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2020_ROTEIRO_FILOSOFIA 2SERIE_EPICURISMO_ESTOICISMO

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INSTITUTO GAYLUSSAC 
2º SÉRIE DO E.M. / 2020
FILOSOFIA
Prof. FREDERICO MARTUCCI
ROTEIRO DE ESTUDO 01/FILOSOFIA 1º TRIMESTRE
SEMANAS DE ‘16 a 20’ e ‘23 a 27’ de março de 2020
INSTRUÇÕES:
1º - Após visitarmos nesta primeira etapa a filosofia do ‘cálculo do prazer’ de Epicuro, abordaremos agora a filosofia estoica. Mas antes, vocês devem fazer um resumo em forma de redação acerca da filosofia epicurista (uma apresentação da filosofia epicurista). Retornem ao livro didático (Cap. 2 / pág. 45), ao caderno e às suas anotações, e façam esse trabalho de organizar as informações em forma de texto.
Não esqueçam de rever com atenção o vídeo apresentado em sala sobre a filosofia de Epicuro. https://www.youtube.com/watch?v=KFYr2jvTm98
2º - Após a redação do texto sobre o epicurismo, resolvam as questões do ANEXO 1.
3º - Agora vocês devem ler com atenção o texto do ANEXO 2 – Material de Estudo.
4º - Faça um fichamento dos textos apresentados no item acima (Dica: destaquem com um marca-texto as principais ideias de cada parágrafo).
5º - Assistam ao vídeo indicado no youtube: 
https://www.youtube.com/watch?v=Z9GIXV1uows .
É um vídeo simples, mas deve ajuda-los a ter uma visão geral do estoicismo.
6º - Acessem também o tópico Estoicismo na Wikipédia, que está muito bom!
Link: https://pt.wikipedia.org/wiki/Estoicismo
7º - Após as 6 primeiras etapas, resolvam os exercícios do ANEXO 3.
ANEXO 1 – EXERCÍCIOS
01) “Lá fica a casa de Afrodite. Pois tudo que existe pode ser encontrado no Egito: riquezas, esportes, poder, clima agradável, glória, espetáculos, filósofos, joias de ouro, belos jovens, templo dos deuses irmão e irmã, excelente rei, museu, vinho, todos os prazeres que desejais, mulheres em tão grande número que [...] o céu não pode se vangloriar de um igual número de estrelas: e são as mulheres tão bonitas quanto as deusas que, no passado, pediram a Páris para julgar quem era a mais bela.”
Herondas, Mimo I, A alcoviteira, v. 26-35. In: SALLES, Catherine. Nos submundos da Antiguidade. São Paulo: Brasiliense, 1982. p. 42.
O texto acima é um dos mimos de Herondas, comédias que retratavam com detalhes a vida urbana, e refere-se à cidade de Alexandria no Egito. Há uma clara referência à mescla cultural entre o Ocidente e o Oriente, ao mostrar a presença da cultura grega em uma cidade localizada no Egito.
O texto apresenta os elementos que caracterizaram na Grécia Antiga o período conhecido como:
a) Homérico.
b) Clássico.
c) Minoico.
d) Helenístico.
e) Arcaico
02) (Enem 2014) Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não satisfeitos não são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou parecem geradores de dano.
EPICURO DE SAMOS. “Doutrinas principais”. In: SANSON, V. F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim
a) defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber.
b) valorizar os deveres e as obrigações sociais.
c) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação.
d) refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade.
e) alcançar o prazer moderado e a felicidade.
03) O Butão é um país asiático localizado entre a China e a Índia, no alto das montanhas do Himalaia. Em 1972, seu monarca introduziu o termo “Felicidade Interna Bruta” (FIB), como um índice alternativo para medir o desenvolvimento do país e a qualidade de vida da população, em oposição ao índice mais usado para medir o desenvolvimento, o “Produto Interno Bruto” (PIB). Desde então a FIB passou a ganhar foco nos debates políticos sobre a avaliação do desenvolvimento social de uma população.
