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Unidade III - As Funções Sociais da Religião

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Filosofia da Religião
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Valter Luiz Lara
Revisão Textual:
Profa. Ms. Alessandra Fabiana Cavalcanti
As Funções Sociais da Religião
• Introdução
• Sociologia da Religião
• Funções Sociais da Religião
• Formas de Organização Social e Modelos de Liderança na Religião
 · Aprender a pensar a religião como fenômeno humano condicionado pelas 
circunstâncias históricas e socioculturais;
 · Conhecer a religião pelo viés da sociologia, em especial da sociologia 
da religião;
 · Reconhecer as diferentes correntes e tendências sociológicas na abordagem 
do fenômeno religioso e o modo como cada uma entende as funções 
sociais, que cabe à religião no conjunto da sociedade.
 · Favorecer uma abordagem crítica da religião sob óticas distintas na forma 
de estabelecer a relação entre religião, indivíduo e sociedade.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Você está começando uma nova unidade de ensino cujo tema central é a dimensão 
sociológica da religião. Trata-se de uma unidade de caráter profundamente teórico, 
mas ao mesmo tempo aponta para um alto grau de referência ao que diz respeito à 
vida em seu nível mais prático e comportamental.
Leia com atenção o texto teórico e observe as diferentes formas de se compreender a 
sociedade, e veja o modo como se concebe a realidade social e como aquela interfere 
no modo como vemos, concebemos e praticamos a religião. O contrário também é ver-
dadeiro. O modo como praticamos e como concebemos a religião interfere no modo 
como vemos a sociedade e nos relacionamos socialmente com ela.
Religião e sociedade estão, definitivamente, juntas desde o nascimento de ambas, 
implicadas e comprometidas.
O objetivo mais importante dessa unidade é mostrar que a religião é um fenômeno 
humano, e como tal, é social e historicamente produzida. Isto significa que a fé reli-
giosa é sempre produto histórico de relações sociais que interferem no modo como 
nos relacionamos com as outras dimensões da vida, seja no trabalho, na escola, na 
arte, no lazer, no amor e no modo como pautamos a hierarquia de nossos valores.
Por isso, fique atento aos autores e busque informações complementares a respeito de-
les. Nesta unidade procuramos focar apenas três deles: Durkheim, Marx e Weber. São 
pensadores consideramos clássicos na produção do conhecimento sobre a sociedade. E 
o mais importante é que eles, ao se dedicarem ao estudo da realidade social, acabaram 
por razões desse primeiro interesse, tendo que investigar a natureza do fenômeno que 
está na origem da sociedade e continua presente em todas elas: a religião.
ORIENTAÇÕES
As Funções Sociais da Religião
UNIDADE As Funções Sociais da Religião
Contextualização
Você já deve ter ouvido alguém dizer: “Se Deus é o mesmo por que há tantas re-
ligiões e tantas igrejas”? O pressuposto dessa opinião é a concepção da diversidade 
e do pluralismo religioso, no mínimo, como coisas estranhas e equivocadas. O fato 
é que o mundo religioso tem se diversificado cada vez mais em virtude do acesso à 
informação e entre outras coisas, ao clima de maior liberdade que as pessoas e as 
famílias adotaram para escolher o rumo religioso que quer dar a si mesmas e a seus 
filhos, ainda que com muita resistência das gerações anteriores. O fenômeno se deve 
ao fato de que a religião como fenômeno humano foi aos poucos sendo afastada do 
espaço público. A lógica da produtividade e do consumo na sociedade laica da mo-
dernidade foi transformando a religião em assunto de interesse privado e de objeto 
de escolha meramente subjetiva. Acontece que a dimensão religiosa não parece obe-
decer a essa tendência, principalmente quando razões religiosas são alegadas para 
afirmar preconceitos, disputas e guerras entre grupos e povos. Do ponto de vista 
positivo, a religião ou a motivação religiosa, também, tem ocupado espaços públicos 
para a defesa de certos direitos e a afirmação de determinados valores e práticas.
O contexto, porém, da globalização do planeta e do avanço tecnológico tem 
permitido não só o acesso instantâneo à informação, como a comunicação direta 
e ao vivo com o outro lado do mundo a qualquer momento. A comunicação online, 
as redes sociais estão provocando uma verdadeira revolução nos relacionamentos 
humanos. Os aparelhos celulares, os tabletes, os notebooks e outros equipamentos 
do mercado da informação digital ocupam o espaço e o tempo das pessoas, tanto 
no trabalho como nas horas vagas. A difusão de imagens, sons e ideias propagam 
valores e novos símbolos e, nesse contexto, o lugar da religião no espaço público 
também se altera. Veja o que afirma o filósofo Manfredo Araújo de Oliveira sobre 
esse fenômeno em seu livro A religião na sociedade urbana e pluralista1:
A grande novidade aqui é a possibilidade de transmissão dos conteúdos 
simbólicos a sujeitos distantes no espaço e no tempo, o que justifica para 
alguns a afirmação de que o complexo midiático-cultural assume hoje 
funções de igreja no campo cultural. [...] Um dos efeitos importantes 
desse processo é o fato de que atualmente os indivíduos das múltiplas 
culturas se defrontam com diversas visões da vida humana, com 
uma multiplicidade enorme de propostas de sentido, de crenças e de 
interpretações da realidade em seu todo e do lugar do ser humano no 
mundo (OLIVEIRA, 2013, p. 9).
