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Livro do ProfessorLivro do Professor Livro de Revisão 1 Filosofia Ensino Médio Fernanda Tavares Paulino ©Editora Positivo Ltda., 2017 Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio, sem autorização da Editora. Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP) (Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil) P328 Paulino, Fernanda Tavares. Filosofia : livro de revisão / Fernanda Tavares Paulino – Curitiba : Positivo, 2017. v. 1 : il. ISBN 978-85-467-1686-9 (aluno) ISBN 978-85-467-1675-3 (professor) 1. Ensino médio. 2. Filosofia – Estudo e ensino. I. Título. CDD 373.33 1. Introdução à Filosofia A palavra Filosofia, de origem grega, é traduzida como amizade ou amor à sabedoria. Foi criada na Antiguidade, para designar uma forma de conhecimento que teria surgido na Grécia, sucedendo o pensamento mítico. Ela se caracteriza pelos atos de questionar, problematizar e refletir sobre a realidade em seus múltiplos aspectos. Mito e Filosofia O mito constitui uma das formas de se compreender e explicar a realidade. Trata-se de um discurso oral, transmi- tido de geração a geração e tido como verdadeiro pelas comunidades nas quais está inserido. Pode ser uma narrativa simbólica sobre os feitos de deuses, heróis e seres sobrenaturais, ou a respeito da origem e do destino do mundo e do ser humano. Os mitos existem nas mais diversas sociedades, em diferentes épo- cas e lugares. Conforme sua intencionalidade, eles podem ser: • cosmogônicos – narram a origem de todas as coisas; • escatológicos – narram o destino da vida humana e os aconte- cimentos após a morte; • épicos – narram feitos de heróis e guerreiros, com a fun- ção pedagógica de orientar os seres humanos em sua vida cotidiana. A mitologia greco-romana teve grande influência na formação da cultura ocidental, servindo de inspiração para a Filosofia e as artes. Porém, a Filosofia se caracteriza por buscar explicações racionais, sem recorrer à interferência divina, por meio de raciocínios rigorosos acerca da natureza e das relações sociais humanas. Considera-se que ela surgiu na Grécia Antiga, por volta do século VI a.C., sob a influên- cia de alguns fatores: vida urbana; uso da moeda; desenvolvimento comercial, econômico, financeiro e político; contato com outros povos; expansão das técnicas de trabalho e ensino; escrita alfabética. Cosmologia: a questão da arché Os primeiros filósofos de que se tem notícia ficaram conhecidos como pré-socráticos. Eles buscavam explicar a origem das coisas por meio da arché, ou seja, de um princípio unificador de tudo o que existe. Suas investigações resultaram na apresentação de diferentes elementos como a arché. Filósofo Período em que viveu Arché Tales de Mileto 624 a.C. a 546 a.C. água Anaximandro de Mileto 611 a.C. a 546 a.C. apeíron Anaxímenes de Mileto 586 a.C. a 525 a.C. ar Pitágoras de Samos 580 a.C. a 500 a.C. números Heráclito de Éfeso 535 a.C. a 470 a.C. fogo, opostos, movimento Anaxágoras de Clazômenas 499 a.C. a 428 a.C. homeomerias Empédocles de Agrigento 492 a.C. a 432 a.C. água, terra, fogo e ar Demócrito de Abdera 460 a.C. a 370 a.C. átomos © iS to ck ph ot o. co m /T im ur K ul ga rin Hércules, um dos mais célebres heróis da mitologia grega 2 Livro de Revisão 1 Ser e devir A questão do ser e do vir a ser, ou devir, está na base da Filosofia. No século VI a.C., destacaram-se dois posiciona- mentos em relação a esse tema: • Heráclito de Éfeso defendeu a ideia de que tudo está em constante transformação, num eterno devir. • Parmênides de Eleia defendeu a ideia de que tudo é uno, imóvel e não criado. Para ele, as mudanças não passavam de opinião (dóxa) e ilusão. Retórica e dialética Sócrates inaugurou a investigação de questões antropológicas, isto é, relacionadas à identidade, à origem, às angús- tias, aos desejos e aos deveres humanos. Nunca registrou seus pensamentos por escrito, o que foi feito por seus discí- pulos, especialmente Platão. Empregava uma forma de diálogo conhecida como dialética, a fim de despertar em seus interlocutores o conhecimento verdadeiro sobre o objeto de cada diálogo. Além disso, defendia as seguintes máximas: “Conhece-te a ti mesmo” e “Só sei que nada sei”. Para Sócrates, o bem era a ideia mais sublime, identificando-se com a beleza e com a verdade. Ele afirmava que o ser humano é essencialmente racional e, por isso, deveria buscar o conhecimento verdadeiro e praticar a virtude, almejando o bem. Acreditava que a dialética faria o conhecimento nascer de dentro do próprio indivíduo. Para isso, empregava um método composto de dois procedimentos: a ironia e a maiêutica. A ironia socrática consistia em mostrar a ignorância dos indivíduos sobre as questões fundamentais que eles imaginavam conhecer. A maiêutica, por sua vez, era como um parto, consistindo em dar à luz novas ideias. O pensamento socrático opunha-se à retórica, ou seja, à arte do discurso convincente, praticada pelos sofistas. Sócrates criticava esses pensadores, que ensinavam em troca de remuneração, acusando-os de manipular o público de acordo com os próprios interesses, sem compromisso com a verdade. Em 399 a.C., Sócrates foi condenado à morte por meio da ingestão de cicuta, sob as acusações de corromper a juventude ateniense e de negar os deuses da cidade. Filosofia na pólis grega Na Antiguidade grega, o conceito de pólis se referia tanto à localização espacial de uma cidade quanto à sua orga- nização política. Nela, havia a ágora, espaço público onde se localizavam feiras, mercados, e onde se realizavam rituais religiosos e discussões sobre o futuro da pólis. Os discursos confrontados nas discussões políticas eram, muitas vezes, elaborados por sofistas. Contudo, questões relacionadas à pólis grega foram também assuntos de muitas e importantes reflexões filosóficas. Acrópole de Atenas, importante símbolo da pólis ateniense © iS to ck ph ot o. co m /t re kh ol id ay s 3Filosofia Períodos e áreas da Filosofia A produção filosófica de diferentes autores é organizada em períodos e áreas de investigação, que interagem entre si, mas se ocupam de objetos de estudo específicos. Linha do tempo da Filosofia Séc. VII a.C ao séc. III Filosofia antiga Séc. III ao séc. XVI Filosofia medieval Séc. XVII ao séc. XIX Filosofia moderna Séc. XIX aos dias atuais Filosofia contemporânea Períodos da Filosofia antiga • Período pré-socrático ou cosmológico – do século VII a.C. ao século V a.C. Caracteriza-se por questionamentos relacionados à origem e ao princípio formador de todas as coisas (arché), com ênfase em investigações sobre o cosmos (a ordem geral do Universo) e a physis (a natureza, a substância física do mundo). Pensador de destaque: Tales de Mileto. • Período socrático ou antropológico – final do século V a.C. e século IV a.C. Caracteriza-se por reflexões acerca de psyché (alma, consciência ou razão humana). As investigações voltavam-se, principalmente, para a verdade e a virtude. Pensador de destaque: Sócrates. • Período sistemático – final do século IV a.C. e século III a.C. Caracteriza-se pela sistematização dos conhecimentos já produzidos e pela busca de cientificidade do pensamento filosófico. Pensador de destaque: Aristóteles. • Período helenístico ou greco-romano – final do século III a.C. ao século VI d.C. Caracteriza-se pela ênfase em reflexões éticas. Pensadores de destaque: epicuristas, estoicos e neoplatônicos. Áreas da Filosofia • História da Filosofia • Epistemologia – Teoria do conhecimento e Filosofia da Ciência • Estética • Ética • Filosofia política • Metafísica – Ontologia • Lógica • Filosofia da linguagem A imagem do pensador é empregada para representar o filósofo © iS to ck ph ot o. co m /W es le y V an Di nt er 4 Livro de Revisão 1 Atividades 1. (UEM – PR) “O nascimento da filosofia pode ser entendido como o surgimento de uma nova ordem do pen- samento, complementar ao mito,que era a forma de pensar dos gregos. Uma visão de mundo que se formou de um conjunto de narrativas contadas de geração a geração [...]. Os mitos apresentavam uma religião politeísta, sem doutrina revelada, sem teoria escrita, isto é, um sistema religioso, sem corpo sa- cerdotal e sem livro sagrado, apenas concentrada na tradição oral, é isso que se entende por teogonia”. Filosofia / vários autores. Curitiba: SEED-PR, 2006. p. 18. Sobre o surgimento da filosofia, assinale o que for correto. 01) Na Grécia Antiga, o conhecimento dos mitos era transmitido pelos padres da Igreja. 02) O livro do Gênesis repete o primeiro capítulo da Teogonia de Hesíodo, que trata da criação do mundo. X 04) A teogonia visa explicar a genealogia dos deuses e sua relação com os fenômenos do mundo. X 08) A oralidade constitui a forma privilegiada de trans- missão do pensamento mítico. 16) O mito representa uma forma de pensamento reli- gioso contrário à racionalidade filosófica de Platão e dos filósofos pré-socráticos. Somatório: 12 (04 + 08) 2. (UFU – MG) Leia o texto e as assertivas abaixo a respeito das relações entre o nascimento da filosofia e a mitologia. O nascimento da filosofia na Grécia é marcado pela passagem da cosmogonia para a cosmologia. A cosmogonia, típica do pensamento mítico, é des- critiva e explica como do caos surge o cosmos, a partir da geração dos deuses, identificados às forças da natureza. Na cosmologia, as explicações rom- pem com a religiosidade: a arché (princípio) não se encontra mais na ordem do tempo mítico, mas sig- nifica princípio teórico, enquanto fundamento de todas as coisas. Daí a diversidade de escolas filosó- ficas, dando origem a fundamentações conceituais (e portanto abstratas) muito diferentes entre si. ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 1993. p. 93. I. Uma corrente de pensamento afirma que houve ruptura completa entre mito e filosofia, tal corrente é a que de- fende a tese do milagre grego. II. Outra corrente de pensamento afirma que não houve ruptura completa entre mito e filosofia, mas certa con- tinuidade, é a que defende a tese do mito noético. Assinale a alternativa correta. a) I é falsa e II, verdadeira. b) I é verdadeira e II, falsa. X c) I e II são verdadeiras. d) I e II são falsas. 3. (UFU – MG) Heráclito nasceu na cidade de Éfeso, região da Jônia, e viveu aproximadamente entre 540 e 480 a.C. Ficou conhecido como “o obscuro”, porque seus escri- tos eram, em geral, aforismos, isto é, frases enigmáticas que condensam a ideia transmitida. Dentre suas ideias mais destacadas está a do “eterno devir”. A partir dessas informações, marque a alternativa que descreve correta- mente o significado de “eterno devir”. a) O princípio de que tudo é água ou o elemento úmido. b) A permanência do ser. X c) Transformação incessante das coisas. d) O Mundo das Ideias. 4. (UFU – MG) Já na Antiguidade, Heráclito de Éfeso, filósofo pré-socrático, era chamado de “o Obscuro”. A isto se deve o fato de o pensador ter transmitido a sua doutrina por meio de diversos fragmentos (ou aforismos) de difícil interpretação. Não obstante as dificuldades que impõem aos estudiosos, vários desses textos se tornaram célebres e exerceram grande influência em diversos períodos da História da Filosofia. Eis aqui dois deles: I. “A mesma coisa: o vivo e o morto, o desperto e o adormecido, o jovem e o velho, porque estas coisas, transformando-se, são aquelas e aquelas, transformando-se, são estas”. DIELS, H.; KRANZ, W. Os pré-socráticos, Fragmento 88. II. “Descemos e não descemos no mesmo rio, nós mesmos somos e não somos”. DIELS, H.; KRANZ, W. Os pré-socráticos, Fragmento 49a. 5Filosofia Com base nos fragmentos supracitados e em seus conhecimentos sobre a filosofia de Heráclito, responda: a) Qual é, para Heráclito, a causa do devir (do movi- mento) verificado no cosmos? A causa do devir, segundo Heráclito, é a luta (conflito, guerra, oposição, embate) entre os elementos opostos da Natureza (frio/quente, dia/noite, claro/escuro). O movimento (mudança) é o resultado do conflito entre esses elementos. Sendo assim, em outro de seus fragmentos ele afirma: “O conflito é pai e rei de todas as coisas. Fez de uns deuses, de outros homens, de uns escravos e de outros livres”. (DIELS, H.; KRANZ, W. Os pré-socráticos, Fragmento 53. ) b) Segundo Heráclito, que elemento da natureza melhor simboliza o movimento, a transformação de todas as coisas? Justifique sua resposta. O fogo é o elemento que, segundo Heráclito, melhor simboliza a luta entre os elementos contrários da natureza, condição fundamental para a existência do cosmos. O fogo deve sua existência à destruição daquilo que consome. Por isso, traz consigo a força simbólica da guerra entre os opostos que está na raiz da existência da Natureza. Para Heráclito: “o cosmos existe como um fogo que ora se acende e ora se apaga, segundo um processo eterno de nascimento e destruição”. (DIELS, H.; KRANZ, W. Os pré-socráticos, Fragmento 30.) 5. (UEM – PR) “Necessário é dizer e pensar que só o ser é; pois o ser é, e o nada, ao contrário, nada é: afirmação que bem deves considerar. [...] Jamais se conse- guirá provar que o não ser é; afasta, portanto, o teu pensamento desta via de investigação, e nem te deixes arrastar a ela pela múltipla experiência do hábito, nem governar pelo olho sem visão, pelo ouvido ensurdecido ou pela língua; mas com a razão decide da muito controvertida tese, que te revelou minha palavra. Resta-nos assim um único caminho: o ser é.” PARMÊNIDES. Poema. In: MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. p. 13. A partir do trecho citado, assinale o que for correto. 01) Afirmar o que o ser é implica uma impossibilidade racional, visto ser impossível descobrir a natureza das coisas. X 02) Investigar o que é o ser implica fazer um discurso afirmativo sobre a natureza de algo. X 04) As experiências sensíveis não são suficientes para provar a natureza do ser ou o que ele é. X 08) Sobre o não ser, o que se pode afirmar é sua impos- sibilidade, sendo vedado afirmar qualquer coisa. X 16) O não ser é impossível de ser demonstrado racionalmente. Somatório: 30 (02 + 04 + 08 + 16) 6. (UFU – MG) Leia o texto abaixo: “Afasta o pensamento desse caminho de busca e que o hábito nascido de muitas experiências humanas não te force, nesse caminho, a usar o olho que não vê, o ouvido que retumba e a lín- gua: mas, com o pensamento, julga a prova que te foi fornecida com múltiplas refutações. Um só caminho resta ao discurso: que o ser existe.” REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: filosofia pagã antiga. Tradução de Ivo Storniolo. São Paulo: Paulus, 2003. p. 35. Com base no pensamento de Parmênides, assinale a alternativa correta. a) Os sentidos atestam e conduzem à verdade absoluta do ser. b) O ser é o eterno devir, mas o devir é de alguma maneira regido pelo Logos. c) O discurso se move por teses e antíteses, pois essas são representações exatas do devir. X d) Quem afirma que “o ser não existe” anda pelo cami- nho do erro. 6 Livro de Revisão 1 2. Epistemologia antiga e medieval A Epistemologia, também conhecida como Teoria do conhecimento, investiga as relações entre o sujeito conhecedor e o objeto a ser conhecido. Indaga o que é o conhecimento, como ele pode ser adquirido, utilizado, e quais são os limites do conhe- cimento humano. De modo geral, entende-se por conhecimento a capacidade de realizar procedi- mentos que possibilitem a um sujeito descrever, calcular ou prever os objetos e os fenô- menos que compõem sua realidade. Há diferentes tipos de conhecimento: • Sensível ou empírico – adquirido por meio dos cinco sentidos. • Inteligível ou intelectual – baseia-se na razão por meio de questionamentos e reflexões. • De fé – desenvolvido na Idade Média,sob influência do cristianismo, baseia-se na crença e na ideia de revelação divina. a o - ntos A concepção aristotélica de Ciência se destacou na Antiguidade, sendo retomada na escolástica medieval. 7. (UFU – MG) De acordo com o pensamento do filósofo Parmênides de Eleia, marque a alternativa correta. a) A identidade é uma característica inerente ao domínio da opinião, uma vez que a pluralidade das opiniões é o que atesta a identidade de cada indivíduo. b) Segundo Parmênides, um mesmo homem não pode entrar duas vezes em um mesmo rio, posto que a mutabi- lidade do mundo impede que o mesmo evento se repita. c) Uma das leis lógicas, presente no pensamento de Parmênides, é o princípio de identidade, segundo o qual todas as coisas podem ser e não ser ao mesmo tempo. X d) O caminho da verdade é também a via da identidade e da não contradição. Nesse sentido, somente o Ser – por ser imóvel e idêntico – pode ser pensado e dito. 8. (UEM – PR) “[...] Talvez alguém diga: ‘Sócrates, será que você não pode ir embora, nos deixar em paz e ficar quie- to, calado?’ Ora, eis a coisa mais difícil de convencer alguns de vocês. Pois se eu disser que tal conduta seria desobediência ao deus e que por isso não posso ficar quieto, vocês acharão que estou zombando e não acreditarão. E se disser que falar diariamente da virtude e das outras coisas sobre as quais me ouvem falar e questionar a mim e a outros é o bem maior do homem e que a vida que não se questiona não vale a pena viver, vão me acreditar menos ainda.” PLATÃO, Apologia de Sócrates, in MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. p. 20. A partir do texto citado, é correto afirmar que: 01) Sócrates não aceita a sentença de seus interlocuto- res porque a rebeldia e a não aceitação das ordens são próprias de um filósofo. X 02) Sócrates defende uma atitude permanente de ques- tionamento para os homens, sem a qual a vida não valeria a pena ser vivida. X 04) Para Sócrates, o questionamento é mais do que um momento na vida humana, é uma conduta perma- nente que deve ser cultivada. X 08) Para Sócrates, o questionamento é algo intrínseco da natureza humana e não somente dele, um filósofo. 16) Ao citar deus, Sócrates compreende que está zom- bando de seus interlocutores, pois seus questiona- mentos não possuem nenhuma relação com a religião. Somatório: 14 (02 + 04 + 08) © iS to ck ph ot o. co m /P an os Ka ra pa na gi ot is 7Filosofia Dóxa e epistéme Os filósofos pré-socráticos (século IV a.C.) investigavam a physis (natureza), em busca de um conhecimento seguro e verdadeiro acerca de tudo o que existe. Diante da multiplicidade e das constantes mudanças que ocorrem na physis, esses pensadores enfrentaram o desafio de descobrir como é possível conhecer. Parmênides de Eleia mencionou duas vias que poderiam ser percorridas em busca de conhecimento: • Dóxa – a via da aparência e da opinião. Corresponde ao conhecimento adquirido por meio dos cinco sentidos, o qual não é confiável, gerando dúvidas e incertezas. • Epistéme – a via do conhecimento e da ciência. Corresponde ao conhecimento adquirido por meio da razão, de questionamentos e reflexões, o único capaz de revelar o ser e a realidade. O conhecimento inteligível (pela via da razão) foi o mais valorizado entre os filósofos da Antiguidade, sendo desig- nado por diversos termos gregos, como: gnósis, lógos, epistéme, mátema, theoria, sophia. Já o conhecimento sensível era designado por um único termo: áistesis. Teoria das ideias Platão foi um dos mais influentes filósofos da Antiguidade. Em seu pensamento, destaca-se a distinção entre o mundo sensível, cap- tado pelos sentidos, e o mundo inteligível, captado pela razão. Para o filósofo, o mundo sensível era marcado pelo devir e pelas aparências, sendo impossível alcançar um conhecimento verdadeiro sobre ele. Ainda assim, observou que a maioria das pessoas se atém ao mundo sensível, sem tentar ultrapassar a superficialidade dos sentidos. Segundo Platão, o