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Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013 GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na América Latina 120 GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na América Latina Mulheres negras Márcia Figueiredo Tokita1 Resumo: O presente artigo faz parte da monografia de especialização em História e Cultura Africana e Afro-brasileira do Núcleo de Estudos Afro-Asiáticos da Universidade Estadual de Londrina. Para esta discussão serão apresentados alguns aspectos e reflexões acerca da situação da mulher negra brasileira no contexto do período de pós-escravidão. Logo após a assinatura da Lei Áurea, uma série de desdobramentos foram sendo processando e acabam por materializar alguns contextos para a situação da mulher negra, como a designação de papéis e estigmas sociais, historicamente vinculados à elas. São corpos marcados para o trabalho (neste sentido, o trabalho informal e mal remunerado), ou para satisfação sexual (a “mulata”). Além disso, serão apresentadas duas estratégias de enfrentamento ao racismo vivido cotidianamente, que foram levantadas durante a elaboração do vídeo documentário que acompanha a monografia: a construção das relações familiares e a inserção em movimentos sociais, em especial, no movimento feminista negro. Palavras-chave: mulheres negras, feminismo negro, racismo. Introdução O presente artigo faz parte da monografia de especialização em História e Cultura Africana e Afro-brasileira inserida no programa de especialização do Núcleo de Estudos Afro-Asiáticos – NEAA, da Universidade Estadual de Londrina. O programa conta com fomento do SECADI e foi elaborado sob a orientação da Professora Doutora Rosane da Silva Borges. A monografia é complementada com a elaboração de um vídeo documentário que retrata estórias de mulheres negras e suas trajetórias em relação ao enfrentamento do racismo no cotidiano. Neste artigo, trago um recorte da discussão feita a partir do levantamento bibliográfico sobre a trajetória das mulheres negras brasileiras, no período pós escravidão e algumas reflexões sobre duas estratégias levantas por elas no documentário, a saber, a 1 NEAA – Núcleo de Estudos Afro-asiáticos/UEL, graduada em Psicologia pela Universidade Estadual de Londrina, marciatokita@gmail.com. Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013 GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na América Latina 121 construção das relações familiares e inserção em movimentos sociais, no caso, o movimento feminista negro. Após o fim da escravidão o estado brasileiro não se preocupou em pensar em modos de incluir socialmente a população negra, ao contrário, trouxe imigrantes europeus e asiáticos para ocuparem o espaço de trabalho, que havia pertencido até então à população negra. Além disso, um novo espaço propulsor da economia do país se abria: a industrialização. Uma realidade é que agora as mulheres negras ganham status de cidadãs livres, mas na prática, a lógica escravagista continua presente nos corpos dos senhores de escravos e da sociedade brasileira. A Lei Áurea foi assinada por pressão de países estrangeiros já que os “ares” do mundo estavam mudando e, neste novo contexto, não era admissível um país com escravos. Além disso, com o advento da industrialização, era necessário aumentar o número de consumidores em potencial. Soma-se a este ponto, o fato de muitas mulheres negras brasileiras, que estavam em situação de escravidão, já terem partido para os quilombos e, o momento que o país vivia era de muitas revoltas por liberdade, assim a assinatura da lei foi apenas uma constatação de uma realidade que já estava sendo vivida. Se recorrermos à literatura, podemos entender este período através da obra de Conceição Evaristo (2003) “Ponciá Vicêncio”. Nesta, Ponciá é uma mulher que se situa no truculento momento do pós-abolição. Seu corpo vive da maneira mais intensa possível, a experiência do não lugar, que cabiam às mulheres negras neste momento. Seu sobrenome, “ganhou” do antigo senhor de escravo, dono da fazenda. Sua família ainda vivia na mesma fazenda, fazendo os mesmo trabalhos e sendo submetidos às mesmas humilhações de outrora. Ponciá se permite viver novas experiências e vai para a cidade, assim a estória segue com uma beleza poética e uma tristeza profunda de quem sabe no corpo o significado das palavras ali contidas. Assim, o país se vê com um contingente enorme de pessoas que ocupam um não lugar social, como diz Nogueira: Libertos da situação de cativeiro, quando