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Júlia Guedes Alves – ATM 2024 - FURG 1 ANAMNESE Interrogatório Sistema Respiratório ANATOMIA Árvore Traqueobronquial: Traqueia → Carina → Brônquio Principal D e E → Brônquios Lobares (D=3; E=2) → Brônquios segmentares (de acordo com a localização no lóbulo) → Brônquios terminais → Brônquios respiratórios* → Sacos alveolares* → Alvéolos* *Trocas respiratórias Obs.: O Brônquio D é vertical, mais curto e mais largo, o que facilita a entrada de objetos aspirados para esse pulmão. 1) Identificação Idade - Crianças: malformações congênitas (ex.: atresia de esôfago, fístulas), sarampo (viral), coqueluche (bacteriana), tuberculose primária, bronquiolite (6 aos 12 meses), fibrose cística, pneumonias (gram + ou gram – em RN), atelectasias, hemorragias pulmorares, síndrome da membrana hialina (++ prematuros)/síndrome da angústia respiratória do recém nascido - Adultos: pneumonias (gram - ), bronquite crônica, enfisema e Ca. brônquico (40 a 60 anos), tuberculose - Idosos: Pneumonia (mais grave e pode evoluir sem febre) Sexo ♀ Doenças pulmonares parenquimatosas (ou também chamada de intersticiais, resultam de Sintopia (sup→inf) D = B, A, V E = A, B, V Júlia Guedes Alves – ATM 2024 - FURG 2 PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS danos nas células que rodeiam os alvéolos) associada com lúpus e artrite reumatoide, sarcoidose (tumores), linfangioleiomiomatose (exclusiva e rara) ♂ Pneumoconiose (inalação de poeiras inorgânicas), DPOC, Ca. de pulmão, tuberculose, criptococose (micose sistêmica), paracoccidioidomicose (++ devido a exposição ocupacional e maior freq. Tabagismo) Cor da pele - Negros: tuberculose e sarcoidose - Brancos: colagenoses (ex.: lúpus) Procedência, profissão, ocupação Depende da nosologia prevalente da região. Ex.: regiões industriais = pneumoconiose; região rural = paracoccidioidomicose, histoplasmose; pedreiras, demolição contendo asbesto (amianto), garimpo (silicose); cabelereiros = fibrose intersticial pelo spray. Importante: saber os materiais com que o paciente lida, tipo de ambiente e se outros colegas tem sintomas. 2) Queixa principal (QP) Motivo da busca por atendimento. Pode ser até 3 queixas e o tempo de ocorrência. 3) História da doença atual (HDA) 4) História pregressa da doença atual (HPDA) 5) Antecedentes pessoais . “Doenças da infância” Infecções na infância e juventude como sarampo e coqueluche; Fibrose pulmonar; Antecedentes traumáticos (pneumotórax); Passado alérgico (renite alérgica, bronquite, asma); Diabetes (risco de tuberculose atípica localizada nas bases); Pneumonias de repetição podem ser por bronquioectasias ou corpo estranho radiotransparente (plástico) . Doenças preexistentes Quadros alérgicos associado com sintomas de asma favorece o diagnóstico para asma; Imunocomprometidos podem ter propensão a pneumonia e tuberculose; AIDS nas pneumonias de repetição. . Internação prévia Pacientes em longo período de internação estão mais sujeitos às pneumonias gram – (Ex.: E. Coli) Pacientes com assistência respiratória (mecânica ou inaloterapia), com cânula traqueal ou cateter venoso estão mais sujeitos à pneumonias por pseudômonas (gram - ) . Medicamentos - Amiodarona (antiarrítmico e vasodilatador): pneumonite intersticial crônica, pneumonia organizante e opacidade pulmonar solitária; - Inibidores da ECA (Captopril): tosse (++ seca); - β-bloqueadores não seletivos (Propanolol): broncoespasmo em quem tem DPOC e asma; - AINES: pneumonia de hipersensibilidade; - Metotrexato (tratamento do Ca. e doenças imunes): pneumonite; - Antibióticos: reação de hipersensibilidade. . Hábitos de vida Tabagismo: bronquite, asma, enfisema e Ca. brônquico Etilismo: pneumonia por Klebsiella Nebulização por hábito: bactérias pseudômonas aerobacter Heroína: superdose leva a edema pulmonar 6) Antecedentes