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CLASSIFICAÇÃO, INDEXAÇÃO E CATALOGAÇÃO DE DOCUMENTOS UNIASSELVI-PÓS Autoria: Nadia Studzinski Estima de Castro Indaial - 2020 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Copyright © UNIASSELVI 2020 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Jairo Martins Marcio Kisner Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI C355c Castro, Nadia Studzinski Estima de Classificação, indexação e catalogação de documentos. / Nadia Studz- inski Estima de Castro. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 118 p.; il. ISBN 978-65-5646-072-7 ISBN Digital 978-65-5646-073-4 1. Bibliotecas escolares. - Brasil. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 020 Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CLASSIFICAÇÃO, INDEXAÇÃO E CATALOGAÇÃO DE DOCUMENTOS ....................7 CAPÍTULO 2 LOCALIZAÇÃO DE DOCUMENTOS: PRINCÍPIOS E PARÂMETROS ...............................................................................41 CAPÍTULO 3 LINGUAGENS DE INDEXAÇÃO ....................................................75 APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Seja muito bem-vindo! Neste livro, o objetivo é construir uma trajetória de aprendizagens sobre os temas: classificação, indexação e catalogação de documentos, que fazem parte do curso de formação sobre Gestão de Bibliotecas Escolares e Salas de Leitura. Este livro está dividido em três capítulos e tem o intuito de ampliar os seus saberes sobre a gestão da informação. Este é um campo amplo, portanto, a delimitação do tema é necessária. Assim, os saberes aqui propostos estarão centrados na classificação, indexação e catalogação de documentos com a inserção de tópicos que são fundamentais para esta prática. A partir dessa orientação de leitura, desejamos que você compreenda que o conhecimento é construído por uma dinâmica baseada no diálogo, ou seja, neste livro são apresentados conceitos, teorias e são referenciados autores, livros e definições de conceitos com base neles. No entanto, o conhecimento deve ser construído por você, a partir dos diálogos que você estabelecerá com este material, com os seus professores, com os seus tutores, com os seus colegas de curso e, também, com os autores que você encontrar aqui. A proposta é que você concorde e discorde do que está sendo proposto em cada uma das linhas e dos parágrafos, de forma a construir as suas reflexões, as suas interpretações e as suas sínteses sobre a temática de gestão de Bibliotecas Escolares e Salas de Leitura, seja para você atuar como profissional gestor desses espaços ou para orientar os seus pares para que esses espaços sejam construídos como verdadeiros ambientes de aprendizagem da leitura e da escrita para a formação cidadã. Lembre-se, portanto, de que leitura e escrita não estão apenas relacionadas com a palavra escrita; imagens, sons, números também fazem parte da formação de leitores. Pense nisso, pois os acervos das bibliotecas contêm livros e outros materiais, como mapas, fotografias, filmes etc. Questione sempre, pois questionar é importante para a construção do saber. Desta forma, queremos que ao final dos estudos deste livro a sua busca pelo saber não finalize. Continue buscando leituras para ampliar os seus conhecimentos. Certo? Lembre-se de que a proposição de questões motiva a busca por soluções para problemas do cotidiano. Assim, nos desafiamos como profissionais e aperfeiçoamos a nossa prática. Desta forma, o primeiro capítulo tratará dos princípios fundamentais de classificação, indexação e catalogação de documentos. Este capítulo está dividido em três seções: introdução, breve histórico e, por fim, classificação, indexação e catalogação de documentos. O segundo capítulo deste livro abordará a temática referente a princípios e parâmetros para a localização de documentos. Desta forma, as seções deste capítulo são as seguintes: catálogo e ficha catalográfica; a técnica de catalogação e, por último, catalogação e organização de materiais especiais. A partir desta reflexão você identificará e desenvolverá fichas catalográficas de forma assertiva e reconhecerá e desenvolverá estratégias de organização de materiais. O terceiro capítulo apresentará um tema muito importante sobre a gestão da informação, pois ele abordará as linguagens de indexação, retomando e aprofundando apontamentos desenvolvidos no primeiro capítulo. Três seções foram organizadas para o desenvolvimento deste último capítulo: princípios das linguagens de indexação; linguagens de indexação hierárquicas: Sistema Decimal de Dewey e Sistema Decimal Universal e, por fim, linguagens de indexação alfabéticas: tesauros e listas de cabeçalhos de assunto. Desejamos que todo o conhecimento aqui trabalhado possa ser levado para a sua vida profissional de forma a modificar a sua prática. Lembre-se de que nesta leitura algumas escolhas teóricas foram feitas, mas não são limitadoras do saber. Continue pesquisando, lendo e desenvolvendo os seus conhecimentos. Bons estudos! CAPÍTULO 1 Princípios Fundamentais De Classificação, Indexação E Catalogação De Documentos A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: • Compreender o panorama histórico do desenvolvimento do processo de gestão da informação, os princípios de classificação, indexação e catalogação de documentos e as normas. • Reconhecer a importância da gestão da informação a partir do entendimento do seu processo histórico. • Identificar e aplicar os fundamentos e princípios de classificação, indexação e catalogação de documentos. 8 Classificação, indexação e catalogação de documentos 9 Princípios Fundamentais De Classificação, Indexação EPrincípios Fundamentais De Classificação, Indexação E Catalogação De DocumentosCatalogação De Documentos Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Para iniciar esta reflexão, tenha em mente que as atividades de classificação, indexação e catalogação de documentos são fundamentais para a gestão de bibliotecas escolares e salas de leitura. Assim, neste capítulo, você está sendo convidado a construir conhecimento sobre fundamentos relacionados com este tema. Alguns assuntos não serão aprofundados nesta etapa, pois são temas de outros capítulos, por exemplo, a questão das linguagens de indexação. Elas serão citadas neste primeiro capítulo, mas serão detalhadas apenas no terceiro. Certo? Esta é uma forma de organização do conhecimento, de modo que aconteça de forma gradativa, partindo do fundamento para alcançar temáticas, então, mais aprofundadas. Primeiramente, é importante refletir sobre o histórico do campo, para entender de que forma as teorias e as práticas se consolidaram ao longo do tempo, de forma a delimitar essas atividades percebendo características presentes e práticas que seguem sendo aperfeiçoadas, principalmente com a inserção das novas tecnologias da comunicação e da informação. Considere que esta é uma prática que se consolida historicamente e que foi sendo aperfeiçoada ao longo do tempo. O objetivo dessa ação é otimizar os espaços das bibliotecas e facilitar o manuseio e a movimentação de documentos. Tudo começa em tempos remotos da civilização e da presença do homem agindo no mundo e desenvolvendo as suas atividades de sobrevivência e subsistência. O papel é ummarco nesse processo e a história do seu surgimento e expansão será visitada neste primeiro momento, para, em seguida, avançarmos para o tema de gestão da informação, considerando que, atualmente, vivenciamos uma sociedade marcada pelas novas tecnologias da informação e da comunicação, as quais alteram significativamente a relação dos sujeitos com os processos de comunicação e de registro da informação. Esses tópicos iniciais serão abordados de tal forma que conduzirão a reflexão para o objetivo deste material: refletir sobre as práticas de classificação, indexação e catalogação de documentos no contexto de bibliotecas. Para isso, é necessário conhecimento sobre os tipos de documentos, pois esse saber influenciará no processo de classificação, pois a partir do momento em que identificamos os tipos de documentos, podemos reuni-los em grupos específicos e com características comuns. Depois do reconhecimento dos tipos de documentos e da classificação deles, passaremos para uma análise de conteúdo que possibilitará as atividades de indexação e, posterior, catalogação de documentos. Suponha o espaço da biblioteca e de leitura como contexto que necessita de um processo de gestão da informação que seja eficiente para que os usuários 10 Classificação, indexação e catalogação de documentos tenham experiências produtivas nesses espaços. Com a gestão adequada dos documentos, a indexação e a elaboração de catálogos ampliam a usabilidade dos documentos e maximizam o acesso à informação. Considere, para iniciar a leitura desse conteúdo, que as funções da biblioteca estão relacionadas à armazenagem, à organização e ao acesso à informação. 2 FUNDAMENTOS E HISTÓRIA Denominado século da informação e da comunicação, vivenciamos um tempo em que a informação circula de forma acelerada e cada vez mais assume um papel importante na atividade humana. Uma informação que hoje é válida pode se tornar obsoleta em segundos. Os registros, portanto, sejam eles físicos ou virtuais, possibilitam que esse volume de informação consiga permanecer registrado e perdure no tempo para que possa ser revisitado, reutilizado e reconsultado em tempos diferentes e em contextos diversos. Entretanto, o que é exatamente informação e qual a sua importância ao longo dos anos? De que forma essa importância foi se mantendo ou sendo modificada com a passagem do tempo? 