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Unidade I ESCOLÁSTICA CRISTÃ Profa. Bettina Brasil Apresentação Trabalharemos nessa disciplina correntes filosóficas como a Patrística e a Escolástica Cristã. Para isso é necessário situar essas correntes filosóficas no contexto político-cultural da Idade Média. É necessário reconhecer também as influências das ideias gregas em cada corrente filosófica. Na Patrística iremos entender a presença das ideias de Platão nas obras de Agostinho. Na Escolástica Cristã iremos perceber a introdução de elementos da obra de Aristóteles feita por Tomás de Aquino. Apresentação É importante ressaltar também que a questão-chave deste período (Idade Média) é a harmonização das duas esferas: a fé e a razão. O pensamento de Agostinho é conservador e defende uma subordinação maior da razão em relação à fé. No final do período medieval, Tomás de Aquino defendeu uma autonomia da razão na obtenção de respostas, muito influenciado pelo aristotelismo. Mesmo assim, Tomás de Aquino não nega a subordinação da razão à fé. Introdução Antes de começarmos a abordar as correntes filosóficas desta unidade, é importante retomarmos as características do período histórico que é palco destes pensamentos. A Idade Média abrange o período da história de cerca de mil anos entre o século III e o século XII da era cristã. A Filosofia Medieval e a Escolástica Cristã são correntes filosóficas situadas entre a Filosofia Grega (século VI a.C. ao século II d.C.) e o Renascimento (século XV e XVI d.C.). A exata data de início e fim da Idade Média pode variar de um a outro historiador em razão dos marcos de transição escolhidos por cada um. Introdução Por outro lado, já é um consenso entre os autores de periodização quanto à ênfase dada aos objetos de investigação de cada período. Na Antiguidade, que corresponde à Filosofia Clássica, a atenção dos filósofos gregos estava centrada na Natureza. Neste período as discussões sobre a organização do mundo versavam sobre os primeiros elementos, dos arquétipos (arché). A visão do mundo neste período ficou conhecida como cosmocêntrica (cosmos = ordem). No início da filosofia ocidental os pensadores tentavam entender o mundo sem a influência mística. Introdução A Filosofia Medieval (na Idade Média) apresenta enfoque depreciativo para os valores da Natureza e se volta para os valores transcendentais, mais especificamente associados ao Deus Criador. Neste período a visão de mundo se distingue por ser exclusivamente teocêntrica (theos = deus). A Filosofia Moderna é antecedida pelo Renascimento. Este período foi um momento importante de retomada de temas greco-romanos por movimentos artísticos-culturais. Estes movimentos trouxeram para o próximo período valores mais humanos como visão de mundo. Introdução Entre esses valores mais humanos, destaca-se a “razão”, que passa a ser instrumento e objeto da reflexão filosófica. A atenção dos filósofos se volta para o próprio homem no exercício da reflexão. Desta forma, a Filosofia Moderna é caracterizada pelo antropocentrismo. Na Filosofia Contemporânea prevalece como fundamento o enfoque na existência humana. Novas dimensões para essa existência se tornam presentes na discussão filosófica, como a dimensão social, econômica, política, psicológica, religiosa entre outras. Introdução Essa mini linha do tempo, que caracteriza de forma genérica cada um dos grandes períodos da filosofia ocidental, é importante para se ter uma visão panorâmica das diversas correntes na História da Filosofia. É importante ter claros os focos temáticos de cada um desses períodos e as tendências de cada sistema filosófico. Com essa visão panorâmica consegue-se perceber como uma corrente influencia a seguinte em termos de conteúdo e de métodos de reflexão. Quadro sinótico Período Filosofia Séculos Foco temático Idade Antiga ou Antiguidade Clássica ou grega VI a.C. a II d.C. Cosmocêntrico Idade Média ou Medievo Medieval III d.C a XIV d.C Teocêntrico