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Psicologia da Educação 1 Sumário INTRODUÇÃO...........................................................................................................................2 CAPÍTULO 1 – ENTENDENDO O TRABALHO DO PSICÓLOGO ...................................3 CAPÍTULO 2 – A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO ..............................................................7 CAPÍTULO 3 – DEFININDO O CONCEITO DE APRENDIZAGEM ................................13 CAPÍTULO 4 – AS TEORIAS DE APRENDIZAGEM ........................................................15 CAPÍTULO 5 – A MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM ..........................................21 CAPÍTULO 6 – A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO .......................................................25 CAPÍTULO 7 – OS PROCESSOS DE RETENÇÃO E ESQUECIMENTO DA APRENDIZAGEM ...................................................................................................................29 CAPÍTULO 8 – A APRENDIZAGEM CRIATIVA ................................................................34 CAPÍTULO 9 – FATORES QUE PREJUDICAM A APRENDIZAGEM ...........................38 CAPÍTULO 10 – A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ..................................................42 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................45 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................46 2 INTRODUÇÃO As relações entre aprendizagem e aspecto psicológico são mais significativas do que muitas pessoas percebem. Os pensamentos e as emoções do ser humano influenciam no desenvolvimento cognitivo e este é parte importante do processo de aprendizagem humana. Os nossos estudos se iniciarão pelo profissional que estuda e trata esse aspecto: o Psicólogo. Conheceremos seu trabalho, sua formação e sua rotina, para entendermos a importância da Psicologia na nossa sociedade. E não somente na sociedade, na educação. A Psicologia da Educação surge então para unir dois fatores importantes no aprendizado: o psicológico e o acadêmico. Apresentaremos os principais autores dessa área, definiremos os objetos de estudos e como a Psicologia ajuda a escola a ensinar de modo mais amplo, considerando não só o aspecto cognitivo, como as emoções, os pensamentos e o meio social do aluno. A Psicologia nos proporcionou estudos significativos sobre a aprendizagem e o desenvolvimento humano e veremos nessa apostila as principais teorias sobre esse tema, seus autores e sua aplicação prática na educação. A escola, amparada por esses estudos, pode desenvolver estratégias de ensino mais motivadoras para alunos e professores. Assim, não só a relação do aluno com a escola será melhorada, mas com os professores, os colegas e com o próprio aprendizado. Além desses benefícios, a Psicologia irá contribuir para o processo de aprendizagem propriamente dito, já que suas teorias mostram aos professores como funciona o aprendizado humano, o que se modifica na mente e no comportamento com esse aprendizado e quais práticas didáticas irão favorecer a retenção do conhecimento e prevenir o esquecimento do mesmo. Na nossa apostila também iremos aprender como promover uma aprendizagem criativa, que estimulará a curiosidade e o interesse dos alunos. Também veremos os fatores que prejudicam a aprendizagem e como evitá-los. Por fim, iremos descrever e discutir qual a melhor forma de avaliar o aluno. Desse modo, pretendemos que todos que leiam o texto a seguir consigam usar o conhecimento adquirido sobre essa área para ensinar e aprender melhor. 3 CAPÍTULO 1 – ENTENDENDO O TRABALHO DO PSICÓLOGO A Psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais dos indivíduos. Basicamente, os estudos da Psicologia se dividem entre os que acreditam em fatores genéticos (determinismo) e os ambientais (empiristas), mas há também os que seguem uma linha interacionista, equilibrando ambas as correntes teóricas. Psicologia significa estudo da alma, ou seja, é uma ciência que se origina nas indagações sobre as emoções mais profundas do ser humano. Os psicólogos, então, irão estudar aspectos relacionados às percepções, à cognição, às emoções, à inteligência, investigando o funcionamento cerebral, o desenvolvimento e o amadurecimento do indivíduo, seu comportamento e suas relações com o meio e os outros. Neste capítulo, iremos entender a Psicologia como ciência e em seguida, o trabalho do psicólogo. • A Psicologia como Ciência A Psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais dos indivíduos. Como ciência, integrante da área de Ciências Humanas, ela segue o método científico, ou seja, procura um conhecimento objetivo baseado em fatos empíricos, usando para isso instrumentos e procedimentos predeterminados por esse método. Entre esses procedimentos está a observação e análise do comportamento observável (de indivíduo ou grupos de indivíduos) e dos processos mentais envolvidos nesse comportamento (FERREIRA, 2020). O método científico envolve observação, questionamento, hipótese e experimentação. O psicólogo então vai observar e descrever o comportamento de seus pacientes, tentando explicar esses comportamentos e deduzir os processos mentais e emocionais envolvidos. Vai também considerar variáveis como o ambiente físico, os fatores materiais, climáticos, humanos, culturais, etc. Esse psicólogo então, irá levantar suas hipóteses diagnósticas e experimentar o tratamento adequado. A primeira organização científica e profissional de Psicologia foi fundada em 1982, nos Estados Unidos, a Associação Americana de Psicologia (APA). Após esse marco, a ciência se expandiu no mundo todo e ainda hoje tem controle rigoroso de formação de profissionais e exercício da profissão (FERREIRA, 2020). A ciência Psicologia cresceu muito nas últimas décadas, através de estudos científicos, autores renomados e diversificação de métodos de pesquisa e trabalho. Isso fez com que essa ciência se dividisse em alguns segmentos. Sob uma perspectiva histórica temos: o funcionalismo, o estruturalismo e a Gestalt. Já nos contextos mais recentes, temos: a psicanálise, o behaviorismo, o humanismo, a perspectiva histórico-social, a perspectiva cognitiva, o 4 evolucionismo, a psicodinâmica e a psicologia médico-biológica. Vejamos cada um desses segmentos a seguir (SCHULTZ & SCHULTZ, 2019): • Estruturalismo: assim que a psicologia nasce como ciência, o fisiologista alemão Wilhem Wundt constrói um laboratório, que seria o primeiro da psicologia e se dedica a criar um método específico para essa ciência. Em seu laboratório, fazia experimentos controlados, analisando sistematicamente os dados recolhidos e observando principalmente o comportamento mental e sensorial. Posteriormente, esse método foi chamado de estruturalismo; • Funcionalismo: para essa corrente de estudos, o estruturalismo era muito limitado, fazendo somente descrição de elementos, conteúdos e estruturas. Para o funcionalismo, a mente humana era muito complexa e interagia constantemente com o meio ambiente, era funcional. Assim, essa perspectiva teórica focava mais o comportamento consciente, estudando a influência das vontades, desejos, dos valores e da experiência social; • Gestalt: reagindo ao funcionalismo, a Gestalt vai trabalhar mais o aspecto sensorial, ou seja, da nossa percepção do mundo e das pessoas. Essa palavra significa “configuração”, então, seu foco será o funcionamento da mente como um todo. Atualmente, as principais perspectivas da Psicologia estão divididas nas seguintes posições teórico-terapêuticas (SCHULTZ & SCHULTZ, 2019): • Psicanálise: desenvolvida a partir dos estudos de Sigmund Freud, médico austríaco, essa teoria se baseia no estudo do inconsciente. Relacionado com o inconsciente, estãoas pulsões (de vida, eros, e de morte, thanatos), as repressões à sexualidade e traumas, e os comportamentos ditados pelo aparelho psíquico (id, ego e superego). Veremos a teoria mais detalhadamente em capítulo próximo; • Behaviorismo: a psicologia comportamental vai estudar as reações biológicas e as ações relacionadas aos estímulos e reforços do meio, sendo esse processo, o mais básico de nossa aprendizagem. Também será melhor estudado mais à frente; • Humanismo: perspectiva teórica que se concentra nos estudos das realizações e emoções humanas, promovendo bem-estar e equilíbrio emocional; • Psicologia médico-biológica: atualmente, a medicina admite a influência dos processos mentais e emocionais na saúde do ser humano, 5 assim, essa área da psicologia vai estudar e tratar as doenças sob essa perspectiva; • Psicodinâmica: originada da psicanálise freudiana, essa área se concentra na observação do comportamento humano ao lidar com as pulsões de vida e de morte, e também com a tensão entre os impulsos do Id e as orientações do Superego; • Perspectiva Analítica: também originada dos estudos de Freud, tem como principal autor Carl Gustave Jung e como teoria principal da do Inconsciente Coletivo; • Perspectiva histórico-social: tem como principal autor o psicólogo russo Lev Vygotsky e seus colegas, que estudam o desenvolvimento humano em relação com os processos históricos e a interação social; • Evolucionismo: abordagem que se apoia tanto nas ciências sociais como nas ciências naturais, usando a teoria da Seleção Natural de Charles Darwin para investigar os aspectos psicológicos que são frutos da evolução; • Psicologia Cognitiva: estuda os processos e estruturas mentais envolvidos no comportamento. Como podemos ver, a Psicologia é uma ciência de credibilidade e com um amplo leque de abordagens teóricas. Sendo assim, a formação do psicólogo precisa ser a mais integral possível, já que são muitos campos de