Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Natália Giacomin Lima – Medicina UFES 101 ANTIDISLIPIDÊMICOS ATEROSCLEROSE • Deposição de colesterol e ésteres de colesterol nas artérias de grande e médio calibre – formando placas ateromatosas • As principais consequências da formação dessas placas são obstrução dos vasos ou sua ruptura e o descolamento da placa, formando um trombo-êmbolo e assim podendo ocluir a circulação arterial em algum ponto • Os lipídeos envolvidos na aterosclerose são transportados no sangue sob a forma de lipoproteínas • O conteúdo de lipídeos na conjugação relaciona-se com a sua densidade • Formam-se então 3 tipos básicos de lipoproteínas: HDL LDL VLDL • Junto com os triglicerídeos, o LDL apresenta-se elevado em pacientes com coronariopatia, estando ambos relacionados ao risco de morte prematura por essa causa – OBS: também é importante frisar que fatores genéticos também se somam • Por outro lado, as concentrações de HDL correlacionam-se inversamente ao risco de coronariopatias – OBS: não existe medicação para elevação do HDL, estando ele relacionado principalmente a fatores genéticos (herança poligênica – diversidade de perfis) HIPERLIPIDEMIAS • As hiper-lipidemias podem ser: PRIMÁRIAS Valores assustadoramente altos ADQUIRIDAS (SECUNDÁRIAS) Alcoolismo Diabetes ACO (alta dosagem hormonal – uso crônico) Uso crônico de glicocorticoides A hiperlipidemia é a base do desenvolvimento da aterosclerose e de suas complicações O tratamento envolve dieta, atividade física aeróbica, eliminação do tabagismo (em fumantes), restrição de bebidas alcoolicas e, em casos específicos, medicamentos #OBS: Apenas o nível desses marcadores secundários, HDL e LDL não prediz o risco que o paciente apresenta de vir a apresentar um evento vascular futuro OBJETIVOS DO TRATAMENTO • Reduzir LDL • Elevar HDL • Reduzir triglicerídeos • Reduzir a ocorrência de eventos isquêmicos DROGAS DISPONÍVEIS • Inibidores da co-enzima A – droga mais prescrita (referência) • Resinas ligantes de sais biliares • Ácido Nicotínico • Derivados do ácido fólico • Inibidor da absorção de colesterol 1. INIBIDORES DA COENZIMA A (ESTATINAS) Consideradas as drogas mais eficientes e bem toleradas para o tratamento das dislipidemias Atuam inibindo a hidroximetilglutaril coenzima A redutase (HMG CoA) na conversão da coenzima A em mevalonato (passo limitante na síntese de colesterol) Natália Giacomin Lima – Medicina UFES 101 EFEITOS DAS ESTATINAS Redução dos níveis de colesterol livre Aumento da expressão do gene do receptor LDL – fundamental para a ligação do LDL em diversos sítios, mas especialmente no fígado onde ocorre a degradação do LDL (aumento na expressão do gene → maior degradação do LDL Aumento da degradação hepática de LDL Possível aumento de HDL Diminuição da síntese hepática de VLDL Redução de níveis de triglicerídeos Possível aumento de HDL (infrequente, mas quando ocorre é discreto) Indução da produção de oxido nítrico vascular* (efeito vasodilatador, esses pacientes tem maior propensão de formar placas de ateroma e consequentemente trombos que podem ocluir/ reduzir a luz e embolizar). Dessa forma o vasodilatador Reduz as taxas de proteína C reativa Redução da agregação plaquetária EQUIVALÊNCIA ENTRE AS ESTATINAS ~ 20 mg de sinvastatina = ~ 60 mg de lovastatina = ~ 60 mg de provastatina = ~ 160 mg de fluvastatina = ~ 10 mg de atorvastatina = ~ 5 mg de rosuvastatina = O efeito máximo e observado entre 7-10 dias. O custo do tratamento é bastante diferente, por exemplo entre rosuvastatina e atorvastatina é muito superior do que ao da sinvastatina, dessa forma, é importante salientar que a redução de eventos isquêmicos é equivalente nessas medicações #OBS: É importante salientar que o tratamento deve ser feito junto a dieta e atividade física (lembrar que o exercício é MUITO importante INDICAÇÃO DAS ESTATINAS Praticamente todas as formas de