Renascimento Humanista XV e XVI d.C Antropocêntrico Idade Moderna Moderna XVII e XVIII Antropocêntrico Idade Contemporânea Contemporânea XIX até nossos dias Múltiplos enfoques A Filosofia Medieval A Filosofia Medieval abrange as filosofias desenvolvidas na Idade Média (ou Medievo) entre o helenismo e o Renascimento. Historiadores denominaram este período com a expressão Dark Ages “séculos obscuros”. Com essa denominação quiseram mostrar que o período foi caracterizado pelo obscurantismo e pobreza intelectual, por ignorâncias e superstições, pelo atraso econômico do feudalismo. A Filosofia Medieval Mas pretende-se mostrar um olhar mais atento sobre a Idade Média e as filosofias deste período como contribuintes importantes para a especulação dos princípios da Metafísica e para a sistematização dos métodos de raciocínio lógico. O desenvolvimento intelectual de Agostinho e Tomás de Aquino nos mostra como esses historiadores estavam equivocados. Na Idade Média surgem duas correntes filosóficas, a Patrística e a Escolástica. A Filosofia Medieval A Patrística desenvolve-se nos primeiros séculos da Idade Média (séculos III a V) pelos pensadores da Igreja Católica, mais especificamente os padres, derivando daí a expressão Patrística e a denominação Padres da Igreja para caracterizar os filósofos da época. A Escolástica não é um nome exclusivo da corrente de filósofos cristãos. Há outras filosofias que são qualificadas de Escolásticas, como a muçulmana e a hebraica. Este período está concentrado no final da Idade Média e corresponde ao ensino da filosofia ministrado nos conventos, mosteiros e escolas episcopais. A Filosofia Medieval A Escolástica Cristã representou um pequeno renascimento dentro do período medieval, uma renovação do pensamento filosófico à luz das obras de Aristóteles. O contato com as obras de Aristóteles estimulou nos filósofos preocupações empíricas. Essas preocupações se transformaram em tendências científicas da mentalidade, que vieram a se desenvolver nos séculos do Renascimento, consolidando o paradigma racional da Filosofia Moderna. A Filosofia Medieval As correntes Patrísticas e a Escolástica Cristã não se diferem quanto às formas de abordagem reflexiva dos problemas que estudam. Buscam fundamentos nas fontes metafísicas do pensamento grego. Tanto a Patrística como a Escolástica Cristã constroem exegeses sobre modelos lógicos dos filósofos gregos para auxiliar na explicação e interpretação das Escrituras. Estão a serviço da Teologia, que é fonte temática e foco das investigações dos filósofos deste período. Interatividade A Filosofia Medieval é caracterizada por duas grandes correntes, a Patrística e a Escolástica Cristã. É característica dessas correntes: a) Terem recebido influência do conhecimento árabe (Avicena e Averrois). b) Apesar de terem sua base no Catolicismo, se distanciaram dele. c) Receberam influência dos filósofos gregos Platão e Aristóteles. d) Deixaram de lado as escrituras para explicar o comportamento humano. e) Utilizaram a metafísica platônica para explicar os dogmas religiosos. Resposta A Filosofia Medieval é caracterizada por duas grandes correntes, a Patrística e a Escolástica Cristã. É característica dessas correntes: a) Terem recebido influência do conhecimento árabe (Avicena e Averrois). b) Apesar de terem sua base no Catolicismo, se distanciaram dele. c) Receberam influência dos filósofos gregos Platão e Aristóteles. d) Deixaram de lado as escrituras para explicar o comportamento humano. e) Utilizaram a metafísica platônica para explicar os dogmas religiosos. O Helenismo no contexto do cristianismo O Helenismo é o conjunto de ideias culturais e princípios da civilização grega que se expandiu fora da Grécia. Influencioutodo o império conquistado pelos gregos – A Magna Grécia e outras civilizações com as quais entraram em contato. As influências gregas vão da conquista de Alexandre, no século IV a.C., até o final do Império Romano, com a queda de Constantinopla e o