atuação e muitas oportunidades de estudos e pesquisas. Veremos como deve ser essa formação e como é o trabalho do psicólogo a seguir. • A Psicologia como Profissão O psicólogo estuda os fenômenos psíquicos, as emoções, os pensamentos e o comportamento dos seres humanos. Ele vai avaliar o indivíduo através da observação e prevenir, diagnosticar e tratar doenças mentais, distúrbios, transtornos, entre outros problemas. Antes de descrevermos melhor esse trabalho, iremos entender a formação desse profissional. Formação do psicólogo A graduação em Psicologia pode ser na linha de bacharelado, licenciatura ou ambos. O bacharel vai atuar na parte clínica, enquanto o licenciado, na carreira docente. A maioria das faculdades oferece ambas as opções, podendo o aluno cursar semestres completivos após a formatura para obter uma segunda habilitação. O curso dura em média cinco anos. É presencial e o estágio é 6 obrigatório. As disciplinas mais comuns são: Avaliação Psicológica; Clínica Psicanalítica; Desenvolvimento Humano e Aprendizagem; Estudos sobre Deficiência; Gênero, Corpo e Sexualidades; Método Clínico; Neuropsicologia; Políticas Públicas, Direitos Humanos e Práticas Psicossociais; Processos de Ensinar e Aprender; Processos Psicológicos na Infância, Adolescência e Juventude; Psicologia Comportamental; Psicologia de Base Fenomenológica; Psicologia do Esporte; Psicologia do Trabalho; Psicologia e Atenção à Saúde; Psicologia e Pessoas com Deficiência; Psicologia Jurídica; Psicopatologia; Sociedade e Loucura; e Teoria e Técnicas Psicoterápicas (Guia da Carreira: https://www.guiadacarreira.com.br). Áreas de atuação do psicólogo Assim que graduado, o psicólogo pode atuar não só em clínicas e consultórios, mas em outros campos, tais como: escolas, hospitais, empresas, asilos, clínicas de saúde mental, clínicas de reabilitação, área forense. Esse profissional pode também realizar estudos de campo, sobre comportamento de determinados grupos em determinados contextos; pode orientar profissionalmente, inclusive em empresas, em clubes esportivos ou universidades (PSICOLOGIA, 2020). A profissão de psicólogo está se tornando cada vez mais requisitada e importante em nossa sociedade. O estilo de vida moderno, que demanda a otimização do tempo, que produz excessiva exposição nas redes sociais, os conflitos de opinião na nossa sociedade, o acelerado fluxo de informações e o ritmo frenético de trabalho faz com os níveis de estresse aumentem, assim como casos de ansiedade e de depressão. A saúde mental da população em geral tem se deteriorado muito nas últimas décadas e o tratamento, além de medicação adequada, deve incluir a psicoterapia. Além dessas linhas de atuação, tem crescido a procura por especialidades como a Psicologia Forense, que trabalha na área criminal, e a Neuropsicologia, que estuda as questões neurológicas. Muitas empresas também procuram psicólogos para lidar com o material humano, selecionando e treinando funcionários. Sendo assim, o psicólogo irá ter uma variedade grande de opções para trabalhar e para estudar. https://www.guiadacarreira.com.br/cursos/graduacao-curso-psicologia/#:%7E:text=A%20gradua%C3%A7%C3%A3o%20em%20Psicologia%20pode,trabalhar%20em%20institui%C3%A7%C3%B5es%20de%20ensino. 7 CAPÍTULO 2 – A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO Um dos segmentos da Psicologia mais procurados atualmente, tanto para estudos, como para serviços é o da Psicologia da Educação. Essa linha tem como objeto de estudo o aprendizado e os processos mentais envolvidos no mesmo. Muitos acreditam que o aprendizado é avaliado por uma mudança significativa no comportamento, assim, o psicólogo da educação irá estudar esse comportamento, seja ele visível ou verificável. Por exemplo, ao aprendermos a digitar, conseguimos demonstrar visivelmente esse aprendizado, mas se aprendermos uma teoria, como a da Relatividade, teremos que verbalizar, não é visível, mas é verificável. Pois bem, o psicólogo educacional irá investigar quais processos biológicos, cognitivos, mentais ou outros estão envolvidos no aprendizado de um e outro comportamento. Neste capítulo, iremos estudar as principais teorias da Psicologia que são usadas na educação escolar. • A Teoria Psicanalítica A teoria psicanalítica nasceu dos estudos e das observações do médico neurologista austríaco Sigmund Freud. Atualmente, é usada na psicologia clínica e em estudos teóricos, analisando o psiquismo e o comportamento humano, os processos que envolvem o Inconsciente, usando a psicoterapia da livre associação e formulando tratamentos para problemas psíquicos. A 1ª Teoria do Aparelho Psíquico, ou Modelo Topológico da Mente, foi formulada no início dos estudos de Freud (sobre o assunto) para explicar os níveis de consciência do ser humano ao usar sua energia mental, ele descreveu três níveis: Consciente: o indivíduo está lúcido diante dos pensamentos e interações com o meio, sua percepção está vigorosa; Pré-Consciente: são “arquivos” da mente que não estão no presente da consciência, mas que podemos acessar voluntariamente e quando desejamos; Inconsciente: são os arquivos da mente aos quais não temos acesso voluntariamente, eles podem vir à tona, mas não depende de nossa vontade ou intenção. Este último, o Inconsciente, tem um papel protagonista na teoria freudiana. Boa parte de nossos problemas psíquicos tem relação com o inconsciente e seus “arquivos”. Algumas ações, nossas e de outros, que nos causam traumas, medo, repulsa ou insatisfação, também os impulsos suprimidos, tudo acaba 8 armazenado no inconsciente. Como é muito doloroso “desarquivar” esses conteúdos, a nossa mente reprime. Mas essa repressão tem um preço. Muitos desses arquivos acabam lutando para vir para nosso consciente, e isso se dá através de sonhos, atos falhos, rompantes emotivos, sentimento de culpa, depressão. Por isso, o psicanalista, ao analisar seu paciente, vaitentar acessar o inconsciente deste para descobrir o que está causando os problemas psíquicos e emocionais. Mais tarde, em seus estudos, Freud desenvolveu a 2ª Teoria do Aparelho Psíquico, ou Modelo Estrutural da Personalidade. Esse modelo descrevia as seguintes estruturas: Id (em alemão, ele): é a fonte da energia psíquica e da vida (libido). Ele é formado por pulsões, instintos, impulsos biológicos e desejos inconscientes. Busca sempre o prazer; Ego: ele trabalha através do princípio de realidade, ou seja, analisa se os impulsos do Id são aplicáveis, viáveis. Após a formação do Superego, o Ego tentará equilibrar os impulsos do Id e as repressões do Superego; Superego: é a razão, a lógica, a reflexão. Ele vai frear os impulsos do Id. Se forma através das regras e repressões sociais. Já comentamos que a personalidade humana tem duas pulsões: a de vida, Eros, e a de morte, Thanatos. Esta última é um impulso autodestrutivo que temos e que nos coloca em situações de vulnerabilidade. Thanatos, segundo a Mitologia Grega, era o deus da morte. Já a pulsão de vida é representada pela libido, o desejo, a busca pelo prazer. Freud a chamou de Eros porque este era o deus do amor. As pessoas têm essas pulsões atuando conjuntamente em suas ações, suas decisões, seus pensamentos e sentimentos, e o Ego tentará equilibrar essas pulsões (SILVA, 2010). Nossa personalidade vive, portanto, em constante tensão, na qual o Ego tenta frear os instintos do Id, ao mesmo tempo em que tenta driblar as repressões do Superego. Quando este trabalha em excesso nós sentimos medo, e para que isso não cause danos à nossa personalidade, o Ego utiliza os Mecanismos de Defesa. Com esses mecanismos, o Ego exclui da consciência uma parte da realidade, a que está causando tensão (SILVA, 2010). Os principais mecanismos de defesa são: Anulação: é o processo pelo qual o Ego afasta da consciência pensamentos, lembranças e fatos extremamente dolorosos; Negação: a pessoa simplesmente nega a existência de algo, de alguma teoria, situação, pensamento ou sentimento; 9 Formação reativa: o sujeito irá exibir sentimentos opostos aos impulsos verdadeiros, indesejados; Projeção: processo no qual o indivíduo atribui a outras pessoas comportamentos e ideias que não consegue aceitar como sendo suas; Regressão: o indivíduo regride em emoções e comportamentos de uma idade precoce; Fixação: o indivíduo estaciona em uma fase do desenvolvimento; Sublimação: é a satisfação de um desejo não aceitável através de ações aceitáveis; Identificação: é o processo pelo qual um indivíduo se identifica com características da personalidade de outro; Recalque: é quando afastamos ideias, pensamentos e sentimentos que consideramos errados, reprimindo-os e maquiando a realidade; Racionalização: é o processo de tentar explicar fatos e ideias absurdas com a ciência, a razão (SILVA, 2010). Além dos estudos sobre a mente, a personalidade e o psiquismo humano, Freud também estudou o desenvolvimento da Sexualidade, classificando-o em fases e explicando as relações da pulsão de vida com nossos desejos. Veremos esses estudos a seguir. • Desenvolvimento da Sexualidade Para a teoria freudiana a sexualidade se desenvolve desde o nascimento. É importante não confundir o conceito de sexualidade (orgânica, biológica) com o de erotização (prática, sexualização, social). A criança tem sexualidade, mas jamais deve ter qualquer contato com erotismo e práticas sexuais. Criança não namora, não casa e muito menos pratica sexo. Essa sexualidade natural, inata e biológica é fruto da nossa pulsão de vida, Eros, que se manifesta através da busca da satisfação e do prazer. Essa busca acontece desde que nascemos e se divide em fases: Fase Oral: é a fase mais precoce na qual o bebê obtém sua satisfação ao sugar, morder, mastigar. Adultos que construírem uma relação conflituosa com o prazer