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ARREPENDIMENTO NACIONAL Brazil10Anos CARVALHO DE TABOR Departamento de Pesquisa Catolicismo e Reforma Protestante 1ª Edição © Lucas de M. Ferreira - 2020 Imagem de capa: Reforma Protestante de Lutero (foto: ANSA) SUMÁRIO Introdução .......................................................... 5 REFORMA PROTESTANTE: PLENITUDE DOS TEMPOS ............................... 9 REFORMA PROTESTANTE E A AUTORIDADE DA IGREJA .......................... 14 ABAIXO DA SUPERFÍCIE: UMA PROPOSTA DO QUE SEJA O CERNE DA DISCORDÂNCIA .......................... 23 BIBLIOGRAFIA ..................................................... 29 5 INTRODUÇÃO Podemos dizer que temos difi- culdades em ver e compreender o mundo como um todo, através dos tempos. Por isso, fragmentamos esse todo, tentando entendê-lo. Um dos aspectos desse comportamen- to está presente no estudo do nos- so passado, visto que é comum a história humana ser contada como que em fatias, com o objetivo de melhor situá-la em períodos histó- ricos, para estudos mais específicos. E é assim que surgem nomes para espaços de tempo que geralmente são determinados por algum acon- tecimento histórico marcante. A história do cristianismo tam- bém passou por várias etapas até chegar à que conhecemos hoje. Isso é possível porque a igreja é com- posta por pessoas, que se relacio- 6 nam com sua fé de acordo com o contexto em que estão inseridas. O que torna a igreja um ser orgâni- co. Deve-se observar que essa vi- vência contextualizada é algo com- pletamente saudável, contanto que todo esse contexto não amarre os princípios básicos do cristianismo a questões culturais que possam sobrepujá-los. Um acontecimento significa- tivo para a história da igreja foi a Reforma Protestante. Esse foi um movimento de retorno às origens em que apenas a obediência às Es- crituras tornou-se aceita. No estudo da história dentro do ensino regular das escolas, ensi- nam o que se chama de periodiza- ção clássica da história, que é divi- dida em cinco: Pré-história, Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Cada perí- odo é denominado conforme seus aspectos particulares, tendo seu início e fim marcados por apogeus 7 e decadências de sistemas e estru- turas, com acontecimentos especí- ficos para a época. Com o estudo da história da igreja cristã não foi diferente. Ain- da que o entendimento geral seja de que a igreja se una conforme o Credo Apostólico, isto é, de acordo com questões levantadas de tem- pos em tempos, era formado um grupo de pessoas habilitadas para deliberarem sobre esses assuntos levantados. Dessa forma a igreja pode ser usualmente dividida da seguinte forma1: Igreja primitiva, que se refere à igreja do primeiro século. Tem sua descrição de vida e atuação na so- ciedade, escrita no livro de Atos dos Apóstolos; O período de homens chama- dos pais da igreja. Essa época se re- fere aos discípulos dos discípulos, 1 Esta forma não é canônica, é completamente possível usar outras nomenclaturas para dividir a histó- ria eclesiástica, desde que abranja o período da Igreja do século I até os dias atuais. 8 como Clemente, que é citado na car- ta de Paulo aos Filipenses. Foram aqueles que lutaram para defender a pureza da igreja contra as here- sias, como, por exemplo, o Arianis- mo do século IV; A igreja da época do Imperador Constantino, que é também conhe- cida como a igreja institucionaliza- da. A partir desse ponto, algumas vertentes cristãs mais expressivas começaram a surgir (isso não sig- nifica que não tenha havido diver- gências antes). Com essa divisão em mente, que não passa de um panorama, o tema tratado aqui será a Reforma Protestante. Essa que deu origem ao que é conhecido hoje como o pro- testantismo, que, por sua vez, difere essencialmente em vários sentidos do catolicismo — linha cristã que prevalecia isoladamente até o ano de 1.517. 