Prévia do material em texto
229 RESUMO: Alguns microrganismos possuem a capaci- dade de produzir substâncias que podem influenciar no desenvolvimento de outros microrganismos. Desde os anos 50 é relatada a habilidade de várias espécies de bactérias do gênero Bacillus de produzir substâncias com atividade antimicrobiana, dentre essas são relata- das a subtilisina, as proteases e as termolisinas. Em se tratando de antimicrobianos a maior ênfase é dada as bacteriocinas. Essas são definidas como peptídios antimicrobianos que destroem ou inibem o crescimento de outras bactérias taxonomicamente relacionadas com a cepa produtora. Muitas bactérias ácido-láticas produ- zem uma grande diversidade de bacteriocinas, sendo a nisina a única bacteriocina reconhecida pelo FDA (Food and Drug Administration) e usada como conservador alimentar. Muitas bacteriocinas têm sido caracterizadas bioquimicamente e geneticamente. Embora sejam conhe- cidas, a função estrutural, a biossíntese e modo de ação de algumas bacteriocinas, muitos aspectos desses com- postos ainda permanecem desconhecidos. Esse artigo descreve uma revisão sobre síntese, estrutura e meca- nismo de ação de bacteriocinas bem como suas aplica- ções em alimentos. Alguns dados de toxicidade também são relatados. PALAVRAS-CHAVE: Antimicrobianos; bacteriocinas; conservação de alimentos. Introdução A contaminação de alimentos é um problema sério uma vez que, causa grandes índices de morbidade. Abre-se então, a necessidade de desenvolver-se alternativas de con- servação para que aliadas às tecnologias existentes, seja possível disponibilizar para população alimentos de quali- dade cada vez melhor e mais seguros sob o ponto de vista microbiológico e toxicológico.32 Segundo Jack et al.31, a maioria, senão todas as bac- térias, é capaz de produzir várias substâncias no curso de seu crescimento in vitro, que podem ser inibitórias tanto para si quanto para outras bactérias. Essas substâncias po- BACTERIOCINAS: MECANISMO DE AÇÃO E USO NA CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS *Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos - CAL - Centro de Ciências Agrárias - CCA - Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC - Itacorubi - 88.034-001 - Florianópolis - SC - Brasil. derão exercer efeito bactericida ou bacteriostático. Tais subs- tâncias incluem: • toxinas; • enzimas bacteriolíticas como lisostafina, fosfolipase A e hemolisinas; • subprodutos das vias metabólicas primárias como ácidos orgânicos, amônia e peróxido de hidrogênio e vários ou- tros metabólitos secundários; • substâncias antibióticas como garamicina, valinomicina e bacitracina, que são sintetizadas por complexos multienzimáticos (sua biossíntese, ao contrário dos agen- tes tidos como bacteriocinas, não é diretamente bloquea- da por inibidores ribossomais da síntese de proteínas); • bacteriocinas (são proteínas antimicrobianas ou comple- xos protéicos, usualmente um peptídeo, ativos contra es- pécies bacterianas). Até o presente, a nisina consiste na única bacteriocina utilizada comercialmente como agente natural de conserva- ção de alimentos.45 Do ponto de vista industrial, as bacteriocinas e outros agentes antimicrobianos naturais são muito interessantes justamente pelo apelo de "segurança" que sugerem. Com a mudança das exigências do consumi- dor, este será um atributo cada vez mais valorizado. Diante disso, tudo indica que conservadores naturais, particular- mente em adição ou combinação sinergística com outros fa- tores e técnicas; que já estão em uso, terão um papel impor- tante em um futuro próximo, principalmente se estes agentes tenham nos alimentos a mesma ação efetiva verificada em ensaios laboratoriais.24 Bacteriocinas: peptídeos antimicrobianos de bactérias As primeiras bacteriocinas descritas foram as colicinas, que são ativas contra Escherichia coli.26 Atual- mente são conhecidas muitas outras bacteriocinas produzi- das por microrganismos Gram-positivos, patogênicos ou não.61 A nisina é uma bacteriocina produzida por certas li- nhagens de Lactococcus lactis, cujo nome é derivado do termo "N-inhibitory substances"(NiS) adicionado ao sufixo INA. 11, 12 De acordo com Harris et al.27, essa bacteriocina foi Denys SCHULZ* Murilo Anderson PEREIRA* Raquel Regina BONELLI* Márcia Menezes NUNES* Cleide Rosana Vieira BATISTA* Alim. Nutr., Araraquara, v.14, n.2, p. 229-235, 2003 230 descrita pela primeira vez por Rogers57, como uma substân- cia inibidora do crescimento do Lactobacillus bulgaricus. Posteriormente, chegou-se a conclusão de que a nisina inibe o crescimento de bactérias Gram-positivas e o crescimento de esporos de Clostridium e Bacillus.13, 34 A classificação das bacteriocinas de bactérias ácido- láticas investigadas até o momento diferem em seus espec- tros de atividade, características bioquímicas e determinantes genéticos. Entretanto, a maioria delas possui baixa massa molecular (3 