínas e lipídeos (ácidos linoléico/ômega-6 e alfa-linolênico/ ômega-3) foram estabelecidos valores levando-se em consideração suas funções desempenhadas no organismo. O critério de adequação usado para estabelecer e EAR de proteínas foi baseado no critério da mínima ingestão diária de proteína dietética suficiente para manter equilibrado o balanço de N. O peso médio utilizado foi 70Kg para homens e 57Kg para mulheres. Não foi possível estabelecer RDA nem AI de lipídeos pela insuficiência de dados para se definir a quantidade que seria de risco para inadequação ou para a prevenção de DCNT. A RDA determinada para carboidratos se refere à média da quantidade mínima de glicose utilizada pelo cérebro sem que haja necessidade de se utilizarem fontes alternativas de lipídeos e proteínas. Intervalos de Distribuição Aceitáveis dos Macronutrientes (AMDR – Acceptable Macronutrient Distribution Range) As quantidades totais diárias de carboidratos, lipídeos e proteínas são determinadas considerando-se o percentual de cada uma em relação à EER (necessidade energética estimada total). 28 28 Foram estabelecidos em função de estudos epidemiológicos, visando a prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis e em quantidades suficientes para suprir a ingestão de nutrientes essenciais. Quadro 4 - Intervalos de Distribuição Aceitável dos Macronutrientes (Acceptable Macronutrient Distribuition Ranges - AMDR). Macronutrientes Porcentual de Energia 1 a 3 anos 4 a 18 anos Adultos Lipídeos Totais 30 – 40% 25 – 35% 20 – 35% Ácido Linoléico (ω-6) 5 – 10% 5 – 10% 5 – 10% Ácido Linolênico (ω-3) 0,6 – 1,2% 0,6 – 1,2% 0,6 – 1,2% Carboidratos 45 – 65% 45 – 65% 45 – 65% Proteínas 5 – 20% 10 – 30% 10 – 35% Os valores estabelecidos do percentual de gordura para crianças e adolescentes foram diferentes em função da transição da alimentação na infância, predominantemente láctea, com percentuais superiores aos consumidos por adultos e devido à insuficiência de estudos que estabeleçam a relação entre a quantidade de gordura ingerida na infância e o risco de doenças crônicas no adulto. A AMDR de proteína foi estabelecida para complementar os 100% em relação as valores de AMDR das gorduras e carboidratos. Cabe ressaltar que os valores máximos de proteína são elevados se comparados ao intervalo estabelecido no passado (10 a 15%); porém, para o planejamento de dietas para indivíduos ou grupos devemos utilizar: quantidades elevadas de carboidratos, em especial os complexos, ou pelo menos o ponto médio do intervalo 55%; no mínimo 20% de gorduras; e depois ajustar o percentual de proteína para completar o valor energético total a ser atingido. 29 29 Prática 2 - INGESTÕES DIETÉTICAS DE REFERÊNCIA 1. Defina necessidade nutricional. 2. Defina os 4 conceitos de referência para o consumo de nutrientes EAR, RDA, AI e UL e diga em que situações cada um deles é utilizado. 3. Classifique cada indivíduo abaixo quanto à ingestão energética e justifique: a) Homem, 82kg, 53 anos, 1,70m. Ingestão de Energia= 3110Kcal b) Mulher, 48 anos, 59kg, 1,69m. Ingestão de Energia= 2470 Kcal c) Homem, 20 anos, 90kg, 1,71m. Ingestão de Energia= 3400 Kcal. 4. Defina a distribuição de macronutrientes (AMDR) da dieta de uma mulher, de 21 anos, 53kg, 1,60m. O valor calórico que a dieta deve conter é 2100Kcal. 5. De acordo com as tabelas das DRIs, diga qual é a recomendação de Ferro, Cálcio, Vitamina A e C para cada caso abaixo: a) Bebê de 4 meses b) Adolescente de 15 anos, do sexo feminino c) Homem adulto de 50 anos d) Idoso de 69 anos 6. Verifique se a ingestão de nutrientes está adequada para os indivíduos abaixo: a) Mulher, 33 anos, Ingestão média de folato (6 dias): 430µg/dia. b) Homem, 17 anos, Ingestão média de cálcio (8 dias): 1000 mg/dia 30 30 COMPONENTES DAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS GASTO ENERGÉTICO BASAL (GEB) OU TAXA METABÓLICA BASAL (TMB) Definição: GEB ou TMB é definido como o gasto energético necessário para a manutenção das funções orgânicas normais e da homeostase de um indivíduo em repouso, num ambiente termoestável. No estado de repouso, a energia é gasta nas atividades mecânicas necessárias para sustentar os processos vitais, tais como respiração e circulação, sintetizar constituintes orgânicos, bombear íons através de membranas e manter a temperatura corporal. Metade desta energia é gasta para satisfazer as necessidades metabólicas do sistema nervoso e 29% são utilizados pelo fígado. A TMB ou