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Recurso Ordinário

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EXMO. SR. DR JUIZ DA 6ª VARA DA JUSTIÇA DO TRABALHO DE CONTAGEM/MG
JUCA MACHADO, já qualificado nos autos da reclamação trabalhista que move contra DA TERRA PRODUTOS AGRÍCOLAS LTDA., processo n.º 03456-2014-005-03-00-0 não se conformando, data vênia, com a sentença de fls., vem, por seu advogado, infra-assinado nos autos (fls...), interpor RECURSO ORDINÁRIO, nos termos do art. 895, I, da CLT, para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho, pelo que junta à presente as razões do recurso, estando isento do depósito recursal, bem como pagamento das custas processuais, como de direito.
Termos em que pede deferimento. 
Cidade, dia, mês, ano. 
___________________
P.p advogado
OAB/MG – XXXXX
AO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA TERCEIRA REGIÃO 
RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO
Autor – Recorrente: Juca Machado
Réu – Recorrido: DA TERRA PRODUTOS AGRÍCOLAS LTDA. 
Processo n.º 03456-2014-005-03-00-0
Colendo Tribunal, Egrégia Turma, Excelentíssimos Senhores Desembargadores,
O presente recurso merece ser conhecido e provido a fim de se anular ou, se assim não entender essa E. Turma, reformar a r. sentença de primeiro grau pelas seguintes razões de fato e de direito a seguir:
I – PRESSUPOSTOS DE ADMINISSIBILIDADE
Trata-se de recurso ordinário contra a r. sentença prolatada pelo d. juízo a quo da 6ª Vara do Trabalho da comarca de Contagem/MG, sendo, portanto, cabível, nos termos do art. .......... da CLT.
O recorrente foi intimado via postal da r. sentença no dia 21/09/2020, segunda-feira. Assim, considerada a efetivação da intimação no 1º. dia útil seguinte, terça-feira, tem-se que o início do prazo de 08 dias estabelecido pelo art. 895 da CLT é dia 22/09/2020 e o término no dia 01/10/2020. Dessa forma, sendo o presente recurso aviado nesta data, encontra-se dentro do prazo legal, sendo, portanto, tempestivo. 
Ressalta-se ainda que por ser o recorrente empregado, não há que se falar em depósito recursal e, uma vez deferida a assistência judiciária gratuita, conforme determinado pelo juízo em fls., também não há o pagamento das custas. 
Assim, uma vez atendidos os pressupostos de admissibilidade do recurso, deve o presente apelo ser conhecido e, ao final, provido para cassar ou reformar a r. sentença pelos motivos a seguir elencados.
II – INDEFERIMENTO DE PERÍCIA – CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA
PRELIMINARMENTE, argui-se a nulidade da r. sentença a quo, por cerceamento do direito de defesa, uma vez que o juízo da presente comarca recusou o pedido de perícia para verificar a insalubridade do local em que o reclamante laborava. 
O juízo não se ateve ao Direito do trabalhador em requerer a realização de perícia para comprovação da insalubridade no local de trabalho. De forma a elucidar o argumento trazido à baila, o julgador, embora tenha conhecimentos suficientes para julgar o presente dissídio, se desatentou para o previsto no Art. 195 da CLT, in verbis: 
Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.  
Levando em consideração o prejuízo decorrente da não realização da prova pericial, e verificado a sua obrigação perante à Lei Pátria, tem-se, pois, caracterizada a nulidade do processo, por ofensa aos princípios constitucionais do devido processo legal e a ampla defesa previstos no art. 5º, incisos LIV e LV da CF/88. 
Assim, requer a cassação da r. sentença a quo, com determinação de retorno dos autos à primeira instância para a produção de prova pericial e, após, o proferimento de uma nova decisão conforme de direito.
III – DA INSALUBRIDADE
No que cerne ao mérito, na eventualidade do C. Tribunal não acolher a preliminar, a referida sentença também merece ser reformada.
