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SUA_PETICAO_S6 (1)

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Seção 6 
SUA PETIÇÃO 
DIREITO 
CIVIL 
 
 2 
 
 
 
 
 
 
Prezado aluno, iniciamos agora a nossa última peça processual deste curso! 
Certamente, a peça processual envolverá uma série de cuidados dos Doutores, pois 
possui normas e exigências que se encontram em legislações variadas, o que exigirá 
um cuidado maior em sua redação. Os recursos cabíveis às instâncias superiores são, 
sem dúvida alguma, os mais complexos do Direito Processual Civil, mas certamente 
vamos conseguir elaborá-los. Certamente, será uma desafiadora tarefa para os nobres 
causídicos! Vamos começar? 
 
Após a interposição do recurso de apelação por parte da empresa Viação Meteoro 
Ltda. e também pela empresa Caipira Hortaliças Ltda., o r. juízo determinou a 
apresentação de contrarrazões de apelação, pelo prazo de 15 (quinze) dias. Ambas as 
partes apresentaram a resposta ao Recurso de Apelação. O Tribunal de Justiça de São 
Paulo deu provimento parcial ao Recurso de Apelação, para julgar a impugnação ao 
valor da causa, bem como para alterar a distribuição do percentual de culpa da Ré no 
evento, reduzindo-o para 20%, ao invés dos 40% anteriores. No entanto, quanto aos 
honorários de sucumbência, negou provimento ao recurso, ao fundamento de que, na 
 
 
Seção 6 
RECURSO ÀS INSTÂNCIAS 
ESPECIAIS 
Sua causa! 
 
 3 
época do ajuizamento, a regra da compensação de honorários era a vigente, e deveria 
ser respeitada a súmula 306 do STJ. Segue abaixo a ementa: 
 
EMENTA: INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E DANOS EMERGENTES. 
PRELIMINAR. ACOLHIMENTO PARA JULGAMENTO IMEDIATO. INTELIGÊNCIA DO ART. 
1.009, PARÁGRAFO 3, DO CPC/2.015. ACIDENTE DE TRÂNSITO – CULPA 
CONCORRENTE, COM PREPONDERÂNCIA DA EMPRESA AUTORA/RECONVINDA – 
REDISTRIBUIÇÃO DAS CONDENAÇÕES E DA SUCUMBÊNCIA. – COMPENSAÇÃO DE 
HONORÁRIOS – APLICAÇÃO DA SÚMULA 306 DO STJ. RECURSO PARCIALMENTE 
PROVIDO. 
1- Considerando o disposto no art. 1.013, PARÁGRAFO 3, INCISO III, o Tribunal pode 
julgar questões não decididas em primeira instância. Estando o valor da causa em 
desacordo com o art. 292, inciso V, do CPC. 
2- As provas nos autos indicam que a culpa preponderante no acidente de trânsito 
foi do veículo da Autora, motivo pelo qual deve haver a redistribuição da 
responsabilidade civil pelo acidente para 80% para a Autora/Reconvinda e 20% para 
a Ré/Reconvinte. Inteligência dos arts. 944 e 945, do Código Civil Brasileiro. 
3- Considerando que o Superior Tribunal de Justiça não revogou o disposto na Súmula 
306, os Tribunais de Justiça devem respeitá-la, motivo pelo qual devem os honorários 
de advogado ser compensados. 
Recurso Parcialmente provido. 
 
 
 
 
 4 
APELAÇÃO DA AUTORA: 
 
4- Partindo do pressuposto de que o recurso da Ré/Reconvinte foi provido 
parcialmente, para alterar a distribuição da responsabilidade civil sobre o evento, 
resta prejudicado o apelo, negando-se provimento ao recurso. 
5- Deve ser mantida a improcedência do pedido com relação ao pagamento dos 
danos sofridos com fornecedores e locador, pois constituir-se-ia em um bis in idem 
com os lucros cessantes.(TJSP, Apel. Civ. 123432-12. Rel. Desembargador Carlos 
Chagas, julgamento em 22 de novembro de 2.017). 
 
Na parte dispositiva do Acórdão, constou o seguinte: 
 
“Face ao exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso de Apelação, para reformar 
a decisão de 1º grau, no sentido de, preliminarmente, acolher a impugnação ao valor 
da causa para adequar o montante do valor para 75.000,00 (setenta e cinco mil reais), 
devendo a Autora ser condenada ao pagamento das custas processuais 
complementares. No mérito Recursal, DOU PROVIMENTO PARCIAL redistribuir a 
responsabilidade pelo acidente de trânsito noticiado nos autos, condenando a 
Autora/Reconvinda ao pagamento do montante de R$ 17.600,00 (dezessete mil e 
seiscentos reais), correspondente a 80% do valor pleiteado na reconvenção, e a 
Ré/Reconvinte condenada ao pagamento do montante de R$ 13.000,00, sendo R$ 
7.000,00 relativos aos danos materiais com o conserto do veículo e R$ 6.000,00 (seis 
mil reais), referentes aos lucros cessantes, correspondente a 20% do valor pleiteado 
na reconvenção. As custas e honorários, fixadas em 1º grau, devem ser distribuídas na 
mesma proporção da vitória e derrota das partes, devendo os honorários de 
 
 5 
sucumbência serem compensados, nos moldes da súmula 306, do STJ, posto que não 
foi revogada por aquele Colendo Tribunal. 
A decisão foi publicada em 26 de novembro de 2.018. 
 