A respeito desse índice, é correto dizer que:
a) o índice FIB não passa de uma estratégia de países muito pobres para mascarar seu subdesenvolvimento, e portanto não merece consideração séria.
b) um povo com FIB muito alto não terá um PIB muito alto, pois o dinheiro traz inevitavelmente a infelicidade.
c) Esta preocupação não passa pelos países com PIB muito alto, uma vez que o elevado padrão de renda garante por si só um alto índice de felicidade.
d) O índice FIB aponta para um questionamento acerca da primazia dos atributos econômicos para a avaliação da qualidade de vida de uma população.
e) Devido a aspectos da religião do Butão, predominantemente budista, seu povo não pode acumular riquezas, por isso utiliza o FIB, que só teria sentido nesses casos.
04) A fotografia a seguir mostra a obra Campbell’s Soup Can (1968), do artista plástico americano descendente de eslovacos Andy Warhol (1928-1987). Inusitado à primeira vista, o motivo do quadro pintado pelo artista está relacionado:
a) a uma reflexão e representação dos valores da sociedade de consumo e da publicidade.
b) Ao questionamento sobre os hábitos alimentares norte-americanos, estranhos para um artista de origem polonesa.
c) A preceitos de um tipo neorrealista de arte, interessada em reproduzir fielmente objetos do cotidiano.
d) Em verdade se trata de um esboço para treinamento do artista, que foi divulgado como crítica à arte formal.
e) A um estilo artístico que valoriza o que antes era detalhe, em quadros maiores.
05) Filosofia
 
O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia.
 
Assinale a sentença do filósofo grego Epicuro cujo significado é o mais próximo da letra da canção “Filosofia”, composta em 1933 por Noel Rosa, em parceria com André Filho.
a) É verdadeiro tanto o que vemos com os olhos como aquilo que apreendemos pela intuição mental.
b) Para sermos felizes, o essencial é o que se passa em nosso interior, pois é deste que nós somos donos.
c) Para se explicar os fenômenos naturais, não se deve recorrer nunca à divindade, mas se deve deixá-la livre de todo encargo, em sua completa felicidade.
d) As leis existem para os sábios, não para impedir que cometam injustiças, mas para impedir que as sofram.
e) A natureza é a mesma para todos os seres, por isso ela não fez os seres humanos nobres ou ignóbeis, e, sim suas ações e intenções.
06) Leia o trecho da Carta à Meneceu, de Epicuro:
“Nenhum jovem deve demorar a filosofar, e nenhum velho deve parar de filosofar, pois nunca é cedo demais nem tarde demais para a saúde da alma. Afirmar que a hora de filosofar ainda não chegou ou já passou é a mesma coisa que dizer que a hora de ser feliz ainda não chegou ou já passou; devemos, portanto, filosofar na juventude e na velhice, para que enquanto envelhecemos, continuemos a ser jovens nas boas coisas, mediante a agradável recordação do passado, e para que ainda jovens, sejamos ao mesmo tempo velhos, graças ao destemor diante do porvir. Devemos então meditar sobre tudo…” 
(Epicuro; Carta de Epicuro à Meneceu) 
Para Epicuro, como se expressa na Carta à Meneceu, o objetivo da filosofia é:
a) O gozo imoderado dos prazeres mundanos.
b) A felicidade do homem.
c) A virtude (areté) própria do homem.
d) Estabelecer, refutar e defender argumentos nas assembléias.
e) A parcialidade diante das decisões tomadas pelos homens.
07) A economia verde contém os seguintes princípios para o consumo ético de produtos: a matéria-prima dos produtos deve ser proveniente de fontes limpas e não deve haver desperdício dos produtos. O Estado, entretanto, não impõe, até o presente momento, sanções àqueles cidadãos que não seguem esses princípios.
Considere as seguintes afirmações:
I. Essesprincípios são juízos de fato.
II. Esses princípios são, atualmente, uma questão de moralidade, mas não de legalidade.
III. A ética epicurista, a exemplo da economia verde, propõe uma vida mais moderada.
Está(ão) correta(s)
a) apenas I.
b) apenas I e
c) apenas III.
d) apenas II e III.
e) I, II e III.
08) “A quem não basta pouco, nada basta.”