familiares 7) Interrogatório sintomático Importante para esclarecer se é um problema primitivamente pulmonar ou se é o espelho de uma doença geral. Dor torácica Tosse Expetoração Hemoptise Vômica Dispneia Sibilância Rouquidão Cornagem DOR TORÁCICA → O que avaliar? LICIDEFF: Localização, intensidade, caráter da dor, irradiação, duração, evolução, fatores associados Fisiopatologia da dor torácica pulmonar: O parênquima pulmonar, as vias respiratórias e a pleura visceral não transmitem sensações dolorosas para o cérebro. Pele, tecido subcutâneo e muscular, aponeuroses e tendões liberam bradicinina, desencadeando a dor. Já as vísceras (serosa e vasos) têm receptores ligados ao SNA = dor referida (estimulo visceral, mas a dor é na superfície da pele). Pleura parietal = N. Frênico. → Causas e características Pleurite/pleurisias Dor aguda, intensa, em pontada, localizada em área pequena, aumenta com a tosse, não alivia Júlia Guedes Alves – ATM 2024 - FURG 3 com mudança de decúbito e pode ter febre e dispneia associada Pneumotórax espontâneo benigno Dor súbita, aguda e intensa, em punhaladas. Paciente jovem, sem queixas, sem febre. Pode ter dispneia. Pneumonias alveolares (bacterianas) Dor aguda, intensa, na região parietal (lateral), dor ventilatória dependente. Infarto pulmonar Dor aguda, intensa, que pode ser localizada na região cortical, parietal ou diafragmática, profunda e mal definida. Acompanha embolia (Trombose venosa profunda ou Trombose intracavitária). Virose respiratória Dor difusa (desconforto), localização retroesternal, aumenta com a tosse (que é seca) Laringotraqueíte Dor na laringe (sobre o esterno) Traqueobronquite aguda Dor na traqueia (sobre o esterno) Hipertensão da A. pulmonar Dor semelhante à dor cardíaca, associada com cansaço progressivo e dispneia *Lembrar: A. pulmonar = sg venoso, baixa pressão. O sg não consegue fluir bem pelos pulmões e se acumula, sobrecarregando o coração D que tem de fazer cada vez mais força para impulsioná-lo adiante. Esofagite Dor em queimação, retroesternal, piora ao deitar Tromboembolismo pulmonar (TEP) Dor aguda e súbita, dispneia súbita, taquicardia, taquipneia, sibilos, tosse, febre, hemoptise, edema unilateral de MMII Diagnóstico Diferencial TOSSE “Uma expiração explosiva e acompanhada de um som característico que fornece um mecanismo normal de proteção para a limpeza da árvore traqueobrônquica de suas secreções e corpos estranhos. Trata-se de um fenômeno reflexo ainda que possa ser desencadeada pela vontade” (slide) É uma inspiração rápida e profunda, seguida do fechamento da glote, contração dos músculos expiratórios (++ diafragma), terminando com uma expiração forçada após a abertura súbita da glote. Fisiopatologia da tosse – Fases: 1. Fase nervosa Receptores e estímulos Inicia com a estimulação dos receptores da tosse (epitélio das VAS e inferiores, pericárdio, esôfago, diafragma, estômago, ouvido). As extremidades dos nervos sensoriais são os receptores mais citados na literatura: receptores de adaptação rápida (RARs), ou clônicos, fibras não mielinizadas do tipo C e ainda os receptores sensoriais de adaptação lenta (SARs), ou tônicos e fibras mielinizadas de adaptação rápida A. As fibras-C são as principais responsáveis pela indução do reflexo da tosse por estímulos químicos. O reflexo é iniciado pela ativação de canais iônicos nociceptivos ao longo desta fibras: receptor de potencial transitório do tipo vanilóide 1 (TRPV1) e receptor de potencial transitório do tipo anquirina (TRPA1). São estimulados por compostos vanilóides, mtb do ac. Araquidônico, pH baixo, temperaturas extremas, vários irritantes incluindo fumaça do cigarro. Os RARs e os SARs são os principais mecanoreceptores envolvidos no reflexo da tosse. São sensíveis a mudança de pH, osmolaridade e a estímulos como broncoespasmo,edema e secreção de