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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDC CAMPUS VII – SENHOR DO BONFIM-BA COLEGIADO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DAILTON RODRIGUES DE CARVALHO O PAPEL DO CONTROLE INTERNO E SUA CONTRIBUIÇÃO NA GESTÃO ESTRATÉGICA EM EMPRESAS DE PEQUENO PORTE DO SETOR VAREJISTA DE CALÇADOS NO MUNICÍPIO DE SENHOR DO BONFIM Senhor do Bonfim 2009 DAILTON RODRIGUES DE CARVALHO O PAPEL DO CONTROLE INTERNO E SUA CONTRIBUIÇÃO NA GESTÃO ESTRATÉGICA EM EMPRESAS DE PEQUENO PORTE DO SETOR VAREJISTA DE CALÇADOS NO MUNICÍPIO DE SENHOR DO BONFIM Monografia apresentada à Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Campus VII, Senhor do Bonfim, como requisito final para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Francisco Marton G. Pinheiro Senhor do Bonfim 2009 DAILTON RODRIGUES DE CARVALHO O PAPEL DO CONTROLE INTERNO E SUA CONTRIBUIÇÃO NA GESTÃO ESTRATÉGICA EM EMPRESAS DE PEQUENO PORTE DO SETOR VAREJISTA DE CALÇADOS NO MUNICIPIO DE SENHOR DO BONFIM Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis da Universidade do Estado da Bahia - Departamento de Educação, Senhor do Bonfim – Bahia. Aprovada em 11 de Setembro de 2009. Banca Examinadora Prof. Francisco Marton G. Pinheiro Orientador Prof. Me. João Evangelista dos Santos Filho Prof. Me. Romilson Moreira do Carmo Dedico este trabalho a minha esposa, que com muito amor, carinho e companheirismo, acreditou nos meus ideais, dando-me apoio e estímulo constante, com paciência e compreensão. AGRADECIMENTOS Agradeço a DEUS, a oportunidade de realizar meu sonho, concluindo meu curso. A minha esposa Hylca, minha gratidão. A meus filhos, Dailton Filho e Camila, que moram no meu coração. Aos meus familiares que tanto me estimularam e carregam com orgulho minha força de vontade. Aos meus mestres, que contribuíram para esta realização. Ao orientador Prof. Prof. Francisco Marton G. Pinheiro, pela paciência, confiança e incentivo na elaboração deste trabalho. Aos amigos que, ao trocarem ideias comigo, enriqueceram meu aprendizado. A todos os colegas do curso, pela amizade, respeito, troca de experiências e os agradáveis momentos vividos. “É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfo, glória, mesmo se expondo à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito, nem sofrem muito, porque vivem numa penumbra cinzenta que não conhecem vitória nem derrota.” Theodoro Roosevelt RESUMO Sabe-se que um controle interno adequado é aquele que resulta de estruturas e sistemas capazes de propiciar uma razoável margem de garantia de que os objetivos e metas da empresa serão atingidos de forma eficaz. O controle interno deve exercer um papel influente nas diversas etapas do processo da gestão estratégica das empresas, atuando como órgão de redução dos conflitos entre todas as áreas da empresa. Uma alternativa para minimizar a possibilidade de fraudes e erros é a prática de um forte controle interno que forneça regras para os diversos procedimentos dentro de uma empresa. É atribuição do controle interno a missão de assegurar a otimização do resultado econômico da empresa. O objetivo geral desse trabalho de conclusão de curso foi investigar a utilização de ferramentas de controle interno, verificando sua existência e grau de desenvolvimento nas empresas de pequeno porte do ramo varejista de calçados no município de Senhor do Bonfim - Bahia. O procedimento metodológico tratou-se de um estudo de caso aplicado às empresas de pequeno porte do ramo varejista de calçados no município de Senhor do Bonfim, com detalhamento e profundidade do papel do controle interno na gestão estratégica dessas empresas. É a partir deste foco que a pesquisa desenvolvida buscou identificar qual a contribuição do controle interno na gestão estratégica nas empresas de pequeno porte do ramo varejista de calçados do município de Senhor do Bonfim, como ferramenta elementar e fundamental para o sucesso empresarial. Palavras-chave: Controle interno; gestão estratégica; erro; fraude. LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Caixa/Tesouraria................................................................................................43 Tabela 2 - Recebimentos....................................................................................................44 Tabela 3 - Pagamentos.......................................................................................................46 Tabela 4 - Fundos de caixa/Conciliação bancária...............................................................47 Tabela 5 - Estoques............................................................................................................48 Tabela 6 - Estoques/Almoxarifado ......................................................................................48 SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................................9 1 A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE INTERNO..................................................15 1.1 CONCEITO CONTROLE INTERNO ......................................................................17 1.2 TIPOS DE CONTROLES INTERNOS ....................................................................18 1.3 OBJETIVO DO CONTROLE INTERNO ..................................................................19 1.4 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DOS CONTROLES INTERNOS ...................................21 1.5 FRAUDE OU ERRO – O CONCEITO ....................................................................25 1.6 CONTROLE INTERNO VERSUS FRAUDE .............................................................27 1.7 AVALIAÇÃO DO CONTROLE INTERNO ................................................................27 2 A RELEVÂNCIA DA GESTÃO ESTRATÉGICA NAS EPP...............................30 2.1 CONCEITO DE EMPRESA DE PEQUENO PORTE (EPP).........................................31 2.2 CONCEITUANDO COMÉRCIO VAREJISTA .......................................................31 2.3 ORIGEM DA ESTRATÉGIA ................................................................................33 2.3.1 Conceito de estratégia ..........................................................................33 2.3.2 Formulação de estratégia .....................................................................35 2.4 GESTÃO ESTRATÉGICA - CONCEITO..................................................................36 2.4.1 Gestão estratégica: um diferencial ......................................................37 2.5 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO........................................................................40 3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...............................................43 3.1 CAIXA/TESOURARIA .......................................................................................43 3.2 RECEBIMENTOS.............................................................................................44 3.3 PAGAMENTOS ...............................................................................................46 3.4 FUNDOS DE CAIXA/CONCILIAÇÃO BANCÁRIA .....................................................47 3.5 ESTOQUES....................................................................................................48 3.6 COMPRAS/CONTAS A PAGAR ..........................................................................50CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................54 REFERÊNCIAS.........................................................................................................57 ANEXOS ...................................................................................................................60 APÊNDICES .............................................................................................................61 9 INTRODUÇÃO No ambiente empresarial, o controle é o meio de alcançar os objetivos a que se propõe a empresa. O controle interno serve para garantir, entre outros intuitos, que as normas e procedimentos sejam realizados de forma eficiente e que as informações contábeis espelhem a real posição patrimonial da empresa. Para algumas organizações, o controle está ligado à burocracia e aumento de custo. No entanto, o controle interno, quando empregado de maneira adequada, presta-se a identificar falhas, perdas e fraudes. É necessário que a empresa se conscientize que quando elaborar ou revisar suas normas e políticas operacionais ou contábeis inclua regras básicas de controle. A ausência de controles adequados para as empresas de pequeno porte as expõe a riscos de diversas espécies. Um lançamento contábil realizado deve supor uma transação efetiva, por exemplo, uma venda realizada a terceiros. Um sistema eficiente e adequado de controle interno precisa proporcionar que tal transação esteja registrada no tempo certo, local e conta corretos, não dispondo de aberturas que permitam que a transação seja registrada indevidamente ou não seja registrada. É potencialmente impossível admitir a existência de controles administrativos eficientes sem a qualidade dos controles contábeis, pois a ligação entre eles, é que fornece eficácia. Este trabalho enfoca a controladoria com o tema: O papel do controle interno na gestão estratégica em empresas de pequeno porte do setor varejista de calçados no município de Senhor do Bonfim. A controladoria é concebida como instrumento de gestão estratégica, contribuindo com os gestores na busca da eficácia gerencial, zelando pela continuidade da organização, assegurando a otimização do resultado, utilizando ferramentas para evitar os desperdícios e a depredação dos ativos das