mundo sensível não passava de uma cópia imper- feita do mundo inteligível, o qual, por sua vez, somente os filósofos seriam capazes de captar, por meio da razão. No entanto, esse seria o único modo de alcançar o Bem e o Belo. Platão descreveu as diferenças entre os mundos sensível e inteli- gível por meio da Alegoria da Caverna. De acordo com ele, os prisio- neiros acorrentados nessa caverna representavam os seres humanos comuns, presos à opinião. Já o prisioneiro liberto, que contempla a luz do sol, representava o filósofo, aquele que buscava conhecer o mundo das ideias. Organização do conhecimento e abstração Aristóteles foi aluno de Platão, mas, ao contrário de seu mestre, ele valorizava o conhecimento sensível (advindo dos sentidos) como via de acesso ao conhecimento inteligível. Classificava a sensação, a experiência, a memória e a fantasia como etapas do conhecimento sensível, que antecederiam o conhecimento inteligível. Além disso, considerava o conhe- cimento inteligível resultante da capacidade de apreender as formas sensíveis, presentes nos próprios objetos sensíveis, extraindo delas as formas inteligíveis, por meio da abstração. Segundo ele, a abstração era possibilitada pelo intelecto potencial (capacidade de apreender as formas inteligíveis) que, ao realizá-la, se tornava intelecto atual. Aristóteles buscou identificar as causas primeiras de todas as coisas. Ele concebia o conhecimento como a classificação dos objetos de estudo segundo a espécie, o gênero e outras características. Sendo assim, classificou também as diversas formas de conhecer, distinguindo as ciências produtivas (Arte e técnicas), as ciências práticas (Ética e Política) e as ciências teoréticas (Matemática, Física e Filosofia). A Alegoria da Caverna sintetiza as concepções platônicas sobre o conhecimento inteligível e o papel social do filósofo. © Sh ut te rs to ck /a nd re iu c8 8 8 Livro de Revisão 1 Ceticismo e neoplatonismo O ceticismo é uma corrente filosófica iniciada por Pirro, no final da Antiguidade. Entre seus representantes, destacam-se alguns dos acadêmicos – filósofos que fizeram parte da Academia fundada por Platão. A principal tese do ceticismo era a impossibilidade do conhecimento acerca da realidade, cuja natureza seria incompreensível para o ser humano. Assim, os céticos praticavam a acatalepsia (reconhecimento de que não é possível conhecer) e a epoché (suspensão de julgamentos sobre a realidade das coisas), em busca da ataraxia (tranquilidade imperturbável, decorrente da ausência de julgamentos). O neoplatonismo é uma corrente filosófica iniciada por volta do século II d.C. e que retoma o pensamento de Platão, conciliando-o com aspectos do cristianismo. Seu principal representante, Plotino, afirmava que, para além dos mundos sensível e inteligível, havia o Uno, superior a ambos e simbolizado pela luz. O Uno seria o gerador das múltiplas realida- des, por meio de suas emanações. As primeiras emanações dessa luz primordial teriam originado o mundo inteligível, formado pelo Ser, pelo Noûs e pela Alma do Mundo. Dessas emanações iniciais teria surgido o mundo sensível, mais dis- tante do Uno e, portanto, menos perfeito, marcado pela multiplicidade. O neoplatonismo influenciou a Filosofia medie- val, especialmente na formação da patrística. Teoria da iluminação divina No início da Idade Média, Agostinho de Hipona, o principal representante da patrística, combateu o ceticismo e recebeu influências do pensamento de Plotino. Porém, ao invés do Uno, ele considerava Deus como o princípio perfeito e transcendente que possibilitaria todo o conhecimento. Agostinho desenvolveu a Teoria da iluminação divina em um esforço para explicar como o conhecimento seria possível. De acordo com essa teoria, a alma humana teria em si o conhecimento da verdade, mas, para torná-lo inte- ligível, necessitava da iluminação divina. Intelecto e conhecimento A partirdo século XII, o pensamento aristotélico chegou à Europa, traduzido e comentado por pensadores árabes, especialmente Avicena e Averróis. Influenciou fortemente a produção filosófica conhecida como escolástica, cujo principal representante foi Tomás de Aquino. Para Avicena, a inteligência humana tinha cinco graus: material, possível, em ato, adquirida e faculdade intuitiva. Por meio deles, essa inteligência seria capaz de compreender e se unir aos mundos material e celeste. Averróis, por sua vez, dividia o conhecimento em: inteligência individual, que poderia ou não ser desenvolvida; e luz, uma inteligência transcendente ao ser humano, proveniente da iluminação divina. Sob influência dessas concepções, Tomás de Aquino associou o pensamento aristoté- lico ao cristianismo. Assim, afirmou que, por meio da abstração, seria possível conhecer as formas inteligíveis, com base nos elementos sensíveis. Afirmou ainda que a experiência sensível poderia levar ao conhecimento inte- lectivo, até mesmo de Deus. Para Tomás de Aquino, Deus era a base comum para a fé e a razão, consequentemente, para a Teologia e a Filosofia. Na Idade Média, a Filosofia, presente nas obras dos pensadores gregos, foi associada à Teologia, que se fundamentava na Bíblia cristã. © W ik im ed ia C om m on s/ M yr ab el la /S ai nt e- So ph ie , Is ta nb ul , T ur qu ie 9Filosofia 1. (UNESP – SP) Do lado oposto da caverna, Platão situa uma fogueira – fonte da luz de onde se projetam as sombras – e alguns homens que carregam obje- tos por cima de um muro, como num teatro de fantoches, e são desses objetos as sombras que se projetam no fundo da caverna e as vozes desses homens que os prisioneiros atribuem às sombras. Temos um efeito como num cinema em que olha- mos para a tela e não prestamos atenção ao proje- tor nem às caixas de som, mas percebemos o som como proveniente das figuras na tela. Danilo Marcondes. Iniciação à história da filosofia, 2001. Explique o significado filosófico da Alegoria da Caverna de Platão, comentando sua importância para a distinção entre aparência e essência. No pensamento de Platão, o mundo sensível, captado por meio dos sentidos, é o lugar das aparências, das sombras ou simulacros das ideias. O mundo inteligível, em que residem as essências ou ideias, corresponde à realidade, eterna, imutável e acessível somente à razão. Na Alegoria da Caverna, o mundo sensível é representado pela escuridão da caverna. Dentro dela, os prisioneiros permanecem na ignorância, confundindo a verdade com as aparências. Segundo Platão, essa é a condição dos indivíduos que se restringem ao conhecimento sensível. Já o exterior da caverna, cuja luz inicialmente cega o prisioneiro liberto, representa o mundo inteligível, cujas essências são acessíveis apenas ao pensamento, desde que o ser humano desenvolva sua capacidade racional. A condição do prisioneiro liberto representa a do filósofo, que busca o conhecimento inteligível e tenta despertar os demais para fazer o mesmo. 2. (UEM – PR) “– Logo, a arte de imitar está muito afastada da verdade, sendo que por isso mesmo dá a impressão de poder fazer tudo, por só atingir parte mínima de cada coisa, simples simulacro. O pintor, digamos, é capaz de pintar um sapa- teiro, um carpinteiro ou qualquer outro artesão, sem conhecer absolutamente nada das respec- tivas profissões. No entanto, se for bom pintor, com o retrato de um carpinteiro, mostrado de longe, conseguirá enganar pelo menos crianças ou pessoas simples e levá-las a imaginar que se trata de um carpinteiro de verdade. – Como não? – Mas a meu ver, amigo, o que devemos pen- sar dessa gente é o seguinte: quando alguém nos anuncia que encontrou um indivíduo co- nhecedor de todas as profissões e de tudo o que se pode saber, e isso com a proficiência dos maiores especialistas, seremos levados a suspeitar que falamos com um tipo ingênuo e vítima, sem dúvida, de algum charlatão e imi- tador, e que se o tomou por sábio universal foi apenas pelo fato de ser incapaz de fazer a dis- tinção entre o conhecimento, a ignorância e a imitação.” PLATÃO. A República, Livro X. In: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009. p. 557-558. A partir do trecho citado e dos conhecimentos sobre a filosofia de Platão, assinale o que for correto. X 01) Para Platão, a reprodução de algo não comporta a Verdade desse algo, sua essência verdadeira. 02) Para Platão, conhecer um objeto sensível implica tomar contato apenas com o simulacro dele. X 04) Para Platão, a reprodução de algo espelha uma parte do ser e não o que ele é verdadeiramente. X 08) Para Platão, a verdade de algo está para além de sua manifestação sensível. 