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Unidade 3 Tributos e encargos sobre folha de pagamento André Juliano Machado © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Imagens Adaptadas de Shutterstock. Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições. Conteúdo em websites Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer momento pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros. Sumário Unidade 3 Tributos e encargos sobre folha de pagamento.......................................... 4 Seção 1 INSS - previdência social ................................................................... 5 Seção 2 FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço ......................19 Seção 3 INSS e IRRF retidos na fonte ..........................................................31 Unidade 3 André Juliano Machado Tributos e encargos sobre folha de pagamento Convite ao estudo Sabemos que os encargos sociais e trabalhistas representam uma boa parte dos custos com a folha de pagamento. Mas será que uma empresa pode determinar com precisão todos esses custos? Para obtermos essa resposta vamos trabalhar com um caso referente a uma empresa do ramo da construção civil, que irá prestar serviços ao seu cliente na construção de um barracão industrial no prazo de 1 ano. A prestação de serviços ocorrerá mediante a cessão de mão de obra de seus funcionários, os quais estarão no canteiro de obras. Os sócios da empresa prestadora de serviços precisam determinar quais serão os custos com a folha de pagamento dos funcionários que farão parte desse projeto. O desafio aqui será enorme, visto que será preciso determinar os custos com os encargos trabalhistas e sociais da previdência e do FGTS, pois não podemos deixar de lado os cálculos das provisões mensais sobre o 13º salário e férias com os respectivos encargos sociais. Considerando que os encargos representam uma boa parte dos custos com a folha de pagamento, uma empresa precisa ter conhecimento sobre a legislação previdenciária, a legislação do FGTS e quando poderá ocorrer a retenção do IRRF sobre a remuneração de seus empregados. O valor total estimado pela prestação de serviços será de R$ 500.000,00 e os sócios da empreiteira precisam saber quanto os custos mensais da folha de pagamento e encargos sociais irão representar em relação ao faturamento da empresa nesta obra. Para realizarmos os cálculos, vamos considerar uma remuneração básica mensal paga aos funcionários no valor total de R$ 10.000,00. Outro fator importante, o qual não pode ser ignorado, é o caso das reten- ções previdenciárias sobre a prestação de serviços no ramo da construção civil, em que a legislação prevê e traz regulamentações que definem a forma de retenção e recolhimento antecipados à previdência social. 5 Seção 1 INSS - previdência social Diálogo aberto Para utilizarmos os conceitos sobre folha de pagamento e seus respec- tivos encargos sociais, vamos conhecer o caso de uma empresa que presta serviços no ramo da construção civil. Essa empresa vai iniciar uma prestação de serviços na construção de um barracão industrial para o seu cliente pelo prazo de 1 (um) ano, mas os sócios da construtora estão com receio, pois não têm o conhecimento necessário sobre a legislação previdenciária. Sua preocupação se justifica pois sabemos que todos os funcionários têm direito as férias anuais e ao 13º salário no final do ano. Mas como podemos prever esses valores? A seguir temos alguns dados sobre o valor estimado da folha de pagamento dos funcionários que serão utilizados na prestação de serviços e respectivo enquadramento de grau de risco, FPAS e percentual de terceiros de acordo com sua categoria econômica: • Remuneração bruta mensal dos empregados R$ 10.000,00. • CPP – Contribuição Previdenciária Patronal – 20%. • Grau de Risco da Atividade – 3%. • FPAS 507 – Percentual de Terceiros – Sistema S- 5,8%. De posse dessas informações, o departamento contábil da empresa fará todos os cálculos dos encargos previdenciários sobre a folha de pagamento mensal e deve elaborar os demonstrativos de cálculo das provisões de férias e 13º salários com os respectivos encargos previdenciários. Depois de realizados os cálculos das provisões e encargos sociais, serão elaborados os lançamentos contábeis e teremos condições de analisar os custos relacionados à previdência sobre a folha de pagamento. Não pode faltar Olá! A seguridade social compreende um conjunto de ações desen- volvidas pelo poder público, destinando à sociedade a garantia de direito à saúde, previdência e assistência social. O órgão competente para gerir a arrecadação com essas finalidades é o INSS – Instituto Nacional do Seguro Social, o qual pertence à Receita Federal do Brasil. 6 Agora trabalharemos com os principais aspectos e regulamentações trazidas pela legislação, abordando a formação da base de cálculo do INSS, suas alíquotas, contribuição do sistema S e as formas de contabilização de uma folha de pagamento. Legislação Básica A seguridade social é subsidiada pela nossa sociedade de forma diversifi- cada, basicamente pelos que consideramos como contribuintes obrigatórios, representados pelos trabalhadores, aposentados e empresários. A legislação que estabelece tais prerrogativas se encontra na Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, na qual constam informações e regulamentações necessárias à sua aplicabilidade. Como exemplo, temos a definição dos contribuintes obrigató- rios, como já citado anteriormente, e dos contribuintes facultativos. Outras regulamentações também encontram respaldo nessa lei, como a definição da base de cálculo, tabela de contribuição com as faixas de contribuição definidas de acordo com o salário de contribuição do contribuinte. A legis- lação também define como contribuintes as empresas optantes pelos regimes de tributação denominados como Lucro Real, Lucro Presumido e Arbitrado, as quais estão sujeitas à Contribuição Previdenciária Patronal com o percen- tual de 20% sobre o valor bruto da folha de pagamento de seus empregados. As empresas optantes pelo Simples Nacional também estão obrigadas ao recolhimento da Contribuição Previdenciária Patronal, mas o tratamento jurídico diferenciado garantido às empresas participantes desse regime simplificado determina que o imposto não deva ser apurado sobre o valor bruto da folha de seus empregados. Nesse caso, a incidência de tributação ocorre sobre o faturamento da empresa de acordo com as tabelas previstas nos anexos à lei do Simples Nacional. Base de cálculo A obrigação tributária da empresa quanto ao INSS tem sua origem na remuneração paga ao trabalhador, pessoa física com ou sem vínculo com a empresa, portanto, os pagamentos realizados aos trabalhadores autônomos também são considerados na base de cálculo. O Quadro 3.1 a seguir demonstra com maior facilidade a incidência do INSS sobre o salário e outras remunerações pagas ao empregado ou trabalhador autônomo que preste serviço a uma empresa. O valor total das rubricas com incidência será a sua base de cálculo: 7 Quadro 3.1 | Incidência do INSS Incidência Há incidência do INSS Não há incidência do INSS Rubrica Adicionais de insalubridade, peri- culosidade, noturno, função, tempo deserviço, transferência e de horas extras. Abono Pecuniário de Férias (referen- te ao período de férias vendido pelo empregado) Férias normais, inclusive com 1/3 constitucional Férias indenizadas, inclusive com 1/3 constitucional Aviso prévio trabalhado Aviso prévio indenizado (Conforme So- luções de Consulta Cosit nº 99.014/2016 e nº 249/2017, afastando a incidência de INSS sobre o Aviso Prévio Indenizado) Comissões e gratificações Indenizações por tempo de serviço, por extinção antecipada de contrato e indenização adicional Licença prêmio normal Licença prêmio indenizada 13º salário - 2ª parcela e 13º Proporcional pago em rescisão. O 13º salário correspondente a 1/12 avos da projeção do aviso prévio indenizado 13º salário – 1ª parcela Salários normais, Saldo de salários pagos em rescisão e Salário Mater- nidade Salário Família Retiradas mensais de diretores empregados, diretores proprietários ou titulares de firma individual (Pró labore) Participação de lucros e resultados (empregados) ou Distribuição de lucros (sócios ou acionistas). Auxílio para Acidente de traba- lho (15 primeiros dias pagos pela empresa) Auxílio para Acidente de trabalho (perí- odo de afastamento a partir do 16º dia) Auxílio Doença (15 primeiros dias pagos pela empresa) Auxílio Doença (período de afastamen- to do empregado a partir do 16º dia) Fonte: adaptado de Brasil (1991). Assimile O quadro apresentado demonstra apenas as principais rubricas para determinarmos o valor correto da base de cálculo do INSS. Você pode acessar o site da Receita Federal do Brasil para verificar todos os detalhes dos fatores de incidência para as mais variadas rubricas. BRASIL. Ministério da Economia. Receita Federal. Tabela de Incidência de Contribuição. Brasília, 8 nov. 2016. 