EPICURO. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1985. 
Remanescente do período helenístico, a máxima apresentada valoriza a seguinte virtude: 
 
a) Temperança, marcada pelo domínio da vontade.
b) Justiça, interpretada como retidão de caráter. 
c) Prudência, caracterizada pelo correto uso da razão.
d) Coragem, definida como fortitude na dificuldade. 
e) Esperança, tida como confiança no porvir.
09) Julgue as afirmações sobre a filosofia helenista.
I. É o último período da filosofia antiga, quando a polis grega desaparece em razão de invasões sucessivas, por persas e romanos, sendo substituída pela cosmopolis, categoria de referência que altera a percepção de mundo do grego, principalmente no tocante à dimensão política.
II. É um período constituído por grandes sistemas e doutrinas que apresentam explicações totalizantes da natureza, do homem, concentrando suas especulações no campo da filosofia prática, principalmente da ética.
III. Surgem nesse período a filosofia estoica, o epicurismo, o ceticismo e o neoplatonismo.
Estão corretas as afirmativas: 
a) Todas elas. 
b) Apenas I e II. 
c) Apenas III. 
d) Apenas II e III. 
e) Apenas I. 
10) Quais sõa para Epicuro, os três principais ingredientes para a nossa felicidade?
a) Dinheiro, auto-reflexão e honras.
b) Fama, sucesso e reconhecimento.
c) Amigos, liberdade e títulos.
d)Liberdade, dinheiro e reconhecimento.
e) Amigos, liberdade e auto-reflexão
ANEXO 2 – MATERIAL DE ESTUDO
1.1 - O Estoicismo 
A escola estoica foi fundada em Atenas em 300 a.C. por Zenão de Cítio (344-262 a.C.), um pensador de origem fenícia que havia se fixado em Atenas e provavelmente frequentado a Academia. O termo “estoicismo” é derivado da stoa poikilé, ou “pórtico pintado”, local em Atenas onde os membros da escola se reuniam. A doutrina estoica antiga foi desenvolvida e elaborada pelos discípulos e sucessores de Zenão, Cleantes (330-232 a.C.) e Crisipo (280-206 a.C.). 
O estoicismo concebe a filosofia de forma sistemática e composta de três partes fundamentais: a física, a lógica e a ética, cuja relação é explicada através da metáfora da árvore. A física corresponderia à raiz, a lógica ao tronco e a ética aos frutos. Portanto, a parte mais relevante é a ética: são os frutos que podemos colher da árvore do saber, porém não podemos tê-los sem as raízes e o tronco. 
Essa concepção reflete-se na estreita relação que o estoicismo vê entre a física e a ética. O homem é um microcosmo no macrocosmo, ou seja, é parte do universo, da natureza. Para ter uma conduta ética que assegure sua felicidade, suas ações devem estar de acordo com os princípios naturais, com a harmonia do cosmo, que dá equilíbrio a todo o universo, inclusive ao homem. A boa ação, de um ponto de vista ético, é portanto uma ação de acordo com a natureza. São três as virtudes básicas para os estoicos: a inteligência, que consiste no conhecimento do bem e do mal; a coragem, ou o conhecimento do que temer e do que não temer; e a justiça, o conhecimento que nos permite dar a cada um o que lhe é devido. 
Em virtude da concepção de natureza pressuposta pela ética estoica, temos na verdade um forte determinismo ético, chegando mesmo a caracterizar um fatalismo. A noção de necessidade, ou destino (heimarmené), é muito forte no estoicismo; o homem deve resignar-se a aceitar os acontecimentos como predeterminados. Isso não se traduz pela inação; devemos agir de acordo com os preceitos éticos e fazer o que julgamos devido, mas devemos também aceitar as consequências de nossa ação e o curso inevitável dos acontecimentos. Segundo um exemplo famoso, se vejo alguém se afogando, devo tentar salvá-lo mas, se não o conseguir, não devo desesperar-me, pois era inevitável. O destino, no entanto, não é cego e arbitrário, mas reflete a racionalidade do real, a qual devo aceitar mesmo que não entenda. Para o estoicismo, a felicidade (eudaimonia) consiste na tranquilidade (ataraxia), ou ausência de perturbação. Alcançamos esse estado através do autocontrole, da contenção e da austeridade, aceitando o curso dos acontecimentos. Porém, só o sábio perfeito é capaz disso, e tal perfeição é dificílima de se atingir, embora devamos almejá-la e buscá-la. 