oral podem desenvolver a “fixação oral”, ou seja, https://pt.wikipedia.org/wiki/Forma%C3%A7%C3%A3o_reativa https://pt.wikipedia.org/wiki/Proje%C3%A7%C3%A3o_(psicologia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Regress%C3%A3o_(psicologia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Fixa%C3%A7%C3%A3o_(psicologia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Mecanismo_de_defesa#Sublima%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Mecanismo_de_defesa#Identifica%C3%A7%C3%A3o 10 eles se mantêm nessa fase, tentando obter prazer com a comida, bebida, cigarro, etc.; Fase Anal: a criança vai tentar desenvolver o controle do esfíncter e da bexiga, e ao aprender a controlar suas necessidades fisiológicas, ela irá obter satisfação e prazer; Fase Fálica: a criança passar a ter curiosidade e interesse no seu órgão genital e também do sexo oposto. Obtém prazer e satisfação em se descobrir, em se explorar. Segundo a teoria psicanalítica, após a fase fálica, por volta dos 5 anos de idade, a criança entra em um período de latência. Isso se dá porque se inicia a formação do Ego, e posteriormente do Superego. A criança começa a aprender regras sociais, a procurar aceitação dos pares e a buscar o amor dos pais. Com isso, ela vivencia duas experiências que são descritas como Complexo de Édipo e Complexo de Electra: Complexo de Édipo: o menino começa a ter uma certa fixação pela mãe, quer ter exclusividade sobre ela e seu amor. Se houver uma forte presença paterna nessa família, o filho irá desenvolver um ciúme do pai, iniciando uma competição pelo amor da mãe. Mas a criança, que está desenvolvendo o Superego, se sente culpada por isso; Complexo de Electra: seria a versão feminina do complexo de édipo, a qual Freud chamou de édipo feminino, mas o psicanalista Carl Jung nomeou de complexo de Electra. A menina teria fixação pelo pai, competiria com a mãe e se sentiria culpada. Após essa fase de latência, já adolescente, o indivíduo entra na Fase Genital, na qual manifesta interesse e desejo pelo corpo do outro. Assim, ele procura a atividade sexual, ou seja, a prática do sexo. Citamos acima o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, ele foi um importante estudioso e teórico da psicanálise, tendo aprofundado conceitos de personalidade, introspecção e formulando a Teoria do Inconsciente Coletivo. Nessa teoria, Jung analisa o inconsciente coletivo, presente na parte mais profunda da nossa mente, onde estão localizados arquétipos (modelos, paradigmas) que herdamos da espécie humana. • Afetividade e Aprendizado Além da sexualidade, a psicologia nos apresenta estudos importantes sobre o desenvolvimento da nossa afetividade e a relação desta com o aprendizado humano. Na educação, o maior expoente desse assunto é o filósofo, médico e psicólogo francês Henri Wallon. Seus estudos contribuem muito para a compreensão sobre a relação da afetividade com o desenvolvimento da criança 11 e do ser humano em geral. A teoria de Wallon ressalta que o aprendizado só é completo se estamos com a parte motora, a cognitiva e a emocional em equilíbrio (GALVÃO, 1995). Wallon considera tanto aspectos hereditários como a influência do meio no processo de aprendizado, desde muito cedo, a criança desenvolve as relações afetivas ao mesmo tempo em que constrói a estrutura cognitiva. Ele divide o desenvolvimento humano em 5 etapas (GALVÃO, 1995): impulsiva-emocional (primeiras relações com o meio, sensoriais), sensória-motora (imitação, linguagem) e projetiva, personalismo (individualismo), categorial (ampliação do conhecimento de mundo) e da predominância funcional (adolescência e a influência hormonal). • Desenvolvimento Social Dentro do desenvolvimento social, a teoria psicológica mais utilizada nos estudos educacionais é a desenvolvida pelos psicólogos russos fundadores da Psicologia Sócio-Histórica, ou Histórico-Social. Esses psicólogos são: Lev Semenovich Vygotsky, Alexei Nicolaievich Leontiev e Alexander Romanovich Luria. O grupo era chamado de “troika”(Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_cultural-hist%C3%B3rica). Vygotsky e seus colegas estudavam as funções psicológicas superiores e o aprendizado humano, unindo a psicologia com análises culturais, históricas e relacionando com o materialismo dialético, ou seja, fortemente influenciados pelas teorias de Karl Marx e Friedrich Engels. Vale lembrar aqui do contexto em que o grupo de psicólogos russos desenvolveu sua teoria: a União Soviética pós- revolução russa de 1917, dominada pelo pensamento de Trotsky e Lênin, que buscavam implantar o socialismo-comunismo defendido por Marx e Engels (SANTA & BARONI, 2014). A proximidade entre o marxismo e as concepções advindas da teoria histórico-cultural pode ser comprovada através da discussão acerca do conceito de trabalho, abordado por Marx e Engels e que foi retomado por Vigotski a partir da ideia de mediação. A ação consciente do homem sobre o mundo, mediada pelo uso de instrumentos, representou o passo decisivo em direção à gênese do caráter genuinamente humano. Vigotski estendeu essa concepção de mediação ao uso de signos, que a exemplo das ferramentas são criados pelas sociedades, agindo como transformadores da realidade sociocultural. A transmissão da cultura, tanto no que se refere à esfera das ferramentas materiais, quanto aos elementos linguísticos e estético-culturais, representa o fator decisivo no desenvolvimento humano, de onde pode-se inferir a importância do problema educacional para a compreensão do pensamento vigotskiano (SANTA & BARONI, 2014, p. 2). https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_cultural-hist%C3%B3rica 12 A cultura e o contexto histórico são produtos importantes na teoria de aprendizagem de Vygotsky, produtos estes responsáveis pela aquisição de conhecimento e reprodução do mesmo. O homem, segundo ele, se torna humano em contato com a humanidade. Para Vygotsky, a criança vai aprender todo o conhecimento social e histórico do meio em que vive através da linguagem e da interação social (VYGOTSKY, 2002). Vygotsky foi um psicólogo importante para a educação. Sua teoria de aprendizagem é ainda base para muitos paradigmas educacionais atuais, como a Nova Base Nacional Comum Curricular, os Parâmetros Curriculares Nacionais e o Referencial Nacional da Educação Infantil, aspecto que veremos melhor em capítulo à frente. 13 CAPÍTULO 3 – DEFININDO O CONCEITO DE APRENDIZAGEM Existem diversos conceitos sobre a aprendizagem. Basicamente, aprender é adquirir conhecimento, habilidades, valores, experiência em algo, mas esse processo pode ser definido de muitas formas, mesmo dentro da Psicologia. Para a Psicologia Comportamental, por exemplo, aprendizado é uma mudança significativa no comportamento do indivíduo. A forma como esse indivíduo aprende também é descrita sob diversas perspectivas. Dentro da Psicologia descreveremos quatro concepções de aprendizagem básicas: a Inatista, a Empirista, a Histórica-Social e a Construtivista. O Empirismo é uma concepção na qual o indivíduo aprende e se desenvolve de acordo com o meio em que vive e seus estímulos, ou seja, a aprendizagem se dá pela experiência. Essa concepção influenciou a Psicologia Comportamental e seus estudiosos, que acreditam que o aprendizado se dá pelas respostas do organismo vivo aos estímulos do meio. O conceito de aprendizagem para essa área da psicologia é, portanto, definido para todos os seres vivos. A educação empirista se baseia no meio, nos objetos e nas variáveis que esse meio apresenta. A imitação também é componente importante desse aprendizado, já que muitas ações são aprendidas assim (NUNES & SILVEIRA, 2015). A concepção Inatista, ao contrário, considera o fator genético e o hereditário como fundamentais para a aprendizagem. Isso significa que uma criança já nasce com um tipo de inteligência, herdada, e que a manterá por toda a vida. O meio no qual a criança vive, cresce e se desenvolve terá uma participação secundária em sua aprendizagem (NUNES & SILVEIRA, 2015). O Construtivismo é uma corrente teórica fundamentada nos estudos do biólogo suíço Jean Piaget. Essa corrente considera tanto a parte genética, hereditária, como a influência do meio sobre o aprendizado. Se formos pensar em uma aprendizagem universal, para todos os seres vivos, veremos que os processos mais fundamentais da inteligência são de natureza biológica, estão presentes em qualquer ser vivo. Existe uma relação íntima entre os fundamentos fisiológicos e anatômicos e a inteligência. Para Piaget, por exemplo, a inteligência é uma adaptação: herdamos um modo de funcionamento intelectual, que nos permite uma relação com o meio e gera estruturas cognitivas, ele é constante por toda a vida (FLAVELL, 1996). Essas estruturas, chamadas Invariantes Funcionais, são o princípio da inteligência, e não são engessadas. Elas estão em constante funcionamento e evolução, através dos processos de Organização e Adaptação. A adaptação é o intercâmbio entre o meio e o indivíduo que resulta em uma modificação do organismo e do objeto assimilado. Dentro da adaptação existem dois processos: a Assimilação e a Acomodação (FLAVELL, 1996). A assimilação é o processo pelo qual um objeto do meio é modificado pelo organismo. A acomodação é o processo pelo qual o organismo se adapta ao objeto. São dois lados de uma mesma moeda, contrários, mas indissolúveis. Por exemplo: a alimentação, enquanto mastigamos o alimento (assimilação), a nossa salivação inicia o processo de digestão, que irá absorver os nutrientes (acomodação), ou seja, não há como mastigar sem digerir, são indissociáveis. 