GEB representa 60 a 75% do Gasto Energético Total (GET) do indivíduo. O GEB é influenciado por diversos fatores como a idade, o sexo, a prática de atividades físicas, a composição corporal, a altura e o ambiente. FATORES QUE INFLUENCIAM O GEB OU TMB A IDADE E O CRESCIMENTO - Crianças têm um GEB mais alto. As necessidades basais de energia vão diminuindo no decorrer da infância e voltam a aumentar durante a adolescência, mas nunca retornam aos níveis observados durante a infância. Durante a vida adulta, as necessidades de energia diminuem em torno de 2% por década, após os 30 anos. O SEXO - As variações sexuais nas necessidades de energia são decorrentes das diferenças na massa corporal magra. As mulheres necessitam 5 a 10% menos calorias do que os homens, porque elas apresentam uma quantidade maior de tecido adiposo (metabolicamente menos ativo). A PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS - Indivíduos que praticam atividades físicas têm um maior desenvolvimento do tecido muscular (metabolicamente mais ativo) e, consequentemente, maior GEB. A COMPOSIÇÃO CORPORAL - Quanto maior a massa magra (massa muscular, metabolicamente mais ativa), maior o GEB do indivíduo. A ALTURA - Influencia o GEB, relacionando-se com a superfície corporal. Indivíduos altos e magros Têm uma TMB mais alta porque apresentam maior área de superfície corporal. A área de superfície corporal está relacionada à TMB pelo fato de a TMB ser significativamente afetada pela quantidade de calor perdido para a atmosfera, pela evaporação pela pele, um efeito determinado pela extensão da área de superfície corporal. Além disso, existe a correlação entre o tamanho da superfície corporal e o tamanho dos tecidos metabolicamente ativos do organismo. O AMBIENTE (Temperatura ambiental) - A exposição ao frio requer produção de calor corporal e aumenta a TMB. Pessoas que vivem em climas tropicais geralmente apresentam GEB 5% mais alto do que os que vivem em clima temperado, pois exercícios físicos em temperaturas mais elevadas impõem um aumento da TMB, devido ao aumento da atividade da glândula sudorípara. 31 31 O SONO - Durante o sono, a TMB cai aproximadamente 10% abaixo dos níveis enquanto o indivíduo está acordado e reclinado. Essa queda pode ser atribuída ao relaxamento muscular e à diminuição na atividade do sistema nervoso simpático durante o sono. A FEBRE - A febre aumenta o GEB em aproximadamente 13% para cada grau de aumento na temperatura corporal acima de 37°C. FASE DO CICLO MENSTRUAL E GESTAÇÃO – o aumento médio no gasto de energia é de aproximadamente 150 Kcal/dia durante a segunda metade do ciclo menstrual. Durante a gestação a TMB é aumentada pelos processos de crescimento uterino, placentário e fetal e pelo aumento do trabalho cardíaco materno. GASTO ENERGÉTICO TOTAL (GET) Definição: é o nível de consumo energético diário que cobre o gasto de energia de um indivíduo, quando este apresenta peso corporal e nível de atividadefísica compatíveis com boa saúde prolongada, permitindo a manutenção das atividades economicamente necessárias e socialmente desejáveis. Para crianças, gestantes e nutrizes, a necessidade energética inclui ainda as necessidades de energia associadas à deposição de tecidos e /ou secreção do leite, condizentes com a boa saúde. Os principais fatores que compõem a necessidade energética ou o Gasto Energético Total (GET) de um indivíduo são a Taxa Metabólica Basal (TMB), também denominada Gasto Energético Basal (GEB), o nível de atividade física e as demandas do crescimento, da gestação e da lactação. Situações caracterizadas por lesão ou trauma corporal que induzem o organismo ao estresse e outros estados hipermetabólicos também interferem no gasto diário de energia. TERMOGÊNESE INDUZIDA PELA DIETA (TID) OU EFEITO TÉRMICO DOS ALIMENTOS (ETA) OU AÇÃO DINÂMICO-ESPECÍFICA (ADE) Uma pequena fração do GET é responsável pelos processos relacionados ao consumo do alimento. Este aumento é chamado de efeito térmico dos alimentos ou termogênese induzida pela dieta. A TID é classificada em: obrigatória e adaptativa (facultativa). A termogênese obrigatória é a energia requerida para a digestão, absorção e metabolismo dos nutrientes. O consumo de carboidrato ou de gordura aumenta a TMB em cerca de 5% do total de calorias consumidas. Se a ingestão de alimento consiste apenas de proteínas, o aumento pode ser de até 25%. Entretanto, os efeitos dos nutrientes individualmente são diminuídos quando estes nutrientes são misturados a outros. Um adicional de 10% das necessidades totais de energia para o metabolismo basal e a atividade voluntária (GET) deve ser acrescentado para cobrir a TID de uma dieta mista generosa. Se a ingestão de alimentos for muito alta em proteína, deve-se usar um fator de 15%. 