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TCC Pronto trafico interno de escravos pós lei Eusébio de Queirós

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – UNESA 
CURSO DE BACHARELADO EM HISTÓRIA 
 
 
 
 
 
Marcelo Teófilo da silva 
 
 
 
 
 
ESCRAVIDÃO NO BRASIL: UM OLHAR PARA O TRÁFICO INTERNO DE 
ESCRAVOS PÓS LEI EUSÉBIO DE QUEIRÓS DE 1850 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2020.2 
1 
 
MARCELO TEÓFILO DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESCRAVIDÃO NO BRASIL: UM OLHAR PARA O TRÁFICO INTERNO DE 
ESCRAVOS PÓS LEI EUSÉBIO DE QUEIRÓS DE 1850 
 
Artigo a ser apresentado à Banca do Curso 
Superior de Bacharelado em História da 
Universidade Estácio de Sá – CSTSP/UNESA. 
 
 
 
 
ORIENTADOR 
ALESSANDRA SILVEIRA 
BORGHETTI SOARES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2020.2 
 
 
0 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 
 
5 
1 ESCRAVIDÃO NO BRASIL ANTES DE 1850.............................................. 
2 LEIS ABOLICIONISTAS............................................................................. 
3 LEI EUSÉBIO DE QUEIRÓS DE 1850....................................................... 
8 
10 
12 
4 DE PARTIDA MAIS UMA VEZ .................................................................... 13 
5 DA LEI EUSÉBIO DE QUEIRÓS ATÉ A LIBERTAÇÃO DOS 
ESCRAVOS.................................................................................................... 
 
 
15 
6 LEI ÁUREA E O FIM DA ESCRAVIDÃO..................................................... 16 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 18 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 20 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – 
UNESA CURSO DE BACHARELADO 
EM HISTÓRIA 
 
ESCRAVIDÃO NO BRASIL: UM OLHAR PARA O TRÁFICO INTERNO DE 
ESCRAVOS PÓS LEI EUSÉBIO DE QUEIRÓS DE 1850 
 
MARCELO TEÓFILO DA SILVA 1 
ALESSANDRA SILVEIRA BORGHETTI SOARES 2 
 
RESUMO 
 O presente estudo tem por objetivo analisar de que forma o fim do tráfico 
transatlântico com a lei Eusébio de Queirós, transformou a escravidão no país, 
modificações essas que vieram com o tráfico interno de escravos. Dessa maneira, 
o presente estudo busca mostrar qual foram as modificações e como as elites 
proprietárias de escravos, fizeram para se adaptarem ao fim do tráfico transatlântico. 
Esse artigo trabalha com autores clássicos da historiografia como Gilberto Freire, 
Nina Rodrigues, Caio Prado, Além de Sergio Buarque. Mas tambem averiguamos 
os trabalhos da nova geração de historiadores, como Camila Carolina Flausino, 
Jaime Pinsky, Rafael da Cunha Scheffer e entre outros. Analisemos em livros,artigos 
e jornais o tráfico interno de escravos no Brasil, seus impactos e suas nuances. 
 
Palavras-chave: Escravidão. Tráfico interno. Lei Eusébio de Queirós. Século XlX. 
 
 
 
1 Aluno do curso de Bacharelado em História da Universidade Estácio de Sá. 
2 Professora do curso de Bacharelado em História da Universidade Estácio de Sá. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 A dinâmica da escravidão no Brasil passou por bastante percalços, pois a 
Inglaterra, parceira comercial do país após a separação de Portugal, desejava o fim 
do tráfico transatlântico há bastante tempo. Antes de pensarmos no fim do tráfico com 
a lei Eusébio de Queirós de 1850, temos que entender que foram criadas várias leis 
para inibir a escravidão. Uma delas foi a lei Feijó Barbacena ou como ficou 
popularmente conhecida como lei para inglês ver. Diante de todas as pressões que o 
país sofria, além das perdas que os comerciante de escravos tiveram com a lei Bell 
Aberdeen e em nome da soberania nacional, é aprovada no congresso a lei N° 581 
ou como ficou conhecida, Lei Eusébio de Queirós, criada em 04 de setembro de 1850, 
pelo então ministro da Justiça, Eusébio de Queirós. Mas para entender a dinâmica do 
tráfico interno, temos que compreender que ele sempre existiu, em algumas regiões 
em maiores proporções, e em outras em menores proporções, assim como cita 
Scheffer (2006). Entretanto, após a citada lei, as elites proprietárias de escravos não 
tinham mais como conseguir o sustentáculo da economia imperial, ou seja, o escravo. 
Passando a buscar a mão de obras escravas em outras capitanias, trazendo o escravo 
das áreas em declínio, para as áreas em crescimento como Rio e São Paulo. 
 