Neste sentido, faz toda diferença estudar a religião em sua dimensão social 
como é a proposta dessa unidade, sobretudo para compreender melhor o fenô-
meno das transformações que ocorrem nos dois níveis, tanto na sociedade quan-
to no modo como a religião, ou, neste caso, as religiões, se adaptam ou resistem 
às mudanças em curso.
1 OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. A religião na sociedade urbana e pluralista. São Paulo: Paulus, 2013. 366p.
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Introdução
A presente unidade pretende apresentar a religião como fenômeno humano 
condicionado pela sociedade e ao mesmo tempo como dimensão a contribuir com 
os mais variados aspectos do tecido social. Trata-se de analisar as funções sociais 
da religião. O enfoque é predominantemente marcado pelas pesquisas e pelos 
resultados das discussões teóricas da sociologia da religião. Sem desconsiderar 
os aspectos subjetivos das experiências religiosas, o que se quer agora é refletir 
com um olhar filosófico, as interfaces objetivamente sociais da religião em suas 
implicações históricas, culturais, econômicas e políticas.
Toda experiência religiosa tem como quadro de referência um contexto 
histórico definido em alguma situação sociocultural com características geográficas 
particulares e problemas societários próprios de uma dada configuração econômica, 
social e política igualmente singular. Judaísmo, cristianismo, islamismo e budismo, 
por exemplo, são religiões que nasceram em contextos históricos determinados e 
desenvolveram tradições que vão diversificando e alimentando novas tradições, ao 
longo do tempo, segundo reinterpretações que os novos contextos exigem.
O Judaísmo como religião é produto do exílio que o império babilônico impôs 
à elite de Jerusalém no século VI a.C. e da reconstrução da identidade desse povo 
que retorna para a terra sob a dominação persa entre os séculos V e IV a.C. 
O Cristianismo, por sua vez, é uma espécie de sincretismo, isto é, mistura das 
tradições judaicas e o encontro com a cultura gentílica greco-romana, sobretudo 
quando os seguidores de Jesus da segunda e terceira gerações se separam da 
religião professada na sinagoga. Antes disso, o cristianismo não passava de um 
grupo ou de uma tendência religiosa de interpretação das tradições judaicas em 
disputa com outras no interior do judaísmo. Fariseus, saduceus, essênios, zelotas 
e cristãos faziam parte da mesma grande tradição de Moisés. Os seguidores de 
Maomé, também, nasceram da mesma matriz, mas se identificam, segundo as 
novas circunstâncias históricas e sociais, com as necessidades da realidade do povo 
árabe em Medina e Meca (atual Arábia Saudita), legando às futuras gerações uma 
nova interpretaçãoque eles chamaram de última revelação profética de Deus a seu 
povo que, na ótica do Islã, é superior à de Moisés e à de Jesus.
A Bíblia Hebraica, conhecida como Tanak (Judaísmo), o Novo Testamento 
(Cristianismo) e Al Corão (Islamismo) são os livros sagrados que foram registrando 
as tradições interpretativas desses três grandes segmentos religiosos. Reconhecer 
as tradições religiosas como produtos da história e de contextos socioculturais 
particulares, significa abrir horizontes de compreensão do fenômeno religioso 
que ultrapassam os limites estreitos do dogmatismo e do fundamentalismo, cuja 
tendência é afirmar suas tradições como absolutamente descoladas das situações 
concretas, como se a revelação de Deus fosse feita de forma a propor leis e ordens 
que nada têm a ver com os eventos históricos e sociais que afligem o povo.
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UNIDADE As Funções Sociais da Religião
Neste sentido, faz-se necessário refletir a religião não só sobre a ótica da 
justificação e da compreensão da fé como faz a teologia, mas sob o prisma de 
suas funções sociais, isto é, sob as condições que a sociologia é capaz de elucidar; 
a saber, a religião enquanto produto de relações coletivas condicionadas pelas 
estruturas sociais de uma dada configuração econômica, social e política.
Como plano dessa unidade, propomos o seguinte itinerário: primeiro definir o 
que é, quais são os objetivos e problemas fundamentais da sociologia da religião 
no interior da ciência sociológica (1); segundo, descrever as principais funções da 
religião, conforme alguns dos principais pensadores da sociologia da religião (2); 
por último, circunscrever a religião, segundo os diferentes modos de organização 
religiosa e os sistemas de liderança e de dominação religiosa, bem como os 
diferentes momentos do processo de institucionalização histórica e sociológica de 
implantação de um sistema religioso à luz das concepções de Max Weber (3).
Sociologia da Religião
A sociologia da religião é uma disciplina da ciência sociológica. Importa em 
primeiro lugar definir o que é sociologia, apontar seu objeto de estudo, os princi-
pais temas, problemas e correntes teóricas de abordagem relacionados às ques-
tões sociológicas.
Sociologia
Segundo Reinaldo Dias, sociologia é:
[...] o estudo sistemático do comportamento social, dos grupos e das 
interações humanas. Preocupa-se, particularmente, em explicar como 
as atitudes e os comportamentos das pessoas são influenciados pela 
sociedade mais geral e pelos diferentes grupos humanos em particular, 
e, em uma perspectiva mais ampla, qual é a dinâmica social que mantém 
as sociedades estáveis ou provoca a mudança social (DIAS, 2010, p. 6).