9 REFORMA PROTESTANTE: Plenitude dos tempos É válido observar que o modo como a Reforma é interpretada se distingue entre essas duas ver- tentes. O historiador católico trata como um movimento de revolto- sos e heréticos que feriram a inte- gridade universal da igreja. O historiador protestante en- cara como um processo necessá- rio e inevitável para um retorno a uma doutrina saudável, tal como foi deixada pelos primeiros líderes da igreja cristã. E, em meio a tudo isso, o historiador secular a avalia como um movimento revolucioná- rio que encontrou êxito em virtude da própria evolução buscada pelo indivíduo debaixo de um espírito da modernidade. 10 A chamada Reforma Protes- tante, ou Reforma Magistral, foi o evento que mudou rumos, ideais e, de certa forma, dividiu posições. O papel principal dessa mudança foi exercido por Martinho Lutero, um monge da igreja católica. Há de se ponderar que Lutero não fez todo esse todo movimen- to sozinho. Aliás, podemos afirmar até mesmo que a intenção inicial do monge não era a ruptura com a igreja católica, mas sim um retor- no à obediência das escrituras pela igreja. O que sabemos não ter sido aceito pelo clero, por isso a ruptura tornou-se única opção para o mo- mento. Como foi dito, a busca por essa reforma foi construída no decorrer de um longo tempo. Para que a so- nhada mudança acontecesse, houve uma espécie de plenitude dos tem- pos, ou seja, a situação tornara-se propícia para a reforma por uma série de fatores: 11 1)1) Os questionamentos ligados a autoridade última da Igreja só vi- nham aumentando, sendo fomenta- dos por homens que antecederam Lutero, tais como John WyClif- fe, Jan Huss, Gansfort, Savonarola. Uma série de críticas as doutrinas católicas que iriam inspirar Marti- nho Lutero mais de um século de- pois. Esses eram questionamentos de pessoas de diferentes países, mas que apresentavam pensamentos convergentes. O que mostra que a insatisfação não era fruto de um lugar ou época específica. 2)2) O pensamento filosófico da época efervescia por toda socieda- de influenciado pela chamada Re- nascença, ou Renascimento, isto é, o homem ia buscando ou tomando seu “lugar”; 3)3) Com o fortalecimento dos chamados burgos2, era crescente a insatisfação da burguesia em ascen- 2 Aldeia, povoação ou vila formada a partir de núcleos como, por exemplo, fortalezas ou mosteiros. (BURGO. Dicionário Online de Português, 2020. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/burgo/>. Acesso em: 29/05/2020.) 12 são com o clero, que de um lado au- mentava as vendas de indulgencias, relíquias sagradas, de outro hostili- zava a prática da usura comum pela burguesia. 4)4) Com o surgimento de tec- nologias, para facilitar a difícil vida do povo, a imprensa é vista como um divisor de águas. Ela seria am- plamente usada para divulgação da teologia reformada, já que seria pra- ticamente impossível alcançar tais proporções com trabalho de forma manual. 5)5) Entre os séculos XII e XV, a Europa viveu um período de gran- des mudanças. Os burgueses, que eram comerciantes, começaram a formar uma nova classe social, o que implicou no declínio do sis- tema feudal, após a queda do Im- pério Romano. Nascendo monar- quias nacionais, com forte caráter nacionalista, enfraquecendo mais a submissão a um Papa com gover- 13 no universal. É possível dizer que a atitude de Lutero foi apenas o es- topim do barril de pólvora, que ex- plodiria mais cedo ou mais tarde. Tendo traçado esse rápido pa- norama, a proposta aqui é analisar o problema teológico que motivou esse movimento reformacional. Uma vez que toda ação reflete uma convicção, toda reestruturação so- cial, política e cultural que aconte- ceu na sociedade como resultado da Reforma Protestante, foi fruto de uma teologia. Teologia essa que é um resul- tado da leitura dos reformadores sobre a realidade a sua volta, ten- do por base as escrituras sagradas. O movimento da Reforma Protes- tante é produto de como pessoas enxergaram Deus (a divindade), o homem e o seu lugar nouniverso. 