 Porém ao analisar o tráfico de escravos, mais precisamente, após 1850, 
podemos compreender que ele teve uma reviravolta, pois com a lei Eusébio de 
Queirós aprovada, definitivamente o tráfico transatlântico de escravos foi proibido, 
logo aquela mecânica de ir buscar escravos na África estava impedido. Dessa maneira 
o presente estudo visa mostrar quais foram esses meios que a elite proprietária 
brasileira, fizeram para manter, ainda que por meios diversos, a mão de obra escrava 
no país. Como cita Camila Carolina Flausino “A prática do tráfico interno de escravos 
foi intensificada a partir da proibição do tráfico transatlântico , em 1850, e pendurou 
até as vésperas da abolição como uma das alternativas de reposição de mão-de-obra 
cativa “ (FLAUSINO, 2006, p,13). 
 
 Sobre escravidão, os autores clássicos como Gilberto Freire, Nina Rodrigues, 
Caio Prado, Além de Sergio Buarque. Historiadores que se debruçaram sobre temas 
relevantes do nosso passado colonial, cada qual com seu pensamento e sua análise 
6 
 
sobre a sociedade da época. Os autores citados fizeram e ainda fazem que tenhamos 
um olhar crítico sobre o nosso passado colonial, e é após eles que surgem 
historiadores que começam a dialogar com outros documentos e temas diferentes 
sobre a escravidão no país. 
 
 Dessa maneira, utilizo autores como Camila Carolina Flausino, Jaime Pinsky, 
Rafael da Cunha Scheffer e entre outros na elaboração desse artigo científico. O 
presente estudo busca em livros e artigos de historiadores, que tratam sobre o tráfico 
interno de escravos, mostrar que esse tráfico foi algo bastante comum no Brasil 
colônia, mas além disso, fez parte de todo o universo da escravidão no país, tendo 
um aumento de forma significante após o fim do tráfico transatlântico, com a lei 
Eusébio de Queirós. 
 
 É justamente o tema tráfico interno de escravos que será trabalhado, com suas 
dimensões e dessemelhanças em relação ao transatlântico. Tema de bastante 
relevância, pois apesar de muitos historiadores tratarem da escravidão no país, eles 
muitas vezes trabalham de forma muito superficial outras questões como o tráfico 
interno, muitas vezes, relativizando todas as questões que ultrapassam as fronteiras 
da escravidão. Dessa maneira, esse artigo busca mostrar as mudanças pós lei 
Eusébio de Queirós, além disso, busca mostrar, como as elites proprietárias tiveram 
que se adequar ao novo contexto do Brasil império. Temos a intenção de suscitar 
outras pesquisas que possa nos fazerem pensar sobre o nosso passado colonial, mais 
precisamente sobre o tráfico interno de escravos, com suas modificações e impactos 
que ocorreram no Brasil imperial após o fim do tráfico transatlântico com a lei Eusébio 
de Queirós. 
 
 O presente estudo tem como objetivo geral: analisar o tráfico interno de escravos 
no Brasil, seus impactos e suas nuances. Dessa maneira os objetivos específicos são: 
Analisar as mudanças que vieram com o fim do tráfico transatlântico; identificar as 
estratégias e sistemas utilizados pela elite proprietária de escravos como forma de 
manter a escravidão; identificar as modificações que vieram com a adoção mais 
frequente do tráfico interno. 
7 
 
 O presente estudo foi desenvolvido através de uma pesquisa bibliográfica e 
documental, onde iremos abordar o tema escravidão no Brasil com um recorte 
histórico para o tráfico interno de escravos pós lei Eusébio de Queirós. 
O levantamentode dados foi realizado por via eletrônica, através de consulta 
de trabalhos acadêmicos, artigos científicos, livros e periódicos da internet, assim 
como arquivos impressos. 
 
Gil (2010, p.29) define que “a pesquisa bibliográfica é elaborada com base em 
material já publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material 
impresso, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos 
científicos. Todavia, em virtude da disseminação de novos formatos de informação, 
estas pesquisas passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas 
magnéticas, CDs, bem como o material disponibilizado pela Internet”. 
 
A pesquisa bibliográfica proporcionará maior familiarização com o tema, sendo 
assim, logo após será feita a fundamentação teórica, no qual será possível esclarecer 
ao máximo o assunto escolhido através das citações dos autores selecionados, e 
assim possibilitará fazer análise e comparação das informações. 
 
A lida para o desenvolvimento da pesquisa obedecerá os seguintes critérios de 
inclusão: artigos que tenha concordância com os descritores previamente escolhidos 
e que estejam no idioma português. Como critérios de exclusão: artigos que não 
tenham relação com a temática e que estejam em outros idiomas. 
 