a 10 kDa), alto ponto isoelétrico, e contém regiões hidrofílicas e hidrofóbicas.14 Klaenhammer35 propôs que, baseadas na sua estru- tura primária, peso molecular, estabilidade ao calor e organi- zação molecular as bacteriocinas de bactérias ácido-láticas podem ser subdivididas em 4 grupos: • classe I - lantibióticas, caracterizadas pela presença de lantionina e b-metil lantionina; • classe II - pequenas (<10 kDa) e relativamente estáveis ao calor, são peptídeos de membrana ativa que não contêm lantionina, subdivididos em: (a) peptídeos ativos contra Listeria, com seqüência N-terminal definida (classe IIa); (b) complexos, que requerem dois diferentes peptídeos para que tenham atividade (classe IIb); (c) e peptídeos com tiol ativado, que requerem resíduos de cisteína reduzidos para que sejam ativos (classe IIc); • classe III - grandes (>30 kDA), proteínas termolábeis; e • classe IV - bacteriocinas complexas que contêm porções lipídicas ou de carboidratos além da porção protéica.11, 34 Em função das semelhanças observadas nas suas características, essa classificação acabou sendo adotada também para substâncias produzidas por outras bactérias Gram-positivas.21, 36, 48 Segundo Jack31, tem sido sugerido que um subgrupo de "peptídeos ativos contra Listeria " poderia ser estabele- cido entre as bacteriocinas não lantibióticas, baseado na presença de uma seqüência particular de sete aminoácidos que aparentemente estão relacionados à sua atividade con- tra esse microrganismo (classe IIa). Existem outras propostas de classificação de bacteriocinas de bactérias láticas e a pesquisa na área de bacteriocinas é muito dinâmica, devendo ser necessário al- gum tempo até que um sistema de classificação definitivo seja obtido.14 Síntese, estrutura e mecanismo de ação de bacteriocinas Segundo demonstrado em estudos sobre nisina (L. lactis), pediocina (P. acidilactici), subtilisina (B. subtilis) e outras bacteriocinas conhecidas, as bacteriocinas de bacté- rias Gram-positivas são formadas, primeiramente, como pre- cursores com pequena atividade biológica.17, 50 Nes et al.50 relataram que todas as bacteriocinas até então conhecidas são sintetizadas como pré-peptídeos com uma seqüência N-terminal que dirige seu transporte para fora da célula e é removida antes que uma bacteriocina ativa pos- sa ser detectada. Na região C-terminal, em alguns casos, o polipeptídeo precursor sofre modificações pós-tradução. Estas modifica- ções incluem: • desidratação de resíduos de serina e/ou treonina específicos, o que resulta na formação de 2,3-dideidroaminoácidos; e • adição de grupos tióis de resíduos de cisteína as ligações duplas de alguns desses aminoácidos, o que gera resíduos de lantionina e b-metil lantionina.29 De acordo com Havarstein et al.28, o transporte dos peptídeos para o ambiente externo é carreado por um efluxo dependente de ATP de complexos protéicos associados à membrana. Quanto à sua atividade, as bacteriocinas podem vari- ar conforme a espécie bacteriana sensível e o ambiente em que se encontram.46 De maneira geral, as bacteriocinas po- dem promover um efeito letal bactericida sem lise celular67, com lise celular37 ou comefeito bacteriostático.37, 46, 67 A maioria das bacteriocinas de bactérias ácido-láticas caracterizadas, parece ter um mecanismo de ação comum, no qual elas dissipam a força próton-motriz (FPM), com modifi- cações no potencial de membrana ( ) e no gradiente de concentração de H+ ( pH). Tais efeitos, em microrganismos- alvo, levam à formação de poros na membrana citoplasmática, conforme Figura 1.7, 11, 43, 54 Bacteriocinas da classe I Bacteriocinas são geralmente moléculas catiônicas, anfipáticas, compostas por 12 a 45 resíduos de aminoácidos. A estrutura de vários lantibióticos tem sido elucidada atra- vés de ressonância magnética nuclear.43, 54 Moll et al.43 e Montville e Chen44 apresentaram, dois modelos que oferecem mecanismos alternados para a forma- ção dos poros. Ambos os modelos propõem que, inicialmen- te, a nisina liga-se à membrana-alvo através de algum grau de interação eletrostática. No primeiro, a nisina liga-se como um monômero, insere-se nas bi-camadas de lipídeos e os monômeros inseridos agregam-se lateralmente para formar poros.53,59 No segundo, a formação dos poros é causada por uma perturbação local na camada lipídica que ocorre quando as moléculas de nisina se ligam.15 A nisina é então atraída para a membrana por um componente da FPM. A orientação das moléculas não muda relativamente aos grupos lipídicos, portanto, o peptídeo não entra em contato com a parte hidrofóbica da membrana. Em vez disso, os resíduos hidrofóbicos da nisina são superficialmente inseridos na parte externa da bicamada lipídica. Os dois modelos descri- tos são apresentados na Figura 1. Representação esquemática da nisina mostrando domínios N e C-termi- nais conectados por uma região flexível. A. face hidrofílica está representada