8 Alíquotas do INSS Para compreendermos como funciona a tributação referente à partici- pação patronal do INSS, veremos como são aplicadas as alíquotas do INSS às empresas optantes pelo Lucro Real, Presumido ou Arbitrado. Denominada como CPP, a Contribuição Previdenciária Patronal incide sobre a remuneração paga pelas empresas aos seus empregados e trabalha- dores autônomos que prestam serviços com a utilização de sua mão de obra. Para exemplificar como é aplicada a contribuição previdenciária patronal, vamos analisar o Quadro 3.2 a seguir: Quadro 3.2 | CPP aplicada às empresas optantes pelo Lucro Real, Presumido e Arbitrado CPP Setor Alíquota Remuneração Setor Financeiro 22,5% Demais setores (Indústria, Comércio e Prestação de Serviços) 20% Fonte: adaptado de Brasil (1991). Não podemos esquecer das empresas optantes pelo regime diferenciado de tributação, denominado como Simples Nacional, criado para simplificar a forma de recolhimento de impostos para as micro e pequenas empresas. Nesse regime não há a incidência direta do INSS sobre a remuneração paga aos empregados e trabalhadores autônomos, mas, em contrapartida, as empresas optantes por esse regime simplificado recolhem seus impostos mensais através de uma única guia denominada DAS – Documento de Arrecadação do Simples Nacional. Nesse caso, o percentual da CPP pode variar de acordo com o faturamento acumulado e atividade desenvolvida pela empresa, e a referida contribuição está inclusa junto com os demais tributos federais, estaduais e municipais. Agora trataremos sobre os valores que devem ser recolhidos ao INSS, mas que são de responsabilidade do empregado. Para alguns doutrinadores, o valor do INSS descontado da folha de salários dos empregados não pode ser denominado como um encargo social, pois este se configura como gasto do funcionário e não da empresa. É muito comum ocorrerem interpretações equivocadas sobre o INSS dos empregados, pois o valor descontado fica sob a responsabilidade da empresa, a qual deve repassar os valores retidos em sua folha de pagamento aos cofres públicos. O valor descontado do empregado incide basicamente sobre sua remune- ração, mas devemos sempre observar as bases de incidências estabelecidas na Lei 8.212/1991. O valor retido de cada empregado deve ser feito com base em alíquotas estabelecidas pelo INSS, as quais podem variar entre 8%, 9% 9 ou 11%, de acordo com o salário do empregado. Observe, no Quadro 3.3 a seguir, a tabela de incidência sobre s salários de contribuição dos empre- gados, empregados domésticos e trabalhadores avulsos: Quadro 3.3 | Tabela de contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e traba- lhador avulso, para pagamento de remuneração a partir de 1º de janeiro de 2019 SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO (R$) ALÍQUOTA PARA FINS DE RECOLHI-MENTO AO INSS até 1.751,81 8% de 1.751,82 até 2.919,72 9% de 2.919,73 até 5.839,45 11 % Fonte: adaptado de Brasil (2019). Assimile A tabela dos salários de contribuição constante no anexo II da Portaria nº 9/2019 é válida apenas para os empregados e trabalhadores avulsos. Caso a empresa contrate os serviços de trabalhadores autônomos, estes deverão contribuir diretamente com alíquota de 11% para o INSS. O mesmo percentual incide também sobre o pró-labore pago aos sócios e diretores de empresas. Os trabalhadores que desenvolvem atividades insalubres e que podem ter sua integridade física deteriorada têm o direito de requerer uma aposenta- doria com tempo de trabalho menor se comparado ao regime atual de previ- dência. Nesse caso, o funcionário poderá dar entrada em sua aposentadoria com 15, 20 ou 25 anos de trabalho. Para financiar as aposentadorias especiais, a Lei 8.212/91 estabelece, no inciso II do artigo 22, o acréscimo percentual ao recolhimento patronal de acordo com o GILRAT - Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho. Esse índice é segmentado em três níveis: • 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponde- rante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve. • 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponde- rante esse risco seja considerado médio. • 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponde- rante esse risco seja considerado grave. Contribuições do Sistema S Esse sistema é definido por um conjunto de organizações voltadas ao treinamento profissional, assistência, consultoria e pesquisa. Essas entidades 10 têm origens e características organizacionais em comum, além de apresen- tarem a inicial com a letra “S”. A seguir, temos algumas das instituições que fazem parte desse sistema: • SESI – Serviço Social da Indústria. • SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. • SESC – Serviço Social do Comércio. • SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio. • SEST – Serviço Social do Transporte. • SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. • SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Essas instituições foram criadas em 1940, com personalidade jurídica vinculada ao setor produtivo, mas não têm fins lucrativos, pois o seu principal objetivo é dar assistência a diversas classes e categoria profissionais. Para definirmos a base de cálculo dessa contribuição, devemos utilizar os mesmos critérios que formam a base de cálculo da CPP, os quais foram tratados no Quadro 3.1 – Incidência de INSS sobre as remunerações dos empregados. Reflita As instituições que formam o sistema S são responsáveis por formar futuros profissionais das áreas de indústria, comércio e serviços. A capacitação e treinamento dessa mão de obra têm custo alto e, por esse motivo, as empresas devem recolher aos cofres públicos uma parcela sobre sua folha de pagamento justamente para manter essas institui- ções que tanto contribuem na formação de milhares de cidadãos do nosso país. As alíquotas do sistema S são definidas de acordo com o código FPAS – Fundo de Previdência e Assistência Social, que deve corresponder com a atividade desenvolvida pela empresa. A Receita Federal do Brasil publicou instruções normativas que regulamentam e correlacionam os códigosFPAS com o CNAE – Código Nacional de Atividades Econômicas. Atualmente, os percentuais são definidos pela Instrução Normativa nº 971, de 13 de novembro de 2009, que dispõe sobre normas gerais de tributação previden- ciária e de arrecadação das contribuições sociais destinadas à Previdência Social e as destinadas a outras entidades ou fundos. 11 No Quadro 3.4 a seguir, temos alguns exemplos sobre os grupos de ativi- dades, demonstrando o código FPAS e a alíquota de terceiros para o respec- tivo segmento: Quadro 3.4 | Grupos de atividades x Código FPAS x Alíquota de Terceiros Confederação Nacional da Indústria Grupo de Atividade FPAS Alíquota de Terceiros Alimentação 507 5,8% Vestuário 507 5,8% Construção e Mobiliário 507 5,8% Confederação Nacional do Comércio Comércio Atacadista 515 5,8% Comércio Varejista 515 5,8% Agentes autônomos do comércio 515 5,8% Comércio Armazenador 515 5,8% Turismo e hospitalidade 515 5,8% Serviços de saúde 515 5,8% Fonte: adaptado de Brasil (2009). No quadro apresentado, citamos apenas alguns dos principais grupos de atividades, mas para entendermos como são formadas as alíquotas dos terceiros, temos que consultar na íntegra a Instrução Normativa nº 971/2009 (BRASIL, 2009) e seu anexo II (BRASIL, [s.d.]). É importante lembrar que a referida instrução normativa passou por várias atualizações, sendo a última delas introduzida pela Instrução Normativa nº 1.867, de 25 de janeiro de 2019. Exemplificando Considere uma empresa com atividades industriais que precisa deter- minar suas provisões sobre folha de pagamento. Seus funcionários estão expostos a um grau de risco 3 em relação a acidentes de trabalho. Considerando o valor mensal bruto da folha de pagamento de R$ 3.000,00, devem ser realizados os cálculos das provisões de férias e 13º, com os respectivos encargos sociais. Sabemos que todos os trabalhadores têm direito adquirido de férias e 13º salário de forma proporcional a 1/12 avos para cada mês trabalhado na mesma empresa. Considerando que a contabilidade deve sempre ser realizada pelo regime de competência e a folha de pagamento e seus respectivos encargos são responsáveis pela maior parte das despesas de uma empresa, temos 12 que fazer os lançamentos mensalmente sobre a provisão de férias, 13º salário e INSS sobre as provisões. Quadro 3.5 | Demonstrativo cálculo das provisões de 13º salário e férias Salário R$ 3.000,00 Provisão 13º salário (1/12 avos) R$ 250,00 Provisão férias (1/12 avos) R$ 250,00 Provisão 1/3 de férias R$ 83,33 Fonte: elaborado pelo autor. Para determinarmos o valor dos tributos incidentes sobre a mão de obra, é preciso relembrar que a empresa desenvolve atividades indus- triais com grau de risco 3, portanto, deve ser utilizado o código FPAS 507, e o percentual de recolhimento a terceiros será 5,8%. Quadro 3.6 | Demonstrativo de percentuais de incidência do INSS sobre folha de salários Contribuição Previdenciária Patronal 20% Acidente de trabalho – GILRAT 3% Terceiros 5,8% Total 28,80% Fonte: elaborado pelo autor. Quadro 3.7 | Planilha de cálculo provisões e percentual de incidência do INSS sobre 13º salário e férias Tributos Alíquotas Salários Provisão 13º Provisão Férias Provisão 1/3 Valores folha men- sal e provisões (A) >>>> R$3.000,00 R$ 250,00 R$ 250,00 R$83,33 CPP 20% R$600,00 R$ 50,00 R$ 50,00 R$16,67 GILRAT 3% R$90,00 R$ 7,50 R$ 7,50 R$2,50 Terceiros 5,80% R$174,00 R$ 14,50 R$ 14,50 R$4,83 Totais encargos (B) 28,80% R$864,00 R$ 72,00 R$ 72,00 R$24,00 13 Total custo (A+B) - R$3.864,00 R$ 322,00 R$ 322,00 R$107,33 Fonte: elaborado pelo autor. No quadro apresentado fica evidente o quanto as provisões e os encargos sociais do INSS representam como custos de folha de pagamento para uma empresa. Se somarmos os valores da folha mensal, com suas provi- sões e seus respectivos encargos sociais de previdência, chegamos ao valor total de R$ 4.615,33, representando um acréscimo de 53,84% sobre o valor bruto da remuneração. Por isso não podemos deixar de considerar os lançamentos contábeis das provisões mensais para as empresas. Lançamento contábil pela provisão do 13º Salário: D – Décimo Terceiro Salário (CR – Custos) C – Provisão sobre 13º Salário (Passivo Circulante) R$ 250,00 Lançamento contábil pela provisão das férias: D – Férias (CR – Custos) C – Provisão sobre Férias (Passivo Circulante) R$ 250,00 Lançamento contábil pela provisão de 1/3 constitucional de férias: D – Férias (CR – Custos) C – Provisão sobre Férias (Passivo Circulante) R$ 83,33 Lançamento contábil pela provisão do INSS sobre 13º Salário: D – Contribuição Previdenciária 13º Salário (CR – Custos) C – Provisão Contribuição Previdenciária 13º Salário (PC) R$ 72,00 Lançamento contábil pela provisão de INSS sobre férias: D – Contribuição Previdenciária sobre Férias (CR – Custos) C – Provisão Contribuição Previdenciária Férias (PC) R$ 72,00 Lançamento contábil pela provisão de INSS sobre 1/3 de férias: D – Contribuição Previdenciária sobre Férias (CR – Custos) C – Provisão Contribuição Previdenciária Férias (PC) R$ 24,00 A legislação previdenciária é considerada bastante complexa, pois passou por várias alterações desde a publicação da Lei nº 8.212/1991 e suas instru- ções normativas. Justamente por esse motivo, o tema previdência se torna tão desafiador. 