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PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

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Psicologia da Educação 
1 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO...........................................................................................................................2 
CAPÍTULO 1 – ENTENDENDO O TRABALHO DO PSICÓLOGO ...................................3 
CAPÍTULO 2 – A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO ..............................................................7 
CAPÍTULO 3 – DEFININDO O CONCEITO DE APRENDIZAGEM ................................13 
CAPÍTULO 4 – AS TEORIAS DE APRENDIZAGEM ........................................................15 
CAPÍTULO 5 – A MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM ..........................................21 
CAPÍTULO 6 – A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO .......................................................25 
CAPÍTULO 7 – OS PROCESSOS DE RETENÇÃO E ESQUECIMENTO DA 
APRENDIZAGEM ...................................................................................................................29 
CAPÍTULO 8 – A APRENDIZAGEM CRIATIVA ................................................................34 
CAPÍTULO 9 – FATORES QUE PREJUDICAM A APRENDIZAGEM ...........................38 
CAPÍTULO 10 – A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ..................................................42 
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................45 
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
INTRODUÇÃO 
 
As relações entre aprendizagem e aspecto psicológico são mais significativas do 
que muitas pessoas percebem. Os pensamentos e as emoções do ser humano 
influenciam no desenvolvimento cognitivo e este é parte importante do processo 
de aprendizagem humana. Os nossos estudos se iniciarão pelo profissional que 
estuda e trata esse aspecto: o Psicólogo. Conheceremos seu trabalho, sua 
formação e sua rotina, para entendermos a importância da Psicologia na nossa 
sociedade. 
E não somente na sociedade, na educação. A Psicologia da Educação surge 
então para unir dois fatores importantes no aprendizado: o psicológico e o 
acadêmico. Apresentaremos os principais autores dessa área, definiremos os 
objetos de estudos e como a Psicologia ajuda a escola a ensinar de modo mais 
amplo, considerando não só o aspecto cognitivo, como as emoções, os 
pensamentos e o meio social do aluno. 
A Psicologia nos proporcionou estudos significativos sobre a aprendizagem e o 
desenvolvimento humano e veremos nessa apostila as principais teorias sobre 
esse tema, seus autores e sua aplicação prática na educação. A escola, 
amparada por esses estudos, pode desenvolver estratégias de ensino mais 
motivadoras para alunos e professores. Assim, não só a relação do aluno com a 
escola será melhorada, mas com os professores, os colegas e com o próprio 
aprendizado. 
Além desses benefícios, a Psicologia irá contribuir para o processo de 
aprendizagem propriamente dito, já que suas teorias mostram aos professores 
como funciona o aprendizado humano, o que se modifica na mente e no 
comportamento com esse aprendizado e quais práticas didáticas irão favorecer 
a retenção do conhecimento e prevenir o esquecimento do mesmo. 
Na nossa apostila também iremos aprender como promover uma aprendizagem 
criativa, que estimulará a curiosidade e o interesse dos alunos. Também 
veremos os fatores que prejudicam a aprendizagem e como evitá-los. Por fim, 
iremos descrever e discutir qual a melhor forma de avaliar o aluno. Desse modo, 
pretendemos que todos que leiam o texto a seguir consigam usar o 
conhecimento adquirido sobre essa área para ensinar e aprender melhor. 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
CAPÍTULO 1 – ENTENDENDO O TRABALHO DO PSICÓLOGO 
 
A Psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais 
dos indivíduos. Basicamente, os estudos da Psicologia se dividem entre os que 
acreditam em fatores genéticos (determinismo) e os ambientais (empiristas), 
mas há também os que seguem uma linha interacionista, equilibrando ambas as 
correntes teóricas. Psicologia significa estudo da alma, ou seja, é uma ciência 
que se origina nas indagações sobre as emoções mais profundas do ser 
humano. 
Os psicólogos, então, irão estudar aspectos relacionados às percepções, à 
cognição, às emoções, à inteligência, investigando o funcionamento cerebral, o 
desenvolvimento e o amadurecimento do indivíduo, seu comportamento e suas 
relações com o meio e os outros. Neste capítulo, iremos entender a Psicologia 
como ciência e em seguida, o trabalho do psicólogo. 
 
• A Psicologia como Ciência 
A Psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais 
dos indivíduos. Como ciência, integrante da área de Ciências Humanas, ela 
segue o método científico, ou seja, procura um conhecimento objetivo baseado 
em fatos empíricos, usando para isso instrumentos e procedimentos 
predeterminados por esse método. Entre esses procedimentos está a 
observação e análise do comportamento observável (de indivíduo ou grupos de 
indivíduos) e dos processos mentais envolvidos nesse comportamento 
(FERREIRA, 2020). 
O método científico envolve observação, questionamento, hipótese e 
experimentação. O psicólogo então vai observar e descrever o comportamento 
de seus pacientes, tentando explicar esses comportamentos e deduzir os 
processos mentais e emocionais envolvidos. Vai também considerar variáveis 
como o ambiente físico, os fatores materiais, climáticos, humanos, culturais, etc. 
Esse psicólogo então, irá levantar suas hipóteses diagnósticas e experimentar o 
tratamento adequado. 
A primeira organização científica e profissional de Psicologia foi fundada em 
1982, nos Estados Unidos, a Associação Americana de Psicologia (APA). Após 
esse marco, a ciência se expandiu no mundo todo e ainda hoje tem controle 
rigoroso de formação de profissionais e exercício da profissão (FERREIRA, 
2020). 
A ciência Psicologia cresceu muito nas últimas décadas, através de estudos 
científicos, autores renomados e diversificação de métodos de pesquisa e 
trabalho. Isso fez com que essa ciência se dividisse em alguns segmentos. Sob 
uma perspectiva histórica temos: o funcionalismo, o estruturalismo e a Gestalt. 
Já nos contextos mais recentes, temos: a psicanálise, o behaviorismo, o 
humanismo, a perspectiva histórico-social, a perspectiva cognitiva, o 
4 
 
evolucionismo, a psicodinâmica e a psicologia médico-biológica. Vejamos cada 
um desses segmentos a seguir (SCHULTZ & SCHULTZ, 2019): 
 
• Estruturalismo: assim que a psicologia nasce como ciência, o fisiologista 
alemão Wilhem Wundt constrói um laboratório, que seria o primeiro da 
psicologia e se dedica a criar um método específico para essa ciência. 
Em seu laboratório, fazia experimentos controlados, analisando 
sistematicamente os dados recolhidos e observando principalmente o 
comportamento mental e sensorial. Posteriormente, esse método foi 
chamado de estruturalismo; 
 
• Funcionalismo: para essa corrente de estudos, o estruturalismo era 
muito limitado, fazendo somente descrição de elementos, conteúdos e 
estruturas. Para o funcionalismo, a mente humana era muito complexa e 
interagia constantemente com o meio ambiente, era funcional. Assim, 
essa perspectiva teórica focava mais o comportamento consciente, 
estudando a influência das vontades, desejos, dos valores e da 
experiência social; 
 
• Gestalt: reagindo ao funcionalismo, a Gestalt vai trabalhar mais o aspecto 
sensorial, ou seja, da nossa percepção do mundo e das pessoas. Essa 
palavra significa “configuração”, então, seu foco será o funcionamento da 
mente como um todo. 
Atualmente, as principais perspectivas da Psicologia estão divididas nas 
seguintes posições teórico-terapêuticas (SCHULTZ & SCHULTZ, 2019): 
 
• Psicanálise: desenvolvida a partir dos estudos de Sigmund Freud, 
médico austríaco, essa teoria se baseia no estudo do inconsciente. 
Relacionado com o inconsciente, estãoas pulsões (de vida, eros, e de 
morte, thanatos), as repressões à sexualidade e traumas, e os 
comportamentos ditados pelo aparelho psíquico (id, ego e superego). 
Veremos a teoria mais detalhadamente em capítulo próximo; 
 
• Behaviorismo: a psicologia comportamental vai estudar as reações 
biológicas e as ações relacionadas aos estímulos e reforços do meio, 
sendo esse processo, o mais básico de nossa aprendizagem. Também 
será melhor estudado mais à frente; 
 
• Humanismo: perspectiva teórica que se concentra nos estudos das 
realizações e emoções humanas, promovendo bem-estar e equilíbrio 
emocional; 
 
• Psicologia médico-biológica: atualmente, a medicina admite a 
influência dos processos mentais e emocionais na saúde do ser humano, 
5 
 
assim, essa área da psicologia vai estudar e tratar as doenças sob essa 
perspectiva; 
 
• Psicodinâmica: originada da psicanálise freudiana, essa área se 
concentra na observação do comportamento humano ao lidar com as 
pulsões de vida e de morte, e também com a tensão entre os impulsos do 
Id e as orientações do Superego; 
 
• Perspectiva Analítica: também originada dos estudos de Freud, tem 
como principal autor Carl Gustave Jung e como teoria principal da do 
Inconsciente Coletivo; 
 
• Perspectiva histórico-social: tem como principal autor o psicólogo russo 
Lev Vygotsky e seus colegas, que estudam o desenvolvimento humano 
em relação com os processos históricos e a interação social; 
 
• Evolucionismo: abordagem que se apoia tanto nas ciências sociais 
como nas ciências naturais, usando a teoria da Seleção Natural de 
Charles Darwin para investigar os aspectos psicológicos que são frutos 
da evolução; 
 
• Psicologia Cognitiva: estuda os processos e estruturas mentais 
envolvidos no comportamento. 
 
Como podemos ver, a Psicologia é uma ciência de credibilidade e com um amplo 
leque de abordagens teóricas. Sendo assim, a formação do psicólogo precisa 
ser a mais integral possível, já que são muitos campos de atuação e muitas 
oportunidades de estudos e pesquisas. Veremos como deve ser essa formação 
e como é o trabalho do psicólogo a seguir. 
 
• A Psicologia como Profissão 
O psicólogo estuda os fenômenos psíquicos, as emoções, os pensamentos e o 
comportamento dos seres humanos. Ele vai avaliar o indivíduo através da 
observação e prevenir, diagnosticar e tratar doenças mentais, distúrbios, 
transtornos, entre outros problemas. Antes de descrevermos melhor esse 
trabalho, iremos entender a formação desse profissional. 
 