como escura e a hidrofóbica clara. B. Modelo de Ojcius e Young53 e Sahl59 C. Modelo de Driessen et al.15 Fonte: Montville e Chen44 FIGURA 1 - Modelos propostos para a formação de poros na célula-alvo pela ação da nisina. Alim. Nutr., Araraquara, v.14, n.2, p. 229-235, 2003 231 Bacteriocinas da classe II As bacteriocinas da classe II possuem espectro limi- tado de atividade e parecem ter sua ação mediada por algum tipo de receptor.41 De acordo com Moll et al.43, a natureza de tais "receptores" ainda não foi elucidada. Sabe-se, contudo, que as bacteriocinas da classe II também dependem de fosfolipídios aniônicos para a interação inicial com a mem- brana.9 Moll et al.43 destacam ainda que, curiosamente, da mesma forma que para as bacteriocinas da classe I, também as da classe II são anfipáticas. A hidrofobicidade de várias delas aumenta gradualmente da parte N-terminal para a C- terminal da molécula, enquanto a hidrofobicidade da extre- midade C-terminal diminui levemente. Esta orientação é in- vertida em comparação ao sugerido para a nisina por Van den Hooven64. Quanto à ação das bacteriocinas da classe II após estarem ligadas à membrana, sabe-se que: • as bacteriocinas da classe IIa dissipam a FPM;7 • as bacteriocinas da classe IIb parecem formar poros relati- vamente específicos sendo algumas condutoras de cátions monovalentes, como a lactococcina G e outras, condutoras de ânions, como a plantaricina JK.43 Bacteriocinas das casses III e IV Embora alguns estudos tenham indicado substâncias semelhantes às bacteriocinas com alta massa molecular e termolábeis e com porções glicídicas ou lipídicas, poucas são as bacteriocinas classificadas por seus pesquisadores como pertencentes aos grupos III e IV de Klaenhammer.33, 40, 52, 62 Riley55 trata das piocinas, um grupo de bacteriocinas produzidas por Pseudomonas aeruginosa. As piocinas têm sido classificadas em 3 tipos, baseadas nas suas estruturas: R, F e S. Contudo, tem sido sugerido que as piocinas hetero- gêneas R e F são fagos defeituosos, uma vez que suas estru- turas são facilmente sedimentadas por ultracentrifiugação, resistem a tratamento por proteases e, quando visualizadas em microscópio eletrônico, apresentam-se similares a certos pedaços de bacteriófagos. As piocinas S, mais homogêneas, formam um grupo de proteínas simples e de baixo peso molecular, são sensíveis a proteases, não sedimentáveis e não analisáveis sob microscópio eletrônico.55 Segundo Jack et al.31, as bacteriocinas termolábeis de alta massa molecular (classe III de Klaenhammer) incluem muitas enzimas extra-celulares bacteriolíticas (hemolisinas e muramidases) que podem mimetizar as atividades fisiológi- cas das bacteriocinas. Estes autores destacam ainda, com relação ao grupo IV, que a simples sensibilidade a enzimas glicolíticas e lipolíticas não é suficiente para caracterizar uma bacteriocina como "complexa"; esta determinação deveria ser feita através de análises químicas dos antimicrobianos purificados. O número significativo de revisões publicadas exclu- sivamente sobre bacteriocinas dos tipos I e II de Klaenhammer é uma prova incontestável de que a maioria das pesquisas desenvolvidas a respeito desses antimicrobianos, até então, relaciona-se a essas duas subclasses.43,44 Detecção, extração e identificação de bacteriocinas A maioria das antibioses entre bactérias é, primeira- mente, resultado de estudos envolvendo a combinação de diferentes cepas bacterianas em meio ágar através de méto- dos de antagonismo indiretos (em inglês, deferred) ou dire- tos.61 Infelizmente, o termo "bacteriocina" tem sido usado, às vezes, prematuramente, logo depois dos primeiros indíci- os de interações inibitórias. Jack et al.31 levantaram algumas falhas no reconhecimento e nomenclatura de substâncias desta natureza: pediocina PA-1 e pediocina AcH são peptídeos quimicamente idênticos, lactococina A e diplococina de diferentes subespécies de Lactococcus lactis são o mesmo peptídeo e o mesmo ocorre com curvacina A e sakacina A de Lactobacillus curvatus e Lactobacillus sakei. Ainda de acordo com Jack et al.31, exemplos de procedimen- tos inadequados na pesquisa de bacteriocinas incluem: • predições da natureza protéica baseadas somente na inativação da atividade bactericida por enzimas proteolíticas; • estimativa da massa molecular somente a partir de dados obtidos em cromatografia em gel; • relatos do espectro inibitório baseados não no uso do produto antimicrobiano purificado, mas no resultado da determinação da atividade inibitória total de cepas produ- toras quando crescidas em meio ágar. Outra falha, com relação à determinação do espectro de atividade, é o uso de poucas cepas representativas e bem caracterizadas. Avaliando outro aspecto, um estudo de Krier et al.38 provou que o metabolismo das bactérias pode variar muito conforme a temperatura e o pH do meio de cultura, causando oscilações também na cinética de produção