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Carla Daiane Costa Dutra João Luís Almeida Murilo Alves Carla Daiane Costa Dutra João Luís Almeida Murilo Alves Cuidado na Enfermagem e o Processo Educativo para o Envelhecimento Ativo e Saudável Ilhéus – Bahia 2016 Apresentação Organizamos esse material para auxiliá-lo(la) nas atividades teórico-práticas da Disciplina Saúde do Idoso que serão desenvolvidas em Instituições de Longa Permanência nos municípios de Ilhéus e Itabuna – Bahia. Informamos que o material aqui exposto foi retirado do Manual de Bolso - Avaliação Multidimensional do Idoso, de autoria de Edgar Nunes Moraes, do Caderno da Atenção Básica de Saúde da Pessoa Idosa e da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, ambos produzidos pelo Ministério da Saúde. Frequentemente, é necessária a aplicação de instrumentos ou escalas de avaliação funcional e de avaliações específicas realizadas pela equipe interdisciplinar. E muitas vezes, para um acompanhamento complementar mais detalhado é necessário a realização de exames mais sofisticados como a tomografia computadorizada, densitometria óssea, ressonância magnética, entre outros. Para a realização das atividades práticas será necessário que levem esse material para realização da Avaliação Geriátrica Ampla e preenchimento do protocolo de Identificação de Idoso Vulnerável. Salientamos que será necessário a aplicação das escalas e testes em pelo menos dois (duas) idosos(as) sob a supervisão do(a) Professor(a) responsável pelo seu grupo de prática. O(a) discente, durante esse processo de ensino-aprendizagem, certamente irá produzir conhecimento e deverá questionar a relação entre o ideal, o real e sua relação ao que é possível ser feito, compartilhar descobertas, socializar dúvidas, bem como prestar cuidado de enfermagem, realizar atividades educativas, associar o conhecimento apreendido com o processo de enfermagem e pesquisar considerando regras científicas, questões éticas e profissionais no momento que fizer o Portfólio. Desejamos grande aprendizado e um excelente período de prática. Abraços, Docentes da Disciplina Saúde do Idoso APRESENTAÇÃO ................................................................................................... vi A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa Na Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, 3ª edição (2014), foi elaborado um instrumento simples e de rápida aplicação direcionado ao ACS e/ou auxiliar/técnico de enfermagem (profissionais de nível médio), denominado Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional para a Atenção Básica (IVCF- AB). O IVCF-AB apresenta caráter multidimensional e avalia oito dimensões consideradas preditoras de declínio funcional: a idade, a autopercepção da saúde, as atividades de vida diária (três AVD instrumentais e uma AVD básica), a cognição, o humor/comportamento, a mobilidade (alcance, preensão e pinça; capacidade aeróbica/muscular; marcha e continência esfincteriana), a comunicação (visão e audição) e a presença de comorbidades múltiplas, representadas por polipatologia, polifarmácia e/ou internação recente. Cada domínio é avaliado por meio de perguntas rápidas, que podem ser respondidas pelo idoso ou alguém que conviva com ele (cuidador ou familiar). Algumas medidas foram inseridas para aumentar o valor preditivo do instrumento, como a circunferência da panturrilha, velocidade da marcha e peso/IMC. Cada pergunta recebe uma pontuação, conforme o desempenho do idoso. A pontuação total varia de 0 a 40 pontos. Os pontos de corte estabelecidos foram: 0 a 3 pontos: não há evidências suficientes para o diagnóstico de fragilidade. O acompanhamento do idoso deve ser feito de forma rotineira. 4 a 9 pontos: há evidências suficientes para a suspeita de risco de fragilização. O idoso merece atenção diferenciada para o diagnóstico adequado das condições crônicas de saúde e deve ser submetido a intervenções capazes de evitar o declínio funcional. ≥ 10 pontos: há evidências suficientes para o diagnóstico de fragilidade. O idoso necessita de intervenções interdisciplinares concretas para a recuperação de sua funcionalidade global, preferencialmente na atenção secundária. Outra grande vantagem desse instrumento é a possibilidade de representação gráfica e seguimento longitudinal do idoso. A ideia é que tal instrumento seja aplicado anualmente em todos os idosos. Desta forma, o idoso que se encontra na faixa verde é considerado normal. As faixas amarela e vermelha indicam uma avaliação mais minuciosa do caso, pois as alterações não podem ser consideradas “normais da idade”. Os exemplos 1, 2 e 3 mostram trajetórias funcionais possíveis, ao longo do tempo. No exemplo 1, o idoso encontra-se estável, e as alterações apresentadas devem ser abordadas de forma específica. Não há necessidade de avaliação geriátrico-gerontológica especializada. No exemplo 2, o idoso demonstrou melhora funcional, traduzindo boa resposta às intervenções propostas. Por último, no exemplo 3, vê-se claramente que o idoso está apresentando declínio funcional importante e progressivo e necessita de intervenções diagnósticas e terapêuticas especializadas. Essa metodologia permite que a avaliação multidimensional do idoso ou avaliação geriátrica ampla seja aplicada somente naqueles idosos de risco, reduzindo custos e otimizando o acesso deles às equipes geriátrico-gerontológicas especializadas. No quadro a seguir, demonstramos a correspondência entre os diversos instrumentos utilizados na prática clínica, com graus de complexidade distintos, mas complementares. A utilização de determinado instrumento dependerá, portanto, da complexidade do caso e da disponibilidade de equipes geriátrico-gerontológicas especializadas. ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA ABREVIADAGERIATRIC DEPRESSION SCALE (GDS) (versão de 15 questões) Trata-se de um questionário de 15 perguntas com respostas objetivas (sim ou não) a respeito de como a pessoa idosa tem se sentido durante a última semana. A Escala de Depressão Geriátrica não é um substituto para uma entrevista diagnóstica realizada por profissionais da área de saúde mental. É uma ferramenta útil de avaliação rápida para facilitar a identificação da depressão em idosos. A cada resposta afirmativa some 1 ponto. As perguntas não podem ser alteradas, deve-se perguntar exatamente o que consta no instrumento. Objetivo: verificar a presença de quadro depressivo. Avaliações dos resultados: Uma pontuação entre 0 e 5 se considera normal, 6 a 10 indica depressão leve e 11 a 15 depressão severa. Providências com os achados/resultados: escores elevados sugerem encaminhamento para avaliação neuropsicológica específica. Dados Antropométricos AVALIAÇÃO DE VIOLÊNCIA E MAUS TRATOS CONTRA A PESSOA IDOSA Instrumento desenvolvido em Porto Rico para avaliar possíveis situações de violência contra as pessoas idosas. Deve ser aplicado junto à pessoa idosa sozinha, evitando-se situações constrangedoras. Objetivo: identificar situações de violência. Avaliações dos resultados: respostas afirmativas em qualquer questão sugerem situação de violência que deverá ser minuciosamente avaliada. Providências com os achados/resultados: Na confirmação da situação de violência, fazer a notificação e encaminhar aos órgãos competentes de cada região. AVALIAÇÃO DE VIOLÊNCIA E MAUS TRATOS CONTRA A PESSOA IDOSA 1. No último ano, alguma das pessoasque o rodeiam tem gritado com o (a) Sr(a) sem razão? Sim Não (vá para questão 3) 2. Com que frequência? Todos os dias da semana 2 ou 3 vezes na semana Uma vez na semana 2 a 3 vezes ao mês Uma vez ao mês ou menos 3. No último ano, alguma das pessoas que o rodeiam o (a) tem chamado por algum nome ou apelido que o(a) Sr(a) não goste? Sim Não (vá para questão 5) 4. Com que frequência? Todos os dias da semana 2 ou 3 vezes na semana Uma vez na semana 2 a 3 vezes ao mês Uma vez ao mês ou menos 5. No último ano, alguma das pessoas que o rodeiam tem usado ou manejado seu dinheiro sem seguir suas instruções? Sim Não (vá para questão 7) 6. Com que frequência? Todos os dias da semana 2 ou 3 vezes na semana Uma vez na semana 2 a 3 vezes ao mês Uma vez ao mês ou menos 7. No último ano, alguma das pessoas que o rodeiam o(a) tem ameaçado por não fazer o que eles querem que o(a) Sr(a) faça? Sim Não (vá para questão 9) 8. Com que frequência? Todos os dias da semana 2 ou 3 vezes na semana Uma vez na semana 2 a 3 vezes ao mês Uma vez ao mês ou menos 9. No último ano, alguma das pessoas que o rodeiam o (a) tem golpeado, batido ou esbofeteado? Sim Não (vá para questão 11) 10. Com que frequência? Todos os dias da semana 2 ou 3 vezes na semana Uma vez na semana 2 a 3 vezes ao mês Uma vez ao mês ou menos 11. No último ano, alguma das pessoas que o rodeiam o (a) tem sacudido ou segurado de forma intimidadora ou ameaçadora? Sim Não (vá para questão 13) 12. Com que frequência? Todos os dias da semana 2 ou 3 vezes na semana Uma vez na semana 2 a 3 vezes ao mês Uma vez ao mês ou menos 13. No último ano, alguma das pessoas que o rodeiam tem roubado seu dinheiro ou algum de seus pertences? Sim Não (encerre as perguntas) 14. Com que frequência? Todos os dias da semana 2 ou 3 vezes na semana Uma vez na semana 2 a 3 vezes ao mês Uma vez ao mês ou menos AVALIAÇÃO DA SOBRECARGA DOS CUIDADORES (Zarit) Essa avaliação serve para avaliar se os cuidadores de idosos estão sobrecarregados. Deve ser aplicada para o cuidador principal - pessoa que mais ajuda a pessoa idosa. A entrevista deverá ser realizada sem a presença da pessoa idosa. Objetivo: avaliar estresse nos cuidadores. Avaliações dos resultados: A avaliação compreende uma lista de afirmativas que reflete como as pessoas, se sentem ao cuidar de outra pessoa. Depois de cada afirmativa, deve ser indicado com que frequência o cuidador se sente em relação ao que está sendo perguntado (nunca, raramente, algumas vezes, frequentemente ou sempre). Não existem respostas certas ou erradas. Providências com os achados/resultados: altos escores indicam estresse dos cuidadores e, nesses casos, a equipe deve discutir o planejamento assistencial mais adequado. REFERÊNCIAS UTILIZADAS PARA ORGANIZAÇÃO DO MATERIAL BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. DEPARTAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília , Ministério da Saúde, 2007. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. DEPARTAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA. Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática. Brasília, Ministério da Saúde, 2015. MORAES, Edgar Nunes. Avaliação Mutildimensional do Idoso: instrumentos de rastreio. Novo Horizonte: Follium, 2008. 64p.