domínio dos turcos, em 1453. O Helenismo no contexto do cristianismo O cristianismo é a religião derivada da tradição judaica e dos ensinamentos de Jesus Cristo, compilados no Novo Testamento ou Evangelho. Desde o início do cristianismo os pregadores levaram as mensagens evangélicas para o mundo grego. Paulo, funcionário romano, foi convertido ao cristianismo e passou a difundir a religião cristã em viagens pelo império. O Helenismo no contexto do cristianismo Após a morte de Paulo, as viagens dos pregadores se intensificaram pelo Oriente Médio e depois pelos territórios helenizados, atingindo seu auge de aceitação com o Édito de Milão no ano 313 da era cristã. À medida em que o cristianismo se espalhava pelo mundo medieval aumentava o número de adeptos do pensamento helênico de índole pagã em resistência à nova religião. O Helenismo no contexto do cristianismo Diante da grande miséria econômica e cultural dos povos do Império Romano, as mensagens cristãs começaram a ser mais aceitas pelos povos. As mensagens correspondiam aos anseios de esperança de uma legião de desprotegidos e desamparados pelas normas do Império. Do ponto de vista social, a ideia de participar de uma comunidade fraterna que se ajudava mutuamente era atraente. O Helenismo no contexto do cristianismo Do ponto de vista social, a ideia de participar de uma comunidade fraterna que se ajudava mutuamente era atraente. Do ponto de vista ético, os valores morais do paganismo, ainda que sob a forma de virtudes estoicas, não tinham conseguido entravar a corrupção da sociedade permissiva da época. O Helenismo no contexto do cristianismo No fim do Helenismo, O Imperador Constantino I publicou o Édito de Milão, que garantia a todos os habitantes do Império a liberdade de culto de qualquer religião. Com essa liberação aconteceu a permissão para a divulgação do cristianismo. Os padres pregadores, formados nos mosteiros e abadias, onde era ensinada a filosofia, perceberam a necessidade de aperfeiçoar o raciocínio lógico para terem argumentos não contraditórios e convincentes nas concorridas discussões públicas. O Helenismo no contexto do cristianismo O projeto intelectual não era a construção de teorias, mas a interpretação das verdades religiosas para fundamentação dos dogmas de doutrinas. Como a maioria ainda era de adeptos do paganismo e pontuavam as polêmicas públicas, isso pressionava os filósofos a responder aos pensadores pagãos. A herança grega e a revelação bíblica O cristianismo enfrentou a reação dos pensadores gregos, principalmente dos adeptos das correntes filosóficas trazidas do epicurismo e do estoicismo. O epicurista procurava o prazer, não imediato, mas duradouro, que lhe resultasse em uma espécie de ascetismo revertido em felicidade. O estoico assume uma atitude quase heroica de resiste à dor, negar o mal e aceitar a virtude como única felicidade. A herança grega e a revelação bíblica As duas doutrinas apoiavam-se em um sistema prescritivo de comportamentos éticos individuais. Após o Édito de Milão, o imperador Constantino I também se converte ao cristianismo e decreta que as verdades evangélicas devem ser comunicadas a todos os seus súditos. O cristianismo passa a ser a religião oficial do Império. A herança grega e a revelação bíblica Mesmo assim, ainda havia debates com a filosofia pagã de herança grega. Enquanto os epicuristas valorizavam os prazeres como caminho para a felicidade individual, os cristãos propunham uma vida mais ascética na ordem física e moral, junto às comunidades fraternas. Interatividade (Adaptado de UFPB, 2008) Alexandre, O Imperador, constituiu um grande império. Foi educado pelo filósofo Aristóteles e seu registro memorável deve-se à difusão da cultura grega nas regiões do Oriente por ele conquistadas. Esse processo histórico cultural conhecido como Helenismo caracterizou-se pela: a) Formação de uma nova cultura, sem elementos culturais gregos. b) Desaparecimento da cultura oriental diante da cultura grega. c) Conflito