14 REFORMA PROTESTANTE E A AUTORIDADE DA IGREJA Por ser a Idade Média um tem- po em que todas as instituições so- ciais eram completamente submis- sas à Igreja católica, a questão da autoridade eclesiástica foi o foco da discussão nesse movimento enca- beçado por Lutero e amplamente rejeitado pelos pré-reformadores. Portanto, é compreensível a eleição dos Cinco Solas como uma espécie de bandeira da Reforma Protestante, uma vez que cada Sola questionava e questiona uma área de autoridade na igreja católica. Os chamados reformadores en- tenderam que a autoridade da Igre- ja era derivada de Cristo, e por isso recorreram a Cristo para resolver um problema de interpretação equi- 15 vocada das escrituras por parte do magistrado católico. Talvez seja importante saber, antes de resumir cada um, que os cinco Solas são uma espécie de sín- tese da teologia da reforma (que fi- cou assim denominada mais de 100 anos depois, na época da Contrarre- forma Católica, codificada no con- cílio de Trento). Dito isto, os Solas são: Somente a Graça:Somente a Graça: Questionava o ensino católico de que meramente pela participação do fiel nos sacra- mentos e por sua frequência na co- munidade romana, ele já alcançaria sua salvação. Os reformadores rei- teravam que somente a graça divina pode salvar um pecador. Com isso, não se quer dizer que a participação dos sacramentos e a comunhão dos santos sejam dispensáveis, mas sim que não são meios de barganha ou de adquirir méritos diante de Deus. O ensino da graça pareceu par- ticularmente perigoso ao clero, uma 16 vez que, se entendido erroneamen- te poderia se levar a uma vida de dissolução e desregramento, o que é incoerente com a descrição bíbli- ca da vida sacra de um salvo. A gra- ça “liberava” (no sentido salvífico) o indivíduo de participar dos sacra- mentos — meio pelo qual a igreja mantinha a maioria de seus mem- bros vinculados. Uma vez que o indivíduo entendia não estar mais obrigado à realização das obras para obtenção de sua salvação, pouca coi- sa ou nada o prenderia às “rédeas” da Igreja romana. Somente Cristo:Somente Cristo: Essa declara- ção tencionava alguns pontos cru- ciais na fé cristã católica. Uma vez que, se o clero aceitasse essa decla- ração da mesma forma que o pro- testantismo a aceita, ele estaria con- cordando que o sacrifício de Cristo é suficiente como pagamento e pu- nição dos pecados, como de fato é. Nenhuma penitência, flagelo ou martírio colocava ou coloca al- 17 guém em posição vantajosa dian- te de Deus. Além do mais, Solus Cristhus implica que Ele é o único mediador entre Deus e os homens conforme o texto de I Tm. 2:5, des- cartando então, qualquer intento de intercessão de qualquer dos san- tos que já viveram incluindo, claro, a intercessão de Maria. Esse Sola também situa Cristo como o único cabeça da igreja, assim sendo, não existe lugar para um homem com a posição de Papa, deixando bas- tante claro que Ele, o próprio Deus, por meio de Cristo, é o único que tem poder para perdoar pecados. E o faz independentemente da con- cordância de homens, estejam eles em qualquer posição. Para o perdão dos pecados a única condição é ar- rependimento em fé. A teologia reformada de manei- ra nenhuma despreza as boas obras ou jejuns, que lembram o ser hu- mano de sua fragilidade e huma- nidade, colocando-o num lugar de 18 dependência divina, mas nada além disso. Também, ao declarar Cristo como cabeça da igreja, a teologia re- formada não retira a importância dos mestres e pastores instituídos pelo próprio Deus, muito menos desconsidera a prática da confissão de pecados, pelo contrário, refor- ça isso de diversas formas. Porém, é necessário o reconhecimento de que somente o mérito de Cristo é considerado válido pelo próprio Deus para a salvação do pecador, e que somente Ele — Cristo — é quem pode mediar essa relação Deus x homem. Somente as Escrituras:Somente as Escrituras: Com o apelo à autoridade das escrituras, os reformadores não discordavam da infalibilidade nem da inerrância da mesma. Doutrinas essas também defendidas pela teologia católica. Mas, por crerem que a revelação foi dada de uma vez por todas, única e definitivamente em Jesus Cristo, os reformadores alertam para a sub- 19 jetividade e o perigo da crença na continuidade da revelação