 Formação do psicólogo 
A graduação em Psicologia pode ser na linha de bacharelado, licenciatura ou 
ambos. O bacharel vai atuar na parte clínica, enquanto o licenciado, na carreira 
docente. A maioria das faculdades oferece ambas as opções, podendo o aluno 
cursar semestres completivos após a formatura para obter uma segunda 
habilitação. O curso dura em média cinco anos. É presencial e o estágio é 
6 
 
obrigatório. As disciplinas mais comuns são: Avaliação Psicológica; Clínica 
Psicanalítica; Desenvolvimento Humano e Aprendizagem; Estudos sobre 
Deficiência; Gênero, Corpo e Sexualidades; Método Clínico; Neuropsicologia; 
Políticas Públicas, Direitos Humanos e Práticas Psicossociais; Processos de 
Ensinar e Aprender; Processos Psicológicos na Infância, Adolescência e 
Juventude; Psicologia Comportamental; Psicologia de Base Fenomenológica; 
Psicologia do Esporte; Psicologia do Trabalho; Psicologia e Atenção à Saúde; 
Psicologia e Pessoas com Deficiência; Psicologia Jurídica; Psicopatologia; 
Sociedade e Loucura; e Teoria e Técnicas Psicoterápicas (Guia da Carreira: 
https://www.guiadacarreira.com.br). 
 
 Áreas de atuação do psicólogo 
Assim que graduado, o psicólogo pode atuar não só em clínicas e consultórios, 
mas em outros campos, tais como: escolas, hospitais, empresas, asilos, clínicas 
de saúde mental, clínicas de reabilitação, área forense. Esse profissional pode 
também realizar estudos de campo, sobre comportamento de determinados 
grupos em determinados contextos; pode orientar profissionalmente, inclusive 
em empresas, em clubes esportivos ou universidades (PSICOLOGIA, 2020). 
A profissão de psicólogo está se tornando cada vez mais requisitada e 
importante em nossa sociedade. O estilo de vida moderno, que demanda a 
otimização do tempo, que produz excessiva exposição nas redes sociais, os 
conflitos de opinião na nossa sociedade, o acelerado fluxo de informações e o 
ritmo frenético de trabalho faz com os níveis de estresse aumentem, assim como 
casos de ansiedade e de depressão. A saúde mental da população em geral tem 
se deteriorado muito nas últimas décadas e o tratamento, além de medicação 
adequada, deve incluir a psicoterapia. 
Além dessas linhas de atuação, tem crescido a procura por especialidades como 
a Psicologia Forense, que trabalha na área criminal, e a Neuropsicologia, que 
estuda as questões neurológicas. Muitas empresas também procuram 
psicólogos para lidar com o material humano, selecionando e treinando 
funcionários. Sendo assim, o psicólogo irá ter uma variedade grande de opções 
para trabalhar e para estudar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.guiadacarreira.com.br/cursos/graduacao-curso-psicologia/#:%7E:text=A%20gradua%C3%A7%C3%A3o%20em%20Psicologia%20pode,trabalhar%20em%20institui%C3%A7%C3%B5es%20de%20ensino.
7 
 
CAPÍTULO 2 – A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO 
 
Um dos segmentos da Psicologia mais procurados atualmente, tanto para 
estudos, como para serviços é o da Psicologia da Educação. Essa linha tem 
como objeto de estudo o aprendizado e os processos mentais envolvidos no 
mesmo. Muitos acreditam que o aprendizado é avaliado por uma mudança 
significativa no comportamento, assim, o psicólogo da educação irá estudar esse 
comportamento, seja ele visível ou verificável. 
Por exemplo, ao aprendermos a digitar, conseguimos demonstrar visivelmente 
esse aprendizado, mas se aprendermos uma teoria, como a da Relatividade, 
teremos que verbalizar, não é visível, mas é verificável. Pois bem, o psicólogo 
educacional irá investigar quais processos biológicos, cognitivos, mentais ou 
outros estão envolvidos no aprendizado de um e outro comportamento. Neste 
capítulo, iremos estudar as principais teorias da Psicologia que são usadas na 
educação escolar. 
 
• A Teoria Psicanalítica 
A teoria psicanalítica nasceu dos estudos e das observações do médico 
neurologista austríaco Sigmund Freud. Atualmente, é usada na psicologia 
clínica e em estudos teóricos, analisando o psiquismo e o comportamento 
humano, os processos que envolvem o Inconsciente, usando a psicoterapia da 
livre associação e formulando tratamentos para problemas psíquicos. A 1ª 
Teoria do Aparelho Psíquico, ou Modelo Topológico da Mente, foi formulada 
no início dos estudos de Freud (sobre o assunto) para explicar os níveis de 
consciência do ser humano ao usar sua energia mental, ele descreveu três 
níveis: 
 
 Consciente: o indivíduo está lúcido diante dos pensamentos e interações 
com o meio, sua percepção está vigorosa; 
 
 Pré-Consciente: são “arquivos” da mente que não estão no presente da 
consciência, mas que podemos acessar voluntariamente e quando 
desejamos; 
 
 Inconsciente: são os arquivos da mente aos quais não temos acesso 
voluntariamente, eles podem vir à tona, mas não depende de nossa 
vontade ou intenção. 
 
Este último, o Inconsciente, tem um papel protagonista na teoria freudiana. Boa 
parte de nossos problemas psíquicos tem relação com o inconsciente e seus 
“arquivos”. Algumas ações, nossas e de outros, que nos causam traumas, medo, 
repulsa ou insatisfação, também os impulsos suprimidos, tudo acaba 
8 
 
armazenado no inconsciente. Como é muito doloroso “desarquivar” esses 
conteúdos, a nossa mente reprime. Mas essa repressão tem um preço. Muitos 
desses arquivos acabam lutando para vir para nosso consciente, e isso se dá 
através de sonhos, atos falhos, rompantes emotivos, sentimento de culpa, 
depressão. Por isso, o psicanalista, ao analisar seu paciente, vaitentar acessar 
o inconsciente deste para descobrir o que está causando os problemas psíquicos 
e emocionais. 
Mais tarde, em seus estudos, Freud desenvolveu a 2ª Teoria do Aparelho 
Psíquico, ou Modelo Estrutural da Personalidade. Esse modelo descrevia as 
seguintes estruturas: 
 
 Id (em alemão, ele): é a fonte da energia psíquica e da vida (libido). Ele é 
formado por pulsões, instintos, impulsos biológicos e desejos 
inconscientes. Busca sempre o prazer; 
 
 Ego: ele trabalha através do princípio de realidade, ou seja, analisa se os 
impulsos do Id são aplicáveis, viáveis. Após a formação do Superego, o 
Ego tentará equilibrar os impulsos do Id e as repressões do Superego; 
 
 Superego: é a razão, a lógica, a reflexão. Ele vai frear os impulsos do Id. 
Se forma através das regras e repressões sociais. 
 
Já comentamos que a personalidade humana tem duas pulsões: a de vida, Eros, 
e a de morte, Thanatos. Esta última é um impulso autodestrutivo que temos e 
que nos coloca em situações de vulnerabilidade. Thanatos, segundo a Mitologia 
Grega, era o deus da morte. Já a pulsão de vida é representada pela libido, o 
desejo, a busca pelo prazer. Freud a chamou de Eros porque este era o deus do 
amor. As pessoas têm essas pulsões atuando conjuntamente em suas ações, 
suas decisões, seus pensamentos e sentimentos, e o Ego tentará equilibrar 
essas pulsões (SILVA, 2010). 
Nossa personalidade vive, portanto, em constante tensão, na qual o Ego tenta 
frear os instintos do Id, ao mesmo tempo em que tenta driblar as repressões do 
Superego. Quando este trabalha em excesso nós sentimos medo, e para que 
isso não cause danos à nossa personalidade, o Ego utiliza os Mecanismos de 
Defesa. Com esses mecanismos, o Ego exclui da consciência uma parte da 
realidade, a que está causando tensão (SILVA, 2010). Os principais mecanismos 
de defesa são: 
 
 Anulação: é o processo pelo qual o Ego afasta da consciência 
pensamentos, lembranças e fatos extremamente dolorosos; 
 
 Negação: a pessoa simplesmente nega a existência de algo, de alguma 
teoria, situação, pensamento ou sentimento; 
9 
 
 
 Formação reativa: o sujeito irá exibir sentimentos opostos aos impulsos 
verdadeiros, indesejados; 
 
 Projeção: processo no qual o indivíduo atribui a outras pessoas 
comportamentos e ideias que não consegue aceitar como sendo suas; 
 
 Regressão: o indivíduo regride em emoções e comportamentos de uma 
idade precoce; 
 
 Fixação: o indivíduo estaciona em uma fase do desenvolvimento; 
 
 Sublimação: é a satisfação de um desejo não aceitável através de ações 
aceitáveis; 
 
 Identificação: é o processo pelo qual um indivíduo se identifica com 
características da personalidade de outro; 
 
 Recalque: é quando afastamos ideias, pensamentos e sentimentos que 
consideramos errados, reprimindo-os e maquiando a realidade; 
 
 Racionalização: é o processo de tentar explicar fatos e ideias absurdas 
com a ciência, a razão (SILVA, 2010). 
 
Além dos estudos sobre a mente, a personalidade e o psiquismo humano, Freud 
também estudou o desenvolvimento da Sexualidade, classificando-o em fases e 
explicando as relações da pulsão de vida com nossos desejos. Veremos esses 
estudos a seguir. 
 