16) Para Platão, é impossível haver conhecimento de qualquer coisa. Somatório: 13 (01 + 04 + 08) 10 Livro de Revisão 1 3. (UFU – MG) Leia o texto abaixo. “SÓCRATES: Portanto, como poderia ser algu- ma coisa o que nunca permanece da mesma ma- neira? Com efeito, se fica momentaneamente da mesma maneira, é evidente que, ao menos nesse tempo, não vai embora; e se permanece sempre da mesma maneira e é ‘em si mesma’, como po- deria mudar e mover-se, não se afastando nunca da própria Ideia? CRÁTILO: Jamais poderia fazê-lo. SÓCRATES: Mas também de outro modo não poderia ser conhecida por ninguém. De fato, no próprio momento em que quem quer conhecê-la chega perto dela, ela se torna outra e de outra espé- cie; e assim não se poderia mais conhecer que coisa seja ela nem como seja. E certamente nenhum co- nhecimento conhece o objeto que conhece se este não permanece de nenhum modo estável. CRÁTILO: Assim é como dizes.” PLATÃO, Crátilo, 439 e – 440 a. Assinale a alternativa correta, de acordo com o pensa- mento de Platão. X a) Para Platão, o que é “em si” e permanece sempre da mesma forma, propiciando o conhecimento, é a Ideia, o ser verdadeiro e inteligível. b) Platão afirma que o mundo das coisas sensíveis é o único que pode ser conhecido, na medida em que é o único ao qual o homem realmente tem acesso. c) As Ideias, diz Platão, estão submetidas a uma trans- formação contínua. Conhecê-las só é possível porque são representações mentais, sem existência objetiva. d) Platão sustenta que há uma realidade que sempre é da mesma maneira, que não nasce nem perece e que não pode ser captada pelos sentidos e que, por isso mesmo, cabe apenas aos deuses contemplá-la. 4. (UFU – MG) Leia o seguinte trecho da Alegoria da Caverna. Agora imagine que por esse caminho as pessoas transportam sobre a cabeça objetos de todos os tipos: por exemplo, estatuetas de figuras humanas e de animais. Numa situação como essa, a única coisa que os prisioneiros poderiam ver e conhecer seriam as sombras projetadas na parede a sua frente. CHALITA, G. Vivendo a filosofia. São Paulo: Ática, 2006. p. 50. Com base na leitura do trecho [...] e em seus conheci- mentos sobre a obra de Platão (428 a.C. – 348 a.C.), assinale a alternativa INCORRETA. a) Platão distingue o mundo sensível ou das aparências, onde tudo o que se capta por meio dos sentidos pode ser motivo de engano, e o mundo inteligível, onde se encontram as ideias a partir das quais surgem os ele- mentos do mundo sensível. b) Platão tinha como principal objetivo o conhecimento das ideias: realidades existentes por si mesmas, essências a partir das quais podem ser geradas suas cópias imperfeitas. X c) O pensamento de Platão deu origem aos fundamentos da ciência moderna graças ao seu método de obser- vação e experimentação para o conhecimento dos fenômenos naturais. d) A obra de Platão está fundamentada em um método de investigação conhecido como dialética cujo obje- tivo é superar a simples opinião (dóxa) e atingir o conhecimento verdadeiro ou ciência (epistéme). 5. (UEM – PR) “É, pois, com direito que a filosofia é também chamada a ciência da verdade: o fim da [ciência] es- peculativa é, com efeito, a verdade, e o da [ ciência]prática, a ação; porque, se os práticos consideram o como, não consideram o eterno, mas o relativo e o presente. E nós não conhecemos o verdadeiro sem [conhecer] a causa.” ARISTÓTELES. Metafísica, livro II, cap. I. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 39-40. A partir do texto é correto afirmar que: X 01) Aristóteles diferencia a ciência especulativa da ciência prática. X 02) A ciência prática volta-se para conhecer as coisas relativas à ação humana. 04) A ciência especulativa busca conhecer como as coisas são, sua condição presente, sua relação. X 08) Para Aristóteles, conhecer verdadeiramente algo é conhecer a sua causa. X 16) Para Aristóteles, a verdade é eterna e imutável. Somatório: 27 (01 + 02 + 08 + 16) 11Filosofia 6. (UEM – PR) “Dizemos: cada pessoa é, por exemplo, um ser humano, porém, há coisas que não lhe pertencem como ser humano. Contudo, não se isenta delas na existência como, por exemplo, a definição de suas medidas, sua cor, sua aparência e aquilo que é notório nele e outras coisas deste tipo. Todas estas coisas, mesmo sendo humanas, não são condições para que ele seja humano, caso contrá- rio, todas as pessoas seriam iguais neste âmbito. Apesar disso, inteligimos que há algo, ou seja: o ser humano. Que pobre é o discurso daquele que afirma o seguinte: o ser humano é esta totalidade percebida (pelos sentidos)!” AVICENA. A filosofia e sua divisão. In: MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009. p. 90-91. Com base nesta afirmação de Avicena, assinale o que for correto: 01) A definição do ser humano depende de suas atribui- ções sensíveis. 02) A classe social de um indivíduo compõe um dos ele- mentos da definição do ser humano. 04) A identidade racial distingue os seres humanos de outros seres vivos. X 08) O conceito de ser humano é inteligível. X 16) Qualificações como peso, altura e aparência física distinguem um ser humano de outro ser humano. Somatório: 24 (08 + 16) 7. (UFPR) Um dos exemplos de cultura produzida durante o período do império islâmico foi o “Cânone de Medicina”, escrito pelo médico e filósofo muçulmano Avicena entre 1012 e 1015. Esta obra sintetizou elementos da litera- tura médica siríaca, helenística e bizantina, e foi muito empregada por sábios ocidentais até o século XVII. Sobre o império islâmico no período do século VII a XV, conside- rando o exemplo da obra de Avicena, é correto afirmar: X a) O império islâmico permitiu uma grande circulação de culturas da Europa até a China, devido a sua relativa tolerância religiosa e a seu incentivo à assimilação e transmissão de conhecimentos dos diferentes povos conquistados, como atesta a obra de Avicena. b) O império islâmico permitiu grande circulação cultural por se expandir lentamente durante sua existência, ao ritmo da conversão e assimilação dos povos e das culturas da Europa à Ásia, devido à estratégia de não violência e de tolerância religiosa pregada pelo Corão, e presente na obra de Avicena. c) O império islâmico permitiu uma grande circulação de culturas da Europa à China devido à sua rápida expansão em menos de um século com o apoio de exércitos cristãos, o que explica a presença de obras como a de Avicena em território europeu cristão. d) Durante seu apogeu, o império islâmico restringiu a circulação de obras europeias cristãs em territórios muçulmanos e impôs a adoção de obras científicas islâmicas, como a de Avicena, aos povos não islâmicos. e) O império islâmico, durante seu apogeu, incentivou a busca pelo conhecimento científico nos territórios conquistados, como atesta a obra de Avicena, mas não logrou sucesso na Europa ocidental, devido ao bloqueio religioso estabelecido pela Igreja Católica. 8. (UEM – PR) “Vi claramente que todas as coisas boas podem, entretanto, se corromper, e não se poderiam cor- romper se fossem sumamente boas, nem tampou- co se não fossem boas. Se fossem absolutamen- te boas seriam incorruptíveis, e se não houvesse nada de bom nelas, não poderiam se corromper. [...] Portanto, todas as coisas que existem são boas, e o Mal que eu procurava não é uma subs- tância, pois se fosse substância seria um bem. Na verdade, ou seria uma substância incorruptível e então seria um grande bem, ou seria corruptível e, neste caso, a menos que fosse boa, não poderia se corromper. Percebi, portanto, e isto pareceu- -me evidente, que criastes todas as coisas boas e não existe nenhuma substância que Vós [Deus] não criastes.” AGOSTINHO. O problema do mal. In: MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. p. 63. A partir do exposto, assinale o que for correto. X 01) Em todas as coisas existe algum bem. 02) Se tudo que existe foi Deus quem criou e o mal existe, logo Deus criou coisas más. 04) O mal existe no mundo e é um algo, uma substância. X 08) Mal e bem, para Agostinho, não são juízos que os homens emitem sobre as coisas. X 16) Para Agostinho, é impossível que Deus criasse algo que não fosse bom. Somatório: 25 (01 + 08 + 16) 12 Livro de Revisão 1 9. (UFU – MG) A filosofia grega se expandiu para além das fronteiras do mundo helênico e influenciou ou- tros povos e culturas. Com o cristianismo não foi diferente e, aos poucos, a filosofia foi absorvida. Conforme Chalita, um dos motivos dessa absor- ção foi: [...] a necessidade de organizar os ensi- namentos cristãos, de reunir os fatos e conceitos do cristianismo sob a forma de uma doutrina e elaborar uma teologia rigorosa. CHALITA, G. Vivendo a filosofia. São Paulo: Ática, 2006. p. 94. Uma das características da patrística é a busca da conciliação entre a fé e a filosofia, e Agostinho de Hipona, ou Santo Agostinho (354 d.C. – 430 d.C.), influenciado pelo neoplatonismo, tornou- -se uma referência para a filosofia cristã. Em relação ao desenvolvimento das ciências na- turais, porém, o pensamento de Agostinho não deu grande impulso uma vez que sua filosofia – tal como a do mestre Platão – não adotava os fe- nômenos naturais como objeto de reflexão. Com base nos textos acima e em seus conhecimentos sobre a obra de Agostinho de Hipona, assinale a alterna- tiva INCORRETA. a) Agostinho de Hipona criou a doutrina da iluminação divina baseado na teoria da reminiscência de Platão, conciliando de modo original a fé cristã e o pensa- mento filosófico. X b) A observação, a experimentação e a aplicação dos princípios da geometria sobre os fenômenos naturais foi uma das principais características da filosofia de Santo Agostinho. c) Conforme Agostinho de Hipona, a filosofia grega é um instrumento útil para a fé cristã. d) As verdades eternas e imutáveis, que têm sua sede em Deus, só podem ser alcançadas pela iluminação divina. 