de bacteriocinas. Portanto, pode-se concluir que é muito importante para a pesquisa desses antimicrobianos manter controle sobre o sistema em que as bactérias produtoras estão crescendo, seja alimentar ou não. Portanto, para que se possa estudar as propriedades químicas e biológicas das bacteriocinas é necessária a ob- tenção de quantidades relativamente grandes destes peptídeos em uma forma pura e concentrada. Existem méto- dos simples de detectar diferentes agentes causadores de efeitos inibitórios e estes devem ser aplicados antes que o antagonismo seja atribuído a bacteriocinas.31 Tais métodos incluem, principalmente: • uso de catalase no meio onde será detectada a atividade ou incubação da cepa produtora em anaerobiose para eli- minar a atividade do peróxido de hidrogênio; e • neutralização do pH do sobrenadante que contém o agente antimicrobiano.1, 39, 45, 51, 68 Para a extração de substâncias semelhantes a bacteriocinas, a maioria dos métodos utiliza precipitação com sulfato de amônio (0 a 20%) a partir do meio de cultura após o crescimento da cepa produtora, mas já livre de células.18, 47 Entretanto, essa técnica utilizada isoladamente não propor- ciona um bom produto final, uma vez que muitas outras pro- teínas do meio podem também ser precipitadas e o rendimen- to não é muito alto.5 Para purificação adicionalde bacteriocinas precipita- das, especialmente na determinação de composição e se- qüência de aminoácidos, os pesquisadores têm utilizado Alim. Nutr., Araraquara, v.14, n.2, p. 229-235, 2003 232 várias técnicas de cromatografia.16,21,69 Eijsink et al.16 salientam também que, para estudos comparativos, é absolutamente essencial o uso de bacteriocinas purificadas, uma vez que torna-se cada vez mais evidente o fato de que bactérias podem produzir mais de uma substância da mesma natureza.3, 63 Bacteriocinas em alimentos Com a emergência de microrganismos psicrófilos em alimentos, o desenvolvimento de novas tecnologias e a pro- cura dos consumidores por alimentos naturais, as bacteriocinas e/ou seus microrganismos produtores têm sido reconhecidos como uma fonte potencial de bioconservadores para alimentos.45 Segundo Ross et al.58, o potencial de aplicação de uma determinada bacteriocina pode ser predito por suas pro- priedades. Características como estabilidade à temperatura, pH e espectro de ação estão entre as mais importantes para tal previsão. A fim de obter bacteriocinas comercialmente úteis, muitos laboratórios têm feito pesquisas detalhadas com cepas isoladas de vários alimentos.18,49,66 A atividade das bacteriocinas no alimento pode ser afetada por diversos fatores, como por exemplo: • mudança na solubilidade e na carga eletrostática das bacteriocinas; • ligação das bacteriocinas aos componentes do alimento; • inativação das bacteriocinas por proteases; • mudanças na parede ou na membrana celular dos microrga- nismos-alvo como resposta a fatores ambientais.22 Blom et al.6 descrevem os fatores que podem influen- ciar na difusão das bacteriocinas em alimentos tais como concentração de sal, pH, nitrito e nitrato, fase aquosa dispo- nível para difusão, conteúdo lipídico e superfície lipídica dis- ponível para solubilização. Esses autores destacam ainda que a distância que a molécula de bacteriocina precisa per- correr para alcançar a célula-alvo e o número dessas células com relação à quantidade do antimicrobiano são considera- ções importantes a serem feitas na predição de sua ativida- de. Um estudo de Van Schaik et al.65 demonstrou que Listeria monocytogenes adaptadas a ambientes ácidos são mais resistentes à ação de bacteriocinas, provavelmente, a algumas modificações que ocorrem na sua membrana celu- lar. Essa pesquisa chama atenção para o fato de que siste- mas de resistência devem ser considerados quando a nisina é utilizada em alimentos minimamente processados. A eficácia da ação de diferentes bacteriocinas já foi testada em vários alimentos, principalmente produtos cárneos e laticínios, com relativo sucesso.8, 23, 42, 51 No entanto, a autorização para que uma dada bacteriocina seja regulamentada para uso em alimentos de- pende dos alimentos nos quais ela será usada e seu propósi- to nos mesmos. O uso de bacteriocinas purificadas, micror- ganismos produtores de bacteriocinas, ou expressão genéti- ca de bacteriocinas em microrganismos produtores de ali- mentos nos Estados Unidos está sob jurisdição da Food and Drug Administration (FDA) e são regulamentados como ingredientes alimentares sob o Federal Food, Drug and Cosmetic Act (FFDCA). No FFDCA, as substâncias são re- conhecidas como seguras (substances generally recognaized as safe - GRAS) por especialistas qualificados. A decisão é baseada em pesquisas científicas ou no fato de tais agentes já estarem presentes historicamente sem pro- blemas em alimentos.19 Baseados nesse segundo critério, Stoffels et al.60 argumentam que, uma vez que as bacteriocinas