A Viação Meteoro apresentou, tempestivamente, os Embargos de Declaração, 
alegando omissão com o propósito de prquestionar o dispositivo relacionado à culpa 
concorrente (arts. 944 e 945 do Código Civil), aduzindo que o caso seria de culpa 
exclusiva da Autora. A embargante alega ainda omissão em relação à necessidade de 
aplicação do artigo 85, parágrafo 14, do CPC/2015, no que diz respeito à compensação 
dos honorários advocatícios, bem como de negativa de vigência aos artigos 86, 
parágrafo único, do CPC/2.015, no que tange à distribuição dos honorários 
advocatícios e custas processuais, que aduzem ser responsabilidade total da parte 
quando há sucumbência mínima, bem como a negativa de vigência com relação ao 
artigo 85, parágrafo 11, do Código de Processo Civil de 2.015 que aduz pela 
necessidade de acréscimo de honorários de advogado, em razão do trabalho adicional 
do procurador. 
 
Contudo, o Tribunal de Justiça rejeitou os Embargos de Declaração aos fundamentos 
ementados abaixo: 
 
“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÕES – MERO INCONFORMISMO 
DA PARTE. O Tribunal não é obrigado a responder a todos os fundamentos alegados 
pelas partes, especialmente, quando as questões foram todas decididas no julgado. 
Embargos de Declaração Improvidos.” 
 
 
 6 
A decisão foi publicada no diário Oficial de Justiça do dia 18/12/2018, terça feira, 
ressaltando que o judiciário entra em recesso nos dias 20/12/2018 a 06/01/2019. 
Portanto, a partir dos julgados, como advogado da causa, você deve manejar o recurso 
cabível contra a decisão, em defesa do interesse do cliente Viação Meteoro Ltda. 
 
 
 
 
 
Caro aluno, vamos agora adentrar na redação de nossa última peça processual, 
que trata de providência judicial a ser tomada nas instâncias excepcionais. 
 
O duplo grau de jurisdição proporciona acesso à instância revisora em 2ª 
instância, por meio dos recursos que proporcionam a revisão da matéria fática e de 
direito. 
 
Contudo, no caso dos Tribunais superiores, abre-se a oportunidade para análise 
apenas de questões de direito, cujo objetivo é distinto das discussões tratadas em 
primeiro e segundo graus. 
 
O interesse do julgamento nos Tribunais Superiores vai muito além de decidir 
uma lide que envolve as partes. Na verdade,os recursos para os tribunais superiores 
tem por objetivo a harmonização da interpretação em relação à Constituição e 
Legislação Federal 
 
Quanto ao Recurso Especial, nesse sentido, VALLADÃO (2.016, pg. 117), “o papel 
do recurso especial é o de levar ao STJ temas relevantes de cunho jurídico e em torno 
de normas federais, cuja apreciação atingirá, apenas por consequência, as partes 
Fundamentando! 
 
 7 
envolvidas no litígio. Com efeito, trata-se de recurso que objetiva preservar a 
unidade e a autoridade do direito federal infraconstitucional, tendo em mira o 
interesse público que daí decorre.” (VALLADÃO, Luiz Fernando. Recursos e 
Procedimentos nos Tribunais no Novo Código de Processo Civil. Belo Horizonte: Del 
Rey, 2.016, pg. 117). 
 
No que tange ao Recurso Extraordinário, o mesmo autor (2.016, pg. 131) afirma 
que o recurso extraordinário “tem a finalidade de manter a autoridade e unidade do 
direito federal. Só que, no caso do recurso extraordinário, protege-se a unidade da 
Constituição Federal.” (VALLADÃO, Luiz Fernando. Recursos e Procedimentos nos 
Tribunais no Novo Código de Processo Civil. Belo Horizonte: Del Rey, 2.016,pg.131). 
 
 
Os Tribunais Superiores do país, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo 
Tribunal Federal exercem, respectivamente, os papéis de guardiões das leis federais e 
uniformização de jurisprudência e da Constituição Federal. 
 
 Cabe ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) harmonizar as interpretações sobre as 
leis federais, buscando uma unidade de interpretação e segurança jurídica aos 
jurisdicionados, seja quando analisa a negativa de vigência e contrariedade às leis 
federais, seja com relação à interpretação de situações fáticas entre tribunais da 
federação. 
 
Por outra senda, o Supremo Tribunal Federal (STF), através da apreciação do 
Recurso Extraordinário, resguarda decisões proferidas com ofensa direta à 
Constituição Federal. 
 
Hipóteses de cabimento dos recursos especial e extraordinário 
 
A Constituição Federal, em seu artigo 105, inciso III, trata das hipóteses de 
cabimento do recurso especial, a saber: 
 
 
 8 
Figura 1 | Hipóteses de cabimento do Recurso Especial 
 
Fonte: Elaborada pelo Autor. 
Inicialmente, é importante distinguir negativa de vigência de contrariedade à lei 
federal. 
 
Como aponta DIDIER JR., o termo contrariar teria uma abrangência maior que o 
de negativa de vigência. Para o referido autor, contrariar supõe“ toda e qualquer 
forma de ofensa ao texto legal, quer deixando de aplica-lo às hipóteses que a ele 
devem subsumir-se, quer aplicando-o de forma errônea, ou, ainda, interpretando-o 
de modo não adequado”. Com relação à negativa de vigência, seria a ausência de 
aplicação de um dispositivo legal adequado à situação, negada pelo juízo a quo. 
(DIDIER JR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil, vol. III,13ª edição. Salvador: 
Ed. Jus Podivm, 2016, pg. 343). 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A forma de demonstração será tratada adiante. 
 
Quanto à ofensa de lei federal por ato de governo local, deve haver 
demonstração de um contraste entre a norma do governo local e a lei federal. Como 
aduz DIDIER Jr. (2.016, pg. 346), esse ato administrativo, julgado válido pelo tribunal 
de origem, afronta a lei federal, momento em que o Superior Tribunal de Justiça é 
chamado a se manifestar a respeito. 
 