organizações. Recentemente, verificou-se, mediante fatos, o quanto fraudes envolvendo grandes empresas como Enron, WorldCom, Tyco e Parmalat podem ser nocivas em diversos países do mundo, gerando crises econômicas, desemprego, queda de papéis na bolsa e aniquilamento da credibilidade. A fim de evitar novas fraudes, 10 alguns países têm aprovado leis como a Sarbanes-Oxley1 nos EUA e o próprio Novo Código Civil no Brasil, determinando a responsabilidade dos dirigentes de empresas quanto às informações financeiras passadas para o mercado. Recentemente surgiu a crise no setor de crédito imobiliário norte-americano de alto risco, pela falta de liquidez no mercado, existindo vários indícios de corrupção e fraude. Essa crise atingiu outros setores se tornando séria e nociva ao sistema financeiro mundial. Esses fatos ocorreram em organizações de grande porte e com controles rígidos, imagine a situação em empresas de pequeno porte. Uma grande parte dessas empresas apresentam resultados estranhos aos olhos dos sócios. Os números da contabilidade apresentam variações inexplicáveis na conta de perdas e ganhos com itens monetários. Alguns de seus colaboradores apresentam um crescimento de padrão de vida acima da média de outros com a mesma faixa de salário. E, finalmente, os seus clientes e fornecedores apresentam reclamações que não foram objeto da atenção por parte dos seus gerentes de produtos. Uma alternativa para minimizar a possibilidade de fraudes e erros é a prática de controles internos que forneçam regras para os diversos procedimentos dentro de uma empresa. A implementação do controle interno serve para impedir o abuso de poder, o erro, a fraude e principalmente a ineficiência. O controle interno serve, ao mesmo tempo, para garantir, que as normas e procedimentos sejam cumpridos de forma eficiente e que as informações contábeis retratem a verdadeira posição patrimonial da empresa. A importância da aplicação dos procedimentos de controle interno, no cotidiano dos processos, permite a qualquer empresa, garantir que todas as metas e objetivos sejam atingidos de maneira eficaz e eficiente, assim como garantir a confiabilidade dos dados contábeis, encorajando a aderência política administrativa prescrita e impulsionando a eficiência operacional. 1 A Sarbanes-Oxley é uma lei dos EUA assinada em 30 de julho de 2002. Foi proposta pelo senador Paul Sarbanes e pelo deputado Michael Oxley, por isto é também conhecida como lei SOX. Motivada por escândalos financeiros coorporativos (dentre eles o da Enron, que acabou por afetar drasticamente a empresa de auditoria Arthur Andersen), essa lei foi redigida com o objetivo de evitar o esvaziamento dos investimentos financeiros e a fuga dos investidores causada pela aparente insegurança a respeito da governança adequada das empresas. 11 Ao instituir processos de controle interno em uma organização, será provável estabelecer uma otimização das suas atividades. A definição de critérios e procedimentos preventivos irá minimizar a ocorrência de erros, desperdícios e irregularidades. Com a implantação de critérios de detecção, os erros serão localizados na ocasião em que eles ocorrem, permitindo a adoção de medidas tempestivas de correção. Através do estabelecimento de controles corretivos, ações poderão ser adotadas logo após a sua ocorrência. Definindo os critérios necessários para a implantação do controle interno nos processos de uma organização, será oportuno detectar e corrigir erros, desperdícios e irregularidades; proteger os recursos da empresa; promover a eficiência dos seus funcionários; estimular o cumprimento dos procedimentos de controle interno do processo de faturamento. Detectando os problemas de controle interno existentes, será possível exercitar o adequado controle sobre cada área atingida. A prática do controle interno habilitará também a empresa a detectar e corrigir erros e procedimentos ilegais, praticados pelos funcionários, dentro de um curto espaço de tempo, como parte de suas funções habituais. A adoção de medidas de efetividade favorecerá a comparação do valor de risco ou potencial perda, contra o custo do controle respectivo. Em razão dos argumentos levantados, o estudo responderá: Qual o papel do controle interno e sua contribuição na gestão estratégica nas empresas de pequeno porte do ramo varejista de calçados do município de Senhor do Bonfim? A evidenciação da contribuição do controle interno na gestão estratégica das empresas estudadas nas empresas de pequeno porte do ramo varejista de calçados do município de Senhor do Bonfim possibilitou hipóteses que pudessem responder, de forma antecipada, o problema investigado, e que se caracterizou como fundamental direcionador do foco desta pesquisa. A hipótese mais relevante centrou em identificar se os gestores se utilizam do controle interno para o planejamento estratégico de suas empresas. Outra hipótese referiu-se à estratégia competitiva, se a gestão das empresas de pequeno porte necessita das informações que são geradas pelo controle interno. A terceira hipótese tratou de descobrir se as empresas de pequeno porte não utilizam controle interno na sua gestão, o que poderia ocasionar redução dos 12 resultados e possibilidade de fraudes. O objetivo geral desse trabalho foi investigar a utilização de ferramentas de controles internos, verificando sua existência e grau de desenvolvimento nas empresas de pequeno porte do ramo varejista de calçados no município de Senhordo Bonfim. E para atingir o objetivo geral do trabalho foram traçados os seguintes objetivos específicos: identificar a importância do controle interno para os gestores das empresas de pequeno porte; demonstrar que a adoção da gestão estratégica pelas empresas de pequeno porte depende da existência de um sistema de controle interno; verificar quais instrumentos de controle interno as empresas de pequeno porte do ramo varejista de calçados no município de Senhor do Bonfim utilizam para atingir seus fins, bem como propor melhorias aos controles internos existentes. Este estudo é relevante por apresentar importantes aspectos relacionados à implementação de controles internos adequados, pois além de facilitar o trabalho de auditoria, também possibilita maior confiança nas demonstrações contábeis. O interesse pessoal nesse tema centra-se no fato do pesquisador, enquanto bancário por 25 anos ter tomado conhecimento de ocorrências de fraudes em empresas, pelo simples fato de não possuírem nenhum tipo de controle, dando oportunidade a erros e, principalmente, a fraudes, assim, ocasionando prejuízos, que, em alguns casos levaram ao fechamento dessas empresas. Este trabalho é de relevância social, pois traz interesses que estão relacionados com a sociedade, já que as empresas de pequeno porte significam geração de empregos para a população. Também tem importância acadêmica, pois é necessário que a Universidade tenha conhecimento sobre o que se passa no contexto empresarial da região em que atua para que possa contribuir de forma positiva na solução de possíveis distorções. Quanto aos procedimentos metodológicos, foram delineados os recursos empregados, os locais do levantamento de dados e informações de interesse pertinentes ao estudo, bem como a amplitude de exploração definida como ideal para identificar e avaliar qual a contribuição do controle interno na gestão estratégica nas empresas de pequeno porte do ramo varejista de calçados do município de Senhor do Bonfim. 13 O elemento mais importante de um delineamento para Gil (2005) é o procedimento adotado para a coleta de dados. A coleta de dados é a fase do método de pesquisa que objetiva obter informações da realidade: “Um instrumento de pesquisa é válido quando mede o que pretende medir e fidedigno quando aplicado à mesma amostra, oferece os mesmos resultados.” (GIL, 2005, p. 28). Neste sentido, através da bibliografia pesquisada, foi realizada uma revisão de literatura para comentar o que já foi escrito sobre o tema proposto. Na concepção de o valor cientifico dos achados do investigador dependerá, fundamentalmente, do modo como se faz a descrição do que se observa. o conhecimento obtido pela investigação cientifica contribui para a aplicação do conhecimento acumulado, e para a construção, reformulação e transformação das teorias científicas. (TRIVINOS, 2002, p. 46) Foram adotados procedimentos e técnicas que permitiram facilidade na coleta de dados e informações. Por meio de um planejamento antecipado de trabalho focado na otimização do tempo e outros recursos envolvidos. Foi encaminhado Ofício à DAT/SEFAZ2 (APÊNDICE A), solicitando informações de quais seriam as empresas do ramo de comércio varejista de calçados localizadas no município de Senhor do Bonfim que estariam enquadradas como empresas de pequeno porte. A DAT/SEFAZ informou que existiam oito empresas de pequeno porte do ramo varejista de calçados no município de Senhor do Bonfim. (ANEXO A) Diante da informação, foi realizada a aplicação de questionário (APÊNDICE C) nas oito empresas de pequeno porte do ramo varejista de calçados do município de Senhor do Bonfim, assim representando 100% desse segmento no município. Por fim, de acordo ainda com os critérios definidos por Vergara (2000), esta pesquisa foi classificada como um estudo de caso dentro de todas as empresas de pequeno porte do ramo varejista de calçados no município de Senhor do Bonfim, com detalhamento e profundidade do papel do controle interno na gestão estratégica dessas empresas. Gil (2000) destaca que nos estudos de caso não se pode falar num esquema rígido de análise e interpretação. 