muco. Vias aferentes A principal via aferente é o vago. Existe a possibilidade da participação de outros nervos na dependência do sítio que está sendo estimulado: trigêmeo, glossofaríngeo, frênico, ramo auricular do vago. Centro da tosse O centro da tosse é constituído por um grupo de neurônios localizados no tronco cerebral, no núcleo do trato solitário. Este centro pode sofrer controle do córtex cerebral no sentido de inibir, desencadear a tosse. Vias eferentes As principais vias eferentes são: frênico, vago, recorrente, espinhais e intercostais. A estimulação destas vias leva a Dor torácica Cardíaca Isquêmica Angina estável, angina instável, IAM Não Isquêmica Pericardite, dissecação aorta, vascular Não Cardíaca Gastroesof áfico Refluxo, espasmo esofágico, úlcera Não gastroesofág Pneumotórax , embolia pulmonar, muscular, psico Júlia Guedes Alves – ATM 2024 - FURG 4 variações de pressão e volumes executando as demais fases da tosse. 2. Fase Inspiratória O estímulo dos nervos frênico e espinhais levam a contração dos músculos inspiratórios, promovendo uma inspiração curta e profunda. Ocorre aumento do volume pulmonar e também dilatação dos brônquios. 3. Fase Compressiva Estimulação do recorrente e o fechamento da glote por 0,2 s. O vago determina a contração da árvore traqueobrônquica. O frênico contrai o diafragma e os intercostais a musculatura expiratória. Pressão até 300 mmHg. 4. Fase Expiratória Ocorre súbita abertura da glote com saída de ar em alta velocidade. Relaxa-se o diafragma que é empurrado para cima o que comprime ainda mais o tórax. É a fase efetiva da tosse aquela que cumpre o seu objetivo como mecanismo de defesa. # Importância de saber: pacientes debilitados, pós operatório, tumor de mediastino (compressão do nervo laríngeo recorrente) ficam incapacitados de realizarem algumas fases da tosse. Auxílio de fisioterapeutas para realização do mecanismo da tosse. Objetivo: Eliminar secreções e/ou irritantes para manter as vias aéreas permeáveis Complicações: Aumento da pressão na árvore brônquica, distensão dos septos alveolares, hemorragias conjuntivais, fratura dos arcos costais, hérnias inguinais (++ idosos e recém nascidos). + (Slide Isabel) Dor na parede torácica e abdominal, incontinência urinária, exaustão, síncope, fratura de costela, hemorragia ocular → O que avaliar? Frequência, Intensidade, Tonalidade, Presença de secreção (Expectoração), Período que predomina, Relação com decúbitos, Presença de outros sintomas, Uso de medicamentos, Fatores de risco, Fatores desencadeadores, Mudança no caráter, Duração . Frequência Diário, sazional . Intensidade Quantificar 0 a 10 (ajuda em consultas futuras) . Tonalidade Grosso, rouco (comum em fumantes) . Presença de secreção Tosse seca Tosse produtiva Inibidor da ECA, corpo estranho, asma, enfisema, doença pulmonar intersticial, tromboembolismo, IVE, estenose mitral, edema pulmonar agudo, sinusite crônica, renite Bronquite . Período do dia Fumante tosse mais pela manhã (durante o período da noite, sem fumar, ocorre o retorno da movimentação dos cílios, os quais carregam a secreção acumulada causando tosse) ICC a noite (ao deitar-se, os líquidos corporais são reabsorvidos, aumento do volume circulatório na pequena circulação, desencadeando tosse) . Relação com decúbitos Exemplo: em uma pneumonia no lóbulo médio, a tosse aumenta em decúbito lateral esquerdo . Presença de outros sintomas Dispneia, febre, pirose (por estímulo de receptores do terço inferior do esôfago), gotejamento pós-nasal (pela drenagem de secreção na orofaringe) . Uso de medicamentos Captopril (tosse seca) . Fatores de risco Tabagismo, ambiente de trabalho . Fatores desencadeantes Poeira, pólen, mudança de estação . Mudança no caráter Intensidade, frequência, ... (algo mudou na tosse ao longo do tempo?) . Duração Aguda: presença do sintoma por um