 Por fim, com relação à divergência entre decisões de tribunais distintos da 
federação, deve haver a demonstração de que, em um mesmo contexto fático ou 
jurídico, as interpretações dadas por tribunais distintos foram diferentes, pelo que o 
Superior Tribunal de Justiça tem o papel de definir qual é a melhor interpretação da lei 
federal. 
 Conforme preceitua o art. 1.030, parágrafo primeiro, do Código de Processo 
Civil, “quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a 
No caso, a palavra “lei federal”, disposta no texto constitucional, 
abrange: a) lei complementar federal b) lei ordinária federal c) lei 
delegada federal d) decreto-lei federal e) medida provisória federal f) 
decreto autônomo federal. 
Portanto, não cabe recurso especial contra dispositivos de regimento 
interno de tribunal, resoluções, instruções normativas, circular, decreto 
legislativo ou parecer normativo. (DIDIER, Fredie. Curso de Direito 
Processual Civil, vol. 3, 13ª ed. Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, pg. 345). 
PONTO DE ATENÇÃO 
 
 10 
prova da divergência com a certidão, cópia ou citação do repositório de 
jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver 
sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado 
disponível na rede mundial de computadores, com indicação da respectiva fonte, 
devendo-se, em qualquer caso, mencionar as circunstâncias que identifiquem ou 
assemelhem os casos confrontados.” (BRASIL, 2015). 
Portanto, não basta a transcrição da ementa. Deve-se primeiro descrever, 
utilizando trechos dos relatórios do acórdão recorrido e do acórdão utilizado como 
paradigma, para demonstrar a semelhança do contexto fático dos acórdãos. Outra 
questão importante: O julgado deve ser recente, e manifestar o entendimento 
atualizado do tribunal. Se for juntado julgado antigo e superado, o recurso pode não 
ser conhecido. 
Quanto à questão do dissídio jurisprudencial, é interessante abordar também se 
há necessidade de se invocar a ofensa a dispositivo legal, e utilizar o dissídio 
relacionado à alegação de ofensa ao artigo de lei federal. Conforme DIDIER JR (op cit, 
pg. 349), o dissídio jurisprudencial pode ser analisado isoladamente, 
independentemente de alegação de ofensa a dispositivo legal ou em caso de não 
conhecimento do recurso por ofensa ou negativa de vigência ao dispositivo legal, pois, 
do contrário, seria esvaziado o conteúdo do comando constitucional previsto na alínea 
c. 
A seguir,deve-se destacar os trechos dos acórdãos, demonstrando a interpretação 
divergente dos Tribunais da Federação. Após essa demonstração, você deve 
argumentar no sentido de que prevaleça o disposto no acórdão paradigma, do outro 
tribunal, para que o Superior Tribunal de Justiça decida qual deve prevalecer. 
Com relação ao Recurso Extraordinário, o art. 102, inciso III, da Constituição 
Federal destaca as hipóteses de cabimento do Recurso Extraordinário, a saber: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
Figura 2 | Hipóteses de cabimento do Recurso Extraordinário 
 
Fonte: Elaborada pelo Autor. 
Quanto à contrariedade de dispositivo da constituição, deve esta ser direta, ou 
seja, deve violar literalmente o dispositivo constitucional, de forma direta e frontal, 
não cabendo, na hipótese, a legação de contrariedade de forma reflexa. Ou seja: não 
basta alegar ofensa ao princípio da legalidade, citando norma infraconstitucional como 
violada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nesse sentido, o STF dispõe na súmula 636, do Supremo Tribunal 
Federal: “Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao 
princípio constitucional da legalidade, quando a sua verificação 
pressuponha rever a interpretação dada a normas 
infraconstitucionais pela decisão recorrida.” 
PONTO DE ATENÇÃO 
 
 12 
A novidade introduzida pelo CPC de 2.015, consagrando os princípios da 
cooperação e primazia de decisão de mérito, consiste na possibilidade do Relator do 
recurso, entendo haver questão infraconstitucional, poder converter o Recurso 
Extraordinário em Recurso Especial, a teor do art. 1.030, do Código de Processo Civil. 
 
A segunda hipótese trata do controle de constitucionalidade difuso. Se uma 
decisão de tribunal superior considerar inconstitucional uma lei ou tratado ou tratado 
de lei federal, pode o Supremo Tribunal Federal ser instado a apreciar a 
inconstitucionalidade apontada naquele caso concreto, através da interposição do 
Recurso Extraordinário. 
 
A terceira hipótese trata dadecisão recorrida ter considerado válido ato de 
governo local, contestado em face da constituição. Essa hipótese é semelhante ao que 
dissemos a respeito do recurso especial, mas o ato administrativo local considerado 
válido ofende a constituição federal, o que desafia recurso extraordinário para análise 
do Supremo Tribunal Federal. 
 
Por fim, a última hipótese abrange a validade da lei local, considerada na decisão 
recorrida, que ofenda dispositivos da lei federal. 
 
 FORMA DOS RECURSOS ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO 
 
 Prazo de Interposição 
 
Consoante dispõe o art. 1.003, parágrafo 5, do Código de Processo Civil de 2.015, 
os Recursos Especial e Extraordinário devem ser interpostos no prazo de 15 (quinze) 
dias, contados da decisão que se busca questionar com o recurso. 
 
Deve-se também registrar o recesso no Tribunal, conforme o disposto na lei 
complementar 5.010/1966, Lei Complementar de Organização da Justiça Federal, que 
prevê recesso entre os dias 20 de dezembro a 6 de janeiro, bem como o disposto na 
 
 13 
Resolução n. 8, do conselho Nacional de Justiça (disponível em: Resolução 8/2005 CNJ), 
também utilizado nos Tribunais Regionais Estaduais por força de Resoluções, que são 
editadas anualmente.Local de interposição e direcionamento dos Recursos Especial e Extraordinário 
 
Conforme dispõe o art. 1.029, do Código de Processo Civil, o Recurso Especial e 
o Extraordinário deverão ser interpostos perante o presidente ou vice-presidente do 
tribunal recorrido. Caso a parte opte por interpor ambos os recursos, devem esses ser 
apresentados por peças distintas. Portanto, no momento de elaborar a peça 
processual, deve ser verificado o Regimento Interno do Tribunal de Justiça responsável 
pela decisão, no sentido de aferir a quem deve ser dirigido o Recurso. 
 
