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Proteção do Complexo Dentino-Pulpar Odontologia Pré-Clínica II Professora Gilmara Carmo 2020/2 O que se entende por Complexo Dentino Pulpar? ESMALTE DENTINA POLPA 2020/2 Complexo Dentino Pulpar • A dentina e a polpa são tecidos que apresentam inter-relação estrutural e funcional durante toda a vida do órgão dental. 2020/2 Dentina • Maior integrante do elemento dentário; • Estrutura tubular. 2020/2 Tipos de Dentina • Dentina fisiológica primária: depositada rapidamente durante o desenvolvimento do dente até a formação do forame apical • Dentina fisiológica secundária: depositada ao redor da polpa em ritmo muito mais lento do que o da primária, depois que a anatomia do dente está estabelecida 2020/2 Tipos de Dentina • Dentina terciária: com estrutura irregular, é formada em zonas subjacentes às áreas de irritação externa, a partir das células diretamente afetadas pelos estímulos patológicos. Subdivide-se em: Reacional (estímulos de baixa intensidade); Reparativa/Reparadora (estímulos de alta intensidade). 2020/2 Tipos de Dentina • Dentina esclerosada: caracteriza-se pela existência de túbulos dentinários obliterados com material calcificado, processo que é acelerado frente a determinados estímulos, como abrasão. 2020/2 Polpa • A polpa é um tecido conjuntivo; • Localizado na câmara pulpar e se estende pelos canais radiculares; • É responsável pela vitalidade do dente e está intimamente conectada, pelo feixe vasculonervoso, aos tecidos periapicais e ao sistema circulatório a partir do forame apical. 2020/2 Funções da Polpa • Indutiva: induzir a diferenciação do epitélio em lâmina dental e a formação em órgão do esmalte; • Formativa: produzir dentina; • Nutritiva: conduzir metabólitos essenciais até a dentina por meio dos prolongamentos odontoblásticos; • Protetora: promover resposta dolorosa mediante estímulo físico-químico; • De defesa ou reparadora: mediante estímulo, iniciar, respectivamente, processo de esclerose dos túbulos dentinários ou formação de dentina reparadora. 2020/2 Proteção do Complexo Dentino-Pulpar FATORES DO PACIENTE VARIÁVEIS DO PREPARO CAVITÁRIO VARIÁVEIS DO PROCEDIMENTO RESTAURADOR RESPOSTAS PÓS OPERATÓRIA Idade Dentária; Dieta; Históricos de Tratamentos. Espessura de dentina remanescente; Dimensão de preparo; Refrigeração; Método de corte da dentina; Técnica de corte. Material restaurador; Condicionamento ácido; Uso do adesivo e primer; Tempo de polimento; Citotoxidade produzida; Ação bacteriostática. Atividade inflamatória; Destruição celular e de odontoblastos; Esclerose dentinário; Dentinogênese reacionária; Dentinogênese reparativa. 2020/2 O preparo cavitário é a fase da restauração com maior potencial de danos à polpa, devendo ser feito de forma conservadora para manter o máximo de estrutura dentinária sadia, uma vez que esta atua como isolante térmico e barreira físico-química contra a penetração de bactérias, suas toxinas e ácidos. TAKANASHI et al., 2010.2020/2 Fatores envolvidos quando da utilização de instrumentos cortantes rotatórios: • Refrigeração; • Pressão e movimento aplicados pelo profissional; • Diâmetro da broca, visto que o aumento deste implica o corte de um maior número de túbulos dentinários. Preparo cavitário 2020/2 Determinantes do tratamento protetor de escolha • Profundidade da cavidade Superficiais; Rasas; Médias; Profundas; Muito profundas. 2020/2 • Idade dentária “história” clínica do elemento dentário; câmara pulpar reduzida e tecido pulpar “envelhecido” 2020/2 • Condição pulpar Sintomatologia obtidas com a anamnese do paciente Testes de sensibilidade pulpar Exame radiográfico 2020/2 REQUISITOS DE UM BOM MATERIAL PROTETOR • Ser isolante térmico e elétrico; • Ser bactericida e/ou bacteriostático; • Estimular: Remineralização da dentina descalcificada; Esclerose dentinária subjacente à zona da lesão; Formação de dentina reparadora nas lesões profundas. • Ser biocompatível; • Ter resistência mecânica capaz de suportar a condensação dos materiais restauradores; • Evitar infiltração dos elementos tóxicos dos materiais restauradores e cimentantes e de microrganismos para o interior dos túbulos dentinários; • Ser insolúvel no ambiente bucal. 