produzidas por bactérias ácido-láticas são freqüentemente isoladas de alimentos fermentados, elas podem simplesmen- te por isso serem aceitas como GRAS. A idéia da utilização de nisina em alimentos foi sugerida pela primeira vez por Hirsch30, depois de realizar um experi- mento com linhagens de Lactococcus lactis subsp. lactis na fabricação do queijo suíço, obtendo como resultado a inibi- ção do estufamento tardio causado pelo Clostridium butyricum e Clostridium tyrobutyricum.13,56 A nisina foi reconhecida como aditivo alimentar pela Organização de Alimentos e Agricultura/Organização Mun- dial de Saúde (FAO/OMS) em 1969, com o limite máximo de ingestão de 33.000 Unidades Internacionais/kg de peso corpóreo. Diversos países permitem o uso de nisina em pro- dutos como leite, queijo, produtos lácteos, tomates e outros vegetais enlatados, sopas enlatadas, maionese e alimentos infantis. No Brasil, a nisina é aprovada para uso em todos os tipos de queijo no limite máximo de 12,5 mg/kg e nosso país é pioneiro na utilização dessa bacteriocina em produtos cárneos, sendo permitida sua utilização na superfície externa de salsichas de diferentes tipos. O produto pode ser aplica- do como solução de ácido fosfórico grau alimentício.14, 58 Comercialmente, a nisina produzida pela "Applin e Barrett" recebe a denominação de Nisaplin, cuja composi- ção é: Nisina (1,026 UI/mg), cloreto de sódio (74,7%), prote- ína (17,12%), umidade (1,7%), carboidratos (59,3%), gordu- ras (traços), chumbo (0,15 ppm), arsênio (<0,5 ppm), zinco (9,2 ppm) e cobre (0,5 ppm). Esse concentrado é atualmente comercializado no Brasil pelo Grupo B.V., sendo considera- do por Delves-Broughton13 como bactericida. Segundo informações fornecidas pelo grupo B.V., 100 mg de Nisaplin possuem 2,5 mg de nisina (2,5%). O teor mínimo de nisina em 1 mg de Nisaplin é de 1.000 Unidades Internacionais (UI), ou seja, 1 UI de nisina corresponde a 0,025 g de nisina. O fabricante do Nisaplin recomenda o uso de 10 a 20 g de Nisaplin (250 a 500 mg de nisina) por 100 kg de produto final, dependendo do shelf-life desejado as- sim como da condição microbiológica da matéria-prima. A utilização de nisina no controle de Listeria monocytogenes ATCC 7644 foi estudada em queijo "Cottage" por Benkerroum e Sandine2 quando conduziram dois experi- mentos. O primeiro deles, envolveu duas séries de 3 amos- tras cada, contendo uma mistura estéril de 250 g de queijo e 50 mL de creme pasteurizado (leite com 12% de gordura) cada uma. A primeira amostra de cada série foi destinada à adição de nisina e Listeria monocytogenes, perfazendo uma concentração final de 2,55x103 UI/g e 3,5x105 células/g de queijo, respectivamente. A outra amostra designada de con- trole positivo teve somente adição da bactéria estudada, enquanto que a terceira delas serviu como controle negati- vo. Dessas amostras, uma das séries foi incubada a 4oC e a outra a 37oC. O segundo experimento realizado foi diferente do anterior pela não esterilização da mistura e pela tempera- tura de incubação, que só ocorreu a 4oC. Os dados obtidos Alim. Nutr., Araraquara, v.14, n.2, p. 229-235, 2003 233 revelaram que em ambos os casos, com ou sem esterilização, a presença de Listeria monocytogenes não foi detectada depois de 24 horas nas condições estudadas, permitindo aos autores concluírem que a adição da nisina não somente inibiu o crescimento, mas também eliminou esse microrga- nismo. Toxicidade de bacteriocinas Os principais estudos toxicológicos sobre bacteriocinas relatados até o momento referem-se aos testes realizados para a aprovação do uso da nisina como bioconservador em alimentos. Estudos de toxicidade aguda, sub-crônica, crônica, de resistência cruzada e sensibilidade alérgica indicaram que a nisina é segura para o consumo humano com uma dose diária aceitável (IDA) de 2,9 mg/pes- soa/dia.20 Sabendo-se que a nisina é consumida por via oral, realizaram-se estudos dos efeitos da nisina sobre a microbiota oral. A partir destes estudos constatou-se que um minuto após o consumo de leite achocolatado contendo nisina foi possível detectar apenas 40% de sua atividade quando comparada a um controle de saliva. Em contraste o mesmo estudo mostrou que quando o leite achocolatado tinha penicilina a saliva apresentava atividade antimicrobiana por um tempo maior.10 Outro estudo mostrou o efeito das enzimas gástricas sobre a nisina, o peptídeo antimicrobiano é inativado pela tripsina e a partirdisto concluiu-se que a ingestão da nisina não interfere sobre a microbiota gastrintestinal.25 A bacteriocina com maior uso comercial é a nisina, entretanto a segurança de outras bacteriocinas com poten- cial aplicado em alimentos tem também sido avaliada. A pediocina PA-1 (AcH) foi injetada tanto em ratos como em camundongos e o teste imunológico mostrou que a pediocina não é imunogênica para ambos animais. Este peptídeo é tam- bém susceptível à proteólise por tripsina