No caso do Tribunal de Justiça de São Paulo, vide o regimento interno do 
Tribunal de Justiça, no link a seguir: Regimento Interno do TJSP. 
 
Portanto, a peça de interposição deve ser dirigida ao Presidente ou Vice 
Presidente do Tribunal, conforme o regimento interno. 
 
 Peça de interposição. 
 
A peça de interposição deve conter o nome das partes, a espécie recursal 
anteriormente interposta, o número do recurso, a comunicação da interposição do 
recurso, a hipótese prevista em lei adotada, o requerimento de juntada do 
comprovante de pagamento das custas processuais, data, assinatura do advogado e 
OAB. 
 
 
 
 
http://www.cnj.jus.br/images/stories/docs_cnj/resolucao/rescnj_08.pdf
https://esaj.tjsp.jus.br/gcnPtl/downloadNormasVisualizar.do?cdSecaodownloadEdit=10&cdArquivodownEdit=115
 
 14 
 Preparo dos Recursos 
 
Os Recursos Extraordinário e Especial estão sujeitos a preparo, conforme o disposto 
no art. 1.007, do Código de Processo Civil. Nesse ponto, deve a parte atentar para a 
possibilidade de existência de duas guias de preparo: a paga no Tribunal de Justiça local 
(correspondente, normalmente, ao juízo de admissibilidade) e aquela relativa ao 
Superior Tribunal de Justiça, através de GRU (Guia de Recolhimento da União), que 
pode ser obtida no site www.stj.jus.br). A exigência de preparo quanto ao Recurso 
Especial encontra-se disposta no art. 7, da lei 11.636/2007 e regulamentada por 
resolução interna. No caso do Supremo Tribunal Federal,as custas decorrem da 
resolução nº 491/2012. 
 
Deve-se também atentar para a necessidade ou não do pagamento do porte de 
retorno. Quando os autos forem físicos, ou seja, não sejam remetidos pelo Tribunal de 
Origem na forma eletrônica, deverá ser pago o porte de retorno. Outra questão 
interessante, diz respeito aos casos de litisconsórcio. Se houver vários Autores em 
litisconsórcio e o recurso for interposto em nome de todos,deve-se pagar custas em 
relação a apenas um recurso. Se houver mais recursos distintos, cada um deverá ser 
acompanhado do preparo. 
 
O recolhimento do preparo deve ser mencionado na petição de interposição do 
recurso. 
 
Cumpre chamar a atenção que, priorizando o exame do mérito, o Código de Processo 
Civil de 2.015 assegura, caso haja um equívoco na realização do preparo quanto ao 
valor ou preenchimento da guia, que a parte possa regularizar o vício, sob pena de 
negativa de seguimento do recurso. 
 
No caso da parte apresentar o recurso sem o recolhimento do preparo, com o mesmo 
propósito, o Código de Processo Civil de 2015 oportuniza a regularização, com o 
pagamento em dobro das taxas recursais pertinentes, sob pena de não conhecimento. 
 
http://www.stj.jus.br)/
 
 15 
 Conteúdo dos Recursos 
 
O art. 1.029, do Código de Processo Civil de 2.015, aduz que os recursos especial e/ou 
extraordinário deve (m) conter: 
 
Figura 3 | Conteúdos dos Recursos Especial e Extraordinário 
 
Fonte: Elaborada pelo Autor. 
Na exposição do fato e do direito, vocês deverão apresentar um breve histórico 
de ocorrências do processo, relacionando as decisões e situações relevantes para o 
objeto do recurso a ser apresentado. As decisões devem ser expostas, indicando quais 
providências foram tomadas. Nessa exposição dos fatos, deve-se identificar o direito 
tido como violado, em cumprimento ao pressuposto específico de Matéria Jurídica de 
Direito, que será detalhada abaixo. Deve-se também identificar se qual(is) a(s) 
hipótese(s) de cabimento do recurso a parte pretende demonstrar nos autos. 
 
No tópico de cabimento do recurso, devem ser demonstrados, tópico por tópico, 
o preenchimento dos pressupostos específicos do recurso pertinente, tal como 
falaremos nos tópicos de pressupostos específicos de interposição do Recurso. 
 
 
 16 
Nas razões para o pedido de reforma da decisão devem ser apresentadas as 
argumentações no sentido de demonstrar o dispositivo legal, com a sua correta 
interpretação doutrinária e jurisprudencial, dando-se preferência a decisões já 
proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça quanto à matéria. Em seguida, deverá 
haver demonstração (com reprodução de trechos da decisão), que o Tribunal de Justiça 
deu ao dispositivo legal interpretação diversa, ou negou a sua aplicabilidade no caso 
concreto. Devem ser respeitados os cuidados que serão relatados no tópico de 
pressupostos específicos 
 
Por fim, deve haver a realização dos pedidos e requerimentos. 
 
O requerimento a ser apresentado na peça de Recurso Extraordinário consiste 
em intimar o Recorrido para, se quiser, apresentar contrarrazões no prazo legal. 
 
O pedido de reforma da decisão consiste em requerer o provimento do recurso, 
para reconhecer a violação ou negativa de vigência ao dispositivo de lei federal ou o 
constitucional, conforme for o caso, para reformar ou cassar a decisão, buscando o 
resultado almejado pelo seu cliente. 
 