• Desenvolvimento da Sexualidade 
Para a teoria freudiana a sexualidade se desenvolve desde o nascimento. É 
importante não confundir o conceito de sexualidade (orgânica, biológica) com o 
de erotização (prática, sexualização, social). A criança tem sexualidade, mas 
jamais deve ter qualquer contato com erotismo e práticas sexuais. Criança não 
namora, não casa e muito menos pratica sexo. 
Essa sexualidade natural, inata e biológica é fruto da nossa pulsão de vida, Eros, 
que se manifesta através da busca da satisfação e do prazer. Essa busca 
acontece desde que nascemos e se divide em fases: 
 
 Fase Oral: é a fase mais precoce na qual o bebê obtém sua satisfação 
ao sugar, morder, mastigar. Adultos que construírem uma relação 
conflituosa com o prazer oral podem desenvolver a “fixação oral”, ou seja, 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Forma%C3%A7%C3%A3o_reativa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Proje%C3%A7%C3%A3o_(psicologia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Regress%C3%A3o_(psicologia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fixa%C3%A7%C3%A3o_(psicologia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mecanismo_de_defesa#Sublima%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mecanismo_de_defesa#Identifica%C3%A7%C3%A3o
10 
 
eles se mantêm nessa fase, tentando obter prazer com a comida, bebida, 
cigarro, etc.; 
 
 Fase Anal: a criança vai tentar desenvolver o controle do esfíncter e da 
bexiga, e ao aprender a controlar suas necessidades fisiológicas, ela irá 
obter satisfação e prazer; 
 
 Fase Fálica: a criança passar a ter curiosidade e interesse no seu órgão 
genital e também do sexo oposto. Obtém prazer e satisfação em se 
descobrir, em se explorar. 
Segundo a teoria psicanalítica, após a fase fálica, por volta dos 5 anos de idade, 
a criança entra em um período de latência. Isso se dá porque se inicia a formação 
do Ego, e posteriormente do Superego. A criança começa a aprender regras 
sociais, a procurar aceitação dos pares e a buscar o amor dos pais. Com isso, 
ela vivencia duas experiências que são descritas como Complexo de Édipo e 
Complexo de Electra: 
 
 Complexo de Édipo: o menino começa a ter uma certa fixação pela mãe, 
quer ter exclusividade sobre ela e seu amor. Se houver uma forte 
presença paterna nessa família, o filho irá desenvolver um ciúme do pai, 
iniciando uma competição pelo amor da mãe. Mas a criança, que está 
desenvolvendo o Superego, se sente culpada por isso; 
 
 Complexo de Electra: seria a versão feminina do complexo de édipo, a 
qual Freud chamou de édipo feminino, mas o psicanalista Carl Jung 
nomeou de complexo de Electra. A menina teria fixação pelo pai, 
competiria com a mãe e se sentiria culpada. 
 
Após essa fase de latência, já adolescente, o indivíduo entra na Fase Genital, 
na qual manifesta interesse e desejo pelo corpo do outro. Assim, ele procura a 
atividade sexual, ou seja, a prática do sexo. Citamos acima o psiquiatra suíço 
Carl Gustav Jung, ele foi um importante estudioso e teórico da psicanálise, tendo 
aprofundado conceitos de personalidade, introspecção e formulando a Teoria do 
Inconsciente Coletivo. Nessa teoria, Jung analisa o inconsciente coletivo, 
presente na parte mais profunda da nossa mente, onde estão localizados 
arquétipos (modelos, paradigmas) que herdamos da espécie humana. 
 
• Afetividade e Aprendizado 
Além da sexualidade, a psicologia nos apresenta estudos importantes sobre o 
desenvolvimento da nossa afetividade e a relação desta com o aprendizado 
humano. Na educação, o maior expoente desse assunto é o filósofo, médico e 
psicólogo francês Henri Wallon. Seus estudos contribuem muito para a 
compreensão sobre a relação da afetividade com o desenvolvimento da criança 
11 
 
e do ser humano em geral. A teoria de Wallon ressalta que o aprendizado só é 
completo se estamos com a parte motora, a cognitiva e a emocional em equilíbrio 
(GALVÃO, 1995). 
Wallon considera tanto aspectos hereditários como a influência do meio no 
processo de aprendizado, desde muito cedo, a criança desenvolve as relações 
afetivas ao mesmo tempo em que constrói a estrutura cognitiva. Ele divide o 
desenvolvimento humano em 5 etapas (GALVÃO, 1995): impulsiva-emocional 
(primeiras relações com o meio, sensoriais), sensória-motora (imitação, 
linguagem) e projetiva, personalismo (individualismo), categorial (ampliação 
do conhecimento de mundo) e da predominância funcional (adolescência e a 
influência hormonal). 
 
• Desenvolvimento Social 
Dentro do desenvolvimento social, a teoria psicológica mais utilizada nos 
estudos educacionais é a desenvolvida pelos psicólogos russos fundadores da 
Psicologia Sócio-Histórica, ou Histórico-Social. Esses psicólogos são: Lev 
Semenovich Vygotsky, Alexei Nicolaievich Leontiev e Alexander Romanovich 
Luria. O grupo era chamado de “troika”(Wikipedia: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_cultural-hist%C3%B3rica). 
Vygotsky e seus colegas estudavam as funções psicológicas superiores e o 
aprendizado humano, unindo a psicologia com análises culturais, históricas e 
relacionando com o materialismo dialético, ou seja, fortemente influenciados 
pelas teorias de Karl Marx e Friedrich Engels. Vale lembrar aqui do contexto em 
que o grupo de psicólogos russos desenvolveu sua teoria: a União Soviética pós-
revolução russa de 1917, dominada pelo pensamento de Trotsky e Lênin, que 
buscavam implantar o socialismo-comunismo defendido por Marx e Engels 
(SANTA & BARONI, 2014). 
 
A proximidade entre o marxismo e as concepções advindas da 
teoria histórico-cultural pode ser comprovada através da 
discussão acerca do conceito de trabalho, abordado por Marx e 
Engels e que foi retomado por Vigotski a partir da ideia de 
mediação. A ação consciente do homem sobre o mundo, 
mediada pelo uso de instrumentos, representou o passo decisivo 
em direção à gênese do caráter genuinamente humano. Vigotski 
estendeu essa concepção de mediação ao uso de signos, que a 
exemplo das ferramentas são criados pelas sociedades, agindo 
como transformadores da realidade sociocultural. A transmissão 
da cultura, tanto no que se refere à esfera das ferramentas 
materiais, quanto aos elementos linguísticos e estético-culturais, 
representa o fator decisivo no desenvolvimento humano, de 
onde pode-se inferir a importância do problema educacional 
para a compreensão do pensamento vigotskiano (SANTA & 
BARONI, 2014, p. 2). 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_cultural-hist%C3%B3rica
12 
 
A cultura e o contexto histórico são produtos importantes na teoria de 
aprendizagem de Vygotsky, produtos estes responsáveis pela aquisição de 
conhecimento e reprodução do mesmo. O homem, segundo ele, se torna 
humano em contato com a humanidade. Para Vygotsky, a criança vai aprender 
todo o conhecimento social e histórico do meio em que vive através da linguagem 
e da interação social (VYGOTSKY, 2002). 
Vygotsky foi um psicólogo importante para a educação. Sua teoria de 
aprendizagem é ainda base para muitos paradigmas educacionais atuais, como 
a Nova Base Nacional Comum Curricular, os Parâmetros Curriculares Nacionais 
e o Referencial Nacional da Educação Infantil, aspecto que veremos melhor em 
capítulo à frente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
CAPÍTULO 3 – DEFININDO O CONCEITO DE APRENDIZAGEM 
 
Existem diversos conceitos sobre a aprendizagem. Basicamente, aprender é 
adquirir conhecimento, habilidades, valores, experiência em algo, mas esse 
processo pode ser definido de muitas formas, mesmo dentro da Psicologia. Para 
a Psicologia Comportamental, por exemplo, aprendizado é uma mudança 
significativa no comportamento do indivíduo. A forma como esse indivíduo 
aprende também é descrita sob diversas perspectivas. Dentro da Psicologia 
descreveremos quatro concepções de aprendizagem básicas: a Inatista, a 
Empirista, a Histórica-Social e a Construtivista. 
O Empirismo é uma concepção na qual o indivíduo aprende e se desenvolve de 
acordo com o meio em que vive e seus estímulos, ou seja, a aprendizagem se 
dá pela experiência. Essa concepção influenciou a Psicologia Comportamental 
e seus estudiosos, que acreditam que o aprendizado se dá pelas respostas do 
organismo vivo aos estímulos do meio. O conceito de aprendizagem para essa 
área da psicologia é, portanto, definido para todos os seres vivos. A educação 
empirista se baseia no meio, nos objetos e nas variáveis que esse meio 
apresenta. A imitação também é componente importante desse aprendizado, já 
que muitas ações são aprendidas assim (NUNES & SILVEIRA, 2015). 
A concepção Inatista, ao contrário, considera o fator genético e o hereditário 
como fundamentais para a aprendizagem. Isso significa que uma criança já 
nasce com um tipo de inteligência, herdada, e que a manterá por toda a vida. O 
meio no qual a criança vive, cresce e se desenvolve terá uma participação 
secundária em sua aprendizagem (NUNES & SILVEIRA, 2015). 
O Construtivismo é uma corrente teórica fundamentada nos estudos do biólogo 
suíço Jean Piaget. Essa corrente considera tanto a parte genética, hereditária, 
como a influência do meio sobre o aprendizado. Se formos pensar em uma 
aprendizagem universal, para todos os seres vivos, veremos que os processos 
mais fundamentais da inteligência são de natureza biológica, estão presentes 
em qualquer ser vivo. Existe uma relação íntima entre os fundamentos 
fisiológicos e anatômicos e a inteligência. Para Piaget, por exemplo, a 
inteligência é uma adaptação: herdamos um modo de funcionamento 
intelectual, que nos permite uma relação com o meio e gera estruturas 
cognitivas, ele é constante por toda a vida (FLAVELL, 1996). 
Essas estruturas, chamadas Invariantes Funcionais, são o princípio da 
inteligência, e não são engessadas. Elas estão em constante funcionamento e 
evolução, através dos processos de Organização e Adaptação. A adaptação é o 
intercâmbio entre o meio e o indivíduo que resulta em uma modificação do 
organismo e do objeto assimilado. Dentro da adaptação existem dois processos: 
a Assimilação e a Acomodação (FLAVELL, 1996). 
A assimilação é o processo pelo qual um objeto do meio é modificado pelo 
organismo. A acomodação é o processo pelo qual o organismo se adapta ao 
objeto. São dois lados de uma mesma moeda, contrários, mas indissolúveis. Por 
exemplo: a alimentação, enquanto mastigamos o alimento (assimilação), a 
nossa salivação inicia o processo de digestão, que irá absorver os nutrientes 
(acomodação), ou seja, não há como mastigar sem digerir, são indissociáveis. 
14 
 
Além da adaptação existe a Organização, pela qual a estrutura mental ajusta o 
novo conhecimento ao já existente. Os processos mentais estão em ação o 
tempo todo. Cada informação nova a que temos acesso causa um desequilíbrio 
em nossas estruturas mentais e elas desencadeiam os processos de adaptação 
e organização para se ajustar ao novo conhecimento. 
Por isso, quanto mais estímulos temos no nosso meio, mais as estruturas 
funcionam e, portanto, mais aprendemos. Então, percebe-se que segundo o 
Construtivismo, o ser humano constrói o conhecimento usando suas 
características genéticas universais, biológicas, ao mesmo tempo que interage 
com o meio e depende dele para estimular essa parte biológica e gerar uma 
adaptação. 
A importância do nosso meio ganha maior destaque na Psicologia Histórica-
Social, que já foi explicada aqui. Essa teoria tem como base os estudos do grupo 
de psicólogos russos liderados por Lev Vygotsky. 
 