cultural entre a cultura grega e a oriental. d) Desaparecimento da cultura grega. e) Constituição de uma cultura diferenciada, com elementos gregos e orientais. Resposta (Adaptado de UFPB, 2008) Alexandre, O Imperador, constituiu um grande império. Foi educado pelo filósofo Aristóteles e seu registro memorável deve-se à difusão da cultura grega nas regiões do Oriente por ele conquistadas. Esse processo histórico cultural conhecido como Helenismo caracterizou-se pela: a) Formação de uma nova cultura, sem elementos culturais gregos. b) Desaparecimento da cultura oriental diante da cultura grega. c) Conflito cultural entre a cultura grega e a oriental. d) Desaparecimento da cultura grega. e) Constituição de uma cultura diferenciada, com elementos gregos e orientais. O Neoplatonismo Em meados do século III da Era Cristã surge um movimento, o Neoplatonismo, que ganha espaço em todo o Império Romano. Foi fundado por Amônio Sacas, em Alexandria, e divulgado por seguidores como Plotino. Foi a última das grandes escolas da Filosofia clássica pagã. É uma escola filosófica alexandrina que interpreta o platonismo de forma mística e espiritualizada. O Neoplatonismo É caracterizado pelo ecletismo e por uma forte tendência religiosa e pragmática. Agostinho sofreu grande influência do pensamento grego, sobretudo da tradição platônica, através da escola de Alexandria e do Neoplatonismo, com sua interpretação espiritualizada de Platão. Supõem a transcendência de um Deus que, por emanação, cria a realidade profana. O Neoplatonismo Cria também a possibilidade do ser humano, em movimento de interiorização contemplativa e de retorno às suas origens, restabelecer a união com a divindade. O cenário político do helenismo possibilitou a convivência e a aproximação entre a tradição judaica e a filosofia grega. Nos primeiros séculos do cristianismo, este se diferenciou do judaísmo e seus pensadores cristãos pendiam para as ideias de Platão. Plotino foi um pensador helenizado, educou-se em Alexandria e por volta dos 20 anos foi estudar o Neoplatonismo. O Neoplatonismo Viajou à Síria e à Pérsia e retornou a Roma, permanecendo lá definitivamente. Trazendo seu conhecimento sobre Platão e sua experiência na Síria e na Pérsia, funda uma escola e escreve uma série de seis grupos de nove tratados filosóficos. A obra é conhecida como Enéadas e faz uma compilação do que há de essencial na filosofia helenística. Faz também uma síntese renovada do Platonismo. Plotino desenvolve sua teoria do emanacionismo, com a revelação da cosmogênese da bíblia judaica. O Neoplatonismo Tudo o que existe, espiritual e materialmente, procede e emana em estágios decorrentes de um Ser Supremo. A teoria plotiniana mostra que Deus abrange tudo o que existe e se manifesta, por emanação, em graus de ontologicidade decrescente: Uno, Nous, Alma e matéria. O Uno, Deus ou o Bem é a origem de todos os seres e transcende todas as essências e conhecimentos. É a perfeição, o absoluto, o eterno e imutável. O Nous, o Espírito, é a primeira emanação da inteligibilidade reflexiva do Uno. É a inteligência ou o pensamento estável. O Neoplatonismo O Nous tem conhecimento de si, em si mesmo, conhecimento de todas as coisas. É no Nous que se encontram as ideias, os arquétipos inteligíveis do universo. A Alma é a segunda emanação. É proveniente do Nous, é encarregada de exercer duas atividades: contemplativa: perceber o Nous; plástica:morfar as coisas do universo em consonância com as ideias que a alma adquire ao contemplar o Nous. O Neoplatonismo Provém do Nous, do qual intui as Ideias que se convertem em Modelos. Através dos Modelos, a Alma plasma e dá vida à matéria, último estágio degradante da emanação. O Universo material deriva do Uno, matéria que é potencialidade, mas também origem de todo o mal físico, moral e metafísico. O Neoplatonismo A influência exercida por Plotino no cristianismo é enorme. É possível identificar similaridades entre a teoria emanacionista e a