da promulgação da “Lei Áurea”, continuaram, porém, excluídos, despossuídos. Todo período que antecede à promulgação da lei se deu, paralelamente, às mudanças na ordem econômica e política, que colocavam obstáculos à existência de um país escravagista no cenário mundial. Os abolicionistas mostravam grande indignação pelas condições de cativeiros dos negros, mas não puderam pensa-los como indivíduos que deveriam ser inseridos na sociedade. Assim, supunham que, saindo da condição de escravos, o negro trabalharia como mão de obra remunerada para seu auto sustento. Mas grande parte do contingente de cativos libertos vagavam desorientados, sem condições para seu auto sustento, e sem Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013 GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na América Latina 122 trabalho no campo, que começava, então a ser feito pelos imigrantes. (NOGUEIRA, 1998, p. 14-15) O que vemos neste cenário, é que apesar de libertas, as mulheres negras continuam excluídas da lógica social e econômica do país. Sem lugar, sem trabalho, sem nenhum tipo de assistência por parte do estado para minimamente reparar os 300 anos de escravidão. É como se, as deixando à parte, à margem, elas seguiriam seu caminho e o país se esqueceria das torturas que realizou. É que segue relatando Nogueira: Embora juridicamente capazes de ocupar um lugar na sociedade, os negros eram, de fato, dela excluídos e impedidos de desfrutarem de qualquer benefício social, foram marginalizados, estigmatizados, marcados pela cor que os diferenciava e discriminados por tudo quanto essa marca pudesse representar. (NOGUEIRA, 1998, p. 15) Assim, vemos que na perspectiva que estava sendo construída naquele momento, às mulheres negras não cabiam muitas opções, ou ficavam nas fazendas que já trabalhavam, ou iriam tentar a vida em outros locais e, mesmo assim, sem muitas oportunidades de trabalho devido a toda esta história. Nesse sentido, algumas conseguiam espaços de trabalho como autônomas, porém, para a imensa maioria o que estava disponível em termos de trabalho era prestação de serviços, de modo geral com baixa remuneração, Gonzalez diz sobre o desenvolvimento econômico brasileiro: desigual e combinado, manteve a força de trabalho (negra) na condição de massa marginal (em termos de capitalismo industrial monopolista) e de exército de reserva (em termos de capitalismo industrial) competitivo, satelizado pelo setor hegemônico do monopólio” (GONZALEZ, 2008, p.32). Assim a situação se torna difícil já que não havia trabalho, nem moradia, nem mínimas condições de vida. Soma-se a isso o fato de já estar construída uma lógica de pensamento que associa a cor negra a adjetivos negativos: É sempre visto como bandido, sujo, incapaz, e, por mais esforços pessoais que tenha feito para conquistar um lugar social melhor, será um indivíduo marcado por essa cor que não o separa desses implacáveis sentidos de que o configuram o racismo e a discriminação. (NOGUEIRA, 1998, p. 15) Assim, vemos que aassinatura da Lei Áurea não significou, de maneira nenhuma, que as mulheres negras passassem a ocupar um espaço na classe trabalhadora. Ao contrário, o que se constata é um abandono, como segue relatando Nogueira (1998): “tal processo foi vivenciado como um abandono, abandonado pelos senhores, ele se tornava um peso, um excedente na estrutura social.” (p. 36). Entendemos assim, que à maioria das mulheres negras cabiam três não lugares sociais: ser mulher, ser negra e ser pobre. Como nos diz Lélia Gonzalez (2008), às Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013 GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na América Latina 123 trabalhadoras negras cabiam as ocupações manuais de baixo nível de rendimento, tanto nas áreas rurais quanto urbanas. Os trabalhos que lhes eram destinados eram os de prestação de serviços, de modo geral, como domésticas, uma espécie de nova denominação para o papel de mucamas. Ela ainda diz que se pensarmos em uma espécie de perfil da mulher negra no pós- escravidão, veremos que começam a trabalhar desde muito jovens, em sua maioria são migrantes, trabalhadoras rurais, e desde os oito ou nove anos já trabalham em casa e pouquíssimas terminaram o primário (até o 5° ano, nos dias de hoje). Somando-se a condição do não lugar, à baixa escolaridade, à discriminação pela cor e pelo gênero, o que temos são mulheres que com uma potência subjetiva imensa, seguiram em frente, construíram suas histórias e engendraram lutas por outras condições de vida. Luta esta por, entre