2.1 PANORAMA HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO Primeiramente, saiba que, de acordo com Le Coadic (2004), a informação é caracterizada como um conhecimento inscrito, ou seja, registrado, em forma escrita (mas que também pode ser áudio, vídeo ou audiovisual), seja ela registrada em meio impresso ou digital em um determinado suporte. Para o autor, a informação possui um elemento de sentido, tendo como objetivo transmitir/ compartilhar diferentes formas de conhecimento. A informação, então, assume papel fundamental na sociedade atual e está presente em todo setor da atividade humana. Os avanços tecnológicos, inclusive, maximizam essas trocas e modificam as formas de transmissão e armazenamento, afetando, desta forma, diferentes espaços, como o das bibliotecas, que hoje contam cada vez mais com registros digitais além de materiais impressos. Isso significa que é preciso saber lidar com essas mudanças e entender como processar e armazenar esse volume de informações. 11 Princípios Fundamentais De Classificação, Indexação EPrincípios Fundamentais De Classificação, Indexação E Catalogação De DocumentosCatalogação De Documentos Capítulo 1 FIGURA 1 – BIBLIOTECA EM TEMPOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO FONTE: <https://br.freepik.com/vetores-gratis/aplicativo-de-biblioteca-on-line-para-leitura- de-banner_5467439.htm#page=1&query=biblioteca&position=1>. Acesso em: 5 abr. 2020. Historicamente, o conceito de informação e importância conferida a ela foi sofrendo modificações com a passagem do tempo no contexto organizacional. Observe o quadro a seguir. QUADRO 1 – CONCEITO DE INFORMAÇÃO E IMPORTÂNCIA Período Conceito de Informação Importância Anos 1950 Requisito burocrático necessário. Redução do custo de processamento de muitos papéis. Anos 1960 e 1970 Suporte aos propósitos gerais. Auxiliar no gerenciamento de diversas tarefas da organização. Anos 1970 e 1980 Controle do gerenciamento da orga- nização. Auxiliar e acelerar os processos de tomada de decisão. Anos 1990 Vantagem competitiva. Garantir a sobrevivência e a prosperi- dade da organização. FONTE: Montezano (2009, p. 13) Nas organizações, a informação foi e segue sendo a principal fonte de manutenção de processos para resultados positivos. O conceito foi sofrendo alterações, da mesma forma que a sua importância, desde redução de custos até garantia de sobrevivência, evidenciando que com a passagem do tempo o olhar se modifica, mas ela permanece como fonte necessária para manutenção dos processos. Portanto, surge a necessidade de pensar na gestão desse espaço, ou seja, na gestão da informação. Para isso, tem-se a união de diferentes áreas, tais como: ciência da informação, sistemas de informação, tecnologia da informação e 12 Classificação, indexação e catalogação de documentos gestão do conhecimento. Isso em tempo considerado moderno, mas os registros de informações fazem parte da civilização humana desde o período Paleolítico. Paleolítico, você se lembra dos estudos de história? O que marca o período denominado de Paleolítico na história da humanidade? O Paleolítico, ou Idade da Pedra, é dividido em inferior (500.000-30.000 a.C.) e superior (30.000 -18.000 a.C.). O inferior é o mais extenso e é no final dele que temos o aparecimento do Homo Sapiens; a temperatura da Terra era muito baixa, forçando o homem a viver em cavernas; alimentava-se de caça e pesca e não conhecia a agricultura. No Paleolítico superior, aumentou a precisão dos trabalhos em osso; ocorreram novas modificações climáticas responsáveis por alterar a vegetação na face da Terra; a população crescia; desenvolvimento da agricultura (trigo, cevada e aveia); animais são domesticados (gado e ovelhas) (ARRUDA, 1979). Nesse período, o homem já demonstrava e sentia a necessidade de repassar os seus aprendizados e práticas cotidianas para os descendentes. No Paleolítico inferior, a sociedade se caracteriza, entre outros aspectos, pelos rudimentos de linguagem, por um esboço de organização social e pelo nascimento da instituição da família, para, no Paleolítico superior, avançar para uma organização social mais complexa, agrupamentos baseados em famílias e clãs e desenvolvimento da linguagem. Evidências de registro da época são as pinturas rupestres encontradas em cavernas, grutas e locais abertos, onde o homem constituía as suas moradias ou se reunia com as suas tribos. 13 Princípios Fundamentais De Classificação, Indexação EPrincípios Fundamentais De Classificação, Indexação E Catalogação De DocumentosCatalogação De Documentos Capítulo 1 FIGURA 2 – IDADE DA PEDRA FONTE: <https://br.freepik.com/vetores-gratis/ilustracao-de- caverna-pre-historica_3889555.htm#page=1&query=idade%20 da%20pedra&position=10>. Acesso em: 5 abr. 2020. Você sabia que no Brasil há pinturas rupestres que foram descobertas por pesquisadores a partir de escavações em algumas regiões? Em Monte Alegre, Pará, por exemplo, foram encontrados registros dessa arte. Acesse o link e saiba mais: https://www.youtube.com/watch?v=oQFkXGpWLP4. 14 Classificação, indexação e catalogação de documentos Com essa forma de reunião de pessoas, em tribos, bandos e pequenas sociedades, o homem, então, passa a desenvolver as primeiras formas de comunicação em um processo que vem sendo modificado ao longo dos séculos até os dias atuais. Pense, por exemplo, nas formas e nos meios que você utilizava para se comunicar com as pessoas há 10 anos. Pensou? Você considera que é da mesma forma e com a mesma intensidade?Os registros que você faz dessas comunicações são os mesmos? Você utilizava, provavelmente, carta manuscrita a ser enviada pelo correio e hoje você envia mensagem instantânea de WhatsApp. Antes você salvava os seus arquivos em disquetes, hoje você faz backup de conversas e de diversas produções (escrita, áudio, vídeo) na nuvem. As formas de comunicação têm se modificado, assim como as formas de registro e de gestão dessas informações. FIGURA 3 – TECNOLOGIA EM TODOS OS ESPAÇOS FONTE: <https://br.freepik.com/vetores-gratis/colecao-isometrica-de-banner-de-educacao- on-line_7439575.htm#page=1&query=biblioteca&position=5>. Acesso em: 5 abr. 2020. É com o avanço desse processo que as formas de comunicação se tornaram interativas, mais práticas, com o uso de multimídias. Nossos antepassados utilizavam a argila, depois passaram para o papel, como conhecemos hoje e, também, para os meios virtuais. No entanto, o papel representa uma das grandes mudanças, com o advento dele, tem-se a explosão informacional. Vamos refletir um pouco mais sobre esse fato. 15 Princípios Fundamentais De Classificação, Indexação EPrincípios Fundamentais De Classificação, Indexação E Catalogação De DocumentosCatalogação De Documentos Capítulo 1 Para pensar: Organizar a informação orgânica de instituição pública ou privada de forma empírica, ou seja, sem o uso de técnicas e metodologias adequadas, em vez de trazer agilidade no processo decisório e no resgate da memória institucional só aumenta as chances de perda e aumento de custos com espaços para o armazenamento documental (ESTABEL; MORO, 2014, p. 164). 1 Após essa reflexão inicial sobre as mudanças relacionadas com os processos de comunicação e de informação, escreva sobre essas mudanças e as formas de comunicação vistas, hoje, como mais interativas, mais práticas, mais aceleradas e com produção multimídia, estabelecendo uma relação com o armazenamento da informação na atualidade. R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2.2 O USO DO PAPEL E O AUMENTO DO VOLUME DE PRODUÇÃO DE DOCUMENTOS O papel como utilizamos não surge diretamente nesse formato que conhecemos. Na antiga Suméria, com o período de desenvolvimento da escrita cuneiforme, o homem passou a modelar suportes para o seu trabalho. Isso era feito em placas de argila, em que se registravam atividades realizadas por ele, sendo elas: atividades cotidianas, administrativas, econômicas e políticas. Neste 16 Classificação, indexação e catalogação de documentos contexto, teve início o reconhecimento da importância da informação e dos documentos, sendo estes os dois pilares para a cadeia documental. Assim, o homem, desde sempre, sentiu necessidade de não só transmitir, mas também de conservar a sua memória. Desta forma, criou formas de registro para a preservação de sua história. FIGURA 4 – ILUSTRAÇÃO DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE PAPEL DE TRAPO FONTE: <https://museuhoje.blogspot.com/2016/04/breve-historico- sobre-fabricacao-de-papel.html>. Acesso em: 6 abr. 2020. De acordo com Estabel e Moro (2014, p. 164), “em 196 a.C., no nono ano do reinado de Ptolomeu V, no antigo Egito, com a proclamação de um decreto, surgiu a Estela, feita em uma pedra de roseta, que serviu para registrar as atividades realizadas pelo governo e pelas religiões da época”. Nesses fatos, evidencia-se a necessidade de o homem registrar, conservar e também armazenar de forma adequada esses registros. Ao longo desse processo, houve um aumento no volume de produção de documentos e, consequentemente, da necessidade de seus registros em arquivos/bibliotecas. Recebe destaque o arquivo descoberto no Palácio de Ebla; um dos mais importantes e maiores abrigos de arquivos que se tem registro na história. No local, foram encontradas mais de quinze mil tábuas de argila com registros de provisões, de tributos, de contratos, entre outros, ou seja, esses registros documentavam a vida econômica e cultural dos duzentos e cinquenta mil habitantes da cidade, os quais mantinham relações comerciais com outras populações próximas. 