Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ÂMNIO E FLUIDO AMNIÓTICO − O âmnio forma o saco amniótico membranoso cheio de fluido que envolve o embrião e, posteriormente, o feto; o saco contém o líquido amniótico − À medida que o âmnio aumenta, ele gradualmente oblitera a cavidade coriônica e forma o revestimento epitelial do cordão umbilical • O líquido amniótico desempenha um papel importante no crescimento e desenvolvimento fetal − Inicialmente, as células da membrana amniótica secretam algum fluido amniótico. A maior parte do fluido, no entanto, provém do fluido tecidual materno por difusão, através da membrana amniocoriônica, a partir da decídua parietal − O fluido também é secretado pelas vias respiratórias e gastrointestinais do feto e entram na cavidade amniótica. Começando na 11ª semana, o feto contribui para a formação do fluido amniótico expelindo urina na cavidade amniótica − Grandes quantidades de água passam através da membrana amniocoriônica para o fluido tecidual materno e para os capilares uterinos. Uma troca de fluido com sangue fetal também ocorre através do cordão umbilical e no local em que o âmnio adere à placa coriônica na superfície fetal da placenta; assim, o líquido amniótico se mantém em equilíbrio com a circulação fetal − O líquido amniótico é engolido pelo feto e absorvido pelo seu trato respiratório e digestivo. Estima-se que, durante as etapas finais da gravidez, o feto engula cerca de 400 mL de fluido amniótico diariamente. O fluido é absorvido pelo trato gastrointestinal e passa para a corrente sanguínea do feto. Os produtos residuais atravessam a membrana placentária e entram no sangue materno pelo espaço interviloso. O excesso de água no sangue fetal é excretado pelos rins fetais e devolvido para o saco amniótico por meio do trato urinário fetal. − Praticamente todo o fluido da cavidade amniótica é constituído por água (99%), na qual o material não dissolvido (como células epiteliais descamadas fetais) permanece suspenso. O líquido amniótico contém partes aproximadamente iguais de compostos orgânicos dissolvidos e sais inorgânicos. Metade dos constituintes orgânicos é formada por proteínas; a outra metade é constituída por hidratos de carbono, gorduras, enzimas, hormônios e pigmentos e urina − Conforme a gravidez avança, a composição do líquido amniótico se altera na medida em que a urina fetal é a ele incorporada. O conteúdo do fluido amniótico muda a cada 3 horas. Como a urina fetal entra no fluido amniótico, os sistemas enzimáticos fetais, aminoácidos, hormônios e outras substâncias podem ser estudados por análise do fluido removido por amniocentese. Estudos de células no fluido amniótico permitem a detecção de anomalias cromossômicas Imagem mostra a expansão da cavidade amniótica FUNÇÕES DO LIQUIDO AMNIÓTICO − • Permite o crescimento externo uniforme do embrião − Atua como uma barreira à infecção − Permite o desenvolvimento do pulmão fetal − Impede a aderência do âmnio ao embrião − Amortece o embrião contra lesões através da distribuição de impactos que a mãe pode receber − Ajuda a controlar a temperatura do corpo do embrião, mantendo a temperatura relativamente constante − Permite que o feto se mova livremente, contribuindo assim para o desenvolvimento muscular (p. ex., nos membros) − Auxilia na manutenção da homeostase de fluidos e eletrólitos DISTÚRBIOS DO LIQUIDO AMNIÓTICO − Casos de polidrâmnio ocorrem quando há de 1500-2000ml de fluido amniótico • A maioria dos casos de poli-hidrâmnio (60%) é idiopática (de causa desconhecida); 20% dos casos são causados por fatores maternos, enquanto 20% são de origem fetal • O poli-hidrâmnio pode estar associado a anomalias graves do sistema nervoso central, como a meroencefalia (anencefalia) • Com outros defeitos congênitos, como a atresia de esôfago, o líquido amniótico se acumula porque não consegue passar para o estômago e intestinos fetais para ser absorvido − O oligodrâmnio é quando tem menos de 500 ml de fluido amniótico • Um baixo volume de líquido amniótico – oligo-hidrâmnio – pode resultar em insuficiência placentária, com diminuição do fluxo sanguíneo placentário • A ruptura prematura da membrana amniocoriônica é a causa mais comum de oligo-hidrâmnio • Na presença de agenesia renal (falha na formação do rim), a falta de urina fetal no líquido amniótico é a principal causa de oligo- hidrâmnio • Uma diminuição semelhante do líquido amniótico ocorre na uropatia obstrutiva (obstrução do trato urinário) • Complicações oriundas de oligo-hidrâmnio incluem anormalidades