Esquema de definição da sociologia
SOCIOLOGIA ESTUDOS SISTEMÁTICOS DA SOCIEDADE
ESTUDOS SISTEMÁTICOS DO COMPORTAMENTO SOCIAL, 
DOS GRUPOS E DAS INTERAÇÕES HUMANAS
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A sociologia é, portanto, o estudo das relações sociais que supõe abordagens 
teóricas diversas, algumas com o foco na forma como as sociedades se organizam 
e mantêm a coesão entre indivíduos, grupos e instituições, outras com o olhar 
voltado para os conflitos estruturais e aquelas que priorizam a relação de 
mútua influência entre perspectivas e motivações individuais e as condições e 
determinantes socioculturais. Émile Durkheim (1858-1917) representa a primeira 
visão teórica que se convencionou chamar de sociologia funcionalista. A segunda, 
centrada na ideia de conflito, tem em Karl Marx (1818-1883) o expoente da 
sociologia de caráter materialista voltada para a mudança social. A terceira, por 
sua vez, tem como representante maior o sociológico Max Weber (1864-1920), 
que estabeleceu as bases para uma sociologia compreensiva da ação social, cuja 
ênfase recai sobre os agentes sociais em sua interação com as estruturas e não as 
estruturas como condição determinante da ação social, como entenderam tanto 
Durkheim quanto Marx.
Veja em síntese, através do esquema abaixo, o quadro dessas principais teo- 
rias sociológicas.
1ª – DURKHEIM Funcionalismo = como funciona 
a coesão/unidade social
2ª – KARL MARX Materialismo con�itivo = como ocorrem as 
transformações sociais
Compreensão da Ação social = como se dá 
a Interação entre motivação individuais, 
grupais e institucionais e as estruturas sociais
3ª – MAX WEBER
O sociólogo Antony Giddens mostra um panorama definidor da sociologia como 
um estudo que perpassa os níveis mais elementares de grandeza micro sociais, 
quanto os mais complexos e macro sociais:
[...] estudo da vida social humana, dos grupos e das sociedades. É um 
empreendimento fascinante e irresistível, já que seu objeto de estudo 
é nosso próprio comportamento como seres sociais. A abrangência 
do estudo sociológico é extremamente vasta, incluindo desde a análise 
de encontros ocasionais entre indivíduos na rua até a investigação de 
processos sociais globais (GIDDENS, 2005, p. 24).
Sendo assim, podemos afirmar que a sociologia é, pois, um estudo fundamental 
para compreensão e esclarecimento dos processos sociais que condicionam a 
vida de todos, configuram os problemas, provocam as mudanças e determinam o 
comportamento das pessoas. Através dela pode-se aumentar a crítica da sociedade 
em construção, o conhecimento dos fatores que causam determinados problemas 
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UNIDADE As Funções Sociais da Religião
sociais, de modo a aumentar a previsibilidade e o controle sobre os fenômenos 
sociais. Por isso, a sociologia é a ciência que pode favorecer sobremaneira a 
autodeterminação dos povos, das sociedades e dos grupos, uma vez que leva em 
conta de maneira crítica a consciência dos limites e das possibilidades da liberdade 
humana como dimensão que só se completa no espaço das interações sociais.
Sociologia da Religião
A Sociologia da Religião é a disciplina que visa a estudar a religião sob a ótica 
de suas funções sociais, isto é, dos papéis que a religião desenvolve na dinâmica 
das relações sociais e do lugar que ocupa na totalidade das estruturas da sociedade.
Segundo François Houtart, o estudo da religião, a partir da sociologia, supõe 
duas dimensões:
Em primeiro lugar, a religião faz parte das idealizações, ou seja, das 
representações que os seres humanos fazem de seu mundo e de si mesmos. 
Tais representações são a maneira de construir a realidade na mente. Esse 
não é um fato puramente automático, não é apenas um reflexo, como 
o de um espelho que somente pode apreender a realidade tal como ela 
é, mas sim que a mente humana sempre está realizando um trabalho 
intelectual sobre a realidade para interpretá-la. [...] Neste sentido, do ponto 
de vista sociológico, a religião é uma das representações que os homens 
fazem do mundo e de si mesmos. Especificamente, é a representação que 
faz referência ao sobrenatural. [...] A segunda consideração a levar em 
conta no que diz respeito à sociologia da religião é que a religião, como 
parte das representações, é também um produto do ator social humano. 
Isso é perfeitamente compreensível porque toda realidade cultural, toda 
realidade ideal, é um produto social (HOUTART, 1994, p. 25-26 e 28).
A religião é, entre tantas coisas, um produto e expressão da realidade social e 
enquanto tal é objeto da investigação da sociologia. Pode haver indivíduo que se defina 
sem religião, mas não há sociedade que testemunhe a inexistência do fenômeno 
religioso. O objetivo da sociologia da religião é compreender a dimensão religiosa da 
sociedade e suas múltiplas funções na composição da dinâmica da vida social.
Além do papel que a religião cumpre na dinâmica da vida social, o fenômeno 
religioso em suas expressões particulares pode sempre ser analisado sob a ótica 
da sociologia, como expressão das dimensões cultural, comunitária e grupal de 
pessoas que se associam e organizam formas de vida coletiva; propõem regras de 
comportamento ético e social para si mesmos e, de certa forma, como ideal a ser 
vivido por toda a sociedade.
Da mesma forma como a sociologia geral, a sociologia da religião é dominada 
por tendênciasteóricas, a partir das quais se pode compreender de diferentes 
maneiras quais são as principais funções que a religião pode desempenhar numa 
determinada sociedade.