2 Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia 14 O autor acredita que em função do estudo de caso se valer de procedimentos variados de coleta de dados, a análise e a interpretação provavelmente são procedidas da mesma forma, ou seja, sem uma sistematização rigorosa. Nesta exploração existiram questões e pontos críticos que foram explicitados, reformulados ou abandonados na medida em que se mostraram mais ou menos relevantes, originados no exame da literatura pertinente, observações ou especulações baseadas na experiência do pesquisador. Nesta pesquisa, os meios utilizados foram informações publicadas em livros, dissertações, teses, jornais, artigos e na internet. Obtidos os questionários respondidos (APÊNDICE C), foi feita a transcrição dos dados coletados, questão por questão e empresa por empresa, o que se chamou de mapeamento. Esse procedimento permitiu obter dados/informações, esclareceu dúvidas e identificou casos particulares na utilização de controles internos. O trabalho foi estruturado de acordo com as normas da ABNT3 e os resultados da pesquisa foram analisados, discutidos e concluídos, pela interpretação e compreensão dos fatos, identificando os principais resultados obtidos, as limitações e as recomendações deles para futuros trabalhos. Quanto à estrutura, este trabalho é composto de três capítulos. O primeiro capítulo fala da importância do controle interno, seus conceitos, tipos, objetivos e princípios. O segundo capítulo mostra a relevância da gestão estratégica nas empresas de pequeno porte, apresentando conceitos de micro empresa, estratégia e gestão estratégica e trata, também, de planejamento estratégico. No terceiro capítulo é feita a análise e discussão dos resultados sobre qual é a contribuição do controle interno na gestão estratégica nas empresas de pequeno porte do ramo varejista de calçados do município de Senhor do Bonfim. Por fim, são apresentadas as considerações finais sobre o papel do controle interno como ferramenta imprescindível no processo de gestão estratégica nas empresas de pequeno porte. 3 Associação Brasileira de Normas Técnicas 15 1 A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE INTERNO O presente capítulo visa conceituar controle interno e seus diversos tipos, bem como seus objetivos, princípios e sua importância para o combate das fraudes e para a prevenção da ocorrência de erros. Tem como objetivo principal identificar a importância do controle interno para os gestores das empresas de pequeno porte, que competem no mercado de forma acirrada. Assim, essas empresas dependem da adoção de um sistema de controle interno eficaz e eficiente, que possibilitará a maximização de lucro e o combate aos possíveis desvios de conduta (fraudes). Há consenso de que o ambiente no qual as empresas estão inseridas tem se tornado mais turbulento e incerto, fato que vem provocando um aumento significativo no grau de competitividade. Ao enfrentar essa crescente reviravolta, as empresas têm se conduzido a um reposicionamento fundamental em seus modelos de gestão para manterem-se competitivas; o que, atualmente, significa sobrevivência. Esses reposicionamentos envolvem evidentes mudanças nas estratégias adotadas pelas organizações. (CHIAVENATO, 2004) Além disso, o autor continua dizendo que as inovações, modificações e diferenciais, são frequentes e os prazos de entrega estão mais curtos do que nunca. Para se conseguir este aperfeiçoamento no sistema produtivo, a organização moderna possui algumas peculiaridades que a diferencia das tradicionais. As mais significativas são o processo contínuo de melhoria e o combate às perdas.A maioria dessas perdas podem ser evitadas com a implementação de um controle interno eficaz. Portanto, passam a prezar pela qualidade e eficiência. De acordo com Mintzberg (2001, p. 23), “[...] eficiência é fazer certo; é o meio para se atingir um resultado; é a atividade, ou, aquilo que se faz.” e “[...] eficácia é a coisa certa; é o resultado; o objetivo: é aquilo para que se faz, isto é, a sua missão.” O autor ainda afirma que “[...] eficiência é fazer certo as coisas, eficácia são as coisas certas. O resultado depende de fazer certo as coisas certas.” (MINTZBERG, 2001, p. 23) 16 A empresa deve estar orientada para a eficácia empresarial, e para isso deve possuir uma visão de negócio no longo prazo, uma missão para nortear os seus rumos e objetivos comuns dentro da empresa, estando todos esses elementos alinhados a uma estrutura de gestão. Isto é, faz-se necessário para que possam existir critérios para mensuração e agregação de valor dentro da estrutura organizacional, de forma que seja possível informar a seus clientes internos e externos quanto à continuidade e perpetuidade da empresa. O controle interno surgiu para ampliar e disseminar o entendimento da empresa e seu entorno, ou seja, como ela deve funcionar eficientemente. Identifica a razão de ser de uma organização e quais fatores estão contribuindo, ou não, para a eficiência e eficácia de suas operações, de forma que seja assegurada a continuidade do negócio pela geração contínua de resultados econômicos favoráveis. Com bases nessas afirmações, Nakagawa (2003, p. 118) diz que: O ambiente onde as empresas encontram-se inseridas está continuamente se modificando. Acompanhando-se, ao longo do tempo, a direção destas mudanças, verifica-se claramente que a competição tende a ficar cada vez mais acirrada. A diminuição de barreiras alfandegárias e a criação de grandes mercados de livre comércio, indica que a concorrência tende a ocorrer em nível mundial e que as reservas de mercado caminham para a extinção. Os produtos e serviços oferecidos pelas empresas possuem diversos aspectos, favorecendo um vasto leque de escolha para os clientes, a preços competitivos. Desse modo, a situação que se mostra atualmente é um mercado competitivo, a preços atrativos, boa qualidade, modificações frequentes e abordagens diferentes para escolha do cliente. Para lograr êxito nesse tipo de mercado, a empresa precisa prestar serviços ou produzir eficientemente, tornando- se uma empresa de classe universal. Nakagawa (2003, p.118) continua dizendo que “[...] no Brasil, onde a industrialização foi alavancada em grande parte pela criação de reservas de mercado, aliada à abundância de matérias-primas e ao baixo custo da mão-de-obra, este fenômeno também pode ser observado”. A redução de barreiras à entrada de diversos produtos importados no mercado interno está tornando a competição cada vez mais acirrada. 17 Para encarar essa situação que se depara, é indispensável que os sistemas de informações gerenciais (controle e avaliação) e os sistemas de gestão (planejamento) adequem-se ao novo ambiente, desenvolvendo novos métodos e princípios apropriados ao novo contexto. A interação entre os sistemas é essencial para o desempenho da empresa. (FERREIRA, 2004) 1.1 CONCEITO CONTROLE INTERNO Na leitura dos conceitos definidos por vários autores, vê-se que não há uma unanimidade sobre o que se deve entender por controle interno. De acordo com Ferreira (2004, p. 38) o controle “[...] representa em uma organização o conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas com os objetivos de proteger os ativos, produzir dados contábeis confiáveis e ajudar a administração na condução dos negócios da empresa”. Migliavacca (2007, p.17) apresenta uma brilhante definição para controle interno: Controle interno define-se como o planejamento organizacional e todos os métodos e procedimentos adotados dentro de uma empresa, a fim de salvaguardar seus ativos, verificar a adequação e o suporte dos dados contábeis, promover a eficiência operacional e encorajar a aderência às políticas definidas pela direção. Pela sua extensão, o conceito de controle interno, para ser perfeitamente entendido, deve ser devidamente analisado quanto ao seu real significado, com base na sua utilização. O controle interno compreende o plano de organização e o conjunto coordenado de métodos e medidas, adotados pela empresa, para proteger seu patrimônio, verificar a exatidão e a fidedignidade de seus dados contábeis, promover a eficiência operacional e encorajar a adesão à política traçada pela administração. (CATELLI, 2007, p. 32) Pela definição apresentada por Catelli (2007) pode-se observar a extensão de seu significado que inclui uma série de procedimentos bem definidos que, conjugados de forma adequada, garantem a fluidez e a organização necessárias à obtenção de algo mensurável. O controle tem relevância e significado apenas quando é idealizado para 18 garantir a execução de um objetivo definido, quer seja gerencial ou administrativo. Desse modo, o controle não é algo sem forma ou sem face, mas um dado físico que avalia uma função, podendo-se verificar sua adequação. (FIGUEIREDO; CAGGIANO, 2005) O controle interno é a ferramenta que a administração tem para evitar erros involuntários, ou até mesmo para ser utilizado na prevenção de fraudes. A sua implantação serve para avalizar a integridade das informações nas empresas. Compreende-se que a contabilidade tenha fundamental importância neste processo uma vez que a mesma, juntamente com os controles internos, se complementam. O controle interno responde pelo acompanhamento dos fatos, enquanto a contabilidade refere-se ao registro das operações. Attiê (2000) através da afirmação a seguir, demonstra a relevância do controle interno para a confiabilidade das demonstrações contábeis: A função da contabilidade como instrumento de controle administrativo é hoje unanimemente reconhecida, um sistema de contabilidade que não esteja apoiado em um controle interno eficiente é, até certo ponto, inútil, uma vez que não é possível confiar nas informações contidas em seus relatórios. Informações contábeis distorcidas podem levar a conclusões erradas e danosas para a empresa. (ATTIÊ, 2000, p. 114) Com isso, fica demonstrada a preocupação com a aplicação de controles que sejam confiáveis aos interessados pelas informações, como por exemplo, futuros investidores ou acionistas. O controle interno abrange todos os setores de uma organização. Para que o processo de controle seja eficaz é imperativo que todos os membros da empresa estejam envolvidos, pois sem observar esse fato, os envolvidos podem resistir aos controles, tratando-os como desnecessários, irrelevantes ou restritivos. Diante das análises, considera-se que controle é um meio de se obter e utilizar a informação para coordenar os planos e nortear a ação dos gestores. 