Crisipo, cuja obra não chegou até nós, foi importante sobretudo por sua contri- buição à lógica. Ele desenvolveu uma lógica proposicional, alternativa à aristotélica, que teve grande influência na Antiguidade, rivalizando com a de Aristóteles. A ló- gica estoica baseia-se em inferências, ou esquemas inferenciais, entre proposições; p.ex., “Se a rua ficar molhada, choveu. A rua está molhada, logo, choveu”. A lógica aristotélica, como vimos acima (I. 5), tinha como ponto de partida a predicação, e a relação entre termos na proposição, que tornava possível no silogismo obter-se a conclusão a partir das premissas. 
Com Panécio (180-110 a.C.) e Posidônio (135-51 a.C.) o estoicismo toma um rumo eclético, aproximando-se de certas doutrinas do platonismo e do aristotelismo, uma tendência característica do helenismo. Essa fase tornou-se conhecida como “médio estoicismo”. 
A partir do séc. I o núcleo do estoicismo desloca-se para Roma, dando origem ao assim chamado “novo estoicismo”, ou “estoicismo imperial”, cujos principais representantes foram Sêneca (4 a.C-65 d.C.), o mais importante filósofo desse período, Epitecto (60-138) e Marco Aurélio (121-180), imperador romano após 161. O estoicismo latino se caracteriza pela ênfase na filosofia prática e em uma concepção humanística, valorizando a indiferença (apatheia) e o autocontrole. 
Após esse período o estoicismo entra em decadência, não surgindo mais repre- sentantes significativos. Em virtude de sua tendência eclética, o estoicismo passa a se confundir em parte com o platonismo, embora a ética estoica tenha tido grande influência no desenvolvimento do cristianismo, dado seu caráter determinista e sua valorização do autocontrole, da submissão, e da austeridade. 
1.2 - O Ceticismo e a Tradição Cética 
“Ceticismo” é um desses termos filosóficos que se incorporaram à linguagem comum e que, portanto, todos julgamos saber o que significa. Ao examinarmos a tradição cética vemos, no entanto, que não há um ceticismo, mas várias concepções diferentes. Mesmo o que podemos considerar a “tradição cética” não se constituiu linearmente a partir de um momento inaugural ou da figura de um grande mestre, tratando-se muito mais de uma tradição reconstruída. São algumas das características centrais da formação dessa tradição – seu sentido, suas rupturas internas e suas ramificações – que examinaremos em seguida. 
Um bom ponto de partida para se tentar distinguir os vários sentidos de “ceticismo” é um texto de Sexto Empírico, nossa principal fonte de conhecimento do ceticismo antigo. Em suas Hipotiposes pirrônicas, logo no capítulo de abertura (I. 1), é dito que: 
O resultado natural de qualquer investigação é que aquele que investiga ou bem encontra o objeto de sua busca, ou bem nega que seja encontrável e confessa ser ele inapreensível, ou ainda, persiste na sua busca. O mesmo ocorre com os objetos investigados pela filosofia, e é provavelmente por isso que alguns afirmaram ter descoberto a verdade, outros, que a verdade não pode ser apreendida, enquanto outros continuam buscando. Aqueles que afirmam ter descoberto a verdade são os “dogmáticos”; assim são chamados especialmente, Aristóteles, por exemplo, Epicuro, os estoicos e alguns outros. Clitômaco, Carnéades e outros acadêmicos consideram a verdade inapreensível, e os céticos continuam buscando. Portanto, parece razoável sustentar que há três tipos de filosofia: a dogmática, a acadêmica e a cética. 