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Funções Sociais da Religião
Como vimos anteriormente, destacamos três grandes tendências teóricas em 
sociologia. Neste momento vamos demonstrar como cada uma delas propõe e 
concebe o papel fundamental que cabe à religião na dinâmica da vida social. Neste 
tópico analisaremos as concepções de Durkheim e Marx. No tópico seguinte, como 
conclusão, serão demonstradas as concepções de Weber sobre o assunto.
Função Social da Religião segundo Durkheim
Émile Durkheim (1858-1917) entende o fenômeno religioso não como referência 
à divindade ou a alguma realidade sobrenatural, como propôs, por exemplo, 
François Houtart, mas como bem definiu em sua obra As formas elementares 
da vida religiosa, a religião é uma dimensão profundamente organizadora da 
realidade social, como sistema de crenças, ritos e práticas que ordena, distingue e 
separa o que se socialmente se concebe como sagrado do que ordinariamente se 
entende como profano:
Todas as crenças religiosas conhecidas, sejam elas simples ou complexas, 
apresentam um mesmo caráter comum: supõem uma classificação das 
coisas, reais ou ideais, que os homens representam, em duas classes 
ou em dois gêneros opostos, designados geralmente por dois termos 
distintos traduzidos, relativamente bem, pelas palavras profano e sagrado. 
A divisão do mundo em dois domínios, compreendendo, um tudo o que é 
sagrado, outro tudo o que é profano, tal é o traço distintivo do pensamento 
religioso (DURKHEIM, 1989, p. 68).
O conceito de sagrado em distinção ao de profano, como essência do conceito 
de religião, para Durkheim não indica exclusivamente, como pensa o senso comum, 
apenas Deus, deuses ou espíritos. Veja como a noção de sagrado não só é correlata 
à de profano, como é abrangente e varia de religião para religião.
[...] as crenças, os mitos, os gnomos, as lendas são ou representações ou 
sistemas de representações que exprimem a natureza das coisas sagradas, 
as virtudes e os poderes que lhes são atribuídos, sua história, suas relações 
entre si e com as coisas profanas. Mas, por coisas sagradas, não se devem 
entender simplesmente esses seres pessoais que chamamos deuses ou 
espíritos; um rochedo, uma árvore, uma fonte, uma pedra, uma peça de 
madeira, uma casa, enfim, qualquer coisa pode ser sagrada. Um rito pode 
ter esse caráter; sequer existe rito que não o tenha em algum grau. Há 
palavras, termos, fórmulas, que só podem ser pronunciadas pela boca 
de personagens consagradas; há gestos, movimentos que não podem ser 
executados por todos. [...] O círculo dos objetos sagrados não pode, pois ser 
determinado de uma vez por todas; sua extensão é infinitamente variável, 
conforme as religiões. Eis como o budismo é uma religião: na falta de 
deuses, admite a existência de coisas sagradas, a saber, das quatro verdades 
santas e das práticas que delas derivam (DURKHEIM, 1989, p. 68).
11
UNIDADE As Funções Sociais da Religião
Para Durkheim, a partir da distinção entre sagrado e profano, as pessoas criam 
as condições para viverem em torno dos mesmos ideais, crenças e práticas comuns. 
A religião é fonte e razão da ordem e de coesão social. Através de seus cultos e 
ritos, a religião como distinção que ordena a realidade entre o campo do sagrado e 
do profano cria o sentimento coletivo que compartilha a mesma representação da 
realidade, tornando a coesão e a solidariedade entre os indivíduos a expressão da 
unidade coletiva que é chamada de sociedade.
Em quase todas as sociedades, observam-se procedimentos rituais e 
cerimoniais [...] Durkheim conclui que os cerimoniais coletivos reafirmam 
a solidariedade de grupo em um momento em que as pessoas se veem 
forçadas a ajustarem-se a grandes mudanças em suas vidas. Os funerais 
demonstram que os valores do grupo sobrevivem à passagem do próprio 
ser humano, oferecendo, portanto, um meio para que as pessoas 
enlutadas se adaptem a circunstâncias diferentes. O luto não é a expressão 
espontânea da dor – ou, pelo menos, da dor de quem é pessoalmente 
afetado pela morte. O luto é um dever imposto pelo grupo (GIDDENS, 
2005, p. 432).
A título de exemplo à noção de função que a religião exerce de adaptação 
apaziguadora dos indivíduos à sociedade, perceba como Riobaldo, protagonista 
da obra Grande Sertão: Veredas de João Guimarães Rosa, em sua forma singular 
de defender a crença em Deus reforça essa ideia de integração e acomodação à 
realidade que tem a religião na vida das pessoas:
Como não ter Deus?! Com Deus existindo tudo dá esperança: sempre um 
milagre é possível, o mundo se resolve. Mas se não tem Deus, há-de a 
gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes 
e pequenas horas, não se podendo facilitar - é todos contra os acasos. 
Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois no fim dá 
certo (GUIMARÃES ROSA, 1986, p. 48).
Entre as várias possibilidades de interpretação dessa fala de Riobaldo sobre a 
crença em Deus está o que Durkheim chama de representação ideal que a religião 
contém da sociedade, mas que de modo algum está fora da sociedade real ao 
oferecer as condições dessa produção ideal (DURKHEIM, 1989, p. 500). A 
esperança que a crença em Deus oferece a Riobaldo é fruto da sociedade real que 
ele percebe como problemática, caótica, burra e perigosa. É o ideal religioso, na 
ótica de Riobaldo, estabelecendo a paz de espírito que o sujeito precisa para viver 
diante da desordem que seria um mundo sem Deus.
