Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 DENSIDADE E FLUXO DE MASSA A densidade (também chamada de “massa específica”), usualmente denotada pela letra grega ρ , é um campo escalar que representa uma razão local entre massa e volume. No Sistema Internacional, a densidade ρ é expressa em kg/m3 . Mais precisamente, o campo de densidades é, para cada instante de tempo, uma função da posição cuja integral sobre uma dada região R fornece a massa contida em R naquele instante. Em outras palavras, R R M dVρ= ∫ onde M R é a massa contida em R no instante de tempo t e ρ é uma função da posição e do tempo. A densidade média de um corpo contínuo ocupando a região R é dada por _ RR R R dV M VdV ρ ρ = =∫ ∫ onde RV é o volume da regiãoR . Exemplo 1: O campo de densidades num certo movimento é dado por 0 exp( ) x y t L ρ ρ α+= − onde 0ρ é uma constante. Calcule a massa contida na região Ω dada por (cubo) { }( , , ) tais que 0 , 0 e 0x y z x L y L z LΩ ≡ < < < < < < num instante de tempo t qualquer. Solução: a massa contida no cubo é dada pela integral tripla da densidade sobre a região definida pelo cubo. Em outras palavras, 00 0 0 exp( ) L L L CUBO x y M t dx dy dz L ρ α+= −∫ ∫ ∫ Uma vez que x e y são não-negativos e que o tempo é independente da posição, a expressão acima se reduz a 2 0 0 0 0 exp( ) L L L CUBO x y M t dx dy dz L ρ α + = − ∫ ∫ ∫ o que fornece o seguinte resultado: 3 0 exp( )CUBOM t Lρ α= − O fluxo de massa representa a quantidade de massa cruzando uma certa superfície, por unidade de tempo. Denotado aqui por m • (note que m • não é uma derivada de m ), o fluxo de massa através de uma superfície S , fixa no espaço, é dado por S m dSρ • = ∫ v ni onde n é o vetor normal unitário definido sobre a superfície S , exterior à região para a qual se está calculando a taxa de saída de massa. Para calcular a taxa de entrada de massa (denotada em geral por Em • ), basta trocar o sinal de m • ( m • = Sm • =taxa de saída de massa). No Sistema Internacional, o fluxo de massa é dado em kg/s. Definindo a velocidade média normal _ v como _ S S d S v d S = ∫ ∫ v ni teremos, quando a densidade não depender da posição, o fluxo de massa dado por _ m v A Vρ ρ • • = = (onde A é a área da superfície S ). Exemplo 2: Calcule o fluxo de massa cruzando a face z L= + para o escoamento lento através da região Ω fixa no espaço dada por 2 2 2( , , ) tais que e 0 4 d x y z x y z L Ω ≡ + < < < (tubo de diâmetro d , com eixo de simetria paralelo ao eixo z ), cujo campo de velocidades (regime permanente) é dado por 2 2 2 2 2 max 2 1 4 para e todo 4 x y d U x y z d += − + ≤ v k 3 onde maxU é a velocidade na linha de centro. Calcule também a velocidade média normal para esta seção. Solução: O fenômeno em estudo é esquematizado na figura abaixo O fluxo de massa é dado a partir da integral de superfície S m dSρ • = ∫ v ni onde o vetor normal unitário exterior é exatamente o vetor k . No caso da tubulação em questão, é representada (no sistema cartesiano retangular) por 2 2 2 2 2 2/ 2 / 4 max 2/ 2 / 4 1 4 d d y d d y x y m U dxdy d ρ • − − − − += − ∫ ∫ k ki ou seja, 2 2 2 2 2 2/ 2 / 4 max 2/ 2 / 4 1 4 d d y d d y x y m U dxdy d ρ • − − − − += − ∫ ∫ É mais fácil resolver esta integral no sistema polar de coordenadas. Assim, representemos o fluxo de massa cruzando a superfície z L= + como 2 2 max 20 0 1 R r m U rdrd R π ρ θ • = − ∫ ∫ o que nos fornece (facilmente) o seguinte resultado: 2 2 max max 1 1 2 8 m R U d Uπ ρ π ρ • = = 4 A velocidade média normal é, então, a metade de maxU . A vazão através de uma superfície S , denotada por V • , é usualmente definida por S V dS • = ∫ v ni sendo, no Sistema Internacional, dada em m3/s. Quando a superfície S envolver completamente a região R ela será denotada por R∂ ( R∂ significa “fronteira deR ”). Nestes casos, vale o Teorema da Divergência e, conseqüentemente, ( ) R R R R m dS div dV V dS div dV ρ ρ • ∂ • ∂ = = = = ∫ ∫ ∫ ∫ v n v v n v i i No caso de regiões e superfícies que variem com o tempo, o fluxo de massa e a vazão serão dados por ( ) ( ) t t SS SS m dS V dS ρ • • = − = − ∫ ∫ v v n v v n i i onde Sv denota a velocidade local da superfície. Exemplo 3: Um fluido com densidade constante ρ escoa com o seguinte campo de velocidades ( )x yα= −v i j Calcule o fluxo de massa através a) da superfície esférica de raio R centrada na origem e b) da fronteira do cubo 0 , 0 e 0x L y L z L≤ ≤ ≤ ≤ ≤ ≤ . Solução: uma vez que ambas as superfícies são fechadas (envolvem um domínio 3-D), vamos aplicar o teorema da divergência para os dois itens acima. O fluxo de massa é dado por S m dSρ • = ∫ v ni 5 o que equivale a (teorema da divergência) ( )m dS div dVρ ρ • ∂Ω Ω = =∫ ∫v n vi onde Ω é a região cuja fronteira é ∂Ω (quando a superfície em questão envolve completamente uma região Ω 3-D, ela é denotada pelo símbolo ∂Ω ). Calculando o divergente acima, teremos que ( ) ( )1 1 0div ρ αρ= = − =v v Desta forma, o fluxo de massa é nulo para os itens a) e b). Exemplo 4: Um corpo contínuo tem o campo de densidades dado por 0 exp( )tρ ρ α= − e o de velocidades dado por ( )x y zα= − +v i j k . Calcule o fluxo de massa através da face z L= + do cubo do problema anterior no instante 0t t= . Solução: o vetor normal unitário exterior definido sobre a face z L= + do cubo é o vetor k (aponta para “fora” do cubo). Assim, sobre a face z L z Lα α= = ⇒ = = +v n v k v ni i i O fluxo de massa será, então, dado por 0 00 0 exp( ) L L S m dS L t dxdyρ α ρ α • = = −∫ ∫ ∫v ni ou seja, 3 0 0 0 00 0 exp( ) exp( ) L L m L t dxdy L tα ρ α α ρ α • = − = −∫ ∫ Exemplo 5: Repita o exemplo 2, supondo que o fluido é um gás ideal (cuja constante R é conhecida) e que os campos de pressões, de velocidades e de temperaturas são 2 2 2 2 2 max 2 2 2 2 2 2 2 1 4 para e todo 4 ( ) para e todo , ( ) 0 4 ( ) para e todo , ( ) 0, 4 x y d U x y z d d T g z x y z g z d p f z x y z f z += − + ≤ = + ≤ > = + ≤ > v k 6 onde ( ) e ( ) f z g z são funções conhecidas e positivas para todo z . Solução: o fluxo de massa é dado a partir da integral de superfície abaixo: S m dSρ • = ∫ v ni onde o vetor normal unitário exterior é exatamente o vetor k . No caso da tubulação em questão, é representada (no sistema cartesiano retangular) por 2 2 2 2 2 2 / 2 / 4 max 2/ 2 / 4 1 d d y d d y x y m U dxdy R ρ • − − − − += − ∫ ∫ k ki Uma vez que (gás ideal) Rp Tρ= , teremos que, sobre a face z L= + , ( ) ( ) R R ( ) R ( ) p f z f L T g z g L ρ = = = Logo, a densidade será constante sobre a região de integração. Assim, 2 2 2 2 2 2/ 2 / 4 max 2/ 2 / 4 ( ) 1 R ( ) d d y d d y f L x y m U dxdy g L R • − − − − += − ∫ ∫ o que nos fornece o seguinte resultado 2 max 1 ( ) 8 R ( ) f L m d U g L π • = A velocidade média é, novamente, a metade de maxU .
Compartilhar