Pode também haver pedido de efeito suspensivo do Recurso e, até mesmo, de 
antecipação da tutela recursal, conforme admitem alguns autores. 
 
 
 Pressupostos específicos de admissibilidade do Recurso Especial 
 
 Além das hipóteses de cabimento, por se tratar de recurso com restrições de 
conhecimento e para propósitos específicos, quais sejam, o de resguardar a lei federal, 
interpretação e a Constituição Federal. Vamos agora tratar dos pressupostos 
específicos de admissibilidade do Recurso Especial. 
 
 
 17 
Figura 4 | Pressupostos Específicos do Recurso Especial 
 
Fonte: Elaborada pelo Autor. 
Quanto à matéria jurídica de direito, o Recurso Especial se presta a discutir 
apenas questões de direito, ou seja, se houve negativa de vigência do dispositivo legal 
ou interpretação equivocada de seu conteúdo. O Recurso Especial não se presta a 
rediscutir questões fáticas ou de provas apresentadas no processo, bem como de 
interpretação de cláusulas contratuais. Tais preceitos decorrem do disposto nas 
súmulas 5 e 7, do Superior Tribunal de Justiça. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Súmula 5 STJ: “A simples interpretação contratual não enseja recurso 
especial.” 
Súmula 7 STJ: “A pretensão de simples reexame de prova não enseja 
recurso especial.” 
PONTO DE ATENÇÃO 
 
 18 
Contudo, DIDIER JR. chama a atenção para a possibilidade de interpor Recursos para 
discutir a aplicação do direito probatório. Como exemplo, em um caso em que há prova 
nos autos e o Tribunal afirma que, não obstante a prova estar juntada aos autos, o 
tribunal retira o valor da prova para condenar a parte ao pagamento. Neste caso, seria 
possível analisar a questão de direito quanto à validade da prova. O mesmo autor 
chama a atenção para o fato de que o Superior Tribunal de Justiça, nas súmulas 247 e 
299, analisou exatamente o valor probante, e não as cláusulas dos contratos ou da 
prova relacionada ao título de crédito. (DIDIER JR., Freddie. Curso de Direito Processual 
Civil. Vol. 3 13ª edição. Salvador: Ed. Juspodivm, pgs. 308 e 309). 
 
 
Na redação da peça processual, não basta apenas citar o dispositivo violado. 
Deve haver a exposição de demonstração da negativa de vigência ou contrariedade de 
interpretação, confrontando com o entendimento do Tribunal prolator do acórdão, 
indicando qual deve ser considerada como correta pelo Superior Tribunal de Justiça. 
Cumpre salientar também que não cabe alegação de violação de súmula do Superior 
Tribunal de Justiça. As súmulas representam a consolidaçãoda jurisprudência a 
respeito de um tema. Portanto, se você pretende questionar a matéria tratada da 
súmula, recomenda-se que você verifique os acórdãos que deram origem à súmula 
para fazer a alegação de ofensa ou negativa de vigência ao dispositivo! 
 
O prequestionamento consiste na necessidade de que o Tribunal responsável pelo 
julgamento tenha se manifestado em relação ao dispositivo legal cuja violação é 
apontada pela parte. O Superior Tribunal de Justiça não pode se manifestar sobre a 
ofensa de dispositivo ao qual o Tribunal local não teve a oportunidade de se 
manifestar a respeito. 
 
 
 
 
 
 
Súmula 211 STJ: “Inadmissível o recurso especial quanto à questão que, 
a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada 
pelo tribunal a quo”. 
 
PONTO DE ATENÇÃO 
 
 19 
Nesse ínterim, o Código de Processo Civil, buscando a primazia do mérito e 
evitando o que os autores chamam de “jurisprudência defensiva dos Tribunais 
Superiores”, inseriu a possibilidade de admissibilidade do prequestionamento 
implícito. Considerando o disposto no art. 1.025, do Código de Processo Civil, caso a 
parte interponha o recurso de Embargos Declaratórios com o objetivo de 
prequestionar os artigos violados pelo acórdão e o Tribunal negue se manifestar, será 
considerado como prequestionados os dispositivos legais. Isso evita que haja a 
necessidade de alegação de violação dos dispositivos sobre a omissão nos Embargos 
Declaratórios para posterior análise do mérito recursal, como ocorrida no Código de 
Processo Civil. Portanto, possivelmente, haverá revisão da súmula 211, para adequá-
la ao disposto no art. 1.025, do CPC. 
 
É importante, na peça processual, que seja inserido um tópico de comprovação 
da ocorrência do prequestionamento, indicando, se for o caso, trecho ou parte do 
acórdão em que foi falado a respeito do dispositivo a que se busca demonstrar a 
violação ou contrariedade. 
 
Por fim, o esgotamento das instâncias ordinárias é um pressuposto específico. 
Portanto, só cabe Recurso Especial, caso todos os recursos possíveis tenham sido 
interpostos. 
 
 Pressupostos específicos de admissibilidade do Recurso Extraordinário 
 
O Recurso Extraordinário possui também os seus pressupostos específicos, a 
saber: 
 
 
 
 
 
 
 
 20 
Figura 5 | Pressupostos Específicos do Recurso Extraordinário 
 
Fonte: Elaborada pelo Autor. 
Quanto à alegação de matéria jurídica, nos reportamos ao alegado quanto ao 
Recurso Especial. Nesse sentido, a súmula 279, do Supremo Tribunal Federal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Súmula 279- Para simples reexame de prova não cabe recurso 
extraordinário. 
Súmula 454- Simples interpretação de cláusulas contratuais não dá 
lugar a recurso extraordinário. 
PONTO DE ATENÇÃO 
 
 21 
Na peça processual, deve ser demonstrada a questão de direito que violou a 
Constituição Federal de forma frontal. 
 
 A peça deve destacar o dispositivo legal violado, bem como do confronto entre 
a decisão que violou o artigo da Constituição Federal. Atenção! Não basta indicar o 
dispositivo constitucional, a parte deve transcrever a parte da decisão, bem como 
demonstrar com argumentos jurídicos que a Constituição Federal foi violada! 
 