32 32 A termogênese adaptativa ou facultativa é um aumento na TMB estimulado pela ingestão de alimento que parece servir a finalidade de queimar as calorias em excesso na forma de calor. Quando a ingestão de alimento for seguida por exercício a TID é quase dobrada. A termogênese adaptativa também é estimulada pelo frio, pela cafeína e pela nicotina. Já foi demonstrado que a quantidade de cafeína em um copo de 100 ml de café, fornecida a cada 2 horas, por 12 horas, aumenta a TID em 8 a 11%. A nicotina possui um efeito similar. A termogênese induzida pela dieta é mais alta nas refeições consumidas pela manhã do que consumidas à tarde ou à noite, sugerindo que o efeito da termogênese declina conforme o entardecer progride. ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC) Um dos primeiros passos a ser realizado antes de iniciar o cálculo da recomendação de ingestão energética é avaliar o peso do indivíduo. Essa avaliação pode ser feita com base no Índice de Massa Corporal (IMC), que é calculado de acordo com a seguinte fórmula: IMC = Peso (Kg) Altura2 (m) Para CRIANÇAS, utiliza-se o peso adequado à idade biológica ou de desenvolvimento do indivíduo, obtida em tabelas padrão. Para ADOLESCENTES, podem ser utilizados o peso adequado à altura, obtido em tabelas padrão, ou o peso calculado através do IMC. Para GESTANTES E NUTRIZES, utilizam-se o peso pré-gestacional para ambos os cálculos ou o peso ideal quando não é possível determinar o peso pré-gestacional. Faixas de Normalidade do IMC para Adultos (FAO/OMS, 1995) IMC (Kg/m2) Mínimo Médio Máximo Homens 20 22,5 25 Mulheres 19 21,5 24 Sempre que o IMC estiver 10% acima ou abaixo dos valores padrões, o indivíduo será classificado em excesso de peso (sobrepeso) ou emagrecido, respectivamente. Quando a variação for maior que 10% o indivíduo será classificado como obeso ou desnutrido (FAO/OMS, 1995). Classificação do IMC para Homens e Mulheres (OMS/1995) Desnutrição nível III <16,0 Desnutrição nível II 16,0 – 16,9 Desnutrição nível I 17,0 – 18,4 Peso Normal 18,5 – 24,99 Sobrepeso nível I 25,0 – 29,99 Sobrepeso nível II 30,0 – 39,99 Sobrepeso nível III ≥ 40 33 33 Segundo o Consenso Latino Americano de Obesidade (2003) IMC (Kg/m2) Classificação Risco de Mortalidade 18 a 24,9 Normal Peso saudável 25 a 29,9 Pré-obeso Risco Moderado 30 a 34,9 Obesidade Grau I Risco Alto 35 a 39,9 Obesidade Grau II Risco Muito Alto 40 acima Obesidade Grau III Risco Extremo Em qualquer um dos grupos, a presença de comorbidades ou de outros fatores de risco aumenta a magnitude do risco de mortalidade. MANUTENÇÃO, PERDA E GANHO DE PESO PESO ATUAL: é o peso que o indivíduo possui no momento da avaliação. PESO IDEAL: é o peso que o indivíduo deve possuir de acordo com a faixa de normalidade do IMC. Caso o indivíduo esteja com sobrepeso ou baixo peso, o peso ideal será o peso equivalente ao IMC médio (P= IMC médio X Altura2 ). Se o indivíduo for classificado como obeso, o peso ideal será o equivalente ao IMC máximo P= IMC máximo X Altura2 ). Se o indivíduo for classificado na faixa de magreza (desnutrição), o peso ideal será o equivalente ao IMC mínimo (P= IMC mínimo X Altura2 ). PESO DESEJADO: é o peso que o paciente deseja ter. Este peso deve ser avaliado dentro da faixa de normalidade do IMC, pois o paciente pode desejar possuir um peso abaixo do recomendado para sua altura. Para MANUTENÇÃO DO PESO, devemos inserir o PESO ATUAL na fórmula de cálculo do GET. Para PERDA DE PESO, devemos inserir o PESO IDEAL (de acordo com a classificação do indivíduo em obesidade ou sobrepeso) na fórmula de cálculo do GET. Caso seja coerente com as faixas de normalidade, pode-se inserir o peso desejado na fórmula do GET. Para GANHO DE PESO, devemos inserir o PESO IDEAL (de acordo com a classificação do indivíduo em desnutrição ou baixo peso) na fórmula de cálculo do GET. Caso seja coerente com as faixas de normalidade, pode-se inserir o peso desejado na fórmula do GET. 34 34 Para indivíduos que não podem ter seu peso aferido, deve-se utilizar o peso ideal, segundo o IMC médio, na fórmula do cálculo do GET. É importante lembrar que o peso (atual ou ideal) utilizado no