1.2 TIPOS DE CONTROLES INTERNOS Em sentido amplo, o controle interno inclui os controles que podem ser característico tanto à contabilidade como à administração. Migliavacca (2004) 19 classifica os controles internos em dois tipos: controles contábeis e controles administrativos. Os controles administrativos: “[...] são os procedimentos e os métodos que dizem respeito às operações de uma empresa e às suas políticas, diretrizes e relatórios; relacionam-se apenas indiretamente com as demonstrações financeiras” (COOK; WINKLE, 2004, p. 132). Exemplo: É a exigência da empresa para que todos os seus funcionários façam treinamentos anuais na área de segurança do trabalho e também façam exames médicos periódicos. Sá (2005, p. 106) define os controles administrativos como sendo os “[...] concernentes basicamente à ‘eficiência operacional’ e à ‘vigilância gerencial’, e que só indiretamente são referidos nos registros contábeis”. Este controlecompreende o plano de organização e todos os métodos e procedimentos relacionados à eficiência operacional da empresa. Já os controles contábeis: “São procedimentos e plano de organização pertinentes à salvaguarda do ativo da empresa e garantia de que as contas e os relatórios financeiros são merecedores de confiança” (COOK; WINKLE, 2004, p. 132). Exemplo: Identificação formal dos equipamentos da empresa. A definição de controles contábeis, segundo Sá (2005, p. 106): “[...] aqueles que se relacionam diretamente com o patrimônio e com os registros e demonstrações contábeis que eles dizem ser demonstrações financeiras”. O objetivo dos controles contábeis é de que as transações sejam registradas quando necessário, permitindo a preparação periódica de demonstrações financeiras e a manutenção do controle contábil sobre os ativos da empresa. As delimitações que indicam se certos planos especiais de organização e determinados métodos e procedimentos podem ser rotulados como controles contábeis ou administrativos variam, naturalmente, de acordo com circunstâncias específicas. 1.3 OBJETIVO DO CONTROLE INTERNO Segundo Nakagawa (2003, p. 45), o principal objetivo do controle interno “[...] é a salvaguarda dos interesses da empresa, objetivando proteger o patrimônio contra quaisquer perdas e riscos devidos a erros ou irregularidades”. 20 Uma empresa possui bens, direitos e obrigações que se dividem por vários setores. Dessa maneira, o almoxarifado é responsável pelo estoque de material da empresa e demanda atenção na sua distribuição, guarda e manutenção; o setor de tesouraria, por sua vez, controla os saldos bancários, toda a movimentação de numerário; o setor de recursos humanos é o que responde pelos cálculos e controle da folha de pagamento, assim como pelos encargos sociais. Como se vê, por esses exemplos, a empresa dispõe de enorme gama de atividades que requer especialização, conhecimento e entendimento de forma que sejam conduzidas dentro de padrões adequados, minimizando a possibilidade de perdas e riscos. Os principais mecanismos que podem dar o necessário suporte à salvaguarda dos interesses são os seguintes: segregação de funções, sistema de autorização e aprovação, determinação de funções e responsabilidades, rotação de funcionários, carta de fiança, manutenção de contas de controle, seguro, legislação, diminuição dos erros e desperdícios, contagens físicas independentes e alçadas progressivas. (MIGLIAVACCA, 2004) Também é importante a precisão e confiabilidade dos informes e relatórios contábeis, financeiros e operacionais que possibilitem a geração de informações adequadas e oportunas, necessárias gerencialmente para administrar e dar noção dos eventos realizados na empresa. Existem meios que possibilitam o suporte necessário à precisão e à confiabilidade, segundo Migliavacca (2004, p. 48) são eles: 1. Documentação confiável que corresponde à utilização de documentação hábil para o registro das transações; conciliação que indica a precisão ou diferenças existentes entre as diversas fontes de informação. Por sua vez, realizar uma análise objetivando a identificação da composição analítica dos itens em exame. 2. Um plano de contas compreendendo a classificação dos dados da empresa dentro de uma estrutura formal de contas, com a existência de um plano de contas bem definido. É necessário tempo hábil para determinar o registro das transações dentro do período de competência e no menor espaço de tempo possível. 3. É essencial um equipamento mecânico visando facilitar e agilizar o registro das transações, fomentando a divisão de trabalho. Um dos principais incentivos do controle interno é o estímulo à eficiência operacional, que determina prover meios necessários à condução das tarefas, de forma a obter entendimento, aplicação e ação tempestiva e uniforme. Aqui mostra 21 que a união faz com que a empresa se desenvolva cada vez mais. Os meios que podem prover suporte ao estímulo à eficiência operacional, de acordo com os estudos feitos por Figueiredo e Caggiano (2005), consistem em: seleção que possibilita a obtenção de pessoal qualificado para exercer com eficiência as funções para eles designadas, efetuando treinamento para possibilitar a capacitação do pessoal para a atividade proposta, elaborando um plano de carreira determinando a política da empresa ao pessoal quanto às possibilidades de remuneração e promoção. Há também relatórios de desempenho que compreendem a identificação individual de cada funcionário indicando suas virtudes e deficiências. Um relatório de horas trabalhadas possibilita a administração mais eficiente do tempo despendido pelo pessoal. É imprescindível a utilização de manuais internos sugerindo clara exposição dos procedimentos internos com instruções formais indicando formalmente as instruções a serem seguidas. O comportamento dos colaboradores também é muito importante. Segundo Sá (2005), são os padrões de comportamento que reforçam os controles internos. O comportamento dos administradores acerca da integridade e da permanente difusão dos controles internos é fundamental para se alcançar eficientes e eficazes sistemas de controle interno. Nas situações que os altos executivos assumem a responsabilidade, os demais níveis são impelidos a ter o mesmo empenho e a adotar os padrões próprios de comportamento. 1.4 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DOS CONTROLES INTERNOS Segundo Migliavacca (2004), os princípios de um sistema de controles internos devem levar em consideração as características específicas de cada organização, razão pela qual são necessários cuidados apropriados na implantação, manutenção e avaliação dos controles internos de cada empresa, e ainda, encontrar o tratamento adequado a cada organização. Existem determinados princípios que, de uma forma ou de outra, têm 22 aplicação de forma genérica. A evolução organizacional impõe constantes alterações nas técnicas de administração dos empreendimentos sendo, portanto, compreensível, mas preocupante, se na busca de se manter dentro de um mercado altamente competitivo, optar-se por reduzir ou eliminar procedimentos de controle que podem vir a gerar maior prejuízo do que a redução dos custos então produzida. Verificam-se algumas práticas gerenciais que acabam por afetar a estrutura de relacionamento de toda a organização e, na maioria das vezes, sem a correta avaliação das consequências desses atos no sistema de controles internos. Presencia-se a redução da cadeia de comando, como uma forma de "racionalizar" rotinas que comprometem a manutenção de princípios de controle interno. Essas racionalizações, que num primeiro momento geram redução de custos, propiciam, no longo prazo, condições para a atuação de aproveitadores cujas ações impedirão que o objetivo da redução de custos seja alcançado. Nunca se deve propor estruturas organizacionais que ponham em risco a gestão do negócio ou implique na manutenção de um sistema de controles internos que não venha a contribuir para a segurança dos ativos, a qualidade dos informes contábeis e gerenciais e a eficiência operacional. A administração da organização é responsável pela implantação do sistema de controle interno, pela verificação de seu cumprimento por parte dos funcionários e por sua transformação, no sentido de adaptá-lo às novas necessidades das empresas num mercado em constante mudança Todos têm responsabilidades e as atribuições dos funcionários ou dos setores da empresa devem ser claramente expostos, de preferência por escrito, mediante o estabelecimento de manuais internos de organização. (SÁ, 2005) Sá (2005) aponta como alguns exemplos de tarefas internas de controle: aprovação de aquisição de bens e serviços; programação financeira do pagamento; guarda talonários de cheques em branco; assinaturas de cheques; pagamentos aos empregados; registrocontábil das operações da empresa, etc. Com relação às rotinas internas Sá (2005) elenca: formulários internos e externos, como, por exemplo: requisição de aquisição de material ou serviços, mapa