14 Contadores, empresários e administradores devem ter o conhecimento necessário a respeito dessa legislação, para que possam determinar correta- mente o cálculo dos valores a recolher para a previdência. Classificar uma empresa de forma incorreta para apuração dos impostos sobre a folha de pagamento e suas provisões gera demonstrativos com informações distor- cidas, o que pode acarretar autuações fiscais. Sem medo de errar Vamos relembrar os dados apresentados referente à empreiteira que presta serviços na construção civil. Os sócios estão preocupados com os altos custos com os encargos sociais e trabalhistas para uma empresa que desen- volva esse tipo de atividade venha a ter. Trabalhamos com alguns conceitos relativos à previdência social, como sua legislação básica, formação da base de cálculo, alíquotas referentes tanto da parte patronal, quanto do valor descontado do empregado e do grau de risco de acordo com a atividade da empresa. Vimos os recolhimentos efetu- ados ao Sistema S, destinado às entidades criadas para formação profissional e assistência social dos trabalhadores. A seguir temos alguns dados sobre o valor estimado da folha de pagamento dos funcionários que serão utilizados na prestação de serviços e respectivo enquadramento de grau de risco, FPAS e percentual de terceiros de acordo com sua categoria econômica: • Remuneração bruta mensal dos empregados R$ 10.000,00. • CPP – Contribuição Previdenciária Patronal – 20%. • Grau de Risco da Atividade – 3%. • FPAS 507 – Percentual de Terceiros – Sistema S - 5,8%. De posse dessas informações, o departamento contábil da empresa fará todos os cálculos dos encargos previdenciários sobre a folha de pagamento mensal e deve elaborar os demonstrativos de cálculo das provisões de férias e 13º salários com os respectivos encargos previdenciários. Depois de realizados os cálculos das provisões e encargos sociais, serão elaborados os lançamentos contábeis, e teremos condições de analisar os custos relacionados à previdência sobre a folha de pagamento. 1º Passo – Cálculo dos encargos sociais e trabalhistas sobre a folha de pagamento mensal e suas provisões. 15 Quadro 3.8 | Planilha de cálculo dos encargos sociais sobre a folha mensal e provisões Tributos Alíquotas Salários Provisão 13º Provisão Férias Provisão 1/3 Valores folha mensal e pro- visões (A) >>>> R$10.000,00 R$833,33 R$833,33R$277,78 CPP 20% R$2.000,00 R$166,67 R$166,67 R$55,56 GILRAT 3% R$300,00 R$25,00 R$25,00 R$8,33 Terceiros 5,80% R$580,00 R$48,33 R$48,33 R$16,11 Totais encar- gos (B) 28,80% R$2.880,00 R$240,00 R$240,00 R$80,00 Total custo (A+B) - R$12.880,00 R$1.073,33 R$1.073,33 R$357,78 Fonte: elaborado pelo autor. Utilizando os valores apresentados na planilha apresentada, chegamos à conclusão que o custo mensal sobre a folha de pagamento, considerando todas as provisões e encargos previdenciários, podem chegar até R$ 15.384,44, representando um acréscimo nos custos mensais de 53,84%. Após o período acumulado de um ano, no término da construção, a empresa terá acumu- lado custos com folha de pagamento, provisões e encargos previdenciários no total de R$ 184.613,33, o que equivale a 36,92% do total a ser faturado. 2º Passo – Lançamentos contábeis da folha de pagamento, provisões e encargos previdenciários. Pela contabilização do valor bruto da folha de pagamento: D – Salários (CR – Custos) C – Salários a pagar (PC) R$ 10.000,00 Pela contabilização dos encargos previdenciários patronais, grau de risco e terceiros: D – Contribuição Previdenciária sobre Salários C – Contribuição Previdenciária a Recolher (PC) R$ 2.880,00 16 Pela contabilização das provisões mensais sobre o 13º Salário: D – Décimo Terceiro Salário (CR – Custos) C – Provisão sobre 13º Salário (Passivo Circulante) R$ 833,33 Pela contabilização das provisões mensais sobre as férias: D – Férias (CR – Custos) C – Provisão sobre Férias (Passivo Circulante) R$ 833,33 Pela contabilização das provisões mensais sobre 1/3 constitucional de férias: D – Férias (CR – Custos) C – Provisão sobre Férias (Passivo Circulante) R$ 277,78 Lançamento contábil pela provisão de INSS sobre 13º Salário: D – Contribuição Previdenciária 13º Salário (CR – Custos) C – Provisão Contribuição Previdenciária 13º Salário (PC) R$ 240,00 Lançamento contábil pela provisão de INSS sobre férias: D – Contribuição Previdenciária sobre Férias (CR – Custos) C – Provisão Contribuição Previdenciária Férias (PC) R$ 240,00 Lançamento contábil pela provisão de INSS sobre 1/3 de férias: D – Contribuição Previdenciária sobre Férias (CR – Custos) C – Provisão Contribuição Previdenciária Férias (PC) R$ 80,00 Faça valer a pena 1. Na Lei nº 8.212/1991 temos a definição de quem são os contribuintes obrigatórios da previdência social. A obrigação tributária relativa ao INSS tem sua origem na remuneração: 17 I. Paga ao empregado. II. Trabalhadores autônomos. III. Distribuição de lucros aos acionistas. Feita a análise do texto, marque a alternativa que apresenta as afirmações corretas. a. Apenas a afirmação I está correta. b. Apenas a afirmação II está correta. c. Apenas a afirmação III está correta. d. As afirmações I e II estão corretas. e. As afirmações II e III estão corretas. 2. Além da obrigação de recolhimentos dos valores descontados de seus empregados e prestadores de serviços autônomos, toda empresa ou equipa- rados devem recolher os valores referentes à participação patronal do INSS, a qual é aplicada de acordo com as alíquotas do INSS previstas para as empresas optantes pelo Lucro Real, Presumido ou Arbitrado. No caso dos bancos comerciais, qual é o percentual da CPP determinado pela legislação do INSS? a. 20%. b. 8%. c. 9%. d. 11%. e. 22,5%. 3. Conhecido por ser um sistema formado por um conjunto de organiza- ções voltadas ao treinamento profissional, de assistência social, consultoria e pesquisa, essas entidades têm origens e características organizacionais em comum. A seguir temos algumas das instituições que fazem parte do sistema S: VI. SESI – Serviço Social da Indústria. VII. SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. VIII. SEMC – Serviço Mundial do Comércio. 18 IX. SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio. Agora marque a alternativa que se refere às verdadeiras instituições que fazer parte do sistema S. a. As afirmações I, II, III e IV estão corretas. b. Somente as afirmações I, II e IV estão corretas. c. Somente as afirmações II, III e IV estão corretas. d. Somente a afirmação IV está correta. e. Somente as afirmações III e IV estão corretas. 19 Seção 2 FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço Diálogo aberto Agora as atenções dos sócios da empreiteira estão voltadas para outro assunto, o FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Continuando com o caso, a empreiteira que está prestando serviços na construção de um barracão industrial tem um dos sócios com a seguinte preocupação: como podemos provisionar os custos com o FGTS? Para respondermos a essa pergunta, primeiro temos que conhecer a legislação base do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, sua base de cálculo e sua alíquota, para que possamos definir os cálculos corretos para esse encargo social e suas provisões sobre 13º Salário e Férias. Todas essas informações geram dúvidas aos empresários, pois o motivo de maior preocu- pação entre eles se refere ao valor da multa do FGTS que deverá ser pago ao final da obra: todos os valores de depósitos mensais, somados às provisões comporão o saldo para fins rescisórios que servirá de base de cálculo para a multa rescisória. Vamos relembrar alguns dados da folha de pagamento, com os quais trabalharemos nesta seção: O valor total da remuneração mensal paga aos funcionários da emprei- teira é de R$ 10.000,00. Com essa informação, o departamento de contabilidade da emprei- teira deve realizar os cálculos para determinar qual será o valor de provisão mensal e como devem ser elaborados os lançamentos contábeis das provisões do fundo de garantia. O contador da empresa deve elaborar um quadro demonstrando uma simulação dos valores que serão depositados nas contas de FGTS durante o período em que a obra estiver sendo executada, considerando também os valores que incidem sobre as provisões de 13º Salário e Férias. Sabemos que o valor do fundo de garantia sobre as provisões não é depositado mensalmente, mas esse valor será demonstrado na planilha de cálculo para que os empresá- rios possam visualizar o custo mensal com esse