outras questões, mudar o status e os papéis sociais que a ela foram atribuídos, papel esse que Beatriz Nascimento relata a seguir: A mulher negra na sua luta diária durante e após a escravidão no Brasil, foi contemplada como mão de obra, na maioria das vezes não qualificada. Num país em que só nas últimas décadas desse século, o trabalho passou a ter o significado dignificante o que não acontecia antes, devido ao estigma da escravatura, reproduz-se na mulher negra “um destino histórico”. É ela quem desempenha, em sua maioria os serviços domésticos, os serviços em empresas públicas e privadas recompensadas por baixíssimas remunerações. São de fato empregos onde as relações de trabalho evocam as mesmas da escravocracia. (NASCIMENTO, B., 2007, p. 128) Um último ponto para seguirmos adiante. Vivemos em um país de tradição escravocrata2, ou seja, onde o legado da escravidão se traduz em posturas e modos de viver a vida, racistas. Esta é uma questão complexa, pois, não é assim que o país se vê. Se perguntarmos para qualquer pessoa, não negra, próxima a nós se ela é racista, com toda a certeza, a resposta será: não! Porém, o que vemos cotidianamente é que a trama do racismo, velado e silencioso, se estende a todos os espaços sociais em que estamos inseridas. Fecho este ponto com a fala de Beatriz Nascimento (2007): A mulher negra, elemento no qual se cristaliza mais a estrutura de dominação, como negra e como mulher, se vê, deste modo, ocupando os espaços e papéis que lhe foram atribuídos desde a escravidão. A “herança escravocrata” sofre uma continuidade no que diz respeito à 2 Como diz o trecho da música, “Tradição Escravocrata”, contida no documentário “Zumbi somos nós”: “O Brasil é um país com tradição escravocrata. No Brasil, a direita tem tradição escravocrata. A esquerda tem tradição escravocrata. Negros tem tradição escravocrata. Brancos tem tradição escravocrata. A escravidão foi algo que contaminou de maneira péssima as relações no Brasil. Vendem-se até hoje, apartamentos com quarto de empregada. Tradição escravocrata! É cultural, e cultura você não elimina com decreto. O sujeito construir um apartamento com quarto de empregada. Ter uma senzala dentro do apartamento. Tradição escravocrata! Por isso pare, e olhe para a base.”. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=rJ-rES6zdIs http://www.youtube.com/watch?v=rJ-rES6zdIs Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013 GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na América Latina 124 mulher negra. Seu papel como trabalhadora, a grosso modo, não muda muito. As sobrevivências patriarcais na sociedade brasileira fazem com que ela seja recrutada e assuma empregos domésticos, em menor grau na indústria de transformação, nas áreas urbanas e que permaneça como trabalhadoras rurais (...) Se a mulher negra hoje permanece ocupando empregos similares aos que ocupava na sociedade colonial, é tanto devido ao fato de ser mulher de raça negra, como por terem sido escravos seus antepassados. (p. 104) A partir desta discussão, é inegável que esta história traz marcas nos corpos destas mulheres. Marcas de papéis sociais que não as veem como um corpo marcado pelo gênero feminino, mas, como instrumento de trabalho, ou um corpo suscetível à satisfação sexual dos antigos ou novos senhores. São “milenares servidões. Corpos indesejáveis, porém utilizáveis” (NASCIMENTO, G., 2008, p.52). Ela segue dizendo: Num primeiro momento do desterro, seu corpo é visto como um instrumento de trabalho – melhor diríamos como ferramenta, melhor ainda como besta de carga –, além de como um objeto que contém uma cavidade onde um senhor mais que civilizado, civilizador, vai penetrá-la com um, entre os inúmeros, instrumentos de submissão. A satisfação sexual do senhor garantida, a mulher negra como cavalgadura da sociedade brasileira. Os estupros, prática natural e consentida, correndo às soltas nestas terras de homens mais que cristianizados, cristãos. Discurso para um lado, prática para outro. (NASCIMENTOS, G., 2008, p. 51) Este papel atribuído à mulher negra, conta da história de um passado em que os senhores de escravos tinham, em suas mãos, o poder de usurpar inclusive isso, o corpo destas mulheres. Pensando que vivíamos incluídos na lógica da família nuclear burguesa, ou seja: o “marido-provedor”, a “esposa-santa-imaculada”, e os “filhos-perfeitos”. Desse modo, o “marido-provedor-senhor-de-escravos” encontrava na mulher negra o corpo para satisfazer seus desejos, é o que nos conta Beatriz Nascimento (2007): A exploração