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Resposta a acusação-exercício

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(OAB 2010-2) A Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul recebe notícia crime identificada, imputando a Maria Campos a pratica de crime, eis que mandaria crianças brasileiras para o estrangeiro com documentos falsos. Diante da notícia crime, a autoridade policial instaura inquérito policial e, como primeira providência, representa pela decretação da interceptação das comunicações telefônicas de Maria Campos, “dada a gravidade dos fatos noticiados e a notória dificuldade de apurar crime de tráfico de menores para o exterior por outros meios, pois o modus operandi envolve sempre atos ocultos e exige estrutura organizacional sofisticada, o que indica a existência de uma organização criminosa integrada pela investigada Maria”.
 O Ministério Público opina favoravelmente e o juiz defere a medida, limitando-se a adotar, como razão de decidir, “os fundamentos explicitados na representação policial” (artigo 5° da lei 9296/96).
 No curso do monitoramento, foram identificadas pessoas que contratavam os serviços de Maria Campos para providenciar expedição de passaporte para viabilizar viagens de crianças para o exterior. Foi gravada conversa telefônica de Maria com um funcionário do setor de passaportes da Polícia Federal, Antônio Lopes, em que Maria consultava Antônio sobre os passaportes que ela havia solicitado, se já estavam prontos, e se poderiam ser enviados a ela. A pedido da autoridade policial, o juiz deferiu a interceptação das linhas telefônicas utilizadas por Antônio Lopes, mas nenhum diálogo relevante foi interceptado. O juiz, também com prévia representação da autoridade policial e manifestação favorável do Ministério 
Público, deferiu a quebra de sigilo bancário e fiscal dos investigados, tendo sido identificado um depósito de dinheiro em espécie na conta de Antônio, efetuado naquele mesmo ano no valor de R$100.000,00. O monitoramento telefônico foi mantido pelo período de 15 dias, após o que foi deferida medida de busca e apreensão nos endereços de Maria e Antônio. A decisão foi proferida nos seguintes termos: “diante da gravidade dos fatos e da real possibilidade de serem encontrados objetos relevantes para a investigação, defiro requerimento de busca e apreensão nos endereços de Maria (Rua dos Casais, 213) e de Antônio (Rua Castro, 170, apartamento 201)”. No endereço de Maria Campos, foi encontrada apenas uma relação de nomes que, na visão da autoridade policial, seriam clientes que teriam requerido a expedição de passaportes com os nomes de crianças que teriam viajado para o exterior. 
No endereço indicado no mandado de Antônio Lopes, nada foi encontrado. Entretanto, os policiais que cumpriram a ordem judicial perceberam que o apartamento 202 do mesmo prédio também pertencia ao investigado, motivo pelo qual nele ingressaram, encontrando e apreendendo a quantia de cinquenta mil dólares em espécie. Nenhuma outra diligência foi realizada. Relatado o inquérito policial, os autos foram remetidos ao Ministério Público, que ofereceu a denúncia nos seguintes termos: “o Ministério Público vem oferecer denúncia contra Maria Campos e Antônio Lopes, pelos fatos a seguir descritos: Maria Campos, com o auxílio do agente da Polícia Federal Antônio Lopes, expediu diversos passaportes para crianças e adolescentes, sem observância das formalidades legais. Maria tinha finalidade de viabilizar saída dos menores do país. A partir da quantia de dinheiro apreendida na casa de Antônio Lopes, bem como o depósito identificado em sua conta bancária, evidente que ele recebia vantagem indevida para efetuar a liberação dos passaportes. Assim agindo, a denunciada Maria Campos está incursa nas penas do artigo 239, § único, da Lei 8.069/1990 (ECA), e nas penas do artigo 333, § único, c/c o artigo 69, ambos do Código Penal. Já o denunciado Antônio Lopes está incurso nas penas do artigo 239, § único, da Lei 8.069/1990 (ECA), e nas penas do artigo 317, §1º, c/c artigo 69, ambos do Código Penal”. O juiz da 15ª Vara Criminal de Porto Alegre/RS recebeu a denúncia, nos seguintes termos: “compulsando os autos, verifico que a prova indiciária suficiente da ocorrência dos fatos descritos na denúncia e do envolvimento dos denunciados. Há justa causa para a ação penal, pelo que recebo a denúncia. Citem-se os réus, na forma da lei”. Antônio foi citado pessoalmente em 27 de Outubro de 2010 (quarta-feira) e o respectivo mandado foi acostado aos autos dia 01 de Novembro de 2010 (segunda-feira). Antônio contratou você como advogado, repassando-lhe nome de pessoas (Carlos de Tal, residente na Rua 1, n. 10, nesta capital; João de Tal, residente na Rua 4, n. 310, nesta capital; Roberta de Tal, residente na Rua 4, n. 310, nesta capital) que prestariam relevantes informações para corroborar com sua versão. Nessa condição, redija a peça processual cabível desenvolvendo TODAS AS TESES DEFENSIVAS que podem ser extraídas do enunciado com indicação de respectivos dispositivos legais. Apresente a peça no último dia do prazo.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 15.º VARA CRIMINAL DA COMARCA DE PORTO ALEGRE-RS.
(espaço de 10 linhas)
	
Autos n°...
(espaço de 01 linha)
Antônio Lopes, já qualificado nos autos em epígrafe a folhas..., por intermédio de seu advogado que a esta subscreve, cujo instrumento de procuração segue anexo (documento 1), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, tempestivamente, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com fundamento legal nos artigos 396, caput e 396-A, ambos do Código de Processo Penal, aduzindo os seguintes argumentos de fato e de direito.
(Espaço de duas linhas)
I – DOS FATOS
(Espaço de uma linha)
Antônio Lopes está sendo acusado de participar de grupo criminoso que agi enviando, de forma não legal, crianças para o exterior, crime tipificado no artigo 239 do Código Penal. 
O Réu é funcionário do setor de passaportes da Polícia Federal. Trabalhando diretamente neste setor tem contato com pessoas que pretendem tirar documento de passaporte. Por vezes, o acusado disponibilizava seu número particular de telefone, para viabilizar contato com pessoas que o procurava na delegacia da Polícia Federal para tirar passaporte. A Senhora Maria Campos, era uma dessas pessoas que o procurava para acessar os serviços que o setor do acusado é responsável, porém não tem nenhuma relação pessoal com tal pessoa, a não ser a de servidor público com usuário do sistema. A senhora Maria Campos fazia contato por telefone, como tantos outros usuários, pois como citado acima, o réu disponibilizava o seu número de telefone, atitude que visava facilitar o repasse das informações aos usuários, ação que não encontra proibição, nem na lei que regula a conduta do funcionário federal, nem tão pouco é tipificada no código penal.
Apesar de Vossa Excelência, o senhor doutor juiz, ter deferido, com manifestação favorável do Ministério Público, data vênia, de forma proibida pelo Código de Processo Penal, medida de interceptação das linhas telefônicas do acusado e a quebra de sigilo bancário e fiscal do investigado, limitando-se como razão de decidir, aos fundamentos explicitados na representação policial, não foram encontrados nenhum diálogo relevante nas interceptações.
Mesmo não ter sido encontrado nenhuma conversa comprometedora que o ligasse a qualquer suposta ação criminosa, foi expedido contra o réu, mandado de busca e apreensão em seu endereço residencial, na Rua Castro, 170, apartamento 201, que como comprovado nos autos, não foi encontrado nada, pelos agentes de policia que executaram o mandado. Entretanto, outro imóvel, na rua Castro, 170, apartamento 202, pertencente ao réu, e que não constava no documento de mandado, foi invadido de maneira abusiva pelos mesmos policiais.
 A denúncia foi oferecida e posteriormente recebida por este Ilustre Juízo, que determinou a citação e a notificação do acusado para apresentação desta defesa escrita.