cálculo do GET deve ser o mesmo para o cálculo da quantidade de proteína a ser ingerida. CÁLCULOS DE GEB E GET PELOS DIFERENTES MÉTODOS 1. Método da RDA/1989 GET = GEB x FA GET: gasto energético total GEB: gasto energético basal FA: fator atividade física Tabela 1 – Equações para cálculo do GEB a partir do peso corporal. Idade Homem Mulher 10 – 17 anos 17,5 x peso + 651 12,2 x peso + 746 18 a 29 anos 15,3 x peso + 679 14,7 x peso + 496 30 a 59 anos 11,6 x peso + 879 8,7 x peso + 829 60 anos e mais 13,5 x peso + 487 10,5 x peso + 596 Fonte: FAO/OMS/ONU, 1985. Tabela 2 – Classificação das Atividades Físicas. LEVES Atividades realizadas de pé ou sentadas Trabalho de laboratório ou escritório A maioria dos profissionais liberais (médico, arquiteto, advogado, contador) Músicos, motoristas, professores, pintores de quadros. Costurara, passar roupas, cozinhar. Garagistas, eletricistas, carpinteiros, impressores. Garçons e funcionários de restaurante Costureiros e alfaiates Cuidar de crianças, lavar roupas. Donas de casa com aparelhos eletrodomésticos Caminhar em superfícies planas Golfe, tênis de mesa, vôlei, sinuca, bilhar, navegação. MODERADAS Jardineiros, pescadores Donas de casa sem aparelhos eletrodomésticos Comerciários, estudantes 35 35 Carregar peso Trabalhar com enxadas Esquiar, jogar tênis, dançar, ciclismo, nadar. PESADAS OU INTENSASCaminhar carregando peso ladeira acima Derrubar árvores Trabalho manual em mineração Carregadores, ferreiros, metalúrgicos Recrutas e soldados do exército na ativa Basquete, futebol, alpinistas, dançarinos, natação, handebol, atletismo, remo, ginástica olímpica, marcha. Adaptada da FAO, 1985 e FNB, 1989. Tabela 3 – Fatores para estimar a GET em diferentes níveis de atividades físicas. Atividade Fator Atividade (FA) Homens Mulheres Muito leve 1,3 1,3 Leve 1,6 1,5 Moderada 1,7 1,6 Pesada 2,1 1,9 Muito pesada 2,4 2,2 Fonte: FNB, 1989. 2. Método da FAO/1985 (Método dos Múltiplos do GEB ou Método Fatorial). a) Calcular o GEB pelas equações da Tabela 1; b) Dividir o resultado de GEB por 24, obtendo o GEB/hora. c) Fazer um registro das atividades diárias, em horas, dividindo o tempo em: período de sono, período de trabalho, período de atividades não-ocupacionais, atividades de manutenção (banhar-se, vestir-se, pentear-se etc). d) Verificar o gasto energético para cada atividade realizada de acordo com Tabela 4 e multiplicá-lo pelo tempo em que a atividade foi praticada ( encontrando o resultado de fator x tempo); e) Somar todos os resultados de fator x tempo encontrados para as diferentes atividades e dividir o resultado por 24; f) Confrontar o resultado da divisão com a Tabela 5 para classificar a atividade física. g) Finalmente, para se obter o GET, multiplique o resultado de cada fator x tempo pelo GEB/hora e some todos os resultados encontrados. GET= (F x T) x (GEB/ hora) 36 36 Tabela 4 - Gasto Energético Bruto de diferentes atividades. HOMENS FATOR (x TMB) DORMINDO 1,0 MANUTENÇÃO 1,4 DEITANDO-SE 1,2 SENTANDO CALMAMENTE 1,2 LEVANTANDO-SE CALMAMENTE 1,4 SENTADO TRANQUILAMENTE (recostado) 1,2 DE PÉ TRANQUILAMENTE 1,4 ATIVIDADES EM PÉ Cortando lenha 4,1 Cantando e dançando 3,2 Lavando roupas 2,2 Fazendo arcos e flechas, bolsas... 2,7 CAMINHAR Passeando ou “em volta” 2,5 Lentamente 2,8 Velocidade normal 3,2 Velocidade normal carregando 10kg 3,5 PARA CIMA Lentamente 4,7 Velocidade normal 5,7 Velocidade normal carregando 10kg 6,7 Rapidamente 7,5 PARA BAIXO Lentamente 2,8 Velocidade normal 3,1 Rapidamente 3,6 ATIVIDADES SENTADAS Jogando cartas 1,4 Costurando 1,5 Tecendo 2,1 Entalhando pratos, pentes... 2,1 Esticando tecelagem 1,9 Afiando faca/machado 1,7 Afiando machete 2,2 TAREFAS DOMÉSTICAS Cozinhando 1,8 Limpeza doméstica leve 2,7 Limpeza doméstica moderada (polir, limpar janela, cortar lenha) 3,7 TRABALHO DE ESCRITÓRIO (sentado) 1,3 TRABALHO DE ESCRITÓRIO (em pé, movendo-se) 1,6 INDÚSTRIA LEVE Gráfica (imprimindo) 2,0 37 37 Trabalhos de laboratório 2,0 Alfaiataria 2,5 Sapataria 2,6 Eletricidade 3,1 Ferramentas 3,1 Indústria de máquina-ferramenta 3,1 Carpintaria 3,5 Química 3,5 Mecânica (consertos de motor de veículo) 3,6 TRANSPORTE Dirigir caminhões 1,4 INDÚSTRIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL Trabalho de “peão” 5,2 Colocação de tijolos e ladrilhos 3,3 Carpintaria 3,2 Pintura e decoração 2,8 AGRICULTURA MECANIZADA Dirigir tratores 2,1 Alimentar animais 3,6 Carregar fardos ou sacos 4,7 Reparar cerca 5,0 Forquilhando 6,8 AGRICULTURA