Função Social da Religião, segundo Marx
Karl Marx (1818-1883) é um pensador que tem uma visão filosófica e um método 
de abordagem da realidade de recorte macrossocial, como já foi mencionado, que 
prioriza uma concepção conflitiva, dialética e fundamentalmente econômica das 
relações sociais. Cinco grandes conceitos são básicos para entender não só a 
12
13
sociologia de Marx1, mas a sua filosofia e, consequentemente, como ele aplica esse 
pensamento para entender o fenômeno religioso: 1º) o materialismo histórico; 2º) 
a dialética; 3º) o modo de produção; 4º) as classes sociais e a luta de classes; 5º) a 
ideologia. Em seguida apresentaremos sua visão crítica da religião.
O Materialismo Histórico
O mundo material é a base e o elemento originário de tudo o que existe. Materia-
lismo histórico é a concepção da história como fruto da evolução dos processos de 
transformação tecnológica produzidos pelo ser humano, quando este, por sua vez, se 
vê confrontado com necessidades materiais de manutenção e reprodução de sua vida 
biológica. A máxima do materialismo histórico se expressa com a célebre sentença 
da obra que ele escreveu com Engels: “Não é a consciência que determina a vida, 
mas a vida que determina a consciência” (MARX & ENGELS, 1993, p. 37).
A Dialética
A dialética é um método de análise da evolução contraditória dos fenômenos 
sociais. Marx é herdeiro da dialética de Hegel (1770-1831), mas a concebe 
de modo diferente, tornando-a, sobretudo, um método cuja base não é mais o 
conflito das ideias, mas sim as necessidades materiais. A dialética de Marx tem 
origem na realidade material e socialmente nos conflitos de ordem econômica. 
Não há uma evolução e um desenvolvimento linear e harmonioso da sociedade; 
há sim um conflito perpétuo pelo controle e usufruto dos bens materiais como 
condição da satisfação das necessidades de manutenção e de reprodução da vida 
de toda a sociedade.
O Modo de Produção
O modo de produção é um modelo teórico de interpretação da sociedade. Trata-
se de uma categoria que identifica o modo como uma sociedade produz e reproduz 
sua vida, a partir dos elementos mais importantes que caracterizam a dinâmica da 
produção material, segundo as relações sociais que determinam economicamente 
a configuração social. Não é apenas uma categoria econômica, mas a partir da 
economia, o modo de produção é o modo como a sociedade, num determinadomomento de sua história, organiza a totalidade de sua vida, segundo uma forma 
específica de dividir o trabalho social, de estabelecer os critérios de apropriação, de 
produção, de circulação e de consumo dos bens e meios de produção.
Para Marx, há uma evolução dos modos de produção, segundo o avanço da 
tecnologia produtiva: o modo de produção coletivista é típico de sociedades primitivas 
coletoras que vivem de caça e pesca, por exemplo. Mas ao longo da história, temos 
modos de produção tributário, escravagista, feudal e capitalista. Marx procurava 
classificar cada modo, conforme as diferenças na base da organização social das 
forças produtivas. Daí que o modo de produção em Marx é a categoria chave para 
a compreensão da realidade social.
1 Uma apresentação mais detalhada desses conceitos foi publicada no livro A Bíblia e o desafio da interpretação 
sociológica (LARA, 2009, p. 61-63).
13
UNIDADE As Funções Sociais da Religião
Classes Sociais e Luta de Classes
As classes sociais não são meros agrupamentos sociais, mas grupos com 
interesses e posições objetivamente definidos na relação direta que estabelecem 
entre si, face ao lugar que ocupam na apropriação dos meios de produção e na 
esfera da divisão social do trabalho. Os conflitos de ordem cultural, intelectual e 
religiosa são vistos como produtos dos conflitos sociais básicos na esfera da ordem 
econômica e social.
Para Marx, no modo de produção capitalista as classes em conflito são a 
burguesia e o proletariado, pois são estas que ocupam posições opostas e 
contraditórias em relação à apropriação dos meios de produção. Os primeiros 
se apropriam dos meios de produção e os outros alugam suas próprias forças, 
mediante remuneração assalariada para terem acesso aos meios de sobrevivência. 
Neste sentido, são classes antagônicas, pois vivem segundo interesses divergentes 
na esfera da organização da totalidade social. A luta de classes é o processo 
de conflito permanente e irreconciliável entre os interesses de uma classe em 
relação à outra.
A Ideologia
A ideologia em Marx é um conceito que tem um vínculo com os interesses na 
esfera material, econômica e de classes. Ideologia é o conjunto de ideias, símbolos 
e representações da realidade, seja ciência, arte, filosofia ou religião que produz 
uma visão de mundo, valores, princípios e objetivos que governam atitudes e 
práticas humanas de modo a reproduzir a ordem do sistema social vigente, a partir 
da ótica daqueles que dominam e controlam a organização da sociedade. As ideias 
dominantes são ideologias dominantes, à medida que visam mostrar apenas a 
realidade que convém no intuito ou de negar e de camuflar os conflitos reais, ou, de 
esconder a que de fato eles se devem, a saber, às desigualdades de classe oriundas 
da apropriação privada dos meios de produção, causadora da injusta divisão social 
do trabalho (MARX & ENGELS, 1993, p. 35-37;72).