A relevância científica deste artigo se dá pela falta de trabalho que falem sobre 
a escravidão no nosso país de forma mais abrangente, tratando ela não apenas como 
algo parado e fechado, mas que existiam diferenças que poderia variar de região para 
região. Tema de bastante relevância, visto que apesar de muitos autores já tratarem 
da escravidão no país, falta um aprofundamento em relação ao tráfico interno de 
cativos com suas particularidades. Dessa maneira, a literatura científica vem 
abordando o assunto e assim contribuindo para que a literatura acadêmica disponha 
de mais conteúdo voltado ao tema. 
8 
 
Dessa maneira, a pergunta de partida que motivou esse presente estudo é: Quais os 
impactos da adoção do tráfico interno de escravos no Brasil após o fim do tráfico 
transatlântico? 
 
 
3. ESCRAVIDÃO NO BRASIL ANTES DE 1850 
 
 Sabemos que a escravidão no Brasil durou mais de 300 anos, onde nossa 
nação foi uma das ultimas a abolir a escravidão no país, fato esse que somente 
ocorreu em 1888, com a lei Áurea, porém como cita Holanda (2014) a escravidão 
no Brasil passou por muitas reviravolta, visto que o tráfico de escravos, onde várias 
nações como por exemplo: Portugal, Espanha e Inglaterra ganharam bastante 
dinheiro com o negócio da escravidão, porém essa ultima citada( Inglaterra) 
começou a pressionar várias nações para abolir o tráfico de escravos. Flausino 
(2006, p.57 ) afirma que: 
 
 
As pressões foram tantas que em 1831, o tráfico de escravos para o Brasil foi 
decretado ilegal, embora isso não significasse que as entradas de africanos 
tenham cessado; antes o contrário, estima-se que elas tenham aumentado 
justamente por causa desta lei, que, na prática, tinha pouco ou nenhum efeito. 
Á medida que a fiscalização brasileira e, sobretudo, britânica crescia novas 
formas de burlar a lei também eram utilizadas por parte dos traficantes 
brasileiros, de modo que grandes quantidades de escravos continuaram a 
desembarcar ilegalmente no Rio de Janeiro. 
 
 Ao analisar os motivos, primeiramente temos de entender que foi lá na 
Inglaterra que se iniciou a revolução industrial, essa nação estava querendo 
expandi seus negócios no além-mar, porém a escravidão era algo bastante 
prejudicial para essa nação conseguir vender seus produtos. Bethell (2002 apud 
CARVALHO, 2012, p.02) nos fala que: 
 
 
A Lei de 7 de novembro de 1831 foi a primeira norma brasileira a proibir a 
entrada de escravos africanos nos portos do Brasil. Conhecida também 
como “Lei Feijó Barbacena”, sua construção está inserida no contexto maior 
das relações diplomáticas entre o Império brasileiro e a Grã-Bretanha nas 
décadas iniciais do século XIX. A vinda da família real para o Rio de Janeiro, 
em 1808; a independência do Brasil perante Portugal, em 1822; e a 
promulgação da lei; tudo isso está, de alguma forma, conectado aos anseios 
britânicos de erradicação do tráfico atlântico. 
9 
 
 
 Dessa forma, podemos entender que a dinâmica da escravidão no país, 
se não teria seu fim naquele momento, ela iria sofrer alterações. Como podemos 
verificar na citação acima, a lei de 1831, foi a primeira lei que tratava extinguir a 
escravidão, ao menos ela tentava mostrar para os ingleses. Fato que ela levou o 
nome de lei para inglês ver. Sabemos que o Brasil era uma nação parceira da 
Inglaterra, assim como sua antiga metrópole também o era. Pois foi essa nação 
que interveio para que Portugal aceitasse a independência do Brasil. Dito de outra 
forma, essa nação foi a primeira parceira da nova nação que surgiu da separação 
de Portugal. (MAGALHÃES, 1972). 
 
 Ainda citando todas as transformações na recém criada nação, que segundo 
Monteiro (1939 apud MAGALHÃES, 1972, p.05) a autora nos mostra em seu trabalho 
que a Inglaterra “não entraria em negociações com o Brasil antes de ver o resultado 
das negociações com Portugal” então, foi após esses trâmites legais , com aceitação 
de Portugal para considerar a independência do Brasil que começaram os acordos 
entre as duas nações. Então como devemos pensar escravidão no Brasil após a 
aceitação da independência por parte de Portugal? Primeiramente temos de 
compreender tudo que já foi dito aqui, como a Inglaterra com sua revolução industrial, 
como para ela a escravidão e sua dinâmica, o era prejudicial. Foram criadas várias 
maneiras para extinguir, se não de uma vez, ao menos aos poucos. Como já citada, 
primeira lei assinada foi a de 1831, mas essa não surtiu muito efeito, fazendo que o 
tráfico continuasse quase da mesma forma de antes. Em 1845 foi criada, na 
Inglaterra a lei Bill Aberdeen, uma lei aprovada no parlamento Inglês, que dava 
plenos poderes para os britânicos, prendessem qualquer navio negreiro encontrado 
pelos mares do mundo. Lei bastante rígida que causou muitas revoltas nas elites 
escravocratas brasileiras. 
 