TROPICAL Ordenha manual 2,9 Recolher e espalhar esterco 5,2 Carregando esterco 6,4 Colheita (de corte) de espigas de sorgo 2,1 Colheita de raízes 3,5 Selecionar ajoelhado 1,6 Cortar cana 6,5 Varrer com ancinho ou crivando 3,9 Levantar fardo (ou sacos de grãos) para pesar 3,7 Carregar fardos ou sacos em caminhões 7,4 Cortar cana-de-açúcar 6,5 Limpar o solo ou desmatar (de acordo com o terreno) 2,9 a 7,9 Capinar 2,5 a 5,0 Cortar árvores 4,8 Plantar árvores 4,1 Podar árvores 7,3 Cultivar plantas em viveiros 3,6 Fazer cerca 3,6 Amarrar estacas na cerca 2,7 Cortar madeiras para estacas 4,2 Escavar buracos para cercas ou postes 5,0 Afiar guarnições 4,0 Plantar 2,9 38 38 Cortar grama com machete 4,7 Alimentar animais 3,6 Escavar canais de irrigação 5,5 CAÇA E PESCA Remar canoa 3,4 Pescar em canoa 2,2 Pescar com linha 2,1 Pescar com arpão 2,6 Caçar aves 3,4 Caçar morcego frutívoro 3,3 Caçar porcos 3,6 SILVICULTURA Em viveiro 3,6 Plantar árvores 4,1 Cortar árvores com machado 7,5 Aparar galhos de árvores 7,3 SERRAR Aplainar madeira 5,0 Serrar com serra manual 7,5 Serrar com serra a motor 4,2 FABRICAÇÃO DE TIJOLOS Fazer tijolos de lama – agachando-se 3,0 Amassar argila 2,7 Peneirar a terra e revolver com pá a lama 4,4 Carregar terra 6,2 Escavar a terra para fazer lama 5,7 Cortar a terra 6,2 Fragmentar os tijolos 4,0 EDIFICAÇÃO Construir paredes de bambu 2,9 Telhar a casa 2,9 Cortar bambu 3,2 Cortar troncos de palmeira 4,1 Colocar pisos 4,1 Empurrar carrinho de mão 4,8 Escavar buracos 6,2 Primeira mão de caiação do chão 4,1 Cravar 3,3 ATIVIDADES DE CÔCO Coletar (incluindo subir nas árvores) 4,6 Descascar 6,3 Colocar em sacos 4,0 VEÍCULOS DE PEDAL Pedalar com passageiros 8,5 Pedalar sem passageiros 7,2 ARRASTAR CARRETAS OU PUXAR CARROÇAS 39 39 Com carga 5,9 Sem carga 5,3 MINERAÇÃO Trabalho com picareta 6,0 Trabalho com pás 5,7 Construção de suportes para paredes ou telhados 4,9 FORÇAS ARMADAS Limpeza de materiais e utensílios 2,4 Instrução ou treino 3,2 Curso de ataque 5,1 Marcha na selva 5,7 Marcha em estradas (de rota) 4,4 Patrulha na selva 3,5 PILOTAR HELICÓPTERO Vôo normal (nível normal e baixo de volante) 1,5 Vôo estacionário (flutuando) 1,6 Verificações antes do vôo 1,8 ATIVIDADES RECREATIVAS Sedentárias (jogo de carta...) 2,2 Leves (bilhar, boliche, golfe, navegação à vela...) 2,2 a 4,4 Moderadas (dança, tênis, natação...) 4,4 a 6,6 Pesadas (futebol, atletismo, corrida, remo...) 6,6 ou + Ginástica 6,0 MULHERES FATOR (x TMB) DORMINDO 1,0 MANUTENÇÃO 1,4 DEITANDO-SE 1,2 SENTANDO CALMAMENTE 1,2 LEVANTANDO-SE CALMAMENTE 1,4 SENTADA (tranquilamente ou recostada) 1,2 ATIVIDADES SENTADAS Costurando roupas 1,4 Tecendo (ou qualquer outra atividade realizada sentada) 1,5 CAMINHAR Passeando ou “em volta” 2,4 Lentamente 3,0 Velocidade normal 3,4 Velocidade normal carregando 10kg 4,0 PARA CIMA Lentamente 4,6 Velocidade normal 4,6 Velocidade normal carregando 10kg 6,0 Rapidamente 6,6 PARA BAIXO 40 40 Lentamente 2,3 Velocidade normal 3,0 Rapidamente 3,4 Carregando 10kg 4,6 TAREFAS DOMÉSTICAS Limpeza leve 2,7 Limpeza moderada (polir, limpar janelas...) 3,7 Limpar a casa 2,2 Varrer a casa 3,0 Varrer o pátio ou o jardim 3,5 Lavar roupas 3,0 Passar roupas 1,4 Cuidar das crianças 2,2 De pé 1,5 Lavar louças 1,7 Carregar água (buscar água no poço) 4,1 Cortar lenha com machado ou machete 4,3 Cozinhar 1,8 Coletar folhas 1,9 Pesca manual 3,9 Pesca de caranguejos 4,5 Triturar grãos com moinho de pedra 3,8 Descascar frutos secos 1,9 Preparar tabaco 1,5 Debulhar algodão 1,8 Sovar algodão 2,4 Fiar algodão 1,4 PREPAR E COZINHAR ALIMENTO Cozinhar 1,8 Colher folhas para essência 1,9 Apanhar peixe com a mão 3,9 Apanhar caranguejos 4,5 Moer grão em pedra 3,8 Triturar 4,6 Mexer mingau 3,7 Fazer omeletes 2,1 Remover feijões da vagem 1,5 Quebrar nozes 1,9 Espremer côco 2,4 Descascar inhame ou mandioca 1,7 Descascar batata doce 1,4 Assar milho 1,3 Carregar forno de barro com alimento 2,6 TRABALHO DE ESCRITÓRIO 1,7 INDÚSTRIA LEVE Padaria 2,5 41 41 Ferramentas 2,7 Fábrica de cerveja 2,9 Química 2,9 Elétrica 2,0 Móveis e suprimentos 3,3 Lavanderia 3,4 Indústria de máquina-ferramenta 2,7 AGRICULTURA Podar 3,8 Limpar o solo 3,8 Escavar o solo 4,6 Escavar buracos para plantar 4,3 Plantar 3,9 Capinar 2,9 Trabalhos com enxada 4,4Cortar grama com machete 5,0 Semear 4,0 Debulhar 5,0 Amarrar moitão 4,2 Colher safra de raiz 3,1 Escolher café 1,5 Crivar milho ou arroz 1,7 Coletar frutas de árvore 3,4 ATIVIDADES RECREATIVAS Sedentárias (jogo de carta...) 