14 Além da adaptação existe a Organização, pela qual a estrutura mental ajusta o novo conhecimento ao já existente. Os processos mentais estão em ação o tempo todo. Cada informação nova a que temos acesso causa um desequilíbrio em nossas estruturas mentais e elas desencadeiam os processos de adaptação e organização para se ajustar ao novo conhecimento. Por isso, quanto mais estímulos temos no nosso meio, mais as estruturas funcionam e, portanto, mais aprendemos. Então, percebe-se que segundo o Construtivismo, o ser humano constrói o conhecimento usando suas características genéticas universais, biológicas, ao mesmo tempo que interage com o meio e depende dele para estimular essa parte biológica e gerar uma adaptação. A importância do nosso meio ganha maior destaque na Psicologia Histórica- Social, que já foi explicada aqui. Essa teoria tem como base os estudos do grupo de psicólogos russos liderados por Lev Vygotsky. A concepção de conhecimento com base na Psicologia Histórico-Cultural de Vygotsky enfatiza o papel da cultura na formação da consciência humana e da atividade do sujeito. Acredita-se que a criança, em seu percurso de desenvolvimento, domina gradativamente os conteúdos de sua experiência cultural, os hábitos, os signos linguísticos e também as formas de raciocínio utilizadas nas variadas situações. Este processo de apropriação de conhecimento é construído socialmente, ou seja, depende das oportunidades que lhe são dadas num dado contexto cultural e da atividade intencional do aprendiz. Nesta teoria, temos uma ideia de aluno ativo em seu processo de aprendizagem (NUNES & SILVEIRA, 2015, p. 13). A concepção de Vygotsky para o aprendizado escolar será baseada em uma interação constante e intensa com o meio social e cultural. Todas as concepções que descrevemos são importantes para a educação. O professor, em seu trabalho cotidiano, irá usar todas as concepções que forem necessárias e que servirem a determinados contextos. Nas aprendizagens mais básicas irá se servir da teoria inatista, ou mesmo a empirista. Já nas aprendizagens mais complexas, mais teóricas, pode usar o construtivismo. No aprendizado sobre convivência social, sobre linguagem e interação, irá buscar a teoria histórico-social. Assim,cada teoria tem algo importante a oferecer para a educação. No próximo capítulo, iremos descrever melhor as teorias de aprendizagem e como elas atuam no contexto escolar. 15 CAPÍTULO 4 – AS TEORIAS DE APRENDIZAGEM No capítulo anterior definimos a aprendizagem de acordo com as principais concepções da Psicologia, descrevendo como as pessoas aprendem e qual a influência do ambiente nesse aprendizado. Neste capítulo, iremos abordar as principais Teorias de Aprendizagem da Psicologia que têm sido utilizadas na área da Educação. • A Aprendizagem Significativa Para o psicólogo americano David Ausubel, a aprendizagem deve fazer sentido para quem aprende. O conteúdo ensinado deve ter alguma relação com a realidade do aluno e também com o que este já aprendeu. O ensino deve enfocar a formação de novos conceitos, quando as crianças ainda estão na Educação Infantil, utilizando organizadores prévios, temas introdutórios para familiarizar a criança com o novo conceito. Esses organizadores irão captar o interesse da criança para o assunto que será abordado pelo professor. A aprendizagem, então, é construída conteúdo após conteúdo, sempre os relacionando entre si e com o que a criança já conhece, tudo deve fazer sentido. Para se alcançar esse sentido, o material didático deve ser significativo para o aluno, e este, deve manter o foco na aprendizagem, manter o interesse. A avaliação deve ser feita propondo atividades práticas e resolução de problemas (MOREIRA, 2011). Assim, a teoria da aprendizagem significativa dá ao aprendizado escolar uma razão de ser que não tem sido encontrada atualmente. As novas gerações de educandos obtêm informações que lhes interessam de modo rápido, nos dispositivos móveis e acabam não tendo motivação para aprender pelo método tradicional. É uma geração acostumada a conhecer uma grande quantidade de temas, mas de modo superficial. Essa teoria é atual e precisa ser adotada nas escolas, já que muitas ainda tentam promover o aprendizado com métodos ultrapassados, ensinando de uma forma que não sentido algum para seus alunos. Uma opção seria se utilizar desses temas que interessam aos alunos e usar o tempo na escola para aprofundá-los, conectando-os com os saberes acadêmicos, e assim, mantendo a atenção e interesse dos alunos no aprendizado escolar. É preciso levar em conta o conhecimento prévio, a cultura, a bagagem cognitiva que a criança traz para a escola. Ao ressaltar a importância da história do indivíduo e a do professor como mediador, Ausubel se aproxima da teoria de Vygotsky; ambos reforçam que o conteúdo ensinado na escola deve ter valor social e significado para o aluno (MOREIRA, 2011). 16 • Teoria Sócio-Histórica Em capítulos anteriores abordamos alguns aspectos da teoria Sócio-Histórica de aprendizagem, baseada nos estudos do psicólogo russo Lev Vygotsky. Segundo essa teoria, a criança vai aprender todo o conhecimento social e histórico do meio em que vive através da linguagem e da interação social. A cultura e o contexto histórico são produtos importantes na teoria de Vygotsky, produtos estes responsáveis pela aquisição de conhecimento e reprodução do mesmo. O homem, segundo ele, se torna humano em contato com a humanidade (VYGOTSKY, 2002). O aluno é um ser histórico, ele não chega à escola como uma folha de papel em branco, ao contrário, traz muita bagagem e conteúdo, construídos com sua família, sua comunidade e com a sociedade em que vive. O professor precisa analisar esse conteúdo antes de iniciar qualquer processo de ensino. Vygotsky afirma que o professor precisa considerar três níveis de aprendizado do aluno (VYGOTSKY, 2002): Zona de Desenvolvimento Real: caracterizada pelo conteúdo que o aluno já aprendeu; Zona de Desenvolvimento Potencial: é o conteúdo que o aluno tem potencial para aprender, conteúdo previsto; Zona de Desenvolvimento Proximal: é formada pelos conteúdos elaborados pelo professor para levar o aluno do que ele já sabe para o que ele pode aprender. O conteúdo escolar deve estar sempre relacionado ao contexto da escola e do aluno, caso contrário, não fará sentido. O contexto também servirá para troca de experiências, informações e dúvidas, pois para Vygotsky, não há aprendizado sem interação social. Nessa teoria de aprendizagem, então, a escola deve estar sempre atenta ao desenvolvimento da linguagem, do diálogo, da comunicação, para promover a troca de experiências, de vivências, sempre estimulando a socialização e a integração entre os alunos. • Teoria Comportamental O Behaviorismo, ou Psicologia Comportamental, é uma área que estuda o comportamento humano observável. Para o behaviorismo, o aprendizado é medido pelas mudanças comportamentais verificáveis e não está restrito à espécie humana. Descreveremos a seguir dois autores importantes para entendermos como essa área da Psicologia explica o aprendizado: Ivan Pavlov, que desenvolveu a Teoria do Condicionamento Respondente, e B.F. Skinner, que desenvolveu a Teoria do Condicionamento Operante, ambas teorias importantes para a Educação (MOREIRA, 2011). Antes de conhecermos os autores, porém, convém entender dois conceitos importantes: 17 Comportamentos Reflexos ou Respondentes: são comportamentos inatos, ou seja, nascemos sabendo como fazer, por exemplo: piscar, salivar, deglutir, chorar, sorrir. Esses comportamentos são involuntários (a gente não controla), são comuns a todos na espécie e não variam de pessoa para pessoa (todos piscamos da mesma forma, por exemplo); Comportamentos Operantes ou Aprendidos: são os comportamentos que precisamos aprender, por exemplo: andar, falar, dançar, digitar. Eles são controláveis (decidimos quando começam e terminam), variam de pessoa para pessoa e nem todos aprendem. Na década de 1920, o fisiologista russo Ivan Pavlov estudava processos de digestão e utilizava cães em suas pesquisas. Seu estudo estava focado na quantidade de salivação dos cães para cada alimento. Biologicamente, a salivação (respondente) ocorre com estímulos ligados à alimentação e à digestão, como a mastigação e a deglutição. Porém, os cães de Pavlov, começaram a produzir saliva quando ouviam os passos dos alimentadores, ou quando viam a tigela com alimentos. Pavlov achou isso interessante e começou a apresentar estímulos sonoros (som) conjuntamente com a tigela de comida. Estava nascendo a teoria do Condicionamento Respondente (MOREIRA, 2011). O condicionamento fez com que um comportamento reflexo (salivar), geralmente desencadeado por um estímulo natural (alimento) fosse produzido, através da associação, por um estímulo condicionado, artificial (som). Assim, toda vez que o cão ouvia o som, salivava. Um exemplo que pode ser aplicado ao ambiente escolar é a música. Ela é um estímulo neutro, sem relação com sentimentos, mas se associarmos a ela uma situação triste ou alegre, sempre que a ouvirmos, ela nos trará essas emoções. Por exemplo, a fome (respondente) tem como estímulo natural o estômago vazio, mas se associarmos a fome que a criança sente antes do recreio a uma canção (estímulo artificial), sempre que cantarmos essa canção, a mesma irá despertar o apetite, a criança fará uma associação e estará condicionada. Foi o que Pavlov fez. Ele trocou o estímulo natural para a salivação, por um artificial, para isso, ele associou diversas vezes o estímulo natural (comida) ao estímulo artificial (som, campainha). Após algumas sessões, o cão passou a salivar somente com o estímulo artificial. Quando Pavlov percebeu que essa associação originava um novo comportamento, o comportamento condicionado, desenvolveu a teoria do condicionamento dos reflexos, ou condicionamento respondente. Além dos comportamentos