encargo social. Com as informações disponíveis no demonstrativo do FGTS, será possível definir o valor aproximado do saldo depositado pela empresa durante o período de prestação de serviços, sendo possível estimar os valores da multa 20 rescisória pois, ao término da obra, a empresa deve fazer a rescisão de todos os seus empregados. Nesta seção trataremos do FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Vamos conhecer suas particularidades, regulamentações e conceitos básicos, sua base de cálculo e forma de apuração e, é claro, sua contabilização e obrigações acessórias. Legislação básica e origens Instituído em 1966, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) é constituído pelos saldos de contas vinculadas, devidamente atualizados após realizados os depósitos mensais pelos empregadores em nome de seus funcionários registrados. As atualizações desse fundo são feitas mediante a aplicação dos juros de atualização monetária, mais conhecidos pelo termo técnico JAM. Antes da criação do FGTS, existia em nosso país uma outra forma de garantia de emprego ao trabalhador, denominada estabilidade decenal. Naquela época, todo empregado que completasse mais de dez anos de contrato de trabalho com o mesmo empregador só poderia ser demitido por justa causa. Desde que foi instituído, o FGTS era opcional, pois cabia ao funcionário, no momento de contratação, realizar sua opção pelos depósitos mensais em vez de optar pela estabilidade decenal. Mas na prática não foi bem assim que aconteceu, porque as empresas só aceitavam contratar novos funcionários desde que realizassem a opção pelo fundo de garantia. Em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, a estabilidadedecenal foi extinguida, tornando a contribuição ao FGTS obrigatória para todos os empregadores, com regulamento e legislação própria. Atualmente, essa contribuição é regida pela Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, que dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e dá outras provi- dências, e pela Lei Complementar nº 150 de 1 de junho de 2015, que dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico e dá outras providências relativas a essa contribuição. Base de cálculo e alíquotas Os depósitos relativos ao FGTS devem ser realizados mensalmente pelos empregadores, mediante a aplicação da alíquota de 8%. Sua incidência ocorre sobre o montante referente ao salário bruto dos funcionários, que é formado basicamente pelo salário e outras verbas salariais. De acordo com o art. 457 da Consolidação das Lei de Trabalho (CLT), compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador como 21 contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. Entre as verbas que podem ser consideradas de natureza salarial, portanto, comporão a base de cálculo do FGTS: • Salário mensal. • 13º Salário. • Horas extras. • Adicional Periculosidade. • Adicional Insalubridade. • Adicional Noturno. • Adicional de produtividade. • Gorjetas. • Comissões. • Repouso Semanal Remunerado. • Férias (Incluindo o acréscimo constitucional de 1/3 sobre as férias). • Licenças (maternidade, paternidade, doença). • Aviso prévio (trabalhado e indenizado). O parágrafo 2º do art. 458 da CLT traz algumas complementações muito importantes ao estabelecer que algumas utilidades concedidas pelo empre- gador não devem ser consideradas como salário, portanto, não serão inclu- ídas na base de cálculo. São elas: I. Vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empre- gados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço. II. Educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos à matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático. III. Transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público. IV. Assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde. V. Seguros de vida e de acidentes pessoais. VI. Previdência privada. VII. (VETADO) 22 VIII. O valor correspondente ao vale-cultura. No parágrafo 3º temos algumas regras adicionais dizendo que o empre- gador pode fornecer habitação e a alimentação como salário-utilidade, mas estas não poderão exceder, respectivamente, a 25% (vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do salário-contratual. Quando o salário utilidade se referir à habitação coletiva, para que seja determinado o percentual limite, o valor total do gasto deverá ser dividido pelo número de habitantes, sendo vedada a utilização de uma mesma residência para mais de uma família. Pela ocasião da rescisão de contrato de trabalho, desde que essa seja motivada pelo empregador e for sem justa causa, será devido o percentual de multa rescisória em 40% sobre o valor do saldo depositado na conta vincu- lada do funcionário. Assimile O valor a recolher do FGTS devido pelo empregador deve ser recolhido até o dia 7 do mês subsequente ao mês trabalhado. O recolhimento deverá ser antecipado para o dia útil imediatamente anterior ao venci- mento, caso o dia determinado para recolhimento na legislação recaia em finais de semana ou feriados nacionais. Saque do FGTS O saque do FGTS pode ocorrer em alguns momentos considerados essenciais na vida do trabalhador. No Quadro 3.9 temos alguns motivos que permitem que o valor depositado seja retirado pelo empregado: Quadro 3.9 | Motivos de saque do FGTS Rescisão • Sem justa causa motivada pelo empregador. • Por morte do empregado. • Por extinção da empresa. • Por culpa recíproca ou força maior. • Por extinção do contrato de trabalho por prazo determinado. • Por aposentadoria. Financiamentos • Aquisição da casa própria mediante a utilização e recursos do FGTS. • Abatimento/pagamento total ou parcial de prestações do financiamento habitacional pelo Sistema Financeiro de Habitação SFH. Doenças • Aids ou neoplasia maligna (câncer). Desempregado • Caso o trabalhador permaneça mais de três anos ininter- ruptos sem nenhum registro em carteira ou vínculo com outro empregador, ou seja, sem nenhum crédito referente a depósitos de FGTS em conta vinculada. 23 Idade • Trabalhador com idade igual ou superior a 70 anos. Aposentadoria • Após a concessão do benefício pela previdência social. Fonte: adaptado de Brasil (1990). A Lei nº 13.932/2019, publicada em 12 de dezembro de 2019, estipulou em seu art. 20-A que: “O titular de contas vinculadas do FGTS estará sujeito a somente uma das seguintes sistemáticas de saque: I. saque-rescisão; ou II. saque-aniversário.” O art. 20 B, afirma que o titular das contas vinculadas ao FGTS, a princípio está sujeito ao saque-rescisão, mas tem a opção de mudar para o saque-aniversário. O saque-aniversário possibilita o saque anual de parte do FGTS para o trabalhador que optar por essa sistemática. Reflita Sabemos que, atualmente, as contas vinculadas aos depósitos do FGTS têm sua atualização monetária garantida, mas os valores decorrentes das atualizações são muito baixos. O que seria se as empresas pudessem gerir esse fundo em nome de seus funcionários junto a outras instituições financeiras? Você acredita que seria necessário algum tipo de regulamentação? Você concorda com os percentuais estabelecidos para a multa resci- sória quando a empresa demite um empregado? Antes de debater esse assunto, leia a seguinte nota técnica sobre efeitos do FGTS no mercado de trabalho: BARBOSA, A. L. N. H.; FOGUEL, M. N.; BILO, C. FGTS e fundos individuais de seguro-desemprego: análise comparativa entre países e efeitos no mercado de trabalho. Nota Técnica. Mercado de Trabalho, n. 63, out. 2017. Repositório de Conhecimento do IPEA. GRRF -Guia de recolhimento rescisório do FGTS A Lei nº 8.036/1990 estabelece em seu art. 18, § 1º que na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa, deve ser depositado na conta vinculada do trabalhador no FGTS importância igual a 40% do montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respec- tivos juros. 24 Já de acordo com o § 2º do mesmo artigo, quando ocorrer despedida por culpa recíproca ou força maior, reconhecida pela Justiça do Trabalho, o percentual mencionado será de 20%. Para realizar esse depósito, a Caixa Econômica, administradora dos recursos do FGTS, estabeleceu o recolhimento através da GRRF. O preenchimento e conferência de todas as informações constantes na GRRF são de total responsabilidade do empregador, devendo realizar a correta apuração dos valores para recolhimento, que chamamos de Valor Base para Cálculo do Recolhimento Rescisório. O valor dessa base de cálculo está disponível no extrato da conta vinculada do FGTS, que pode ser obtido pelos canais de atendimento do Conectividade Social mediante a utilização de certificação digital ou nas agências da Caixa Econômica Federal. Devemos lembrar uma informação importante na determinação da base de cálculo para fins rescisórios: esse valor será composto basicamente pelos depósitos mensais realizados pela empresa durante o período de registro do empregado e por algumas verbas pagas em rescisão, sendo as principais: • Saldo de salários. • 13º Salário proporcional. • Adicionais (periculosidade, insalubridade, noturno, produtividade). • Horas extras pagas em rescisão. • Aviso prévio indenizado. Sobre os valores citados, pagos em rescisão, também haverá a incidência de 8% para o FGTS e esses deverão ser somados ao saldo depositado em conta vinculada para formar a base de cálculo para fins rescisórios, sobre a qual serãocalculados a multa de 40% e a contribuição de 10%. De acordo com o art. 15 da Lei 8.036/1990, não há incidência do FGTS sobre os valores relativos às férias vencidas ou proporcionais, quando essas são indenizadas e pagas na rescisão. Exemplificando Vamos utilizar um exemplo de uma empresa que acaba de demitir seu funcionário. O empregado foi contratado em 02/01 e demitido em 31/10. Seguem os dados das verbas salariais pagas em sua rescisão: • Salários – R$ 1.000,00. 