e quimiotripsina.4 Conclusões As bacteriocinas, em geral, são uma das opções em um mosaico de possíveis mecanismos para controlar bacté- rias patogênicas e deteriorantes em alimentos. Porém, é im- portante lembrar que as substâncias antimicrobianas dificil- mente poderão substituir as boas práticas de fabricação fun- damentais para a produção de alimentos seguros. SCHULZ, D.; PEREIRA, M.A.; BONELLI, R.R.; NUNES, M.M.; BATISTA, C.R.V. Bacteriocins: mechanism of action and use in food preservation. Alim. Nutr., Araraquara, v. 14, n.2, p. 229-235, 2003. ABSTRACT: Some microorganisms have the ability to produce substances that may influence the development of others microorganisms. The ability of various bacterial species of the genus Bacillus to produce substances with antimicrobial activity has been reported since the 1950's. Among these substances are subtilisin, proteases and thermolysins. With respect to antimicrobial agents, more emphasis is placed on bacteriocins, which are defined as antimicrobial peptides that destroy or inhibit the growth of other bacteria taxonomically related to the producing strain. Many lactic acid bacteria produce a wide variety of bacteriocins, with nisin being the only bacteriocin recognized by the Food and Drug Administration and being used as a food preserver. Many bacteriocins have been characterized biochemically and genetically. Although the structural function, the biosynthesis and the mode of action of some bacteriocins are known, many aspects of these compounds are still unknown. The present paper is a review of the synthesis, structure and mechanism of action of bacteriocins and of their applications to foods. Some toxicity data are also reported. KEYWORDS: Antimicrobial agents; bacteriocins; food conservation. Referências bibliográficas 1. ALI, D. et al. Characterization of diacetin B, a bacteriocin from Lactococcus lactis subsp. lactis bv. diacetylactis UL720. Can. J. Microbiol., Ottawa, v. 41, n. 9, p. 832-841, Sept. 1995. 2. BENKERROUM, N.; SANDINE, W. E. Inhibitory action of nisin against Listeria monocytogenes. J. Dairy Sci., v. 71, n. 12, p. 3237-3245, 1988. 3. BHUGALOO-VIAL, P. et al. Purification and amino acid sequences of piscicocins V1a and V1b, two class IIa bacteriocins secreted by Carnobacterium piscicola V1 that display significantly different levels of specific inhibitory activity. Appl. Environ. Microbiol., Washing- ton, v. 62, n. 12, p. 4410-4416, Dec. 1996. 4. BHUNIA, A. K. et al. Antigenic property of pediocin AcH produced by Pediococcus acidilactici H. J. Appl. Bacteriol., v. 69, p. 211-215, 1990. 5. BHUNIA, A. K.; JOHNSON, M. C.; RAY, B. Direct detection of antimicrobial peptide of Pediococcus acidilactici in sodium dodecyl sulfate-polyacrylamide gel electrophoresis. J. Ind. Microbiol., v. 2, p. 319-322, 1987. 6. BLOM, H. et al. A model assay to demonstrate how intrinsic factors affect diffusion of bacteriocins. Int. J. Food Microbiol., Amsterdam, v. 38, n. 2-3, p. 103-109, Sept. 1997. 7. BRUNO, M. E. C.; MONTVILLE, T. J. Common mechanistic action of bacteriocins from lactic acid bacteria. Appl. Environ. Microbiol., Washington, v. 59, n. 9, p. 3003-3010, Sept. 1993. 8. BUYONG, L.; KOK, J.; LUCHANSKY, J. B. Use of a genetically enhanced, pediocin-producing starter culture Lactococcus lactis subsp. lactis MM217, to control Listeria monocytogenes in cheddar cheese. Appl. Environ. Microbiol., Washington, v. 64, n. 12, p. 4842-4845, Dec. 1998. 9. CHEN, Y.; LUDESCHER, R. D.; MONTVILLE, T. J. Eletrostatic interactions, but not the YGNGV consensus Alim. Nutr., Araraquara, v.14, n.2, p. 229-235, 2003 234 motif, govern the binding of pediocin PA-1 and its fragments to phospholipid vesicles. Appl. Environ. Microbiol., Washington, v. 63, n. 12, p. 4770-4777, Dec. 1997. 10. CLAYPOOL, L. et al. Residence time of nisin in the oral cavity following consumption of chocolate milk containing nisin. J. Dairy Sci., v. 49, p. 314-316, 1966. 11. CLEVELAND, J. et al. Bacteriocins: safe, natural antimicrobials for food preservation. Int. J. Food Microbiol., v. 71, p. 1-20, 2001. 12. DAVIES, E. A. et al. Research note: the effect of pH on the stability of nisin solution during autoclaving. Lett. Appl. Microbiol., v. 27, n. 3, p. 186-187, 1998. 13. DELVES-BROUGHTON, J. Nisin and its application as a food preservative. J. Soc. Dairy Technol., v. 43, n. 3, p. 73- 76, 1990. 14. DE MARTINIS, E. C. P., ALVES, V. F., FRANCO, B. D. G. M. Fundamentals and perspectives for the use of bacteriocins produced by lactic acid bacteria in meat products. Food Rev. Int., v. 18, n. 2/3, p. 191-208, 2002. 15. DRIESSEN, A. J. M et al. Mechanistic studies of lantibiotic- induced permeabilization of phospholipid vesicles. Biochemistry, Washington, v. 34, n. 5, p. 1606-1614, Feb. 1995. 16. EIJSINK, V. G. H. et al. Comparative studies of class IIa bacteriocins of lactic acid bacteria. Appl. Environ. Microbiol., New Jersey, v. 64, n. 9, p. 3275-3281, 1998. 