Portanto, segundo a interpretação de Sexto,há uma diferença fundamental entre a Academia de Clitômaco e de Carnéades, e o ceticismo. Enquanto os acadêmicos afirmam ser impossível encontrar a verdade, os céticos, por assim dizer “autênticos”, seguem buscando. Aliás, o termo skepsis significa literalmente “investigação”, “inda- gação”. Ou seja, a afirmação de que a verdade seria inapreensível já não caracterizaria mais uma posição cética, e sim uma forma de dogmatismo negativo. A posição cética, ao contrário, caracterizar-se-ia pela suspensão de juízo (époche) quanto à possibilidade ou não de algo ser verdadeiro ou falso. É nisso que consiste o ceticismo efético, ou suspensivo, que Sexto considera o único a merecer o nome de “ceticismo”, e que seria proveniente da filosofia de Pirro de Élis. Daí a reivindicação de equivalência entre ceticismo e pirronismo. Sexto relata que os céticos denominavam-se pirrônicos porque Pirro “parece ter se dedicado ao ceticismo de forma mais completa e explícita que seus predecessores”. 
Embora Pirro de Élis seja considerado o fundador do ceticismo antigo, é possível apontar outros precursores do ceticismo, ou representantes de uma forma de “protoceticismo”, tais como Demócrito de Abdera e os atomistas posteriores como Metrodoro (séc. IV a.C.), mestre do próprio Pirro; os mobilistas discípulos de Heráclito, como Crátilo; e os sofistas, sobretudo um defensor do relativismo como Protágoras. 
No entanto, é de fato Pirro que é identificado como o iniciador do ceticismo. Co- nhecemos sua filosofia apenas através de seu discípulo Tímon, de quem subsistiram alguns fragmentos, já que o próprio Pirro jamais teria escrito uma obra filosófica. Pirro pertence assim àquela linhagem de filósofos, entre eles Sócrates, para quem a filosofia não é uma doutrina, uma teoria, ou um saber sistemático, mas principalmen- te uma prática, uma atitude, um modus vivendi. Tímon relata as respostas dadas por Pirro a três questões fundamentais: 1) Qual a natureza das coisas? Nem os sentidos nem a razão nos permitem conhecer as coisas tais como são, e todas as tentativas resultam em fracasso. 2) Como devemos agir em relação à realidade que nos cerca? Mais exatamente: porque não podemos conhecer a natureza das coisas, devemos evitar assumir posições acerca disto. 3) Quais as consequências dessa nossa atitude? O distanciamento que mantemos leva-nos à tranquilidade. O ceticismo comparti- lha com as principais escolas do helenismo – o estoicismo e o epicurismo – uma preocupação essencialmente ética, ou prática. É dessa forma que devemos entender o objetivo primordial da filosofia de Pirro: atingir a ataraxia (imperturbabilidade), alcançando assim a felicidade (eudaimonia). 
Segundo uma tradição mencionada por Diógenes Laércio, Pirro e seu mestre Anaxarco de Abdera teriam acompanhado os exércitos de Alexandre até a Índia. Nesse período teriam entrado em contato com os gimnosofistas (os “sábios nus”, pos- sivelmente faquires e mestres iogues), que os teriam influenciado sobretudo quanto 
Os céticos levantavam uma dúvida sobre a possibilidade de se adotar um critério de verdade imune ao questionamento, enquanto que os estoicos mantinham a noção de phantasia kataleptiké (termo de difícil tradução, podendo talvez ser entendido como “apreensão cognitiva”) como base de sua teoria do conhecimento. 
A noção de époche (suspensão do juízo) é tradicionalmente considerada como central à estratégia argumentativa cética. É discutível, no entanto, se esta noção encontra-se já em Pirro. O mais provável é que não. Temos em Pirro as noções de apraxia (inação), aphasia (ausência de discurso), apathia (ausência de sensações), que levariam à ataraxia, mas aparentemente não temos ainda a époche propriamente dita. De fato, a noção de époche parece ser de origem estoica, ou pelo menos era usada correntemente pelos estoicos. É parte da doutrina estoica, já encontrada em Zenão, que o sábio autêntico deve suspender o juízo em relação àquilo que é inapreensível, evitando assim fazer afirmações falsas. Em sua polêmica com os estoicos e, sobretu- do, em seu questionamento dos critérios epistemológicos do estoicismo, Arcesilau sustenta que dada a ausência de um critério decisivo devemos na realidade suspender o juízo a respeito de tudo. Diante de paradoxos como o do sorites e o da pilha de sal,9 Crisipo teria se recolhido ao silêncio, e este silêncio é entendido como époche, suspensão, ausência de resposta, impossibilidade de afirmar ou negar. Se, segundo os estoicos, o sábio deve suspender o juízo acerca do inapreensível, então, conclui Arcesilau, deve suspender o juízo acerca de qualquer pretensão ao conhecimento, uma vez que nenhuma satisfará o critério de validade. Assim, Arcesilau estende e generaliza a noção estoica de suspensão, adotando-a como característica central e definidora da atitude cética. 