sexual de que foi vítima por parte dos senhores, determinada principalmente pela moral cristã portuguesa, que atribuía à mulher branca de classes mais altas o papel de esposa ou de “solteirona” dependente economicamente do homem, e limitadas – quando esposas – ao papel de procriadora, ou seja sua vida sexual limitava-se à posterior maternidade, fez com que a liberação da função sexual masculina, recaísse sobre a mulher negra ou mestiça. (p. 106) A marca da “mulata exportação” 3 (LUCINDA, 2007, p.184) é forte demais, é aquela em que os senhores de hoje em dia dizem: “monto casa procê mas ninguém pode saber, entendeu meu dendê”. O símbolo que a mulata exportação representa diz do desejo dos antigos senhores de escravos brancos de dizerem: “vem ser meu folclore, vem ser minha tese 3 Título do poema “Mulata exportação” de Elisa Lucinda, que durante o parágrafo usarei alguns trechos. Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013 GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na América Latina 125 sobre nêgo male”. Mas a mulher negra-mulata exportação, não aceita tal “cortejo” e, de pronto, toma uma atitude: “Já preso esse ex-feitor, eu disse: ‘seu delegado...’ E o delegado piscou. Falei com o juiz, o juiz se insinuou e decretou pequena pena com cela especial por ser esse branco intelectual”. Porém, a mulata não abaixa a cabeça (e talvez nunca o tenha feito naHistória) e elabora uma resposta: “Esse branco ardido está fadado porque não é com lábia de pseudo-oprimido que vai aliviar seu passado. Eu me lembro da senzala. E tu te lembras da Casa-Grande e vamos juntos escrever sinceramente outra história. Digo, repito e não minto: Vamos passar a verdade a limpo porque não é dançando samba que eu te redimo ou te acredito.”. A potência do poema de Lucinda, junto com a luta do movimento de mulheres negras e com a luta diária destas em seus cotidianos traduzem-se, atualmente, em o país estar, cada dia mais, voltando seu olhar para esta questão. De fato, nada ainda está resolvido e muitas discussões são colocadas a este respeito, assim como, muitas resistências. A beleza se faz, ou a matricialidade familiar. Desde o sequestro na África até sua chegada e tempo de permanência no Brasil, as mulheres negras sempre exerceram espaços de resistência. Foram inúmeras formas, como por exemplo, as fugas e formação de quilombos, onde viviam de modo semelhante ao tempo em que estavam na África. Werneck (2008) nos diz sobre estes espaços: “Os quilombos aparecem em relatos da história do país ao longo de toda a experiência colonial. Eram territórios livres para aquelas e aqueles que lograram escapar do regime escravocrata, ocupando muitas vezes regiões de difícil acesso do estado colonial” (p. 80-81). Assim, os quilombos se constituíam como importantes espaços de resistência, assim como as lutas que foram construídas desde a África até o Brasil, como a revolta dos Malês, por exemplo. Este é um ponto de extrema importância, porém neste tópico, gostaria de me ater à outra questão. É notável que a maneira de organização das famílias negras é um espaço que tornou, e ainda torna a existência possível. Por terem sido retiradas dos seus familiares ao chegarem ao Brasil, as famílias negras passam a se construir não necessariamente por laços sanguíneos, mas por quem tiver a afetividade possível para exercê-la. Isso é algo que ainda vemos atualmente, a solidariedade que existe dentro das famílias negras. O papel que a mulher exerce é, de fato, o de ser aquela que concentra em si a força e a organização desta família, é o que Gisêlda Nascimento (2008) diz abaixo: Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013 GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na América Latina 126 Histórias de solidariedade e solidões. Mulheres que tomam para si a incumbência de tornar possível um espaço, se não confortável, ao menos respirável num território onde o discurso imperante e imperioso contradiz as histórias de fato. Mulheres em solidariedade concorrendo para um só papel: o de mãe. A matrifocalidade, nesse sentido, não vem representada em uma só pessoa, mas constitui um papel que pode ser assumido por quem estiver pronta a desempenhá-lo em determinada situação, por quem tiver braços frondosos a ofertar. A imagem que nos chega é a de vários feixes convergindo para um foco: mulheres-faróis. (p. 57) Essas mães negras continham em si, o papel fundamental de ser a força que movia a família. Além disso, eram elas quem, muitas vezes garantiam o sustento da casa, como relata Beatriz Nascimento (2007): “Via de regra, nas camadas mais baixas da população cabe à mulher negra o verdadeiro eixo econômico onde gira a família negra.” (p.128). Um exemplo dessa maneira de organização familiar vivo em meu trabalho. Sou psicóloga social e atuo no CRAS4, proteção básica da assistência social. Em meu trabalho, convivo com famílias em situação de vulnerabilidade e o foco é o fortalecimento e o empoderamento destas, para que possam encontrar recursos para superarem tais situações. Eis, então, que me encontro com uma família negra na seguinte configuração: a filha mais velha, que assume o papel de matriarca, cuida, além de seu filho de mais seis sobrinhos. Por situações da vida, duas de suas irmãs não podem fazê-lo. Ela conta com a ajuda de sua mãe, uma senhora de setenta e poucos anos, que gosta bastante de conversar e sempre me oferece um café quentinho, quando estou em sua casa. São mulheres que estão em solidariedade umas com as outras, sempre que alguma delas passa por algum problema, todas são acionadas para pensar na resolução. A filha- matriarca não se lamenta por cuidar dos sobrinhos, e as mães, sempre que possível estão em sua casa, discutindo, juntas, a educação dos pequenos. E, esta mesma relação existente na casa, se estende para as vizinhas (também negras), todas juntas, se cuidam e criam relações possíveis de amor e respeito. Parece-me o que Gisêlda Nascimento (2008) traduz: “a família negra ramifica-se, dando-se por afetos” (p.56). A identificação entre estas mulheres, que sabem no corpo dos sofrimentos que viveram, parece que torna a família, o grande espaço da unidade, é como se fizessem do espaço familiar, um lócus onde os problemas são superados e a vida pode vislumbrar beleza. Gomes (1995) diz que a família negra “É a matriz da construção das 4 CRAS – Centro de Referencia da Assistência Social. Para saber mais acesse: http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/protecaobasica/cras. http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/protecaobasica/cras Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013 GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na América Latina 127 identidades, o espaço da ancestralidade e da afetividade, da emoção e da aprendizagem de diversos padrões sociais.” (p. 120). O papel da mãe negra é, assim, o de funcionar como um espelho para as filhas, de mulher forte. E é nesse espaço que a filha negra vê que é desejada e que, de algum modo, ocupa um lugar no mundo, apesar de este mundo dizer que seu lugar, é um não lugar. Aí reside à força desta configuração familiar. Assim, “é aí onde se cuida de arar o caminho a ser percorrido, antes mesmo que o negro, ainda não sujeito, a não ser ao desejo do Outro, construa o seu projeto de chegar lá.” (SOUZA, 1983, p.36). Com o respaldo e força desta família, a mulher negra se coloca frente ao mundo com outros recursos. Assim, sua luta vai ganhando força e passa a conquistar espaços importantes na nossa sociedade atual. É o que veremos a seguir. Enegrecendo o feminismo5 Apesar de toda dor e sofrimento vivido por estas mulheres, elas ainda conseguiram buscar espaços de resistência e construir formas de viver a vida que as faz fortes, como por exemplo, o seio familiar. Assim, entendemos que ser mulher negra, não é fácil, porém traz em si a potência de buscar e criar novos horizontes, como nos conta Souza (1983): Saber-se negra é viver a experiência de ter sido massacrada em sua identidade, confundida em suas perspectivas, submetida a exigências, compelida a expectativas alienadas. Mas é também, e sobretudo, a experiência de comprometer-se a resgatar sua história e recriar-se em suas potencialidades. (p.17-18) Ainda se torna necessário apontar um espaço legítimo e de extrema importância na construção de uma identidade negra positiva, assim como, de reinvindicação de direitos e melhores condições de vida, e qual seria ele? A mulher negra foi buscar nos movimentos sociais e no movimento feminista espaço para conquistar um lugar social. WERNECK (2008) relata que após o final da escravidão e do período colonial, as mulheres negras passam a empenhar suas lutas a partir de outras frentes, visando conquistar maior e mais significativa participação social em condições de equidade. Tais espaços continuam sendo buscados até hoje, já que, apesar da situação da mulher negra ter mudado em relação ao passado, ainda continua distante das condições de equidade5 Termo usado por CARNEIRO (2003). Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013 GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na América Latina 128 almejadas. É o que está contido nos dados do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada de 2011. Atualmente vivermos em um país que se auto afirma como negro, segundo os dados de 2009, 51,1% da população. O que o instituto aponta é a mudança não se deu em termos de aumento na quantidade de população negra, mas sim, na forma como as pessoas se veem. Além disso, traz informações importantes no que diz respeito às relações no mercado de trabalho entre homens e mulheres, brancas e negras. O instituto diz: Apesar das mudanças das últimas décadas a inserção no mercado de trabalho segue sendo um fator central para a construção de identidade, a definição padrão de sociabilidade e, sobretudo, para obter recursos que permitam suprir as necessidades básicas de forma autônoma. Para as mulheres, a conquista da autonomia econômica é condição essencial para que se possa projetar uma vida de autonomia plena. Para a população negra, o acesso ao mercado de trabalho é pressuposto para enfrentar uma realidade de pobreza e privação a que historicamente foi relegada. (IPEA, 2011, p. 26) De fato, na pirâmide sócio econômica, são as mulheres negras que ocupam sua base, como vemos no gráfico elaborado a partir dos dados coletados no IPEA: Renda média da população, segundo sexo e cor/raça. Brasil, 2009. HOMENS BRANCOS R$ 1491,00 MULHERES BRANCAS R$ 957,00 HOMENS NEGROS R$833,50 MULHERES NEGRAS R$ 544,40 Tais dados nos remetem a uma dura realidade. Muitos espaços e direitos foram, e estão sendo conquistados, porém, ainda há um longo caminho a ser percorrido, já que as marcas, de raça, gênero e classe, ainda produzem desigualdades profundas em nossos cotidianos. De modo que, partimos de patamares muito díspares no que diz respeito à equidade de direitos e condições de vida, sendo que a mulher negra segue bastante isolada na base da hierarquia social. Diante de tais constatações, vemos que os movimentos de mulheres negras estão crescendo e desenvolvendo trabalhos para dar visibilidade às questões acima apresentadas, na busca por alternativas e transformações nesta base hierárquica desigual. Somos provocadas, socialmente, por tais movimentos e é o que nos faz repensar e ter a dimensão de tamanha lacuna. De modo que, a luta por melhores condições de vida segue, buscando estratégias e alternativas para a conquista de novos espaços sociais a serem ocupados, como relata Werneck (2008): Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013 GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na América Latina 129 Sabemos que tem sido a partir de condições profundamente desvantajosas em diferentes esferas que as mulheres negras desenvolveram e desenvolvem suas estratégias cotidianas de disputa com os diferentes segmentos sociais em torno de possibilidades de (auto) definição. Ou seja, de representação a partir de nossos próprios termos, a partir do que se projetam novos horizontes. Estratégias que deviam e devem ser capazes de recolocar e valorizar nosso papel de agentes importantes na constituição do tecido social e de projetos de transformação. (p. 83) A construção das teias que engendraram as lutas das mulheres se inicia antes da “fomalização” do movimento feminista negro. Desde que aqui chegaram, começaram a lutar no cotidiano das relações. Para empreender tais lutas, é necessário trazer articulações de diferentes ordens, como vemos a seguir: as mulheres negras, como sujeitos identitários e políticos, são resultado de uma articulação de heterogeneidades, resultante de demandas históricas, políticas, culturais, de enfrentamento das condições adversas estabelecidas pela dominação ocidental eurocêntrica ao longo dos séculos de escravidão, expropriação colonial e da modernidade racializada e racista em que vivemos. (WERNECK, 2008, p.76) O desafio não é simples. Enfrentar uma luta que combina questões de raça, gênero e classe requer a reconquista de espaços em diferentes dimensões da existência. Isso, no entanto, parece engendrar forças maiores e mais potentes para empreender a luta. O que vemos, ao longo do movimento da vida, é que as mulheres negras souberam como fazer, é o que diz Velasco (2012): Tiene el feminismo negro los rasgos de los movimentos que han de construir su programa de lucha y de emancipación desde diversas y superpuestas estructuras de dominación (...) la combinación de racismo y sexismo terminó excluyendo a las mujeres negras de los dos. Esto no paralizó su impulso emancipador, bien al contrário. Las feministas