A concepção de conhecimento com base na Psicologia 
Histórico-Cultural de Vygotsky enfatiza o papel da cultura na 
formação da consciência humana e da atividade do sujeito. 
Acredita-se que a criança, em seu percurso de desenvolvimento, 
domina gradativamente os conteúdos de sua experiência 
cultural, os hábitos, os signos linguísticos e também as formas 
de raciocínio utilizadas nas variadas situações. Este processo de 
apropriação de conhecimento é construído socialmente, ou seja, 
depende das oportunidades que lhe são dadas num dado 
contexto cultural e da atividade intencional do aprendiz. Nesta 
teoria, temos uma ideia de aluno ativo em seu processo de 
aprendizagem (NUNES & SILVEIRA, 2015, p. 13). 
A concepção de Vygotsky para o aprendizado escolar será baseada em uma 
interação constante e intensa com o meio social e cultural. Todas as concepções 
que descrevemos são importantes para a educação. O professor, em seu 
trabalho cotidiano, irá usar todas as concepções que forem necessárias e que 
servirem a determinados contextos. 
Nas aprendizagens mais básicas irá se servir da teoria inatista, ou mesmo a 
empirista. Já nas aprendizagens mais complexas, mais teóricas, pode usar o 
construtivismo. No aprendizado sobre convivência social, sobre linguagem e 
interação, irá buscar a teoria histórico-social. Assim,cada teoria tem algo 
importante a oferecer para a educação. No próximo capítulo, iremos descrever 
melhor as teorias de aprendizagem e como elas atuam no contexto escolar. 
 
 
 
 
 
 
15 
 
CAPÍTULO 4 – AS TEORIAS DE APRENDIZAGEM 
 
No capítulo anterior definimos a aprendizagem de acordo com as principais 
concepções da Psicologia, descrevendo como as pessoas aprendem e qual a 
influência do ambiente nesse aprendizado. Neste capítulo, iremos abordar as 
principais Teorias de Aprendizagem da Psicologia que têm sido utilizadas na 
área da Educação. 
 
• A Aprendizagem Significativa 
Para o psicólogo americano David Ausubel, a aprendizagem deve fazer sentido 
para quem aprende. O conteúdo ensinado deve ter alguma relação com a 
realidade do aluno e também com o que este já aprendeu. O ensino deve enfocar 
a formação de novos conceitos, quando as crianças ainda estão na Educação 
Infantil, utilizando organizadores prévios, temas introdutórios para familiarizar a 
criança com o novo conceito. 
Esses organizadores irão captar o interesse da criança para o assunto que será 
abordado pelo professor. A aprendizagem, então, é construída conteúdo após 
conteúdo, sempre os relacionando entre si e com o que a criança já conhece, 
tudo deve fazer sentido. Para se alcançar esse sentido, o material didático deve 
ser significativo para o aluno, e este, deve manter o foco na aprendizagem, 
manter o interesse. A avaliação deve ser feita propondo atividades práticas e 
resolução de problemas (MOREIRA, 2011). 
Assim, a teoria da aprendizagem significativa dá ao aprendizado escolar uma 
razão de ser que não tem sido encontrada atualmente. As novas gerações de 
educandos obtêm informações que lhes interessam de modo rápido, nos 
dispositivos móveis e acabam não tendo motivação para aprender pelo método 
tradicional. É uma geração acostumada a conhecer uma grande quantidade de 
temas, mas de modo superficial. 
Essa teoria é atual e precisa ser adotada nas escolas, já que muitas ainda tentam 
promover o aprendizado com métodos ultrapassados, ensinando de uma forma 
que não sentido algum para seus alunos. Uma opção seria se utilizar desses 
temas que interessam aos alunos e usar o tempo na escola para aprofundá-los, 
conectando-os com os saberes acadêmicos, e assim, mantendo a atenção e 
interesse dos alunos no aprendizado escolar. 
É preciso levar em conta o conhecimento prévio, a cultura, a bagagem cognitiva 
que a criança traz para a escola. Ao ressaltar a importância da história do 
indivíduo e a do professor como mediador, Ausubel se aproxima da teoria de 
Vygotsky; ambos reforçam que o conteúdo ensinado na escola deve ter valor 
social e significado para o aluno (MOREIRA, 2011). 
 
 
16 
 
• Teoria Sócio-Histórica 
Em capítulos anteriores abordamos alguns aspectos da teoria Sócio-Histórica de 
aprendizagem, baseada nos estudos do psicólogo russo Lev Vygotsky. Segundo 
essa teoria, a criança vai aprender todo o conhecimento social e histórico do 
meio em que vive através da linguagem e da interação social. A cultura e o 
contexto histórico são produtos importantes na teoria de Vygotsky, produtos 
estes responsáveis pela aquisição de conhecimento e reprodução do mesmo. O 
homem, segundo ele, se torna humano em contato com a humanidade 
(VYGOTSKY, 2002). 
O aluno é um ser histórico, ele não chega à escola como uma folha de papel em 
branco, ao contrário, traz muita bagagem e conteúdo, construídos com sua 
família, sua comunidade e com a sociedade em que vive. O professor precisa 
analisar esse conteúdo antes de iniciar qualquer processo de ensino. Vygotsky 
afirma que o professor precisa considerar três níveis de aprendizado do aluno 
(VYGOTSKY, 2002): 
 
 Zona de Desenvolvimento Real: caracterizada pelo conteúdo que o 
aluno já aprendeu; 
 
 Zona de Desenvolvimento Potencial: é o conteúdo que o aluno tem 
potencial para aprender, conteúdo previsto; 
 
 Zona de Desenvolvimento Proximal: é formada pelos conteúdos 
elaborados pelo professor para levar o aluno do que ele já sabe para o 
que ele pode aprender. 
O conteúdo escolar deve estar sempre relacionado ao contexto da escola e do 
aluno, caso contrário, não fará sentido. O contexto também servirá para troca de 
experiências, informações e dúvidas, pois para Vygotsky, não há aprendizado 
sem interação social. Nessa teoria de aprendizagem, então, a escola deve estar 
sempre atenta ao desenvolvimento da linguagem, do diálogo, da comunicação, 
para promover a troca de experiências, de vivências, sempre estimulando a 
socialização e a integração entre os alunos. 
 
• Teoria Comportamental 
O Behaviorismo, ou Psicologia Comportamental, é uma área que estuda o 
comportamento humano observável. Para o behaviorismo, o aprendizado é 
medido pelas mudanças comportamentais verificáveis e não está restrito à 
espécie humana. Descreveremos a seguir dois autores importantes para 
entendermos como essa área da Psicologia explica o aprendizado: Ivan Pavlov, 
que desenvolveu a Teoria do Condicionamento Respondente, e B.F. Skinner, 
que desenvolveu a Teoria do Condicionamento Operante, ambas teorias 
importantes para a Educação (MOREIRA, 2011). Antes de conhecermos os 
autores, porém, convém entender dois conceitos importantes: 
17 
 
 
 Comportamentos Reflexos ou Respondentes: são comportamentos 
inatos, ou seja, nascemos sabendo como fazer, por exemplo: piscar, 
salivar, deglutir, chorar, sorrir. Esses comportamentos são involuntários 
(a gente não controla), são comuns a todos na espécie e não variam de 
pessoa para pessoa (todos piscamos da mesma forma, por exemplo); 
 
 Comportamentos Operantes ou Aprendidos: são os comportamentos 
que precisamos aprender, por exemplo: andar, falar, dançar, digitar. Eles 
são controláveis (decidimos quando começam e terminam), variam de 
pessoa para pessoa e nem todos aprendem. 
Na década de 1920, o fisiologista russo Ivan Pavlov estudava processos de 
digestão e utilizava cães em suas pesquisas. Seu estudo estava focado na 
quantidade de salivação dos cães para cada alimento. Biologicamente, a 
salivação (respondente) ocorre com estímulos ligados à alimentação e à 
digestão, como a mastigação e a deglutição. Porém, os cães de Pavlov, 
começaram a produzir saliva quando ouviam os passos dos alimentadores, ou 
quando viam a tigela com alimentos. Pavlov achou isso interessante e começou 
a apresentar estímulos sonoros (som) conjuntamente com a tigela de comida. 
Estava nascendo a teoria do Condicionamento Respondente (MOREIRA, 
2011). 
O condicionamento fez com que um comportamento reflexo (salivar), geralmente 
desencadeado por um estímulo natural (alimento) fosse produzido, através da 
associação, por um estímulo condicionado, artificial (som). Assim, toda vez que 
o cão ouvia o som, salivava. 
Um exemplo que pode ser aplicado ao ambiente escolar é a música. Ela é um 
estímulo neutro, sem relação com sentimentos, mas se associarmos a ela uma 
situação triste ou alegre, sempre que a ouvirmos, ela nos trará essas emoções. 
Por exemplo, a fome (respondente) tem como estímulo natural o estômago vazio, 
mas se associarmos a fome que a criança sente antes do recreio a uma canção 
(estímulo artificial), sempre que cantarmos essa canção, a mesma irá despertar 
o apetite, a criança fará uma associação e estará condicionada. 
Foi o que Pavlov fez. Ele trocou o estímulo natural para a salivação, por um 
artificial, para isso, ele associou diversas vezes o estímulo natural (comida) ao 
estímulo artificial (som, campainha). Após algumas sessões, o cão passou a 
salivar somente com o estímulo artificial. Quando Pavlov percebeu que essa 
associação originava um novo comportamento, o comportamento condicionado, 
desenvolveu a teoria do condicionamento dos reflexos, ou condicionamento 
respondente. 
Além dos comportamentos inatos, o ser humano também aprende certas ações, 
como cantar, falar, dançar, digitar, entre outros. Esses comportamentos são 
chamados de Operantes. O psicólogo americano B.F. Skinnerdesenvolveu uma 
18 
 
pesquisa na qual comportamentos aprendidos, operantes, são reforçados 
negativamente ou positivamente (MOREIRA, 2011). 
No reforço positivo (positivo no sentido de aumentar a chance de ocorrer o 
operante), o comportamento tende a aumentar ou se intensificar com o estímulo 
apresentado. Por exemplo, quando elogiamos alguém que está dançando, essa 
pessoa tende a se motivar e continuar a dançar. 
No reforço negativo, por outro lado, o estímulo tende a diminuir ou extinguir o 
comportamento. Por exemplo, se uma criança, ao perguntar para o professor 
alguma questão é respondida com aspereza ou é ridicularizada, a tendência é 
essa criança não repetir ou diminuir suas perguntas. É o Condicionamento 
Operante, no qual reforçamos ou extinguimos comportamentos através de 
estímulos (MOREIRA, 2011). 
 
