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Síndromes Pulmonares 1 Síndromes Pulmonares Anatomia e Fisiologia do Sistema Respiratório: Há um divisão entre via aérea superior e inferior, nas quais há passagem de ar para que esse alcance os alvéolos pulmonares e realiza as trocar gasosas com o sangue. Os pulmões estão protegidos dentro da caixa torácica, tanto por estruturas rígidas, quanto por partes moles. Diafragma: músculo que atua como principal responsável pelo movimento de respiração fisiológico. Carina e traqueia: compostos por anéis cartilaginosos. ABCDE do Rx de tórax: A airways Síndromes Pulmonares 2 B bones C circulation D diafragma E extras Obs: Sinal de Lemos Torres → Abaulamento dos EICs durante a expiração, localizada nas bases pulmonares e na lateral do hemitórax. Síndromes Pulmonares São síndromes que envolvem, sobretudo, o parênquima pulmonar, estando entre elas: Síndrome de consolidação pulmonar (ex: pneumonia) Atelectasia Síndrome de hiperaeração (engloba enfisema pulmonar e DPOC Congestão passiva dos pulmões (insuficiência ventricular esquerda) Escavação (ou caverna pulmonar) Síndrome da consolidação pulmonar: Pneumonia é o exemplo mais comum de consolidação pulmonar, a qual tem como principal característica a ocupação do espaço alveolar, o qual deveria contar somente com o preenchimento por ar. Palpação: O alvéolo mantém-se aberto, quando sadio, por conta de uma tensão superficial. Ao passo que há um preenchimento anormal daquele espaço alveolar, a expansibilidade desses alvéolos é reduzida (troca de ar por líquidos decorrente da consolidação). Reflete em uma expansibilidade reduzida de todo um lóbulo, de modo que, na palpação, ocorrerá um aumento do frêmito toraco vocal (o preenchimento do alvéolo por conteúdo não aéreo aumenta a ressonância vocal → egofonia) Percussão: Síndromes Pulmonares 3 Apresentará uma percussão de submacicez ou macicez, em função do preenchimento da região. Ausculta: Respiração brônquica substituindo o murmúrio vesicular, além de broncofonia (egofonia) e pectoriloquia (ouvir o que o paciente fala pela ausculta). Obs: Estertores finos → ocorre pela abertura de espaços alveolares colabados ou semi colabados, em função de terem perdido a tensão superficial. Por essa razão, os estertores são percebidos ao final da inspiração, que é o momento em que esses alvéolos colabados são recrutados. Obs: Pedir a realização de um Raio X de tórax é importante para tentar identificar o padrão de organização da consolidação, a exemplo da Pneumonia Lobar, a qual é característica de pneumococos e permite o início de antibioticoterapia específica. 2. Atelectasia Representa uma redução de volume pulmonar, seja de um lobo, seja de um pulmão inteiro. Pode ser subdividida em 3 mecanismos básicos de atelectasia, dentre eles: Atelectasia obstrutiva: ocorre uma obstrução da via aérea a nível de vias inferiores. Atelectasia compressiva: o pulmão é envolto pela pleura parietal (mais externamente) e a visceral, de modo que a atelectasia compressiva ocorre, em geral, pelo acúmulo de líquidos ou ar no espaço pleural. Há uma expansibilidade diminuída e um afastamento do pulmão da parede torácica Atelectasia congestiva: redução do volume de uma região pelo acometimento de muitos alvéolos, os quais vão colabar. Inspeção: retração do hemitórax e tiragem (esforço dos músculos intercostais para realizar os movimentos respiratórios). Palpação: expansibilidade diminuída com FTV diminuído ou abolido (afastamento pulmonar da parede torácica). Síndromes Pulmonares 4 Percussão: submacicez ou macicez. Ausculta: respiração broncovesicular (mais brônquica na verdade, alvéolo está colabado), ressonância vocal diminuída. 