A Função Ideológica da Religião
O conceito e a crítica à religião estão inseridos no modo como Marx entende a 
ideologia. Para Marx, religião é um dos componentes da ideologia de dominação 
e de manutenção da realidade socialmente dividida em classes. O pensamento 
clássico e mais conhecido de Marx sobre a religião está expresso nas célebres 
afirmações sobre religião como ópio do povo:
[...] A religião é a soluço da criatura oprimida, o coração de um mundo 
sem coração, o espírito de uma situação carente de espírito. É o ópio do 
povo. A verdadeira felicidade do povo exige que a religião seja suprimida, 
enquanto felicidade ilusória do povo (MARX, 1991, p. 106).
14
15
Essa citação deve ser compreendida, no quadro mais amplo da concepção 
que Marx atribuía à religião, não como revelação divina, mas como criação 
humana determinada pelas condições e pelas necessidades humanas histórica e 
socialmente situadas.
A religião não faz o homem, mas, ao contrário, o homem faz a religião. 
[...] A religião é a teoria geral deste mundo, seu compêndio enciclopédico, 
sua lógica popular, sua dignidade espiritualista, seu entusiasmo, sua 
sanção moral, seu complemento solene, sua razão geral de consolo e de 
justificação (MARX, 1991, p. 106).
Na verdade, a compreensão de Marx sobre a religião não é central em seu 
pensamento crítico da sociedade. A crítica fundamental de Marx é dirigida à 
realidade terrestre que produz a ideologia religiosa e não necessariamente à esfera 
da religião propriamente dita.
A religião já não constitui, para nós, o fundamento; apenas e simplesmente 
constitui o fenômeno da limitação terrestre. Explicamos, portanto, 
as amarras religiosas dos livres cidadãos por suas correntes terrestres. 
Não afirmamos que devam acabar com a limitação religiosa para poder 
destruir suas barreiras terrestres. Afirmamos que acabam com a limitação 
religiosa ao destruir suas barreiras temporais. Não convertemos problemas 
terrestres em problemas teológicos (MARX, 1991, p. 20).
Embora afirme que “a crítica da religião é a premissa de toda a crítica” (MARX, 
1991, p. 105), sua filosofia da religião entende-a como produto ideológico e 
expressão da alienação, ocorrida já na base da expropriação de classe que causa a 
miséria das maiorias empobrecidas.
Formas de Organização Social e Modelos 
de Liderança na Religião
Ninguém melhor do que Max Weber (1864-1920) para explicar as funções da 
religião dentro de um padrão de organização sociocomunitária, destacando as 
diferentes etapas de formação e de institucionalização do fenômeno religioso como 
realidade sociocultural. É Max Weber quem propôs um referencial interpretativo 
para compreensão do processo de dominação religiosa, através do que ele 
denominou “tipos de liderança” presentes no universo, não só da religião, mas das 
instituições sociais em geral.
Max Weber, sobretudo em sua famosa obra A ética protestante e o espírito do 
capitalismo (WEBER, 1967) fez uma análise bastante interessante ao demonstrar 
as relações entre dogmas religiosos, valores éticos e processos econômicos que 
engendraram o sistema econômico capitalista. Essa obra é um exemplo clássico do 
modo como Weber aplica seu método compreensivo e interpretativo de análise da 
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UNIDADE As Funções Sociais da Religião
sociedade. Neste trabalho, o autor demonstra que não são os fatores econômicos, 
como pensava Marx, as causas fundadoras do fenômeno social. Na concepção 
weberiana, há uma série complexa de fatores na gênese das estruturas sociais: 
fatos, ideias, valores e motivações humanas. A sociedade não pode ser entendida 
fora das ações individuais motivadas, por exemplo, por fatores de ordem ética 
e de natureza religiosa. O espírito do capitalismo em sua relação com a ética 
protestante é a tese fundamental desse modelo interpretativo de Weber. Sua 
análise demonstrou como a busca do sucesso material, como sinal do favor e 
da eleição divina propagada pelo calvinismo em sociedades predominantemente 
protestantes, de fato favoreceu o desenvolvimento do capitalismo que partilhava 
do mesmo espírito de progresso material.
Neste contexto, por entender a religião como produtora de sentido, de valores 
motivacionais da ação social, a partir de práticas que mobilizam indivíduos a uma 
inserção interessada na dinâmica social é que a análise do fenômeno religioso 
se constituiu como uma constante no pensamento de Weber. Na religião, pode-
se verificar em grande parte, a gênese de vários processos de constituição da 
realidade social.
Religião como Organização Social
A religião como fenômeno humano presente na experiência individual e subjetiva 
é sempre uma das faces de uma realidade que também é, ao mesmo tempo, social 
e se objetiva fora do indivíduo.
Como todo fenômeno humano, a religião não se reduz a uma experiência 
puramente individual, do ponto de vista das ciências da religião, não pode 
ser explicada como um dado revelado que se impõe por si mesmo como 
algo objetivo e verdadeiro. [...] A religião enquanto fenômeno histórico-
social é sempre um sistema social mais ou menos organizado,uma vez 
que envolve processos de transmissão de tradição, de relações sociais e de 
codificações de significados e valores (PASSOS, 2006, p.30).