concepção da Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) da doutrina cristã. É possível também identificar a interpretação da criação do mundo descrita no Gênesis. O Neoplatonismo As ideias de Plotino vão repercutir em Agostinho, na fase inicial da Idade Média e até em Tomás de Aquino, na Escolástica. Os neoplatônicos consideravam-se simplesmente platônicos. A distinção em relação ao Neoplatonismo é moderna devido à percepção de que sua filosofia continha interpretações suficientemente originais de Platão para torná-la substancialmente diferente do que Platão escreveu. O Neoplatonismo Os neoplatônicos e os Pais da Igreja oriental repetem as determinações neoplatônicas: a imaterialidade e a Unidade da Alma. Essas são as características fundamentais desse pensamento. Agostinho recolhe a herança do Neoplatonismo e a transmite ao mundo cristão com o reconhecimento da interioridade espiritual como via de acesso privilegiada à realidade própria da alma. Interatividade Em relação ao Neoplatonismo, podemos afirmar que: a) É leitura pura de Platão pela escola de Alexandria, fundada por Amônio Saca. b) É a utilização da filosofia de Platão para explicar as Escrituras. c) Foi utilizado no início da era cristã, mas a teologia se afastou da obra de Platão para se concentrar nas verdades reveladas. d) Plotino dissemina na sua obra que a Alma é a presença de Deus nas pessoas. e) O Uno é a origem de todas as coisas perfeitas, como o mundo das ideias de Platão. Resposta Em relação ao Neoplatonismo, podemos afirmar que: a) É leitura pura de Platão pela escola de Alexandria, fundada por Amônio Saca. b) É a utilização da filosofia de Platão para explicar as Escrituras. c) Foi utilizado no início da era cristã, mas a teologia se afastou da obra de Platão para se concentrar nas verdades reveladas. d) Plotino dissemina na sua obra que a Alma é a presença de Deus nas pessoas. e) O Uno é a origem de todas as coisas perfeitas, como o mundo das ideias de Platão. A Patrística e os Padres da Igreja A Patrística é a corrente filosófica que representa os pensamentos dos pais do cristianismo, mais conhecidos como Padres da Igreja. São os mestres da doutrina cristã e construtores da Teologia de vertente católica. Viveram no período do Helenismo, na época do Império Romano. Muitos autores tomam a figura de Agostinho como ícone divisório desse período. A Patrística e os Padres da Igreja É a filosofia cristã dos primeiros séculos e consiste na elaboração doutrinária das crenças religiosas do cristianismo e na sua defesa contra os ataques dos pagãos e contra as heresias. A Patrística caracteriza-se pela indistinção entre religião e filosofia. Para os Padres da Igreja, a religião cristã é a expressão íntegra e definitiva da verdade que a filosofia grega atingira imperfeita e parcialmente. A Patrística e os Padres da Igreja A Patrística é dividida em três períodos: Pré-agostiniano; Agostiniano; Pós-agostiniano. No primeiro período encontram-se os padres apologistas e os alexandrinos. No segundo período encontra-se Agostinho como grande sistematizador da Patrística. No último período encontram-se autores menores que coincidem com o declínio do Império Romano. A Patrística e os Padres da Igreja Os Padres da Igreja não dispunham de nenhum arcabouço filosófico para sistematizar as doutrinas do Antigo e do Novo Testamento. Não tinham argumentos especulativos para construir uma filosofia em bases teológicas. Recorreram às ideias filosóficas dos gregos (Platão) para explicar as escrituras. Os padres apologistas Entre os Padres da Igreja que merecem destaque estão os apologistas, incumbidos de dirigir súplicas aos imperadores reivindicando o direito de praticar livremente ritos religiosos na cidade. Justino é um representante deste grupo. Justino era judeu, nascido na Jordânia e morto em Roma, como mártir, em torno de 165 d.C. É considerado o primeiro filósofo cristão, autor de duas Apologias da Religião Cristã. Os padres apologistas Clemente de