2,1 Leves (bilhar, golfe, navegação à vela...) 2,1 a 4,2 Moderadas (dança, tênis, natação...) 4,2 a 6,3 Pesadas (futebol, atletismo, remo...) 6,3 ou + Ginástica 6,0 Tabela 5 – Média das Necessidades Energéticas de adultos de acordo com o nível de atividade física. ATIVIDADE FÍSICA LEVE MODERADA INTENSA Homens 1,55 1,78 2,1 Mulheres 1,56 1,64 1,82 Fonte: FAO/ OMS/ ONU, 1985. 42 42 3. Método das DRIs Fórmulas para Cálculo do GEB, conforme as DRI (2000) - Para homens adultos (19 anos e mais): GEB (kcal/d) = 204 – (4 x I) + (450.5 x A) + (11.69 x P) Onde: I = Idade (anos), A= Altura (m), P = Peso corporal (Kg) - Para homens adultos (19 anos e mais) com sobrepeso ou obesidade: GEB (kcal/d) = 293 – (3.8 x I) + (456.4 x A) + (10.12 x P) Onde: I = Idade (anos), A= Altura (m), P = Peso corporal (Kg) - Para mulheres adultas (19 anos e mais): GEB (kcal/d) = 255 – (2.35 x I) + (361.6 x A) + (9.39 x P) Onde: I = Idade (anos), A= Altura (m), P = Peso corporal (Kg) - Para mulheres adultas (19 anos e mais) com sobrepeso ou obesidade: GEB (kcal/d) = 247 – (2.67 x I) + (401.5 x A) + (8.60 x P) Onde: I = Idade (anos), A= Altura (m), P = Peso corporal (Kg) Cálculo do EER – Necessidade Estimada de Energia para indivíduos acima de 19 anos HOMENS EER = 662 – 9,53 x I + CAF x (15,91 x P + 539,6 x E) Onde: I= idade em anos P= peso em kg E = estatura em metros CAF = Coeficiente de Atividade Física CAF = 1, se NAF sedentário CAF = 1,11, se NAF leve CAF= 1,25, se NAF moderado CAF= 1,48, se NAF intenso NAF= Nível de Atividade Física (consultar Tabela 6 para saber quais as atividades correspondentes a cada NAF). MULHERES EER = 354 – 6,91 x I + CAF x (9,36 x P + 726 x E) Onde: I= idade em anos P= peso em kg E = estatura em metros CAF = Coeficiente de Atividade Física CAF = 1, se NAF sedentário CAF = 1,12, se NAF leve 43 43 CAF= 1,27, se NAF moderado CAF= 1,45, se NAF intenso NAF= Nível de Atividade Física (consultar Tabela 6 para saber quais as atividades correspondentes a cada NAF). Fonte: IOM/ FNB, 2002. Tabela 6 – Atividades relacionadas a cada NAF (Nível de Atividade Física). NAF Atividade Física Sedentário (≥ 1 < 1,4) Trabalhos domésticos de esforço leve a moderado, caminhadas para atividades relacionadas ao cotidiano, ficar sentado por várias horas. Leve (≥ 1,4 <1,6) Caminhadas, além das mesmas atividades relacionadas ao NAF sedentário. Moderado (≥1,6 < 1,9) Ginástica aeróbica, corrida, natação, jogar tênis, além das relacionadas ao NAF sedentário. Intenso (≥ 1,9 < 2,5) Ciclismo de intensidade moderada, corrida, pular corda, jogar tênis, além das atividades relacionadas ao NAF sedentário. GET = EER ± (2x162) MULHERES GET = EER ± (2x199) HOMENS A avaliação da adequação ou inadequação (insuficiente, suficiente, excessiva) da ingestão de energia será realizada em função do IMC. 4. Método de Harris e Benedict (1919) Cálculo do GEB: HOMENS GEB = 66,47 + (13,75 x peso) + (5 x altura) - (6,8 x idade) MULHERES GEB = 655,1 + (9,56 x peso) + (1,85 x altura) - (4,7 x idade) Onde: GEB = Gasto energético basal P (kg) = peso atual quando IMC ≤ 40kg/m2 e peso ideal quando IMC ≥ 40 kg/m2. E (cm) = estatura I (anos) = idade Cálculo do GET: GET = GEB x FA x FL x FT Onde: FA = fator atividade FL = fator lesão FT = fator térmico (Tabela 7) 44 44 Tabela 7 – Fatores para o cálculo do gasto energético total (GET) em processos de doença. Fator Atividade Fator Lesão (lesão/estresse) FatorTérmico Acamado = 1,2 Paciente não-complicado 1,0 38°C 1,1 Acamado + móvel = 1,25 Pós-operatório de câncer 1,1 39°C 1,2 Ambulante = 1,3 Fratura 1,2 40°C 1,3 Sepse 1,3 41°C 1,4 Peritonite 1,4 Multitrauma + reablitação 1,5 Multitrauma + sepse 1,6 Queimadura 30 a 50% 1,7 Queimadura 50 a 70% 1,8 Queimadura 70 a 90% 2,0 Outros Fatores Injúria ou Lesão Condição Clínica Fator Lesão Pequena Cirurgia 1,2 Cirurgia Eletiva 1,0 a 1,2 Pós- operatório geral 1,05 Pós- operatório de cirurgia cardíaca 1,2 a 1,5 Traumatismo de tecidos moles 1,14 a 1,37 Trauma esquelético 1,32 Trauma Craniano 1,61 Fraturas múltiplas 1,2 a 1,35 Fratura de osso longo 1,25 a 1,3 Septicemia ou Sepse grave 1,6 Infecção 1,79 Contusões 1,67 Corticoterapia 1,61 Peritonite 1,05 a 1,25 Câncer 1,1 a 1,45 Desnutrição Leve 0,85 a 1,0 Desnutrição Grave 1,5 Jejum 0,85 a 1,0 Insuficiência Cardíaca 1,3 a 1,5 Queimado (10 a 30%) (30 a 50%) (+ de 50%) 1,5 1,75 2,0 a 2,3 45 45 Prática 3 - CÁLCULOS DE GEB E GET PELOS DIFERENTES MÉTODOS Método da RDA/1989 Homem, 53 