O ceticismo se caracterizaria, portanto, como um procedimento segundo o qual os filósofos em sua busca da verdade se defrontariam com uma variedade de posições teóricas (o dogmatismo). Essas posições encontram-se em conflito (diaphonia), uma vez que são mutuamente excludentes, cada uma se pretendendo a única válida. Dada a ausência de critério para a decisão sobre qual a melhor dessas teorias, já que os critérios dependem eles próprios das teorias, todas se encontram no mesmo plano, dando-se assim a isosthenia, ou equipolência. Diante da impossibilidade de decidir, o cético suspende o juízo e, ao fazê-lo, descobre-se livre das inquietações. Sobrevém assim a tranquilidade almejada. Temos portanto o seguinte esquema, que parece ser um desenvolvimento das respostas de Pirro às três questões fundamentais da filosofia: 
zétesis (busca) → diaphonia → (conflito) → isosthenia (equipolência) → époche (suspensão) → ataraxia (tranquilidade). 
Entretanto, o problema prático permanece. Dada a ausência de critério para a decisão sobre a verdade ou não de uma proposição, como agir na vida concreta? A preocupação moral é fundamental para a filosofia do helenismo de modo geral, e o ceticismo compartilha essa preocupação com o estoicismo e o epicurismo. A filosofia deve nos dar uma orientação para a vida prática, que nos permita viver bem e alcançar a felicidade. É com tal propósito que Arcesilau recorre à noção de eulogon, o razoável. Já que não podemos ter certeza sobre nada, já que é impossível determinar um critério de verdade, resta-nos o “razoável” (Sexto Empírico, Contra os lógicos I, 158). 
Embora provavelmente a époche não se encontre ainda no ceticismo de Pirro, é em torno dessa noção que se dá a caracterização do ceticismo na tradição do helenismo. E é, em grande parte, a diferença de interpretação do papel e do alcance da époche que marcará a ruptura entre ceticismo acadêmico e ceticismo pirrônico. 
Com o advento do cristianismo e sua institucionalização como religião oficial do estado no Império Romano a partir do séc.IV, se dá o progressivo caso das filosofias pagãs, inclusive do ceticismo. Podemos supor assim que, com a hegemonia de um pensamento fortemente doutrinário como a filosofia cristã, não tenha havido espaço para o florescimento do ceticismo. Os argumentos céticos, e sobretudo a noção de diaphonia, foram, entretanto, usados com frequência por teólogos e filósofos cris- tãos como Eusébio (260-340) e Lactâncio (240–320), principalmente nesse período inicial, para mostrar como a filosofia dos pagãos era incerta, marcada pelo conflito e incapaz de alcançar a verdade. Em c.386 santo Agostinho escreveu seu diálogo Contra acadêmicos em que pretende refutar o ceticismo acadêmico. A influência de santo Agostinho no Ocidente em todo o período medieval explica em grande parte o desinteresse pelo ceticismo. Referências ao ceticismo antigo e discussões de questões céticas estão, salvo algumas exceções, ausentes da filosofia medieval. 
ANEXO 3 – EXERCÍCIOS
01) Jamais, a respeito de coisa alguma, digas: “Eu a perdi”, mas sim: “eu a restituí”. O filho morreu? Foi restituído. A mulher morreu? Foi restituída. “A propriedade me foi subtraída”, então também foi restituída. “Masquem a subtraiu é mau”. O que te importa por meio de quem aquele que te dá a pede de volta? Na medida em que ele der, faz uso do mesmo modo de quem cuida das coisas de outrem. Do mesmo modo como fazem os que se instalam em uma hospedaria.