 O requisito exclusivo do Recurso Extraordinário é a Repercussão Geral. O 
requisito da Repercussão Geral, inserido na Constituição Federal no art. 102, parágrafo 
3, do art. 102, da Constituição Federal e no Código de Processo Civil, no art. 1.035, 
parágrafo 2, diz respeito a uma prévia análise por parte do Tribunal se a questão 
tratada no recurso extraordinário possui relevância à coletividade, ou seja, que a 
Repercussão do caso supere o mero interesse individual das partes do litígio. Portanto, 
para tal demonstração, deve ser realizada à luz do parágrafo terceiro, do art. 1.035, do 
Código de Processo Civil de 2.015. 
 
O referido dispositivo aduz que considera ter ocorrido repercussão geral, quando o 
acórdão que é impugnado pelo Recurso contrarie súmula ou jurisprudência dominante 
do Supremo Tribunal Federal, ou quando o acórdão reconheça a existência de 
inconstitucionalidade de lei federal ou de tratado, por controle difuso de 
constitucionalidade. 
 
Portanto, somente quando reconhecidas essas situações que o Recurso poderá ser 
conhecido. 
 
O inciso II do mesmo dispositivo, que dizia respeito ao julgamento de casos 
repetitivos, foi revogado pela lei 13.256/2016. 
 
Interessante comentar que a análise da Repercussão Geral não pertence ao 
Presidente ou Vice-Presidente do Supremo Tribunal, mas sim do plenário. A tese de se 
 
 22 
reconhecer ou não a repercussão geral deve ser analisada pelo Plenário, e possui um 
quórum de 2/3 para considerar que não é caso de repercussão geral. 
 
Assim, como observou DIDIER JR. (2.016, pg. 363), a tendência maior é 
considerar a repercussão geral, dado o quórum qualificado para negá-la. (DIDIER JR., 
Fredie. Curso de Direito Processual Civil, vol. 3. 13 ed. Salvador: Ed. JusPodivm, pg. 
363). 
 Portanto, na peça processual de Recurso Extraordinário, deve ser inserido um 
tópico específico que comprova o preenchimento do requisito de repercussão geral. 
 Por fim, o esgotamento das instâncias ordinárias também é um requisito do 
Recurso Extraordinário. Se houver a previsão de outro recurso cabível (à exceção dos 
Embargos Declaratórios), o Recurso Extraordinário não pode ser interposto, sob pena 
de inadmissão. Essa é a disposição da súmula 281, do Supremo Tribunal Federal: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assim, é interessante, antes de adentrar o mérito do recurso, inserir um tópico de 
esgotamento das instâncias ordinárias, como forma de preenchimento do requisito. 
Com relação ao prequestionamento, valem também as mesmas lições trazidas 
para o Recurso Especial. Vale destacar que a suscitação de ofensa à Constituição deve 
ter sido ventilada durante o processo até a fase recursal. 
Súmula 281 – “É inadmissível recurso extraordinário, quando couber, 
na justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada. 
 
PONTO DE ATENÇÃO 
 
 23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vale também para o Recurso Extraordinário o disposto no art. 1.025, do Código 
de Processo Civil de 2.015, no sentido de que, se a parte buscar prequestionar a 
matéria em sede de Embargos de Declaração e o Tribunal rejeitá-lo, considera-se como 
realizado o prequestionamento implícito. Possivelmente, a Súmula 356, do Supremo 
Tribunal Federal. 
 
 Interposição “simultânea” de recursos especial e extraordinário e a fungibilidade 
trazida pelo CPC de 2.015. 
 
Questão interessante de ordem prática, consiste em ponderar a situação em que 
são cabíveis os dois recursos excepcionais dispostos na Constituição. As indagações 
seriam se os recursos devem ser protocolizados simultaneamente, ou seja, na mesma 
data, e se haverá a necessidade de interposição do recurso extraordinário se o 
fundamento constitucional utilizado não for autônomo. 
 
Quanto à primeira indagação, DIDIER JR. (2.016, pg. 337) argumenta que, 
embora o art. 1.031 mencione a interposição conjunta dos recursos, em momento 
algum exigiu o requisito de simultaneidade. Portanto, pode ser interposto um recurso 
no décimo dia e o outro no décimo quinto dia, por exemplo. ((DIDIER JR., Fredie. Curso 
de Direito Processual Civil, vol. 3 13ª ed. Salvador: Ed. JusPodivm, pg. 337). 
 
Súmula 356 STF- “Ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram 
opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso 
extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento.” 
PONTO DE ATENÇÃO 
 
 24 
Em relação à segunda indagação, o mesmo autor afirma que, se o fundamento 
constitucional não for autônomo, bastaria a interposição do Recurso Especial (ob. cit, 
pg. 335). Contudo, se os fundamentos constitucional e de lei federal forem autônomos, 
ou seja, de motivo distinto, devem ser interpostos ambos os recursos, sob pena da 
incidência das súmulas 126 do STJ e 283, do STF.No que tange a esse assunto, o Código de Processo Civil de 2.015, nos artigos 
1.032 e 1.033 flexibilizou tal regra, ao proporcionar a hipótese de que a matéria de 
fundo constitucional em recurso especial ou a de infringência de lei federal em recurso 
extraordinário possam ser conhecidas ao assunto da fungibilidade dos recursos, o 
Código de Processo Civil de 2.015. 
 