17. ENTIAN, K D.; VOS, W. M. de. Genetics of subtilin and nisin: biosyntheses of lantibiotics Antonie Leeuwenhoek, Dordrecht, v. 69, n. 2, p. 109-117, Feb. 1996. 18. FARIAS, M. E.; HOLGADO, A. A. P. R.; SESMA, F. Bacteriocin production by lactic acid bacteria from regio- nal cheeses : inhibition of foodborne pathogens. J. Food Prot., Milano, v. 57, n. 11, p. 1013-1015, 1994. 19. FIELDS, F. O. Use of bacteriocins in food : regulatory considerations. J. Food Prot., Washington, v.1, p. 72-77, Abr. 1996. 20. FOOD AND DRUG ADMINISTRATION. Nisin preparation: affirmation of GRAS status as direct human food ingredient. Fed. Register, v. 53, p. 29-33, Apr. 1988. 21. FURMANEK, T. et al. Identification, characterization and purification of the lantibiotic staphylococcin T, a natural gallidermin variant. J. Appl. Microbiol., Oxford, v. 87, n. 6, p. 856-866, Dec. 1999. 22. GÄNZLE, M. G.; WEBER, S.; HAMMES, W. P. Effect of ecological factors on the inhibitory spectrum and activity of bacteriocins. Int. J. Food Microbiol., Amsterdam, v. 46, n. 3, p. 207-217, Feb. 1999. 23. GIRAFFA, G.; CARMINATI, D.; TARELLI, G. T. Inhibition of Listeria innocua in milk by bacteriocin-producing Enterococcus faecium 7C5. J. Food Prot., Des Moines, v. 58, n. 6, p. 621-623, June 1995. 24. GOULD, G. W. Industry perspectives on the use of natu- ral antimicrobials and inhibitors for food applications. J. Food Prot., Bedford, p. 82-86, Abr. 1996. 25. HARA, S. et al. An investigation of toxicity of nisin with a particular reference to experimental studies of its oral administration and influences by digestive enzymes. J. Tokyo Med. Coll., v. 20, p. 176-207, 1962. 26. HARDY, K. G. Colicinogeny and relates phenomena. Bacteriol. Rev., v. 39, p. 464-515, 1975. 27. HARRIS, L. J.; FLEMING, H. P.; KLAENHAMMER, T. R. Developments in nisin research. Food Res. Int., v. 25, n. 1, p. 57-66, 1992. 28. HAVARSTEIN, L. S.; DIEP, D. B.; NES, I. F. A family of bacteriocin ABC transporters carry out proteolytic processing of their substrates concomitant with export. Mol. Microbiol., Oxford, v. 16, n. 2, p. 229-240, Apr. 1995. 29. HEIDRICH, C. et al. Isolation, characterization and heterologous expression of the novel lantibiotic epicidin 280 and analysis of its biosynthetic gene cluster. Appl. Environ. Microbiol., Washington, v. 64, n. 9, p. 3140-3146, Sept. 1998. 30. HIRSCH, A. et al. A note on the inhibition of an anaerobic sporeformer in Swiss-type cheese by a nisin-producing Streptococcus. J. Dairy Res., v. 18, p. 205, 1951. 31. JACK, R. W.; TAGG, J. R.; RAY, B.Bacteriocins of gram- positive bacteria. Microbiol. Rev., v. 39, n. 2, p. 171-200, 1995. 32. JAY, J. M. Modern food microbiology. 6th ed. London : Aspen Publ., 2000. 620p. 33. JOERGER, M. C.; KLAENHAMMER, T. R. Characterization and purification of halveticin J and evidence for a chromosomally determined bacteriocin produced by Lactobacillus helveticus 481. J. Bacteriol., Washington, v. 167, n. 2, p. 439-446, Aug. 1986. 34. KLAENHAMMER, T. R. Bacteriocins of latic acid bacteria. Biochimie, v. 70, p. 337-349, 1988. 35. KLAENHAMMER, T. R. Genetics of bacteriocins produced by latic acid bacteria. FEMS Microbiol. Lett., Amasterdam, v. 12, n. 1-3, p. 39-86, Sept. 1993. 36. KLEIN, C.; ENTIAN, K. D. Genes involved in self- protection against the lantibiotic subtilin produced by Bacillus subtilis ATCC 6633. Appl. Environ. Microbiol., Washington, v. 60, n. 8, p. 2793-2891, Aug. 1994. 37. KOJIC, M. et al. Bacteriocin producing strain of Lactococcus lactis subsp. diacetylactis S50. Appl. Environ. Microbiol., Washington, v. 57, n. 6, p. 1835-1837, June 1991. 38. KRIER, F.; REVOL-JUNELLIS, A. M.; GERMAIN, P. Influence of temperature and pH on production of two bacteriocins by Leuconostoc mesenteroides subsp. FR52 during batch fermentation. Appl. Microbiol. Biotechnol., v. 50, n. 3, p. 359-362, 1998. 39. LEWUS, C. B.; KAISER, A.; MONTVILLE, T. J. Inibition of food-borne bacterial pathogens by bacteriocins from lactic acid bacteria isolated from meat. Appl. Environ. Microbiol., Nebraska, v. 57, n. 6, p. 1683-1688, 1991. 40. LEWUS, C. B.; SUN, S.; MONTVILLE, T. J. Production of an amylase-sensitive bacteriocin by an atypical Leuconostoc paramesenteroides strain. Appl. Environ. Microbiol., New Jersey, v. 58, p. 143-149, 1992. 41. McAULIFFE, O. et al. Lacticin 3147, a broad-spectrum bacteriocin which selectively dissipates the membrane potential. Appl. Microbiol. Biotehnol., New York, v. 64, n. 2, p. 439-445, Feb. 1998. 42. McMULLEN, L. M., STILLES, M. E. Potential for use of bacteriocin-producing lactic acid bacteria in the preservation of meats. J. Food Prot., Washington, p. 64- 71, 1996. Alim. Nutr., Araraquara, v.14, n.2, p. 229-235, 2003 235 43. MOLL, G. N.; KONINGS, W. N.; DRIESSEN, A. J. M. Bacteriocins: mechanism of membrane insertion and pore formation. Antonie Leeuwenhoek, Netherlands, v. 76, n. 1, p. 185-198, Nov. 1999. 