25 • 13º Salário 10/12 avos – R$ 833,33. • Férias proporcionais 10/12 avos– R$ 833,33. • 1/3 sobre férias – R$ 277,78. • Horas extras – R$ 250,00. • Adicional produtividade – R$ 150,00. O valor total do saldo depositado em sua conta vinculada do FGTS, considerando as atualizações realizadas pela Caixa Econômica Federal, é R$ 825,00. Resolução: 1º Passo – Para determinar qual será a base de cálculo para fins rescisó- rios, primeiro temos que encontrar o valor do FGTS que incidirá sobre as verbas pagas na rescisão. Nesse caso, não podemos considerar os valores referentes às férias, pois estas estão sendo indenizadas e pagas na rescisão conforme o art. 15 da Lei 8.036/1990. Base de cálculo do FGTS na rescisão: • Salários – R$ 1.000,00. • 13º Salário – R$ 833,33. • Horas extras – R$ 250,00. • Adicional produtividade – R$ 150,00. Total base de cálculo – R$ 2.233,33. Valor do FGTS sobre a rescisão será obtido mediante a aplicação da alíquota de 8% sobre a base de cálculo encontrada – R$ 2.233,33 × 8% = R$ 178,67 2º Passo – Para determinar a base de cálculo para fins rescisórios é necessário somar os valores obtidos no extrato da conta vinculada do FGTS com os valores apurados sobre as verbas rescisórias: Saldo em conta vinculada R$ 825,00 Valor FGTS apurado rescisão R$ 178,67 Saldo para fins rescisórios R$ 1.003,67 Sobre o saldo para fins rescisórios serão efetuados os cálculos da multa de 40% de FGTS que será paga ao funcionário, e 10% que será pago à Caixa Econômica Federal para suprir as atualizações monetárias. Os recolhimentos serão efetuados mediante o pagamento da GRRF. 26 Obrigações acessórias As contas do FGTS são vinculadas a cada um dos empregados de uma empresa e durante seu período laboral; ela deve ser mantida por meio de depósitos mensais e informações acessórias, enviadas pelas empresas todos os meses. Através dos dados enviados é possível à Caixa Econômica Federal gerir o fundo e distribuir os depósitos mensais individualizados para cada funcionário da empresa. Todos os meses, as empresas fazem um único depósito conjunto, por meio da GRF – Guia de Recolhimento do FGTS, com os valores destinados a todos os trabalhadores. A individualização dos valores é possível mediante as informações enviadas pelo SEFIP – Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social. Atualmente, as obrigações acessórias estão aos poucos sendo substitu- ídas pelo eSocial, ferramenta digital estabelecida pelo governo federal que faz parte do SPED – Sistema Público de Escrituração Digital. O eSocial será utili- zado para centralizar todas as informações sobre a relação trabalhista entre empresas e trabalhadores. Essa nova obrigação acessória unificará todas as informações relativas ao INSS, FGTS, IRRF, CAGED e RAIS, entre outras. A expectativa é que a longo prazo as relações de emprego se tornem mais dinâmicas e seja possível ter acesso a todas as informações em único portal, gerando informações essenciais para o governo, empresas e trabalhadores. Sem medo de errar Chegou o momento de colocarmos em prática todos os conceitos apresentados nesta seção. Vamos relembrar o caso da empreiteira que está prestando serviços na construção de um barracão industrial. Um dos sócios relatou a seguinte preocupação: como podemos provisionar os custos com o FGTS? Para respondermos a essa pergunta, vamos utilizar nosso conhecimento a respeito da legislação base do FGTS, para que possamos definir os cálculos corretos para esse encargo social e suas provisões sobre 13º Salário e Férias. Vamos relembrar alguns dados da folha de pagamento, com os quais trabalhamos nesta seção: Valor total da remuneração mensal paga aos funcionários da empreiteira é de R$ 10.000,00. 27 1ª Etapa – Com essa informação, o departamento de contabilidade da empreiteira deve realizar os cálculos para determinar qual será o valor de provisão mensal e como devem ser elaborados os lançamentos contábeis das provisões do FGTS. 2ª Etapa – O contador da empresa deve elaborar um quadro demons- trando uma simulação dos valores que serão depositados nas contas de FGTS durante o período em que a obra estiver sendo executada, considerando também os valores que incidem sobre as provisões de 13º Salário e Férias. 3ª Etapa – Determinar uma estimativa de cálculo do saldo para fins resci- sórios do FGTS. Resolução: 1º Passo – Cálculo do FGTS sobre a folha de pagamento mensal e suas provisões. Quadro 3.10 | Planilha de cálculo dos encargos de FGTS sobre a folha mensal e provisões Tributos Alíquotas Salários Provisão 13º Provisão Férias Provisão 1/3 Valores folha mensal e provisões (A) >>>>> R$ 10.000,00 R$ 833,33 R$ 833,33 R$ 277,78 FGTS (B) 8 % R$ 800,00 R$ 66,67 R$ 66,67 R$ 22,22 Total custo (A+B) R$ 10.800,00 R$ 900,00 R$ 900,00 R$ 300,00 Fonte: elaborado pelo autor. Utilizando os valores apresentados na planilha apresentada, chegamos à conclusão que o custo mensal sobre a folha de pagamento, considerando todas as provisões e encargos do FGTS, pode chegar até R$ 12.900,00, repre- sentando um acréscimo nos custos mensais de 29%. Após o período acumu- lado de um ano, no término da construção, a empresa terá acumulado custos com folha de pagamento, provisões e encargos com fundo de garantia no total de R$ 154.800,00, o que equivale a 30.96% do total a ser faturado. 2º Passo – Lançamentos contábeis da folha de pagamento, provisões e encargos com fundo de garantia. Pela contabilização do valor bruto da folha de pagamento e provisões 13º Salário e Férias (esses lançamentos já foram abordados na seção anterior, 28 aqui estamos apenas relembrando, pois essas provisões não poderão ser realizadas duas vezes em um mesmo período): D – Salários (CR – Custos) C – Salários a pagar (PC) R$ 10.000,00 D – Décimo Terceiro Salário (CR – Custos) C – Provisão sobre 13º Salário (Passivo Circulante) R$ 833,33 D – Férias (CR – Custos) C – Provisão sobre Férias (Passivo Circulante) R$ 833,33 D – Férias (CR – Custos) Referente 1/3 constitucional C – Provisão sobre Férias (Passivo Circulante) R$ 277,78 Aqui nós temos os lançamentos que se referem às provisões do FGTS Lançamento contábil pela provisão do FGTS sobre a folha mensal: D – Encargos c/ FGTS (CR – Custos) C – FGTS a Recolher (Passivo Circulante) R$ 800,00 Lançamento contábil pela provisão de FGTS sobre 13º Salário: D – Encargos c/ FGTS (CR – Custos) C – Provisão FGTS sobre 13º Salário (Passivo Circulante) R$ 66,67 Lançamento contábil pela provisão de FGTS sobre férias: D – Encargos c/ FGTS (CR – Custos) C – Provisão FGTS sobre Férias (Passivo Circulante) R$ 66,67 Lançamento contábil pela provisão de FGTS sobre 1/3 de férias: D – Encargos c/ FGTS (CR – Custos) C – Provisão FGTS sobre Férias (Passivo Circulante) R$ 22,22 3º Passo – Determinar a estimativa de saldo para fins rescisórios para os funcionários, pois todos os meses a empresa deve considerar os valores do depósito mensal sobre a folha de pagamento e os valores das estimativas de provisão do FGTS sobre o 13º Salário e Férias. Para esclarecer as dúvidas dos sócios, o contador pode elaborar uma planilha demonstrando o valor de 29 custo mensal com o fundo de garantia, projetando o possível saldo acumu- lado para fins rescisórios: FGTS sobre a folha mensal R$ 800,00 FGTS sobre provisão 13º Salário R$ 66,67 FGTSsobre provisão de férias R$ 66,67 FGTS sobre provisão 1/3 de férias R$ 22,22 Total encargos com FGTS R$ 955,56 Ao final do período de construção do barracão industrial, quando a construtora iniciar o processo de demissão de seus funcionários, os sócios já terão uma estimativa mais concreta sobre o valor depositado nas contas vinculadas de seus funcionários. R$ 955,56 × 12 meses (período da construção) = R$ 11.466,72 Dessa forma, a empresa terá uma estimativa de gasto total com a multa rescisória de 40%, no valor de R$ 4.586,69, e 10% de contribuição social para atualização monetária, no valor de R$ 1.146,67. Faça valer a pena 1. O FGTS é formado basicamente pelo saldo de conta vinculada, composta por depósitos mensais efetuados pela empresa em nome de seus funcioná- rios registrados, ajustada pela aplicação sistemática dos juros de atualização monetária. Antes de sua criação, em 1966, existia em nosso país uma outra forma de garantia de emprego ao trabalhador. Essa garantia era denominada de: a. Estabilidade provisória de 2 anos. b. Estabilidade permanente de 5 anos. c. Estabilidade decenal de 10 anos. d. Estabilidade de 30 dias. e. Estabilidade de 90 dias. 2. De acordo com o art. 457 da Consolidação das Lei de Trabalho (CLT), consideramos como remuneração do empregado, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. Entre as verbas que podem ser consideradas de natureza salarial, portanto, comporão a base de cálculo do FGTS: 30 I. Salário mensal. II. 13º Salário. III. Férias proporcionais. IV. Vale transporte. V. Adicional de periculosidade. Observando as verbas supra relacionadas, marque a alternativa que corres- ponda às que realmente podem compor a base de cálculo do FGTS. a. Somente as afirmações I, II e IV estão corretas. b. Somente as afirmações II, III e IV estão corretas. c. Somente as afirmações I e V estão corretas. d. Somente as afirmações III e V estão corretas. e. Somente as afirmações I, II, III e V estão corretas. 