10. (UFU – MG) Leia com atenção o texto a seguir. Tomás de Aquino (1225-1274) fez intenso uso das obras de Aristóteles e outros autores, recém introduzidas na universidade. Essas obras, originalmente escritas em grego ou árabe, representavam, em praticamente todos os domínios do saber, um enorme avanço científico. Aplicando esses novos conhecimentos em suas reflexões teológicas, ele conclui que devemos utilizar a filosofia em auxílio da ciência divina, seja na compreensão de certas passagens obscuras da Bíblia e dos autores cristãos, seja fornecendo uma explicação racional de certas teses da teologia como, por exemplo, sobre a existência de Deus. Um exemplo famoso desse método é o uso que Tomás de Aquino faz do argumento do Primeiro Motor imóvel, encontrado na Física de Aristóteles. Responda: a) Que fato, segundo o texto, resultou em um avanço científico para a universidade medieval? O fato que resultou em avanço científico para a universidade medieval, na época de Tomás de Aquino, foi a introdução, na Europa, de obras de autores gregos (principalmente Aristóteles) e, outros, como os filósofos árabes que abarcavam diversos campos do saber. b) SegundoTomás de Aquino, como a filosofia se situa em relação à teologia (ciência divina)? A Filosofia é considerada autônoma e distinta em relação à Teologia, podendo, no entanto, atuar em auxílio desta. Segundo Tomás de Aquino, a Filosofia poderia ajudar, por exemplo, na compreensão da Bíblia e de algumas teses teológicas, sendo empregada também na elaboração de provas da existência de Deus. c) Explique o argumento do primeiro motor citado no texto. Tomás de Aquino retira da Física e da Metafísica de Aristóteles o argumento do primeiro motor, que pode ser assim resumido: Tudo o que se move, é movido por outro. Ora, essa cadeia não pode retroceder ao infinito, pois o movimento teria de ter começado em algum ponto. Logo, deve haver um primeiro movente ou motor que seja, ele mesmo imóvel, um começo absoluto. Para Aquino, esse primeiro movente ou motor é Deus. 13Filosofia 3. Epistemologia moderna Na Idade Moderna (séculos XV a XVIII), houve uma retomada de obras filosóficas da Antiguidade, em meio ao desenvol- vimento de uma nova concepção científica e de um movimento cultural que ficou conhecido como Iluminismo. A Ciência Moderna buscou maior independência em relação à Filosofia e à religião. Além disso, desenvolveu uma nova forma de inves- tigação, pautada em um método, que incluía observações, elaboração de hipóteses, experimentos, cálculos, verificações, generalizações e previsões. Nesse contexto, o método deve ser entendido como a forma de organizar ações, orientadas por princípios, com o objetivo de identificar as leis universais que regem o funcionamento dos fenômenos particulares observáveis. Método experimental Galileu Galilei inaugurou o pensamento moderno, ao romper com a concepção aristotélico-medieval de mundo. Afir- mou que o mundo natural era um livro escrito em caracteres matemáticos, devendo ser decifrado por meio do método científico. Já Francis Bacon, considerado o pai da Ciência Experimental, defendeu a máxima “saber é poder”, buscando des- vendar o mundo natural para que os seres humanos pudessem dominá-lo. Relacionava a Ciência à técnica e subordinava seu valor à utilidade que ela pudesse ter para a vida prática. O método experimental, proposto por Bacon, utilizava procedimentos empíricos de análise e comparação dos fenô- menos, a fim de atingir o conhecimento das leis que os governavam. Para isso, ele seguia etapas denominadas tábuas de investigação. Seu método, conhecido como indução por eliminação, consistia em afirmar e negar hipóteses, bem como em comparar fenômenos naturais, buscando compreender e dominar a natureza. Vale destacar que o método indutivo, típico da Ciência Moderna, analisa casos particulares para identificar uma lei geral, enquanto o método dedutivo parte de leis gerais para explicar fatos particulares. Bacon também destacava a existência de quatro ídolos, ou seja, falsas noções que obscurecem o conhecimento: • Ídolos da tribo – fundados na natureza humana, correspondem à crença nos sentidos como medida de todas as coisas. • Ídolos da caverna – característicos da subjetividade dos indivíduos, são distorções causadas pelas diferenças de impres- sões de cada um. • Ídolos do foro – decorrentes da associação entre indivíduos, que, por meio da linguagem, se envolvem em controvérsias. • Ídolos do teatro – advindos de doutrinas filosóficas e concepções científicas cujas ideias não podem ser comprovadas. Racionalismo: inatismo Racionalismo é a corrente de pensamento que afirma a primazia da razão como via de acesso ao conhecimento, em detrimento dos sentidos e da experiência. Um de seus princípios é o inatismo, tese de que os indivíduos são dotados de certas ideias anteriores à experiência. O principal representante do racionalismo moderno é René Descartes. No século XVII, ele buscou um princípio sólido que possibilitasse um conhecimento científico seguro. Nesse processo, privilegiou a razão, considerando-a dotada de ideias inatas, claras e distintas, bem como da capacidade de julgar a verdade ou a falsi- dade por trás das aparências. Descartes distinguia três tipos de verdades: • adventícias – advindas dos sentidos, que captam somente os objetos suscetíveis a constantes mudanças; • fictícias – provenientes da imaginação; • inatas – verdades eternas, imutáveis e universais. © Sh ut te rs to ck /R ef at De acordo com o racionalismo, as ideias são inatas. 14 Livro de Revisão 1 De acordo com o criticismo kantiano, não conhecemos as coisas como elas são, e sim “moldadas” por estruturas da razão. © iS to ck ph ot o. co m /M an ue lB ur go s © iS to ck ph ot o. co m /k oy a7 9 Descartes estabeleceu um método pautado em princípios matemáticos, segundo o qual todo conhecimento deveria ser submetido à dúvida sistemática, a fim de ultrapassar crenças infundadas e chegar a um conhecimento seguro e obje- tivo. O método cartesiano divide-se em quatro etapas: 1. Incluir em seus juízos apenas aquilo de que se tenha certeza absoluta. 2. Dividir as dificuldades em várias etapas, a fim de analisá-las separadamente. 3. Ordenar as ideias, das mais simples às mais complexas. 4. Fazer enumerações complexas e revisões gerais, a fim de não omitir nada. Influenciado por Descartes, Gottfried Leibniz propôs a criação de uma Lógica simbólica para avaliar os raciocínios. Distinguiu verdades de razão – inatas e imutáveis, porque se referem ao que algo é, não podendo ser de outro modo – e verdades de fato – empíricas e mutáveis, porque se referem a coisas que poderiam ser diferentes do que são. Empirismo A corrente de pensamento denominada empirismo nega a tese do conhecimento inato, afirmando que o conhecimento se forma com base em experiências. Um dos principais representantes do empirismo moderno é o filósofo inglês John Locke. No século XVII, ele comparou a mente humana a uma tábula rasa, uma espécie de folha em branco, que seria preenchida por meio das experiências vivenciadas pelos indiví- duos. Locke afirmava ainda que a mente humana é capaz de perceber suas próprias operações, em um processo denominado reflexão. Experiência e hábito No século XVIII, o filósofo David Hume destacou-se como representante do empirismo. Afirmava que conhecimento decorre da experiência, porém adotava um posicionamento cético, ou seja, negava a possibilidade de alcançar um conhe- cimento plenamente seguro. Segundo ele, algumas de nossas crenças são condicionadas pelo hábito. Por exemplo, a causalidade, até então considerada uma lei natural, seria apenas uma pressuposição, decorrente do hábito de observar certos fenômenos seguirem-se uns aos outros. Criticismo Criticismo é uma corrente de pensamento moderna, marcada pela reflexão profunda sobre os limites e as possibilidades da razão. Teve como principal representante o filósofo Immanuel Kant. No século XVIII, ele afirmou que o conhecimento é formado pela experiência e pela razão. Afirmou ainda que não é possível conhecer a realidade em si (o nôumeno), apenas os fenômenos, moldados por categorias cog- nitivas universais. Ele dividia essas categorias, ou estruturas da razão, em formas puras da sensibilidade (espaço e tempo) e formas puras do entendimento (causa e efeito, quantidade, qualidade, modo e relação). De acordo com o empirismo, as ideias resultam da experiência. 15Filosofia 1. (UEM – PR) “A Ciência assume outro aspecto quando conce- bida como algo que se propõe atingir conhecimento sistemático e seguro, de sorte que seus resultados possam ser tomados como conclusões certas a propó- sito de condições mais ou menos amplas e unifor- mes sob as quais ocorrem os vários tipos de acon- tecimentos. Em verdade, segundo fórmula antiga e ainda aceitável, o objetivo da Ciência é ‘preservar os fenômenos’ – isto é, apresentar acontecimentos e processos como especificações de leis e teorias gerais que enunciam padrões invariáveis de relações entre coisas. Perseguindo esse objetivo, a Ciência busca tornar inteligível o mundo;e sempre que o alcança, em alguma área de investigação, satisfaz o anseio de saber e compreender que é, talvez, o impulso mais poderoso a levar o homem a empenhar-se em estu- dos metódicos.” NAGEL, Ernest. Ciência: natureza e objetivo. In: MORGENBESSER, Sidney. Filosofia da ciência. São Paulo: Edusp, 1975. p. 15. A partir do trecho citado, assinale o que for correto. X 01) Buscar tornar o mundo inteligível é saciar um desejo próprio da compreensão humana. X 02) Preservar os fenômenos significa expor aconteci- mentos como padrões não variáveis de relações entre coisas. 04) A ciência busca explicar tudo por meio de uma única lei racional. X 08) A ciência objetiva um conhecimento sistemático e seguro obtido a partir de conclusões de estudos metódicos. X 16) Os homens possuem um desejo natural por conhe- cer, de modo que são levados a produzir estudos metódicos, isto é, fazer Ciência. Somatório: 27 (01 + 02 + 08 + 16) 2. (UNESP – SP) Texto 1 Foi assim que, com Paracelso (1493-1541), nas- ceu e se impôs a iatroquímica. E os iatroquímicos, em certos casos, chegaram a alcançar grandes êxitos, muito embora as justificações de suas teorias, vistas com os olhos da ciência moderna, apareçam-nos hoje bastante fantasiosas. Assim, por exemplo, com base na ideia de que o ferro é associado ao planeta vermelho Marte e a Marte, deus da guerra coberto de sangue e de ferro, administraram com sucesso sais de ferro a doentes anêmicos – e hoje conhece- mos as razões científicas desse sucesso. Giovanni Reale e Dário Antiseri. História da filosofia, vol. 2, 1991 (adaptado). Texto 2 A ciência busca compreender a realidade de ma- neira racional, descobrindo relações universais e ne- cessárias entre os fenômenos, o que permite prever acontecimentos e, consequentemente, também agir sobre a natureza. Para tanto, a ciência utiliza mé- todos rigorosos e atinge um tipo de conhecimento sistemático, preciso e objetivo. Maria Lúcia de A. Aranha e Maria Helena P. Martins. Temas de filosofia, 1992. Baseando-se na descrição do método científico do texto 2, explique por que as fundamentações da iatroquímica podem ser caracterizadas como fantasiosas. Apesar de a administração de ferro para doentes anêmicos ser correta, a explicação mencionada no texto 1 é fantasiosa por se fundamentar em um mito. Ao contrário desta forma de se conhecer o mundo, a Ciência, cujo método foi descrito no texto 2, procura explicar objetivamente os fenômenos e não recorre ao senso comum nem à religião e ao mito. 3. (UEM – PR) “Francis Bacon (1561-1626), com o seu lema ‘saber é poder’, critica a base metafísica da físi- ca grega e medieval e realça o papel histórico da ciência e do saber instrumental, capaz de dominar a natureza. Rejeita as concepções tradicionais de pensadores ‘sempre prontos para tagarelar’, mas que ‘são incapazes de gerar, pois a sua sabedoria é farta de palavras, mas estéril em obras’.” Novum organum, Livro I, LXXI. In ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2009. p. 68. 