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Prova de Economia Monetária

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Aluno: José Lucas Santos de Castro 
1)
a) Antes de se discutir os impactos da crise do coronavírus na demanda por moeda sob a ótica keynesiana e antes mesmo da discussão dos motivos para tal é preciso compreender como Keynes concebe a moeda. Para ele, a moeda não é um mero “véu” como acreditavam os clássicos, mas um bem à parte regido por leis próprias que representa a riqueza e que possui além da função transacional, a característica de ser reserva durável de valor e denominador de contratos. A partir disso, a teoria keynesiana conceberá outros dois motivos (três se levado em consideração o motivo finance) para os agentes demandarem moeda além da facilitação das trocas. Temos, então, que o primeiro motivo já citado e de certa forma muito similar à teoria clássica é uma função positiva da renda, de maneira que os agentes demandarão mais moeda na medida em que sua renda aumentar; O segundo motivo é a razão especulativa que é uma função da taxa de juros, de forma que os agentes farão uma escolha entre demandar moeda ou títulos com base na taxa de juros corrente e na sua expectativa para o futuro. Dessa forma, os agentes que acreditarem numa alta da taxa de juros preferirão reter moeda para comprar os títulos depois, já aqueles que acreditarem numa queda da taxa de juros preferirão demandar títulos hoje, para obter ganho de capital , uma vez que estes carregam uma relação inversa entre taxa de juros e preço; Já a terceira razão para demandar moeda é o motivo precaucional, que seria um contingenciamento para eventos inesperados ou aproveitamento de barganhas. Assim, esta última razão seria função do grau de confiança nas expectativas dos agentes, de maneira que quanto mais incerto o futuro mais os agentes demandariam moeda em virtude da sua preferência pela liquidez; Por fim, temos um quarto motivo, que no entanto só é formulado posteriormente por Keynes, que é o motivo Finance ou financeiro, caracterizado pelo acúmulo de riqueza para um gasto previsto maior, como bens de capital por exemplo. Nesse contexto, podemos levar em consideração que os motivos precaucional e financeiro também dependeriam da renda dos agentes.
Colocada a teoria keynesiana, temos que durante a pandemia do coronavírus os agentes tiveram um aumento significativo em sua demanda por liquidez, já que mesmo com queda na demanda por moeda para motivo transacional em vista da redução da renda dos agentes, o que ocorreu foi um aumento vertiginoso da incerteza combinado com cortes na taxa de juros. Assim, o baixíssimo grau de confiança nas expectativas dos agentes os leva a demandar maior liquidez para prevenção contra eventos futuros. Junto disso, aqueles que tem condição financeira para tal demandarão mais moeda com viés especulativo, visto que a taxa de juros básica da economia atingiu seu piso histórico e provavelmente não sustentará maiores quedas. Assim, grande parcela dos agentes acredita em um aumento das taxas de juros para períodos posteriores e, portanto, demandarão moeda.
b) Sob a perspectiva reformulada, a Teoria Quantitativa da moeda é incorporada a outros aspectos teóricos e, nas próprias palavras de Friedman, não é uma teoria de renda e níveis de preço, mas uma teoria da demanda por moeda. Nesse contexto, Friedman assume a moeda como um ativo, que é uma forma de riqueza e presta um “serviço” aos seus detentores, gerando utilidade. Assim, a demanda por moeda no modelo monetarista depende principalmente de quatro aspectos, sendo que os três primeiros guardam uma relação funcional estável com a demanda em si, próxima do que seria a constante marshalliana (k) na versão de Cambridge da TQM, no entanto, não necessariamente esse valor seria uma constante, a ideia é que as variáveis sejam relativamente estáveis. Temos, então, que o primeiro fator para a demanda por moeda é a riqueza dos agentes, porém essa variável não é observável diretamente, de forma que se faz necessário usar uma proxy e para isso Friedman escolheu o conceito de renda permanente que seria uma espécie de renda descontada de efeitos conjunturais a qual não variaria muito frente a flutuações. Dessa forma, quanto maior a percepção de riqueza dos agentes, ou seja maior, sua renda permanente mais demandariam moeda; o segundo determinante é a taxa de retorno dos demais ativos, pois na teoria monetarista, Friedman considera que o retorno dos demais ativos que não sejam a moeda é o custo de oportunidade de se auferir liquidez; Por fim, o terceiro fator relativamente estável são as preferências dos agentes, que de maneira geral são determinadas pelas características sociais e institucionais. Cabe destacar que essas preferências podem se alterar substancialmente em virtude do momento vivido, por exemplo, se há grande instabilidade como o caso de uma catástrofe, é esperado que os agentes demandem mais liquidez por conta da incerteza associada. Além desses aspectos, Friedman também incorpora a inflação esperada como componente importante da demanda por moeda, de maneira que uma aumento na inflação esperada desincentivaria os agentes a reter moeda por ter seu valor corroído.