divina, quando essa revelação se encontra aos cuidados do ser humano que, conforme demonstra a bíblia, é de- pravado pelo pecado. O sola scrip- tura diz que a revelação não pode ser obtida por labor humano, mas por simples desejo divino, ou seja, ou Deus decide revelar-se, ou o ser humano ficará tateando no escuro. Estava ainda dentro do plano dos reformadores, no que tange ter a escritura sagrada como única re- gra de fé e prática, questionar o tri- pé hermenêutico católico, onde são colocados em pé de igualdade no requisito autoridade: a Bíblia, a Tra- dição Católica perpassada pelo cle- ro e as resoluções do magistrado. Somente a Fé:Somente a Fé: Nesse ponto, afir- mar somente a fé é o mesmo que dizer que a salvação não pode ser negociada, da mesma forma o per- dão e a absolvição da culpa pelos 20 pecados. O sola Fide ainda elimina o homem como elemento colabora- dor na salvação e se coloca contrário ao sistema soteriológico3 assumido pela igreja romana que, em tese, condenava o pelagianismo4, porém, na prática, adotava uma espécie de semi-pelagianismo, onde o homem é em algum grau responsável pela conquista e manutenção de sua sal- vação. A fé somente, esse termo ainda desbanca outras exigências, como requisitos para o alcance da salva- ção, tais como: obras obras (caridade, votos de pobreza, penitência); sacramen-sacramen- tostos (batismo, 1ª comunhão, crisma, confissão, matrimônio, sacerdócio, extrema unção); e indulgênciasindulgências (pa- gamentos para conseguir o próprio perdão, tirar ou diminuir o tempo de outro no purgatório). 3 Que se refere, pertence ou é próprio à soteriologia, parte da teologia que estuda a salvação da humani- dade. (SOTERIOLOGICO. Dicionário Online de Português, 2020. Disponível em: <https://www.dicio.com. br/soteriologico/>. Acesso em: 01/06/2020.) 4 Doutrina defendida pelo monge Pelágio (360-425 d.C.), consiste na afirmação de que o homem nasce sem pecado, embora os cometa no decorrer da sua existência, sendo o único responsável pela sua pró- pria salvação. (PELAGIANISMO. Dicionário Online de Português, 2020. Disponível em: <https://www. dicio.com.br/pelagianismo/>. Acesso em: 01/06/2020.) 21 Glória somente a Deus:Glória somente a Deus: Como resultado disso tudo, a glória deve ser dada somente a Deus. A reação do homem caído que teve seus olhos abertos pela graça divina, reconhe- cendo sua incompetência para sal- vação. Perceber que a fé é o único requisito para o perdão dos pecados, tendo essa fé impulsionada pela gra- ça divina em direção a Jesus Cris- to, como o sacrifício perfeito que imputa sobre a vida do pecador os méritos necessários para ser aceito por Deus. Diante disso, a única rea- ção humana plausível deve ser dar toda glória ao próprio Deus, autor de tão bela salvação. Portanto, nin- guém merece glória senão o pró- prio Deus. A nenhum santo cano- nizado, papas ou demais expressões da hierarquia católica, a mais nin- guém, senão ao único que salvou o pecador perdido. Não considerando pouca coisa, toda essa controvérsia entre Igre- ja Católica Apostólica Romana e a 22 então recém formada Igreja Refor- mada, não é tudo. Essa divergência pode ainda ser ampliada por estu- dos contemporâneos e as diferen- ças entre o catolicismo e protestan- tismo giram em torno da pessoa de Cristo, mais precisamente de como se entende a humanidade de Cris- to. 23 ABAIXO DA SUPERFÍCIE: Uma proposta do céu que seja o cerne da discordância À primeira vista, pode parecer sucinta a forma como se entende a declaração bíblica de que a igreja é o corpo de Cristo (o que está ligado ao entendimentoda humanidade de Cristo). Contudo, isso traz impli- cações para a vida prática da igre- ja, consequentemente para a ado- ração, dependendo da cosmovisão utilizada; uma vez que o propósito da reunião dos santos e da vida in- dividual de cada cristão é glorificar ao seu Criador. O catolicismo romano crê que pelo fato de a comunidade de fé ser o corpo de Cristo na Terra, todas suas práticas sacramentais, todos os santos do passado e do presente 24 são, dessa forma, continuidades de