16 Livro de Revisão 1 Sobre o pensamento de F. Bacon, assinale o que for correto. X 01) Enquanto na Idade Média o saber contemplativo era privilegiado em detrimento da prática, F. Bacon valo- rizava a técnica de experimentação empírica. X 02) O conhecimento dos estados da matéria possibilita o controle sobre os fenômenos da natureza, como controlar a evaporação, por exemplo. 04) Entre os conhecimentos práticos da filosofia de F. Bacon destaca-se a oratória, arte de utilizar técni- cas de linguagem a fim de persuadir o espectador. 08) Ao defender a alquimia, F. Bacon valoriza aspectos mágicos da matéria, revelados pela ciência química. 16) Em sua obra filosófica mais importante, “A poética da natureza”, F. Bacon descreve o modo pelo qual a mão de Deus permanece ativa sobre os fenômenos da natureza. Somatório: 03 (01 + 02) 4. (UFU – MG) Leia o texto e as assertivas abaixo. René Descartes (1596-1650) é considerado por mui- tos “o pai da filosofia moderna”, pois em obras como O discurso sobre o método e Meditações metafísicas colocou em xeque conhecimentos considerados indu- bitáveis. Em especial, suas reflexões o levam a ques- tionar o valor epistemológico dos conhecimentos do senso comum, dos argumentos de autoridade e do tes- temunho dos sentidos. I. Descartes foi um dos filósofos da Era Moderna que valorizou o papel do método no avanço do conhecimento. II. Descartes colocou em dúvida o valor das informações que se obtêm por meio da experiência sensível. III. As teorias de Descartes seguiram o modelo aristotéli- co de investigação dos fenômenos naturais. Assinale a alternativa correta. a) I e III são verdadeiras. b) II e III são verdadeiras. X c) I e II são verdadeiras. d) I e III são falsas. 5. (UEM – PR) “Porém, logo em seguida, percebi que, ao mesmo tempo que eu queria pensar que tudo era falso, fazia-se necessário que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, ao notar que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão sólida e tão correta que as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de lhe causar abalo, julguei que podia considerá-la, sem escrúpulo algum, o primeiro princípio da filosofia que eu procurava.” DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Nova Cultural, 2004. p. 62. A partir do texto citado, assinale o que for correto. 01) A intenção primeira da filosofia de Descartes era a refutação dos céticos. X 02) Descartes buscava um fundamento seguro racional- mente para elaborar sua filosofia. 04) “Eu penso, logo existo” era uma afirmação extrava- gante dos céticos. 08) Descartes sempre pensou que tudo era falso, inclu- sive a ideia “eu penso, logo existo”. X 16) O princípio primeiro da filosofia de Descartes está no pensamento individual que fundamenta a existência humana. Somatório: 18 (02 + 16) 6. (UNICAMP – SP) A maneira pela qual adquirimos qualquer conhecimento constitui suficiente prova de que não é inato. John Locke, Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 13. O empirismo, corrente filosófica da qual Locke fazia parte, X a) afirma que o conhecimento não é inato, pois sua aqui- sição deriva da experiência. b) é uma forma de ceticismo, pois nega que os conheci- mentos possam ser obtidos. c) aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao negar a existência de ideias inatas. d) defende que as ideias estão presentes na razão desde o nascimento. 17Filosofia 7. (UNESP – SP) Texto 1 Um dos elementos centrais do pensamento mí- tico e de sua forma de explicar a realidade é o apelo ao sobrenatural, ao mistério, ao sagrado, à magia. As causas dos fenômenos naturais, aquilo que acontece aos homens, tudo é governado por uma realidade exterior ao mundo humano e natu- ral, a qual só os sacerdotes, os magos, os iniciados são capazes de interpretar. Os sacerdotes, os rituais religiosos, os orácu- los servem como intermediários, pontes entre o mundo humano e o mundo divino. Os cultos e os sacrifícios religiosos encontrados nessas socieda- des são, assim, formas de se agradecer esses favo- res ou de se aplacar a ira dos deuses. Danilo Marcondes. Iniciação à história da filosofia, 2001 (adaptado). Texto 2 Ao longo da história, a corrente filosófica do Empirismo foi associada às seguintes caracterís- ticas: 1. Negação de qualquer conhecimento ou princípio inato, que deva ser necessariamente re- conhecido como válido, sem nenhuma confirma- ção ou verificação. 2. Negação do ‘suprassensível’, entendido como qualquer realidade não passível de verificação e aferição de qualquer tipo. 3. Ên- fase na importância da realidade atual ou ime- diatamente presente aos órgãos de verificação e comprovação, ou seja, no fato: essa ênfase é con- sequência do recurso à evidência sensível. ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia, 2007 (adaptado). Com base nos textos apresentados,comente a oposi- ção entre o pensamento mítico e a corrente filosófica do empirismo. O conhecimento mítico apresenta explicações fantásticas, relacionadas ao sobrenatural, uma realidade para além dos domínios humanos. Já o empirismo se caracteriza pela busca de um conhecimento objetivo, verificável e comprovável dos fenômenos, obtido por meio de experiências proporcionadas pelos sentidos. 8. (UEM – PR) “Contudo, embora o nosso pensamento pareça possuir essa liberdade ilimitada, notaremos, ba- seados em um exame mais detalhado, que na rea- lidade ele está confinado dentro de limites muito estreitos, e que todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a faculdade de com- por, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos e a experiência. Quando pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias con- sistentes, ouro e montanha, que já conhecíamos. [...] Em resumo, todos os materiais do pensamen- to derivam ou do nosso sentimento exterior ou do interior: a mistura e a composição de ambos dizem respeito à mente e à vontade. Ou seja, para me expressar em linguagem filosófica, todas as nossas ideias, percepções mais débeis, são cópias de nossas impressões, mais vivas.” HUME, D. Tratado sobre a natureza humana in: MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. p. 104. A partir do texto citado é correto afirmar que: X 01) A liberdade do pensamento é delimitada pelas impressões sensíveis, pelas percepções que os sen- tidos captam do mundo. 02) Podemos pensar numa montanha de ouro sem ter essas experiências sensíveis, pois a mente humana é criativa. X 04) Há uma contradição entre a liberdade infinita do pensamento e suas reais possibilidades de operação a partir da experiência sensível. X 08) O pensamento opera de modo infinito com as impressões sensíveis, em inúmeras formas de trans- posição, composição, mistura de elementos. X 16) A capacidade criativa do pensamento não pode conce- ber coisas sem conexão com as experiências sensíveis. Somatório: 29 (01 + 04 + 08 + 16) 9. (UFU – MG) David Hume (1711-1776) é um dos repre- sentantes do empirismo. Sua teoria sobre as ideias parte do princípio de que não há nada em nossa mente que não tenha passado antes pelos sentidos, portanto, as ideias vão se formando ao longo da vida. Dessa forma, Hume afasta-se do princípio da corrente racionalista ou inatista segundo a qual afirma que há ideias inatas em nossa mente. 18 Livro de Revisão 1 De acordo com o pensamento de Hume, é correto afirmar que X a) as percepções dos sentidos geram impressões e ideias. b) as ideias que podem ser consideradas verdadeiras são as inatas. c) as ideias fictícias são as que têm mais alto grau de ser. d) as percepções dos sentidos nos enganam, por isso as ideias daí decorrentes são falsas. 10. (UFU – MG) Leia atentamente o texto abaixo. “Kant distinguiu duas modalidades de realidade. A realidade que se oferece a nós na experiência e a realidade que não se oferece à experiência. A primeira foi chamada por ele de fenômeno [...]. A segunda foi chamada por ele de nôumeno [...]” [ou coisa em si]. CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1995. p. 233. Em relação aos conceitos de fenômeno em coisa e si, conforme formulados por Kant, marque a alternativa correta. a) Kant designa por coisa em si a parte da experiência que pode ser conhecida pelo intelecto no tempo e no espaço. b) A coisa em si designa exatamente aquilo que uma ciência deve conhecer em um objeto empírico. c) A crítica kantiana dirige-se contra as aparências. É por isso que Kant afirma ser impossível conhecer os fenômenos. X d) O mundo fenomenal contém os objetos que podem ser captados pela nossa sensibilidade e ser apresen- tados no espaço e no tempo. 