EPICTETO. Encheirídion. In: DINUCCI, A. Introdução ao Manual de Epicteto. São Cristóvão: UFS, 2012 (adaptado).
A característica do estoicismo presente nessa citação do filósofo grego Epicteto é 
a) explicar o mundo com números. 
b) identificar a felicidade com o prazer. 
c) questionar o saber científico com veemência.
d) aceitar os sofrimentos com serenidade.
e) considerar as convenções sociais com desprezo. 
02) Leia o texto a seguir:
Mesmo quando se pretendeu a política, a filosofia sempre teve significado político. Filosofando, o homem chega a si mesmo e encontra razão para moldar e julgar politicamente sua associação com os outros homens.
(JASPERS, Karl. Introdução ao pensamento filosófico, São Paulo: Cultrix, 1999, p. 55. Adaptado)
O texto acima retrata, com clareza, a dimensão do saber filosófico no âmbito da política. Sobre esse assunto, assinale a alternativa CORRETA. 
a) No âmbito da política, a filosofia tem valor secundário no julgar politicamente. 
b) Julgar politicamente é declinar do filosofar no moldar a experiência coletiva. 
c) No julgar politicamente, a esfera do individual se sobrepõe ao valor da significância do coletivo.
d) A política e a filosofia dão ênfase ao espaço do individual em detrimento do coletivo. 
e) A filosofia e a política estão ligadas ao julgar e moldar a esfera dos assuntos públicos.
03) Nas suas Meditações, o filósofo estoico Marco Aurélio escreveu:
“Na vida de um homem, sua duração é um ponto, sua essência, um fluxo, seus sentidos, um turbilhão, todo o seu corpo, algo pronto a apodrecer, sua alma, inquietude, seu destino, obscuro, e sua fama, duvidosa. Em resumo, tudo o que é relativo ao corpo é como o fluxo de um rio, e, quanto á alma, sonhos e fluidos, a vida é uma luta, uma breve estadia numa terra estranha, e a reputação, esquecimento. O que pode, portanto, ter o poder de guiar nossos passos? Somente uma única coisa: a Filosofia. Ela consiste em abster-nos de contrariar e ofender o espírito divino que habita em nós, em transcender o prazer e a dor, não fazer nada sem propósito, evitar a falsidade e a dissimulação, não depender das ações dos outros, aceitar o que acontece, pois tudo provém de uma mesma fonte e, sobretudo, aguardar a morte com calma e resignação, pois ela nada mais é que a dissolução dos elementos pelos quais são formados todos os seres vivos. Se não há nada de terrível para esses elementos em sua contínua transformação, por que, então, temer as mudanças e a dissolução do todo?”
Considere as seguintes afirmativas sobre esse texto:
I. Marco Aurélio nos diz que a morte é um grande mal.
II. Segundo Marco Aurélio, devemos buscar a fama, a riqueza e o prazer.
III. Segundo Marco Aurélio, conseguindo fama, podemos transcender a finitude da vida humana.
IV. Para Marco Aurélio, a filosofia é valiosa porque nos permite compreender que a morte é parte de um processo da natureza e assim evita que nos angustiemos por ela.
V. Para Marco Aurélio, só a fé em Deus e em Cristo pode libertar o homem do temor da morte.
VI. Para Marco Aurélio, o homem participa de uma realidade divina.
Assinale a alternativa correta.
 
a) Somente as afirmativas I e V estão corretas. 
b) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. 
c) Somente as afirmativas IV e VI estão corretas. 
d) Todas as afirmativas estão corretas. 
e) Somente a afirmativa IV está correta. 
 
04) “O estoicismo concebe a filosofia de forma sistemática e composta de três partes fundamentais: ________________________________________, cuja a relação é explicada através da metáfora da árvore”
MARCONDES, D. Iniciação à História da Filosofia. Rio de Janeiro, Zahar, 2007.