O autor confessou em seu depoimento pessoal fazer uso dos EPI, todavia, a empresa não apresentou relatórios capazes de elucidar o convencimento do julgador sobre a inexistência de insalubridade na área laborativa. O Artigo 194 da CLT assim descreve sobre o tema: “O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de periculosidade cessará com a eliminação do risco à sua saúde ou integridade física, nos termos desta Seção e das normas expedidas pelo Ministério do Trabalho.”
A função exercida pelo obreiro em nada interfere no direito ao adicional de insalubridade, conforme entendimento sumulado pelo TST (Súmula 293 TST). 
Por essas razões, no mérito, deve ser julgado procedente o pedido de adicional de insalubridade nos termos da exordial, devendo ser reformada a r. decisão nesse aspecto.
IV- DO TEMPO ANTERIOR AO REGISTRO – ANOTAÇÃO NA CTPS
O D. juízo a quo julgou improcedente o pedido de retificação da data de admissão sob o seguinte fundamento: “Pelas contradições e fragilidade do depoimento da testemunha, entendo que não foi feita prova robusta e concreta acerca da contratação anterior do autor, ônus que lhe incumbia, por se tratar de fato constitutivo do seu direito (art. 818/CLT e art. 373, I/CPC). Assim, não tendo se desincumbido o autor da prova do fato constitutivo do seu direito, prevalecem as anotações apostas na CTPS do obreiro. Razão pela qual, julgo improcedentes os pedidos formulados com base em contratação anterior ao registro.”
Tal entendimento não pode prosperar. A testemunha ouvida alegou inicialmente que foram admitidos no início de 2013 como auxiliares de forneiro. 
Assim, diante das provas documentais e da testemunhal, requer a reforma da sentença de primeiro grau a fim de se retificar as anotações da CTPS, conforme consta na exordial.
V – DAS HORAS EXTRAS
O D. juízo a quo julgou improcedente o pedido de pagamento das horas suplementares sob o seguinte fundamento: “Não pode prosperar o pedido de horas extras formulado pelo reclamante, eis que não encontra qualquer suporte probatório nos autos. Nada há nos autos a provar as alegadas horas extras, sendo que o depoimento da única testemunha, nada acrescenta em favor do autor.”
Data venia, a empresa ré foi intimada a apresentar os cartões de ponto, mas não o fez. Ademais, contando a empresa com X empregados, torna-se necessário a anotação da hora de entrada e de saída, conforme Art. 74, §2º da CLT. Diante disso, a súmula 338, I, do C. TST preleciona que  será ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. 
Assim, deve ser julgado procedente o pedido de pagamento das horas extras nos termos da exordial, devendo ser reformada a r. decisão também nesse aspecto.
VI- GARANTIA DE EMPREGO
Apesar do d. juízo reconhecer o direito da recorrente à garantia de emprego, julgou improcedente o pedido, sob o seguinte fundamento: “No entanto, durante a instrução do processo, verifiquei haver total incompatibilidade entre as partes, que se alteraram diversas vezes, trocando, inclusive, ofensas verbais. Entendo que tal fato desaconselha a continuidade da relação de emprego, ficando, por esse motivo, indeferido o pedido de reintegração.”
Ora, não se pode prosperar tal entendimento, pois nos termos do art. 118 da Lei 8.213/91 c/c com 496 da CLT, o empregado possui direito a permanência de seu contrato de trabalho por 12 (doze) meses, em caso de acidentes de trabalho. 
Assim, deve ser a r. decisão também ser reformada condenando-se o réu ao pagamento de indenização substitutiva, composta por todas as verbas que seriam devidas ao obreiro desde à dispensa até o final do período de estabilidade.
VI – CONCLUSÃO
Pelos fundamentos acima expostos, requer seja o recurso conhecido e provido para, preliminarmente, cassar a r. sentença por cerceio do direito de defesa, determinando-se o retorno dos autos à primeira instância para a realização da prova pericial e conseqüente instrução do feito, com a prolação de uma nova decisão, conforme dedireito. Na eventualidade de se chegar ao mérito, requer a reforma da referida sentença para julgar procedentes todos os pedidos constantes na exordial, conforme razões supracitadas, por ser de inteira JUSTIÇA! 
Cidade, dia, mês, ano.
Nome assinatura e número da OAB/MG

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