Em vista da teoria monetarista exposta temos que o impacto econômico do coronavírus levou a uma redução na renda em virtude do fechamento de estabelecimentos, aumento das demissões por falta de demanda, insustentabilidade de negócios, dentre outros fatores. Tal redução, por ter se dado de maneira abrupta provavelmente gerou redução também da renda permanente dos agentes mesmo com a característica de descontar flutuações, já que está é uma média ponderada das rendas passadas e corrente. Porém, apesar da tendência de queda na demanda por moeda sob a análise da renda permanente este movimento é mais que contra balanceado pelas outras variáveis da equação de Friedman, de maneira que a taxa de juros, que é o custo de oportunidade de se auferir liquidez está nos menores patamares históricos, além disso, a inflação esperada está em níveis baixos, oque corrobora para manutenção do valor da moeda e como enfrentamos um momento de altíssima incerteza os agentes estão ajustando suas preferências para reterem maior liquidez afim de passar por esse período com mais segurança. Portanto, segundo a teoria monetarista a demanda por moeda deve ter evoluído de maneira crescente durante este período.
c) A partir da análise dos gráficos para determinado período temos que ambas as teorias possuem um bom caráter preditivo, cada qual com suas próprias características. Sob a análise de Keynes, a queda da renda nominal dos agentes pode ser percebida indiretamente pelo gráfico do IBC – Br ajustado. Sob esse âmbito, essa seria a variável determinante da demanda transacional, a qual implica numa redução da demanda por moeda, que, no entanto, é o movimento mais fraco. Por outro lado, as baixas taxas de juros como mostradas no primeiro gráfico corroboram para um aumento da demanda por moeda em via do caráter especulativo. Complementarmente, o alto grau de incerteza aumenta ainda mais a demanda por liquidez dos agentes, de forma que esses movimentos podem ser analisados como um todo a partir do gráfico da base monetária que mostra uma evolução crescente principalmente nos meses de pandemia. Já sob a análise monetarista, chegamos a mesma previsão, porém a partir de análises diferentes. Basicamente, uma queda no nível de atividade representado pelo IBC-Br levaria a uma queda na renda corrente dos agentes, que em última via afetaria a renda permanente, não de maneira tão expressiva a ponto de criar uma redução muito brusca na demanda por moeda. Além disso, os demais aspectos que justificariam um aumento da demanda por moeda são bem explicados pelos gráficos (exceto a preferência dos agentes que é uma variável não observável): Uma queda na inflação representado pelo recuo do IPCA nos últimos meses e baixas taxas de juros, consequentemente um aumento da base monetária.
d) Ambos modelos tem a mesma pretensão: explicar a demanda por moeda, porém partem de interpretações distintas para desenvolver seuselementos teóricos. Nesse contexto, antes de discutir essas diferenças é preciso contextualizar a percepção de moeda para Friedman e para Keynes, que seria a primeira divergência entre os autores. Na teoria Keynesiana, a moeda é vista como um ativo cujo principal atributo é a segurança. Já para Friedman, a moeda é um ativo que pode produzir serviços para seu detentor e ser um bem de capital para empreendimentos produtivos. Posto isso, o primeiro determinante da demanda por moeda em Keynes seria a renda corrente da economia, que em momentos de alta gerariam um aumento da demanda transacional e em momentos de baixa incentivariam uma diminuição. Daí surge uma diferença fundamental, pois como Keynes formula a resposta da demanda por moeda a partir da renda corrente, implicitamente ele está admitindo um impacto relevante das questões conjunturais. Por outro lado, Friedman desenvolve a relevância da renda a partir do conceito de renda permanente, que seria uma proxy da riqueza dos agentes, e não flutuaria tanto quanto a renda corrente ao longo do tempo, já que seria calculada como a média ponderada das rendas correntes ao longo da vida, reduzindo assim o efeito conjuntural. O segundo aspecto, é a percepção da demanda por moeda quanto a taxa de juros. Para Keynes, os juros da economia teriam papel fundamental já que o segundo motivo para demandar moeda na teoria keynesiana, o motivo especulativo, seria determinado por esta variável, de maneira que em boa parte da Teoria Geral Keynes concebe