Cristo na Terra. Sendo assim o Papa, por ser a figura central, tem a auto- ridade de Cristo, consequentemen- te, os pecados só estão perdoados se o Papa os perdoar ou autorizar o perdão. Para facilitar o entendimento de quão prejudicial é esse enten- dimento para a vida da igreja, será feito uso de um raciocínio prático: Se a igreja é a encarnação do pró- prio Cristo na Terra; e mais os san- tos que já viveram e compuseram a igreja; então, reverenciar ou pedir intermediação aos santos do passa- do é reverenciar ou pedir interme- diação ao próprio Cristo. Em contrapartida, o protestan- tismo crê que a igreja é sim o cor- po de Cristo na terra, mas as prin- cipais diferenças são: 1)1) Cada pessoa, sozinha, é ape- nas membro desse corpo e não sua totalidade; 25 2)2) Ninguém, mesmo como par- te do corpo e representante de Cris- to na Terra, pode compartilhar ou outorgar a outrem os créditos da obra salvífica ou intercessória en- tre Deus e o homem. Sendo assim, o protestantismo não tem problemas com a humani- dade de Cristo, ao contrário, crê e afirma a mesma. Grudem, teólogo protestante, em sua Teologia Sis- temática ensina, que por conta da natureza divino-humana de Cristo, a sua humanidade recebe agora di- reito de adoração. Mas essa adoração fica restrita à pessoa e humanidade de Cristo, pois essa se encontra condicionada à Sua divindade, divindade tal que não se encontra em nenhum outro ser humano, por isso a rejeição ve- emente dos reformados, pela afir- mação de alguns enxergarem Deus em toda criatura, declarando que então a criatura também pode ser adorada. 26 Então a divergência entre ca- tólicos e protestantes não está so- mente relacionado a questão da autoridade eclesiástica, como foi discutido na Reforma Protestante, mas, é, além disso, um entendimen- to que afeta o cerne da fé cristã que é a pessoa de Jesus, o Cristo. Da mesma forma como acon- teceu na época da Reforma, ainda hoje é preciso, por ambas as partes, perceber que os pontos que pare- cem comuns, na verdade estão di- vididos pelo próprio Cristo. Se leva- das a sério as questões supracitadas, não é possível crer na tão propa- lada compatibilidade das religiões, traduzida nas conhecidas frases de que “Deus é um só” ou que “todos os caminhos levam a Deus”. No entanto é importante res- saltar que, o que está em voga aqui é a importância da produção de um diálogo ecumênico sincero, e não a segregação, exclusão ou intolerân- 27 cia religiosa. Dizer que o protestan- te discorda da cristologia do católi- co romano é verdade — ainda que essa diferença não seja percebida pela maioria — mas não é o mesmo que dizer que sejam inimigos uns dos outros. Fica, por assim dizer, percep- tível o valor do lema da Reforma Protestante: Ecclesia reformata et Ecclesia reformata et semper reformanda estsemper reformanda est (igreja re- formada e sempre se reformando) e que esse lema seja lembrado e apli- cado a todo instante na igreja con- temporânea, pois, como já foi dito, ela é um corpo vivo que passa por modificações: 1)1) Lembrando-se da graça divi- na sempre que as obras assediarem o coração do crente; 2)2) Estabelecendo Deus como alvo de toda glória por tudo que fez e faz pelos perdidos; 3)3) Reconhecendo as Escrituras Sagradas como centro do ministé- 28 rio e do púlpito da comunidade de fé; 4)4) Entendendo a posição do ho- mem salvo como corpo de Cristo, dentro de sua limitação imposta pela sua própria natureza. 29 BIBLIOGRAFIA FERGUSON, Sinclair. Somente Cristo: lega- lismo, antinomianismo e a certeza do evan- gelho. São Paulo: Vida Nova, 2019. GONZÁLES, Justo. História Ilustrada do Cristianismo: a era dos reformadores até a era inconclusa. 2ª Ed. São Paulo: Vida Nova, 201 1. GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. 2ª Ed. São Paulo: Vida Nova, 2010. RICARDO, Paulo. 1 vídeo (1:02:02 min.) A chave para entender o protestantismo. Pu- blicado pelo canal Andre Chilano, 2017. Dis- ponível em <https://www.youtube.com/wat- ch?v=pnPBGv3R42g>. Acesso em 22 janeiro 2020. 30
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