fetais (hipoplasia pulmonar, defeitos faciais e defeitos nos membros), causadas pela compressão fetal pela parede uterina SACO VITELINO FORMAÇÃO DO SACO VITELINO − A implantação do blastocisto é concluída durante a segunda semana do desenvolvimento. Enquanto esse processo ocorre, há mudanças, produzindo um disco embrionário bilaminar composto por duas camadas, o epiblasto e o hipoblasto (Fig. 4-1A). O disco embrionário dá origem às camadas germinativas que formam todos os tecidos e órgãos do embrião. As estruturas extraembrionárias que se formam durante a segunda semana incluem a cavidade amniótica, o âmnio, o saco vitelino (vesícula umbilical), pedúnculo e saco coriônico. − À medida que a implantação do blastocisto progride, as mudanças que ocorrem no embrioblasto resultam na formação de uma placa achatada e quase circular de células – o disco embrionário – consistindo em duas camadas − − − O epiblasto, a camada mais espessa, consiste em células colunares altas e mantém relação com a cavidade amniótica • O hipoblasto, a camada mais fina, consiste em células cuboides pequenas adjacentes a cavidade exocelômica Ao mesmo tempo, uma pequena cavidade aparece no embrioblasto, o qual é o primórdio da cavidade amniótica − Logo depois, as células amniogênicas (formadoras do âmnio) – amnioblastos – separam-se do epiblasto e se organizam para formar uma membrana fina, o âmnio, que reveste a cavidade amniótica. − O epiblasto forma o assoalho da cavidade amniótica e se continua perifericamente com o âmnio. − O hipoblasto forma o teto da cavidade exocelômica e se continua com as células que migraram do hipoblasto para formar a membrana exocelômica. Esta membrana circunda a cavidade blastocística e reveste a superfície interna do citotrofoblasto. − A membrana e a cavidade exocelômica se modificam e formam o saco vitelino primário. − O disco embrionário, em seguida, repousa entre a cavidade amniótica e o saco vitelino primário − A camada mais externa de células do saco vitelino forma uma camada de tecido conjuntivo frouxo, o mesoderma extraembrionário − Quando o âmnio, o disco embrionário e o saco vitelino primário se formam, aparecem lacunas (pequenos espaços) no sinciciotrofoblasto − As lacunas são rapidamente preenchidas com uma mistura de sangue materno derivado dos capilares endometriais rompidos e restos celulares das glândulas uterinas erodidas. O líquido nas lacunas – embriótrofo – passa por difusão para o disco embrionário. − A comunicação dos vasos uterinos erodidos com as lacunas representa o início da circulação uteroplacentária. Quando o sangue materno flui para o interior das lacunas, o oxigênio e as substâncias nutritivas tornam-se disponíveis para os tecidos extraembrionários ao longo da grande superfície do sinciciotrofoblasto. − O sangue oxigenado das artérias espiraladas no endométrio passa para as lacunas; o sangue pobremente oxigenado é removido das lacunas através das veias endometriais. − No embrião de 10o dia (embrião e membranas extraembrionárias), o concepto está completamente implantado no endométrio − Por aproximadamente mais 2 dias, há uma pequena área de descontinuidade no epitélio endometrial que é preenchida por um tampão, um coágulo sanguíneo fibrinoso. Por volta do 12o dia, o epitélio uterino está quase completamente regenerado e substitui este tampão − Com a implantaçãodo concepto, as células do tecido conjuntivo endometrial sofrem uma transformação – a reação decidual – resultante da sinalização por meio da adenosina monofosfato cíclica e da progesterona. Com o acúmulo de glicogênio e lipídios, as células ficam com seu citoplasma intumescido e são, então, chamadas de células deciduais secretoras. A função primária da reação decidual é fornecer um local imunologicamente privilegiado para o concepto. − No embrião de 12 dias, as lacunas sinciciotrofoblásticas adjacentes se anastomosaram para formar redes lacunares, o início do espaço interviloso da placenta − Os capilares endometriais ao redor do embrião implantado se tornam congestionados e dilatados para formar sinusoides, que são vasos terminais de paredes finas maiores que os capilares comuns. − O sinciciotrofoblasto, em seguida, erode os sinusoides, e o sangue materno flui para as redes lacunares. − As células do estroma endometrial e glândulas degeneradas, junto com o sangue materno, fornecem uma rica fonte de material para a nutrição embrionária. − O crescimento do disco embrionário bilaminar é lento comparado com o crescimento do trofoblasto. Conforme as mudanças ocorrem no