período de até 3 semanas → infecção de via aérea superior, resfriado, pneumonia, insuficiência cardíaca esquerda descompensada Subaguda: Tosse persistente por período entre três e oito semanas Crônica: Tosse com duração maior que oito semanas → doença do refluxo gastroesofagiano, equivalente de asma brônquica, síndrome do gotejamento posterior, Ca. de pulmão, tabagismo Tipos de Tosse - TOSSE QUINTOSA: surge em acessos (principalmente durante a noite/madrugada), acompanhada de vômito e sensação de asfixia (tosse característica da coqueluche) - TOSSE SÍNCOPE: crise de tosse acompanhada por perda de consciência - TOSSE BITONAL: paresia ou paralisia de uma das cordas vocais da laringe. Pode ser comprometimento do N. laríngeo recorrente - TOSSE ROUCA: característico de fumantes e laringite crônica Tosse Seca Úmida Produtiva (elimina) Não produtiva (deglute) Júlia Guedes Alves – ATM 2024 - FURG 5 - TOSSE REPRIMIDA: evitada em virtude da dor torácica ou abdominal que provoca (comum em pós- operatório, pneumotórax) - TOSSE PSICOGÊNICA: desencadeada por situações tensas, exemplo: falar em público - TOSSE PÓS-INFECCIOSA subaguda (duração entre 3 e 8 semanas), após infecção respiratória e descartada outras causas (lesão do epitélio respiratório – exposição de receptores desencadeia tosse) ++ agentes: Bordetella pertussis, Mycoplasma pneumoniae e vírus respiratórios) EXPECTORAÇÃO É a eliminação de muco produzido pelas células caliciformes e glândulas mucíparas, associado com tosse. Em condições normais são produzidos 100 ml de muco em 24 horas, que são eliminados com a movimentação ciliar. O muco é constituído por cerca de 95% de água, 2 – 3% de glicoproteinas. → O que avaliar? Aspecto (transparência, consistência), odor, volume, cor, horário, mudança no caráter . Aspecto Seroso: água, eletrólitos, proteínas, pobre em células (“bem líquido”). Ex.: resfriado, edema pulmonar (rico em espuma) Mucóide: embora contenha muita água, proteínas (mucoproteínas), eletrólitos, apresenta celularidade baixa (“clara de ovo” ou esbranquiçado). Ex.: Pneumonia, crise de asma brônquica, bronquite Purulento: rico em piócitos e celularidade alta (“pus”, amarelado ou esverdeado). Ex.: infecção bacteriana Hemoptóico: raias de sangue. Ex.: tuberculose Moldes brônquicos: em aspergilose broncopulmonar alérgica Obs.: Mucoide → Mucopurulento → sinal de infecção (pneumonia bacteriana) Obs.2: Pneumonia bacteriana gram – pode ter expectoração aspecto “geleia de chocolate” . Odor Odor fétido relaciona à presença de bactérias anaeróbios. Ex.: abcesso de pulmão, pneumonia necrotisante, bronquiectasia . Volume (1xíc ou mais de secreção por dia – grande volume). Suspeitar de bronquioectasia e abcesso pulmonar. ** Dentes em mau estado de conservação + perda de consciência + expectoração de odor fétido = abcesso pulmonar . Viscosidade Encontra-se aumentada de infecções bacterianas e fúngicas. Ex.: tuberculose (secreção de grande viscosidade) Obs.: A expectoração diferencia uma síndrome brônquica de pleural HEMOPTISE É a expectoração de sangue oriundo do trato respiratório. Eliminação de sangue que tem origem abaixo das cordas vocais. Eliminação de sangue pela boca. Um espectro que varia desde estrias de sangue no escarro até sangramento maciço com risco de vida. → Como identificar? Precedida por tosse, sangue vermelho vivo, presença de bolhas de ar, ruídos respiratórios sensação de fervura ou borbulhamento. → Diferenciar de hematêmese (vômito de sangue, pct apresenta náusea prévia e restos alimentares) e epistaxe (sangramento pelo nariz). # Dupla circulação nutre o pulmão. . Artérias brônquicas: brônquios principais até os bronquíolos terminais, interstício, pleura, tecido linfóide, estruturas nervosas. Alta pressão. . Artérias pulmonares: parênquima pulmonar e os bronquíolos respiratórios. Baixa pressão.Sangue venoso. # Etiologia: As hemoptises podem ser devidas a hemorragias brônquicas ou pulmonares. Brônquica: ruptura de vasos previamente sãos ou anormais. Mais frequentes. Maior volume (maciça). Ex.: Ca. brônquico, bronquiectasia. Alveolar: ruptura de capilares ou transudação de sangue. Menor volume. Ex.: pneumonia, broncopneumonia, abcesso, tromboembolismo Principais causas de hemoptise: Bronquiectasia, seguido de Tuberculose e aspergilose. Júlia Guedes Alves – ATM 2024 - FURG 6 Pode levar a óbito por asfixia (tamponamento da traqueia por coágulos) ou choque (acima de 600ml/24h). Atenção: hemoptise pela primeira vez em homem, adulto, fumante. Hipótese diagnóstica é lesão brônquica maligna! VÔMICA Eliminação mais ou menos brusca de pus ou líquido de outra natureza (proveniente do tórax ou abdome), através da glote, em golfadas, com acesso de tosse, em grande quantidade Pode ter sensação de sufocamento e asfixia → Causas: Abcesso pulmonar Empiema Mediastinites supuradas Abcesso subfrênico DISPNEIA Termo usado para caracterizar a experiência subjetiva de desconforto respiratório que consiste de sensações qualitativamente distintas, variáveis em sua intensidade. “Falta de ar” A experiência deriva de interações entre múltiplos fatores fisiológicos, psicológicos, sociais e ambientais. Leva ao aumento da necessidade do trabalho respiratório, resultando em esforço muscular acima do necessário para produzir ventilação e trocas gasosas. DISPNEIA ATUAL: reflete as características do sintoma em um momento preciso como, por exemplo, durante ou após a corrida em esteira. DISPNEIA USUAL: refere-se às limitações provocadas pelo sintoma na execução de atividades do cotidiano como, por exemplo, para subir escadas. Pode ser classificada em: → O que avaliar? Início, modo de instalação, duração, fatores desencadeantes, evolução/comparação, número de crises, periodicidade, intensidade, fatores de alívio. Importante também verificar se ocorre mais na inspiração ou na expiração, ou ainda em ambas. . Início Época e hora de aparecimento . Modo de instalação Dispneia de instalação súbita é comum em processos de instalação aguda, como pneumotórax espontâneo ou embolia pulmonar; dispneia de instalação progressiva é característica de processos evolutivos, tais como DPOC e fibrose pulmonar. . Duração Desde o início dos sintomas e duração das crises . Fatores desencadeantes Tipos de esforços, exposições ambientais e ocupacionais, alterações climáticas, estresse, etc. . Comparação Sensação de cansaço, esforço, sufocação, aperto no peito, etc. . Número de crises e periodicidade Ao longo do dia, semanas e meses . Intensidade Avaliada com emprego de escalas apropriadas e medidas de repercussão sobre a qualidade de vida. Utilização de escalas: numérica, analógica visual e de Borg modificada (dispneia atual) Escala MRC: avaliam o impacto da dispneia usual na realização de atividades pelos pacientes (impactos sobre a qualidade de vida) Escala de esforço: grandes, médios, pequenos esforços, ou ainda, em repouso. . Fatores que acompanham Tosse, chiado, edema, palpitações, cianose, baqueteamento digital (DPOC) . Fatores de alívio Tipo de medicamentos, repouso, posições assumidas e relação com o decúbito → Causas: Atmosféricas ↓O2 ou ↑Pressão atmosférica (gera taquipneia, se perdurar, dispneia) Obstrutivas ↓Calibre das vias respiratórias 1. Laríngeas (parentais): difteria, laringite estribulosa, edema angioneurogênico, estenose por tuberculose ou blastomicose, neoplasia. 