anos, 82 kg, 1,70m. Atividades Físicas: trabalhador rural, atividades da fazenda em geral (carregamento de pesos, lavrar a terra, construir cercas etc). Método da FAO/1985 Mulher, 48 anos, 59 kg, 1,64m. Atividades físicas: Sono (8h), Atividade ocupacional (escritório - 8h), Atividades domésticas (cozinhar, faxinar, lavar e passar – 5h), Atividades de manutenção (3h). Método das DRIs ( Cálculo do EER) Homem, 20 anos, 70kg, 1,69m. Atividade física: estudante universitário, pratica corridas nas horas vagas. Método de Harris e Benedict (1919) Mulher, 21 anos, 53kg, 1,60m. Paciente internada, não-complicada, acamada e móvel, febre noturna de 39°C. Observação: Para todos os indivíduos devem ser calculados o IMC e os pesos teóricos mínimo, médio e máximo. Deve também ser feita uma avaliação, por escrito, da situação do IMC em relação aos valores de referência. AVALIAÇÃO DO VALOR PROTÉICO DE DIETAS O valor protéico da dieta pode ser avaliado por meio de 3 indicadores: Calorias/g de Nitrogênio – Cal/gN Relação Proteína-Energia – P% Calorias fornecidas pelas proteínas totalmente utilizáveis da dieta – NDP Cal% Cal/gN A dieta deve conter uma quantidade adequada de calorias não-protéicas para garantir a metabolização adequada das proteínas ingeridas. São necessárias 120 a 150 Kcal/g de N da dieta para manter um balanço nitrogenado positivo em indivíduos sadios (pequeno estresse). 46 46 Cálculo do Cal/gN: Teor de N da dieta = Total de PTN da dieta (g) 6,25 Cal/g N = Calorias não-protéicas da dieta (Cal de CHO + Cal de LIP) Teor total de N da dieta Cal/g N < 120 – dieta não contém energia suficiente para garantir a metabolização da proteínas em suas funções específicas, ou dieta contém elevado teor protéico. Cálculo do P% P% = (Total de proteínas da dieta x 4) x 100 Calorias Totais Calorias totais = (Total de CHOg x 4) + (Total de LIPg x 9) + (Total de PTNg x 4) Valores de Referência para P% - 10 a 15% 10 a 12% satisfazem as necessidades protéicas de grupos populacionais, desde que as necessidades energéticas sejam atendidas. Para idosos recomenda-se P% de 12 a 14%. Dietas com P% < 10 não são necessariamenteinadequadas, isso acontece quando a proteína foi fornecida só para atender as necessidades protéicas calculadas do indivíduo. Quando p% > 15 indica que a dieta pode conter alto teor protéico ou que a quantidade de energia total é baixa. O P% não é uma relação entre as necessidades biológicas ou as recomendações nutricionais de proteínas e energia. O fato das populações ingerirem dietas com um P% de 10 a 15% não reflete necessariamente uma relação biológica ideal. 47 47 Cálculo do NDPCal% NDP Cal% = NPU x P% 100 Para encontrar o NPU, multiplica-se a quantidade de proteína de cada alimento pelo seu respectivo fator de utilização protéica (Tab.1) e somam-se os totais obtidos. Tabela 1 – Fatores de Utilização Protéica para o Cálculo do Net Protein Utilization (NPU). Proteínas Fator Proteínas de origem animal 0,7 Proteínas de leguminosas 0,6 Proteínas de cereais, frutas e vegetais 0,5 LEGUMINOSAS – são os vegetais que frutificam em vagem (feijões, ervilha, lentilha, grão- de-bico etc). Os LEGUMES (batata, cenoura, beterraba, mandioca, mandioquinha etc) são classificados como VEGETAIS e têm fator igual a 0,5. Valores de referência para NDPCal % estão entre 6 e 12 %. Valores abaixo de 6% indicam que a dieta pode conter alto teor de proteínas de origem vegetal e, portanto, de baixa biodisponibilidade ou que a dieta contém baixo teor de proteínas totais. Valores acima de 12% indicam excesso de proteínas totais na dieta ou excesso de proteínas de origem animal. A AVALIAÇÃO DO VALOR PROTÉICO DA ALIMENTAÇÃO PODE FORNECER INFORMAÇÕES VALIOSAS QUANDO SE UTILIZAM 2 OU MAIS INDICADORES. A UTILIZAÇÃO DE APENAS 1 INDICADOR E/OU O DESCONHECIMENTO DAS LIMITAÇÕES DOS INDICADORES OU DA POPULAÇÃO, INVIABILIZA QUALQUER PROGNÓSTICO SOBRE O VALOR PROTÉICO DA ALIMENTAÇÃO. 