3. A conta vinculada do FGTS, na qual a empresa realiza seus depósitos mensais em nome do funcionário registrado, é constantemente atualizada. Em algumas situações previstas em lei, consideradas como momentos essenciais na vida do trabalhador, poderá ocorrer outro tipo de movimentação denominada como saque. Analise as afirmações a seguir para os possíveis motivos para saque do FGTS. I. Dispensa por justa causa. II. Por morte do empregado. III. Por extinção do contrato de trabalho determinado. IV. Dispensa sem justa causa. V. Desempregado que permaneça mais de 1 ano sem registro algum em carteira.Enunciado: Marque a alternativa que corresponda as afirmações corretas a respeito do saque do FGTS. a. Somente as afirmações I e V estão corretas. b. Somente as afirmações II, III e IV estão corretas. c. Somente as afirmações I, II e III estão corretas. d. Somente as afirmações II, III e V estão corretas. e. Somente as afirmações I, III e V estão corretas. 31 Seção 3 INSS e IRRF retidos na fonte Diálogo aberto Nas seções anteriores, abordamos os assuntos pertinentes ao INSS e FGTS, os quais incidem basicamente sobre a remuneração paga aos funcio- nários de uma empresa. Trabalhamos também com as provisões do 13º Salário e férias dos empregados e por meio dos demonstrativos pudemos verificar que a folha de pagamento de uma empresa pode representar um custo alto em relação ao seu faturamento, principalmente para empresas que prestam serviços na construção civil. Continuando com o caso da empreiteira, já definimos os custos com a folha de pagamento, provisões e encargos sociais. Agora nosso desafio é verificar os impostos retidos na fonte: no caso do INSS, sua retenção pode incidir sobre alguns tipos de prestação de serviços, e o IRRF que pode incidir tanto na prestação de serviços quanto sobre os valores pagos aos diretores e empregados de uma empresa. Nesta seção trabalharemos com valores mais detalhados da folha de pagamento mensal da empreiteira, pois apresentaremos o cálculo de cada um dos sócios e empregados envolvidos na prestação de serviços para deter- minar se haverá ou não a incidência do IRRF. Outro dado relevante se refere ao valor da prestação de serviços que estão sendo executados pela empreiteira, pois os sócios sabem que o tipo de serviço executado está sujeito à retenção da previdência e, por isso, será necessário apresentar a legislação base que fala sobre a retenção do INSS nos serviços prestados mediante cessão de mão de obra. O departamento de contabilidade da empresa deve demonstrar quais serão os valores líquidos recebidos pela empresa (com o desconto da retenção) e como os valores retidos poderão ser compensados do valor total a recolher para a previdência social. Os lançamentos contábeis referentes às retenções dos impostos retidos sobre a nota fiscal de serviços e dos valores retidos em folha de pagamento também devem ser elaborados. 32 Não pode faltar Olá, aluno! A retenção do INSS pode incidir sobre vários tipos de serviços, entre eles os serviços prestados na construção civil. Nesse setor, geralmente ocorre a cessão de mão de obra de uma construtora para a execução de determinada obra em favor de seu cliente. De acordo com Padoveze et al. (2017), a retenção ou tributação na fonte acontece quando a responsabilidade de recolhimento do tributo é transferida do prestador para o tomador do serviço. Essa prática é muito utilizada pela administração pública com o objetivo de reduzir a evasão fiscal, antecipar o recolhimento do tributo e consequentemente melhorar a eficiência na arrecadação de impostos. Nessa sistemática, a responsabilidade de recolhimento de forma anteci- pada dos impostos é transferida para o cliente, ou seja, o tomador do serviço deve repassar os valores retidos para os agentes arrecadadores governamen- tais. Assim, o prestador de serviço deve emitir a nota fiscal de serviços com a demonstração dos valores retidos, cabendo a ele o recebimento do valor já líquido das retenções. Retenção do INSS A retenção previdenciária está prevista no artigo 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio e dá outras providências. Vejamos o que diz este artigo: […]Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia, observado o disposto no § 5o do art. 33 desta Lei. (BRASIL, 1991) Nesse artigo fica bem clara a responsabilidade do tomador do serviço (cliente) de retenção e recolhimentos dos valores previdenciários incidentes sobre a nota fiscal de prestação de serviços mediante cessão de mão de obra. 33 O valor da retenção será determinado pela aplicação de 11% do valor bruto da nota fiscal de serviços. Mas quais seriam os tipos de serviços prestados nesta categoria que estariam sujeitos a retenção? O parágrafo 3 desse mesmo artigo traz infor- mações importantes e estabelece os conceitos de cessão de mão de obra, sendo esta ocorrida quando o prestador de serviços coloca o seu funcionário à disposição da empresa contratante. Já no parágrafo 4 temos alguns dos serviços classificados como cessão de mão de obra: • Limpeza, conservação e zeladoria. • Vigilância e segurança. • Empreitada de mão de obra. • Contratação de trabalho temporário. O artigo 117 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009 traz a relação dos serviços sujeitos à retenção quando contratados mediante cessão de mão de obra ou empreitada, observando sempre o artigo 149 da mesmaIN, que traz as situações nas quais não se aplicam o instituto da retenção. Assimile A pormenorização das tarefas compreendidas em cada um dos serviços constantes nos incisos dos artigos 117 e 118 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009 é exemplificativa. É importante lembrar que é exaustiva a relação dos serviços sujeitos à retenção, conforme disposto no § 2º do artigo 219 do RPS - Decreto nº 3.048/99. Por esse motivo, faz toda a diferença mencionar que é de responsa- bilidade dos interessados a análise fiel do contrato de prestação de serviços, bem como a situação concreta dos fatos, para efetuar o enquadramento das atividades sujeitas a retenção. Outro fator importante sobre o percentual de retenção é que quando a atividade realizada pelos empregados da prestadora de serviços dentro na empresa contra- tante for exercida em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integri- dade física destes, de forma a possibilitar a concessão de aposentadoria especial após 15, 20, ou 25 anos de trabalho, o percentual da retenção aplicado sobre o valor dos serviços prestados por estes segurados, a partir de 01.04.2003, deve ser acres- cido de 4%, 3% ou 2%, respectivamente, perfazendo o total de 15%, 14% ou 13%. Dispensa da retenção Em algumas situações a retenção previdenciária é dispensada, conforme previsto nos incisos I ao III do artigo 120 da Instrução Normativa nº 971/2009, que são: 34 I - O valor correspondente a 11% dos serviços contidos em cada nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços for inferior ao limite mínimo estabelecido pela RFB para recolhimento em documento de arrecadação. II - A contratada não possuir empregados, o serviço for prestado pessoal- mente pelo titular ou sócio e o seu faturamento do mês anterior for igual ou inferior a duas vezes o limite máximo do salário de contribuição da tabela do INSS, cumulativamente. III - A contratação envolver somente serviços profissionais relativos ao exercício de profissão regulamentada por legislação federal, ou serviços de treinamento e ensino definidos no inciso X do artigo 118 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, desde que prestados pessoalmente pelos sócios, sem o concurso de empregados ou de outros contribuintes individuais. No caso citado no inciso II apresentado, em que os serviços são prestados pelos sócios da empresa contratada, deve ser elaborada uma declaração assinada pelo representante legal da prestadora de serviços, sob as penas da lei, de que não possui empregados e o seu faturamento no mês anterior foi igual ou inferior a duas vezes o limite máximo do salário de contribuição. Para o ano de 2019, o teto máximo do salário de contribuição é de R$ 5.839,45 (Portaria MF nº 9/2019). Lembrando que o teto máximo de contri- buição é anualmente alterado pelo Ministério da Fazenda, e fica o contri- buinte obrigado a verificar a legislação caso os valores da tabela de contri- buição da previdência sejam alterados pelo governo federal. O modelo de declaração a seguir pode ser utilizado pela empresa para fins da dispensa da retenção: Modelo de Declaração para Dispensa da Retenção de 11% sobre Cessão e Empreitada de Mão de obra - Serviço Prestado pelo Sócio: DECLARAÇÃO Declaramos para os devidos fins que a empresa ............................................ ...... não possui empregados e o serviço foi prestado pessoalmente pelo titular ou sócio. Declaramos também que o faturamento do mês anterior foi de R$ ..... ............................................. (igual ou inferior a 2 (duas) vezes o limite máximo do salário de contribuição), ficando dispensado da retenção de INSS sobre a nota fiscal, conforme dispõe o artigo 120, inciso II, da IN RFB nº 971/2009. ____________________ Assinatura 35 Situações de não ocorrência da retenção Existem alguns casos em que a retenção não poderá ser aplicada, conforme os itens relacionados no artigo 149 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009. O principal deles está previsto no inciso II, o qual se refere à empreitada total quando o contrato é celebrado exclusivamente com empresa construtora, que assume a responsabilidade direta pela execução de todos os serviços necessá- rios à realização da obra, compreendidos em todos os projetos a ela inerentes, com ou sem fornecimento de material. É bom lembrar que em casos de empreitada parcial, ou seja, quando a construtora é responsável apenas por uma parte da obra, seja sua edificação, instalações elétricas e hidráulicas, sem a responsabilidade da elaboração de projeto, a retenção deve ser descontada do valor total da nota fiscal de serviços e repassada pela empresa contratante aos cofres públicos. Apuração da base de cálculo da retenção A base de cálculo para retenção previdenciária é o valor do serviço desta- cado em nota fiscal, mas de acordo com o artigo 121 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, os valores de materiais ou de equipamentos, próprios ou de terceiros, exceto os equipamentos manuais, fornecidos pela contra- tada, discriminados no contrato e na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços, não integram a base de cálculo da retenção, desde que comprovados. Referente aos equipamentos manuais, os quais não servem como dedução da base de cálculo da retenção, podemos entender como aqueles que dependem exclusivamente de força humana, tais como: vassoura, balde, escada, chave de fenda, martelo, serrote, carrinho de mão, etc. O artigo 122 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009 prevê que os materiais e equipamentos, com fornecimento previsto em contrato, mas sem a discriminação de valores, desde que discriminados os valores na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços, não integram a base de cálculo da retenção, devendo o valor corresponder no mínimo a: I - 50% do valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços. II - 30% do valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços para os serviços de transporte de passageiros, cujas despesas de combustível e de manutenção dos veículos corram por conta da contratada. III - 65% do valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços quando se referir a limpeza hospitalar, e 80%, quando se referir aos demais tipos de limpeza. 36 Obrigações do prestador de serviços O prestador de serviços, de acordo com o artigo 126 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, está obrigado a fazer o destaque da retenção previdenciária no momento de emissão da nota fiscal, demonstrando o valor total dos serviços prestados e o valor da retenção com o título “RETENÇÃO PARA A PREVIDÊNCIA SOCIAL”. Obrigações do tomador de serviço Ao tomador de serviço (empresa contratante) cabe a obrigação de recolher o valor retido em nota fiscal, fatura ou recibo em nome do prestador do serviço, ou seja, em nome da empresa contratada, como determina o artigo 129 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009. De acordo com o artigo 138 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, a empresa contratante fica obrigada a manter em arquivo, separado e organi- zado por empresa contratada, todos os documentos pertinentes às opera- ções a que se refiram, ou seja, contratos, notas fiscais, faturas ou recibos de prestação de serviços, guias de recolhimento de retenção. Lembramos que a contratante, legalmente obrigada a manter escrituração contábil formalizada, está obrigada a registrar, mensalmente, em contas individualizadas, todos os fatos geradores de contribuições sociais, inclusive a retenção sobre o valor dos serviços contratados. O lançamento da retenção na escrituração contábil deverá discriminar: • O valor bruto dos serviços. • O valor da retenção. • O valor líquido a pagar. Exemplificando Vamos utilizar as informações a respeito da retenção do INSS para solucionar a seguinte situação: uma empresa de limpeza e conservação emitiu uma nota fiscal de prestação de serviços no valor total de R$ 10.000,00. No contrato estava previsto quedo valor total a receber, R$ 2.000,00 se referem à compra de equipamentos para serem utilizados na prestação dos serviços. Nesse caso, devemos determinar qual será o valor líquido a receber pelo prestador de serviços, qual será a base de cálculo da retenção e quais os procedimentos que devem ser realizados pela empresa contra- tante (tomador de serviços), responsável pela retenção previdenciária e seu respectivo recolhimento. 37 Vamos exemplificar quais serão os procedimentos: 1º passo – A empresa prestadora de serviços deve emitir a nota fiscal com o devido destaque da retenção previdenciária. No exemplo citado, o valor da base de cálculo será determinado após a dedução dos valores dos equipamentos adquiridos para a realização do serviço: Valor da NF de serviços R$ 10.000,00 Valor equipamentos adquiridos R$ 2.000,00 Base de cálculo para a retenção R$ 8.000,00 Valor retenção 11% sobre os serviços R$ 880,00 Conforme o quadro demonstrativo apresentado, o valor do INSS retido será descontado do valor total a receber, portanto, a prestadora de serviço vai receber o valor total líquido R$ 9.120,00. 2º passo – A empresa tomadora do serviço deve efetuar o pagamento pelos serviços contratados, considerando apenas o valor líquido, pois o valor referente ao INSS retido deverá ser repassado à Previdência Social mediante recolhimento via GPS – Guia da Previdência Social, utilizando o código 2631. Caso a empresa contratante esteja obrigada a enviar suas informações ao governo utilizando a EFD – REINF, os valores retidos deverão ser recolhidos pela guia DARF, gerada pelo sistema DCTF Web. 3º passo – A empresa contratante (tomadora do serviço), deve enviar uma cópia da guia de recolhimento da retenção ao prestador do serviço para que ele tenha a documentação necessária que comprove o direito de uso deste valor como compensação dos valores a recolher do INSS sobre sua folha de pagamento mensalmente. Retenção do IRRF Dentro das regras tributárias vinculadas ao imposto de renda, é muito importante esclarecer o conceito do tomador de serviço, o qual é represen- tado pela pessoa jurídica que contrata o serviço. Em outras palavras, é o beneficiário do serviço a ele prestado, sendo tratado como a fonte pagadora. Previsto no artigo 45 da Lei nº 5.172/1966, conhecida como o Código Tributário Nacional – CTN, o advento da retenção se refere à atribuição prevista em lei para antecipar o imposto de renda devido pelo prestador de serviços, atribuindo a condição de responsável tributário ao tomador do serviço, conhecido nessa sistemática como a fonte pagadora. 38 Fato gerador da retenção O nascimento da obrigatoriedade de retenção do IRRF ocorre no momento do pagamento pelos serviços prestados. Dessa forma, a prestação de serviços poderá ser realizada normalmente, mas a retenção realizada pelo tomador do serviço ocorrerá somente no momento de seu efetivo pagamento. Incidência da retenção A incidência de retenção na fonte não deve ser aplicada a todos os serviços tomados entre pessoas jurídicas. Os artigos 714 ao 724 do Decreto nº 9.580/2018 (RIR/2018) indica quais serão os tipos de serviços sujeitos a sua retenção: a. Serviços profissionais (RIR/2018, artigo 714). b. Serviços de limpeza, conservação, segurança, vigilância e locação de mão de obra (RIR/2018, artigo 716). c. Serviços de representação comercial ou da mediação de negócios, propaganda e publicidade (RIR/2018, artigo 718). d. Serviços de cooperativas de trabalho e associações profissionais ou assemelhadas (RIR/2018, artigo 719). e. Serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber (RIR/2018, artigos 723 e 724). Nos casos em que o serviço não se encontre previsto nos dispositivos legais, não haverá previsão legal para que ocorra a retenção do imposto na fonte (RIR/2018, artigo 714, § 2º). O Quadro 3.11 a seguir demonstra os principais tipos de serviços sujeitos a retenção do IRRF, suas respectivas alíquotas e códigos de recolhimento: 39 Quadro 3.11 | Demonstrativo de serviços sujeitos a retenção do IRRF FUNDA- MENTO SERVIÇO ALÍQUOTAS DARF RESPONSABILIDADE DO TOMADOR Serviços Profis- sionais - RIR/2018, artigo 714. - Administração de bens ou negócios em geral, exceto consórcios ou fundos mútuos para aquisição de bens; - Advocacia; - Análise clínica laborato- rial; - Análises técnicas; - Arquitetura; - Assessoria e consultoria técnica, exceto serviço de assistência técnica prestado a terceiros e concernente a ramo de indústria ou comércio explorado pelo prestador do serviço; - Assistência social; - Auditoria; - Avaliação e perícia; - Biologia e biomedicina; - Cálculo em geral; - Consultoria; - Contabilidade; - Desenho técnico; - Economia; - Elaboração de projetos; - Engenharia, exceto construção de estradas, pontes, prédios e obras assemelhadas; - Ensino e treinamento; - Estatística; - Fisioterapia; - Fonoaudiologia; - Geologia; - Leilão; - Medicina, exceto aquela prestada por ambulatório, banco de sangue, casa de saúde, casa de recuperação ou repouso sob orientação médica, hospital e pron- to-socorro; - Nutricionismo e dietética; - Odontolo- gia; - Organização de feiras de amostras, congressos, seminários, simpósios e congêneres; - Pesquisa em geral; - Planejamento; - Programação; - Prótese; - Psicologia e psicanálise; - Química; - Radiologia e radioterapia; - Relações públicas; - Serviço de des- pachante; - Terapêutica ocupacional; - Tradução ou interpretação comercial; - Urbanismo; - Veterinária. 1,5% 1708 Serviços de Limpeza e Conser- vação - RIR/2018, artigo 716. Serviços de limpeza, conservação, segurança, vigilân- cia e locação de mão de obra. 1,0% 1708 Repre- sentação Comercial, Media- ção de Negócios - RIR/2018, artigo 718, inciso I. Comissões, corretagens ou outra remuneração pela representação comercial ou pela mediação na realiza- ção de negócios civis e comerciais. 1,5% 8045 RESPONSABILIDADE DO PRESTADOR - AUTORRETENÇÃO Serviços de Propagan- da e Pu- blicidade - RIR/2018, artigo 718, inciso II. Serviços de propaganda e publicidade. 