Assim, se o relator do Superior Tribunal de Justiça entender pela presença de 
questão constitucional, deve conceder prazo de 15 (quinze) dias, para que o recorrente 
demonstre a repercussão geral, que é pressuposto específico para o Recurso 
Extraordinário, como já estudamos anteriormente. 
Súmula 126 STJ- “É inadmissível recurso especial, quando o acórdão 
recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, 
qualquer deles suficiente, por si só, de mantê-lo, e a parte vencida não 
manifesta recurso extraordinário.” 
Súmula 283 STF: - “É inadmissível o recurso extraordinário, quando a 
decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o 
recurso não abrange qualquer deles”. 
 
PONTO DE ATENÇÃO 
 
 25 
 
Por outro lado, se houver fundamento de ofensa a lei federal mencionado em 
Recurso Extraordinário, pelo fato da ofensa à Constituição ter sido reflexa (indireta), o 
Relator do Recurso determinará a sua remessa ao Superior Tribunal de Justiça, para 
que o Recurso seja julgado como Recurso Especial. 
 
Nesse ponto, o objetivo da modificação é o de proporcionar a primazia da 
decisão de mérito, sem impedir a prestação jurisdicional por questões formais, sendo, 
pois, digna de aplausos. 
 
 Flexibilização – Possibilidade de correção ou desconsideração de defeitos e 
vícios – Primazia do mérito. 
 
 Outro ponto digno de aplausos, introduzido pelo Código de Processo Civil de 
2.015, no art. 1.029, parágrafo 3, diz respeito à possibilidade de se desconsiderar 
vícios formais do recurso, desde que estes sejam tempestivos e que os vícios não 
sejam graves. 
 
 A doutrina aponta que alguns vícios insanáveis não poderiam ser objeto de 
correção, tais como prequestionamento, ilegitimidade recursal, por exemplo. Por 
outro lado, seriam passíveis de correção a correção do pagamento de custas, a 
representação processual, assinatura de advogado no recurso, entre outros. 
 
 EFEITOS DO RECURSO ESPECIAL 
 
A teor do art. 995, do Código de Processo Civil de 2.015, os Recursos especiais 
possuem, em regra, apenas o efeito devolutivo, qual seja, o de submeter às instâncias 
Extraordinárias a análise dos pressupostos e das hipóteses já estudadas alhures. 
 
Contudo, o Código de Processo Civil de 2.015 acrescentou a possibilidade de 
pedido de concessão de efeito suspensivo, nos moldes do art. 1.029, parágrafo 5, 
 
 26 
desde que previstos os requisitos dispostos no art. 995, do mesmo diploma legal, a 
saber: dano grave de difícil reparação e probabilidade de provimento do recurso. 
(VALLADÃO, Luiz Fernando. Recursos e Procedimentos nos Tribunais no Novo Código 
de Processo Civil. Belo Horizonte: Del Rey, 2.016, pg. 127). 
 
O mesmo autor defende ainda a existência do efeito translativo, a teor do art. 
485, parágrafo 3, do Código de Processo Civil de 2.015, aduzindo poder o Relator 
conhecer de ofício matérias dispostas nos incisos IV, V, VI e IX, enquanto não ocorrer 
o trânsito em julgado. Portanto, matérias envolvendo a legitimidade das partes e 
interesse processual, litispendência, perempção, coisa julgada e intransmissibilidade 
do direito no caso de morte da parte, tais questões podem ser conhecidas de ofício. 
 
Por fim, pode-se também requerer a antecipação de tutela recursal, em casos 
específicos e excepcionais. A propósito, cita-se o precedente disposto no AgRG na MC 
21273, rel. Min. Gilsonn Dipp, j. 25/09/2013 e AgRg na MC 10.553/RJ, rel. Min. Teori 
Albino Zavascki, j. 3/11/2005. No Supremo Tribunal, vide AC 1550/RO, rel. Min. Gilmar 
Mendes, j. 6/2/2007 e AC 3298, AGR/PB, rel. Min. Teori Zavascki, j. em 24/04/2013. 
 
 DAS MATÉRIAS TRATADAS NO RECURSO. 
 
Resolvidas as questões processuais, adentraremos agora nas questões do 
mérito recursal. A primeira decisão a ser tomada, consiste se será necessário, no caso, 
a interposição do Recurso Extraordinário, Recurso Especial ou de ambos. 
 
Definido o cabimento dos recursos, a primeira verificação consiste em verificar 
quais as questões o seu cliente foi sucumbente, que dizem respeito apenas à matéria 
de direito? As questões envolvendo as provas, bem como da necessidade de análise 
dos fatos, já não podem mais ser apreciadas na instância extraordinária, como exposto 
acima. 
 
 
 27 
O Recurso Especial deve tratar de questões de direito, ventiladas no acórdão a 
que se busca recorrer. Nesse norte, deve-se localizar em quais matérias de direito 
foram tratadas na apelação e que restaram sucumbentes. 
 
No seu caso, as questões em que a Viação Meteoro Restou sucumbente dizem 
respeito aos 20% da culpa concorrente, que resultou no pagamento desse percentual 
nos danos sofridos pela Autora/Recorrida, da questão quanto à sucumbência mínima 
da Viação Meteoro na demanda, o que poderia indicar a sucumbência total no caso 
em exame quanto aos honorários e custas processuais, da questão do acréscimo de 
honorários pela fase recursal, bem como a questão envolvendo a compensação de 
honorários. 
 
Importante observar, também, se pode haver o questionamento quanto à 
distribuição da condenação de custas processuais e honorários advocatícios está 
condizente com o resultado da demanda. É necessário considerar ainda a questão da 
possibilidade ou não da compensação dos honorários advocatícios de sucumbência, 
questões essas que podem ser verificadas nos arts. 82 e seguintes, do Código de 
Processo Civil. Deve ser analisado se há necessidade de reanálise de matéria 
probatória para verificar a distribuição da sucumbência. 
 