3. Síndrome de Hiperaeração A enfisema pulmonar DPOC é a doença mais representativa dessa síndrome. Há destruição de septos interalveolares, consequentemente existirá mais espaço de aprisionamento aéreo, culminando em uma hiperaeração. O FTV terá uma maior dificuldade para passar, além de apresentar uma expansibilidade reduzida dos alvéolos. Outro fatos que está associado é a inflamação da via aérea, com produção aumentada de muco. Redução de áreas de troca gasosa, fazendo com que existam áreas de espaço morto no pulmão. Paciente apresenta, em geral, tosse e dispneia como achados clínicos mais recorrentes. Inspeção: tórax em tonel, considerando casos mais avançados. Palpação: expansibilidade diminuída, FTV diminuído também. Percussão: sonoridade normal, no entanto, em casos de maior gravidade por existir uma hipersonoridade (diferente de timpanismo, o qual é respectivo a ar livre na região). Ausculta: MV diminuído, ressonância vocal também diminuída, podendo apresentar roncos e sibilos. Ps: bronquite crônica e enfisema pulmonar são condições que coexistem com certa frequência no mesmo paciente, uma vez que ambos possuem um fator etiopatogênico em comum, que é o tabagismo. 4. Insuficiência ventricular esquerda Ocorre uma congestão passiva dos pulmões. Há outras causas também, a exemplo da doença mitral, glomerulonefrites, síndrome nefrótica e etc. Síndromes Pulmonares 5 Representada por preenchimento do espaço alveolar por líquido, por edema, o que diferencia da pneumonia na qual há preenchimento por secreções. Há um colabamento alveolar também nessa síndrome. Extravasamento do capilar pulmonar para dentro do espaço alveolar Tem como sintoma associado a dispneia, uma vez que não realiza trocas gasosas de maneira adequada (dispneia progressiva). Dispneia paroxística noturna, ortopneia, edema de membro inferior. Os achados desse caso no exame físico serão sempre BILATERAIS. Inspeção: tiragem, abaulamentos dos espaços (derrame volumoso) Palpação: expansibilidade e FTV normais (dependendo da gravidade) Percussão: submacicez nas bases pulmonares. Ausculta: estertores finos bilaterais, ressonância vocal pode ser normal. Paciente pode apresentar também sibilos. 5. Escavação ou Caverna Pulmonar A razão de maior prevalência para esse tipo de lesão pulmonar é a Tuberculose, contudo, outros mecanismos de agressão podem estar presentes como Abscesso, Micoses Pulmonares e Neoplasias. É importante lembrar, no exame físico, que a tuberculose é uma doença estigmatizada ainda, então é de extrema importância durante a anamnese fazer perguntas de maneira a deixar o paciente confortável para falar sobre. No exame físico: Para que a caverna seja perceptível no exame físico, é necessário que ela esteja localizada na periferia do pulmão, além de ter um diâmetro mínimo de aproximadamente 4 centímetros. Inspeção: assimetria de expansibilidade, em função de existirem áreas de fibrose. Palpação: expansibilidade diminuída e FTV aumentado (no caso de existir secreção) Síndromes Pulmonares 6 Percussão: normal ou som timpânico (no caso de ser uma escavação bastante aumentada) Ausculta: respiração broncovesicular (ou brônquica) no lugar do MV, além de poder apresentar o sopro tubário (passagem de ar por uma área dilatada). Síndromes extrapulmonares Envolve as síndromes brônquicas e pleurais. Síndromes brônquicas: Asma: Doença inflamatória crônica, caracterizada por uma hiper reatividade brônquica com certa sazonalidade. É dependente de fatores que atuam como gatilho, portanto. Apresenta como característica dos sinais flogísticos o edema, constrição da luz brônquica (doença obstrutiva) e presença de secreções além do normal. No exame físico: os sinais são bilaterais! Sibilo localizado, por exemplo, não é indicativo de asma. → Inspeção: tiragem e utilização de musculatura acessória → Palpação: FTV normal ou diminuído → Percussão: normal ou hipersonoridade (em função de um aprisionamento de ar na expiração) → Ausculta: diminuição do MV, além de sibilos difusos (chiado de gato, ar passando por uma luz reduzida). Ps: o sibilo localizado pode ser indicativo de tumor ou obstrução por corpo estranho, por exemplo. 