de controle de programação financeira, formulário de devolução de material, fichas de lançamento contábil, adiantamento para viagem, carta de comunicação com os 23 bancos, etc. O autor também cita os procedimentos internos dos diversos setores da empresa, como, por exemplo: compras no país e no exterior, contas a pagar, almoxarifado, caixa, controle de faturamento, controladoria, etc. No caso dos acessos aos ativos, segundo Nakagawa (2003), a empresa deve limitar o acesso dos funcionários a seus ativos e estabelecer controles físicos sobre esses. Os ativos por sua vez, devem estar protegidos contra qualquer situação indesejável. Toda informação contábil, tanto para uso interno quanto externo, deve ser direcionada e adequada. De acordo com Ferreira (2004) a segregação de funções consiste em estabelecer que uma mesma pessoa não possa ter acesso aos ativos da empresa e aos registros contábeis da mesma. Estabelecem ainda a independência para as funções de execução operacional, custódia física e contabilização. Ninguém deve reter a total responsabilidade mediante essas fases. Por exemplo, caso o funcionário tenha acesso aos ativos e registros contábeis, ele poderia desviar fisicamente o ativo e baixá-lo contabilmente para despesa, o que levaria a ocultar permanentemente essa transação. Quanto ao confronto dos ativos com os registros, o objetivo desse procedimento é detectar desfalque de bens ou até mesmo registro contábil inadequado de ativos. Alguns exemplos desse confronto segundo Catelli (2007): contagem de caixa e comparação com o saldo razão geral e inventário físico dos bens do estoque e do ativo imobilizado, confronto com os registros individuais e comparação do somatório dos saldos desses registros com o saldo da respectiva conta do razão geral. Se a empresa não seguir o método de confrontar os ativos com os registros contábeis, fica em aberto a possibilidade de o funcionário responsável apoderar-se indevidamente do ativo sem que esse fato seja descoberto por muito tempo. De acordo com o Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo (1994) de modo a precaver irregularidades e erros devem ser adotados princípios de controle interno. Os princípios, via de regra, mencionados são os seguintes: a) a responsabilidade deve ser determinada. Senão existe uma delimitação exata da responsabilidade, o controle será ineficiente. As atribuições dos 24 funcionários ou setores internos da organização devem ser claramente definidas ou limitadas, de preferência por escrito, mediante o estabelecimento de manuais internos de organização. As razões para se definirem as atribuições são: assegurar que todos os procedimentos de controle de controles; detectar erros e irregularidades; e apurar as responsabilidades por eventuais omissões na realização das transações da empresa; b) a contabilização e as operações propriamente ditas devem ser segregadas. Um funcionário ou departamento não deve ocupar uma posição em que tenha controle contábil e, ao mesmo tempo, controle das operações que geram os lançamentos contábeis. Os registros contábeis compreendem o razão geral e os registros inicial, intermediário e final. O acesso a esses registros representa as pessoas que os prepararam ou manuseiam informações que servem de base para sua elaboração, em circunstâncias que lhes permitem modificar os dados desses registros. Por exemplo, caso o funcionário tenha acesso aos ativos e registros contábeis, ele poderia desviar fisicamente o ativo e baixá-lo contabilmente para despesa, o que levaria a ocultar permanentemente essa transação. (ALMEIDA, 2006) c) devem ser utilizadas todas as provas disponíveis e independentes. Para comprovar seguramente que as operações e a contabilidade estão em forma exata. A empresa deve estabelecer procedimentos de forma que seus ativos, sob a responsabilidade de alguns funcionários, sejam periodicamente, confrontados com os registros da contabilidade. O objetivo desse procedimento é detectar desfalque de bens ou até mesmo registro contábil inadequado de ativos; d) nenhuma pessoa, individualmente, deve ser completamente sob sua responsabilidade uma transação comercial, ou seja, a mesma pessoa efetuar a compra, efetuar o recebimento da mercadoria e também efetuar o pagamento. e) se possível, deve haver rotação entre os funcionários designados para cada trabalho. Deve ser obrigatória para pessoas que ocupam cargos importantes. A rotação reduz as oportunidades para que se cometam fraudes e, freqüentemente, resulta em novas ideias de sistemas; 25 f) todas as instruções devem ser por escrito. Os manuais de procedimentos fomentam a normalização, a eficiência e evitam erros; g) quando aplicável, os funcionários devem ter carta de fiança. A fiança protege a empresa e serve para dissuadir, psicologicamente, os empregados em “tentação”; h) não devem ser exageradas as vantagens de proteção do método de partidas dobradas, este método não substitui o controle interno; i) devem utilizar as contas de controle com maior amplitude possível. Estas contas devem provar a exatidão dos saldos das contas detalhadas que devem ser controladas por outro funcionário; j) deve-se utilizar equipamento mecânico sempre que viável. Embora sempre seja necessária vigilância para evitar erros e manipulações, mesmo com a utilização de equipamentos mecânicos, principalmente computadores, a utilização facilita as operações, fomenta-se a divisão de trabalhos e pode-se reforçar o controle interno; k) deve existir um sistema de revisão e avaliação independente das normas, operações e registros da empresa, por um departamento de auditoria interna ou por uma pessoa que exerça essas atividades. Segundo Attiê (2000) não adianta a empresa implantar um excelente sistema de controle interno sem que alguém verifique regularmente se os colaboradores estão cumprindo o que foi determinado no sistema, ou se o sistema não deveria ser adaptado às novas circunstâncias. 1.5 FRAUDE OU ERRO – O CONCEITO Considera-se fraude, segundo Ferreira (2004), o ato intencional de omissão ou manipulação de transações, adulteração de documentos, registros e demonstrações contábeis. Ao passo que considera erro o ato não intencional resultante de omissão, desatenção ou má interpretação de fatos na elaboração de registro e demonstrações contábeis. Kury e Rosa (2001, p. 362) definem fraude como: “[...] engano, burla, logro, má-fé; contrabando; adulteração, falsificação.” E definem erro (2001, p. 300) como: 26 “[...] ato ou efeito de errar; juízo faltoso, engano; incorreção; desvio do bom caminho, do caminho reto; falta, culpa; desregramento no proceder.” A diferença entre fraude e erro está no elemento vontade, no fato de existir ou não a intenção quando da ação ou omissão. Uma mesma ação ou omissão pode se caracterizar como fraude ou erro, dependendo de existir ou não a intenção do agente. Em alguns casos, a fraude fica evidente: não é admissível que alguém adultere um documento sem intenção. A administração da empresa é responsável pela prevenção e identificação de erros e fraudes, estabelecendo e mantendo um apropriado sistema contábil e de controles internos. Como os erros se distinguem por ações ou omissões não intencionais, “[...] o auditor só está obrigado a informá-los à administração da entidade se eles forem relevantes. Geralmente o critério utilizado para esse efeito é o valor da transação. Mas há exceções. Um erro de valor elevado será relevante”. (COOK; WINKLE, 2004, p. 145). Entretanto, um erro de pequeno valor poderá ser relevante, se, por exemplo, ocorrer um grande número de transações. Um erro de valor não significativotambém pode demonstrar que os controles da entidade não são adequados à prevenção e detecção de erros. Pela interpretação técnica, através da Resolução CFC Nº 836/99 - Fraude e Erro, explicitando o item 11.1.4 da NBC T 11: A fraude caracteriza-se por: a) manipulação, falsificação ou alteração de registros ou documentos, de modo a modificar os registros ativos, passivos e resultados; b) apropriação indébita de ativos; c) supressão ou omissão de transações nos registros contábeis; d) registro de transações sem comprovação; e) aplicação de práticas contábeis indevidas. Consiste em Erro: a) erros aritméticos, na escrituração contábil ou nas demonstrações contábeis; b) aplicação incorreta das normas contábeis; c) interpretação errada das variações patrimoniais. 27 1.6 CONTROLE INTERNO VERSUS FRAUDE Controles internos eficientes na empresa conseguem prevenir as fraudes e tornam mínimos os riscos de irregularidades e erros, pois, por si só, não bastam para evitá-los. Porém, não se pode evitar que essas ocorram, se as diversas pessoas que intervêm no processo se coloquem de conluio para cometer algum ato fraudulento. Com um sistema de controle interno eficiente e eficaz a organização detecta não somente fraudes, como também erros de atos não intencionais. De acordo com Ferreira (2004), a fraude assume múltiplas variantes, a saber: não encobertas, que são aquelas em que o autor não considera necessário esconder, porque o controle interno é muito fraco; encobertas temporariamente, que são feitas sem afetar os registros contábeis; e encobertas permanentemente, onde os autores da irregularidade preocupam-se em alterar a informação contida nos registros e outros arquivos, para assim ocultar a irregularidade. Um controle interno apropriado será o que for implementado pela administração, proporcionando uma relativa segurança para que os objetivos e metas sejam alcançados de modo eficiente, eficaz e com a indispensável economicidade, conforme afirma Attiê (2000, p. 56): “[...] razoável margem de garantia pode ser entendida como medidas de efetividade e a custos razoáveis, estabelecidas para evitar desvios ou restringi-los a um nível tolerável.” Como se pode observar, com um sistema de controle interno funcionando plenamente, erros e fraudes serão prevenidos e, na sua ocorrência, descobertos e corrigidos. 