17 Princípios Fundamentais De Classificação, Indexação EPrincípios Fundamentais De Classificação, Indexação E Catalogação De DocumentosCatalogação De Documentos Capítulo 1 FIGURA 5 – BIBLIOTECA DE EBLA FONTE: <http://servetbiblio.blogspot.com/2016/02/biblioteca-de- tablillas-de-ebla-siria.html>. Acesso em: 6 abr. 2020. Os arquivos de Ebla indicavam as primeiras formas de organização e armazenamento de informações, com a estruturação de prateleiras e de um sistema para salvaguardar informações importantes da sociedade. Os gregos (aproximadamente 460 a.C.), por sua vez, interpretam o arquivo como uma entidade digna de respeito, de forma que consideravam a ordenação e a guarda como muito importantes. Com os gregos o volume de documentos de intensifica. A história prossegue o seu avanço de produção e de organização de espaço para armazenamento desses registros. No entanto, e quanto ao surgimento do papel? Vamos “saltar” um pouco na história. O papel, como o conhecemos hoje, teve a sua criação na China. Na época (século II), “o papel era produzido a partir do uso de fibras de árvores e trapos de tecidos cozidos e esmagados” (ESTABEL; MORO, 2014, p. 165). O que permanece sob domínio dos chineses até o ano de 751, deixa de ser com a invasão do exército árabe, neste episódio, o segredo é revelado e o papel passa a ser explorado pelos árabes. Apenas no século XI o papel chega na Espanha e conquista o Ocidente. A produção em grande escala está relacionada com a invenção da imprensa, por Gutenberg, em 1440. Com o avanço das tecnologias, por conseguinte, e agora já no século XIX, evidenciam-se influências na produção de documentos, com grande volume, os quais fortalecem a cultura do papel e do registro. 18 Classificação, indexação e catalogação de documentos ROCA, G. D. Biblioteca escolar hoje: recurso estratégico para a escola. Porto Alegre: Penso, 2012. 2.3 GESTÃO DE DOCUMENTOS FIGURA 6 – GESTÃO DE DOCUMENTOS FONTE: <https://br.freepik.com/vetores-gratis/biblioteca-de-arquivos- de-documentos-isometric-elements-and-characters_4431079. htm#query=biblioteca%20documentos&position=0>. Acesso em: 7 abr. 2020. Assim, a gestão dos documentos passa a ser vista como prática importante. A atenção está voltada para uma sistematização eficiente dos documentos, de forma que eles possam ser acessados e preservados de acordo com as exigências de cada um dos meios, sendo eles, hoje, documentos impressos, livros, revistas, trabalhos acadêmicos, filmes, áudio, fotografia etc., em formato impresso ou digital. Muitos documentos, inclusive, estão sendo passados do meio impresso para o digital. Em empresas, por exemplo, a busca tem sido cada vez maior por minimizar o uso do papel e manter em meio digital os documentos que circulam. Muitas instituições de ensino, por sua vez, solicitam trabalhos de conclusão, 19 Princípios Fundamentais De Classificação, Indexação EPrincípios Fundamentais De Classificação, Indexação E Catalogação De DocumentosCatalogação De Documentos Capítulo 1 monografias e teses em meio digital para serem arquivados na biblioteca. Livros em formato e-book, ou seja, digitais, também ganham espaço em diferentes acervos. Considere que a biblioteca escolar representa mais do que um recurso educacional de grande valor pedagógico, portanto, é necessário refletir sobre a necessidade de impulsionar seu desenvolvimento a partir de um modelo útil de implementação e organização. Para Roca (2012, p. 24): [...] a biblioteca escolar é mais que um recurso, já que também gera possibilidadescontínuas de apoio ao trabalho do professor e de coordenação educacional para o desenvolvimento curricular. Dessa forma, o que justifica a existência da biblioteca escolar não é a biblioteca em si como estrutura organizacional estável que proporciona serviços bibliotecários, mas seu uso como recurso educacional facilitador do desenvolvimento de processos de ensino-aprendizagem e de práticas de leitura e, consequentemente, sua conceituação como agente pedagógico que apoia, de forma estável, o desenvolvimento do projeto curricular da escola. Roca (2012) explica que, a partir desse entendimento do espaço da biblioteca escolar, existem ações necessárias para o desenvolvimento da biblioteca escolar como estrutura organizada e estável, de forma que possibilite um ambiente de aprendizagem e de leitura. Observe: 20 Classificação, indexação e catalogação de documentos FIGURA 7 – AÇÕES DE GESTÃO E ORGANIZAÇÃO – DIMENSÃO FÍSICA FONTE: Roca (2012, p. 26) 1 Considere a figura apresentada anteriormente sobre ações de gestão e organização da dimensão física da biblioteca e proponha um plano de gestão do acervo. Para essa atividade, considere a biblioteca de uma escola como contexto para a elaboração do plano. Para ampliar a sua leitura e facilitar o desenvolvimento do seu plano, acesse o site indicado e desenvolva a leitura proposta sobre o tema “Faça o planejamento eficiente para gestão da biblioteca escolar”, disponível em: https://www.sophia.com.br/ blog/bibliotecas-e-acervos/planejamento-eficiente-para-gestao- da-biblioteca-escolar. R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 21 Princípios Fundamentais De Classificação, Indexação EPrincípios Fundamentais De Classificação, Indexação E Catalogação De DocumentosCatalogação De Documentos Capítulo 1 Para finalizar essa etapa e iniciar o próximo tópico, lembre-se de que o conhecimento em gestão de documentos é fundamental para o universo das bibliotecas e para a movimentação das informações em tempos de novas tecnologias. Considere que, atualmente, a avaliação de satisfação dos usuários das bibliotecas está muito mais relacionada com a qualidade e a facilidade no acesso à informação do que diretamente com o volume do acervo. A experiência na biblioteca, ou seja, no contato com produtos e serviços, é o que confere avaliação positiva do espaço. Lembre-se de que quem atua na biblioteca é um gestor da informação. Pense nisso! Sobre gestão de bibliotecas escolares, acesse o link a seguir e amplie os seus conhecimentos. Fala, bibliotecária: 5 dicas para biblioteca escolar por Gabriela Pedrão. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eCn5woAUslE. 3 CLASSIFICAÇÃO, INDEXAÇÃO E CATALOGAÇÃO DE DOCUMENTOS Neste panorama de gestão de biblioteca escolar, faz-se necessário falar sobre classificação de documentos, prática fundamental do processo de organização física e lógica dos materiais disponíveis no acervo. Podemos afirmar que, nessa perspectiva, o instrumento utilizado para classificação não deve ser provisório, ou seja, não pode obedecer a esquemas que se modificam com frequência; mudanças constantes devem ser evitadas. Para isso, existe metodologia de apoio, já desenvolvida, e que segue sendo aperfeiçoada para atender à atividade do gestor da informação de bibliotecas. A classificação, a catalogação e a indexação são instrumentos de apoio para a realização da gestão dos documentos da biblioteca. Para começar essa reflexão, pensaremos nos tipos de documentos que circulam em uma biblioteca. O acervo documental da biblioteca comporta dados e informações que se apresentam em diferentes documentos. 22 Classificação, indexação e catalogação de documentos 3.1 TIPOS DE DOCUMENTOS DISPONÍVEIS EM BIBLIOTECAS Os documentos podem ser diferenciados de acordo com duas características. Para Estabel e Moro (2014, p. 1-2), são elas: 1. Física: material, natureza dos símbolos utilizados, tamanho, peso, apresentação, forma de produção, consulta direta ou com suporte, periodicidade, entre outros. 2. Intelectual: objetivo, grau de elaboração, conteúdo, assunto, tipo de autor, fonte, forma de disseminação, acessibilidade, originalidade, entre outros. O Projeto “Sala de Leitura Interativa”, da E.E. Prof.ª Maria Ribeiro Guimarães Bueno, transformou a biblioteca em um ambiente vivo e interativo, despertando o interesse dos alunos pela leitura. “Biblioteca desperta o interesse dos alunos pela leitura em escola da rede”. Acesse o link e assista: https://www.youtube.com/watch?v=BqpQ_2IqDe0. A seguir, observe atentamente o quadro em que são apresentados alguns dos principais tipos de documentos de uma unidade possível de informações. Esta lista é proposta por Guinchat e Menou (1994). Por que é importante conhecer os tipos de documentos e as suas características? Saiba que o reconhecimento dessas informações auxilia os profissionais da biblioteca na identificação, no tratamento e na organização adequada dos documentos disponíveis. Isso impacta nas atividades de acesso, uso e, também, nas atividades de produção da informação. Um desafio para você: quando você escuta a palavra documento em associação com “tipos”, o que vem a sua mente? Quais documentos você lembrou que circulam em uma biblioteca? Pensou? Então, verifique no quadro a seguir alguns exemplos de documentos e reflita sobre quais você lembrou no desafio e quais você não referenciou. 23 Princípios Fundamentais De Classificação, Indexação EPrincípios Fundamentais De Classificação, Indexação E Catalogação De DocumentosCatalogação De Documentos Capítulo 1 QUADRO 2 – EXEMPLOS DE DOCUMENTOS Documento Características Atas Relatórios das comunicações científicas apresentadas a um congresso. Almanaque Anuários ou publicações baseados em um calendário. Anais Obra que apresenta acontecimentos em ordem cronológica anual ou títulos de revistas, recensões periódicas e fatos. Anuário Antologia que apresenta informações que variam de um ano a outro, publi- cada na periodicidade ano a ano. Arquivos Conjunto de documentos, contendo datas de publicação, forma e suporte, material diversificado, elaborados e recebidos por um órgão público ou pri- vado, em função de sua atividade, organizados e conservados permanen- temente em função de uma determinada atividade. Atlas Coletânea de mapas geográficos, quadros ou planos. Boletim de resumos Publicação periódica formada por uma série de títulos com resumos e ge- ralmente apresentada por assunto. Boletins de informa- ções (newsletter) Determinadas publicações periódicas que difundem as atividades de uma associação ou de uma administração. Coleção Conjunto de unidades bibliográficas reunidas sob um título comum, com duração limitada. Comunicação Exposição oral ou escrita elaborada a uma instituição científica. Dissertação Conjunto de trabalhos apresentados a uma faculdade ou universidade com o objetivo de aprovação em grau de pós-graduação stricto sensu, no mes- trado. Documento Conjunto de suporte de informação e dos dados registrados que podem servir para consulta, estudo ou prova documental. Segundo a NBR 6023: “Qualquer suporte que contenha informação registrada, formando uma uni- dade, que possa servir para consulta, estudo ou prova. Inclui impressos, manuscritos, registros audiovisuais, sonoros, magnéticos e eletrônicos, en- tre outros” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002, p. 2). Estampa Imagem impressa (depois de ter sido gravada em madeira, metal, pedra etc.) ou ilustração de uma obra independente do texto e não paginada. Fascículo Edição ou caderno de uma obra ou de um períódico publicado em partes. Fita de vídeoFita sonora e visual que pode ser projetada na tela de televisão ou de cine- ma, servindo também para o registro de imagens e de som. Folha solta Recortes de jornais, revista ou outra matéria de interesse, montada em folha, contendo ao alto, no centro, o cabeçalho de assunto que identifica o conteúdo da informação e, à direita, a indicação da fonte de onde foi retira- da a matéria, isto é, a referência, com a respectiva data. Folheto Documento com pequeno número de páginas que constitui uma unidade bibliográfica. Gráfico Representação gráfica de qualquer espécie de fenômeno. Guia Obra contendo informações úteis sobre um determinado assunto. Ilustração Gravura ou desenho em um livro, periódico ou texto. 24 Classificação, indexação e catalogação de documentos Imagem Representação gráfica ou plástica de informações. Inclui filmes, videocas- setes, DVDs, entre outros. In Folio Folha ou página de formato maior que o livro onde está inserida e que deve ser desdobrada para consulta, ou documento formado de uma única folha dobrável várias vezes para seu uso. Jornal Publicação com periodicidade curta (diária, semanal, quinzenal etc.). Livro Conjunto de folhas e cadernos impressos e reunidos em um volume enca- dernado ou sob formato de brochura. Manuscrito Documento escrito ou copiado manualmente. Maquete Reprodução, em escala reduzida, de um aparelho, máquina, decoração ou obra de arte. Marca de fábrica Signo ou símbolo que serve para distinguir os produtos ou os serviços de uma empresa. Miscelânea Publicação formada por diversas obras reunidas e editadas em conjunto. Monografia Obra de um ou vários volumes simultâneos em um período de tempo pre- determinado condizente com um plano que forma uma unidade. Segundo a NBR 6023: “Item não seriado, isto é, item completo, constituído de uma só parte, ou que se pretende completar em um número preestabelecido de partes separadas” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002, p. 2). Nomenclatura Conjunto de termos utilizados em uma ciência, técnica ou arte classificados metodologicamente, ou uma lista metódica dos elementos de uma coleção. Patente Título de propriedade industrial, identificado por um número oficial que pro- tege, durante um determinado tempo, uma invenção ou criação descrita nos seus detalhes, na proporção das reivindicações que apresenta. Periódico Publicação de múltipla autoria, vinculada em intervalos e/ou períodos regu- lares, delimitados anteriormente, em formato de fascículos que apresentam geralmente um sumário e se encadeiam de forma cronológica e numéri- ca durante um período de tempo não delimitado. Segundo a NBR 6023: “Publicação em qualquer tipo de suporte, editada em unidades físicas su- cessivas, com designações numéricas e/ou cronológicas e destinada a ser continuada indefinidamente” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002, p. 2). Outra definição: série de documentos publicados em intervalos regulares e definidos, sendo que cada número (fascículo) contém normalmente artigos separados, histórias e outros escritos. Preprint Cópia de uma comunicação, editada antes da publicação definitiva do con- junto, com distribuição de números limitados. Publicação em folhas soltas Publicações cuja organização permite a inclusão ou a substituição de pági- nas de atualização ou de suplementos. Publicação oficial Qualquer texto publicado em formato de volume, brochura ou periódico, produzido por um governo (federal, estadual ou municipal), por uma socie- dade governamental ou por uma organização internacional. 25 Princípios Fundamentais De Classificação, Indexação EPrincípios Fundamentais De Classificação, Indexação E Catalogação De DocumentosCatalogação De Documentos Capítulo 1 Publicação seriada Publicação com duração não limitada a priori com periodicidade irregular e geralmente publicada por uma coletividade. Recensão Relação, exposição ou relatório sobre um acontecimento ou uma análise crítica de uma obra. Relatório Documento que contém o resultado descritivo de uma pesquisa ou de um estudo ou um documento que apresenta a descrição das atividades de um organismo durante um período determinado. Resumo Resultado da redução e/ou síntese de uma obra escrita ou oral a seus pontos essenciais. Separata Exemplar de um artigo da mesma forma que foi publicado em um periódi- co. Segundo a NBR 6023: “Publicação de parte de um trabalho (artigo de periódico, capítulo de livro, colaborações em coletâneas etc.), mantendo exatamente as mesmas características tipográficas e de formatação de obra original, que recebe uma capa, com as respectivas informações que a vinculam ao todo, e a expressão ‘Separata de’ em evidência” (ASSOCIA- ÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002, p. 2). Sinopse Resumo breve de uma obra, geralmente elaborado pelo seu autor. Espécime Exemplar, fascículo ou folheto publicitário. Suplemento Segundo a NBR 6023: “Documento que se adiciona a outro para ampliá-lo ou aperfeiçoá-lo, sendo sua relação com aquele apenas editorial e não fí- sica, podendo ser editado com periodicidade e/ou numeração progressiva” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002, p. 2). Tese Conjunto de trabalhos apresentados a uma faculdade ou universidade com o objetivo de aprovação em grau de pós-graduação stricto sensu no âmbito de doutorado. Volume Unidade material que reúne, em uma mesma capa, um determinado núme- ro de elementos, como folhas, cadernos, entre outros, que formam um todo ou que fazem parte de um todo. FONTE: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2002); Guinchat e Menou (1994 apud ESTABEL; MORO, 2014, p. 3-6) Exaustiva a lista, não é mesmo? No entanto, esse é o passo fundamental para a gestão eficiente de informação. A classificação dos documentos é imprescindível para a indexação e a catalogação de documentos. Evidentemente que não serão todas as bibliotecas que contam com um acervo que disponha de todos os documentos listados para acesso. Há variedade de acervo e depende do contexto da biblioteca. Ela pode ser de uma escola pública, uma escola da rede privada, uma Universidade, uma faculdade, um museu, uma empresa etc. e, de acordo com esse contexto, os documentos que ali se farão presentes serão variáveis. Em algumas você encontrará monografias e teses e em outras não. Tudo bem? 26 Classificação, indexação e catalogação de documentos Lembre-se de que esses documentos que foram listados e os livros, também, podem ser encontrados em meio eletrônico e digital. Desta forma, também são integrantes dos acervos das bibliotecas de acordo com o contexto em que ela estiver inserida, ou seja, de acordo com as exigências dos usuários e conforme a comunidade em que a biblioteca se encontra. O importante é ampliar o seu conhecimento sobre os tipos de documentos para trabalhar com a organização deles de forma adequada. Assim, após a identificação dos tipos de documentos, convidamos você a refletir sobre as próximas ações: classificação, indexação e catalogação de documentos. Você sabia que o Conselho Nacional de Arquivos (Conarq) classifica eletrônico e digital de forma diferenciada? Isso mesmo, para o Conarq: • Documento eletrônico: informação registrada, codificada em forma analógica ou em dígitos binários, acessível e interpretável por meio de um equipamento eletrônico. • Documento digital: informação registrada, codificada em dígitos binários, acessível e interpretável por meio de sistema computacional (BRASIL, 2010). 