hipercolesterolemia com HDL elevado – OBS: não deve utilizar a estatina isolada quando o HDL é baixo Exceção: Hipercolesterolemia familiar homozigótica (não respondem a estatina) FARMACOCINÉTICA DAS ESTATINAS Após administração oral a absorção varia de 5 a 30% dependendo da estatina (bastante variável) São administradas na forma ácida beta-hidroxilada exceto sinvastatina e lovastatina (lactonas inativas) Sofrem intenso metabolismo de primeira passagem A ligação a proteínas plasmáticas é cerca de 95% (exeção: pravastatina com cerca de 50% - #OBS: bastante utilizado em pacientes HIV+ uma vez que interage menos com as medicações do coquetel) T1/2 É DE 1 a 4 horas (exceção pravastatina com cerca de 20 horas) – essa T ½ alargada permite que a medicação possa ser administrada a qualquer hora do dia. Ao oposto, as medicações com menor T ½ devem ser dadas à noite (próximo a hora de dormir) Inibição de OATP2 e CYP3A4 altera sua meia vida EFEITOS ADVERSOS DAS ESTATINAS São consideradas medicações bastante seguras – em geral não esperamos nenhum efeito adverso Aumento de transaminases hepáticas em até 3x com desenvolvimento de insuficiência hepática 1: 1.000.000 Miopatia – 0,-0,2% nos estudos clínicos e 10% na pratica clinica (idosos, mulheres, em uso de estatinas por longo período e que utilizam em associação medicações anti-hipertensivas Losartana (e cia.) → deve-se retirar pode se trocar por outra estatina do grupo (não há indícios de reação cruzada entre as medicações) Rabdomiólise fatal – muito raro Natália Giacomin Lima – Medicina UFES 101 ORIENTAÇÕES POSOLÓGICAS DAS ESTATINAS A síntese de colesterol é maior ente meia noite e 2 horas da manhã (por isso o ideal é que as estatinas de menor T ½ sejam administradas à noite) Sempre iniciar o tratamento com a dose mínima efetiva – OBS: ATENÇÃO!!! Em gravidas devemos evitar essa mediação, pois é hepatotóxica e como sabemos mulheres nessa condição são mais propensas a acometimento hepatico DROGAS DE SUPORTE: 2. SEQUESTRADORES DE ÁCIDOS BILIARES (SAB) Representados por COLESTIRAMINA, COLESTIPOL e COLESEVELAM São consideradas muito seguras por não serem absorvidas no TGI É utilizada isoladamente ou como adjuvante na terapia combinada com estatinas OBS: É O ÚNICO DISLIPIDÊMICO CONSIDERADO SEGURO NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO São resinas de troca carregadas positivamente → se ligam aos sais biliares formando um complexo que é eliminado nas fezes São administrados como sais de cloro insolúveis em agua Esta ação depleta (reduz ou mesmo elimina) os estoques de ácidos biliares → Induz o aumento da produção hepática com redução de conteúdo de colesterol e aumento da expressão de receptores de LDL – Isso leva ao aumento do clearance do LDL que é compensado pela supra-regulação de HMG-CoA (produção de LDL) – efeito tardio de compensação ou TOLERANCIA → dessa forma essa medicação não deve ser utilizada por um longo período de tempo, e pode ser associada a outras drogas como por exemplo a estatinas é sinérgica no controle do LDL Redução do LDL é dose dependente Aumento da síntese hepática de triglicerídeos – evitar em caso de hipertrigliceridemia (> 400 mg/ dl) → nesse caso não utilizar nem sozinha nem em associação nesses casos EFEITOS ADVERSOS DO SAB Constipação (25%), plenitude gástrica, náuseas e meteorismo são os mais comuns Hipertriglicerinemia Acidose hiperclorêmica – Raro! INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS DO SAB Tiazídicos, furosemida, propranolol, digoxina, varfarina, e algumas estatinas tem sua absorção reduzida É prudente recomendar o uso de outros fármacos 1 hora antes ou 4 horas após o SAB 3. ÁCIDO NICOTÍNICO (NIACINA) É uma vitamina hidrossolúvel do complexo B – utilização em altas doses! → é bem absorvida e metabolizadano fígado As doses para efeito hipolipidico são em superiores aquelas exigidas enquanto vitamina Seu efeito resulta em elevação de HDL (15-35%), redução de LDL (5-25% - inferior as estatinas) e triglicerídeos (20 a 50%) MECANISMOS DE AÇÃO DO ÁCIDO NICOTÍNICO Inibe a mobilização de ácidos graxos do tecido adiposo por meio da ativação da GPR 109 A A ativação da GPR 109 A inibe as lipases hormôniossensiveis nos adipócitos, reduzindo a liberação de ácidos graxos livres na circulação Também inibe a enzima diacilglicerol acetiltransferase-2 (DGAT-2) nos hepatócitos levando a redução da síntese de TG intra-hepático INDICAÇÕES DO ÁCIDO NICOTÍNICO HDL baixo com ou sem hipertrigliceridemia → lembrar que a estatina não pode ser utilizada nesses casos (pelo menos, não de forma isolada – pode ser associado a essa medicação) Alternativa aos fibratos e estatinas em casos de hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia ou dislipidemia mista Resposta máxima só é observada após meses de tratamento Natália Giacomin Lima – Medicina UFES 101 EFEITOS ADVERSOS DO ÁCIDO NICOTÍNICO Intenso rubor cutâneo (acompanhado de sensação de calor) e prurido Desconforto do TGI Hiperglicemia e hiperuricemia Hepatotoxicidade potencialmente fatal Taxa de abandono de 25% por EA Formas de liberação imediata causam mais prurido e rubor, enquanto a forma de liberação lenta tem maior risco de hepatotoxicidade USO DO ÁCIDONICOTINICO Por ora, recomenda-se o uso da forma de liberação intermediária Iniciar com 500mg, com aumentos a cada 4 semanas até atingir a dose de 2g/dia 4. DERIVADOS DO ÁCIDO FÍBRICO (FIBRATOS) Incluem a Genfibrozila, ciprofibrato, etofibrato, benzafibrato e fenofibrato Seu mecanismo de ação deriva da ativação de proliferadores de peroxissomos (PPAR-alfa) expressos no fígado, rins, coração e músculos Essa ativação resulta em maior hidrolise de TG, por ação da lipase lipoproteica (LPL) e a redução da Apolipoproteína CIII (Apo C-III) a qual inibe a LPL O estímulo da PPAR-alfa também leva a maior síntese de ApoA-I e, consequentemente, de HDL A consequência pratica é a redução das taxas de TG de 30-60% (mais pronunciada quanto maior o valor basal da trigliceridemia) e aumento do HDL de 7-11% Sua ação sobre o LDL é variável – aumento, queda ou nada → A REDUÇÃO DE TG É O FORTE DOS FIBRATOS (PACIENTES COM HIPERTRIGLICERIDEMIA IMPORTANTE)! – pode ser associado ao ácido nicotínico OBS: O clorofibrato não é capaz de reduzir a mortalidade por IAM, levando ainda a um aumento da mortalidade e morbidade por colelitíase e carcinoma gastrintestinal!!! → Abaixa muito o TG e leva elevação do HDL → NÃO EXISTE MAIS NO MERCADO! A Genfibrozila reduz o risco de IAM em até 34% em 5 anos, sendo mais eficiente que o clorofibrato em aumentar os níveis de HDL FENOFIBRATO – É uma droga de segunda geração que se mostrou útil em reduzir a evolução da doença microvascular em pacientes diabéticos tipo II – DROGA MAIS INDICADA PARA PACIENTES DISLIPIDÊMICOS E COM DM TIPO 2 Pacientes raramente relatam efeitos adversos com uso dos fibratos FIBRATOS Indicações: Hipertrigliceridemia Dislipidemia ata Dislipidemia em diabéticos tipo II *OBS: quando acompanhado por LDL alto → Necessidade de associar com estatina EFEITOS ADVERSOS DOS FIBRATOS Em monoterapia são muito bem tolerados Precaução com renais crônicos → agravamento (nefrotóxico fraco) Associados a estatinas (SINVASTATINA + GENFIBROSILA) – podem aumentar o risco de miopatias → ATENÇÃO: dores musculares principalmente em MMII 5. INIBIDOR DE ABSORÇÃO DO COLESTEROL Ezetimiba é seu principal representante É glucuronidado no fígado após sua rápida absorção nos enterócitos, onde juntamente com os seus metabólitos exerce as suas ações hipolipidêmicas Inibe o transporte de colesterol por enzimas transportadoras especificas (NPC1L1) FARMACOCINÉTICA DO EZETIMIBA Atinge pico plasmático em 1 hora, quando é então captada pelo fígado Excretado na bile retorna a luz intestinal onde vai permanecer na borda vilosa dos enterócitos T ½ efetiva deriva entre 28 e 30 horas
Compartilhar