 Holanda (2014) explica que no ano de 1845, quatorze anos após a primeira 
lei brasileira, entrou no Brasil 19,363 escravos e que essa quantidade aumentou nos 
anos seguintes como: 1846 ( 50,354), 1847 ( 56,172) e 1848( 60,000). O autor cita 
ainda que na aprovação da lei Eusébio de Queirós, tivemos uma queda na entrada 
de africanos no país. Chegando a entrar no ano de 1852, apenas setecentos 
10 
 
escravos. Então a lei, recém-criada, onde extinguia o tráfico transatlântico, mudou a 
forma que era visto a escravidão no país. Fazendo uma transformação na maneira 
da escravidão no Brasil. 
 
3. LEIS ABOLICIONISTAS. 
 
 Sabemos que a escravidão no país teve uma grande mudança desde a lei Bill 
Aberdeen. Em 1850 o tráfico transatlântico se torna ilegal e toda a forma da 
escravidão que conhecíamos, foi alterada. A sociedade e os abolicionistas sempre 
cobravam o fim da escravidão, dessa forma, D. Pedro ll sempre tentava apaziguar os 
dois lados, abolicionistas e os proprietários de escravos. De maneira que, em 1871 
foi criada a lei 2040, que ficou conhecida como lei do ventre livre. Como nos mostra 
Pedrosa (2018, p.11). 
 
A Lei do Ventre Livre ou Lei Rio Branco, de 28 de setembro de 1871, 
inaugurou um processo gradual de abolição no Brasil, que prolongou a 
escravidão até a edição da Lei Áurea, em 1888. Embora conservadora e 
bastante infensa aos interesses imediatos dos grandes senhores, a edição 
do Ventre Livre representou um golpe na continuidade da escravidão, 
principalmente por colocar o fim da escravidão em perspectiva e representar 
uma condenação moral e oficial à escravidão. 
 
 
 
 Veloso (2010) em seu trabalho sobre escravidão, nos mostra que a lei 2040, 
foi de bastanteimportância para o posterior fim da escravidão no país. Ela nos mostra 
que foi após essa data que o estado passou a interferir nas relações entre senhor e 
escravo. “Lei do Ventre livre deve ser entendida como referência fundamental de todo 
o debate relacionado ao fim da escravidão, ao movimento abolicionista, e 
principalmente ao que diz respeito à abolição gradual da escravidão no Brasil” 
(VELOSO,2010, p.99). A autora nos mostra em seu artigo que foi a parti da dessa lei 
que começou, mesmo que de forma gradual, o fim da escravidão no país. Pedrosa 
(2018) pensa de forma parecida, em sua dissertação ele trabalha com a ideia de que 
“A Lei do Ventre Livre ou Lei Rio Branco, de 28 de setembro de 1871, inaugurou um 
processo gradual de abolição no Brasil, que prolongou a escravidão até a edição da 
Lei Áurea, em 1888.” (PEDROSA, 2018, p.11). A lei citada não trouxe benefícios 
perceptíveis em curto prazo para os escravos, mas ela estava preparando o caminho 
11 
 
para a abolição da escravidão no país. No trabalho do autor citado, assim como no 
do Veloso, podemos entender que o imperador tentou de várias maneiras para tentar 
amenizar a “questão “da escravidão no país. Pedrosa (2018, p. 13) nos mostra que: 
 
Com efeito, como se sabe, em 1864, d. Pedro II enviou um ofício ao chefe 
do Ministério liberal, Zacarias de Góis, apontando ao mesmo a necessidade 
de se enfrentar o problema sobre o assunto na legislatura que iniciava. Na 
nota, que aludia ao problema da Guerra Civil Norte-Americana, o imperador 
expunha a necessidade de se evitar que, no Brasil, o problema da 
escravidão chegasse aos termos verificados ao Norte do Continente. 
 