48 48 BIODISPONIBILIDADE DE FERRO O ferro presente nos alimentos não é absorvido de modo uniforme. A absorção deste nutriente depende de vários fatores dietéticos e fisiológicos. Aqui serão considerados apenas os fatores dietéticos. Existem duas formas de ferro alimentar, a forma heme a a não-heme. O ferro heme constitui 40% do ferro presente nos alimentos de origem animal, os 60% restantes são ferro não-hemínico. Para efeito do cálculo dietético considera-se que, dos alimentos de origem animal, apenas as carnes e derivados, denominados CPA (carnes, peixes e aves), contém ferro heme. Os demais alimentos contêm apenas ferro não-heme. Tabela 2- Distribuição de Ferro Heme e Ferro Não-heme nos Alimentos Alimento Ferro Heme Ferro Não-heme CPA* 40% 60% Outros 0 100% Outro fator dietético envolvido no cálculo dietético da disponibilidade de ferro da refeição é o ácido ascórbico ou vitamina C. O ácido ascórbico potencializa a absorção do ferro alimentar de duas formas: sendo um agente redutor, mantém o ferro no estado ferroso (Fe2+), que é mais solúvel, aumentando assim sua absorção; forma ainda um composto solúvel, o ascorbato de ferro, que apresenta uma boa absorção. A biodisponibilidade de ferro pode ser estimada na dieta, com base nas quantidades de carne e/ou de vitamina C presentes na refeição, conforme Tabela 1: Tabela 1- Biodisponibilidade de Ferro da Dieta Biodisponibilidade da Refeição Consumo de Carne, Peixe ou Ave (CPA) e Ácido Ascórbico na Refeição. % Ferro Absorvido NÃO-HEME HEME BAIXA < 30g de CPA ou < 25mg de vit C 3 23 MÉDIA 30 a 90g de CPA ou 25 a 75mg de vit C 5 23 49 49 ALTA > 90g de CPA ou > 75mg de vit C ou 30 a 90g de CPA + 25 a 75mg de vit C 8 23 Fonte: Monsen, 1980. Roteiro para o Cálculo da Absorção de Ferro da Dieta a) Para cada refeição determine: 1. A quantidade total de ferro; 2. A quantidade total de ferro heme; 3. A quantidade total de ferro não-heme; 4. A quantidade total de vitamina C, em mg, presente nos alimentos ingeridos; 5. A quantidade total de CPA; 6. A biodisponibilidade da refeição, conforme Tabela 1. b) Calcule: 1. A taxa de absorção do ferro heme e do ferro não-heme, de acordo com a classificação da biodisponibilidade da refeição; 2. A quantidade total de ferro absorvido (ferro absorvido = ferro heme absorvido + ferro não-heme absorvido); 3. Some o ferro absorvido em cada refeição e compare com as recomendações diárias propostas pela Tabela 3 ou pelas DRIs (pelo menos 10% da RDA de ferro para a faixa etária e sexo). Prática 4 - VALOR PROTÉICO E DISPONIBILIDADE DE FERRO Registrar um Recordatório de 24 h de um indivíduo adulto e avaliar a dieta deste indivíduo quanto ao Valor Protéico (Cal/gN, P%, NDPCal%) e quanto à Disponibilidade de Ferro. Os formulários necessários estão em anexo. O exercício pode ser feito em dupla. 50 50 RECORDATÓRIO 24 HORAS Nome: Profissão: Data de nascimento: Idade: Sexo: Refeição Preparação (nome) Ingredientes (receita) Quantidade (medida caseira) Café da manhã Colação Almoço Lanche Tarde Jantar Ceia Deve ser utilizado para anotar ao que a pessoa comeu durante 24h e depois calcular os nutrientes. 51 51 CÁLCULO DOS MACRONUTRIENTES Refeição Carboidratos Lipídeos Proteínas NPU PTN x NPU Desjejum Colação Almoço Lanche Tarde Jantar Ceia Totais 52 52 FORMULÁRIO PARA AVALIAÇÃO DO TEOR DE FERRO Refeição Quant. Vit. C (mg) Ferro (mg) Ferro Heme Não heme Absorção Heme Não heme Desjejum Total Classificação: Colação Total Classificação: Almoço Total Classificação: Lanche tarde Total Classificação: Jantar Total Classificação: Ceia Total Classificação: 53 53 FATORES ANTINUTRICIONAIS Fatores antinutricionais são definidos como substâncias naturais que causam efeito negativo sobre o crescimento e a saúde do homem e dos animais. A maioria das leguminosas possui diferentes fatores antinutricionais, tais como inibidores de proteases, lectinas, taninos e inibidores de alfa-amilase. Esses fatores reduzem a digestibilidade e a absorção dos nutrientes e, no caso da proteína, aumentam a excreção de nitrogênio. Os fatores antinutricionais presentes em alimentos podem provocar efeitos fisiológicos adversos ou diminuir a biodisponibilidade de nutrientes. A maior questão sobre os riscos à saúde provocados por antinutrientes é o desconhecimento dos níveis de tolerância, do grau de variação do risco individual e da influência de fatores ambientais sobre a capacidade de detoxificação do organismo humano. Fatores Antinutricionais a serem observados em cardápios Inibidores de proteases: leguminosas, batata Lectinas: manga, banana, batata feijão, ervilha, germe de trigo Saponinas: soja, alfafa, espinafre, beterraba, aspargos, açafrão, amendoim, folhas de chás Compostos fenólicos: trigo sarraceno, caju, manga, chá, noz-moscada, café Ácido oxálico (oxalato): espinafre, folha de beterraba, chá, cacau, alface, aipo, couve, repolho, couve-flor, nabo, cenoura Ácido fítico (fitato): cereais, nozes, leguminosas, alface, cebola, cogumelo,
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