2. Traqueia (compressão extrínseca): bócio, neoplasia maligna, aneurisma da A. Aorta, adenomegalias mediastínicas 3. Brônquicas (intraluminal, parietal, mista): neoplasia do mediastino, adenomegalias, Ca. Brônquico 4. Bronquiolares (mista): asma, bronquiolite Parenquimatosas: afecções que ↓ a área de hematose, ex. DPOC Toracopulmonares: alterações que ↓ a elasticidade e movimentação ou provocam Subjetiva = só é percebida pelo pct Objetiva = evidenciada pelo exame clínico Júlia Guedes Alves – ATM 2024 - FURG 7 assimetria entre os hemitórax, ex. fratura dos arcos costais, cifoescoliose, alterações musculares Diafragmáticas: afecções que alteram o diafragma (responsável por 50% da ventilação pulmonar), ex. paralisia, hérnias, elevações uni ou bilaterais. Pleurais: pleura parietal, por ter inervação sensitiva, alterações podem levar dor na inspiração Cardíacas: devido a congestão passiva do pulmão Tecidual: aumento da atividade metabólica, como na atividade física Ligado ao Sistema Nervoso: pode ser de origem neurológica, quando há alteração no ritmo respiratório, ex. HAS craniana; ou origem psicogênica, ex. dispneia suspirosa. *Casos graves = Síndrome da Hiperventilação (ansiedade, pânico, DPOC, asma, AVC, acidose metabólica, convulsão) → alcalose respiratória (↓CO2 sg = hipocapnia), espasmos musculares, dormência, pode haver perda da consciência. Outras condições associadas: obesidade, gravidez, HAS, descondicionamento físico → Tipos de dispneia DISPNEIA DE ESFORÇO: dispneia que surge ou se agrava com a realização de atividades físicas. Queixa comum entre pacientes com pneumo e cardiopatias. dispneia aos grandes esforços – corrida, exercícios físicos mais intensos dispneia aos médios esforços – caminhar no plano, subir alguns degraus dispneia aos pequenos esforços – vestir-se, banhar-se ORTOPNEIA: dispneia que surge ou se agrava em posição horizontal. Alívio com elevação da porção superior do tórax, sentar ou ficar em pé. Comum em pacientes com Insuficiência Cardíaca Esquerda e está associada ao quadro de Congestão Pulmonar; também pode ser observada em pacientes com asma e DPOC, portadores de fraqueza da musculatura diafragmática (doenças neuromusculares) DISPNEIA PAROXÍSTICA NOTURNA: condição na qual o paciente tem seu sono interrompido devido a episódios de falta de ar (pode estar acompanhada de sudorese). Também é comum em pacientes com Insuficiência Cardíaca Esquerda PLATPNEIA: dispneia que surge ou se agrava na posição ortostática (em pé). Ocorre em pacientes com quadros de pericardites TREPOPNEIA: dispneia que surge ou se agrava na posição lateral, desaparecendo ou melhorando em decúbito lateral oposto. Ex.: derrame pleural (paciente só consegue deitar do lado sadio) ASMA CARDÍACA: termo utilizado para designar queixa de chiado no peito e a presença de sibilos em pacientes com Insuficiência Cardíaca Esquerda e sintomas de dispneia. Estreitamento das pequenas vias aéreas por edema da mucosa e reflexos gerados a partir de receptores nervosos levando à broncoespasmo. → Ritmos respiratórios o TAQUIPNEIA Aumento do número de incursões respiratórias por unidade de tempo e está, geralmente, acompanhada por diminuição da amplitude dessas incursões (em condições fisiológicas de repouso 12-20 incursões na unidade de tempo). Pode estar presente em síndromes restritivas pulmonares (derrames pleurais, doenças intersticiais, edema pulmonar), febre, ansiedade o HIPERPNEIA Aumento da frequência respiratória acompanhado de aumento da amplitude dos movimentos respiratórios. Pode estar presentes em situações de acidose metabólica, febre, ansiedade o BRADIPNEIA Redução do número de movimentos respiratórios (<8 MRPM). Pode estar presentes em pacientes com lesões neurológicas, depressão do centro respiratório por drogas (opiáceos, diazepínicos), precedendo a para respiratória em casos de fadiga da musculatura respiratória o APNEIA Interrupção dos movimentos respiratórios por um período de tempo prolongado. Pacientes com síndrome de apneia podem permanecer sem respirar por tempo prolongado hipoxemia acentuada arritmias cardíacas o DISPNEIA SUSPIROSA Consiste na presença de inspirações profundas, esporádicas, em meio a um ritmo respiratórionormal. Comum