inatos, o ser humano também aprende certas ações, como cantar, falar, dançar, digitar, entre outros. Esses comportamentos são chamados de Operantes. O psicólogo americano B.F. Skinnerdesenvolveu uma 18 pesquisa na qual comportamentos aprendidos, operantes, são reforçados negativamente ou positivamente (MOREIRA, 2011). No reforço positivo (positivo no sentido de aumentar a chance de ocorrer o operante), o comportamento tende a aumentar ou se intensificar com o estímulo apresentado. Por exemplo, quando elogiamos alguém que está dançando, essa pessoa tende a se motivar e continuar a dançar. No reforço negativo, por outro lado, o estímulo tende a diminuir ou extinguir o comportamento. Por exemplo, se uma criança, ao perguntar para o professor alguma questão é respondida com aspereza ou é ridicularizada, a tendência é essa criança não repetir ou diminuir suas perguntas. É o Condicionamento Operante, no qual reforçamos ou extinguimos comportamentos através de estímulos (MOREIRA, 2011). • Teoria Construtivista O biólogo suíço Jean Piaget é um dos autores mais importantes nas pesquisas e práticas educacionais. Sua teoria de desenvolvimento cognitivo é a base da Educação Infantil e primeiros anos do Ensino Fundamental. Também se dedicou ao desenvolvimento moral e social das crianças. Para Piaget, como já explicamos anteriormente, a inteligência é uma adaptação. O ser humano nasce com estruturas mentais próprias da espécie, que em contato com o meio e seus objetos de aprendizagem desencadeiam os processos mentais de adaptação e organização (PIAGET, 1964). A primeira parte da pesquisa de Piaget é sobre o desenvolvimento humano. Como biólogo, ele se interessou pelos processos mentais e como estes se multiplicavam ao longo da infância. Chegou a observar e estudar os próprios filhos, que são citados em diversos textos dele. Esses estudos originaram a sua teoria do desenvolvimento, a Epistemologia Genética, na qual afirma que o conhecimento é adquirido através de uma interação do indivíduo com o meio. Também descreveu a teoria do desenvolvimento cognitivo da criança. Essa teoria classifica o desenvolvimento infantil em quatro estágios (PIAGET, 1964): Período Sensório-Motor (0-2 anos): fase de imitação, de exercício dos reflexos, a criança desenvolve a linguagem, é egocêntrica; Período Pré-Operacional (2-6 anos): a criança inicia o processo de socialização e exercita o jogo simbólico, o faz-de-conta; Período Operacional Concreto (7-12 anos): período das operações mentais concretas, aprende a lógica, conceitos de número, de tempo, de reversibilidade. Existe um material de apoio ao professor, chamado “Caixa 19 de Piaget”, na qual encontramos provas operatórias desenvolvidas por ele para analisar em qual período a criança se encontra; Período Operacional Formal (a partir dos 12 anos): início do pensamento lógico-dedutivo, a criança começa a entender e criar pensamentos formais, abstratos, teorias mais complexas. Além da aprendizagem cognitiva, Piaget passou a se interessar pela interação social entre as crianças e como essas aprendem as regras para conviver com os outros. Inicialmente, observou os jogos infantis, como o de bolinhas de gude. Ele observou que as mais novas jogavam de acordo com as próprias regras e estavam mais preocupadas em apalpar os objetos, conforme crescem começam a entender as regras e a respeitar. Ele formulou estágios para o desenvolvimento moral (PIAGET, 1994): Anomia: a criança não entende o conceito de regras, geralmente até dois anos; Heteronomia: a criança obedece a regra por medo do castigo e/ou autoridade; Autonomia: quando crescemos, com a maturação cognitiva, passamos a compreender o sentido das regras e a obedecê-las por consciência. Assim, Piaget e suas teorias, moral e cognitiva, são bases importantes para a atuação de professores em salas de aula. Essas teorias influenciaram nossa base curricular, nossa legislação educacional e estão presentes nos cursos de formação de professores, fundamentando suas práticas pedagógicas. • As Inteligências Múltiplas O psicólogo americano Howard Gardner desenvolveu uma teoria que está sendo bastante utilizada nos processos de ensino-aprendizagem das escolas atuais: a teoria das inteligências múltiplas. Durante muito tempo a escola não levava em conta as diferentes habilidades e competências de seus alunos. Não entendia ou não justificava o fato de muitos estudantes serem habilidosos em determinadas áreas e terem dificuldades de aprendizagem em outras. Com conhecimento em neurologia e psicologia, Gardner observou que a necessidade de resolver problemas influencia o desenvolvimento da inteligência e que o meio que produz essa necessidade estimula ou não determinadas áreas do conhecimento. Para Gardner, a princípio, existem 7 tipos de inteligência (ANTUNES, 1998): 20 Lógico-Matemática: habilidade para operações matemáticas e lógicas; Linguística: habilidade com linguagens; Espacial: noções completas de espaço; Físico-Cinestésica: habilidade para resolver problemas concretos e produzir objetos; Interpessoal: habilidades em relações sociais; Intrapessoal: conhecimento pleno de si mesmo; Musical: habilidade com a música e instrumentos. Gardner considerou posteriormente a inteligência natural, habilidade de se relacionar com a natureza, e existencial, de cunho filosófico. Assim, a escola pode entender porque alunos com certas habilidades em determinadas áreas não conseguem atuar eficientemente em outras. 21 CAPÍTULO 5 – A MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM Após estudarmos as definições e as teorias sobre aprendizagem, iremos entender como motivar os alunos a estudarem e se dedicarem à escola. A geração atual é diferente de tudo com o que lidamos nas últimas décadas. São crianças e adolescentes nascidos na era da informação, com acesso desde cedo aos dispositivos digitais e suas tecnologias. Esses alunos estão acostumados a buscar conhecimento de forma rápida, mas sem se aprofundar muito em suas pesquisas. Também podemos notar que muitos têm dificuldade de se concentrar em tarefas longas e complexas. • A Geração Z Se observarmos comportamentos de pessoas com muita diferença de idade, iremos notar que pensam e agem de modos diversos, se aproximando mais dos pares que dos mais jovens ou mais velhos. Essa diferença entre gerações levou cientistas a estudarem e classificarem grupos de pessoas com contextos culturais semelhantes, mas idades diferentes. De acordo com Somera (2013, p. 6), “estudos globais demonstram que as gerações apresentam um conjunto de atitudes e crenças que as caracterizam”. Essas gerações podem ser classificadas em (SOMERA, 2013, p. 6): Veteranos: nascidos antes de 1943; Baby Boomers: nascidos entre 1943 e 1960; Geração X: nascidos entre 1960 e 1980; Geração Y: nascidos entre 1980 e 2000; Geração Z: nascidos entre 2000 e 2010; Geração Alpha: nascidos a partir de 2010 (em estudos). Como podemos observar pelos dados acima, os nossos alunos da Educação Básica pertencem à Geração Z e à Geração Alpha. Ambas as gerações são nativas digitais e têm formas de agir e de pensar semelhantes. Como a geração alpha ainda está em estudos, nos concentraremos na geração Z. Segundo Somera (2013), a geração Z herdou algumas características de sua antecessora, a geração Y, tais como: o uso das redes sociais para lazer e interação; a necessidade de atenção; o imediatismo; falta de apego às raízes e tradições; uma rede ampla e diversificada de amizades, a maioria virtual; bem informados. Além desses comportamentos, também são características da geração Z (SOMERA, 2013, p.8): 22 Formada por crianças que estão constantemente “conectadas” por meio de dispositivos portáteis; Tem mania de zapear tendo várias opções, entre canais de televisão, internet, vídeo game, telefone e MP3 players; Conhecidas por serem “nativas digitais”, estando muito familiarizadas com as novas tecnologias,não apenas acessando a internet de suas casas, e sim pelo celular. O mundo para eles é tecnológico e virtual; É uma geração preocupada com o meio ambiente. Como uma geração intensamente ligada às tecnologias, ela precisa que a escola lhe ofereça essas ferramentas para se motivar a aprender, a estudar e a se concentrar nos conteúdos acadêmicos. As profissões tradicionais e a formação universitária nem sempre interessam aos dessa geração. Eles procuram empregos menos formais, de formação mais rápida e específica e não constroem laços muito duradouros com as empresas, pois se perdem a motivação, abandonam seus projetos. Emocionalmente, os alunos da geração Z precisam de atenção, precisam de cuidados constantes e costumam ser mais instáveis que os da geração anterior. São crianças protegidas e que cresceram cercadas de cuidados, por vezes exagerados, não estão acostumadas às frustrações, ao “Não”. Assim, quando se confrontam com realidades mais duras como a da sociedade ou o mercado de trabalho, podem se deprimir ou se desmotivar, sentindo-se fracassados. A ansiedade também tem se tornado característica das novas gerações. O imediatismo, a falta de interesse e de motivação tem feito com que a saúde mental dos jovens se prejudique e demande atenção dos adultos. Muitos adolescentes são vulneráveis emocionalmente e não sabem lidar com a pressão das redes sociais, da escola, dos pais, podendo tomar atitudes extremas como a automutilação e até o suicídio. Então, como a escola irá lidar com esses alunos? Veremos a seguir. • Como motivar os alunos da geração Z É um desafio para pais e professores educarem as crianças da Geração Z. Enquanto apresentam um comportamento altamente eficaz para lidar com as tecnologias e a informação, apresentam um aspecto psicológico e emocional extremamente frágil, altos níveis de ansiedade e muitas