trofoblasto e no endométrio, o mesoderma extraembrionário aumenta e dentro deste aparecem espaços celômicos extraembrionários − Esses espaços rapidamente se fusionam para formar uma cavidade grande e isolada, o celoma extraembrionário − Essa cavidade cheia de líquido circunda o âmnio e o saco vitelino, exceto onde eles estão ligados ao cório pelo pedúnculo. À medida que o celoma extraembrionário se forma, o saco vitelino primário diminui de tamanho e se forma o saco vitelino secundário, menor − Durante a formação do saco vitelino secundário, uma grande parte do saco vitelino primário é removido. O saco vitelino não contém vitelo; no entanto, pode ter um papel na transferência seletiva de materiais nutritivos para o disco embrionário − − − O saco vitelino pode ser precocemente observado por ultrassom durante a quinta semana de gestação. Aos 32 dias, o saco vitelino é grande − Na décima semana, o saco vitelino está reduzido, em forma de pera e com aproximadamente 5 mm de diâmetro − Na 20ª semana, o saco vitelino é muito pequeno SIGNIFICADO DO SACO VITELINO − O saco vitelino não é funcional no que se refere ao armazenamento de vitelo (por isso muitas vezes também é chamado de vesícula umbilical), mas sua presença é essencial por várias razões • Exerce um papel na transferência de nutrientes para o embrião durante a segunda e terceira semanas antes que a circulação uteroplacentária seja estabelecida • As células do sangue se desenvolvem precocemente a partir da terceira semana do desenvolvimento no mesoderma extraembrionário vascularizado que recobre a parede do saco vitelino (Cap. 5) até que a atividade hematopoiética se inicie no fígado durante a sexta semana. • Durante a quarta semana, a parte dorsal do saco vitelino é incorporada ao embrião como o intestino primitivo. O endoderma, derivado do epiblasto, dá origem ao epitélio da traqueia, brônquios, pulmões e canal alimentar • As células germinativas primordiais aparecem no revestimento da parede endodérmica do saco vitelino na terceira semana e, posteriormente, migram para a gônada em desenvolvimento – testículo ou ovário (Cap. 13). As células se diferenciam em espermatogônias nos homens e em ovogônias nas mulheres. ALANTOIDE − O alantoide aparece, aproximadamente, no 16º dia, como um pequeno divertículo em forma de salsicha da parede caudal do saco vitelino, no pedúnculo (Fig. 5-5B, C, e D e a Fig. 5-6B). O alantoide está envolvido com a formação precoce do sangue e também está associado à bexiga urinária. Os vasos sanguíneos do alantoide tornam-se as artérias e veias umbilicais. − O alantoide não é funcional em embriões humanos; no entanto, é importante por três razões: − A formação de células de sangue ocorre na sua parede durante a terceira e a quinta semanas do desenvolvimento − Seus vasos sanguíneos formam a veia e as artérias umbilicais. − A porção intraembrionária do alantoide se posiciona entre o cordão umbilical e a bexiga urinária, com a qual é contínuo. Conforme a bexiga cresce, o alantoide involui para formar um grosso tubo, o úraco. Após o nascimento, o úraco torna-se um cordão fibroso, o ligamento mediano umbilical, que se estende a partir do ápice da bexiga urinária ao umbigo. RUPTUR A PR EMA TUR A DA S MEMBR ANA S F E T A I S − A ruptura prematura da membrana amniocoriônica é o evento mais comum que leva ao parto prematuro e à mais comum das complicações associadas, o oligo-hidrâmnio. A perda de líquido amniótico remove a maior proteção do feto contra a infecção. A ruptura da membrana pode causar vários defeitos de nascimento fetal que constituem a síndrome da banda amniótica, ou complexo da ruptura da banda amniótica (Fig. 8-14). Esses defeitos congênitos são associados a inúmeras anomalias, variando desde simples anéis de constrição em dedos (dígitos) até defeitos maiores craniofaciais, no couro cabeludo e nas vísceras. A causa desses defeitos está provavelmente relacionada com a constrição pelo circundamento das bandas amnióticas (Fig. 8-14). MEMBRANA AMNIOCORIÔNICA − O crescimento do saco amniótico é muito mais rápido do que o do saco coriônico. Como resultado, o âmnio e o cório liso logo se fusionam para formar a membrana amniocoriônica − Esta membrana composta também se fusiona com a decídua capsular e, após o desaparecimento dela, adere à decídua parietal. É a membrana amniocoriônica que se rompe durante o parto. Sua ruptura prematura é a causa mais comum de parto prematuro. Quando a membrana amniocoriônica se rompe, há perda de fluido amniótico pelo colo uterino e vagina
Compartilhar