negras fueron, desde el princípio, extraordinarimante lúcidas a la hora de posicionarse, y fuertes a la hora de estabelecer alianzas. (p. 27-28) As lutas e resistências do movimento feminista negro começam muito antes de o movimento ganhar corpo “formal” e visibilidade. Inicia-se desde as primeiras relações femininas que podemos contatar, no caso das mulheres negra brasileiras, desde que elas aqui chegaram: No caso das mulheres negras e suas lutas, é possível considerar que tais formas organizativas tiveram participação importante na organização da série de ações de resistência à escravidão empreendidas ao longo dos séculos que durou o regime no Brasil, tanto aquelas ações cotidianas de confronto entre senhores e escravos, como as fugas individuais e coletivas, os assassinatos (justiçamentos) Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013 GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na América Latina 130 de escravocratas mulheres e homens, as revoltas nas fazendas e as revoltas urbanas lideradas por africanos e afro-brasileiros que marcaram a história do país e deram uma feição especial a todo o século XIX. Todas tiveram expressiva participação de mulheres em diferentes posições, especialmente de circulação e articulação entre diferentes grupos. (WERNECK, 2008, p.80). Quando os movimentos feministas começam a ganhar maior visibilidade alguns direitos passam a ser conquistados. Estes, porém tem como foco a mulher, de maneira generalizada, ou melhor, dizendo, tendo a mulher branca como foco. Porém se a mulher branca começa a conseguir alcançar um espaço social de maior visibilidade, o mesmo não estava acontecendo com as mulheres negras. Gonzalez (2008) diz que “se as transformações na sociedade brasileira favoreciam a mulher, essa forma de universalização abstrata encobre uma realidade – duramente – vivida pela grande excluída da modernização conservadora imposta pelos donos do poder no Brasil pós-64: a mulher negra” (p. 36). Uma luta a mais para as mulheres negras: se fazer enxergar pelo movimento de mulheres, que com este caráter universalizante que Gonzalez nos conta, acabava por não abarcar as nuances dos grupos de mulheres individuais (mulheres indígenas, negras, camponesas, urbanas... enfim). É o que Carneiro (2003) segue dizendo: Porém em conformidade com outros movimentos sociais progressistas da sociedade brasileira, o feminismo esteve, também, por longo tempo, prisioneiro da visão eurocêntrica e universalizante das mulheres. A consequência disso foi a incapacidade de reconhecer as diferenças e desigualdades presentes no universo feminino a despeito da identidade biológica. Dessa forma, as vozes silenciadas e os corpos estigmatizados de mulheres vítimas de outras formas de opressão além do sexismo, continuavam no silêncio e na invisibilidade. (p. 118) Podemos nos questionar sobre o porquê deste fato.Bem, olhar para as nuances existentes no movimento, se por um lado, o torna mais forte, por outro requer maior cuidado e mais trabalho para se pensar em tais demandas. Além disso, as mulheres brancas estavam muito distantes dos movimentos das outras mulheres existentes no mundo, assim, os olhares se focavam mais em seu “próprio” mundo. Werneck (2008) diz que esta questão envolve estratégias de invizibilização de outros grupos: “Assim, constatamos que a exclusão da presença das mulheres negras (a exemplo das mulheres indígenas e de outras pessoas e grupos) dos relatos da história política brasileira e mundial deve ser compreendida, principalmente, como parte das estratégias de invizibilização e subordinação destes grupos. Ao mesmo tempo em que pretendem reordenar a história de acordo com o interesse dos homens e mesmo nos tempos pós-feminismo, das mulheres brancas. O que permite apontar o quanto esta invizibilização tem sido benéfica para aquelas Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013 GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na América Latina 131 correntes feministas não comprometidas com a alteração substantiva do status quo” (p. 83) Além da questão da invizibilização, pensar a opressão do outro, exige nos pensar neste processo. E implica, inclusive, nos enxergar no papel de opressoras deste outro grupo. Isto não é muito simples, já que pensar o feminismo é, de modo geral, pensar a opressão que o homem exerce sobre a mulher. Mas que outras formas de opressão, existem? “Las feministas negras demandaron, y aún demandan, que se reconozca la existência del racismo como un rasgo estructural de nuestras relaciones con las