1 De acordo com Estabel e Moro (2014, p. 98), “o profissional de Biblioteconomia tem, entre outras atribuições, a de promover a leitura. Assim, é necessário que tenha conhecimentos básicos acerca dos diferentes gêneros e subgêneros literários, bem como dos mais importantes autores da literatura, desde os clássicos até textos contemporâneos. No Brasil, a atenção deve se concentrar nas publicações de literatura brasileira,regional (de seu Estado) e de literatura geral. Também é necessária especial atenção a best-sellers internacionais e a textos e artigos de periódicos. Os profissionais que leem obras literárias e possuem boa cultura geral estarão mais preparados para conversar com os usuários sobre diferentes temas, bem como indicar leituras relevantes para sua formação ou mesmo seu entretenimento”. 27 Princípios Fundamentais De Classificação, Indexação EPrincípios Fundamentais De Classificação, Indexação E Catalogação De DocumentosCatalogação De Documentos Capítulo 1 Considere a reflexão proposta pelas autoras e liste as últimas leituras (neste último ano) que você desenvolveu, na íntegra: • Gêneros e subgêneros literários. • Dos clássicos até textos contemporâneos. • Literatura nacional. • Literatura regional. • Literatura geral. • Best-sellers internacionais. • Textos e artigos de periódicos. R.:____________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3.2 CLASSIFICAÇÃO Para iniciar esta etapa tenha em mente que o processamento considerado como técnico do acervo da biblioteca é realizado por dois diferentes tipos de serviço: a catalogação e a classificação. O objetivo dessas ações é o de descrever, classificar e possibilitar a localização na biblioteca de documentos que compõem o acervo. Acervo de biblioteca: Acervo é o conjunto dos documentos que compõem o patrimônio da biblioteca. Todo documento organizado e armazenado na biblioteca faz parte do acervo, por isso denomina-se assim o conjunto de obras ou de documentos que são formalmente apropriados por esta biblioteca. São considerados organismos vivos e podem ser de diferentes tipos e formatos ou suportes físicos (ESTABEL; MORO, 2014, p. 15). 28 Classificação, indexação e catalogação de documentos De acordo com Rocha (2010, p. 18), “atualmente, a catalogação é conhecida como representação descritiva e a classificação como representação descritiva que se baseia no estudo do livro, na preparação e organização das representações de mensagens, em que descreve o tema, o assunto, ou seja, aquilo de que trata a obra”. Assim, de acordo com Estabel e Moro (2014, p. 15): O processo básico para a formação, o desenvolvimento e a identificação da coleção da biblioteca, bem como para a promoção de seu acesso e uso pela comunidade, pode ser caracterizado pelos seguintes procedimentos: • Seleção. • Descarte. • Aquisição – compra, doação ou permuta. • Registro. • Catalogação. • Classificação. • Elaboração de entradas catalográficas. • Preparação das obras para circulação – colagem de bolso e de etiqueta. • Inserção da ficha de circulação no bolso da obra. • Colagem de etiquetas coloridas na lombada. • Guarda das obras nas estantes de acordo com o número de chamada registrado na etiqueta de lombada, bem como da fita colorida. Nesta etapa da leitura, o foco é tratar de classificação. Em seguida, serão tratadas a indexação e a catalogação. Com relação à classificação, você poderá encontrar em acervos menores a classificação por tema e por sobrenome de autor, por exemplo, mas em bibliotecas maiores, com um acervo mais amplo, o método de classificação será mais objetivo, com linguagens específicas de classificação, sendo a Classificação Decimal de Dewey (CDD) e a Classificação Decimal Universal (CDU) as mais utilizadas. No Capítulo 3, essas classificações serão trabalhadas com mais atenção. Nesta etapa, trata-se de uma apresentação mais genérica sobre classificação. Resumidamente, a classificação se inicia com a apropriação do documento, que é técnica, ou seja, a partir dela é possível destacar elementos essenciais. São eles: título, sumário e parte de destaque do corpo da obra. Essas informações possibilitam a identificação inicial da área de conhecimento em que a obra fará parte. Nesta etapa de reconhecimento, deve ser observada a autoria da obra: pessoal ou de entidade. Classificação como representação descritiva que se baseia no estudo do livro, na preparação e organização das representações de mensagens, em que descreve o tema, o assunto, ou seja, aquilo de que trata a obra. 29 Princípios Fundamentais De Classificação, Indexação EPrincípios Fundamentais De Classificação, Indexação E Catalogação De DocumentosCatalogação De Documentos Capítulo 1 QUADRO 3 – EXEMPLOS DE OBRAS Exemplo de obra pessoal Ferreira, Armindo Ribeiro. Biblioteca no ambiente escolar: comunicação, dinâmicas, organização e estratégias de atendimento / Armindo Ribeiro Ferreira. São Paulo: Érica, 2015. Exemplo de obra de entidade NOME DA ENTIDADE POR EXTENSO. Título. Local de publicação, ano de publicação. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MARKETING DIRETO. Anuário brasileiro de marketing direto. São Paulo, 2010. FONTE: A autora Depois dessa análise inicial, o responsável partirá para a elaboração do número de chamada e a definição da codificação do assunto principal, entre outros passos, de acordo com o protocolo da biblioteca. Considere, no entanto, que indicar o(s) assunto(s) principal(is) da obra é etapa fundamental do processo de classificação, pois o assunto principal é o que marca os fundamentos dela. Para Estabel e Moro (2014, p. 26), “o documento sob as suas diferentes formas de apresentação (livro, revista, filme, música gravada, pintura, escultura) traz implícita uma ideia ou uma mensagem que discorre sobre um tema, em campo vasto ou restrito de determinado assunto que abrange a análise temática da obra”. Assim, a análise possibilitará que na reunião dos acervos, as bibliotecas definam as estratégias, as ferramentas e os procedimentos que serão aplicados na organização dos documentos, contemplando as diferentes formas de apresentação dos materiais. Esta é que pertence a uma etapa de planejamento, possibilita a implantação de um sistema de catálogo bem definido, indicando o modo de ordenação das unidades da coleção nos respectivos locais de armazenamento. Da mesma forma, o recurso escolhido para localizar e recuperar cada uma das unidades terá como resultado “um conjunto de práticas que serão adotadas, tendo como base os denominados padrões bibliográficos, para representar conhecimento ou o assunto contido nos documentos do acervo, bem como descrever as características do documento a partir de sua materialidade” (ESTABEL; MORO, 2014, p. 26). Por fim, o resultado da organização e execução desse processo estará relacionado com a obtenção dos seguintes elementos: • As entradas catalográficas, que constituirão o catálogo manual (fichas) ou informatizado (base de dados bibliográficos). • O sistema de ordenação do acervo (fixo ou relativo). • A sinalização cromática das coleções e dos locais de armazenamento. 30 Classificação, indexação e catalogação de documentos • A identificação única para cada uma das unidades de informação do acervo, por meio do número de chamada ou localizador (ESTABEL; MORO, 2014, p. 26). Para finalizar este tópico, considere para a sua prática que, além do tipo de classificação, uma sugestão é acrescentar a ela a codificação cromática, assim você amplia a forma de planejar o acervo, de forma a facilitar o armazenamento e a busca pelas informações. Lembre-se de que o desafio desse processo é possibilitar aos usuários a localização na biblioteca, ou seja, a busca e o contato com o assunto pesquisado com um elevado grau de autonomia de pesquisa. Com a finalidade de identificar os materiais nos espaços das bibliotecas e facilitar o acesso aos assuntos, é necessária uma classificação que acontece mediante a organização “douniverso de conhecimentos em uma ordem sistemática” (ESTABEL; MORO, 2014, p. 27). Por exemplo, cada tema pode ser apresentado por um símbolo que está presente na lombada do livro (do material do acervo), facilitando a busca e o acesso. Portanto, considere que a classificação do acervo de bibliotecas, no contexto de uma gestão eficaz da informação, apresenta as seguintes vantagens: • Localização simplificada dos livros. • Organização produtiva dos espaços. • Retirada para consulta e empréstimo com mais rapidez, eficiência e segurança. • Devolução dos materiais à coleção com facilidade. • Inserção de novos materiais na coleção, sem afetar a ordem lógica. • Reunir ou agrupar livros semelhantes em várias línguas e edições. 