4. Estética O termo Estética foi criado por Baumgarten, por volta de 1750, para designar a doutrina do conhecimento sensível. Depois, passou a nomear a área da Filosofia que estuda as questões relativas ao belo e à produção artística. A Estética questiona se o belo existe objetivamente ou se depende de impressões subjetivas a respeito dos objetos. Estuda também a relação das obras de arte com a natureza e a cultura. Belo e mimese Platão identificava o belo com o bem e com a verdade, considerando-o uma ideia, presente no mundo inteligível. Para esse filósofo, a apreensão do belo era intelectual, e não um resultado da percepção sensível. Além disso, ele entendia a arte como mimese (do grego mímesis), ou seja, como imitação da realidade, a qual, por sua vez, já seria uma cópia imperfeita do mundo das ideias. Sendo assim, Platão considerava as obras de arte como cópias de cópias e, portanto, mais distantes da verdade que os próprios objetos sensíveis. Logo, julgava que a Arte produzia enganos. Além disso, denunciava que ela não refletia as virtudes, alimentando as paixões humanas. Por essas razões, afirmava que os artistas, como pintores e poetas, deveriam ser banidos da sociedade ideal. Poiésis, mimese e catarse Aristóteles, ao contrário de seu mestre Platão, afirmava que a mimese artística produzia obras criativas e que estas exerciam uma função pedagógica. Em um de seus escritos, denominado Poética, ele destacou especificamente o cará- ter pedagógico das poesias épica e trágica. Nesse contexto, afirmou que a finalidade das tragédias era produzir a catarse, ou seja, a purificação de emoções extremas. Para Platão, a poesia, escrita e encenada na Grécia Antiga, prejudicava o caráter, mas, segundo Aristóteles, ela contribuía para o aperfeiçoamento moral humano. © Sh ut te rs to ck /d om in iq ue la nd au 19Filosofia Arte e decadência dos costumes No século XVIII, período de desenvolvimento do Iluminismo, Jean-Jacques Rousseau afirmou que tanto a Arte quanto a Ciência nasciam do luxo, do ócio e da ostentação. Afirmou ainda que elas corrompiam os costumes, sobrepondo aparên- cias à verdade e à virtude. Porém, tolerava a Arte como distração para afastar de atitudes más os indivíduos já corrompidos. Educação estética Também no século XVIII, Johan Schiller, que foi representante do Romantismo, afirmava que a natureza humana reúne razão e sensibilidade. Para ele, o belo conduzia as pessoas ao bem e à liberdade. Schiller atribuía à Arte um caráter lúdico, capaz de despertar a liberdade de criação e a imaginação humanas. Considerava ainda que a imaginação poderia levar os indivíduos a desenvolver atitudes éticas. Sendo assim, defendia a educação estética como forma de aperfeiçoa- mento ético do ser humano. Além disso, criticava a subordinação da Arte à utilidade e ao mercado, acreditando que o mau uso da beleza poderia criar um mundo de aparências e paixões. Belo e sublime Ainda no século XVIII, Immanuel Kant afirmava que o belo é subjetivo, uma vez que sua percepção decorre da estru- tura cognitiva do sujeito observador, constituída pelas formas puras da sensibilidade e do entendimento. Para ele, o juízo estético (juízo de gosto) baseava-se no sentimento e não em conceitos. Na compreensão kantiana, o belo se diferenciava do agradável (que dependia de algum interesse), do bom (que dependia de um conceito) e do sublime (que estaria ligado a inquietações filosóficas). Belo natural e belo artístico No século XIX, Georg W. F. Hegel definia o belo artístico como uma inspiração do ideal, considerando-o superior ao belo natural, por ser uma produção do espírito humano. Afirmava ainda que a obra de arte une contrários como liberdade e necessidade, universal e particular, racional e sensível. De acordo com ele, a função da obra de arte era despertar o sentimento do belo ao tocar a sensibilidade. Contemplação artística e vontade de nada No século XIX, Arthur Schopenhauer aceitou a compreensão de Kant sobre a realidade como uma representação da consciência humana, limitada pelas formas puras da sensibilidade e do entendimento. Noentanto, discordou que essa representação fosse universal, afirmando que ela varia de indivíduo para indivíduo por estar submetida à vontade humana. Schopenhauer definia a vontade como um desejo irracional e insaciável que leva ao sofrimento, mas acreditava que a Arte poderia libertar o ser humano, ainda que provisoriamente, das dores causadas pela vontade. Afirmava que, para superar o sofrimento, seria necessário passar por três etapas: a contemplação das obras de arte, a conduta ética e o quietismo. Para Hegel, o belo artístico superava o belo natural por ser uma produção do espírito. © iS to ck ph ot o. co m /b la ck do vf x 20 Livro de Revisão 1 Apolíneo, dionisíaco e vontade de potência No fim do século XIX, Friedrich Nietzsche elaborou o conceito de vontade de potência, considerando-a como elemento fundamental da natureza humana. Ele afirmava que essa vontade impele o ser humano ao desejo de viver apesar da dor, do sofrimento e do erro presentes na existência. Afirmava ainda que a Filosofia e a Arte deveriam se harmonizar com ela. Por isso, valorizava a arte trágica, marcada pela oposição entre os elementos dionisíacos e apolíneos da existência, os quais representavam, respectivamente, a desmedida e a ordem. Além disso, Nietzsche acreditava que a aceitação da vida, tal como ela se apresenta, conduziria o ser humano a uma condição superior, denominada “além do homem”. Essa condição, por sua vez, permitiria viver a vida como uma obra de arte. Indústria cultural O conceito de indústria cultural foi elaborado no século XX pelos filósofos Theodor Adorno e Max Horkheimer, da Escola de Frankfurt, em um contexto de crítica ao modo de vida nas sociedades capitalistas industriais. Segundo os filóso- fos, nessas sociedades as obras de arte tornam-se mercadorias ligadas ao entretenimento e destinadas ao consumo. Ainda de acordo com eles, a indústria cultural transforma o lazer em extensão do trabalho industrial e estimula o desejo de posse e consumo de produtos, vendendo a ilusão de que eles podem proporcionar realizações inatingíveis. Reprodutibilidade técnica e arte engajada Walter Benjamin, também ligado à Escola de Frankfurt, empreendeu uma crítica à sociedade industrial capitalista e à sua relação com a Arte. Abordou a reprodutibilidade técnica das obras de arte, propiciada por novas tecnologias de reprodução, como a fotografia, o cinema, entre outras. Segundo ele, a reprodutibilidade técnica retira da obra de arte a sua aura, submetendo-a ao sonho burguês de obter lucro por meio do consumo. Para romper com essa submissão aos interesses do capi- talismo, ele propôs que a arte se tornasse engajada e revolucionária, ou seja, que oportunizasse aos indivíduos uma compreensão crítica do mundo e das relações sociais. Adorno e Horkheimer denunciaram a transformação da arte em produto pela indústria cultural, e Benjamin destacou a perda da aura da obra de arte em virtude da reprodutibilidade técnica. 1. Explique o posicionamento platônico em relação à presença de artistas na sociedade ideal. Para Platão, o mundo sensível era uma cópia da realidade inteligível e as obras de arte, exemplos de mimese. Portanto, ele via os artistas (pintores, poetas) como artífices cujas obras eram “cópias de cópias”, ou seja, apontava que as obras de arte copiavam os objetos sensíveis, os quais, por sua vez, copiavam as ideias. Logo, Platão acreditava que os artistas produziam ilusões e enganos, afastando os indivíduos da verdade. Além disso, criticava-os por estimular as paixões, as quais afastariam os indivíduos da busca pelo bem. Por isso, os artistas deveriam ser banidos da sociedade ideal. © iS to ck ph ot o. co m /s av co co 21Filosofia 2. O texto a seguir se refere à concepção platônica do belo. “[...] pelo caminho do amor, primeiro físico de- pois espiritual, o homem pode se elevar da beleza sensível até a contemplação extática da Beleza Absoluta, única verdadeira e da qual todas as outras belezas menores participam, não sendo a beleza das coisas sensíveis senão um páli- do reflexo da Beleza Absoluta”. SUASSUNA, Ariano. Iniciação à estética. Rio de Janeiro: José Olympio, 2014. p. 47. Segundo o pensamento de Platão sobre a beleza, assi- nale a alternativa correta. a) A beleza absoluta encontra-se no objeto contemplado. b) A beleza absoluta é acessível ao ser humano por meio da contemplação de obras de arte. X c) A beleza sensível é apenas uma cópia imperfeita da beleza absoluta. d) Beleza sensível e beleza absoluta são a mesma coisa. 3. O texto a seguir refere-se às concepções platônica e aristotélica do belo. “É verdade que a grande contribuição de Aris- tóteles para a Estética foi, primeiro, a de retirar a Beleza – considerada nos objetos sensíveis – da es- fera ideal em que a colocara Platão, tentando, co- rajosamente, encontrar sua essência nos próprios dados das coisas, entendida à luz de uma ontolo- gia realista. Isso faz da Beleza uma propriedade do objeto, propriedade particular sua, e não recebida como que por empréstimo de uma luz superior”. SUASSUNA, Ariano. Iniciação à estética. Rio de Janeiro: José Olympio, 2014. p. 54. Sobre o conceito de beleza em Aristóteles, assinale a alternativa correta. a) A beleza não é acessível aos seres humanos. b) A contemplação da beleza é uma experiência advinda da alma, ao contemplar o mundo das ideias. c) Aristóteles concorda com seu mestre Platão sobre a ideia de a beleza residir nos objetos sensíveis. X d) Aristóteles discorda de Platão sobre a ideia de beleza, afirmando que ela está no próprio objeto e não no mundo das ideias. 