essa demanda como dicotômica: ou tudo em moeda ou tudo em títulos com base unicamente na taxa de juros a depender de seu nível crítico. Já Friedman, a concebe como um custo de oportunidade de demandar moeda e credita muito menos importância do que Keynes o faz, com o argumento de que a variação na taxa de juros não seria um motivo tão preeminente para alterações das demandas dos agentes. Além disso, temos a influência das preferências dos agentes que aparecem em ambos autores com certa compatibilidade, já que os dois as descrevem como determinadas por fatores socias, institucionais e históricos que se alteram de maneira suave ao longo do tempo. Uma pequena diferença é que Friedman incorpora essa variável em sua equação de demanda por moeda, já Keynes a explica de maneira mais sutil embutida nos outros motivos para demandar moeda. Por fim, uma das principais diferenças é que Friedman credita alta importância a inflação esperada, que seria um dos fatores de curto prazo que mais influenciariam na demanda por moeda. Por outro lado, Keynes não concebe nenhuma teoria explícita dentro de seu modelo sobre o nível de preços, o que mais se aproxima disso é a hipótese do motivo precaucional que se basearia no grau de confiança nas expectativas futuras. Portanto, é por conta de todos esses aspectos que Keynes e Friedman concebem diferentes interpretações da teoria econômica.
2) A taxa de juros tem papel importante na determinação da demanda por moeda em todas as teorias econômicas estudadas, cada qual com seu grau de relevância e percepção próprios. Cabe então analisar cada teoria individualmente com mais detalhes. Na teoria Keynesiana, é desenvolvido um motivo para demandar moeda baseado na taxa de juros, o motivo especulativo. Keynes diz que os agentes decidirão o quanto demandar de moeda ou títulos com base no que consideram uma taxa normal de juros, que seria o nível em que os agentes esperam que prevaleça depois de todas as flutuações de curto prazo. Nesse contexto, o autor concebe uma economia de dois ativos: moeda e títulos, de maneira que os agentes podem atuar como ursos -esperam que as taxas de juros vão subir, consequentemente os preços dos títulos cair e demandam moeda hoje- ou como touros -esperam que as taxas de juros vão cair, consequentemente os preços dos títulos vão subir e demandam títulos hoje- temos, então, uma função decrescente da demanda por moeda com relação a taxa de juros. Já o modelo da síntese Neoclássica, concebe uma versão baseada na perspectiva keynesiana mas dotada de novas características. Para essa escola, a taxa de juros influencia tanto na demanda especulativa quanto no número de encaixes para transação que os agentes vão demandar(esta última não ocorria em Keynes), visto que para o primeiro caso os agentes tem que fazer a escolha sobre como montarão sua carteira com base em suas preferências de risco e retorno. Partimos do pressuposto de que o principal benefício da moeda é a segurança e do título é a rentabilidade, mas que carrega um risco associado. Assim, os agentes montarão uma combinação entre os dois, visando maximizar sua escolha, de forma que quanto maior a taxa de juros maior é o incentivo a tomar mais risco, no caso do investidor avesso ao risco (que é a média da sociedade) ele precisa de retornos cada vez maiores para se submeter a um risco crescente. Além disso, o modelo da síntese Neoclássica concebe a possibilidade do agente aumentar seu número de encaixes frente a um aumento na taxa de juros. A intuição por trás disso é que com taxas de juros mais altas compensa ao agente demandar títulos e ir convertendo esses títulos em moeda ao longo do período a medida em que a receita marginal dessa operação não for menor do que o custo marginal. Por fim, na teoria monetarista, a moeda é um custo de oportunidade para manter riqueza em forma de moeda, visto que esta não gera retorno. Se um agente decide demandar moeda ele tem a vantagem da segurança, porém deixa de auferir ganhos com o retorno de outros ativos. Friedman ao definir a demanda por moeda considera também o retorno de outros como ações, mas o principal seria o Ra, retorno dos títulos de renda fixa, de maneira que quando tal taxa de juros aumenta também aumenta o custo de oportunidade de reter moeda. Portanto, nessa versão a demanda por moeda como nas outras segue uma relação inversa com a taxa de juros.

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