44. MONTVILLE, T. J.; CHEN, Y. Mechanistic action of pediocin and nisin: recent progress and unsolved questions. Appl. Microbiol. Biotehnol., New York, v. 50, n. 5, p. 511-519, Nov. 1998. 45. MORENO, I.; LERAYER, A. L. S.; LEITÃO, M. F.F. Detection and characterization of bacteriocin-producing Lactococcus lactis strains. Rev. Microbiol., São Paulo, v. 30, n. 2, p. 130-136, Apr./June 1999. 46. MORENO, I. et al. Efeito e modo de ação das bactericinas produzidas por Lactococcus lactis subsp. lactis ITAL 383, ATCC 11454 e CNRZ 150 contra Listeria innocua LIN 11. Ciênc. Tecnol. Alim., Campinas, v. 19, n. 1, p. 23-28, jan./ abr. 1999. 47. NACLERIO, G. et al. Antimicrobial activity of a newly identified bacteriocin of Bacillus cereus. Appl. Environ. Microbiol., Washington, v. 59, n. 12, p. 4313-4316, Dec. 1993. 48. NAVARATNA, M. A. D. B.; SAHL, H G.; TAGG, J. R. Two- component anti-Staphylococcus aureus lantibiotic activity produced by Staphylococcus aureus C55. Appl. Environ. Microbiol., Washington, v. 64, n. 12, p. 4803- 4808, Dec. 1998. 49. NAVARRO, L. et al. Bacteriocin production by lactic acid bacteria isolated from Rioja red wines. J. Appl. Microbiol., Oxford, v. 88, n. 1, p. 44-51, Jan. 2000. 50. NES, I, F. et al. Biosynthesis of bacteriocins in lactic acid bacteria. Antonie Leeuwenhoek, Dordrecht, v. 70, n. 2-4, p. 113-128, Oct. 1996. 51. NIELSEN, J. W.; DICKSON, J. S.; CROUSE, J. D. Use of a bacteriocin produced by Pediococcus acidilactici to inhibit Listeria monocytogenes associated with fresh meat. Appl. Environ. Microbiol., Nebraska, v. 56, n. 7, p. 2142-2145, 1990. 52. OHMOMO, S. et al. Purification and some characteristics of enterocin ON-157, a bacteriocin produced by Enterococcus faecium NIAI 157. J. Appl. Microbiol., Oxford, v. 88, n. 1, p. 81-89, Jan. 2000. 53. OJCIUS D. M.; YOUNG, J. D. E. Cytolytic pore-forming proteins and peptides - is there a common structural motif. Trends in Biochem. Sci., Oxford, v. 16, n. 6, p. 225-229, June 1991. 54. PAPAGIANNI, M. Ribosomally synthesized peptides with antimicrobial properties: byosynthesis, structure, function, and applications. Biotechnol. Adv., Thessaloniki, v. 21, n. 1, p. 465-499, 2003. 55. RILEY, M. Molecular mechanisms of bacteriocin evolution. Ann. Rev. Gen., v. 35, p. 225-278, 1998. 56. ROBERTS, R. F.; ZOTTOLA, E. A.; MICKAY, L. L. Use of nisin-producing starter culture suitable for Cheddar cheese manufacture. J. Dairy Sci., v. 75, n. 9, p. 2353-2363, 1992. 57. ROGERS, L. A. The inhibitory effect of Streptococcus lactis on Lactobacillus bulgaricus. J. Bacteriol., v. 16, n. 2 , p. 321-325, 1928. 58. ROSS, R. P. et al. Developing applications for lactococcal bacteriocins. Antonie Leeuwenhoek, Dordrecht, v. 76, n. 1, p. 337-346, Nov. 1999. 59. SAHL, H. G. Pore formation in bacterial membranes by cationic lantibiotics. In: JUNG, J.; SAHL, H. G. (Ed.) Nisin and novel lantibiotics. Leiden: Escom, 1991. p. 347-358. 60. STOFFELS, G. et al. Purification and characterization of a new bacteriocin isolated from Carnobacterium sp. Appl. Environ. Microbiol., Washington, v. 58, n. 5, p. 1417-1422, May 1992. 61. TAGG, J. R.; DAJANI, A. S.; WANNAMAKER, L. W. Bacterocins of gram-positive bacteria. Bacteriol. Rev., v. 40, p. 722-756, 1976. 62. TOBA, T.; YOSHIOKA, E.; ITOH, T. Acidophilucin A, a new heat-labile bacteriocin produced by Lactobacillus acidophilus LAPT 1060. Lett. Appl. Microbiol., Oxford, v. 12, n. 4, p. 106-108, 1991. 63. VAN BELKUN, M. J. et al. Organization and nucleotide sequences of two lactococcal bacteriocin operons. Appl. Environ. Microbiol., Washington, v. 57, n. 2, p. 492-498, Feb. 1991. 64. VAN DEN HOOVEN, H. W. Structure elucidation of the lantibiotic nisin in aqueous solution and in membrane- like environments. 1995. 200 f. Tese [Doutorado] - University of Nijmegen, Netherlands. 65. VAN SCHAIK, W.; GAHAN, C. G. M.; HILL, C. Acid- adapted Listeria monocytogenes displays enhanced tolerance against the lantibiotics nisin and lacticin 3147. J. Food Prot., Des Moines, v. 62, n. 5, p. 536-539, May 1999. 66. VAUGHAN, E. E. et al. Isolation from food sources, of lactic acid bacteria that produced antimicrobials. J. Appl. Bacteriol., Oxford, v. 76, n. 2, p. 118-123, Feb. 1994. 67. VENEMA, K. et al. Mode of action of lactococcin B, a thiol activated bacteriocin from Lactococcus lactis subsp. lactis. Appl. Environ. Microbiol., Washington, v. 59, n. 4, p. 1041-1048, Out. 1993. 68. VILLANI, F. et al. Antagonistic activity of lactic acid bacteria isolated from natural whey starters for water- buffalo mozzarella cheese manufacture. Italian Journal of Food Science, v.1, n. 3, p. 221-234, 1995. 69. ZAMFIR, M. et al. Purification and characterization of a bacteriocin produced by Lactobacillus acidophilus IBB 801. J. Appl. Microbiol., Oxford, v. 87, n. 6, p. 923-931, Dec. 1999. Alim. Nutr., Araraquara, v.14, n.2, p. 229-235, 2003