• Teoria Construtivista 
 
O biólogo suíço Jean Piaget é um dos autores mais importantes nas pesquisas 
e práticas educacionais. Sua teoria de desenvolvimento cognitivo é a base da 
Educação Infantil e primeiros anos do Ensino Fundamental. Também se dedicou 
ao desenvolvimento moral e social das crianças. Para Piaget, como já 
explicamos anteriormente, a inteligência é uma adaptação. O ser humano nasce 
com estruturas mentais próprias da espécie, que em contato com o meio e seus 
objetos de aprendizagem desencadeiam os processos mentais de adaptação e 
organização (PIAGET, 1964). 
A primeira parte da pesquisa de Piaget é sobre o desenvolvimento humano. 
Como biólogo, ele se interessou pelos processos mentais e como estes se 
multiplicavam ao longo da infância. Chegou a observar e estudar os próprios 
filhos, que são citados em diversos textos dele. Esses estudos originaram a sua 
teoria do desenvolvimento, a Epistemologia Genética, na qual afirma que o 
conhecimento é adquirido através de uma interação do indivíduo com o meio. 
Também descreveu a teoria do desenvolvimento cognitivo da criança. Essa 
teoria classifica o desenvolvimento infantil em quatro estágios (PIAGET, 1964): 
 
 Período Sensório-Motor (0-2 anos): fase de imitação, de exercício dos 
reflexos, a criança desenvolve a linguagem, é egocêntrica; 
 
 Período Pré-Operacional (2-6 anos): a criança inicia o processo de 
socialização e exercita o jogo simbólico, o faz-de-conta; 
 
 Período Operacional Concreto (7-12 anos): período das operações 
mentais concretas, aprende a lógica, conceitos de número, de tempo, de 
reversibilidade. Existe um material de apoio ao professor, chamado “Caixa 
19 
 
de Piaget”, na qual encontramos provas operatórias desenvolvidas por ele 
para analisar em qual período a criança se encontra; 
 
 Período Operacional Formal (a partir dos 12 anos): início do 
pensamento lógico-dedutivo, a criança começa a entender e criar 
pensamentos formais, abstratos, teorias mais complexas. 
 
Além da aprendizagem cognitiva, Piaget passou a se interessar pela interação 
social entre as crianças e como essas aprendem as regras para conviver com 
os outros. Inicialmente, observou os jogos infantis, como o de bolinhas de gude. 
Ele observou que as mais novas jogavam de acordo com as próprias regras e 
estavam mais preocupadas em apalpar os objetos, conforme crescem começam 
a entender as regras e a respeitar. Ele formulou estágios para o desenvolvimento 
moral (PIAGET, 1994): 
 
 Anomia: a criança não entende o conceito de regras, geralmente até dois 
anos; 
 
 Heteronomia: a criança obedece a regra por medo do castigo e/ou 
autoridade; 
 
 Autonomia: quando crescemos, com a maturação cognitiva, passamos a 
compreender o sentido das regras e a obedecê-las por consciência. 
Assim, Piaget e suas teorias, moral e cognitiva, são bases importantes para a 
atuação de professores em salas de aula. Essas teorias influenciaram nossa 
base curricular, nossa legislação educacional e estão presentes nos cursos de 
formação de professores, fundamentando suas práticas pedagógicas. 
 
• As Inteligências Múltiplas 
O psicólogo americano Howard Gardner desenvolveu uma teoria que está sendo 
bastante utilizada nos processos de ensino-aprendizagem das escolas atuais: a 
teoria das inteligências múltiplas. Durante muito tempo a escola não levava em 
conta as diferentes habilidades e competências de seus alunos. Não entendia 
ou não justificava o fato de muitos estudantes serem habilidosos em 
determinadas áreas e terem dificuldades de aprendizagem em outras. 
Com conhecimento em neurologia e psicologia, Gardner observou que a 
necessidade de resolver problemas influencia o desenvolvimento da inteligência 
e que o meio que produz essa necessidade estimula ou não determinadas áreas 
do conhecimento. Para Gardner, a princípio, existem 7 tipos de inteligência 
(ANTUNES, 1998): 
 
20 
 
 Lógico-Matemática: habilidade para operações matemáticas e lógicas; 
 
 Linguística: habilidade com linguagens; 
 
 Espacial: noções completas de espaço; 
 
 Físico-Cinestésica: habilidade para resolver problemas concretos e 
produzir objetos; 
 
 Interpessoal: habilidades em relações sociais; 
 
 Intrapessoal: conhecimento pleno de si mesmo; 
 
 Musical: habilidade com a música e instrumentos. 
Gardner considerou posteriormente a inteligência natural, habilidade de se 
relacionar com a natureza, e existencial, de cunho filosófico. Assim, a escola 
pode entender porque alunos com certas habilidades em determinadas áreas 
não conseguem atuar eficientemente em outras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
CAPÍTULO 5 – A MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM 
 
Após estudarmos as definições e as teorias sobre aprendizagem, iremos 
entender como motivar os alunos a estudarem e se dedicarem à escola. A 
geração atual é diferente de tudo com o que lidamos nas últimas décadas. São 
crianças e adolescentes nascidos na era da informação, com acesso desde cedo 
aos dispositivos digitais e suas tecnologias. Esses alunos estão acostumados a 
buscar conhecimento de forma rápida, mas sem se aprofundar muito em suas 
pesquisas. Também podemos notar que muitos têm dificuldade de se concentrar 
em tarefas longas e complexas. 
 
• A Geração Z 
Se observarmos comportamentos de pessoas com muita diferença de idade, 
iremos notar que pensam e agem de modos diversos, se aproximando mais dos 
pares que dos mais jovens ou mais velhos. Essa diferença entre gerações levou 
cientistas a estudarem e classificarem grupos de pessoas com contextos 
culturais semelhantes, mas idades diferentes. De acordo com Somera (2013, p. 
6), “estudos globais demonstram que as gerações apresentam um conjunto de 
atitudes e crenças que as caracterizam”. Essas gerações podem ser 
classificadas em (SOMERA, 2013, p. 6): 
 
 Veteranos: nascidos antes de 1943; 
 
 Baby Boomers: nascidos entre 1943 e 1960; 
 
 Geração X: nascidos entre 1960 e 1980; 
 
 Geração Y: nascidos entre 1980 e 2000; 
 
 Geração Z: nascidos entre 2000 e 2010; 
 
 Geração Alpha: nascidos a partir de 2010 (em estudos). 
 
Como podemos observar pelos dados acima, os nossos alunos da Educação 
Básica pertencem à Geração Z e à Geração Alpha. Ambas as gerações são 
nativas digitais e têm formas de agir e de pensar semelhantes. Como a geração 
alpha ainda está em estudos, nos concentraremos na geração Z. 
Segundo Somera (2013), a geração Z herdou algumas características de sua 
antecessora, a geração Y, tais como: o uso das redes sociais para lazer e 
interação; a necessidade de atenção; o imediatismo; falta de apego às raízes e 
tradições; uma rede ampla e diversificada de amizades, a maioria virtual; bem 
informados. Além desses comportamentos, também são características da 
geração Z (SOMERA, 2013, p.8): 
22 
 
 
 Formada por crianças que estão constantemente “conectadas” por meio 
de dispositivos portáteis; 
 Tem mania de zapear tendo várias opções, entre canais de televisão, 
internet, vídeo game, telefone e MP3 players; 
 Conhecidas por serem “nativas digitais”, estando muito familiarizadas com 
as novas tecnologias,não apenas acessando a internet de suas casas, e 
sim pelo celular. O mundo para eles é tecnológico e virtual; 
 É uma geração preocupada com o meio ambiente. 
Como uma geração intensamente ligada às tecnologias, ela precisa que a escola 
lhe ofereça essas ferramentas para se motivar a aprender, a estudar e a se 
concentrar nos conteúdos acadêmicos. As profissões tradicionais e a formação 
universitária nem sempre interessam aos dessa geração. Eles procuram 
empregos menos formais, de formação mais rápida e específica e não constroem 
laços muito duradouros com as empresas, pois se perdem a motivação, 
abandonam seus projetos. 
Emocionalmente, os alunos da geração Z precisam de atenção, precisam de 
cuidados constantes e costumam ser mais instáveis que os da geração anterior. 
São crianças protegidas e que cresceram cercadas de cuidados, por vezes 
exagerados, não estão acostumadas às frustrações, ao “Não”. Assim, quando se 
confrontam com realidades mais duras como a da sociedade ou o mercado de 
trabalho, podem se deprimir ou se desmotivar, sentindo-se fracassados. 
A ansiedade também tem se tornado característica das novas gerações. O 
imediatismo, a falta de interesse e de motivação tem feito com que a saúde 
mental dos jovens se prejudique e demande atenção dos adultos. Muitos 
adolescentes são vulneráveis emocionalmente e não sabem lidar com a pressão 
das redes sociais, da escola, dos pais, podendo tomar atitudes extremas como 
a automutilação e até o suicídio. Então, como a escola irá lidar com esses 
alunos? Veremos a seguir. 
 
