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Controle medicamentoso da dor • Na clínica odontológica – dor de caráter inflamatório – classificadas como: aguda (curta duração) ou crônica (curso prolongado) geralmente associada da distúrbios de atm • Todas as intervenções cirúrgicas odontológicas causam destruição tecidual, gerando respostas inflamatórias agudas – dor acompanhada por edema e limitação de função • Procedimentos pouco invasivos – resposta inflamatória mínima e autolimitada – desconforto e dor de intensidade leve – analgésico de ação periférica • Intervenções cirúrgicas complexas – traumatismo tecidual intenso – respostas inflamatórias com hiperalgesia e edema – analgésicos de ação periférica e central e uso de fármacos com propriedades anti-inflamatórias Mecanismos da dor inflamatória • Nociceptores: receptores sensoriais que enviam sinais que causam percepção de dor – somente desencadeiam o refluxo da dor • quando estimulados por uma ameaça em potencial ao organismo • Nociceptores envolvidos no processo da dor inflamatória: Poliamidas (sensíveis a diferentes tipos de estímulos) e de alto limiar de excitabilidade – um mínimo estímulo nociceptivo é incapaz de ativa-los caso se encontrem em estado normal • Podem se tornar sensíveis ao receber um estímulo que normalmente não provoca dor – alodinia • Podem se tornar mais sensíveis aos estímulos nociceptivos – hiperalgesia: dois eventos bioquímicos – maior entrada de íons cálcio nos nociceptores e a estimulação da adenilato ciclase no tecido neural, que propicia o aumento dos níveis de AMPc (monofosfato de adenosina cíclico) – grandes impulsos nervosos que chegam ao SNC, amplificando e mantendo a sensação dolorosa •Essas reações são decorrentes da síntese contínua de mediadores químicos originários das células envolvidas no processo inflamatório – esses mediadores são genericamente chamados de autacoides, substâncias naturais do organismo Produtos do metabolismo do ácido araquidônico • Prostaglandinas e os leucotrienos (produtos do metabolismo do ácido araquidônico), e outros autacoides, tornam os nociceptores mais permeáveis à entrada de íons de cálcio – sensibilização dos nociceptores – suscetíveis ao menor estimulo • Ácido araquidônico : derivado do ácido linoleico, proveniente da dieta – fosfolipídios das membranas celulares e outros complexos lipídicos • lesão tecidual – início da resposta inflamatória – ativação da fosfolipase A2 – atuação nos fosfolipídios das membranas envolvidas no processo infamatório – liberação do ácido araquidônico no citosol • Ácido araquidônico: instável – ação de dois sistemas enzimáticos – cicloxigenase e 5- lipoxigenase – produção de autacoides – responsáveis pela hiperalgesia Via cicloxigenase (COX) • Ácido araquidônico – substancias que produzem diferentes efeitos, em função ao tipo celular envolvido • duas isoformas: COX – COX-1 e COX-2 • Questionada a COX-3 – presente no SNC MECANISMO DA DOR INFLAMATÓRIA PRODUTOS DO METABOLISMO DO ÁCIDO ARAQUIDÔNICO VIA CICLOXIGENASE (COX) • COX-1: Encontrada em grandes quantidades nas plaquetas, rins e mucosa gástrica na forma de enzima constitutiva - Pela ação dessa enzima, as prostaglandinas são geradas de forma lenta e estão envolvidas com processos fisiológicos, como a proteção da mucosa gástrica, regulação da função renal e agregação plaquetária – formadas em condições de normalidade, sem estímulos inflamatórios • COX-2: Pequenas quantidades nos tecidos – sua concentração é drasticamente aumentada após um estimulo inflamatório – cicloxigenase pró-inflamatória . • dependendo da ação enzimática COX-1 e COX-2, o ácido araquidônico irá produzir metabólicos ativos com efeitos diferentes – ex.: células injuriadas do local inflamado irão produzir prostaglandinas – células endoteliais que revestem os capilares sanguíneos prostaciclina; as plaquetas irão liberar tromboxanas • As prostaglandinas irão promover aumento na permeabilidade vascular, gerando edema – potencializam efeitos de outros autacoides, como histamina e bradicinina • A lesão tecidual também será sinalizador para que as células fagocitárias (macrófagos e neutrófilos) produzam mais prostaglandinas diretamente no local inflamado – estimulam interleucina-1 e fator ativador de plaquetas Via 5-lipoxigenase (LOX) • Ácido araquidônico – autacoides denominados leucotrienos – Leucotrieno B4 (LTB4), envolvido processo de hiperalgesia; mais potentes agentes quimiotáticos para neutrófilos • LTB4 – atrai os neutrófilo e outras células de defesa para o sítio inflamado – fagocitose – essa reação poderá resultar em mais lesão tecidual – formação de mais autacoides • A somatória de outro leucotrienos formados na via 5-lipoxigenase, constituem a substancia de reação lenta a anafilaxia – importante para a escolha de um anti-inflamatório Participação dos neutrófilos no processo de hiperalgesia • Neutrófilos – células efetoras da resposta inflamatória aguda – migração e acumulo dessas células no local injuriado rapidamente – participação da nocicepção • Resposta inflamatória – defesa do organismo – dependendo a intensidade alguns mecanismos protetores podem se tornar agressivos e destrutivos aumentando a lesão tecidual – produção de substancias pró-inflamatórias Tipos de regimes analgésicos • Hipócrates, pai da medicina – Sedare dolorem opus divinum est (amenizar a dor é obra divina) • Dor inflamatória aguda pode ser prevenida, não apenas amenizada – prevenção da dor é a melhor conduta • A prevenção da dor inflamatória aguda pode ser prevenida por meio de três regimes farmacológicos VIA 5-LIPOXIGENASE (LOX) PARTICIPAÇÃO DOS NEUTRÓFILOS NO PROCESSO DE HIPERALGESIA TIPOS DE REGIMES ANÁLGÉSICOS Classificação dos analgésicos e anti- inflamatórios • Analgésicos e anti-inflamatórios Fármacos que inibem a síntese da cicloxigenase (COX) • Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) – maior venda em automedicação • Ácido acetilsalicílico (AAS) – atividade analgésica e antitérmica em doses acima de 500-650mg, em adultos – ação anti-inflamatória 4-5g diários – pequenas doses inibem agregação plaquetária • A potência anti-inflamatória varia de acordo com sua meia-vida plasmática e com a dose empregada • Diferentes perfis em relação aos efeitos adversos em função da atuação sobre a COX-1 (isoformas constitutiva) • Diclofenaco, ibuprofeno, meloxicam entre outros • Devidos aos efeitos adversos pela inibição da COX-1, chegou-se a conclusão de que o AINE ideal seria aquele que apresentasse100% de atividade inibitória da COX-2 e nenhuma da COX-1 – era dos coxibes: alta eficácia e baixa toxicidade; inibição seletiva da COX-2 • Não se levou em consideração os riscos trazidos pela inibição seletiva da COX-2 – papel importante da enzima em alguns processos fisiológicos: regulação renal da excreção de sal, homeostasia da PA, etc. • Após o uso prolongado de coxibes por muitas pessoas, surgiram relatos de sérios eventos cardiovasculares – culminando na retirada de algumas de suas apresentações comerciais do mercado farmacêutico mundial • Coxibes devem ser evitados por pacientes portadores de hipertensão arterial , doença cardíaca isquêmica ou histórico de AVE • Emprego dos coxibes por menor tempo possível Quando e como empregar os AINEs • Indicados para o controle da dor aguda de intensidade moderada e severa, no período pós operatório de intervenções odontológicas eletivas • O regime mais eficaz dos AINEs é o de analgesia preventiva – introduzido imediatamente ao a lesão tecidual • Os AINEs também são úteis no controle