2020/2 O material ideal existe???? Não existe um único material com todos os requisitos descritos ; É necessário utilizar mais de um material para garantir uma restauração duradoura, funcional e estética . 2020/2 Materiais Protetores • Selantes cavitários; • Bases cavitárias ; • Forradores cavitários. 2020/2 Selantes cavitários 2020/2 Selantes cavitários • Selar os túbulos dentinários; • Reduzir a penetração de íons metálicos. • Exemplos de selantes: Verniz; Adesivos. 2020/2 MANIPULAÇÃO: • Aplicação com pincel específico em sentido único 2x em 2 sentidos Indicações: Restaurações de amálgama com baixo teor de cobre; Sobre dentes polpados antes da cimentação com cimento fosfato de zinco. Verniz cavitário 2020/2 Contraindicações: Sob resinas compostas inibem ou dificultam a polimerização das resinas compostas! Verniz cavitário Estão sendo substituídos pelos sistemas adesivos! 2020/2 Indicação: Cavidades rasas e médias em restaurações de resina composta. ADESIVO DENTINÁRIO 2020/2 Base Cavitária • Proteger o material de forramento; • Reduzir a espessura do material restaurador; • Proteger contra estímulos térmo-elétricos; • Proteção de esmalte sem suporte de dentina; • Exemplos de base: Cimento óxido de zinco eugenol; Cimentos Ionômero de Vidro (convencional e modificado por resina). 2020/2 Manipulação Cimento Ionômero de Vidro: • Bloco de papel ou vidro; • Espátula de plástico ou metal; • Colher dosadora. 2020/2 Cimento óxido de zinco e eugenol: 1. Placa de vidro; 2. Espátula 24 ou 36. 2020/2 Forradores cavitários • Estimular a formação de ponte de dentina ; • Proteção pulpar contra agressões químicas dos materiais restauradores; • Exemplo de Forradores Cavitários: Hidróxido de cálcio; Agregado trióxido mineral (MTA, do inglês mineral trioxide aggregate) 2020/2 Hidróxido de Cálcio VANTAGENS DESVANTAGENS É inicialmente bactericida e bacteriostático; Promove cicatrização e reparo a partir do seu pH; Neutraliza o pH dos ácidos; Estimula sistemas enzimáticos. Tem alta solubilidade ao meio (propriedade que pode facilitar infiltração marginal se o material for mal aplicado); Tem baixa resistência mecânica. 2020/2 Hidróxido de cálcio • Apresentações: Pó - P.A. (Pró-Análise) Cimento de hidróxido de cálcio Solução/Pasta de hidróxido de cálcio 2020/2 Cimento de Hidróxido de Cálcio Material (manipulação/inserção): 1. Pasta base e pasta catalisadora; 2. Placa de vidro/bloco de papel; 3. Espátula nº 24; 4. Aplicador de hidróxido de cálcio. 2020/2 Hidróxido de Cálcio Pró Análise Solução de Hidróxido de Cálcio P.A. • 100ml de soro fisiológico ou água destilada ao conteúdo do frasco do produto (10g de Hidróxido de Cálcio P.A.); • Manter esta mistura em repouso, para que o excesso de Hidróxido de Cálcio P.A. fique sedimentado no fundo do recipiente. Solução alcalina fica acima da deposição. Utilizados no capeamento pulpar direto (exposição pulpar): Solução: mistura do pó com a água (processo de decantação), solução serve pra limpar a cavidade. Suspensão: também se apresenta em forma da mistura do pó + água, promove o controle no sangramento (hemostasia). 2020/2 Hidróxido de Cálcio Pró Análise Pasta de Hidróxido de Cálcio P.A. 1. Soro + Hidróxido de Cálcio P.A. pó; 2. Placa de vidro + espátula 24; 3. Espátula número 1. Obs.: Consistência de creme. 2020/2 Agregado trióxido mineral (MTA) Tipo de apresentação Quando utilizar Pó* Em proteção direta Cimento Em proteção direta, como forrador,como sobrebase em capeamentos feitos com pó ou pasta 2020/2 2020/2 Métodos terapêuticos de proteção do complexo dentinopulpar • Proteção pulpar no caso de remanescente cariado; • Proteção pulpar indireta; • Proteção pulpar direta; • Curetagem pulpar; • Pulpotomia. 