dificuldades em manter o foco e a atenção nas atividades. Assim, a escola, que ainda utiliza métodos tradicionais e ultrapassados de ensino, não consegue captar ou manter o interesse dessa geração. A primeira atitude da escola, portanto, é se adequar a métodos de ensino mais atuais, utilizando estratégias didáticas mais efetivas e adotando pedagogias mais ativas. As teorias de aprendizagem que estudamos no capítulo anterior devem servir de apoio para a construção do currículo e do material didático, 23 assim como para os planos de aula e as práticas do cotidiano escolar. O aluno precisa se identificar com a escola, com seus professores e com os conteúdos ensinados, esse é o primeiro passo para motivá-los. Outra mudança necessária é a que se refere aos recursos didáticos e tecnológicos. O investimento precisa ser intenso em tecnologia e materiais interativos. O professor precisa aprender a lidar com essa tecnologia ainda nos cursos de formação e precisa se manter atualizado quanto a elas. De nada adianta a escola oferecer recursos tecnológicos se o professor não sabe aproveitá-los. O celular não deve ser encarado como inimigo, mas sim um aliado, uma ferramenta importante para motivar os alunos a participarem das aulas. É preciso que se coloque algumas regras e alguns limites, mas sem tirar a autonomia dos alunos. A própria internet se torna ferramenta didática útil ao professor, pois ele pode acessar rapidamente conteúdos, jogos, exercícios, dados estatísticos, dinamizando a aula e otimizando o tempo. Algumas características das novas gerações que precisam ser entendidas pelos professores e essas características devem ser levadas em consideração no momento do aprendizado, vejamos: Cérebro Ágil: as novas gerações possuem uma agilidade mental maior que a das gerações anteriores, por isso, a aula deve ser dinâmica. Essa agilidade deve ser aproveitada, o professor pode trazer uma grande variedade de informações e deixar os alunos trabalharem com elas; Entendimento Global: são alunos que têm uma visão mais ampla do mundo, pois são bem informados. Então, devemos aproveitar esse conhecimento para trabalhar os conteúdos escolares; Necessidade de Reforço Positivo: como é uma geração mais carente de elogios, os professores podem motivar os alunos com os mesmos, sempre verbalizando o sucesso deles nas tarefas. Por outro lado, o fracasso deve ser encarado com seriedade e responsabilidade, para acostumar essa geração às frustrações. O professor deve explicar o erro e mostrar o caminho para o acerto, sem adular, mas também sem traumas; Imediatismo: os alunos atuais são muito ansiosos, imediatistas, querem tudo rápido e não tem paciência, nem concentração para atividades longas e complexas. Por isso, o professor precisa trazer temas que interessem e que desafiem a mente desses alunos. Isso não significa passar superficialmente pelos temas, mas fazer um recorte que interesse ao aluno; 24 Multitarefas: essa é uma qualidade com a qual a geração ainda não sabe lidar, acabam ansiosos e desmotivados. O professor deve buscar dinâmicas de grupo que treine essa habilidade dos seus alunos; Trabalho em equipe: é uma geração que sabe cooperar e dialogar, mas ainda tem dificuldades em aceitar outras opiniões, por isso, o professor deve trabalhar essa qualidade ao mesmo tempo que orienta sobre saber ouvir, saber ceder e saber se expressar de forma adequada. Não podemos esquecer que parte da motivação do aluno vem do professor, portanto, este deve manter uma postura de seriedade em relação ao trabalho, mas isso não significa estar desmotivado. Ele deve ensinar com firmeza, mas de forma tranquila e verbalizar elogios para cada avanço do seu grupo. Vejamos algumas estratégias que o professor deve adotar: Manter o entusiasmo todos os dias, para ser modelo aos alunos; Explicar a aplicabilidade do conteúdo, contextualizando-o; Adaptar sua matéria à realidade escolar e à atualidade; Criar métodos de reforço positivo e reforço negativo para controlar a disciplina na sala; Promover a participação dos alunos nas teorias e práticas; Ser democrático nas decisões; Valorizar a diversidade; Ser claro, objetivo e adaptar a linguagem ao seu público, para se fazer compreendido; Passar tranquilidade e confiança nos momentos de avaliação; Valorizar o esforço dos alunos; Apontar e corrigir o erro, mas sem alarde e explicando como fazer de forma correta. Com essas ações, o professor se tornará um parceiro dos alunos no processo de ensino-aprendizagem, ganhando a confiança dos mesmos nessa trajetória. O professor que não ouve seus alunos, que não conhece suas vivências e suas experiências pessoais, não consegue formar um vínculo efetivo. Isso significa que este professor irá dar aula para si mesmo, pois não alcançará seus alunos e estes, ficarão desmotivados. 25 CAPÍTULO 6 – A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO Durante muitos séculos a relação do professor com seus alunos era restrita à sala de aula e a interação era mínima. O método tradicional de ensino não permitia que professores abrissem mão de uma posição ativa e autoritária em relação aos seus alunos, e estes não se aproximavam mais que o necessário para umas poucas perguntas. Atualmente, não se admite mais esse afastamento do professor, principalmente nas séries iniciais. A escola vem pouco a pouco compreendendo que ensinar vai muito além de transportar os conteúdos de uma pessoa para outra. Tanto, que a Psicologia tem sido cada vez mais solicitada no cotidiano escolar para melhorar a relação entre os alunos, entre alunos e professores, e entre a escola e seus agentes. Por isso, é importante conhecermos como a Psicologia pode tornar o aprendizado e o ensino mais efetivos, através da edificação na qualidade da relação professor-aluno. Neste capítulo, iremos descrever como é a relação ideal entre professor e aluno, como esta relação interfere no processo de ensino- aprendizagem e quais estratégias a Psicologia fornece aos educadores para tornaremessa relação a mais saudável e produtiva possível. • Como deve ser a relação professor-aluno Como já comentamos, a relação do professor com seus alunos se tornou diferente do que foi durante muitos séculos. Antigamente, o professor não precisava manter uma relação minimamente afetiva com os alunos, nem era qualificado para isso. Podemos dizer que era uma relação mais fria e distante. Com o surgimento das novas teorias de aprendizagem, principalmente o Construtivismo, a Psicologia Histórico-Social e a teoria da Afetividade de Wallon, a formação de professores e as novas didáticas passaram a considerar importante uma qualificação do professor para se postar e ensinar de modo mais interacionista e humanizado. As teorias educacionais mais atuais, focadas em métodos ativos de aprendizagem, orientam que o professor precisa considerar o seu aluno, com sua bagagem cognitiva e cultural, antes de iniciar o planejamento de suas aulas. A aprendizagem, segundo Vygotsky (2002) se dá no contato humano, através da linguagem e da interação social. É no contato com seus pares e seus professores, na escola, que o aluno vai trocar vivências, experiências e conhecimentos necessários para sua formação. Não há um aprendizado efetivo se o aluno não conseguir obter significado em suas aulas, como pudemos ver na teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel. Segundo este psicólogo, o professor, ao interagir com o aluno, conhece suas necessidades e suas experiências, usando-as para preparar aulas que este aluno entenda, absorva e que sejam úteis para sua formação integral. 26 Mesmo Piaget, que considera a importância de todos os elementos do meio para o aprendizado e não somente as relações sociais, elaborou uma teoria de desenvolvimento social (já estudada aqui no capítulo 4, p. 19) para complementar sua teoria psicogenética. Piaget afirma que não existe desenvolvimento completo sem a interação social, pois não há adaptação completa se não equilibrarmos o desenvolvimento moral e o cognitivo. E o aluno precisa da participação mediadora do professor em sua interação com o meio e na busca do conhecimento. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), entre outras referências são claros ao afirmar a importância de uma pedagogia mais ativa, com a participação do aluno, com um professor humanizado e versátil, currículo flexível e que não contemple somente o aprendizado formal, mas o social e o emocional. Para que isso se torne realidade, precisamos que o professor seja acolhedor e saiba promover e usar integração social em suas aulas. • A Psicologia e a relação professor-aluno Se a relação professor-aluno atualmente se constrói mediante a interação social dos mesmos no cotidiano escolar e essa interação favorece o ensino e o aprendizado, então existem muitos fatores envolvidos nessa relação. Esses fatores podem ser considerados variáveis no processo de ensino e se não forem observados e cuidados, podem interferir negativamente nesse processo. Vejamos quais esses fatores: Intelectuais: o fator intelectual envolve o pensamento e a atividade mental. A teoria de Piaget irá ajudar o professor a analisar esse fator ao se relacionar com seus alunos. Por exemplo, nossa postura, linguagem e afeto são diferentes ao ensinarmos crianças de 2 anos ou de 10 anos, ou adolescentes. A mentalidade do aluno vai guiar as atitudes do professor; Acadêmicos: o professor pode ser mais ou menos flexível e amigável de acordo com a disciplina ou conteúdo que está ensinando. A Psicologia tem muitas correntes teóricas que podem ajudar o professor a desenvolver estratégias didáticas para ensinar cada tema, conteúdo e disciplina de modo a captar a atenção do aluno e favorecer a aprendizagem; Emocionais: o professor precisa ficar atento ao