3.3 INDEXAÇÃO E CATALOGAÇÃO Agora, trataremos de outro conceito, o de indexação. Esta é uma atividade, basicamente, de atribuição de certos termos, os quais são utilizados para descrever determinado documento. Para isso, são utilizados vocabulário controlado e/ou lista de descritores, tesauro e, também, o próprio plano de classificação utilizado pela biblioteca. 31 Princípios Fundamentais De Classificação, Indexação EPrincípios Fundamentais De Classificação, Indexação E Catalogação De DocumentosCatalogação De Documentos Capítulo 1 FIGURA 8 – INDEXAÇÃO E CATALOGAÇÃO FONTE: <https://br.freepik.com/fotos-premium/armarios-de-indice-em-uma- biblioteca-feita-de-madeira_2926140.htm#query=cat%C3%A1logo%20 livros&position=11>. Acesso em: 7 abr. 2020. Tesauro: Tesauros são vocabulários controlados formados por termos-descritores semanticamente relacionados, e atuam como instrumentos de controle terminológico. Os tesauros podem estar estruturados hierarquicamente (gênero-espécie e todo-parte) e associativamente (aproximação semântica), e são utilizados principalmente para indexar e recuperar informações por meio de seu conteúdo (SALES; CAFÉ, 2009, p. 102). De que forma é feita a seleção dos termos? Normalmente, essa seleção é realizada com base em: • Etapa inicial: é realizada a separação dos tipos de documentos, em cada grupo são reunidos documentos que apresentam características comuns, por exemplo, natureza do conteúdo ou técnica de registro. Você se lembra do tópico anterior sobre tipos de documentos? Lembra que foi apresentada uma lista longa de tipos de documentos e suas respectivas características? Agora, aquele conhecimento inicial volta a ser necessário para o processo de indexação. 32 Classificação, indexação e catalogação de documentos • Título ou cabeçalho do documento: algumas palavras podem ser retiradas para indexação do documento. • Assunto do documento: por exemplo, ele pode apresentar palavras-chave ou termos compostos que já representam o conteúdo do documento, facilitando a indexação. Esta é a principal etapa de análise, considerando o contexto das bibliotecas. • Datas que estejam associadas com as movimentações e que estejam registradas no documento. • Documentação anexa: caso o documento a tenha, pois nos anexos também há informações que contribuem para a construção do vocabulário específico. Considere que a indexação tem um grande objetivo, o qual estabelece relação direta com a gestão eficiente da informação no espaço das bibliotecas: ampliar as possibilidades de busca e facilitar a recuperação da informação. Isso pode ser feito de forma manual, mas, atualmente, a busca automática (informatizada) tem facilitado essa atividade. Para ampliar o entendimento do conceito, observe o que apresentam as autoras Fujita, Boccato e Rubi (2010, p. 26) sobre a definição do conceito de indexação a partir da visita a alguns autores consagrados no campo: O termo indexação (indexing) pertence à corrente teórica inglesa e, de acordo com os “Princípios de indexação” do World Scientific Information Programme (UNISIST 1981, p. 84) é “[...] a ação de descrever e identificar um documento de acordo com seu assunto”. Para Chaumier (1988, p. 63) “[...] a indexação é a parte mais importante da análise documentária. Consequentemente, é ela que condiciona o valor de um sistema documentário”. De acordo com Pinto Molina (1993, p. 208), a indexação “[...] é a técnica de caracterizar o conteúdo de um documento [...] retendo as ideias mais representativas para vinculá-las a termos de indexação adequados”. Lancaster (2004, p. 1) explica que “[...] os processos de indexação identificam o assunto que trata o documento [...]” e eles implicam “[...] a preparação de uma representação do conteúdo temático dos documentos”. Portanto, é possível inferir das afirmações dos diferentes autores, com as suas definições específicas sobre o que é indexação, que ela representa a prática de descrever e identificar um documento de acordo com o assunto que ele apresenta. Esta é a parte mais importante da análise documentária, pois condicionará o valor do sistema; isso implica a preparação de uma representação do conteúdo dos documentos, ou seja, quando os usuários acessarem a biblioteca, utilizarão termos para a realização da busca. Logo, de acordo com 33 Princípios Fundamentais De Classificação, Indexação EPrincípios Fundamentais De Classificação, Indexação E Catalogação De DocumentosCatalogação De Documentos Capítulo 1 o vocabulário construído, determinado documento fará parte da busca e estará de acordo com a pesquisa realizada. Caso essa prática não seja feita de forma adequada, ou seja, os termos não forem selecionados corretamente, o documento pode não ser revisitado ou pode ter uma associação não adequada com outros materiais. Agora, quando o conjunto de termos é construído de forma satisfatória, a recuperabilidade do documento é ampliada. Na prática, o indexador é o responsável por identificar nos documentos conceitos que podem ser extraídos, os quais são traduzidos para termos de instrumentos de indexação: tesauros, listas de cabeçalhos de assunto, esquemas de classificação, entre outros. Para isso, o indexador seleciona um instrumento de indexação e registra os dados, ou seja, os termos selecionados para a identificação do documento. Esses termos facilitarão a recuperação de informação. Para isso, o indexador deve conhecer as linguagens de indexação, uma vez que fará a “tradução” dos termos apresentados pelos autores para a linguagem de indexação. Saiba que a linguagem dos materiais é variável e está relacionada com aspectos subjetivos, ou seja, depende das escolhas dos autores. Agora, para a indexação é utilizado um conjunto de termos padronizados. A função dessa ação é compatibilizar a linguagem utilizada pelos usuários e entre várias instituições. Serve, desta forma, de instrumento para indexação e, também, para indexadores que deverão realizar o tratamento temático da informação, ampliando as estratégias de busca em diferentes espaços de consulta, por exemplo, entre instituições diferentes. Indexação é a ação de extração de termos representativos para referência ou buscas futuras. Observe a tabela a seguir: 34 Classificação, indexação e catalogação de documentos TABELA 1 – AS ETAPAS DA INDEXAÇÃO FONTE: Fujita et al. (2009, p. 25) Apropriado do conceito de indexação, o próximo passo é entender como realizar na prática essa atividade. Para Rubi (2008, p. 117), há seis perguntas norteadoras para o trabalho do indexador, são elas: 1. O assunto contém uma ação (podendo significar uma operação, um processo etc.)? 2. O documento possui em seu contexto um objeto sob efeito desta ação? 2.1 o objeto identificado pode ser considerado como parte de uma totalidade? 2.2 o objeto identificado possui características ou atributos particulares? 3. O documento possui um agente que praticou esta ação? 4. Para estudo do objeto ou implementação da ação, o documento cita e/ou descreve modos específicos, por exemplo: instrumentos especiais, técnicas, métodos, materiais e equipamentos? 5. A ação, objeto e agente são consideradosno contexto de um lugar específico ou ambiente? 6. Considerando que a ação e o objeto identificam uma causa, qual é o efeito desta causa? Após a reflexão sobre indexação, você será convidado para refletir sobre catalogação de documentos, mas este tópico segue em conjunto com o de indexação, pois as duas práticas, para muitos autores, se aproximam e podem ser confundidas. A proposta é seguir refletindo sobre as duas, em paralelo, para aproximá-las e distanciá-las, também, com o objetivo de entender quais as especificidades de cada uma delas. 35 Princípios Fundamentais De Classificação, Indexação EPrincípios Fundamentais De Classificação, Indexação E Catalogação De DocumentosCatalogação De Documentos Capítulo 1 De acordo com Rubi e Fujita (2010, p. 121), “o tratamento descritivo refere- se propriamente à catalogação, ou seja, à representação descritiva da forma física do documento (autor, título, edição, casa publicadora, data, número de páginas etc.)”