2020/2 Proteção pulpar no caso de remanescente cariado Tratamento restaurador atraumático; Tratamento restaurador atraumático modificado; Modalidade de espera/tratamento expectante Remoção seletiva de cárie 2020/2 Proteção pulpar indireta O resultado final será um preparo cavitário profundo ou muito profundo Limpeza da cavidade: deve-se lavar com solução bactericida, como digliconato de clorexidina a 2% ou solução de hidróxido de cálcio 1a opção (para cavidades profundas ou muito profundas em dentina sem esclerose): aplicar agente forrador + base cavitária + selante cavitário, além de inserir material restaurador definitivo 2a opção (para cavidades profundas ou muito profundas em dentina com esclerose): aplicar base cavitária + selante cavitário, além de inserir material restaurador definitivo 2020/2 Proteção pulpar direta • A técnica operatória da proteção pulpar direta consiste nas seguintes etapas: Anestesia e isolamento do dente Limpeza da cavidade: pode ser realizada com soro fisiológico, solução de hidróxido de cálcio ou digliconato de clorexidina 2% Ampliação do preparo: com broca de corte (p. ex., 330, 328) ou esférica lisa, ampliar a área da exposição apenas para regularização das margens Nova limpeza da cavidade. Observar coloração da polpa e hemostasia Aplicação do material de proteção: 1a opção: pasta ou pó de hidróxido de cálcio + cimento de hidróxido de cálcio + base cavitária + material selador (p. ex., sistema adesivo) + material restaurador 2a opção: cimento de hidróxido de cálcio ou MTA + base cavitária + material selador (p. ex., sistema adesivo) + material restaurador. 2020/2 Proteção pulpar direta 2020/2 Curetagem pulpar A técnica operatória: Anestesia e isolamento do dente Procede-se, então, à abertura do orifício de exposição com brocas Carbide. Remove-se um pouco da polpa exposta, buscando extirpar contaminada e irreversivelmente inflamada. Limpeza da cavidade: pode ser realizada com soro fisiológico, solução de hidróxido de cálcio ou digliconato de clorexidina 2% Hemostasia: deve-se observar o estancamento do sangramento após a limpeza da cavidade e o aspecto da coloração vermelho-viva da polpa Aplicar corticosteroide por 10 a 15 minutos (opcional; p. ex., Otosporin®) Aplicação do material: 1ª opção: pasta ou pó de HC + cimento de hidróxido de cálcio + base cavitária: civ ou cimento à base de OZE como restaurador provisório (aguardar silêncio clínico para restauração definitiva). 2ª opção: substituir o pó ou pasta de hidróxido de cálcio por MTA e restaurar com material restaurador provisório. 2020/2 Curetagem pulpar Ilustração de curetagem pulpar. A. Exposição pulpar. B. Curetagem pulpar. Após ampliação da cavidade, realiza- se a curetagem pulpar com cureta afiada e estéril. C. Remoção da porção superficial da polpa e hemostasia pulpar após limpeza. D. Inserção do pó de hidróxido de cálcio com “beija-flor”. E. Porção da polpa exposta recoberta com cimento de hidróxido de cálcio (em amarelo) pronto para receber a base e o material selador. Silva & Lund, 2019, cap. 7.2020/2 Pulpotomia TÉCNICA OPERATÓRIA: • Anestesiado e o dente devidamente isolado, remover todo o tecido cariado e o teto da câmara pulpar. Broca Carbide 330 ou 329; • Procede-se à excisão da polpa coronária com cureta ou broca esférica lisa. Cortar o tecido pulpar em 0,5 mm abaixo da entrada dos canais; • Extirpar toda a porção contaminada e irreversivelmente inflamada; • Limpeza da cavidade: deve ser realizada com soro fisiológico e solução de hidróxido de cálcio; • Promover hemostasia; • Aplicar corticosteroide por 10 a 15 min (opcional); • Inserir agente forrador+ material restaurador provisório (aguardar silêncio clínico para restauração definitiva). 2020/2 Pulpotomia Caso clínico de pulpotomia. A. Exposição pulpar após remoção de todo o tecido cariado. B. Remoção de toda a porção coronária da polpa. C. Aplicação do pó de hidróxido de cálcio sobre a polpa. D. Cimento de hidróxido de cálcio sobrepondo o pó. Silva & Lund, 2019, cap. 7.2020/2 Cimentos Odontológicos 2020/2 Onde podemos aplicar os cimentos odontológicos? 2020/2 Cimentos Odontológicos: Aplicações • Cimentações de próteses; • Obturação do canal radicular; • Restaurações definitivas e provisórias ; • Proteção do Complexo dentino pulpar. 2020/2 Cimentos Odontológicos • Sofrem reação ácido-base durante a aplicações clínicas reação de presa, logo após a mistura do material. • Indicações fornecidas, pelo fabricantes: forma de pó e líquido; • Pó́ tem natureza básica; • Líquido, o caráter ácido. • Quando o pó́ e o líquido são misturados, sofrem uma reação ácido-base, exceto no caso dos cimentos resinosos, em que ocorre uma reação de polimerização. 