estado emocional dos alunos ao entrar em sala de aula. Ninguém consegue aprender com qualidade se está triste, aborrecido, traumatizado, com medo ou com raiva; 27 Sociais: os fatores sociais irão englobar os aspectos familiares, socioeconômicos, culturais, as relações de grupo dentro da escola, tudo isso deve ser estudado antes de se desenvolver um planejamento educacional em qualquer nível; Psicológicos: a personalidade do aluno precisa ser conhecida, aos poucos, pelo professor, para que este consiga estabelecer estratégias para disciplinar e educar. Ao descrevermos esses fatores podemos entender como o processo de ensinar envolve mais do que simplesmente lousa e giz, exposição de saberes e cópias de matérias. Aprender precisa envolver atenção, concentração e dedicação por parte do aluno, enquanto ensinar precisa de compreensão, discernimento, entendimento e estratégias psicológicas efetivas por parte do professor. Veremos quais são essas estratégias a seguir. • Estratégias da Psicologia para melhorar a relação professor-aluno Dentro dos fatores que citamos acima, podemos descrever algumas estratégias que a Psicologia vai ajudar a construir para melhorar o relacionamento dos alunos com o professor e assim melhorar também o processo de ensino- aprendizagem. Vejamos essas estratégias: Estágios de desenvolvimento: a teoria dos estágios de desenvolvimento de Jean Piaget servirá de base para a produção de conteúdos significativos para cada idade. Por exemplo, sabemos que no estágio pré-operacional a criança precisa que se trabalhe o lúdico e o jogo simbólico, portanto, as atividades intelectuais focarão esses aspectos; Aprendizagem Significativa: como Ausubel nos mostrou, o conteúdo acadêmico precisa fazer sentido para o aluno. Sendo assim, o professor deve, na primeira semana de aula, focar em conhecer a realidade em que vivem seus alunos. Podem ser feitas rodas de conversa, dinâmicas de grupo, redações, narrativas, enfim, qualquer formar de comunicação e troca de informações que irão embasar o trabalho do professor; Motivação e Empatia: muitas vezes planejamos uma aula e ao chegar na escola percebemos que o estado emocional da sala não irá permitir que essa aula se aplique. Os alunos podem estar cansados, desmotivados, tristes ou estressados, por motivos que independem do professor. Sendo assim, o professor sabe que se insistir o aprendizado não será completo. Prevendo essas ocasiões, o professor deve ter sempre um plano B ao preparar seus conteúdos. Dentro de sua área e sua disciplina é preciso ter sempre atividades divertidas, motivadoras e 28 humanizadas. Por exemplo, o professor de Língua Portuguesa pode sempre inserir uma história e com ela motivar os alunos a estudarem a gramática, a literatura, etc. Por outro lado, o professor de Matemática pode ter sempre jogos didáticos à mão para usar nesses momentos. Assim, cada um, conhecendo sua sala, seus alunos, sua matéria, irá selecionar essas atividades mais dinâmicas e lúdicas; Interação Social e Aprendizagem: para Vygotsky é importante a troca de experiências e vivências para a formação integral do ser humano, tanto que a nossa legislação e referencial curricular salienta que a socialização é um dos principais objetivos da escola. Então o professor precisa considerar esse aspecto em suas aulas, inserindo atividades práticas e interativas para que seus alunos aprendam juntos, cooperando e trocando ideias. As atividades práticas em grupo são uma forma eficaz de promover esse aprendizado; Conhecer seu aluno: elaborar uma aula sem considerar a personalidade e nível de desenvolvimento de seus alunos é atirar às cegas. O professor deve aproveitar as oportunidades de conhecer os gostos pessoais, a cultura, as preferências, as referências e o nível de aprendizado de cada aluno. Com isso, irá sempre usar essas informações para elaborar suas práticas, suas atividades e suas estratégias didáticas. Como vemos,ensinar é algo complexo demais para resumirmos em poucas páginas. Esse processo irá envolver uma série de fatores que irão atuar como variáveis no aprendizado dos alunos. Conhecer essas variáveis é um dos objetivos da Psicologia da Educação, que nos fornece várias teorias educacionais e estratégias didáticas úteis na tarefa de ensinar. 29 CAPÍTULO 7 – OS PROCESSOS DE RETENÇÃO E ESQUECIMENTO DA APRENDIZAGEM Durante muitos anos a ciência vem estudando a memória humana, sua formação e os processos de retenção de informações. Nas últimas décadas os estudos têm avançado bastante, esclarecendo muitas questões relacionadas à parte cerebral relacionada ao funcionamento da memória. Neste capítulo, iremos estudar a estrutura da memória e o processamento de informação, levando à retenção ou esquecimento do conhecimento. Para os autores Squire e Kandel (2003, apud NUNES & SILVEIRA, 2015), a memória é definida com algo que é aprendido e permanece por um longo tempo. Para Coon (1999, apud NUNES & SILVEIRA, 2015), a memória seria “como um sistema ativo que recebe, armazena, organiza, modifica e recupera a informação. ” Assim, percebemos o quanto o aprendizado está relacionado com a memória, por isso, a Psicologia da Educação está comprometida com o seu estudo e suas definições. A memória retém conhecimento e passa esse conhecimento adiante, perpetuando os saberes da humanidade, a cultura e a linguagem. Nossa história, nossa personalidade, nossos pensamentos e emoções são construídos através da memória e ela direciona nossa interação social e nosso lugar no mundo. O comprometimento da memória nos leva a problemas de aprendizagem, de relacionamento e de cunho psicológico, ela interfere em toda nossa rotina, nossos afazeres e nossos planos. Mas como é a estrutura da memória? Segundo a classificação de Coll, Palácios, Marchesi (2004, apud NUNES & SILVEIRA, 2015) e Pozo (2002, apud NUNES & SILVEIRA, 2015), existem três grandes sistemas de processamento da memória: memória sensorial, de curto prazo e de longo prazo, que estudaremos a seguir. • Memória Sensorial A memória sensorial está relacionada aos sentidos: olfato, paladar, tato, audição e visão. Ela armazena informações captadas por estes. Não precisa ser consciente, ou seja, nem sempre percebemos que estamos captando informações e armazenando-as. Assim, muitas vezes sentimos um cheiro, ou ouvimos um som que nos parece conhecido, mas não conseguimos associar a nenhum fato especificamente. • Memória de Curto Prazo É a memória recente, de fatos e informações que vivenciamos nos últimos dias e horas. Ela seria um depósito temporário de informações, que nem sempre são armazenadas definitivamente. É altamente funcional, também chamada de 30 “memória de trabalho”, pois recorremos a ela mais frequentemente para nossas tarefas e atitudes (NUNES & SILVEIRA, 2015). As informações que não são consideradas úteis, são descartadas, enquanto as que são necessárias, são enviadas à memória de longo prazo. Isso evita sobrecarregar nossa mente com excesso de informação fútil. Ela não tem uma capacidade de armazenamento muito grande, por isso, só lembramos informações realmente necessárias. Mesmo assim, muitas informações das quais precisamos, acabam descartadas, como um número de telefone, da placa de um carro, uma receita completa, etc. A memória de curto prazo possui dois tipos de retenção (NUNES & SILVEIRA, 2015): Manutenção: conseguida através da repetição da informação; Elaborativo: fazendo alguma associação ou dando significação à informação. A retenção elaborativa tem mais chances de enviar a informação para a memória de longo prazo, portanto, na escola, ficar repetindo conteúdos ao invés de contextualizá-los e significá-los irá diminuir as chances de um aprendizado real. • Memória de Longo Prazo A memória de longo prazo armazena uma grande quantidade informações que podem ficar ali por toda a vida. Essas informações, geralmente, ficam organizadas e disponíveis para que possamos acessá-las quando necessário. Porém, como nossa capacidade não é infinita, conforme absorvemos mais conteúdos, as memórias antigas podem ser atualizadas, revisadas ou descartadas, isso se chama processamento construtivo (NUNES & SILVEIRA, 2015). Na memória de longo prazo as informações são organizadas por associações e categorias. Para acessar as memórias o indivíduo pode usar de estratégias chamadas de memória de reconstrução, de reintegração ou criativa. Apesar disso, a memória pode distorcer, simplificar, aumentar ou diminuir fatos, situações e impressões armazenadas. Segundo Squire e Kandal (2003, apud NUNES & SILVEIRA, 2015), a memória de longo prazo se divide em: I. Procedimental: é resultado de uma experiência que gera uma mudança comportamental, aprender operantes, por exemplo: dançar, cantar uma música, digitar; II. Declarativa: é a memória dos fatos, pensamentos, sensações e conhecimentos. A capacidade de retenção é influenciada pelo interesse 31 do indivíduo, seu estado de atenção e pela saúde física e mental. Essa memória é dividida também em dois tipos: a) Semântica: o indivíduo não precisa lembrar fatos ou situações, somente objetos, odores, cores ou outro fator sensorial lhe desperta a memória; b) Episódica: constituída pelos elementos da vida particular da pessoa, memórias que lhe são caras. Como podemos notar, nosso cérebro tem uma grande capacidade de absorver, selecionar, filtrar, armazenar e organizar as informações e o conhecimento, porém, como ele não é infinito, ele acaba descartando o que considera desnecessário. • O Esquecimento Acumular todas as informações que recebemos todos os dias, desde o nascimento (ainda mais atualmente, que somos bombardeados com estímulos), faria com que a mente entrasse em colapso. Por isso, a memória irá usar o processo de selecionar e reter somente o que considera