• Como motivar os alunos da geração Z 
É um desafio para pais e professores educarem as crianças da Geração Z. 
Enquanto apresentam um comportamento altamente eficaz para lidar com as 
tecnologias e a informação, apresentam um aspecto psicológico e emocional 
extremamente frágil, altos níveis de ansiedade e muitas dificuldades em manter 
o foco e a atenção nas atividades. Assim, a escola, que ainda utiliza métodos 
tradicionais e ultrapassados de ensino, não consegue captar ou manter o 
interesse dessa geração. 
A primeira atitude da escola, portanto, é se adequar a métodos de ensino mais 
atuais, utilizando estratégias didáticas mais efetivas e adotando pedagogias 
mais ativas. As teorias de aprendizagem que estudamos no capítulo anterior 
devem servir de apoio para a construção do currículo e do material didático, 
23 
 
assim como para os planos de aula e as práticas do cotidiano escolar. O aluno 
precisa se identificar com a escola, com seus professores e com os conteúdos 
ensinados, esse é o primeiro passo para motivá-los. 
Outra mudança necessária é a que se refere aos recursos didáticos e 
tecnológicos. O investimento precisa ser intenso em tecnologia e materiais 
interativos. O professor precisa aprender a lidar com essa tecnologia ainda nos 
cursos de formação e precisa se manter atualizado quanto a elas. De nada 
adianta a escola oferecer recursos tecnológicos se o professor não sabe 
aproveitá-los. 
O celular não deve ser encarado como inimigo, mas sim um aliado, uma 
ferramenta importante para motivar os alunos a participarem das aulas. É preciso 
que se coloque algumas regras e alguns limites, mas sem tirar a autonomia dos 
alunos. A própria internet se torna ferramenta didática útil ao professor, pois ele 
pode acessar rapidamente conteúdos, jogos, exercícios, dados estatísticos, 
dinamizando a aula e otimizando o tempo. 
Algumas características das novas gerações que precisam ser entendidas pelos 
professores e essas características devem ser levadas em consideração no 
momento do aprendizado, vejamos: 
 
 
 Cérebro Ágil: as novas gerações possuem uma agilidade mental maior 
que a das gerações anteriores, por isso, a aula deve ser dinâmica. Essa 
agilidade deve ser aproveitada, o professor pode trazer uma grande 
variedade de informações e deixar os alunos trabalharem com elas; 
 
 Entendimento Global: são alunos que têm uma visão mais ampla do 
mundo, pois são bem informados. Então, devemos aproveitar esse 
conhecimento para trabalhar os conteúdos escolares; 
 
 Necessidade de Reforço Positivo: como é uma geração mais carente 
de elogios, os professores podem motivar os alunos com os mesmos, 
sempre verbalizando o sucesso deles nas tarefas. Por outro lado, o 
fracasso deve ser encarado com seriedade e responsabilidade, para 
acostumar essa geração às frustrações. O professor deve explicar o erro 
e mostrar o caminho para o acerto, sem adular, mas também sem 
traumas; 
 
 Imediatismo: os alunos atuais são muito ansiosos, imediatistas, querem 
tudo rápido e não tem paciência, nem concentração para atividades 
longas e complexas. Por isso, o professor precisa trazer temas que 
interessem e que desafiem a mente desses alunos. Isso não significa 
passar superficialmente pelos temas, mas fazer um recorte que interesse 
ao aluno; 
 
24 
 
 Multitarefas: essa é uma qualidade com a qual a geração ainda não sabe 
lidar, acabam ansiosos e desmotivados. O professor deve buscar 
dinâmicas de grupo que treine essa habilidade dos seus alunos; 
 
 Trabalho em equipe: é uma geração que sabe cooperar e dialogar, mas 
ainda tem dificuldades em aceitar outras opiniões, por isso, o professor 
deve trabalhar essa qualidade ao mesmo tempo que orienta sobre saber 
ouvir, saber ceder e saber se expressar de forma adequada. 
 
Não podemos esquecer que parte da motivação do aluno vem do professor, 
portanto, este deve manter uma postura de seriedade em relação ao trabalho, 
mas isso não significa estar desmotivado. Ele deve ensinar com firmeza, mas de 
forma tranquila e verbalizar elogios para cada avanço do seu grupo. Vejamos 
algumas estratégias que o professor deve adotar: 
 
 Manter o entusiasmo todos os dias, para ser modelo aos alunos; 
 Explicar a aplicabilidade do conteúdo, contextualizando-o; 
 Adaptar sua matéria à realidade escolar e à atualidade; 
 Criar métodos de reforço positivo e reforço negativo para controlar a 
disciplina na sala; 
 Promover a participação dos alunos nas teorias e práticas; 
 Ser democrático nas decisões; 
 Valorizar a diversidade; 
 Ser claro, objetivo e adaptar a linguagem ao seu público, para se fazer 
compreendido; 
 Passar tranquilidade e confiança nos momentos de avaliação; 
 Valorizar o esforço dos alunos; 
 Apontar e corrigir o erro, mas sem alarde e explicando como fazer de 
forma correta. 
Com essas ações, o professor se tornará um parceiro dos alunos no processo 
de ensino-aprendizagem, ganhando a confiança dos mesmos nessa trajetória. O 
professor que não ouve seus alunos, que não conhece suas vivências e suas 
experiências pessoais, não consegue formar um vínculo efetivo. Isso significa 
que este professor irá dar aula para si mesmo, pois não alcançará seus alunos 
e estes, ficarão desmotivados. 
 
 
 
 
 
 
25 
 
CAPÍTULO 6 – A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO 
 
Durante muitos séculos a relação do professor com seus alunos era restrita à 
sala de aula e a interação era mínima. O método tradicional de ensino não 
permitia que professores abrissem mão de uma posição ativa e autoritária em 
relação aos seus alunos, e estes não se aproximavam mais que o necessário 
para umas poucas perguntas. 
Atualmente, não se admite mais esse afastamento do professor, principalmente 
nas séries iniciais. A escola vem pouco a pouco compreendendo que ensinar vai 
muito além de transportar os conteúdos de uma pessoa para outra. Tanto, que 
a Psicologia tem sido cada vez mais solicitada no cotidiano escolar para melhorar 
a relação entre os alunos, entre alunos e professores, e entre a escola e seus 
agentes. 
Por isso, é importante conhecermos como a Psicologia pode tornar o 
aprendizado e o ensino mais efetivos, através da edificação na qualidade da 
relação professor-aluno. Neste capítulo, iremos descrever como é a relação ideal 
entre professor e aluno, como esta relação interfere no processo de ensino-
aprendizagem e quais estratégias a Psicologia fornece aos educadores para 
tornaremessa relação a mais saudável e produtiva possível. 
 
• Como deve ser a relação professor-aluno 
Como já comentamos, a relação do professor com seus alunos se tornou 
diferente do que foi durante muitos séculos. Antigamente, o professor não 
precisava manter uma relação minimamente afetiva com os alunos, nem era 
qualificado para isso. Podemos dizer que era uma relação mais fria e distante. 
Com o surgimento das novas teorias de aprendizagem, principalmente o 
Construtivismo, a Psicologia Histórico-Social e a teoria da Afetividade de Wallon, 
a formação de professores e as novas didáticas passaram a considerar 
importante uma qualificação do professor para se postar e ensinar de modo mais 
interacionista e humanizado. 
As teorias educacionais mais atuais, focadas em métodos ativos de 
aprendizagem, orientam que o professor precisa considerar o seu aluno, com 
sua bagagem cognitiva e cultural, antes de iniciar o planejamento de suas aulas. 
A aprendizagem, segundo Vygotsky (2002) se dá no contato humano, através 
da linguagem e da interação social. É no contato com seus pares e seus 
professores, na escola, que o aluno vai trocar vivências, experiências e 
conhecimentos necessários para sua formação. 
Não há um aprendizado efetivo se o aluno não conseguir obter significado em 
suas aulas, como pudemos ver na teoria da aprendizagem significativa de David 
Ausubel. Segundo este psicólogo, o professor, ao interagir com o aluno, conhece 
suas necessidades e suas experiências, usando-as para preparar aulas que este 
aluno entenda, absorva e que sejam úteis para sua formação integral. 
26 
 
Mesmo Piaget, que considera a importância de todos os elementos do meio para 
o aprendizado e não somente as relações sociais, elaborou uma teoria de 
desenvolvimento social (já estudada aqui no capítulo 4, p. 19) para 
complementar sua teoria psicogenética. Piaget afirma que não existe 
desenvolvimento completo sem a interação social, pois não há adaptação 
completa se não equilibrarmos o desenvolvimento moral e o cognitivo. E o aluno 
precisa da participação mediadora do professor em sua interação com o meio e 
na busca do conhecimento. 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), o Referencial Curricular Nacional 
para a Educação Infantil (RCNEI), Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), 
a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), entre outras referências são 
claros ao afirmar a importância de uma pedagogia mais ativa, com a participação 
do aluno, com um professor humanizado e versátil, currículo flexível e que não 
contemple somente o aprendizado formal, mas o social e o emocional. Para que 
isso se torne realidade, precisamos que o professor seja acolhedor e saiba 
promover e usar integração social em suas aulas. 
 
• A Psicologia e a relação professor-aluno 
Se a relação professor-aluno atualmente se constrói mediante a interação social 
dos mesmos no cotidiano escolar e essa interação favorece o ensino e o 
aprendizado, então existem muitos fatores envolvidos nessa relação. Esses 
fatores podem ser considerados variáveis no processo de ensino e se não forem 
observados e cuidados, podem interferir negativamente nesse processo. 
Vejamos quais esses fatores: 
 
 Intelectuais: o fator intelectual envolve o pensamento e a atividade 
mental. A teoria de Piaget irá ajudar o professor a analisar esse fator ao 
se relacionar com seus alunos. Por exemplo, nossa postura, linguagem e 
afeto são diferentes ao ensinarmos crianças de 2 anos ou de 10 anos, ou 
adolescentes. A mentalidade do aluno vai guiar as atitudes do professor; 
 
 Acadêmicos: o professor pode ser mais ou menos flexível e amigável de 
acordo com a disciplina ou conteúdo que está ensinando. A Psicologia 
tem muitas correntes teóricas que podem ajudar o professor a 
desenvolver estratégias didáticas para ensinar cada tema, conteúdo e 
disciplina de modo a captar a atenção do aluno e favorecer a 
aprendizagem; 
 
 Emocionais: o professor precisa ficar atento ao estado emocional dos 
alunos ao entrar em sala de aula. Ninguém consegue aprender com 
qualidade se está triste, aborrecido, traumatizado, com medo ou com 
raiva; 
 
27 
 
 Sociais: os fatores sociais irão englobar os aspectos familiares, 
socioeconômicos, culturais, as relações de grupo dentro da escola, tudo 
isso deve ser estudado antes de se desenvolver um planejamento 
educacional em qualquer nível; 
 
 Psicológicos: a personalidade do aluno precisa ser conhecida, aos 
poucos, pelo professor, para que este consiga estabelecer estratégias 
para disciplinar e educar. 
 