2. Bronquiectasia: Dilatação brônquica com acentuada redução da luzbronquiolar. É um processo inflamatório que levará à destruição do brônquio. Pacientes supurativos, os quais apresentam tosse produtiva (catarro ou sangramento), sintomas que pioram pela manhã devido ao acumulo do Síndromes Pulmonares 7 conteúdo ao longo da noite de sono. No exame físico: depende da localização e extensão da bronquiectasia. → Apresentará uma redução da expansibilidade do pulmão → Na percussão, o caráter será de submacicez. → Presença de estertores grossos e roncos na ausculta 3. Bronquites: São divididas em bronquites agudas (infecciosas e inflamatórias, causadas por vírus ou bactérias) e bronquites crônicas. Bronquite aguda: Comprometimento das vias respiratórias manifestando sinais gerais como febre e mal-estar, além de um desconforto retroesternal, rouquidão, tosse seca e expectoração mucosa ou purulenta. Bronquite crônica: Caracterizada por excessiva secreção de muco na árvore brônquica e está diretamente relacionada com a asma e a doença pulmonar obstrutiva crônica (em função do uso prolongado de cigarros). Paciente apresenta tosse com expectoração mucopurulenta que persiste por meses. No exame físico: → A inspeção, palpação e percussão, em geral, vão se apresentar como normais nesses pacientes → A ausculta pode apresentar roncos e sibilos, em função da obstrução da luz brônquica, diminuindo a passagem de ar pela região (analogia do vento forte na janela quase fechada). Ps: é importante associar as queixas clínicas para um diagnóstico preciso. Ps: baqueteamento digital → Ângulo de lovebond, é importante colocar a unha de dedos simétricos de mãos opostas frente a frente, para analisar se há um losango entre eles ou se eles se tocam por completo. 4. Síndromes pleurais: São subdivididas em 3 principais grupos, dentre eles: Pleurite Síndromes Pulmonares 8 Inflamação da pleura, fazendo com que haja um atrito doloroso da pleura parietal e visceral. Cursa com dor (principal sintoma), em função do atrito entre as pleuras inflamadas. A dor vai ter piora durante a inspiração profunda e a tosse (dor em pontadas, também chamada de dor pleurítica). No exame físico: → Inspeção: pode ser normal → Palpação: expansibilidade diminuída, FTV diminuído (pulmão está mais afastado da superfície, em função da pleura espessada) → Percussão: normal ou submacicez (em casos mais avançados). → Ausculta: atrito pleural (parece o som de roçar de couro, de fios de cabelo se atritando). Derrame pleural Acúmulo de líquido por aumento da produção ou diminuição da reabsorção desse. O paciente pode se apresentar assintomático, ou então possuir uma tosse seca, dispneia progressiva, emagrecimento abrupto e etc. No exame físico: → Inspeção: às vezes ocorre redução da movimentação torácica. Pode existir deslocamento contralateral da traqueia. → Palpação: expansibilidade diminuída e FTV abolido (não há passagem do frêmito pela região com acúmulo de líquido). → Percussão: macicez em nível. Região de hipersonoridade encontrada nas áreas situadas ao redor de uma condensação ou acima Ressonância de Skoda). → Ausculta: MV abolido e egofonia na parte mais alta do derrame (na região em que presenciamos o sinal de Skoda). Obs: Sinal de Signorelli → som maciço à percussão do 7 ao 11 espaços vertebrais (o som normal seria o som claro pulmonar). Obs: O exame de imagem indicado para diagnóstico de derrame pleural é o Rx com incidência de Laurell (decúbito lateral com raios horizontais), a qual evidencia movimentação de líquido na cavidade pleural. Já na Síndromes Pulmonares 9 incidência em perfil é importante visualização do recesso costofrênico posterior. No caso de líquido livre na cavidade, observamos a parábola de Damoiseau. Pneumotórax Acúmulo de ar no espaço pleural, onde normalmente teríamos a presença de líquidos em pequenas quantidades. Há também um afastamento do pulmão da parede torácica, sendo muito parecido com o derrame pleural, no entanto com uma diferença considerável na percussão (timpanismo) No exame físico: → Inspeção: normal dependendo do volume do pneumotórax → Palpação: expansibilidade diminuída e FTV diminuído ou abolido → Percussão: ruído timpânico (acúmulo de ar livre no espaço pleura). → Ausculta: MV diminuído ou abolido e ressonância vocal diminuída ou abolida.
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