Quais seriam, para os estoicos, as três partes fundamentais da filosofia que completariam o trecho acima?
a) A matemática, a retórica e a geometria.
b) A física, a lógica e a ética.
c) A ética, a matemática e a alquimia.
d) A física, a geometria e a retórica.
e) A ética, o sofismo e a geometria.
05) O destino, para os estoicos, é entendido como
a) Reflete a racionalidade do real.
b) Cego e irracional.
c) Arbitrário e intenso.
d) Reflete a irracionalidade do real.
e) algo de que devemos fugir, assim como Épido tentou fazer.
06) O período Helenístico inicia-se com a conquista macedônica das cidades-estados gregas. As correntes filosóficas desse período surgem como tentativas de remediar os sofrimentos da condição humana individual: o epicurismo ensinando que o prazer é o sentido da vida; o estoicismo instruindo a suportar com a mesma firmeza de caráter os acontecimentos bons ou maus; o ceticismo de Pirro orientando a suspender os julgamentos sobre os fenômenos. Sobre essas correntes filosóficas, leia as afirmações abaixo e marque a alternativa correta:
I – Os estoicos, acreditando na ideia de um cosmo harmonioso governado por uma razão universal, afirmaram que virtuoso e feliz é o homem que vive de acordo com a natureza e a razão.
II – Conforme a moral estoica, nossos juízos e paixões dependem de nós, e a importância das coisas provém da opinião que delas temos.
III – Para o epicurismo, a felicidade é o prazer, mas o verdadeiro prazer é aquele proporcionado pela ausência de sofrimentos do corpo e de perturbações da alma.
IV – Para Epicuro, não se deve temer a morte, porque nada é para nós enquanto vivemos e, quando ela nos sobrevém, somos nós que deixamos de ser.
V – O ceticismo de Pirro sustentou que, porque todas as opiniões são igualmente válidas e nossas sensações não são verdadeiras nem falsas, nada se deve afirmar com certeza absoluta, e da suspensão do juízo advém a paz e a tranquilidade.
a) Nenhuma afirmação está correta.
b) Somente as afirmações I, II e V estão corretas..
c) Somente as afirmações II, III e IV estão corretas.
d) Todas as afirmações estão corretas exceto a V.
e) Todas as afirmações estão corretas.
07) Em meados do século IV a.C., Alexandre Magno assumiu o trono da Macedônia e iniciou uma série de conquistas e, a partir daí, construiu um vasto império que incluía, entre outros territórios, a Grécia. Essa dominação só teve fim com o desenvolvimento de outro império, o romano. Esse período ficou conhecido como helenístico e representou uma transformação radical na cultura grega. Nessa época, um pensador nascido em Élis, chamado Pirro, defendia os fundamentos do ceticismo. Ele fundou uma escola filosófica que pregava a ideia de que: 
a) os princípios morais devem ser inferidos da natureza.
b) seria inadmissível permanecer na mera opinião. 
c) seria impossível conhecer a verdade. 
d) os princípios morais devem basear-se na busca pelo prazer.
e) os princípios morais são revelações divinas.
08) Julgue as afirmações sobre a filosofia helenista.
I. É o último período da filosofia antiga, quando a polis grega desaparece em razão de invasões sucessivas, por persas e romanos, sendo substituída pela cosmopolis, categoria de referência que altera a percepção de mundo do grego, principalmente no tocante à dimensão política.
II. É um período constituído por grandes sistemas e doutrinas que apresentam explicações totalizantes da natureza, do homem, concentrando suas especulações no campo da filosofia prática, principalmente da ética.
III. Surgem nesse período a filosofia estoica, o epicurismo e o ceticismo.
Estão corretas as afirmativas: 
a) Todas elas. 
b) Apenas I e II. 
c) Apenas III. 
d) Apenas II e III. 
e) Apenas I. 
ANEXO 4 – GABARITOS
EXERCÍCIOS (ANEXO 1)
1 – D
2 – E
3 – D
4 – A
5 – B
6 – B
7 – D
8 – A
9 – A
10 – E
EXERCÍCIOS (ANEXO 3)
1 – D
2 – E
3 – C
4 – B
5 – A
6 – E
7 – C
8 – A

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