1,5% 8045 40 Comissões e Correta- gens - IN SRF nº 153/1987. Colocação ou negociação de títulos de renda fixa; - Operações realizadas em Bolsas de Valores e em Bolsas de Mercadorias; - Distribuição de emissão de valores mobiliários, quando a pessoa jurídica atuar como agente da companhia emissora; - Operações de câmbio; - Vendas de passagens, excursões ou viagens; - Administração de cartão de crédito; - Prestação de serviços de distribuição de refeições pelo sistema de refeições-convênio; - Prestação de serviços de admi- nistração de convênios. 1,5% 8045 RESPONSABILIDADE - COOPERATIVAS DE TRABALHO Coopera- tivas de Trabalho e Associa- ções Profis- sionais ou Asseme- lhadas - RIR/2018, artigo 719. Importâncias pagas ou creditadas por pessoas jurídicas a cooperativas de trabalho, associações de profissionais ou assemelhadas, relativas a serviços pessoais que lhes forem prestados por seus associados ou colocados à disposição. 1,5% 3280 RETENÇÃO - SERVIÇOS DE ASSESSORIA CREDITÍCIA Presta- ção de Serviços de Assessoria Creditícia, Merca- dológica, Gestão de Crédito, Seleção e Riscos, Adminis- tração de Contas a Pagar e a Receber - RIR/2018, artigos 723 e 724. Prestação de serviços a outras pessoas jurídicas que explorem as atividades de prestação de serviços de as- sessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber. 1,5% 5944 Fonte: adaptado de Brasil (2018). Vale lembrar que nos casos de retenção do IRRF, a base de cálculo para a retenção é o valor pago ou creditado a terceiros pela prestação de serviços, sendo esse o valor constante na nota fiscal de serviços prestados, e não é admitido o desconto de materiais fornecidos. IRRF sobre a folha de pagamento De acordo com o artigo 33 do Decreto nº 9.580/2018, osrendimentos tributáveis são constituídos pelo produto do capital, do trabalho e proventos 41 de qualquer natureza. De acordo com esse conceito, devem ser incluídos o pagamento do salário, adiantamentos, indenização sujeita a tributação, pró-labore, retirada, vantagem, comissão, corretagem, benefício da previ- dência social, remuneração de conselheiro fiscal e de administração, diretor e administrador de pessoa jurídica, titular de empresa individual, gratificação e participação dos dirigentes no lucro e demais remunerações decorrentes de vínculo empregatício, recebidos por pessoa física residente no Brasil. Fato gerador Cabe ao empregador ou fonte pagadora reter e recolher o IRRF que será calculado sobre o rendimento efetivamente pagos em cada mês (regime de caixa), mediante aplicação da tabela progressiva prevista na Instrução Normativa RFB nº 1.558/2015, art. 22: Tabela 3.1 | Incidência mensal do Imposto de Renda Base de Cálculo (R$) Alíquota (%) Parcela a deduzir (em R$) Até 1.903,98 - - De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80 De 2.826,66 até 3.751,05 15 354,80 De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13 Acima de 4.664,68 27,5 869,36 Fonte: Brasil (2015). Reflita A tabela progressiva do Imposto de Renda está sem correção desde 2015. A falta de atualização das faixas de contribuição dessa tabela tem levado muitos brasileiros a pagar mais imposto de renda a cada ano. Se os valores da tabela progressiva fossem atualizados utilizando como fator de correção a inflação, a faixa de isenção deveria ser muito maior, ou seja, deveria ser ampliada para pelo menos R$ 3.689,00, diminuindo consideravelmente a quantidade de pessoas obrigadas a pagar o imposto de renda sobre seus rendimentos. Deduções Para determinarmos a base de cálculo sujeita à incidência do IRRF, podemos deduzir do rendimento bruto: • As importâncias pagas a título de pensão alimentícia, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais, ou por escritura pública. 42 • A quantia de R$ 189,59 por dependente por mês, podendo ser consi- derado como dependente o cônjuge, companheiro ou companheira com vida comum a mais de 5 anos, filho, filha ou enteado até 21 anos – se estiver cursando estabelecimento de ensino superior pode chegar até 24 anos, e filho de qualquer idade se for considerado incapaz física ou mentalmente. Outras modalidades de dependentes podem ser consultadas no artigo 71 do RIR 2018. • As contribuições para a previdência social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. • As contribuições para as entidades de previdência comple- mentar domiciliadas no Brasil e as contribuições para o Fundo de Aposentadoria Programada Individual (Fapi), cujo ônus tenha sido do contribuinte, destinadas a custear benefícios complementares assemelhados aos da Previdência Social no caso de trabalhador com vínculo empregatício ou de administrador que seja também contri- buinte do regime geral de previdência social. • As contribuições para as entidades fechadas de previdência comple- mentar de natureza pública de que trata o § 15 do artigo 40 da Constituição Federal, limitadas à alíquota de contribuição do ente público patroci- nador, cujo ônus tenha sido do contribuinte, destinadas a custear benefí- cios complementares assemelhados aos da Previdência Social. Exemplificando Vamos trabalhar o cálculo de IRRF tendo como base os seguintes dados: • Rendimento bruto: R$ 5.000,00. • Quantidade de dependentes: 2. • Pensão alimentícia paga: R$ 1.500,00. • INSS: R$ 550,00. Valor de rendimento tributável R$ 5.000,00 (-) Dependentes (2 x 189,59) (R$ 379,18) (-) Pensão alimentícia (R$ 1.500,00) (-) Previdência oficial (R$ 550,00) (=) Base de Cálculo R$ 2.570,82 Valor do IRPF (alíquota de 7,5%) R$ 192, 81 Parcela a deduzir (R$ 142,80) Imposto de renda retido na fonte R$ 50,01 Nesse cálculo foram considerados como deduções os valores referentes aos dependentes, pensão alimentícia e o valor da previdência social 43 descontado do salário do empregado. Depois de determinarmos a base de cálculo, aplicamos o percentual de acordo com a tabela progressiva mensal e subtraímos deste o valor referente à parcela a deduzir. A responsabilidade de recolhimento do imposto de renda retido na fonte sobre os rendimentos dos trabalhadores compete à fonte pagadora, ou seja, a empresa considerada como a empregadora. O IRRF retido deve ser recolhido até o dia 20 do mês seguinte à ocorrência do fato gerador, ou seja, do pagamento do rendimento. Exemplo: folha da competência Dez/2019, com rendimento pago em 05/Jan/2020 (fato gerador = período de pagamento), o vencimento do IRRF se dará em 20.02.2020. Caso a data de vencimento recaia em final de semana ou feriado, o recolhimento deve ser antecipado. Sem medo de errar A retenção do INSS e IRRF sobre a prestação de serviços é uma situação que exige conhecimento amplo da legislação tributária; nesse caso, não há restrição de departamentos de uma empresa, pois ela pode envolver todos os setores. O conhecimento a respeito das normas e regulamentações perti- nentes é fundamental para que haja sinergia entre os departamentos da empresa, aumentando sua eficiência e eliminando riscos de autuações fiscais. A empreiteira já definiu os custos com a folha de pagamento, provisões e encargos sociais, e agora nosso desafio é verificar os impostos retidos na fonte: o INSS incide sobre alguns tipos de prestação de serviços, e o IRRF pode incidir tanto na prestação de serviços quanto sobre os valores pagos aos diretores e empregados de uma empresa. O valor bruto total da folha de pagamento dos empregados é R$ 10.000,00, mas os dois sócios também devem manter uma retirada mensal a título de pró-labore, sendo o valor mensal estimado em R$ 3.000,00 para cada sócio. Nesta situação vamos considerar que os trabalhadores desempenham suas atividades em horário de trabalho normal e sem nenhum tipo de adicional. No Quadro 3.12 temos o demonstrativo detalhado dos salários e funções para elaboração da folha de pagamento: Quadro 3.12 | Relatório folha de pagamento Nome Função Valor retirada/salário Dependentes João Carlos Sócio administrador R$ 3.000,00 - José Fernandes Sócio administrador R$ 3.000,00 - Aroldo Mestre de obras R$ 3.500,00 2 44 Armando Pedreiro R$ 2.500,00 1 Cláudio Servente de obras R$ 2.000,00 1 Fábio Servente de obras R$ 2.000,00 - Fonte: elaborado pelo autor. O tipo de prestação de serviço realizado pela construtora está sujeito à retenção do INSS por se tratar de cessão de mão de obra, logo, é necessário que seja demonstrado como será feito o cálculo dessa retenção. O valor total cobrado pelo serviço é R$ 500.000,00, o qual será recebido durante o período de execução da obra, ou seja, em 12 parcelas mensais iguais e sucessivas. A construtora relatou em seu contrato que 10% do valor dos serviços será gasto com a aquisição de equipamentos para utilização na prestação de serviços. Resolução: 1ª Etapa – Elaboração da folha de pagamento referente a março de 2020. Aqui faremos uma elaboração simples de uma folha de pagamento com os dados fornecidos pela construtora, considerando que os empregados já estão contratados, trabalhando normalmente e seguindo todas normas trabalhistas e de segurança. Quadro 3.13 | Relatório de folha de pagamento mensal com proventos e descontos SÓCIOS PROVENTOS DESCONTOS Nome Função Dependentes Retirada INSS IRRF Valor líquido João Carlos Sócio - R$3.000,00 R$ 330,00 R$57,45 R$2.612,55 José Fernandes Sócio - R$3.000,00 R$330,00 R$57,45 R$2.612,55 VALORES TOTAIS R$6.000,00 R$660,00 R$114,90 R$5.225,10 FUNCIONÁRIOS PROVENTOS DESCONTOS Nome Função Dependentes Retirada INSS IRRF Valor líquido Aroldo Mestre de obras 2 R$3.500,00 R$ 385,00 R$62,39 R$3.052,61 Armando Pedreiro 1 R$2.500,00 R$ 225,00 R$13,61 R$2.261,39 Cláudio Servente de obras 1 R$2.000,00 R$ 180,00 R$ - R$1.820,00 Fábio Servente
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