aparecer em pacientes com distúrbios psicológicos ou pela ansiedade. o RITMO DE BIOT Amplitude e freqüência respiratória totalmente irregular. Júlia Guedes Alves – ATM 2024 - FURG 8 PRINCIPAIS PATOLOGIAS Ocorre em pacientes com hipertensão intracraniana, lesões do SNC o RITMO DE CANTANI Caracterizado pelo aumento da amplitude dos movimentos respiratórios, de modo regular e secundário à presença de acidose metabólica*. Tal ritmo pode ser evidenciado, por exemplo, em casos de cetoacidose diabética* e de insuficiência renal. No entanto, vale lembrar que, à medida que ocorre o agravamento da acidose metabólica, pode haver o surgimento do ritmo de Kussmaul * A maior fonte de H+ é a produção de CO2 no metabolismo celular. A eliminação se dá 1º em um sistema tampão (qualquer substância que possa se ligar no H+ e tornar um ácido fraco – que pouco dissocia), 2º pelo pulmão (dissociação em CO2 + H2O), 3º pelos rins (dissocia esse H+ e HCO3- em diversas etapas até chegar em NH3+ amônia e ser eliminado na urina) Acidose metabólica → ocorre por 3 causas, sendo elas: 1) acúmulo de ácido por produção excessiva; 2) perda de HCO3- (é quem liga o H+ nos rins); 3) falência renal (não excreta o ácido). * Cetoacidose diabética é uma complicação metabólica aguda do diabetes, que ocorre quando o corpo produz ácidos sanguíneos (cetonas) em excesso. Caracterizada por hiperglicemia, hipercetonemia e acidose metabólica. o RITMO DE KUSSMAUL É um padrão respiratório profundo e trabalhoso associado com acidose metabólica grave, particularmente com a cetoacidose diabética, mas também com a insuficiência renal. Caracterizada por inspirações profundas seguidas de um período de apneia e uma expiração rápida e breve, acompanhado por outro período de apneia. o RITMO DE CHEYNE STOKES Alternância de períodos de apneia, seguidos por hiperpneia crescente e decrescente, até a instalação de nova apneia. Aparece mais comumente em pacientes com Insuficiência Cardíaca Congestiva grave, problemas no SNC e hipertensão intracraniana. SIBILÂNCIA Termo usado para caracterizar “chiado” ou “chieira”, ruído na fase expiratória, associado com dispneia. → Causa: ↓ do calibre da árvore brônquica (espasmo) Asma Bronquite aguda e crônica Infiltrado eosinofílico Tuberculose brônquica Neoplasias malignas e benignas Embolias pulmonares Alguns fármacos Insuficiência ventricular esquerda/Edema pulmonar (“asma cardíaca”) = sibilância e dispneia “Miado de gato”, principalmente à noite, deitado, por causa que está em silêncio, ↓volume pulmonar, ↓produção de corticoide e catecolaminas. ROUQUIDÃO/DISFONIA Mudança no timbre da voz Se for aguda e de curta duração, pode ser laringite viral comum. CORNAGEM Ruído estridor devido à dificuldade respiratória → Causa: ↓ do calibre das vias respiratórias superiores Laringite Difteria Edema de glote Corpos estranhos Bronquite Crônica Tosse com expectoração, por pelo menos 3 meses em dois anos consecutivos. Muito associada ao fumo (inclusive passivo e maconha). Bronquiolite Reação brônquica inflamatória em crianças pequenas e bebes, principalmente viral. Bronquiectasia Dilatação/alargamento crônico dos brônquios com secreção mucopurulenta, resultado de infecções (ex. pneumonia) ou condições médicas (ex. fibrose cística), devido a dano nas paredes. Paciente apresenta tosse com catarro. Atelectasia Colapso pulmonar ou de um lobo. Asma Resposta inflamatória alérgica. Condição em que as vias aéreas de uma pessoa ficam inflamadas, estreitas e inchadas, além de produzirem muco extra, o que dificulta a respiração. Bronquite Inflamação da mucosa brônquica com estreitamento das vias aéreas, muco (pois os cílios não conseguem eliminar e se acumula nos ductos). Pode ser aguda (principalmente viral, bacteriana, contato ambiental) ou crônica (cigarro).
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