A dimensão organizacional e, portanto, comunitária, sociocultural e historica-
mente situada é que permite ser a religião objeto da sociologia e, desse modo ser 
objeto da reflexão que encara as funções sociais que ela cumpre no horizonte da 
realidade social a que pertence.
A dimensão organizativa da religião é que permite às tradições religiosas se 
expressarem e perpetuarem ao longo da história com suas mensagens em 
um processo que inclui, ao mesmo tempo, conservação e transformação. 
A religião só existe como sistema social, assim como outros fenômenos 
da cultura humana, do contrário, ficaria reduzida a uma experiência 
exclusivamente individual que seria, por natureza, incomunicável e, 
portanto, sem meios de manifestação e reprodução históricas. A partir 
do momento em que uma experiência religiosa é comunicada, começa 
a ter existência social dentro de um quadro de significados objetivos, 
previamente adotado pelo grupo (PASSOS, 2006, p.30-31).
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Teoria Weberiana do Processo Histórico de Organização 
Social da Religião2
Abaixo segue um esquema simplificado de Max Weber com as características 
que identificam os diferentes momentos pelos quais passam de modo variável, 
os movimentos religiosos no processo de constituição e de consolidação de sua 
organização social.
1º) Momento das origens – nascimento:
• ligação com a experiência do fundador;
• autoridade do fundador portador de dom extraordinário;
• regras de vida aceitas pelo grupo;
• comunidade informal com poucos discípulos;
• centralidade da mensagem religiosa;
• comprovação da mensagem por eventos extraordinários;
• participação intensa dos membros do grupo;
• conflitos latentes controlados pelo carisma do fundador.
2º) Momento de crise:
• expansão do grupo;
• morte do fundador e transmissão do carisma;
• busca de consenso em torno do carisma;
• busca de regras para sucessão e transmissão do carisma;
• dispersão e divisão do grupo.
3º) Momento de institucionalização:
• elaboração de regras gerais para o carisma fundacional;
• formulação da doutrina, dos rituais, da disciplina e dos papéis;
• fixação de uma estrutura de organização;
• busca de ligação entre o momento fundacional e a estrutura institucional;
• distinção e fixação dos papéis religiosos: especialistas e leigos;
• criação de mecanismos de reprodução da instituição através da teologia e 
da catequese;
• oposição entre igreja oficial e as práticas alternativas (ou consideradas “desviantes”).
2 Cf. WEBER, 1997, p. 172-173 apud PASSOS, 2006, p. 55-68.
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UNIDADE As Funções Sociais da Religião
4º) Momento de burocratização:
• organização da instituição, conforme regras objetivas;
• afirmação do papel dos especialistas religiosos sobre os demais leigos;
• criação de normas e trâmites jurídicos universais (válidos para todos os membros);
• importância do discurso religioso racionalizado: teologia;
• estabelecimento de regras impessoais (objetivas) para os cargos religiosos;
• autonomia das funções e das regras da organização;
• busca de eficiência nas práticas religiosas, conforme parâmetros preestabelecidos;
• carreira eclesiástica estabelecida com regras teológicas, disciplinares, protocolos 
e rituais de legitimação e consolidação;
• luta pelo monopólio dos bens religiosos entre dois grupos: Igreja/hierarquia/
especialistas a serviço da instituição X “Seitas”, grupos, movimentos e 
adversários, dentro e fora da instituição.
Como vimos, o processo de desenvolvimento da religião como organização social, 
segundo Weber, ilustra muitas das religiões que conhecemos algumas delas, entre-
tanto, não passam do primeiro momento e acabam se dissolvendo e morrendo pelo 
caminho. Outras como a religião cristã católica não só passou por esses momentos 
todos, como algumas igrejas e comunidades menores ainda que pertençam à mesma 
instituição católica, vivem etapas distintas da instituição maior a que pertence.
Teoria Weberiana sobre os Tipos de Liderança
Abaixo, como conclusão a essa unidade, segue de forma simplificada e didática, 
o modelo weberiano de classificar os tipos de liderança social. Evidentemente, a 
linguagem explicita e é retirada do universo religioso, mas pode muito bem servir 
como referência não apenas aos modelos de lideranças existentes na instituição 
religiosa, mas a qualquer outra instituição.
Há três tipos puros de liderança e de poder, segundo Weber, que são aceitos 
socialmente. Tipos puros significam construção racional com a finalidade meto-
dológica de proporcionar uma compreensão da realidade concreta, nem sempre 
pura, pois quase sempre em situações históricas determinadas estão misturadas.
O exercício do poder só é aceito socialmente mediante um processo de 
legitimação. A legitimidade para Weber é o fundamento do poder e este se expressa 
sob três tipos:
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• 1º) carismático: legitimidade fundada sob um tipo de liderança reconhecida 
por seus dons (carismas) extraordinários de santidade, heroísmo, cura e outras 
capacidades e fundamentalmente como portador (mensageiro) de mensagem 
de revelação.
• 2º) tradicional: legitimidade fundada sob um tipo de liderança reconhecida 
pela crença na santidade e pelo poder dado às tradições do passado, 
transmitidas através de instituições e de líderes autorizados pela história legada 
da comunidade, grupo ou sociedade; são líderes, geralmente, anciãos ou anciãs 
encarregados de preservar a memória, a unidade e a transmissão do saber que 
recebem de seus antecessores.
• 3º) racional: legitimidade fundada na objetividade e na legalidade das 
ordenações, leis e sistemas jurídicos estatuídos, marcados, ao menos em tese, 
pela impessoalidade, isonomia e universalidade, bem como pelo critério de 
profissionalismo e de competência.