Alexandria, outro Padre da Igreja, nasceu e viveu em Alexandria, no contexto cultural helênico. Foi frequentador da biblioteca de Alexandria e teve acesso a inúmeras obras que desapareceram com o incêndio dessa biblioteca. Como fez referência a inúmeras obras hoje desaparecidas, deixou como legado as referências bibliográficas que servem até hoje para os estudiosos. Os padres apologistas Clemente defendia a função pedagógica da Filosofia como preparação do entendimento para interpretar as verdades reveladas. No campo linguístico, por ter traduzido do grego para o latim as obras a que tinha acesso, multiplicou termos filosóficos gregos para exprimir conceitos cristãos, tais como “gnose” (ciência superior) e “gnóstico” (conhecedor iluminado). Os padres apologistas Orígenes, também representante da Patrística, discípulo de Clemente, também dispõe de vasta cultura grega e recursos filosóficos para explicar as Escrituras. Seguiu a direção do Didaskaleion, escola de catequese na qual se estudava a filosofia grega para auxiliar a interpretação da doutrina cristã. Produziu vasta literatura sobre conceitos do platonismo em sobreposição ao cristianismo, mas não teve muita notoriedade. Destaca-se unicamente a obra Sobre os Princípios que faz a síntese da doutrina da Igreja Cristã da época. Os padres apologistas Neste período já começa a aparecer uma discordância entre os Padres da Igreja. De um lado existiam aqueles que defendiam a proximidade do cristianismo ao helenismo e o uso do recurso metodológico do helenismo para interpretar os dogmas católicos. De outro havia os que repudiavam os métodos e discussões da filosofia grega, por ser pagã e impermeável aos princípios cristãos. Os Luminares de Capadócia No século IV os filósofos Basílio e Gregório de Nissa e Gregório Nazianzeno são denominados os Luminares de Capadócia. Capadócia era o nome que se dava à antiga região da Ásia Menor, hoje Armênia, onde ficavam as cidades de Nissa e Nazianza. O termo Luminares (de luminar, ilustre, sábio) funcionou como título de honra atribuído a eles. Eram considerados filósofos competentes por sua sólida formação clássica, cursada na tradicional escola de Atenas. Os Luminares de Capadócia Os Luminares da Capadócia eram bispos consagrados e participaram do II Concílio Ecumênico de Constantinopla em 381 d.C. Foram os responsáveis pela sistematização da Teologia a partir da lógica aristotélica enquanto instrumento metodológico para a defesa dos dogmas contra as heresias da época. Interatividade Em relação à Patrística é incorreto afirmar que: a) Foi um período caracterizado pelo esforço dos Padres da Igreja para conciliar religião e pensamento filosófico. b) Tomou como tarefa a defesa da fé cristã frente às diversas críticas advindas de valores teóricos e morais dos “antigos”. c) Teve como seu mais famoso intelectual Agostinho, que resgatou a filosofia platônica para justificar a existência de Deus e os preceitos cristãos. d) Agostinho seguiu rigorosamente Platão quanto à imortalidade da alma e a superioridade do mundo das ideias. e) Durante este período, os Padres da Igreja tiveram uma discordânciana utilização plena dos textos filosóficos gregos e da cultura helênica na interpretação das Escrituras. Resposta Em relação à Patrística é incorreto afirmar que: a) Foi um período caracterizado pelo esforço dos Padres da Igreja para conciliar religião e pensamento filosófico. b) Tomou como tarefa a defesa da fé cristã frente às diversas críticas advindas de valores teóricos e morais dos “antigos”. c) Teve como seu mais famoso intelectual Agostinho, que resgatou a filosofia platônica para justificar a existência de Deus e os preceitos cristãos. d) Agostinho seguiu rigorosamente Platão quanto à imortalidade da alma e a superioridade do mundo das ideias. e) Durante este período, os Padres da Igreja tiveram uma discordância na utilização plena dos textos filosóficos gregos e da cultura helênica na interpretação das Escrituras. ATÉ A PRÓXIMA!