 
 A lei dos sexagenários, ou lei saraiva- Cotegipe, como também era conhecida, 
foi criada no meio da grande euforia para a abolição dos escravos, como já foi citado 
nesse trabalho, apesar de o Brasil ainda ser uma nação escravista, naquele momento 
só aumentava os pedidos para a abolição da escravidão no país. A lei dos 
sexagenários foi criada como forma de tentar apaziguar mais uma vez os dois lados, 
porém apesar de a historiografia achar que essa lei foi como uma espécie de 
trampolim para a abolição da escravidão, a nova historiografia tem um novo 
entendimento. Dessa maneira, temos de compreender que a província do Ceará 
libertou seus escravos em 1884, logo o estado imperial tinha de fazer algo em relação 
a escravidão no país. Monnerat (2013, p. 113) nos mostra em sua dissertação que” 
(…) as abolições provinciais eram muito importantes para motivar o movimento 
abolicionista como um todo” e a partir da abolição da província do Ceará, o 
movimento abolicionista tomou proporções alarmantes e servindo de exemplo para 
outras libertações provinciais. Pedrosa (2018) e Monnerat dialogam com autores 
bem próximos, da forma que os dois tem um entendimento bem similar em relação a 
lei dos sexagenários, ambos dizem que a única maneira que as elites proprietárias 
de escravos encontraram para tentar segurar a escravidão por mais tempo, era 
acalmar os ânimos dos abolicionistas e do governo imperial. Fizeram isso em 
elaborar a lei Saraiva – Cotegipe em 28 de setembro de 1885. Monnerat (2013, p. 
139). nos mostra que: 
(…) os escravagistas viam na Lei Saraiva-Cotegipe um meio de tentar deter 
a marcha subversiva da abolição ao ceder um pouco. O mais importante de 
ser considerado foi o fato de que, no processo de discussão do projeto, as 
diferenças entre os escravistas na defesa da escravidão se agudizaram e se 
tornaram mais nítidas. Ao mesmo tempo, o abolicionismo conquistou, cada 
vez mais, o apoio popular. 
 
12 
 
 
Dessa maneira, podemos compreender que o projeto de libertação dos escravos já 
era algo almejado, porém as elites proprietárias de escravos, tentaram o máximo 
possível para não entregar essa causa de forma fácil. Ao contrário, fizeram tudo que 
estavam em seus alcance para postergar a abolição da escravidão no país. 
 
4. LEI EUSÉBIO DE QUEIRÓS DE 1850. 
 Devemos tentar entender o contexto histórico do momento anterior a 1850, como 
por exemplo: uma nação ditando as ordens para um país, dito independente, para 
abolir com o tráfico de escravos. Temos também de compreender que erámos os 
últimos nas américas que tínhamos escravos. Claro que não erámos a única, mas 
erámos a maior compradora de escravos. Um livro da nova historiografia que trabalha 
muito bem o assunto sobre escravidão é o do historiador Jaime Pinsky, livro a 
escravidão no Brasil. Pinsk (1993) Cita que o escravo como mercadoria que era, 
fazia com que ele fosse transferido de locais menos rentáveis, para os locais com 
maiores rendas. 
 É basicamente, a questão do escravo, ser transferido de um determinado local, 
após um declínio, citando como por exemplo o caso peculiar do açúcar. os escravos 
são transferidos para áreas com produção melhores. Sabemos da dinâmica e do 
declínio das lavouras do país, nas obras de Caio Prado. Em especial, um livro que 
trata de forma bastante relevante é Formação do Brasil Contemporâneo. Dessa 
maneira, o fim do tráfico transatlântico abriu um novo modo de escravidão no país, o 
tráfico interno de escravo para manter a mão de obra que em muitos locais que 
precisavam delas. Logo esse tipo de tráfico era bastante essencial para economia 
do império. Ora, com o fim do tráfico transatlântico, alguma coisa deveria ser feita, 
como estava longe dos planos das elites escravocratas libertar seus escravos e 
utilizar o trabalho assalariado livre, assim como fizeram suas vizinhas americanas, 
então a maneira que encontraram foi trazerem escravos de locais que não 
necessitavam, ou que estava sobrando mão de obra. 
 
 Com o término do tráfico transatlântico, os proprietários de escravos tiveram que 
13 
 