da dor já instalada • Uso em crianças: ibuprofeno – único AINE aprovado para uso em crianças – FDA Duração do tratamento • A dor decorrente de procedimentos odontológicos cirúrgicoseletivos perdura, em geral, por um período de 24hrs com o pico sendo atingido entre 6 e 8 horas • A duração do tratamento com os AINEs deve ser estabelecida por um período máximo de 48 a 72hrs • Se houver dor intensa após esse período pode haver alguma complicação de ordem local • Em procedimentos odontológicos eletivos ou nos casos de dor já instalada não há a necessidade de prescrição dos AINEs de forma crônica AINEs: precauções e contraindicações • A duração do tratamento com AINEs na clínica odontológica é restrita – Efeitos adversos mais raros que na clínica médica • Considerações gerais a respeito da prescrição de AINEs pela ANVISA: 1. A ação analgésica e anti-inflamatória dos inibidores seletivos da COX-2 não é superior àquela apresentada pelos inibidores não seletivos 2. O uso dos coxibes deve ser considerado exclusivamente para pacientes com risco aumentado de sangramento gastrintestinal, mas sem risco simultâneo de doença cardiovascular 3. Sem comprovação de segurança do uso dos inibidores seletivos da COX-2 em pacientes menores de 18 4. Na prescrição de qualquer inibidor da COX-2, deve-se usar a menor dose efetiva pelo menor tempo necessário de tratamento. Paracetamol • Também é classificado como um inibidor da cicloxigenase – não apresenta ação anti- CLASSIFICAÇÃO DOS ANALGÉSICOS E ANTI- INFLAMATÓRIO inflamatória – Por isso é empregado apenas como analgésico • O efeito analgésico do paracetamol pode ser atribuído a uma ação direta no SNC, pela ativação das vias serotonérgicas descendentes Fármacos que inibem a ação da Fosfolipase A2 • Representado pelos corticosteroides • Derivados da cortisona Ação dos corticosteroides • Propostos vários mecanismos de ação anti- inflamatória para os corticosteroides – ação inibitória da enzima fosfolipase A2 é o principal • Após a lesão tecidual, a inativação da enzima fosfolipase A2 reduz a disponibilidade de ácido araquidônico liberado das membranas das células que participam da resposta inflamatória – Menor substrato – prejudica a ação enzimática da COX-2 e 5-lipoxigenase – menor produção de prostaglandinas e leucotrienos • Ação dos corticosteroides é conseguida de maneira indireta – Eles induzem a síntese de lipocortinas (proteínas responsáveis pela inibição da fosfolipase A2 – irá reduzir a disponibilidade de ácido araquidônico e, por consequência, a síntese de substancias pró-inflamatórias • Efeitos anti-inflamatórios após 1 a 2hrs • Outro mecanismo anti-inflamatório dos corticosteroides – controle da migração de neutrófilos – resulta na menor produção de mediadores hipernociceptivos, minimizando a dor inflamatória Uso dos corticosteroides na clínica odontológica • Assim como os AINEs, os corticosteróides são indicados para prevenir hiperalgesia e controlar o edema inflamatório – decorrentes de intervenções odontológicas eletivas • Dexametasona ou betametasona são fármacos de escolha – maior potência anti-inflamatória e duração de ação • Melhor regime analgésico para empregar os corticosteróides: analgesia preemptiva Vantagens do uso dos corticosteroides em relação aos AINEs • Quando empregados em dose única pré- operatória ou por tempo restrito, podem ser feitas as seguintes considerações quanto a prescrição de corticosteroides, comparada aos AINEs: 1. Não produzem efeitos adversos clinicamente significativos 2. Não interferem nos mecanismos de hemostasia, diferente de alguns AINEs 3. Os corticosteroides são mais seguros para serem empregados em gestantes ou lactantes, hipertensos, diabéticos, nefropatas 4. Relação custo/benefício do tratamento é menor quando