. Na continuação, as autoras defendem que o tratamento temático, em bibliotecas, diz respeito ao assunto tratado no documento, ou seja, compreende a análise documentária como área teórica e metodológica, que abrange as atividades de classificação, elaboração de resumos, indexação e catalogação de assunto, considerando as diferentes finalidades de recuperação da informação. Esta segunda etapa trata-se de indexação. Passível, então, de diferenciar catalogação de indexação da seguinte forma: a primeira está concentrada na atividade de descrição “física” do documento (autor, título, edição etc.), a segunda atividade, a de indexação, pressupõe apropriação do conteúdo do documento para posterior construção de um conjunto de palavras específicas que permitirão acesso futuro ao documento, portanto, o tratamento nesta atividade é temático. Considere, portanto, que a indexação está relacionada à identificação do conteúdo do documento, por meio do processo de análise de assunto, e a sua representação por meio de conceitos, os quais serão representados ou traduzidos em termos advindos de uma linguagem documentária, com vistas à intermediação entre o documento e o usuário no momento da recuperação da informação, seja em índices, catálogos ou bases de dados. É a forma de possibilitar a recuperabilidade do documento em bases de dados. Em paralelo, “o termo “catalogação de assunto” (subject cataloguing) traz a influência norte-americana e remonta a Cutter (1904), que atribui a sua obra Rules for a dictionary catalog, o objetivo de estabelecer regras para a formação de cabeçalhos alfabéticos de assuntos, que formariam catálogos alfabéticos de assunto” (RUBI; FUJITA, 2010, p. 123). Os objetivos da catalogação estariam associados à permissão ao usuário do catálogo em encontrar um documento específico sobre um assunto indicado por ele e descrito no catálogo. Da mesma forma seriam associados a essa entrada de conceitos outros documentos sobre o mesmo assunto ou temas relacionados. A catalogação de assuntos está relacionada com a realização de cabeçalhos de assunto, os quais representam o conteúdo de forma simplificada, constituindo os catálogos de bibliotecas. A indexação, por sua vez, está relacionada à construção de um vocabulário específico para acesso a determinados materiais. Esse vocabulário é traduzido de tal forma que o acesso é compartilhado, ou seja, não apenas os usuários daquela biblioteca, daquele acervo, podem realizar a busca. Existe um intercâmbio entre 36 Classificação, indexação e catalogação de documentos instituições, assim a linguagem utilizada é padronizada e amplia o acesso à informação, ou seja, um usuário brasileiro pode acessar uma biblioteca digital de uma instituição da Europa (que possibilite o acesso ao acervo, evidentemente), por exemplo, e utilizar certos termos para encontrar documentos que ampliarão a sua leitura. De acordo com Rubi e Fujita (2010, p. 125), um ponto importante para a diferenciação entre as duas atividades está na “utilização de diferentes linguagens documentárias e seus resultados”, ou seja, “lista de cabeçalho de assunto para catalogação de assunto e tesauros para indexação, os dois processos terão como produto final, respectivamente, o índice e o catálogo de assunto”. Na gestão das bibliotecas, o termo catalogação é mais usual e descreve o trabalho de representar os documentos descrevendo os seus aspectos físicos (descrição do documento) e aspectos de conteúdo (catalogação por assunto). Os livros nas bibliotecas escolares, por exemplo, são submetidos muito mais à atividade de catalogação do que de indexação. A atividade de indexação está mais relacionada a bibliotecas universitárias, em que o grau de complexidade e o volume de documentos são mais amplos. O processo de catalogação identifica no documento: autores, títulos, fontes e outros elementos bibliográficos. O processo de indexação identifica aspectos diretos sobre o assunto tratado no documento. Foskett (1996 apud RUBI; FUJITA, 2010, p. 126) apresenta semelhanças e diferenças entre os processos de indexação e de catalogação. Observe: • Semelhanças: indexação e catalogação têm os mesmos objetivos gerais – identificar o item e fornecer acesso a ele por meio de várias abordagens, incluindo o assunto. • Diferenças: na catalogação do livro, reúne a descrição física e o seu conteúdo, é tratado no todo e os assuntos são fornecidos em uma escala limitada (um número de classificação para arranjo nas estantes e um ou dois cabeçalhos de assunto para acesso por meio do catálogo). Já na indexação de outros materiais a tendência é o detalhamento, em que há maior generosidade no fornecimento de termos para o acesso por assunto. 37 Princípios Fundamentais De Classificação, Indexação EPrincípios Fundamentais De Classificação, Indexação E Catalogação De DocumentosCatalogação De Documentos Capítulo 1 A partir desta reflexão é permitido inferir que a catalogação de assunto está mais relacionada com a prática em bibliotecas, enquanto que a indexação está mais relacionada com sistemas de informação mais complexos, os quais direcionam a ação para a construção de bases de dados com índices compartilhados. Entretanto, saiba que as duas práticas, em certo ponto, se interligam, pois a indexação contribui para a elaboração de catálogos, sobretudo em bibliotecas universitárias. Pense nisso! Por fim, lembre-se de que todas essas ações pressupõem objetos comuns: desenvolvimento educacional, compartilhamento de saberes, gestão da informação e acesso amplo à informação. Para gestores de bibliotecas é importante frisar que as funções da biblioteca estão relacionadas com armazenagem, organização e acesso à informação. Para Rubi e Fujita (2010, p. 127): Essas três funções estão presentes em toda a evolução do processo de socialização do conhecimento realizado pela universidade [considere todas as bibliotecas] ao longo do tempo, ainda que se considere a permanente mudança dos formatos documentários para registro do conhecimento e seu modo de acesso, como os catálogos. 1 Descreva as semelhanças e as diferenças entre catalogação e indexação. R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ALGUMAS CONSIDERAÇÕES De acordo com o que foi aprendido até agora, podemos destacar que, com o uso do papel e com o surgimento da imprensa, o volume de produção de informação mudou consideravelmente. Atualmente, com as novas tecnologias da informação e da comunicação, esse volume se torna mais significativo ainda. Com isso, passou-se a exigir uma gestão eficiente de documentos, tanto para que eles sejam organizados e armazenados de forma correta quanto para que possam ser recuperadose acessados de acordo com a necessidade do usuário. Inclusive, as novas tecnologias ampliam os acervos virtuais e maximizam as 38 Classificação, indexação e catalogação de documentos trocas de informações entre diferentes usuários e diferentes instituições. Para finalizar, consideramos importante destacar que o espaço da biblioteca exige de gestores, bibliotecários e técnicos a execução do conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes ao trato dos documentos, seguindo as orientações para classificação, indexação e catalogação para ampliar as trocas entre instituições, de acordo com a AACR2 (Código de catalogação Anglo-Americano). Caro acadêmico, de acordo com o que vimos até aqui, percebemos que a questão que emerge dessa reflexão está relacionada com a possibilidade de assegurar a qualidade no processo de recuperação da informação, ou seja, toda vez que o usuário da biblioteca desejar realizar uma consulta direta e, também, periférica, ou seja, de materiais correlatos, ele encontrará o que busca, tendo, desta forma, uma experiência positiva no espaço da biblioteca, que pode ser, inclusive, virtual. O trabalho do profissional que realiza (ou orienta) a classificação, a indexação e a catalogação está diretamente relacionado com a possibilidade de recuperação dos documentos por assuntos com especificidade e precisão. Isso é um desafio e com a prática e o conhecimento essa atividade pode ser conduzida de forma correta. O desafio para o futuro é o de que as bibliotecas contenham sistemas e organizem equipes que compartilhem decisões direcionadas para a qualidade e a consistência da indexação para a recuperação de documentos em cada pesquisa do usuário. Para isso, a ação deve ser pautada em metodologias de construção de catálogos que sejam eficientes e construídos de forma compartilhada para a produção de bases de dados que sejam referenciais. Reflita sobre essas questões e analise as suas práticas e as possíveis contribuições que você pode levar para o seu contexto de atuação. REFERÊNCIAS ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação – referências – elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002. ARRUDA, J. J. de A. História antiga e medieval. São Paulo: Ática, 1979. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CELULOSE E PAPEL. Conjuntura Bracelpa n. 53. 2013. Disponível em: https://www.yumpu.com/pt/document/read/36402536/ confira-os-nameros-no-boletim-conjuntura-bracelpa-ed-53. Acesso em: 7 abr. 2020. 39 Princípios Fundamentais De Classificação, Indexação EPrincípios Fundamentais De Classificação, Indexação E Catalogação De DocumentosCatalogação De Documentos Capítulo 1 BRASIL. Conarq: perguntas mais frequentes. Brasília: Ministério da Justiça e Segurança Pública, 2010. Disponível em: http://conarq.gov.br/documentos- eletronicos-ctde/perguntas-mais-frequentes.html. Acesso em: 14 jul. 2020. CASSARES, N. C. Como fazer conservação preventiva em arquivos e bibliotecas. São Paulo: Arquivo do Estado; Imprensa Oficial, 2000. CUTTER, C. A. Rules for a dictionary catalog. 4. ed. Washington: Government Printing Office, 1904. ESTABEL, L. B.; MORO, E. L. da S. (org.). Biblioteconomia. Porto Alegre: Penso, 2014. FEBAB. Código de catalogação anglo-americano. São Paulo: FEBAB; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. FOSKETT, A. C. The subject approach to information. 5. ed. London: Library Association Publishing, 1996. FUJITA, M. S. L.; BOCCATO, V. R. C.; RUBI, M. 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CAPÍTULO 2 Localização De Documentos: Princípios E Parâmetros A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: • Aprender sobre ficha catalográfica, o que é e quais são os elementos que a compõem; descrição bibliográfica; orientação e técnicas de catalogação; organização e gestão de materiais. • Identificar e desenvolver fichas catalográficas de forma assertiva. • Reconhecer e desenvolver estratégias de organização de materiais. 