procurar outra forma de repor a mão de obra escrava, Flausino em seu trabalho, nos 
mostra também, assim como cita Caio Prado, com o declínio das lavouras do norte, 
muitos escravos foram vendidos para Rio e São Paulo, como maneira de driblar a 
falta de escravos nessas capitanias. Sendo em 1850 o começo da intensificação 
desse tipo de tráfico. Muitos dos escravos que vinham do outras capitanias eram 
destinados, muitas vezes, as lavouras do café. O tráfico interno era bem parecido com 
o transatlântico, visto que ele guardava muita particularidade similares ao jeito de 
conseguir escravos na África. Como por exemplo o fato de ambos darem preferência 
aos escravos dos sexos masculinos, em idade produtiva, além de seguir a dinâmica 
da economia como a oferta da demanda e da procura. (FLAUSINO, 2006) 
 Segundo Scheffer (2006 ) o preço dos escravos vendidos variavam, porém era nos 
locais onde os produtos eram mais desvalorizados, que o preço dos escravos 
ficavam mais desvalorizados, transferindo essa mão de obra para um mercado mais 
dinâmico. O mesmo autor cita que, os escravos passam das mãos dos pequenos 
proprietários, para a dos grandes proprietários. A economia cafeeira paulista, a 
mesma estava, por exemplo, com um crescimento muito alto, fazendo muitas vezes 
que os barões do café, comprassem escravos das áreas em declínio. Ao contrário 
da economia do Nordeste, como já citei, sem querer entrar muito nesse assunto, um 
livro que fala muito desse assunto é o já citado, Formação do Brasil Contemporâneo, 
de Caio Prado. Ele também nos mostra que o tráfico interno, causava muitas vezes 
o desequilíbrio em certas regiões, pois existia lugares que tinham muitos cativos e 
outros que não tinham mais quase nada. 
 
5. DE PARTIDA MAIS UMA VEZ. 
Diversos historiadores que se dedicam ao estudo do tráfico interno, avaliam que 
apesar de existir em todo período da escravidão, o tráfico interno de cativos, foi a 
partir de 1850 que ele teve um carácter mais contínuo, de maneira que os donos de 
escravos tiveram que repensar a escravidão no país. Estudos como o do historiador 
Grahm (2002,p. 08) cita que “(…) devido ao enorme número de africanos no país, 
muitos dos que foram transferidos de uma província para outra já tinham sofrido o 
tráfico transatlântico.” Ou seja, o cativo, muitas vezes passavam por uma nova 
14 
 
viagem para chegar ao seu mais novo proprietário. O autor também nos dar detalhes 
que nos faz pensar sobre essa forma de escravidão proveniente do fim do tráfico 
transatlântico, como por exemplo, o fato de mesmo após a lei de 1850, ainda 
entravam escravos de forma ilegal no país. Lembro que Sérgio Buarque, também nos 
fala sobre isso em seu livro raízes do Brasil. 
 
(…) já em 1851, terem entrado no país apenas 3287 negros, e setecentos 
em 1852. Depois disso, só se verificaram pequenos desembarques, entre 
eles o de Sirinhaém, em Pernambuco, e o de São Mateus, no Espírito Santo, 
que resultaram na apreensão, por parte das autoridades, de mais de 
quinhentos africanos. (HOLANDA, 2014, p. 89). 
 
 
Não citando o fato de o autor se espantar com a “pouca” entrada de escravos, após 
a lei de 1850, ainda tivemos entrada de cativos no país, porém quando as autoridades 
pegavam a “carga” de escravos, eles os libertavam e o responsável geralmente tinha 
que responder perante a lei. Em relação ao tráfico interno, Gorender (1998 apud 
SCHEFFER,2006, p.26) “calculou que através do tráfico interno, somadas as vendas 
locais e as interprovinciais, não menos que 300.000 cativos teriam sido transferidos.” 
Scheffer ( 2006) em sua dissertação, trabalha as forma que os cativos eram vendidos, 
onde o autor nos diz que o transporte era por terra, mas também era por transporte 
marítimo. A navegação de cabotagem era muito utilizada para o transporte desses 
cativos, onde em seu trabalho, Scheffer nos dar detalhes sobre os transportes de 
escravos, nos mostrando que a navegação era a maneira mais económica e segura 
para levar os escravos para o seu destino. Porém como cita o autor, existia um temor 
que mesmo na navegação de cabotagem, a marinha britânica conseguisse 
interceptar os navios contendo escravos, visto que mesmo em mares brasileiros, a 
marinha da Inglaterra conseguia interceptar navios contendo escravos. 
 
O receio à interceptação e captura por parte dos ingleses, que a época fazia 
constantes intervenções mesmo na navegação de cabotagem, parece ter 
sido o impulso fundamental a essa restrição. E não era sem motivo. Em fins 
de julho de 1851, o navio Novo Mello, fundeado na baía da Ilha de Santa 
Catarina, foi apreendido por um navio de guerra britânico. (SCHEFFER, 
2006, p.67). 
 