1.7 AVALIAÇÃO DO CONTROLE INTERNO A avaliação está presente, de certa maneira, em todos os campos da atividade humana. O termo “avaliar” tem sua origem decorrida da composição a- valere, que significa “dar valor a”, o que na verdade fazemos o tempo todo em nossas ações. Conforme Kury e Rosa (2001, p. 75) avaliar é: “[...] determinar o valor ou a valia de; reconhecer ou sondar a força de; apreciar o merecimento de; estimar; fazer ideia de.” 28 A avaliação implica, então, em dois processos: o diagnóstico e a decisão. Chegar ao diagnóstico bom ou ruim é apenas uma parte do processo de avaliação. É preciso saber o que fazer com este diagnóstico. Relativa ao controle interno, a avaliação é a ponderação da execução do plano ou questionário. Após a avaliação, o auditor determinará quais os pontos problemáticos, delineando diretrizes quanto: aos elementos patrimoniais que mais necessita de cuidados, à extensão do exame e às probabilidades de falhas do sistema. O principal objetivo da avaliação do controle interno é estabelecer um embasamento para definir a natureza, oportunidade, extensão e procedimentos a serem seguidos para o trabalho de auditoria. Existem alguns mecanismos de avaliação, que segundo Nakagawa (2003), são de grande importância para auxiliar a validação dos controles internos, identificando os pontos fortes e fracos da empresa. Um desses mecanismos é o questionário de avaliação de controle interno; o outro é o conceito de planilhas que conjugam várias situações, com o objetivo de identificar todos os controles que sejam imprescindíveis para diminuir ou eliminar os riscos apontados e, também, que sejam registrados quais os riscos, daqueles elencados, que não possuem controles. Antes de dar início ao processo de avaliação dos controles internos é imprescindível realizar um estudo do ambiente de controle. Nessa etapa, levanta-se toda a empresa. São mapeados: organogramas; parâmetros para desenvolvimento de produtos/serviços; normas e procedimentos formais; política de pessoal, englobando: contratação, carreira, treinamento, demissões, etc; políticas de cargos e salários; definição de atribuições e responsabilidades por níveis e cargos, etc. A ferramenta e/ou mecanismo mais comumente utilizado neste processo é o questionário de mapeamento do ambiente de controle, onde as questões ali colocadas dizem respeito, em sua maioria, à solicitação de documentos formais da organização, onde se encontram consubstanciados a maioria dos assuntos listados para a etapa de levantamento de controle. Se alguns dos assuntos não existirem formalmente na organização, o processo de solicitação é direcionado para o levantamento de subsídios que permitam que sejam formalizados quais são, de fato, adotados na prática. 29 Considerando o apresentado, constata-se a importância do controle interno por ser dotado de ferramentas que possibilitarão maior controle das atividades das empresas, assim evitando a ocorrência de erros, desestimulando possíveis fraudes, permitindo a realização de avaliações e contribuindo para uma adequada estrutura organizacional que atenda às necessidades das empresas na condução de seus negócios. 30 2 A RELEVÂNCIA DA GESTÃO ESTRATÉGICA NAS EPP Este capítulo se propõe a conceituar EPP, comércio varejista, gestão estratégica e estratégia, demonstrando que a gestão estratégica é um instrumento importante para que os administradores conduzam com sucesso uma análise de empresas e concorrências, com técnicas analíticas para a tomada de decisões estratégicas com as quais se defrontam as empresas. Tem como objetivo demonstrar que a adoção da gestão estratégica pelas empresas de pequeno porte depende da existência de um sistema de controle interno eficaz e eficiente, que deverá apontar os pontos fortes e fracos existentes, gerar informações relevantes para os gestores da empresa e contribuir para a tomada de decisões estratégicas. Dessa forma, permitindo o alcance das metas e objetivos estratégicos traçados. De acordo com Costa (2002, p. 32), a importância atualmente à gestão estratégica nas empresas reflete a hipótese de que existem “[...] benefícios significativos a serem obtidos com um processo explícito de formulação de estratégia, garantindo que pelo menos as políticas (se não as ações) dos setores sejam coordenadas e dirigidas visando um conjunto comum de metas.” Mintzberg (2000) afirma que as estratégias têm como tópicos tradicionais: a missão, objetivos e modelos lógicos de tomada de decisão. A preocupação está em uma visão do ambiente e da empresa para a obtenção e sustentação de vantagens competitivas e situações em que a sensibilidade, ou seja, o lado emocional e a intuição passam a ser pontos primordiais. Para se obter o sucesso na empresa temos que ter muita criatividade, disposição e garra para passar por todos os obstáculos que aparecem – que é chamado de "caminho das pedras". Buscar sempre a inovação e a originalidade é essencial. Se antes a luta ofensiva era contra os concorrentes, agora a ênfase está no reconhecimento do que garantirá ter vantagem competitiva. Analisando quais são as ameaças, as oportunidades e os pontos fortes e fracos de uma empresa, com certeza, no decorrer da reflexão da análise desses aspectos surgirão ideias de mudanças na empresa, com finalidade de protegê-la das 31 ameaças, com pensamentos de aproveitar as oportunidades, querendo corrigir os pontos fracos e potencializar os pontos fortes. Conforme Cavalcanti (2001, p.68), o ambiente competitivo, de rápidas mudanças, impõe aos gestores necessidades, não só de avaliar o desempenho passado, mas também, de saber se eles estão criando valor futuro, fato que exige a exploração de valores intangíveis. “Na era da informação, saber explorar ativos intangíveis é mais importante que saber investir e administrar ativos físicos”. Esse intangível supracitado pode ser resumidamente definido como valores de difícil identificação e mensuração, mas que agregam um valor alto quando comparado a outros bens e/ou direitos. 2.1 CONCEITO DE EMPRESA DE PEQUENO PORTE (EPP) O conceito de EPP tratado neste estudo refere-se à concepção fiscal, à capacidade tributária de uma determinada empresa em pagar tributos à fazenda pública. Sendo assim, o art.2º da Lei federal n.9.841/99 definiu microempresa (ME), como sendo a pessoa jurídica cuja receita bruta anual seja igual ou inferior a R$ 244.000,00 e a empresa de pequeno porte (EPP) como sendo a pessoa jurídica que, não se encaixa como ME, tenha auferido receita bruta anual superior a R$ 244.000,00 e igual ou inferior a R$ 1.200.000,00. O Decreto n. 5.028, de 31 de março de 2004, alterou os valores dos limites fixados neste artigo, respectivamente, para R$ 433.755,14 e R$ 2.133.222,00. Finalmente, através da Lei Complementar nº 123/2006 que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, onde define e enquadra a empresa de pequeno porte como sendo a pessoa jurídica cuja receita bruta anual seja superior a R$ 240.000,00, mas que não ultrapasse R$ 2.400.000,00, e, no Estado da Bahia é ratificada pela Lei Estadual 10.646/2007. 2.2 CONCEITUANDO COMÉRCIO VAREJISTA Uma das definições mais acertadas sobre o que é varejo é dada no texto extraído de Parente (2000, p. 22): 32 Varejo consiste em todas as atividades que englobam o processo de venda de produtos e serviços para atender a uma necessidade pessoal do consumidor final. O varejista é qualquer instituição cuja atividade principal consiste no varejo, isto é, na venda de produtos e serviços para o consumidor final. O autor ainda firma que, a partir do desenvolvimento e da expansão das empresas varejistas, as mesmas passam a adotar tecnologias de informação e de gestão, ocupando assim um importante lugar na modernização do sistema de distribuição e do mercado brasileiro. Com certeza, a necessidade de estar sempre inovando e substituindo pelo diferente e mais moderno, faz com que muitos modelos de varejo não existam mais. Algumas formas de comércio varejista são banidas e outras criadas, a fim de acompanhar o crescimento populacional e o desenvolvimento urbano. A capacidade de criar desse ramo tem se aprimorado ao longo de décadas. Algumas das principais tendências que vêm impulsionando o comércio varejista às bruscas transformações, segundo Parente (2000, p. 23), são: Aumento da globalização, com presença marcante através de um mercado externo mais participativo e com fortes concorrentes; Aumento da consolidação, com um número pequeno de empresas assumindo uma grande fatia do mercado através de redes varejistas com alta capacidade de investimento no setor; Parceria e alianças com fornecedores, mediante uma estratégia que será mais profundamente abordada ao longo do projeto; Aumento da concorrência de formatos substitutos, não sendo mais uma concorrência direta, por exemplo: padaria versus padaria; Tecnologia da informação, uma ferramenta de grande utilidade que será abordada no capítulo seguinte; Capital humano e profissionalização, com um maior investimento das pessoas envolvidas no negócio, especializando para melhor servir o cliente ou consumidor; Criatividade e novos formatos varejistas; Expansão do varejo sem lojas, através de vendas por programas de televisão, catálogos, Internet, vendas de porta a porta; e Aumento do varejo de serviços, com considerável expansão. Portanto, a visão de comércio varejista passa a ser mais nítida e a preocupação com o novo tem sido mais relevante nos últimos anos, em relação ao posicionamento do mercado e dos consumidores, cada vez mais disputado, o que requer sistema de controles internos que possibilitem informações seguras, bem como segurança jurídica e patrimonial da empresa. 