Ao descrevermos esses fatores podemos entender como o processo de ensinar 
envolve mais do que simplesmente lousa e giz, exposição de saberes e cópias 
de matérias. Aprender precisa envolver atenção, concentração e dedicação por 
parte do aluno, enquanto ensinar precisa de compreensão, discernimento, 
entendimento e estratégias psicológicas efetivas por parte do professor. 
Veremos quais são essas estratégias a seguir. 
 
• Estratégias da Psicologia para melhorar a relação professor-aluno 
Dentro dos fatores que citamos acima, podemos descrever algumas estratégias 
que a Psicologia vai ajudar a construir para melhorar o relacionamento dos 
alunos com o professor e assim melhorar também o processo de ensino-
aprendizagem. Vejamos essas estratégias: 
 
 Estágios de desenvolvimento: a teoria dos estágios de 
desenvolvimento de Jean Piaget servirá de base para a produção de 
conteúdos significativos para cada idade. Por exemplo, sabemos que no 
estágio pré-operacional a criança precisa que se trabalhe o lúdico e o jogo 
simbólico, portanto, as atividades intelectuais focarão esses aspectos; 
 
 Aprendizagem Significativa: como Ausubel nos mostrou, o conteúdo 
acadêmico precisa fazer sentido para o aluno. Sendo assim, o professor 
deve, na primeira semana de aula, focar em conhecer a realidade em que 
vivem seus alunos. Podem ser feitas rodas de conversa, dinâmicas de 
grupo, redações, narrativas, enfim, qualquer formar de comunicação e 
troca de informações que irão embasar o trabalho do professor; 
 
 Motivação e Empatia: muitas vezes planejamos uma aula e ao chegar 
na escola percebemos que o estado emocional da sala não irá permitir 
que essa aula se aplique. Os alunos podem estar cansados, 
desmotivados, tristes ou estressados, por motivos que independem do 
professor. Sendo assim, o professor sabe que se insistir o aprendizado 
não será completo. Prevendo essas ocasiões, o professor deve ter 
sempre um plano B ao preparar seus conteúdos. Dentro de sua área e 
sua disciplina é preciso ter sempre atividades divertidas, motivadoras e 
28 
 
humanizadas. Por exemplo, o professor de Língua Portuguesa pode 
sempre inserir uma história e com ela motivar os alunos a estudarem a 
gramática, a literatura, etc. Por outro lado, o professor de Matemática 
pode ter sempre jogos didáticos à mão para usar nesses momentos. 
Assim, cada um, conhecendo sua sala, seus alunos, sua matéria, irá 
selecionar essas atividades mais dinâmicas e lúdicas; 
 
 Interação Social e Aprendizagem: para Vygotsky é importante a troca 
de experiências e vivências para a formação integral do ser humano, tanto 
que a nossa legislação e referencial curricular salienta que a socialização 
é um dos principais objetivos da escola. Então o professor precisa 
considerar esse aspecto em suas aulas, inserindo atividades práticas e 
interativas para que seus alunos aprendam juntos, cooperando e trocando 
ideias. As atividades práticas em grupo são uma forma eficaz de promover 
esse aprendizado; 
 
 Conhecer seu aluno: elaborar uma aula sem considerar a personalidade 
e nível de desenvolvimento de seus alunos é atirar às cegas. O professor 
deve aproveitar as oportunidades de conhecer os gostos pessoais, a 
cultura, as preferências, as referências e o nível de aprendizado de cada 
aluno. Com isso, irá sempre usar essas informações para elaborar suas 
práticas, suas atividades e suas estratégias didáticas. 
 
Como vemos,ensinar é algo complexo demais para resumirmos em poucas 
páginas. Esse processo irá envolver uma série de fatores que irão atuar como 
variáveis no aprendizado dos alunos. Conhecer essas variáveis é um dos 
objetivos da Psicologia da Educação, que nos fornece várias teorias 
educacionais e estratégias didáticas úteis na tarefa de ensinar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
CAPÍTULO 7 – OS PROCESSOS DE RETENÇÃO E ESQUECIMENTO DA 
APRENDIZAGEM 
 
Durante muitos anos a ciência vem estudando a memória humana, sua formação 
e os processos de retenção de informações. Nas últimas décadas os estudos 
têm avançado bastante, esclarecendo muitas questões relacionadas à parte 
cerebral relacionada ao funcionamento da memória. Neste capítulo, iremos 
estudar a estrutura da memória e o processamento de informação, levando à 
retenção ou esquecimento do conhecimento. 
Para os autores Squire e Kandel (2003, apud NUNES & SILVEIRA, 2015), a 
memória é definida com algo que é aprendido e permanece por um longo tempo. 
Para Coon (1999, apud NUNES & SILVEIRA, 2015), a memória seria “como um 
sistema ativo que recebe, armazena, organiza, modifica e recupera a 
informação. ” 
Assim, percebemos o quanto o aprendizado está relacionado com a memória, 
por isso, a Psicologia da Educação está comprometida com o seu estudo e suas 
definições. A memória retém conhecimento e passa esse conhecimento adiante, 
perpetuando os saberes da humanidade, a cultura e a linguagem. Nossa história, 
nossa personalidade, nossos pensamentos e emoções são construídos através 
da memória e ela direciona nossa interação social e nosso lugar no mundo. 
O comprometimento da memória nos leva a problemas de aprendizagem, de 
relacionamento e de cunho psicológico, ela interfere em toda nossa rotina, 
nossos afazeres e nossos planos. Mas como é a estrutura da memória? Segundo 
a classificação de Coll, Palácios, Marchesi (2004, apud NUNES & SILVEIRA, 
2015) e Pozo (2002, apud NUNES & SILVEIRA, 2015), existem três grandes 
sistemas de processamento da memória: memória sensorial, de curto prazo e de 
longo prazo, que estudaremos a seguir. 
 
• Memória Sensorial 
A memória sensorial está relacionada aos sentidos: olfato, paladar, tato, audição 
e visão. Ela armazena informações captadas por estes. Não precisa ser 
consciente, ou seja, nem sempre percebemos que estamos captando 
informações e armazenando-as. Assim, muitas vezes sentimos um cheiro, ou 
ouvimos um som que nos parece conhecido, mas não conseguimos associar a 
nenhum fato especificamente. 
 
• Memória de Curto Prazo 
É a memória recente, de fatos e informações que vivenciamos nos últimos dias 
e horas. Ela seria um depósito temporário de informações, que nem sempre são 
armazenadas definitivamente. É altamente funcional, também chamada de 
30 
 
“memória de trabalho”, pois recorremos a ela mais frequentemente para nossas 
tarefas e atitudes (NUNES & SILVEIRA, 2015). 
As informações que não são consideradas úteis, são descartadas, enquanto as 
que são necessárias, são enviadas à memória de longo prazo. Isso evita 
sobrecarregar nossa mente com excesso de informação fútil. Ela não tem uma 
capacidade de armazenamento muito grande, por isso, só lembramos 
informações realmente necessárias. Mesmo assim, muitas informações das 
quais precisamos, acabam descartadas, como um número de telefone, da placa 
de um carro, uma receita completa, etc. A memória de curto prazo possui dois 
tipos de retenção (NUNES & SILVEIRA, 2015): 
 
 Manutenção: conseguida através da repetição da informação; 
 
 Elaborativo: fazendo alguma associação ou dando significação à 
informação. 
A retenção elaborativa tem mais chances de enviar a informação para a memória 
de longo prazo, portanto, na escola, ficar repetindo conteúdos ao invés de 
contextualizá-los e significá-los irá diminuir as chances de um aprendizado real. 
 
• Memória de Longo Prazo 
A memória de longo prazo armazena uma grande quantidade informações que 
podem ficar ali por toda a vida. Essas informações, geralmente, ficam 
organizadas e disponíveis para que possamos acessá-las quando necessário. 
Porém, como nossa capacidade não é infinita, conforme absorvemos mais 
conteúdos, as memórias antigas podem ser atualizadas, revisadas ou 
descartadas, isso se chama processamento construtivo (NUNES & SILVEIRA, 
2015). 
Na memória de longo prazo as informações são organizadas por associações e 
categorias. Para acessar as memórias o indivíduo pode usar de estratégias 
chamadas de memória de reconstrução, de reintegração ou criativa. Apesar 
disso, a memória pode distorcer, simplificar, aumentar ou diminuir fatos, 
situações e impressões armazenadas. Segundo Squire e Kandal (2003, apud 
NUNES & SILVEIRA, 2015), a memória de longo prazo se divide em: 
 
I. Procedimental: é resultado de uma experiência que gera uma mudança 
comportamental, aprender operantes, por exemplo: dançar, cantar uma 
música, digitar; 
 
II. Declarativa: é a memória dos fatos, pensamentos, sensações e 
conhecimentos. A capacidade de retenção é influenciada pelo interesse 
31 
 
do indivíduo, seu estado de atenção e pela saúde física e mental. Essa 
memória é dividida também em dois tipos: 
 
a) Semântica: o indivíduo não precisa lembrar fatos ou situações, 
somente objetos, odores, cores ou outro fator sensorial lhe 
desperta a memória; 
 
b) Episódica: constituída pelos elementos da vida particular da 
pessoa, memórias que lhe são caras. 
Como podemos notar, nosso cérebro tem uma grande capacidade de absorver, 
selecionar, filtrar, armazenar e organizar as informações e o conhecimento, 
porém, como ele não é infinito, ele acaba descartando o que considera 
desnecessário. 
 
• O Esquecimento 
Acumular todas as informações que recebemos todos os dias, desde o 
nascimento (ainda mais atualmente, que somos bombardeados com estímulos), 
faria com que a mente entrasse em colapso. Por isso, a memória irá usar o 
processo de selecionar e reter somente o que considera útil e necessário. O que 
acontece, porém, quando esquecemos as informações de que precisamos? 
Alguns fatores estão envolvidos nesse esquecimento (NUNES & SILVEIRA, 
2015): 
 
 Falhas na Codificação: ocorre uma inexatidão nas informações que 
perturba o armazenamento. Por exemplo, a pessoa começa a viajar nos 
pensamentos enquanto a professora explica algo; 
 
 Falhas no Armazenamento: desintegração da lembrança ao longo do 
tempo; 
 
 Falhas na Recuperação: alguns fatores (neurológicos, lesões, doenças, 
etc.) interferem no acesso às memórias. 
Outros fatores também podem influenciar o esquecimento: a falta de interesse 
da pessoa pelo assunto; a situação em que ocorre o fato, que pode ser 
incômoda, dolorosa ou traumática; o organismo cansado, sonolento ou 
estressado; um ambiente insalubre, entre outros. Na escola, é comum 
encontrarmos esses fatores, será que isso prejudica a aprendizagem? Vejamos 
a seguir. 
 