 
A escravidão não era a mesma em todo o país, no início desse trabalho foi explicado 
15 
 
que a escravidão na era a mesma para todos os locais. Dessa maneira, os escravos 
eram seres sociais, desse jeito, existia particularidades de região para região. Com 
o fim do tráfico transatlântico, muitos donos de escravos passaram a negociar mais 
com os seus cativos, como citado no livro do historiador Pinsk (1993), o escravo 
negociava várias coisas, como muitas vezes o direito de ser vendido para outro dono, 
muitas vezes, ele mesmo arranjava seu comprador. Mas isso não tira o carácter 
desumano que foi a escravidão, seja ela no Brasil ou no mundo. Scheffer cita que os 
escravos conseguindo reivindicar algumas coisas junto ao seu senhor, eles muitas 
vezes não conseguiam nada. Segundo o autor, houve vários casos de família 
escravas sendo vendidas de forma separada, isso só foi proibido em 1869. 
Pensando no assunto econômico, podemos verificar que os escravos que mais eram 
procurados são os homens, de preferência jovens, Flausino (2006, p. 55) cita que 
“havia a preferência por escravos adultos do sexo masculino, na faixa etária de 10 a 
39 anos de idade.” Dessa forma, os escravos do sexo masculino eram escolhidos, 
segundo a autora, eles eram mais resistentes ao trabalho pesado. 
 
6. DA LEI EUSÉBIO DE QUEIRÓS ATÉ A LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS. 
 
 Muitos historiadores se debruçam sobre a escravidão no Brasil, utilizando os 
nossos clássicos, como casa grande e senzala de Gilberto Freire, ou nas obras de 
Nina Rodrigues, em especial a obra: os africanos no Brasil. Onde digo que são obras 
maravilhosas, tiveram um grande potencial e foram delas que surgiram várias obras 
magníficas. Devemos entender que mesmo os clássicos devem serem lidos, 
entendendo seu contexto histórico. Também devemos ter a ciência que como diz 
Michel de Certeau, o historiador parte do seu lugar “chão”, ou seja, do seu lugar 
social, político, Cultural e geográfico. Ao compreender isso, entendemos que nada 
nos é neutro, o historiador carrega tudo isso em seu discurso. (CERTEAU,1982). 
Sobre a extinção da escravidão no Brasil. 
 
A extinção da escravidão no Brasil não foi a solução, pacífica ou violenta, de 
um simples problema econômico. Como a extinção do tráfico, a da 
escravidão precisou revestir a forma toda sentimental de uma questão de 
honra e pundonor nacionais, afinada aos reclamos dos mais nobres 
sentimentos humanitários. (RODRIGUES, 2010, p 10). 
 
16 
 
 Muitos historiadores citam que foi com a lei Eusébio de Queirós que o processo 
da abolição ficou mais nítido, após ela, foram criadas mais duas leis antiescravista, 
a primeira foi a lei do ventre livre de 1871, onde após essa data, todo cativo nascido 
de um ventre escravos, seria livre. A outra foi a lei dos Sexagenários, onde todo 
escravo que tivesse 60 anos ou mais, ou completasse após essa lei, ainda trabalharia 
mais três anos como forma de indenizar os seus senhores. Essas foram leis que não 
trouxeram melhorias significativas para a escravidão no Brasil, visto que tanto a 
primeira lei, quanto a segunda, só favoreceram as elites escravocratas, pois seria 
mais lucrativo libertar os escravos que já estavam velhos para a produção, que os 
alimentar até sua morte. Ou utilizar a mão de um escravo até ele ficar com 21 anos, 
sabendo que muitas vezes, ele irá continuar na fazenda, pois é lá que estão seus 
parentes. Um livro que trata de forma bastante interessante é o abolicionista, de 
Joaquim Nabuco. Ao pesquisar obras da literatura brasileira, encontraremos citações 
sobre a escravidão em vários autores, em especial nas obras de Machado de Assis 
e Aluísio de Azevedo, autores que viveram no período da escravidão, onde utilizaram 
desse assunto de forma bastante crítica. O historiador pode utilizar desses autores 
para se trabalhar sobre a escravidão no país, sempre fazendo uma critica sobre o 
documento que nos são repassados. 
 
7. LEI ÁUREA E O FIM DA ESCRAVIDÃO 
Foi a princesa Isabel quem libertou os escravos. Sempre nos foi passado que ela 
agiu dessa forma, porque ela era a protetora dos pobres negros. Não tivemos uma 
educação voltada para a crítica, ou seja, por qual motivo que veio a libertação dos 
escravos em 1888? Monteiro (2012, p. 306) cita que: 
 
(…) Lei Áurea foi a imediata extinção da escravidão no Brasil. A partir de 
então, uma a uma as portas das senzalas foram sendo abertas e os negros 
puderam irromper, pela primeira vez, os limites das cercas das propriedades 
de seus senhores, como forma de concretizar os ditames literais da lei. 
 