mujeres blancas. Tanto la teoria como la práctica feministas tienen que reconocer que las mujeres blancas se sitúan en una relacción de poder como opresoras de las mujeres negras. Esto pone en cuarentena cualquier teoria o práctica feministas fecundadas en la noción de simple igualdad.” (CARBY, 2012, p. 212) Essa simples igualdade nos tira de um lugar comum, confortável. Bem, o não reconhecimento das mulheres negras em sua especificidade, no conjunto do movimento de mulheres, diz também do não reconhecimento do legado de privilégio da população branca em relação aos séculos de escravidão e todos os seus desdobramentos. Bento faz um longo relato sobre esta questão, que coloco aqui por considerar importante refletir sobre. Esse tipo de discriminação é bastante explicitado nos debates que tenho feito ao longo dos últimos doze anos com grupos feministas e de lideranças dos movimentos sindicais, indignadas com a opressão sobre as mulheres. É constrangedor o silêncio dessas mulheres sobre a situação da mulher negra. Recentemente, eu vivi uma experiência em um seminário que aconteceu em São Paulo, no segundo semestre de 2000, em que mulheres de todas as centrais sindicais, assessoras do poder público, pesquisadoras de reconhecidas instituições de pesquisa, consultoras empresariais, debatiam as diferentes dimensões da discriminação da mulher no trabalho. Na verdade, foram dois dias inteiros de debate sem qualquer menção sobre a situação da mulher negra no trabalho. A grande incoerência é que, poucas semanas antes desse seminário, havia sido divulgado na grande imprensa do país o Mapa da população negra no mercado de trabalho, no qual a mulher negra já foi apontada como o segmento mais discriminado do mercado de trabalho brasileiro, nas sete capitais pesquisadas. No entanto, as lideranças femininas, conseguiram passar dois dias falando sobre a discriminação da mulher no mercado de trabalho, sem sequer tocar na discriminação da mulher negra. Eu resolvi, então, apontar essa questão usando um termo com o qual ando brincando muito ultimamente: a indignação narcísica. Há um sentimento de indignação com a violação dos direitos das trabalhadoras, mas só quando essa violação afeta o grupo de pertença (BENTO, 2012, p. 29). Tem sido, a partir da intensa provocação de outros grupos de mulheres, que o movimento tem crescido, enegrecido e mudado seu posicionamento. Atualmente, vemos que os movimentos feministas (não todos, obviamente), têm abarcado questões mais amplas Anais do V Simpósio Internacional Lutas Sociais na América Latina “Revoluções nas Américas: passado, presente e futuro” ISSN 2177-9503 10 a 13/09/2013 GT 7. Feminismos, sexualidades e marxismos na América Latina 132 envolvendo a questão das mulheres negras, indígenas, trans, lésbicas, entre outras e ganhando maior força e articulação. E aí, proponho a questão: como se cura de toda esta dor? Bem, o movimento social é uma via para esta cura, é um espaço de fortalecimento subjetivo que pode culminar na construção de novas estórias, tanto para estas mulheres quanto para as que virão depois delas. Atualmente, podemos dizer que o movimento de mulheres está mais forte e diverso, contemplando as nuances e lutas de diferentes seguimentos. Assim, o feminismo negro conquista espaços e tem causado discussões e estranhamentos nos espaços sociais. Atuante, tem buscado publicizar a questão da mulher negra propondo alternativas e provocando a discussão. A lógica escravocrata não se muda do dia para a noite, porém temos tido avanços. Carneiro (2003) diz: Pensar a contribuição do feminismo negro na luta anti racista é trazer à tona as implicações do racismo e do sexismo que condenaram as mulheres negras a uma situação perversa e cruel de exclusão e marginalização sociais. Tal situação, por seu turno, engendrou formas de resistência e superação tão ou mais contundente. (p. 129) Tem sido a partir desta mudança de paradigma que o movimento de mulheres negras tem conseguido visibilidade e alcançado mudanças importantes na questão dos direitos e de uma construção mais positiva sobre ser mulher e ser negra. É preciso, cada vez mais, pensar em ações que valorizem seu papel e as permita, ocupar espaços que lhes foram historicamente negados. REFERÊNCIAS BENTO, Maria Aparecida Silva. Branqueamento e branquitude no Brasil. In: Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil / Iray Carone, Maria Aparecida Silva Bento (org). Rio de Janeiro: Vozes, 2012. CARNEIRO, Sueli. Mulheres em movimento. 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