4. Leia o texto a seguir. “Outros males ainda piores seguem ainda as letras e as artes. Assim é o luxo, do mesmo modo que elas, nascido da ociosidade e da vaidade dos homens. O luxo raramente existe sem as ciências e as artes, e elas jamais sem ele. Sei que a nossa filosofia, sempre fecunda em máximas singulares, pretende, contra a experiência de todos os séculos, que o luxo consti- tua o esplendor dos Estados; mas, depois de ter es- quecido a necessidade das leis suntuárias, ousará ela negar ainda que os bons costumes são essenciais à duração dos impérios, e que o luxo é diametralmen- te oposto aos bons costumes? Que o luxo seja sinal certo de riquezas; que sirva mesmo, se se quiser, para multiplicá-las: que será preciso concluir desse paradoxo tão digno de ter nascido nos nossos dias?” ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre as ciências e as artes, p. 12. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ cv000012.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2016. De acordo com a obra de Rousseau, é correto afirmar: X a) As artes corrompem os costumes, ao afastar o ser humano das virtudes. b) As artes elevam o espírito em direção às virtudes e ao desenvolvimento dos costumes. c) As obras de arte estão acima de questões como o luxo e a riqueza. d) A Arte é necessária para uma vida simples e deve ser objeto de contemplação do bom selvagem. 5. (UEM – PR) O significado etimológico da palavra estética traduz a ideia de uma percepção totalizante e compreen- são sensorial do mundo; como disciplina da filosofia, a estética estuda as teorias da criação e da percepção artística. Assinale o que for correto. 01) Considerando que a obra de arte não entende o mundo por meio do pensamento lógico, podemos afirmar que é incapaz de traduzir a realidade e fica, portanto, condenada ao âmbito da ilusão. 02) Aristóteles concebeu a arte como sendo expressão de um mundo ideal, a arte jamais deve imitar a rea- lidade, pois, ao fazê-lo, degrada-se. X 04) A arte pode ser realizada com uma função pedagógica; o pensamento estético de esquerda atribui à arte uma tarefa de crítica social e política, a arte deve ser enga- jada, isto é, comprometida com o processo de mudança capaz de libertar e de emancipar o homem. extática: em êxtase. 22 Livro de Revisão 1 X 08) Schiller acredita que, na prática de uma cultura estética, a humanidadepode reconciliar os impul- sos sensuais e intelectivos, harmonizando-os; essa reconciliação se dá por um novo modelo de socie- dade em que a arte, com seu poder de criativi- dade, pode libertar o homem do trabalho alienante, do sensualismo limitante, do prazer puramente físico e de um intelectualismo abstrato por teorias incompreensíveis. X 16) A arte é um caso privilegiado de entendimento intuitivo do mundo, tanto para o artista que cria obras concretas e singulares quanto para o apre- ciador que se entrega a elas para penetrar-lhes o sentido. Somatório: 28 (04 + 08 + 16) 6. Considere as seguintes informações a respeito da esté- tica kantiana: [...] para Kant, a Beleza, ou melhor, a “satis- fação determinada pelo juízo de gosto” – que é como ele preferia chamar Beleza – é, em primei- ro lugar e antes de mais nada, “aquilo que agra- da universalmente sem conceito”, ou seja, “um universal sem conceito”, para usar a fórmula que ficou mais conhecida. SUASSUNA, Ariano. Iniciação à estética. Rio de Janeiro: José Olympio, 2014. p. 71. Com base no texto e em seus conhecimentos, explique por que a beleza, segundo Kant, é “um universal sem conceito”. De acordo com o pensamento de Kant, o belo agrada universalmente porque a estrutura cognitiva constituída pelas formas puras da sensibilidade e do entendimento é a mesma para todos os indivíduos. Ele também afirmava que a contemplação da beleza proporciona um prazer independente da finalidade, da utilidade e do conceito do objeto belo. Sendo assim, considerava o juízo de gosto (o julgamento de que algo é belo) um juízo estético (fundamentado na sensibilidade do sujeito) e não teórico (fundamentado no conceito de um objeto). 7. Sobre o conceito de beleza para Hegel, deve-se considerar: “Existe uma diferença entre a Verdade e a Beleza. A Verdade é a Ideia enquanto considerada em si mesma, em seu princípio geral e pensada como tal. Porque não é sob sua forma exterior e sensível que ela existe para a razão, mas em seu caráter de Ideia universal. Quando a verdade aparece ime- diatamente à consciência na realidade exterior, e a Ideia permanece identificada e unida com sua aparência exterior, então a Ideia não é somente verdadeira, mas bela. A Beleza se define portanto como a manifestação sensível da Ideia”. HEGEL, F. Esthétique, textos escolhidos, Presses Universitaires de France, Paris, 1954. p. 206. In: SUASSUNA, Ariano. Iniciação à estética. Rio de Janeiro: José Olympio, 2014. p. 88. Assinale a afirmativa que está de acordo com o pensa- mento hegeliano: a) A beleza faz parte do objeto contemplado e é desve- lada pelo observador. b) A beleza é um conceito universal que se manifesta na obra de arte. X c) A beleza é um ideal. d) A beleza só pode ser percebida por indivíduos instruídos. 8. Ao refletir sobre a vontade, Arthur Schopenhauer concluiu: “Toda vida é sofrimento”. Semelhante diagnós- tico metafísico não implica negar horas de recreio em meio aos tormentos da existência. Horas pro- porcionadas sobretudo pela contemplação estética, que torna a vida menos áspera, e de fato nos brinda com formas de alegria desinteressada em meio aos sofrimentos da vida. PECORARO, Rossano (Org.). Os filósofos – clássicos da filosofia, de Kant a Popper. Petrópolis: Vozes, 2008. p. 116. De acordo com o pensamento de Schopenhauer, é correto afirmar: X a) A contemplação estética alivia os sofrimentos da vida, causados pela vontade. b) A contemplação estética é a manifestação suprema da vontade humana. c) A contemplação estética é uma função reservada às elites e, portanto, inacessível ao ser humano comum. d) A contemplação estética desperta, no indivíduo, a dor e o sofrimento da vida. 23Filosofia 9. Leia o texto a seguir. “Em A origem da tragédia (1871), Nietzsche expõe a fragilidade da Ciência para apreender os fenômenos artísticos. Apolo e Dionísio podem ser compreen- didos, para além da Mitologia, como forças polares que delimitam nossos conflitos e vazios. Apolo é luz que não vive sem as sombras de Dionísio. A aparen- te necessidade de compreender tendências opostas como expressões de bem e mal é suprimida pela possibilidade de alternância dos sentidos. Como forças, se estabelecem pela oposição – os polos se chocam e se sustentam, simultaneamente.” FORGHIERI, Marisa. Nietzsche, arte e estética: uma interpretação do belo. Disponível em: <http://filosofiacienciaevida.uol.com.br/esfi/ Edicoes/19/artigo72807-1.asp>. Acesso em: 18 jan. 2016. Considerando o texto e seus conhecimentos, é correto afirmar que, segundo Nietzsche, a tragédia grega: a) Nega a existência de Dionísio e Apolo. X b) Por mostrar a oposição entre dionisíaco e apolíneo, pode contribuir para a aceitação da vida, mesmo na dor. c) Tal como a Ciência, explica os fenômenos naturais como manifestações da razão. d) Mascara os aspectos negativos da existência humana. 10. (UEL – PR) Mesmo na reprodução mais perfeita, um elemen- to está ausente: o aqui e agora da obra de arte, sua existência única, no lugar em que ela se encontra. É nessa existência única, e somente nela, que se des- dobra a história da obra. Essa história compreende não apenas as transformações que ela sofreu, com a passagem do tempo, em sua estrutura física, como as relações de propriedade em que ela ingressou. Os vestígios das primeiras só podem ser investigados por análises químicas ou físicas, irrealizáveis na re- produção; os vestígios das segundas são o objeto de uma tradição, cuja reconstituição precisa partir do lugar em que se achava o original. BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: Obras escolhidas, Vol. 1: magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 167. Com base no texto e nos conhecimentos sobre Benjamin, assinale a alternativa correta: a) Ao passar do campo religioso ao estético, a obra de arte perdeu sua aura. b) Ao se tornarem autônomas, as obras de arte perderam sua qualidade aurática. X c) O declínio da aura decorre do desejo de diminuir a dis- tância e a transcendência dos objetos artísticos. d) O valor de culto de uma obra de arte suscita a repro- dutibilidade técnica. e) O declínio da aura não tem relação com as transfor- mações contemporâneas. 11. (UEM – PR) “Para os frankfurtianos, contrários ao sistema ca- pitalista, a irracionalidade do ser humano consistiria na utilização de seu conhecimento para fins unica- mente instrumentais, voltados para o acúmulo de lucros e riquezas. Assim, manifestaram suas restri- ções ao progresso científico, que determina a sujei- ção dos indivíduos autômatos a um sistema totali- tário, que encontra na uniformização da indústria da cultura o seu mecanismo dissimulado do poder. [...] É possível afirmar que, para essa corrente, o fato de o ser humano ser dotado de inteligência não o torna necessariamente um ser racional. A irraciona- lidade pode constituir uma dimensão constante na vida se não for desenvolvida uma consciência auto- crítica, que esteja sempre direcionada para a própria liberdade. [...] Para Adorno, a denominada indús- tria cultural encontra-se voltada unicamente para a satisfação dos interesses comerciais dos detentores dos veículos de comunicação, que veem a sociedade como um mero mercado de consumo dos produtos por eles impostos, dando origem a um processo de massificação da cultura”. CHALITA, G. Vivendo a filosofia: ensino médio. 4. ed. São Paulo: Ática, 2011. p. 394-397. Com base nas afirmações acima, assinale o que for correto. X 01) A crítica da Escola de Frankfurt ao capitalismo está na sua prática que visa ao lucro e utiliza a razão como instrumento para esse fim. 02) O otimismo de Adorno em face da indústria cultu- ral está em que ela pode, por meio dos recursos da mídia, alcançar meios de divulgação em massa. 04) Para a Escola de Frankfurt, a razão é inata e o mais compartilhado
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