• A Escola e a Retenção do Conhecimento 
32 
 
Como pudemos observar nesses estudos sobre a memória, o interesse, o 
ambiente e os estado físico do indivíduo interferem na retenção de informações 
a longo prazo, mas isso significa que interfere no aprendizado? Sim, pois, 
aprender também significa armazenar conhecimento. Então, a escola precisa 
proporcionar ao aluno um ambiente que lhe deixe mais apto a aprender. 
Segundo Somera (2012), uma pessoa aprende mais quando: 
 
 Tem boa saúde; 
 Tem boa autoestima; 
 Deseja aprender; 
 Não tem ansiedade e estresse freqüente; 
 Com experiências (“aprende fazendo”); 
 É valorizado e seus progressos são destacados (SOMERA, 2012, p.14). 
 
 
Como podemos ver, a pessoa irá ter mais chances de reter informações se 
estiver bem, se tiver interesse e se o ambiente lhe proporcionar estímulos e 
práticas para seu aprendizado. Em seus estudos, o Dr. Edgar Dale desenvolveu 
as Pirâmides de Aprendizagem, que são uma representação esquematizada dos 
dados acima, entre outros colhidos por ele em suas pesquisas. Essaspirâmides 
explicam como o cérebro humano retém o conteúdo apresentado a ele. 
 
As pesquisas de Dale mostram que dependendo do método de ensino, o 
conhecimento não é retido por mais que algumas horas. Em seu livro “Como e 
Quanto Aprendemos”, do Dr. Edgar Dale, temos as seguintes porcentagens de 
retenção de conhecimento junto aos métodos de ensino: 
 
Métodos de ensino e Retenção do Conhecimento: Somente Oral 
– 70% dos dados retidos após 3 horas e 10% dos dados retidos 
após 3 dias; Somente Visual – 72% dos dados retidos após 3 
horas e 20% dos dados retidos após 3 dias; Simultaneamente 
Oral e Visual – 85% dos dados retidos após 3 horas e 65% dos 
dados retidos após 3 dias (DALE, apud SOMERA, 2012, p.14). 
 
A seguir, temos a classificação funcional dos Meios de Ensino para a 
Aprendizagem segundo o Dr. Edgard Dale (Cone da Aprendizagem de Dale): 
 
33 
 
 
Com esses dados, podemos entender que quanto mais o aluno participar do 
processo de ensino-aprendizagem, mais significado encontrar nesse processo e 
em seus conteúdos, e quanto mais dinâmico for o ensino, maiores as chances 
de o aluno reter o aprendizado por um longo prazo e até por toda a vida. Assim, 
a sala de aula precisa ser um espaço de integração entre os alunos e 
professores, e entre estes e o conhecimento teórico-prático. 
Para que isso aconteça, podemos citar algumas ações: 
 
 O ambiente: preparar a sala de aula com estímulos adequados, criar um 
ambiente acolhedor, confortável e que permita atividades práticas; 
 
 O professor: estimular perguntas, interações, participação nas 
atividades. Trazer sua matéria de forma interessante, atual e 
diversificada. Utilizar todos os recursos disponíveis. 
Assim, a escola irá fazer sua parte no que concerne à retenção do aprendizado 
pelo aluno, e o professor também irá contribuir para isso. 
 
 
 
 
 
Experiências diretas, reais, com propósito definido 
Experiências dramatizadas 
Experiências simuladas 
Demonstrações 
Grupos de Debates 
Excursões 
Exposições 
Cinematografia, Televisão 
Rádios, Gravações, Fotografias 
Símbolos Visuais (leitura) 
Símbolos verbais (audição) 
 Meios mais abstratos 
 
 
Participação 
PASSIVA 
Meios mais 
Concretos 
 
 Participação 
 ATIVA 
Recepção 
Auditiva e 
Visual 
 
Cone de Edgard Dale: Bullaude, J. Enseñanza Audiovisual y Comunicación) – Adaptado. 
34 
 
CAPÍTULO 8 – A APRENDIZAGEM CRIATIVA 
 
Criativo vem de criação, portanto, quando falamos em uma aprendizagem 
criativa estamos relacionando o ato de aprender aos atos de criar, construir, 
inovar. Pensando nisso, a aprendizagem criativa está diretamente relacionada 
às pedagogias ativas, que já mencionamos aqui, como as que se baseiam em 
Vygotsky, Ausubel ou Piaget. O próprio Vygotsky afirmou que a criatividade é 
uma das funções psicológicas superiores, tão estudadas por ele. Neste capítulo, 
iremos descrever como funciona a aprendizagem criativa e a sua importância 
para o contexto educacional atual. 
O homem, desde os primórdios da humanidade, usa sua engenhosidade para 
solucionar problemas, construir ferramentas, mudar seus hábitos e se adaptar 
ao ambiente em que vive. Sem a criatividade não haveria evolução, nem 
progresso. Sendo assim, a criatividade está relacionada com a aprendizagem, já 
que ambas estão ligadas à adaptação. 
Atualmente, a criatividade tem ganhado espaço no mercado de trabalho, já que 
muitas empresas dependem de profissionais criativos para conseguirem ser 
competitivas e se manterem assim. O contexto social atual nos mostra que ser 
criativo não depende de superdotação, mas de habilidades especiais que podem 
ser despertadas e desenvolvidas ainda na escola, tornando-se ferramentas 
importantes para o indivíduo se destacar na sociedade. Mas quais seriam as 
habilidades que tornam uma pessoa criativa? 
A criatividade se expressa através de certas ações e competências que levam a 
pessoa a uma realização inovadora. Sempre que pensamos em pessoas 
criativas tendemos a fazer somente um recorte do que é realmente a criatividade, 
relacionando-a ao mundo artístico ou da ciência. Na verdade, a criatividade se 
aplica a todas as áreas e está presente em todas as pessoas. Em cada aspecto 
da vida, as pessoas manifestam meios criativos de interagir, trabalhar, aprender, 
enfim, se adaptar. O diferencial está em ser criativo em um aspecto pouco 
explorado. Por exemplo, criar um aplicativo que todos precisam e que nunca foi 
criado, é um diferencial. 
 
• Definição de Criatividade 
Explicar a criatividade é complexo, pois assim como a inteligência, a criatividade 
envolve fatores diversos, tais como: contexto, interação, reflexão, atitudes, 
impacto social, entre outros. Avaliar essa criatividade também não é fácil, pois 
irá depender da situação. De acordo com o livro Psicologia da Aprendizagem, de 
Nunes & Silveira (2015, p.80), podemos descrever algumas definições de 
criatividade baseadas em estudos específicos (na íntegra): 
 
 “Criatividade é a decisão de fazer algo pessoal e valioso para satisfação 
própria e benefício dos demais. (...) saber utilizar a informação disponível, 
35 
 
tomar decisões, ir além do aprendido, mas, sobretudo, saber aproveitar 
qualquer estímulo do meio para solucionar problemas e buscar qualidade 
de vida” (LA TORRE, 2003). 
 
 Criar é basicamente formar. É poder dar forma a algo novo (...) o ato 
criador abrange, portanto, a capacidade de compreender; e esta, por sua 
vez, a de relacionar, ordenar, configurar, significar” (OSTROWER, 1996). 
 
 A criatividade, como define Webster, é basicamente o processo de fazer, 
de dar a vida (MAY, 1982). 
 
 Capacidade distinta de solução de problema que permite as pessoas 
ideias, produtos originais que são adaptáveis (que servem a uma função 
útil) e plenamente desenvolvidos (DAVIDOFF, 1983). 
Podemos notar que existem perspectivas diferentes sobre a definição de 
criatividade, mas o ponto em comum é a inovação. Ser criativo, além de outras 
coisas, é ser inovador, portanto, a ação criativa trará algo de novo ou atual sobre 
alguma coisa. As pesquisas de La Torre (2003, apud NUNES & SILVEIRA, 2015) 
revelaram que as pessoas apontadas como criativas não apresentam 
peculiaridades em relação às outras, ou seja, são pessoas normais. 
Segundo as mesmas pesquisas, criatividade não é um dom, não é um privilégio 
de alguns poucos, porém, alguns traços pessoais podem acentuar a criatividade 
da pessoa. Esses traços estariam ligados à intuição, à sensibilidade, à 
persistência, à autonomia, ao empreendedorismo, à flexibilidade cultural, à 
curiosidade, ao idealismo, entre outros que se apresentam como diferenciais em 
uma situação que exija criatividade. 
 
• A Escola e o Processo Criativo 
Mas, e a escola? Qual seu papel? A escola tem valorizado a criatividade só 
recentemente. Já comentamos aqui que a escola se apegou (algumas ainda se 
apegam) aos métodos tradicionais durante muitos séculos. Pois em uma aula 
expositiva, com aluno passivo, existe pouco espaço para criatividade do 
professor e do aluno. As metodologias ativas, por outro lado, exigem o contrário. 
Tanto o professor precisa usar toda sua inventividade para planejar e ministrar 
aulas, como o aluno precisa se aplicar e ser criativo em suas tarefas. 
As pedagogias ativas estão muito presentes na Educação Infantil, onde o 
processo de ensino é mais prático, mais lúdico e recheado de variedades 
didáticas. A escola, porém, perde isso ao entrarmos no Ensino Fundamental. As 
aulas se tornam expositivas, tradicionais, ou seja, cansativas e entediantes. Se 
para um adulto comum é difícil ficar sentado por cinco ou seis horas escutando 
uma pessoa falar e copiando matérias automaticamente, imagine para uma 
criança de 7 anos. Não à toa, os problemas escolares começam justamente 
nessa fase. 
36 
 
A escola precisa criar oportunidades para o exercício da criação, precisa dar 
flexibilidade ao professor para ensinar de modo engenhoso e precisa construir 
um currículo

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