2020/2 Cimento Hidróxido de Cálcio • Encontrado em forma de pasta: base e catalisadora; • Indicado: Capeamento pulpar direto e indireto; Pulpotomia; Forramento cavitário de cavidade profundas; Cimentação provisória. 2020/2 Cimento Hidróxido de Cálcio- Manipulação • Pasta base e a catalisadora; • Placa de vidro ou bloco de papel; • Porta hidróxido de cálcio; • Espátula 24. Obs.: Presa rápida. 2020/2 Cimento Hidróxido de Cálcio - Características e Propriedades • Atividade microbiana; • Efeito mineralizador; • Tempo de presa; • Radiopacidade. 2020/2 Agregado Trióxido Mineral (MTA) • Encontrado em forma de pó ou de pasta com base e catalisadora; • Indicado: Ø Capeamento pulpar direto ; Ø Pulpotomia; Ø Restaurador temporário; ØObturação de canais decíduos; ØReabsorção radiculares. 2020/2 Agregado Trióxido Mineral (MTA)- Manipulação Pó • Pó, dosagem de acordo com o fabricante; • Água deionizada ou soro fisiológico; • Placa de vidro ou bloco de espatulação; • Espátula de metal ou de plástico; • Consistência arenosa e úmida. 2020/2 Agregado Trióxido Mineral (MTA)- Características e Propriedades • Atividade microbiana; • Tempo de espera; • Radiopacidade; • Selamento; • Remineralização; • Bicompatilidade. 2020/2 Cimento Óxido de Zinco Eugenol • Encontrado em forma de pó e líquido ; • Indicado: Base; Obturação de canais radiculares; Restauração provisória. 2020/2 Classificação do Cimento de Óxido de Zinco Eugenol • Tipo I: para cimentação provisória • Tipo II: para cimentação definitiva • Tipo III: para restaurações provisórias de longa duração • Tipo IV: para forramento. 2020/2 Cimento Óxido de Zinco e Eugenol- Manipulação • Pó - cimento óxido; • Líquido- eugenol; • Espátula 24 ou 36; • Placa de vidro; 2020/2 Cimento Ionômero de Vidro • Encontrado em forma de: • Pó e líquido; • Cápsula; • Indicado: Base, forramentos; Cimentações; Restaurações; Selamentos. 2020/2 Cimento Ionômero de Vidro- Classificação • Convencionais: materiais não modificados • Reforçados por metais: partículas metálicas são adicionadas para reforço (pouco utilizados como restauradores temporários) • Modificados por resina: materiais alterados pela adição de monômeros metacrilatos. 2020/2 Cimento Ionômero de Vidro- Convencional; • São aqueles nos quais o pó́ contém basicamente partículas de alumínio- silicato de cálcio, e o líquido consiste em uma solução aquosa de ácido poliacrílico; • Manipulação: de acordo com o fabricante. 2020/2 Cimento Ionômero de Vidro-Reforçados por Metais • O líquido é similar ao dos cimentos convencionais, e o pó é composto de uma mistura do pó convencional com partículas de liga de amálgama ou liga de prata, sinterizadas com as partículas de vidro. • Manipulação: de acordo com o fabricante;2020/2 Cimento Ionômero de Vidro- Modificado por Resina • metacrilato modificado, esse tipo de cimento possui adição de resina (HEMA – hidroxi etil metacrilato), componente que substitui parte do ácido polialcenóico do líquido. Cimento Ionômero de Vidro- Características e Propriedades • Adesão à estrutura dentária; • Liberação de fluoreto; • Resistência adesiva; • Adaptação marginal; • Tempo de presa; • Microinfiltração. 2020/2 Cimento Ionômero de vidro-Manipulação • Aglutinado; • Condicionamento ácido; • Deve ser protegido contra perda (sinérese) ou absorção de água (embebição). É necessário, também, aplicação de proteção na superfície da restauração, como verniz cavitário, esmalte de unha incolor ou adesivo odontológico, vaselina.2020/2 Referências Bibliográficas Silva, A. F. da ,Dentística restauradora: Do planejamento à execução / Adriana Fernandes da Silva, Rafael Guerra Lund. – 1. ed. – [Reimpr.]. Rio de Janeiro: Santos, 2019. Cap. 7 Dentística [recurso eletrônico] : uma abordagem multidiscipli- nar / José Carlos Pereira, Camillo Anauate- Netto, Silvia Alencar Gonçalves. – Dados eletrônicos. – São Paulo: Artes Médicas, 2014. Cap. 1 Materiais dentários [recurso eletrônico]/ organizadores, Léo Kriger, Samuel Jorge Moysés, Simone Tetu Moysés; coordenadora, Maria Celeste Morita; autor, Marcelo Carvalho Chain. – Dados eletrônicos. – São Paulo: Artes Médicas, 2013. Cap. 5. 2020/2