 Como podemos verificar, a lei que libertou os escravos não fez nada além disso, 
jogando os escravos ao seu bem dará. Não foram criados meios para que os ex 
escravos conseguissem entrar no mercado de trabalho assalariado, nem foram 
17 
 
criadas formas para os capacitá-los. Como diz Monteiro (2012,p.06 ), “No entanto, se 
no primeiro momento a Lei Áurea significou a libertação dos escravos do jugo dos 
seus senhores, no momento seguinte, condenou aqueles a viverem como vítimas do 
sistema “. Fazendo que o negro, sem emprego e sem meios de consegui-los, tivesse 
muitas vezes que entrar para o mundo do crime. 
 Ao analisar o jornal do senado, versão comemorativa de 120 anos da abolição 
da escravidão, onde o senado reuniu “possíveis” reportagenssobre aquele período 
histórico. Em uma fala do jornal ele cita que “O Brasil está livre do trabalho escravo. 
Na tarde de ontem, a Princesa Isabel sancionou a lei que pôs fim a mais de 300 anos 
de escravidão. Conforme o senador Sousa Dantas, havia no país 600 mil escravos.” 
(SENADO, 2008, p. 1). 
 Em outra citação, o jornal nos mostra a princesa como tudo aquilo que já tínhamos 
citado aqui, como a princesa boa, que salvou os negros. Não conseguir verificar a 
veracidade dessa reportagem, junto ao período que ela ocorreu, porém isso não tem 
muita importância, pois se realmente a reportagem foi de 1888, isso só nos mostra 
aquilo já dito. Mas se tal reportagem, foi escrito para a comemoração do jornal, ela 
só nos mostra como essa mentalidade nos acompanha até os dias de hoje. De 
maneira, cabe aí um estudo mais aprofundado sobre o nosso imaginário, como nós 
olhamos os heróis da pátria que nos são passados pela história positivista. 
Monteiro (2012) nos mostra em seu artigo, que o mercado de trabalho não conseguia 
absorver todos os ex-escravos, dessa forma muitos deles não tiveram nada, ou 
quase nenhum benefício com essa lei, muitas vezes piorando o trato que eles 
passaram a receber da sociedade. Diante dessa marginalidade, sem a possibilidade 
de receberem ajuda do governo, muitos foram buscar outras formas de 
sobreviverem. 
 
 
 
 
18 
 
 
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O objetivo desse trabalho foi analisar os impactos da adoção do tráfico interno de 
escravos no Brasil após o fim do tráfico transatlântico. Dessa maneira, o artigo teve 
o intuito, primeiramente, de gerar novas discursões acerca do tráfico de cativos, 
tivemos um olhar para o tráfico interno, mas sempre focando ao período e a 
escravidão, mesmo com recorte histórico em 1850, em alguns momentos, tivemos 
que voltar um pouco antes para entender o contexto, ou melhor dizendo, o período 
histórico. O Brasil após a independência de Portugal, teve de criar meios para 
mostrar para as outras nações que ele era um país civilizado, continuador da 
civilização portuguesa, dessa maneira, nós também nos tornamos uma monarquia. 
Como historiador, sabemos que na história existe rupturas e permanências, na 
recém-criada nação, não foi diferente. A ordem social não foi alterada, o império do 
Brasil continuou como uma nação escravocrata, utilizando os mesmos meios de 
empregá-la de várias formas na nação brasileira. A Inglaterra foi uma companheira 
comercial do Brasil, assim como era de Portugal, foi ela que fez que Portugal 
aceitasse a nossa independência. A nova historiografia se atentou para as 
particularidades que cada região tinha, onde o historiador passou a procurar essas 
variáveis, não pensando em uma história fechada e igual para todos os locais do 
Brasil, sabendo ele que a nossa nação é enorme que não tem como existir uma 
escravidão só, mas existiram diferentes tipos de escravidão. O escravo passou a 
ser visto como um agente social, e como tal foram buscados nos documentos, como 
comprovante de vendas, artigos de jornais da época ou até mesmo nos processos 
criminais, para nos mostrar essa outra realidade diferente dos estudos passados. 
 Tivemos particularidades regionais que nos foi trabalhado no artigo, como o fato 
de muito escravos pedirem sua venda para outros senhores, muitas vezes eles 
mesmo procuravam compradores para si mesmo. Tivemos um olhar para a 
escravidão pós lei Eusébio de Queirós, onde fizemos bastante observações sobre 
as particularidades dessa forma de escravidão, suas diferenças, continuidades e 
rupturas em relação ao tráfico transatlântico. Não nos é fácil trabalhar sobre um 
assunto tão delicado como o tráfico interno, visto que a nação brasileira foi bastante 
ingrata com os escravos, não compreendendo que foram eles que moveram 
durante mais de 300 anos a economia do país. Diante mão, como já citado, esse 
19 
 
artigo teve um real motivo de que outras pesquisas sejam feitas, um tema tão vasto 
como escravidão, não deve ficar somente na parte superficial do discurso. 
 
 
 
 
 
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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