Os três tipos de legitimação do poder equivalem a três tipos de líderes religiosos:
• 1º) Profeta: representa o tipo ideal do líder carismático que é portador de 
mensagem revelada e atua sem a necessidade da instituição – e às vezes contra 
ou apesar dela.
• 2º) Mago: representa o tipo ideal do líder que transita entre o carismático 
e o institucional. Realiza e oferece mediante seus conhecimentos e suas 
competências, além de serviços e bens religiosos independentemente da 
instituição, com ou sem o consentimento dela. Em geral, vive à margem e 
constrói um repertório próprio de atendimento às necessidades religiosas de 
um público que reconhece sua autoridade individual e o procura sem respaldo 
da instituição religiosa.
• 3º) Sacerdote: é o tipo ideal daquele que representa oficial e legalmente 
os interesses e as práticas da instituição religiosa; é formado para executar 
e oferecer bens e serviços religiosos aos demais membros da instituição, 
transmitir, manter e reproduzir o legado institucional para o qual foi constituído 
como servidor.
Weber reconhece que o modelo acima tipifica lideranças de qualquer instituição 
social, uma vez que diz respeito às relações entre os indivíduos e o corpo social a 
que pertencem. São tipos que apontam para modelos de dominação, característicos 
entre líderes e liderados, ambos posicionados de modo distintos frente à instituição 
a que tomam como referência.
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UNIDADE As Funções Sociais da Religião
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Filmes
Brincando nos campos do Senhor
Direção: Héctor Babenco. 1991, EUA. Um grupo de missionários evangélicos vai para 
selva amazônica tentar “pacificar” a tribo dos Niaruna, um grupo pequeno, porém, 
impenetrável de índios que habitam a selva amazônica. Enquanto os religiosos buscam 
fazer com que os indígenas “aceitem Jesus”, poderosos estão atrás das terras para 
explorar o ouro presente na área. Trata-se de um filme que ilustra de maneira vigorosa 
a relação conflituosa entre religião, sociedade e cultura.
 Filmes
Batismo de Sangue
Direção:Helvécio Ratton. O filme é uma adaptação do livro homônimo de Frei Betto, 
vencedor do prêmio Jabuti. Ganhou os prêmios de Melhor Diretor e Melhor Fotografia 
no Festival de Brasília. 110 min. Observe como as relações entre sociedade e religião 
estão expostas de modo contundente.
 Leitura
Religião e Política, Sim. Igreja e Estado, Não
Para perceber mais especificamente as implicações entre religião e sociedade segundo 
a dimensão da presença da igreja no cenário político, leia o texto de Paul Freston 
(Religião e Política, Sim. Igreja e Estado, Não. Os evangélicos e a participação 
política. Viçosa/MG: Editora Ultimato, 2006, 200p.) sobre as relações entre Religião 
e Política, a partir da participação dos evangélicos em cenários históricos recentes da 
vida política nacional.
https://goo.gl/lvfNn3
Religião e participação política: considerações sobre um pequeno município brasileiro
Leia, do lado católico, um texto que também analisa a relação entre religião e política:
COSTA OLIVEIRA, Fabrício Roberto. Religião e participação política: considerações 
sobre um pequeno município brasileiro. e-cadernos ces [Online], 13 | 2011, colocado 
online no dia 01 Setembro 2011.
http://eces.revues.org/568
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Referências
COSTA, Maria Cristina Castilho. Sociologia. Introdução à ciência da sociedade. 
São Paulo: Moderna, 1987. 248p.
DIAS, Reinaldo. Introdução à Sociologia. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice 
Hall, 2010. 386p.
DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: 
Paulinas, 1989. 536p.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. Tradução Sandra Regina Netz. 4. ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2005. 600p.
GUIMARÃES ROSA, João. Grande Sertão: Veredas. 25 ed. Rio de Janeiro: Nova 
Fronteira, 1986.
HOUTART, François. Sociologia da Religião. São Paulo: Ática, 1994, 143p.
LARA, Valter Luiz. Em busca do humano. Contribuição ao Estudo do Homem 
Contemporâneo. Vol. I. São Paulo: Cepe – Centro Ecumênico de Publicações e 
Estudos Frei Tito de Alencar Lima, 1997. 128p.
________. A Bíblia e o desafio da interpretação sociológica. Introdução ao 
Primeiro Testamento à luz de seus contextos históricos e sociais. São Paulo: Paulus, 
2009, 155p.
MARX, Karl. A Questão Judaica. São Paulo: Editora Moraes, 1991.
________ & ENGELS, Friedrich. Ideologia Alemã. 9. ed. São Paulo: Hucitec, 
1993. 138p.
PASSOS, João Décio. Como a religião se organiza. Tipos e processos. São 
Paulo: Paulinas, 2006, 142p.
STACCONE, Giuseppe. Filosofia da Religião. O pensamento do homem 
ocidental e o problema de Deus. Petrópolis: Vozes, 1989. 263p.
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: 
Pioneira, 1967. 2. ed. Revista. Versão online em PDF disponível em: http://www.
nesua.uac.pt/uploads/uac_documento_plugin/ficheiro/8db98cff48151daf946fe
625988763bfb0737c7e.pdf Acesso em 13/03/2016 às 15h38min.
________. Economía y Sociedad. México: Fondo de Cultura Económica, 1997.
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Outros materiais