útil e necessário. O que acontece, porém, quando esquecemos as informações de que precisamos? Alguns fatores estão envolvidos nesse esquecimento (NUNES & SILVEIRA, 2015): Falhas na Codificação: ocorre uma inexatidão nas informações que perturba o armazenamento. Por exemplo, a pessoa começa a viajar nos pensamentos enquanto a professora explica algo; Falhas no Armazenamento: desintegração da lembrança ao longo do tempo; Falhas na Recuperação: alguns fatores (neurológicos, lesões, doenças, etc.) interferem no acesso às memórias. Outros fatores também podem influenciar o esquecimento: a falta de interesse da pessoa pelo assunto; a situação em que ocorre o fato, que pode ser incômoda, dolorosa ou traumática; o organismo cansado, sonolento ou estressado; um ambiente insalubre, entre outros. Na escola, é comum encontrarmos esses fatores, será que isso prejudica a aprendizagem? Vejamos a seguir. • A Escola e a Retenção do Conhecimento 32 Como pudemos observar nesses estudos sobre a memória, o interesse, o ambiente e os estado físico do indivíduo interferem na retenção de informações a longo prazo, mas isso significa que interfere no aprendizado? Sim, pois, aprender também significa armazenar conhecimento. Então, a escola precisa proporcionar ao aluno um ambiente que lhe deixe mais apto a aprender. Segundo Somera (2012), uma pessoa aprende mais quando: Tem boa saúde; Tem boa autoestima; Deseja aprender; Não tem ansiedade e estresse freqüente; Com experiências (“aprende fazendo”); É valorizado e seus progressos são destacados (SOMERA, 2012, p.14). Como podemos ver, a pessoa irá ter mais chances de reter informações se estiver bem, se tiver interesse e se o ambiente lhe proporcionar estímulos e práticas para seu aprendizado. Em seus estudos, o Dr. Edgar Dale desenvolveu as Pirâmides de Aprendizagem, que são uma representação esquematizada dos dados acima, entre outros colhidos por ele em suas pesquisas. Essaspirâmides explicam como o cérebro humano retém o conteúdo apresentado a ele. As pesquisas de Dale mostram que dependendo do método de ensino, o conhecimento não é retido por mais que algumas horas. Em seu livro “Como e Quanto Aprendemos”, do Dr. Edgar Dale, temos as seguintes porcentagens de retenção de conhecimento junto aos métodos de ensino: Métodos de ensino e Retenção do Conhecimento: Somente Oral – 70% dos dados retidos após 3 horas e 10% dos dados retidos após 3 dias; Somente Visual – 72% dos dados retidos após 3 horas e 20% dos dados retidos após 3 dias; Simultaneamente Oral e Visual – 85% dos dados retidos após 3 horas e 65% dos dados retidos após 3 dias (DALE, apud SOMERA, 2012, p.14). A seguir, temos a classificação funcional dos Meios de Ensino para a Aprendizagem segundo o Dr. Edgard Dale (Cone da Aprendizagem de Dale): 33 Com esses dados, podemos entender que quanto mais o aluno participar do processo de ensino-aprendizagem, mais significado encontrar nesse processo e em seus conteúdos, e quanto mais dinâmico for o ensino, maiores as chances de o aluno reter o aprendizado por um longo prazo e até por toda a vida. Assim, a sala de aula precisa ser um espaço de integração entre os alunos e professores, e entre estes e o conhecimento teórico-prático. Para que isso aconteça, podemos citar algumas ações: O ambiente: preparar a sala de aula com estímulos adequados, criar um ambiente acolhedor, confortável e que permita atividades práticas; O professor: estimular perguntas, interações, participação nas atividades. Trazer sua matéria de forma interessante, atual e diversificada. Utilizar todos os recursos disponíveis. Assim, a escola irá fazer sua parte no que concerne à retenção do aprendizado pelo aluno, e o professor também irá contribuir para isso. Experiências diretas, reais, com propósito definido Experiências dramatizadas Experiências simuladas Demonstrações Grupos de Debates Excursões Exposições Cinematografia, Televisão Rádios, Gravações, Fotografias Símbolos Visuais (leitura) Símbolos verbais (audição) Meios mais abstratos Participação PASSIVA Meios mais Concretos Participação ATIVA Recepção Auditiva e Visual Cone de Edgard Dale: Bullaude, J. Enseñanza Audiovisual y Comunicación) – Adaptado. 34 CAPÍTULO 8 – A APRENDIZAGEM CRIATIVA Criativo vem de criação, portanto, quando falamos em uma aprendizagem criativa estamos relacionando o ato de aprender aos atos de criar, construir, inovar. Pensando nisso, a aprendizagem criativa está diretamente relacionada às pedagogias ativas, que já mencionamos aqui, como as que se baseiam em Vygotsky, Ausubel ou Piaget. O próprio Vygotsky afirmou que a criatividade é uma das funções psicológicas superiores, tão estudadas por ele. Neste capítulo, iremos descrever como funciona a aprendizagem criativa e a sua importância para o contexto educacional atual. O homem, desde os primórdios da humanidade, usa sua engenhosidade para solucionar problemas, construir ferramentas, mudar seus hábitos e se adaptar ao ambiente em que vive. Sem a criatividade não haveria evolução, nem progresso. Sendo assim, a criatividade está relacionada com a aprendizagem, já que ambas estão ligadas à adaptação. Atualmente, a criatividade tem ganhado espaço no mercado de trabalho, já que muitas empresas dependem de profissionais criativos para conseguirem ser competitivas e se manterem assim. O contexto social atual nos mostra que ser criativo não depende de superdotação, mas de habilidades especiais que podem ser despertadas e desenvolvidas ainda na escola, tornando-se ferramentas importantes para o indivíduo se destacar na sociedade. Mas quais seriam as habilidades que tornam uma pessoa criativa? A criatividade se expressa através de certas ações e competências que levam a pessoa a uma realização inovadora. Sempre que pensamos em pessoas criativas tendemos a fazer somente um recorte do que é realmente a criatividade, relacionando-a ao mundo artístico ou da ciência. Na verdade, a criatividade se aplica a todas as áreas e está presente em todas as pessoas. Em cada aspecto da vida, as pessoas manifestam meios criativos de interagir, trabalhar, aprender, enfim, se adaptar. O diferencial está em ser criativo em um aspecto pouco explorado. Por exemplo, criar um aplicativo que todos precisam e que nunca foi criado, é um diferencial. • Definição de Criatividade Explicar a criatividade é complexo, pois assim como a inteligência, a criatividade envolve fatores diversos, tais como: contexto, interação, reflexão, atitudes, impacto social, entre outros. Avaliar essa criatividade também não é fácil, pois irá depender da situação. De acordo com o livro Psicologia da Aprendizagem, de Nunes & Silveira (2015, p.80), podemos descrever algumas definições de criatividade baseadas em estudos específicos (na íntegra): “Criatividade é a decisão de fazer algo pessoal e valioso para satisfação própria e benefício dos demais. (...) saber utilizar a informação disponível, 35 tomar decisões, ir além do aprendido, mas, sobretudo, saber aproveitar qualquer estímulo do meio para solucionar problemas e buscar qualidade de vida” (LA TORRE, 2003). Criar é basicamente formar. É poder dar forma a algo novo (...) o ato criador abrange, portanto, a capacidade de compreender; e esta, por sua vez, a de relacionar, ordenar, configurar, significar” (OSTROWER, 1996). A criatividade, como define Webster, é basicamente o processo de fazer, de dar a vida (MAY, 1982). Capacidade distinta de solução de problema que permite as pessoas ideias, produtos originais que são adaptáveis (que servem a uma função útil) e plenamente desenvolvidos (DAVIDOFF, 1983). Podemos notar que existem perspectivas diferentes sobre a definição de criatividade, mas o ponto em comum é a inovação. Ser criativo, além de outras coisas, é ser inovador, portanto, a ação criativa trará algo de novo ou atual sobre alguma coisa. As pesquisas de La Torre (2003, apud NUNES & SILVEIRA, 2015) revelaram que as pessoas apontadas como criativas não apresentam peculiaridades em relação às outras, ou seja, são pessoas normais. Segundo as mesmas pesquisas, criatividade não é um dom, não é um privilégio de alguns poucos, porém, alguns traços pessoais podem acentuar a criatividade da pessoa. Esses traços estariam ligados à intuição, à sensibilidade, à persistência, à autonomia, ao empreendedorismo, à flexibilidade cultural, à curiosidade, ao idealismo, entre outros que se apresentam como diferenciais em uma situação que exija criatividade. • A Escola e o Processo Criativo Mas, e a escola? Qual seu papel? A escola tem valorizado a criatividade só recentemente. Já comentamos aqui que a escola se apegou (algumas ainda se apegam) aos métodos tradicionais durante muitos séculos. Pois em uma aula expositiva, com aluno passivo, existe pouco espaço para criatividade do professor e do aluno. As metodologias ativas, por outro lado, exigem o contrário. Tanto o professor precisa usar toda sua inventividade para planejar e ministrar aulas, como o aluno precisa se aplicar e ser criativo em suas tarefas. As pedagogias ativas estão muito presentes na Educação Infantil, onde o processo de ensino é mais prático, mais lúdico e recheado de variedades didáticas. A escola, porém, perde isso ao entrarmos no Ensino Fundamental. As aulas se tornam expositivas, tradicionais, ou seja, cansativas e entediantes. Se para um adulto comum é difícil ficar sentado por cinco ou seis horas escutando uma pessoa falar e copiando matérias automaticamente, imagine para uma criança de 7 anos. Não à toa, os problemas escolares começam justamente nessa fase. 36 A escola precisa criar oportunidades para o exercício da criação, precisa dar flexibilidade ao professor para ensinar de modo engenhoso e precisa construir um currículo
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