42 Classificação, indexação e catalogação de documentos 43 Localização De Documentos: Princípios E ParâmetrosLocalização De Documentos: Princípios E Parâmetros Capítulo 2 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Para uma organização eficiente de materiais, considerando o espaço da biblioteca e das salas de leitura, faz-se importante que você se aproprie dos saberes relacionados à elaboração de fichas catalográficas e catálogos. Desta forma, nesta etapa, convidamos você a ampliar o seu conhecimento sobre esses conceitos. Bons estudos! 2 CATÁLOGO E FICHA CATALOGRÁFICA Conforme explicam Fujita et al. (2009, p. 19), para a organização eficiente dos materiais: Podem ser utilizados os processos de indexação, catalogação de assunto, classificação e elaboração de resumos, que são considerados processos de sumarização da informação, dos quais se originam os índices, os catálogos de assunto, os números de classificação e os resumos que possibilitarão a recuperação da informação pertinente aos interesses dos usuários. Iniciaremos com a noção de catálogo. O catálogo representa um instrumento de pesquisa que é organizado segundocritérios temáticos, cronológicos, onomásticos ou toponímicos, reunindo a descrição individualizada de documentos pertencentes a um ou mais fundos, de forma sumária ou analítica. A toponímia, considerada como parte da onomástica, representa a ciência do léxico. Léxico: conjunto de palavras que configura uma determinada língua. Representa o acervo disponível que as pessoas utilizam para se comunicar. 44 Classificação, indexação e catalogação de documentos Catálogo é um instrumento utilizado para a localização específica de documentos. Os critérios para a sua elaboração podem seguir uma organização temática, cronológica, onomástica ou toponímica. Catálogos que utilizam critérios temáticos são elaborados de acordo com os temas das unidades documentais. Este tipo de catálogo apresenta uma seleção de materiais categorizados, por exemplo, pelos temas que são indicados nas pesquisas realizadas pelos usuários da biblioteca. Neste caso é realizado um tratamento temático do assunto, em que a finalidade é a recuperação do material conforme objetivos de busca do usuário. Veja na Figura 1 um exemplo deste tipo de catálogo. FIGURA 1 – CATÁLOGO TEMÁTICO DE LITERATURA INFANTIL E JUVENIL: ACERVO DA BIBLIOTECA DO COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UFRJ CAPA FONTE: <http://cap.biblioteca.ufrj.br/images/PDF/CATLOGO-DE-LISTAGEM- DE-OBRAS-POR-TEMA-2019.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2020. 45 Localização De Documentos: Princípios E ParâmetrosLocalização De Documentos: Princípios E Parâmetros Capítulo 2 FIGURA 2 – SUMÁRIO DO CATÁLOGO TEMÁTICO DE LITERATURA INFANTIL E JUVENIL: ACERVO DA BIBLIOTECA DO COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UFRJ FONTE: <http://cap.biblioteca.ufrj.br/images/PDF/CATLOGO-DE-LISTAGEM- DE-OBRAS-POR-TEMA-2019.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2020. Você pode observar que o sumário do catálogo temático apresenta títulos que destacam os temas encontrados em conjuntos de documentos, tais como: amizade, circo, família, profissões, sentimentos etc. Agora, observe uma página do catálogo, agora com a indicação do material de acordo com o tema escolhido, para isso, escolhemos o tema “educação financeira”. 46 Classificação, indexação e catalogação de documentos FIGURA 3 – CATÁLOGO TEMÁTICO DE LITERATURA INFANTIL E JUVENIL: ACERVO DA BIBLIOTECA DO COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UFRJ FONTE: <http://cap.biblioteca.ufrj.br/images/PDF/CATLOGO-DE-LISTAGEM- DE-OBRAS-POR-TEMA-2019.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2020. Com a utilização do catálogo por tema, a busca é mais direta no sentido de investigação sobre um determinado assunto. O usuário pode não reconhecer nenhum autor e nenhum documento de forma específica, mas ele deseja conhecer materiais e autores sobre um determinado tema. Logo, o caminho de pesquisa é traçado no sentido do tema para o documento. Caso a escolha de organização do catálogo seja feita por critérios cronológicos, a atividade se desenvolve de forma diferente. Nesta prática, devem ser analisados aspectos temporais do documento, como data de publicação, de forma que sejam organizados em uma lógica cronológica, a qual pode optar pela data mais recente e seguir o período de publicação até o mais remoto, ou, pode optar pela lógica contrária: com ponto de partida no material com data mais antiga até alcançar o período de publicação mais recente. Essa escolha cabe ao responsável pela gestão dos documentos, pois ele é o responsável por definir qual opção é mais adequada, de acordo com o tipo de documento. Vamos observar um exemplo de catálogo organizado de forma cronológica. 47 Localização De Documentos: Princípios E ParâmetrosLocalização De Documentos: Princípios E Parâmetros Capítulo 2 FIGURA 4 – CATÁLOGO TEMÁTICO DE LITERATURA INFANTIL E JUVENIL: ACERVO DA BIBLIOTECA DO COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UFRJ – CAPA FONTE: Faria (1979, p. 5) FIGURA 5 – CATÁLOGO TEMÁTICO DE LITERATURA INFANTIL E JUVENIL: ACERVO DA BIBLIOTECA DO COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UFRJ – PÁGINAS DE EXEMPLO FONTE: Faria (1979, p. 213) 48 Classificação, indexação e catalogação de documentos FIGURA 6 – CATÁLOGO TEMÁTICO DE LITERATURA INFANTIL E JUVENIL: ACERVO DA BIBLIOTECA DO COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UFRJ – PÁGINAS DE EXEMPLO FONTE: Faria (1979, p. 350) FIGURA 7 – CATÁLOGO TEMÁTICO DE LITERATURA INFANTIL E JUVENIL: ACERVO DA BIBLIOTECA DO COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UFRJ – PÁGINAS DE EXEMPLO FONTE: Faria (1979, p. 350) 49 Localização De Documentos: Princípios E ParâmetrosLocalização De Documentos: Princípios E Parâmetros Capítulo 2 Observe atentamente que o primeiro registro do catálogo corresponde a uma obra sem data. A escolha da bibliotecária responsável por organizar o material foi o de iniciar com as obras sem data para depois iniciar o registro dos documentos do período que inicia em 1641 e segue até 1689. Registre também a informação da forma de construção do catálogo, no sentido de informação que se faz presente. Faria (1979) optou pelo critério cronológico, pois ela considerou como o mais adequado para publicações deste tipo e inseriu um descritivo contendo a transcrição da página de rosto, tal como se apresenta, sem omitir qualquer particularidade tipográfica (traços, gravuras, entre outros). Para uniformização dos registros, foram omitidas as letras maiúsculas, sendo estas mantidas apenas na designação de cargos oficiais (FARIA, 1979). Na apresentação de cada documento/espécie, a ordem estabelecida foi a seguinte: raridade, edição, autoria, formato, partes em que a obra se divide, aspecto tipográfico; depois, segue a lista de bibliografia consultada, sumariamente referida e ordenada cronologicamente; por fim, são apresentadas as notas relativas ao exemplar, com todas as características que ele apresenta: pertences, manchas de umidade, rasgões, restauros, notas manuscritas, encadernação, entre outros. 1 Agora, um desafio para você! Encontre, no exemplo a seguir (FARIA, 1979, p. 37-39), as informações que foram indicadas nos parágrafos anteriores e que configuram o catálogo esquematizado pelo critério cronológico, indicando: obra, data, raridade, edição, autoria, formato, descritivo etc. 50 Classificação, indexação e catalogação de documentos Dica: você pode pesquisar na internet o catálogo proposto por Faria (1979) para facilitar a solução desse desafio. Caso a escolha não seja temática e também não seja cronológica, outra opção é organizar as espécies de acordo com critérios onomásticos. Este tipo de catálogo enfatiza o nome do autor. A partir de uma ordem alfabética são elaboradas fichas de autor individual ou institucional, de colaboradores, tradutores, organizadores e remissivas de autor (ROCHA, 2010). Pagani (2002), por exemplo, optou por organizar imagens fotográficas, identificadas em livros, no acervo da Biblioteca Apoio e Divulgação Cultural do Arquivo Público do Estado, de forma onomástica. A autora organizou um catálogo onomástico das imagens com o objetivo de compartilhar um instrumento de pesquisa capaz de atender às necessidades urgentes dos pesquisadores em reproduzir tais imagens, que geralmente vêm acompanhadas de biografias, que posteriormente poderão ser utilizadas para trabalhos acadêmicos, produções de vídeos, publicações de livros, periódicos, entre outros. 51 Localização De Documentos: Princípios E ParâmetrosLocalização De Documentos: Princípios E Parâmetros Capítulo 2 FIGURA 8 – CATÁLOGO ONOMÁSTICO DAS IMAGENS FOTOGRÁFICAS IDENTIFICADAS EM LIVROS NO ACERVO DA BIBLIOTECA APOIO E DIVULGAÇÃO CULTURAL FONTE: Pagani (2002, p. 15) FIGURA 9 – CATÁLOGO ONOMÁSTICO DAS IMAGENS FOTOGRÁFICAS IDENTIFICADAS EM LIVROS NO ACERVO DA BIBLIOTECA APOIO E DIVULGAÇÃO CULTURAL FONTE: Pagani (2002, p. 16) 52 Classificação, indexação e catalogação de documentos Observe que na primeira coluna – “onomástico” – está presente o nome do autor responsável pela imagem fotográfica encontrada em determinado
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