se usam os corticosteroides Uso com precaução e contraindicação dos corticosteroides • Contraindicados: pacientes portadores de doenças fúngicas sistêmicas, herpes simples ocular, doenças psicóticas, tuberculose ativa ou que apresentem história de alergia • Outra consideração – interferência dos corticosteroides na hemostasia do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) • Quando se optar por fazer uso de corticosteroides como medicação pré-operatória, marcar preferencialmente para o início da manhã o procedimento – somação dos efeitos anti- inflamatórios do remédio com os do cortisol endógeno Fármacos que deprimem a atividade dos nociceptores • Quando os nociceptores estão sensibilizados pela ação das prostaglandinas e outros autacoides, os corticosteroides não mostram tanta eficácia como na prevenção da hiperalgesia • Nos quadros de dor já instalada, o emprego de fármacos que deprimem diretamente a atividade dos nociceptores pode ser conveniente – diminui o estado de hiperalgesia persistente – bloqueio da entrada de cálcio e diminuição dos níveis de AMPc nos nociceptores • Substancia padrão desse grupo: dipirona • Outro fármaco: diclofenaco – age de duas formas: prevenindo a sensibilização dos nociceptores e deprimindo sua atividade após estarem sensibilizados Uso clínico dos analgésicos FARMACOS QUE DEPRIMEM AS ATIVIDADES DOS NOCICEPTORES USO CLÍNICO DE ANALGÉSICOS • Analgésicos comuns na odontologia: dipirona e paracetamol • Pode-se optar pelo ibuprofeno, que em doses menores tem ação analgésica similar a dipirona, sem exercer atividade anti-inflamatória • Ácido acetilsalicílico – apesar de sua boa atividade analgésica, é empregado com menor frequência em função a atividade antiagregante plaquetária • Na clínica odontológica analgésicos são empregados por períodos curtos, em 24 a 48hrs Considerações sobre o uso da dipirona • Analgésico eficaz e seguro para uso em odontologia • O uso de dipirona deve ser evitada nos três primeiros meses e nas últimas seis semanas da gestação – usar em casos de extrema necessidade • Contraindicada para pacientes com hipersensibilidade, portadores de doenças metabólicas como a porfiria hepática ou deficiência congênita da glicose-6-fosfato- desidrogenase • Deve ser evitada em pacientes com história de anemia ou leucopenia Considerações sobre o uso do paracetamol • Analgésico seguro para uso em gestantes e lactantes • Pode causar danos ao fígado • Contraindicado para pacientes fazendo uso contínuo de varfarina sódica, pelo risco de aumentar o efeito anticoagulante e provocar hemorragia • Contraindicado para pacientes com alergia ao medicamento Considerações sobre o uso do ibuprofeno • Contraindicado para pacientes com história de gastrite ou ulcera péptica, hipertensão arterial ou doença renal • Evitar em pacientes com história de hipersensibilidade ao ácido acetilsalicílico, pelo risco de alergia cruzada • Além da dipirona, paracetamol e ibuprofeno, o cirurgião dentista pode ainda optar pelos analgésicos de ação predominantemente central – opioides fracos (codeína e tromadol) • Cloridrato de tramadol – potência analgésica 5 a 10x menor que a morfina e seu mecanismo de ação não é completamente conhecido – ação 1hr após a administração dose de 50mg – Efeitos adversos: náuseas, constipação, vomito, alterações de humor, sonolência e depressão respiratória limitam seu uso em odontologia • Principais analgésicos: Doses pediátricas: regra prática •Dipirona (solução oral “gotas” com 500 mg/mL): 0,5-1 gota/kg/peso • Paracetamol (solução oral “gotas” com 200 mg/mL): 1 gota/kg/peso • Ibuprofeno (solução oral “gotas” com 50 mg/mL): 1 gota/kg/peso • Codeína e tramadol: não são recomendados para uso em crianças
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