 
Por fim, uma questão afirmada e não considerada no julgado, diz respeito à 
possibilidade de acréscimo de verba sucumbencial, a teor do art. 85, parágrafo 11, do 
Código de Processo Civil, pelo trabalho desempenhado no recurso, bem como a 
questão de compensação dos honorários, disposta no parágrafo 14, do art. 85 do 
CPC/2015, situação essa que foi alegada nos Embargos de Declaração, mas não foi 
acolhida pelo juízo. Atenção! É sempre importante verificar se a situação envolve 
reanálise de prova! 
 
 
 
 
 
 28 
 
 
João Carlos interpôs Recurso Especial perante o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, 
alegando ofensa ao artigo 9, do Código de Processo Civil, no que tange à ausência de 
abertura de vista para manifestação sobre um documento novo juntado no processo, 
que influenciou no julgamento da demanda, bem como de ofensa ao princípio da 
ampla defesa, ao fundamento de que a ausência de oportunidade de manifestação nos 
autos ofendeu o disposto na Constituição Federal. 
 
Neste caso, recebido o Recurso Especial, o Relator: 
 
A) Deve negar seguimento ao Recurso Especial, pois não foi interposto Recurso 
Extraordinário a respeito do tema. 
B) Deve receber o Recurso Especial e ignorar a alegação Constitucional. 
C) Deve receber o Recurso Especial e, considerando que a alegação de violação ao 
princípio da ampla defesa e da lei federal tem um mesmo fundamento, deve dar 
seguimento ao Recurso Especial sem a necessidade de julgamento deste como 
recurso extraordinário. 
D) Deve receber o Recurso Especial e, considerando que a alegação de violação ao 
princípio da ampla defesa e da lei federal tem um mesmo fundamento, abrir 
vista ao recorrente para apontar a repercussão geral do caso, para processá-lo 
como recurso extraordinário. 
E) Deve negar seguimento ao Recurso Especial, pois era cabível o Recurso 
Extraordinário. 
 
RESPOSTA CORRETA: Letra C, tendo em vista o disposto no art. 1.032, parágrafo único, 
do CPC. Contudo, como a questão ventilada foi apenas uma decorrência do 
fundamento da lei federal, não haverá necessidade de interposição do Recurso 
Extraordinário.A letra a está incorreta, tendo em vista o disposto no art. 1.032, parágrafo único. 
A letra b está incorreta, pois o Relator não pode ignorar a alegação constitucional, em 
face do mesmo dispositivo legal. 
Primeira Fase! 
 
 29 
A letra d está incorreta pois havia questão de lei federal em discussão, motivo pelo 
qual não há que se falar em negativa de seguimento do Recurso Especial. 
 
2- “o fato de a questão da legitimidade passiva não ter sido alvo de 
prequestionamento não impede que esta Corte Superior trate do ponto. “(AgRg no 
REsp 900449/RJ, Min. Mauro Campbell Marques, j. 23/06/2009). 
 
Sobre o julgado acima, podemos dizer que esta diz respeito ao: 
 
A) Efeito suspensivo do Recurso Especial. 
B) Efeito translativo do Recurso Especial. 
C) Efeito devolutivo do Recurso Especial. 
D) Antecipação de tutela no Recurso Especial. 
E) Supressão de instância no Recurso Especial. 
RESPOSTA CORRETA: Letra b, efeito translativo do Recurso Especial, tendo em vista 
que o Tribunal poderá, de ofício, suscitar questões que poderia fazer até o trânsito em 
julgado, a teor do art. 485, parágrafo 3, do Código de Processo Civil de 2.015. 
A alternativa A está incorreta, tendo em vista que o enunciado diz respeito a uma 
situação conhecida pelo Tribunal de ofício, que nada tem a ver com o efeito 
suspensivo. 
 
Por outro lado, a alternativa C está incorreta, notadamente porquê o efeito devolutivo 
está presente em todos os recursos, e o enunciado não está de acordo com esse efeito. 
 
A alternativa D está incorreta, pois a antecipação de tutela é um provimento recursal, 
e não um efeito do recurso. 
 
A alternativa E também está incorreta, tendo em vista que o efeito translativo não 
significa supressão de instância, mas sim uma possibilidade de apreciação de ofício de 
matérias que poderiam ser dirimidas pelo juízo a qualquer momento e grau de 
jurisdição. 
 
 
 30 
 
 
 
Prezados alunos, vamos agora pensar sobre a peça processual! 
 
Após a leitura da situação problema narrada, na parte que o seu cliente Viação 
Meteoro restou sucumbente, os dispositivos cuja violação foi alegada eram de lei 
federal ou constitucional? Qual será o recurso cabível? O recurso deve ser endereçado 
para qual juízo? Qual é a composição do Recurso? 
 
A seguir, você deve realizar uma narrativa do trâmite processual, destacando a decisão 
que se deseja recorrer e quais matérias serão objeto do recurso. Não se esqueça de 
que só são admitidas matérias de direito! 
Outra questão consiste em identificar qual hipótese de cabimento do recurso você 
utilizará? Deve-se também verificar: os pressupostos recursais específicos do recurso 
foram preenchidos? Em caso afirmativo, é importante lançar tópicos demonstrando o 
seu preenchimento, verificar o preenchimento dos pressupostos recursais e 
apresentar. 
Na parte das razões para a reforma da decisão, deixe claro o dispositivo, a sua 
interpretação e a demonstração, de preferência, com trechos, para indicar qual 
dispositivo foi violado, ok? 
Por fim, não deixe de fazer o requerimento e os pedidos, verificando se é o caso de 
requerimento de efeito suspensivo. Lembre-se de inserir advogado e número de OAB, 
mas, no Exame de Ordem, você não pode se identificar, ok? 
 
Vamos peticionar!

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