33 2.3 ORIGEM DA ESTRATÉGIA Para Stoner e Freeman (2004, p.143), “A palavra estratégia vem do grego strategeia, que significa a arte ou a ciência de ser um general.” Do mesmo modo, a estratégia de um exército podia ser definida como o padrão real das ações que ele empreendia em resposta ao inimigo. Os gregos também sabiam que estratégia era mais do que lutar em batalhas. Os generais eficazes não precisavam somente planejar, precisavam também agir. Desde o tempo dos gregos, portanto, o conceito de estratégia tinha componentes para planejar e tomar decisões ou ações. O conjunto desses componentes formam uma base para o planejamento estratégico. A estratégia é uma palavra de origem grega, que era usada para designar a arte dos generais. “[...] Estrategos eram os comandantes supremos escolhidos para planejar e fazer a guerra na antiga Grécia”. (MAXIMIANO, 2000, p.392) Para Serra (2003, p. 4), “A palavra estratégia, em grego antigo, significa a qualidade e a habilidade do general; ou seja, a capacidade de o comandante organizar e levar a cabo as campanhas militares”. Desse conceito tem origem a palavra estratégia, que nos dicionários têm vários significados e estão muitas vezes relacionadas às situações políticas, guerras ou jogos. Em geral, a estratégia está ligada a um ou mais competidores disputando um mesmo objetivo em comum. 2.3.1 Conceito de estratégia Para Oliveira (2003, p. 25) “[...] As estratégias estão relacionadas à ligação da empresa com o seu ambiente”. Atualmente as empresas visam o crescimento do negócio, a satisfação dos clientes, como vencer a concorrência dos rivais e alcançar os objetivos estratégicos e financeiros. Para buscar a liderança do mercado muitas empresas buscam custos baixos, a diferenciação da combinação de atributos do produto/serviço e o atendimento às necessidades especializadas de segmentos restritos de compradores. 34 A estratégia é uma ferramenta muito poderosa que oferece condições de mudança em relação ao seu cenário atual. Assim, as definições estratégicas demandam informações, criatividade e planejamento. O conceito da estratégia é fugaz e muito abstrato. Não é produzida nenhuma ação proveitosa imediata na empresa por sua formulação. “Acima de tudo, é um processo dispendioso, tanto em termos de dinheiro quanto do tempo dos administradores”. (ANSOFF; DONELL, 2003, p. 71) A realização do objetivo significa anular ou frustrar o objetivo do concorrente para que as empresas que estão aplicando a sua estratégia maximizem os resultados da interação estabelecida. A finalidade das estratégias estabelece os cursos, caminhos, programas de ação que devem ser seguidos para serem alcançados os objetivos e desafios estabelecidos. As estratégias podem ser classificadas quanto à sua amplitude, concentração, qualidade dos resultados, fronteira, recursos aplicados, enfoque. A estratégia não é o único fator determinante para o sucesso ou o fracasso de uma empresa. Deve-se considerar, com igual importância, o objetivo que se deseja alcançar e como se pode chegar a essa situação desejada. Para determinar aonde a empresa quer chegar é necessário expressar o que espera fazer com relação ao seu ambiente. (OLIVEIRA, 2003) Atualmente, muitas empresas de sucesso não estão conscientes das estratégias que sustentaram seu sucesso. Em principio elas atingem um sucesso inicial, sem conscientização de suas causas; é muito mais difícil continuar bem, sem a apreciação correta do significado de suas estratégias básicas. (OLIVEIRA, 2003) Segundo Serra (2003), um dos aspectos mais importantes no processo estratégico é aescolha da estratégia; normalmente, a que representa uma melhor relação da empresa com o ambiente. Deve-se analisar os costumes, hábitos e maneiras de fazer as coisas para que seja estabelecido o planejamento em que irá pensar. Neste ponto deve-se analisar “o porquê” uma estratégia foi definida de determinada forma. Depois de todas as análises e estudos necessários para o estabelecimento de uma estratégia, existe um ponto em que a alta administração 35 decidirá qual estratégia deverá ser implementada. (OLIVEIRA, 2003) As estratégias dependem da experiência e da cultura organizacional. Surgem da missão e visão de uma organização. A partir do somatório dessas ações, é que teremos um resultado positivo para dar suporte e consistência à estratégia. (ANSOFF; DONELL, 2003) Segundo Ansoff e Donell (2003), a administração Estratégica é cada vez mais essencial e tem um enfoque sistemático, posicionando e relacionando a empresa a seu ambiente, de modo que garanta sucesso e coloque-a a salvo de eventuais surpresas que surgirem nas organizações. No contexto organizacional as estratégias dependem da determinação do ambiente onde a empresa busca desenvolver e ajustar uma vantagem competitiva para que os objetivos possam ser alcançados, e essa vantagem é conquistada quando a organização consegue criar um valor superior para seus consumidores em relação ao de seus concorrentes. (OLIVEIRA, 2003) Para Porter (2005, p. 23), ”A vantagem competitiva descreve o modo como a empresa pode implementar uma estratégia genérica a fim que a mesma possa ser obtida e sustentada.” A estratégia empresarial é a ação básica estruturada e desenvolvida pela empresa para alcançar de forma adequada e , preferencialmente, diferenciada os objetivos idealizados para o futuro, no melhor posicionamento da empresa perante seu ambiente. (OLIVEIRA, 2003, p.30) 2.3.2 Formulação de estratégia A formulação da estratégia não pode ser iniciada até que os administradores responsáveis pela sua moldagem entendam o contexto em que suas estratégias vão aplicar-se. Nesta fase, verifica-se a análise do ambiente e se a empresa está caminhando para a situação desejada. Este controle é definido na análise de questões críticas como saber onde a organização está, para onde ela está indo e o que provavelmente encontrará ao longo do caminho. Segundo Certo e Peter (2003), a estratégia é composta em três níveis distintos: nível organizacional, do negócio e funcional. 36 As estratégias organizacionais são definidas pela alta administração, para garantir que a empresa atinja seus objetivos gerais. E nesta estratégia as organizações devem concentrar-se em uma única linha de negócio, procurar estabilidade, oportunidades de crescimento e sobrevivência organizacional. As estratégias de negócio contribuem de forma efetiva com a companhia da qual é subsidiária. As estratégias funcionais são projetadas para as diversas áreas funcionais, tais como finanças, marketing e recursos humanos. As decisões estratégias em todos os níveis estão sujeitas a limitações, incluindo disponibilidade de recursos financeiros, a atitude da empresa frente a riscos, o seu relacionamento com fornecedores, distribuidores e as respostas dos seus concorrentes frente as suas ações. É importante também a empresa avaliar cada estratégia proposta, levando-se em conta o provável efeito sobre os lucros, receitas e custos da empresa. (CERTO; PETER, 2003) 2.4 GESTÃO ESTRATÉGICA - CONCEITO Para Hunger (2002, p. 04): Gestão estratégica é o conjunto de decisões e ações estratégicas que determinam o desempenho de uma corporação a longo prazo. Esse tipo de gestão inclui análise profunda dos ambientes interno e externo, formulação da estratégia (planejamento estratégico ou de longo prazo), implementação estratégica, avaliação e controle. Oliveira (2003, p.36), trata da gestão estratégica de forma mais detalhada: [...] verifica-se que a administração estratégica se constitui de cinco grandes itens interdependentes e interagentes com abordagem sistêmica e com unidade de tratamento, bem como desempenhando determinadas funções visando a um objetivo maior para a empresa. Os cinco itens apontados por Oliveira (2003) são: Planejamento estratégico - metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela empresa, visando maior grau de interação com o ambiente. Organização estratégica – otimização da alocação dos recursos da empresa para interagir com as realidades e cenários ambientais. Direção estratégica - supervisão dos recursos alocados com a otimização do processo decisório, de forma interativa com os fatores ambientais e com alavancagem das relações interpessoais. Controle estratégico - 37 acompanhamento e avaliação em tempo real dos resultados do planejamento estratégico. Desenvolvimento estratégico - mudança planejada com engajamento e adequação da cultura organizacional resultante do processo de delineamento e implementação das questões estratégicas da empresa. As diferenças entre gestão estratégica e gestão operacional de acordo com Oliveira (2003) consistem resumidamente em: gestão estratégica – voltada para o ambiente externo, com uma visão ampla de seus produtos e serviços, vendo-os na perspectiva de benefícios, de fins a que se propõem com olhos para o amanhã; e gestão operacional – voltada para a operação, para o ambiente interno, com uma visão restrita de produtos, considerando-o apenas material e objetivamente, com o olhar no hoje. Eis alguns exemplos: a Editora Abril, numa visão operacional, seria uma empresa de publicações, já numa perspectiva estratégica, uma empresa de informação cultura e entretenimento ou, ainda, a multinacional Xerox, onde, respectivamente, considera-se uma empresa de copiadoras e de automação de informação, ampliando assim suas possibilidades de atuação no mercado. 