(Espaço de duas linhas)
II – DO DIREITO
(Espaço de uma linha)
A) PRELIMINARMENTEÀ medida que o crime imputado ao acusado tem relação de execução transnacional, a ação não poderia ter sido recebida pela justiça Estadual, sendo crime de competência da Justiça Federal, como prevê o artigo 109, inciso V da Constituição Federal, como transcrito a seguir:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
V- os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
 O artigo 5º da lei 9296 de 1996, determina à fundamentação da decisão do magistrado, que defere a interceptação da comunicação telefônica. No entanto, no caso citado da interceptação das comunicações telefônicas do réu, teve o deferimento de tal decisão, limitando-se a adotar, como razão, tão somente os fundamentos explicitados na representação policial, inclusive, não foi comprovada, sequer a imprescindível a medida. Desta maneira, sendo nula a decisão em pauta e os atos e resultados alcançados por ela, qual seja, o deferimento da interceptação da comunicação telefônica do acuda. 
Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova.
Pelo que foi narrado nos autos em epigrafe, não a acusação não pormenoriza a participação do acusado nos crimes a que ele foi imputado, ferindo o que define o artigo 41 do Código de Processo Penal. Sendo, portanto, inepta a inicial, não podendo ter sido recebida pelo magistrado. Com transcrição abaixo:
Art. 41.  A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. 
(Espaço de duas linhas)
B) DO MÉRITO
(Espaço de uma linha)
O fato é que o réu não tinha conhecimento da pratica dos crimes promovidos pelo grupo criminoso, que executavam os delitos oriundos deste processo. A única intenção, do acusado, era de desempenhar sua atividade profissional, que era no setor de passaporte da Policia Federal, tornando sua conduta atípica, descaracterizando o crime, que tem o dolo, sua razão de existir. Sendo, portanto, cabível a absolvição sumária, garantida pelo artigo 397 do Código de Processo Penal.
 Caso Vossa Excelência não acolha as preliminares arguidas, o que admitimos aqui apelas pelo dever de argumentar, requer-se a apreciação da matéria de mérito, aqui exposta.
(Espaço de uma linha)
					
C) SUBSIDIARIAMENTE
(Espaço de uma linha)
					Na remota hipótese de Vossa Excelência rejeitar o pedido formulado no mérito, pede-se o exame das seguintes questões subsidiárias.
Como não há razão que justifica a prisão preventiva do réu, segundo o artigo 321 do Código de Processo Penal, é razoável que o acusado responda o processo em liberdade.
(Espaço de duas linhas)
III – DO PEDIDO
(Espaço de uma linha)						
 Ante o exposto, é a presente resposta para requerer o quanto segue:
a) o reconhecimento da nulidade arguida, com fundamento legal no artigo 564, inciso I do Código de Processo penal e no artigo 5º da lei 9296 de 1996;
b) se este não for o entendimento de Vossa Excelência, requer-se a absolvição sumária do acusado, nos termos do artigo 397, inciso I do Código de Processo Penal;
c) caso Vossa Excelência entenda por bem não absolver sumariamente o acusado, protesta desde já pela produção de todas as provas em direito admitidas e pela inquirição de testemunhas, apresentadas no rol abaixo, em caráter de imprescindibilidade, que deverão ser oportunamente intimadas.
(Espaço de uma linha)
Termos em que,
Pedi deferimento.
(espaço de 01 linha)
Porto Alegre, 08 de novembro de 2010
(espaço de 01 linha)
Advogado...
Antônio Lopes
(espaço de 02 linhas)
ROL DE TESTEMUNHAS:
1. Carlos de Tal, residente na Rua 1, n. 10, Porto Alegre-RS;
2. João de Tal, residente na Rua 4, n. 310, Porto Alegre-RS;
3. Roberta de Tal, residente na Rua 4, n. 310, Porto Alegre-RS.

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