2.4.1 Gestão estratégica: um diferencial Século XXI, era da informação, dados percorrendo o mundo em questão de segundos, ambiente competitivo em escala mundial. Estamos vivendo sob a regência da globalização, que nas palavras de Cavalcanti (2001, p. 73) “[...] significa gerar seus produtos e/ou serviços no local onde se produza a maior quantidade, com a melhor qualidade e ao menor custo possível do planeta e oferecê-lo no local onde se venda a maior quantidade com o maior lucro possível do planeta”. Fenômeno que se alastrou carregado pelos ventos da tecnologia, mas que não é unanimidade, principalmente entre integrantes de movimentos sociais de caráter socialista, que preveem dificuldades pela desigualdade de estrutura entre os países do globo. Visão compartilhada por Cavalcanti (2001), que destaca o caráter ambivalente desse movimento onde é apontando pela maioria dos economistas como uma fonte geradora de oportunidades, mas que se caracteriza como malefícios para a grande parte dos consumidores de economias emergentes. 38 De qualquer forma, a globalização ou mundialização é uma realidade, onde as empresas que tiverem melhor estrutura interna e que estiverem mais vigilantes em relação ao mercado, obtendo melhores informações, conseguirão estabelecer uma vantagem que pode ser vital para o negócio. No Brasil, esse processo foi marcado pelo beneficiamento de grandes empresas multinacionais, num fenômeno de entrada de capital estrangeiro em busca de um novo e enorme mercado. (COELHO, 2005) A realidade é que estamos frente a uma realidade assustadora, onde 75% das empresas de micro e pequeno porte não resistem aos primeiros cinco anos de vida (JORNAL O GLOBO, 2003). Claro que muitos fatores são responsáveis por estes insucessos, mas não podemos encarar como mera fatalidade ou falta de sorte dos empreendedores. Existem fatores mensuráveis, em nível administrativo e mercadológico, que podem ser trabalhados a fim que se tenha uma estruturação mais sólida em termos de negócio,que garantam maior expectativa de vida. Essa crença faz com que instituições como o Sebrae4, um serviço social autônomo, presente em todas as Unidades da Federação, constituído na maior rede de atendimento às micro e pequenas empresas da América Latina, atue com o objetivo de melhorar a competitividade, a produtividade e a qualidade dessas empresas. Outra linha de atuação são programas televisivos, como o “Pequenas Empresas, Grandes Negócios”, transmitido pela Rede Globo de Televisão, especializado em reportagens sobre ações que pequenos empresários podem seguir para garantir a sobrevivência no mercado. O Jornal “O Globo”, em sua seção “Boa Chance” do dia 10/08/2003, destaca a reportagem, “Pensar em estratégias ajuda a pequena empresa a crescer”, onde nas palavras do jornalista e depoimentos de empresários são destacadas as empresas que além de sobreviverem, conseguem se destacar e atribuem boa parte desse sucesso ao planejamento, visão estratégica, atenção ao cliente e agilidade na tomada de decisão. Palavras que podem parecer soltas no ar, mas que fazem parte da teoria de gestão estratégica que Costa (2002) define como uma disciplina que possui raízes nas estratégias militares e que ao longo das últimas cinco décadas vêm se 4 Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas 39 desenvolvendo e expandindo ao redor do mundo, tendo por objetivo conseguir através de análises, proposições e ações, maximizar o desenvolvimento das empresas, assegurar o crescimento, a continuidade e a sobrevivência da entidade a longo prazo. Muitas definições são dadas ao termo gestão estratégica. Para Oliveira (2003, p.28): É uma administração do futuro que, de forma estruturada, sistêmica e intuitiva, consolida um conjunto de princípios, normas e funções para alavancar harmoniosamente o processo de planejamento da situação futura desejada na empresa como um todo e seu posterior controle perante os fatores ambientais, bem como a organização e direção de recursos empresariais de forma otimizada com a realidade ambiental, com a maximização das relações interpessoais. Pelo caráter prático e pela diversidade de culturas nacionais e empresariais, existem ainda inúmeras variáveis em relação às visões do planejamento estratégico e da gestão estratégica , que perpassam autores consagrados como Ansoff; Donell (2003) Certo; Porter (2003) e Mintzberg (2001). Para Cavalcanti (2001) a idéia de planejamento estratégico surgiu no auge da expansão e diversificação dos negócios na década de 60 do século XX. Passados estes anos, muitos executivos acreditam que o planejamento estratégico seja teórico demais, ou mesmo superficial, confuso, pouco aplicável. Com isso, vemos que relacionar gestão estratégica a sucesso empresarial também não é unanimidade, como nos retrata Ansoff; Donell (2003, p.96) “[...] estratégia é um conceito fugaz e um tanto abstrato. Sua formulação tipicamente não produz qualquer ação produtiva concreta imediata na empresa”, e pergunta “[...] um conceito abstrato, como o da estratégia, é uma contribuição útil para o desempenho da empresa?”, considerando-se a administração como uma atividade pragmática e voltada para resultados. Nesse processo, o controle interno atua no sentido de gerenciar o sistema de informação sobre variáveis ambientais, prever o impacto de variáveis econômicas sobre a organização e, considerando as previsões definidas pelos gestores durante o processo de planejamento, estruturar o cenário econômico sobre o qual a estratégia será construída. 40 É também função do controle interno, participar da validação das diretrizes estratégicas, registrá-las e monitorar constantemente o ambiente a fim de perceber eventuais mudanças nas variáveis que ensejariam uma reformulação do plano estratégico. A partir das diretrizes estabelecidas no plano estratégico, inicia-se o processo de planejamento operacional, quando cada área da organização detalha e quantifica as suas ações futuras, procurando otimizar os resultados da empresa no curto, médio e longo prazo. 2.5 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO O aprofundamento no tema planejamento estratégico nos leva por diferentes pontos de vista, desde os mais burocráticos e regido por passos previamente delineados até aqueles onde os procedimentos estão abaixo da criatividade em criar estratégias realmente diferenciadas. Na década de 70, o Planejamento estratégico formalizou-se; o modelo básico era o swot5 e consagraria o que Mintzberg chamaria, posteriormente de escola do design, na verdade impondo uma camisa-de-força ao planejamento, constituindo-o de uma série de etapas, com estágios seqüenciais formados de uma cadeia de subestratégias. (CAVALCANTI, 2001) Santos (2002) define como primeira referência ao planejamento estratégico, entre outras coisas, as seguintes: é o processo pelo qual tentamos aumentar a probabilidade dos resultados futuros desejados, além e acima da probabilidade deles acontecerem ao acaso; é o processo pelo qual se define um futuro desejado e a forma de alcançá-lo; é a materialização dos bons ideais dos administradores; não é apenas algo desejável ou um refinamento da prática de gestão, mas também instrumento necessário para a empresa que quer assegurar-se de atingir os resultados que espera no futuro. Wilson (1998 apud CAVALCANTI, 2001, p. 136) resume em sete pecados capitais do planejamento estratégico clássico: 5 A Análise SWOT é uma ferramenta utilizada para fazer análise de cenário (ou análise de ambiente), sendo usado como base para gestão e planejamento estratégico de uma empresa. 41 I - A assessoria resumiu o Planejamento e afastou os executivos; II - Os livros de Planejamento ficaram mais grossos, o impresso mais sofisticado, as capas mais duras, os desenhos melhores, mas as necessidades criativas estratégicas não estavam lá; III - Incapacidade de integrar estratégia concebida e a operação de exercício da estratégia; IV - O planejamento passou a se concentrar em aquisições e fusões, em detrimento do negócio básico; V - Adoção de estratégias por omissão e não por opção, por causa de falhas na discussão de diferentes alternativas estratégicas; VI - O planejamento estratégico ignorou a cultura organizacional e os requisitos internos; VII - O planejamento baseado em cenários tornou-se a exceção e não a regra. Nos anos 80, Mintzberg admitira ser a estratégia descontínua e artesanal, enfim, uma arte que ultrapassa o formalismo que lhe fora imposto na década de 70 e que a velocidade da mudança obriga os gestores a encarar uma dura realidade: é cada vez mais difícil (senão impossível) prever ocorrências no meio envolvente a longo prazo. (CAVALCANTI, 2001) Cada empresa possui uma estratégia competitiva, seja ela explicita ou implícita. Esta estratégia tanto pode ser desenvolvida explicitamente por meio de um processo de planejamento como ter um evoluído implicitamente através das atividades dos vários departamentos funcionais da empresa. Dispondo apenas de seus próprios meios, cada departamento funcional inevitavelmente buscará métodos ditados pela sua orientação profissional e pelos incentivos daqueles encarregados. No entanto, a soma destes métodos departamental raramente equivale à melhor estratégia. A relevância dada, atualmente, ao planejamento estratégico nas organizações reflete a proposição de que terão significativos benefícios a serem alcançados com um processo explicito de formulação de estratégia, garantindo que no mínimo as políticas (se não as ações) dos setores funcionais sejam coordenadas e dirigidas apontando a um conjunto comum de metas. A maior atenção ao planejamento estratégico formal levantou uma questão que há muito inquietava os administradores: o que vem dirigindo a concorrência em minha empresa ou nas empresas
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