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Bens jurídicos 1ª parte

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MARCELO SANTOS 
TEORIA DO DIREITO CIVIL (Direito Civil 1) 
 
 1 
BENS JURÍDICOS (1ª parte) 
1. Conceito. Patrimônio e esfera jurídica. 
As pessoas procuram nos bens, materiais ou imateriais, a satisfação de seus desejos e a 
realização de suas necessidades, em torno dos quais gravitam os interesses e os conflitos. 
Um bem pode preencher uma necessidade de ordem material ou imaterial, sem perder o 
predicativo que a ordem jurídica reconhece como relevante, a exigir tutela. Para um melhor 
esclarecimento acerca da classificação adotada no Código Civil brasileiro, é importante 
diferenciar "coisa" e "bem". 
 
Segundo Teixeira de Freitas, coisa tem por definição tudo aquilo que possui existência material, 
seja suscetível de valoração e, consequentemente, possa ser objeto de apropriação. Conclui-se 
que a noção de coisa conecta-se, a priori, à de substancia. 
Existem coisas que não são apropriáveis embora sejam úteis, sendo, portanto, denominadas res 
communes, dentre as quais podemos destacar o ar, a luz, as estrelas, o mar. Assim, as coisas 
comuns são de todo mundo ao mesmo tempo em que não são de ninguém. Há também as coisas 
que podem ser apropriadas, porém não pertencem a ninguém, como é o caso dos animais de 
caça, dos peixes e das coisas abandonadas (res derelictae). 
Tudo o que tem valor e, por esse motivo, adentra no universo jurídico como objeto de direito, 
é um bem. Evidencia-se, portanto que a utilidade e a possibilidade de apropriação são o que 
dão valor às coisas, transformando-as em bens. 
Bem, no sentido de valor, utilidade ou interesse de natureza material, econômico ou moral, ou, 
em outras palavras, é tudo aquilo que é protegido pelo Direito, tendo ou não conteúdo ou 
valoração econômica. 
Na terminologia jurídica, bens corresponde à res dos romanos, porém, nem sempre bens e coisa 
podem ser tidos em sentido equivalente, porquanto há bens que não se entendem como coisas, 
e há coisas que não se entendem como bens. 
Na compreensão jurídica, somente como bens podem ser compreendidas as coisas que tenham 
dono, isto é, as coisas apropriadas. Escapam, pois, ao sentido de bens, as coisas se dono (res 
nulius). Desse modo, toda coisa, todo direito, toda obrigação, enfim, qualquer elemento 
material ou imaterial, representando uma utilidade ou uma riqueza, integrado no patrimônio de 
alguém e passível de apreciação monetária, pode ser designado como bens. 
Difere-se também de patrimônio, que é o conjunto de bens de que alguém é titular, abrangendo 
todas as relações jurídicas passíveis de avaliação pecuniária e imputável a mesma pessoa. 
Fazem parte do patrimônio tanto os direitos como os deveres, tanto ativo, como o passivo. 
Excluem-se: os direitos da personalidade, direito a saúde, a liberdade, ao nome e os direitos de 
 
 
MARCELO SANTOS 
TEORIA DO DIREITO CIVIL (Direito Civil 1) 
 
 2 
família puros, sem apreciação patrimonial (pátrio poder), incluindo-se os que tenham expressão 
pecuniária, como o direito aos alimentos. 
 
2. Classificação 
Bens corpóreos e incorpóreos 
É inquestionável a possibilidade de as coisas físicas serem objeto de relações jurídicas. Assim, 
na propriedade de uma coisa qualquer (um carro, um relógio), o objeto será a própria coisa. Os 
incorpóreos são os que não têm existência tangível e são relativos aos direitos que as pessoas 
físicas ou jurídicas têm sobre as coisas, sobre os produtos de seu intelecto ou com outra pessoa, 
apresentando valor econômico, tais como os direitos reais, obrigacionais e autorais. 
 
Os bens incorpóreos não têm existência tangível e são relativos aos direitos que as pessoas 
físicas ou jurídicas têm sobre as coisas, sobre os produtos de seu intelecto ou contra outra 
pessoa, apresentando valor econômico, tais como: direitos reais, obrigacionais, autorais. 
Referimo-nos também tanto aos direitos relativos à propriedade intelectual quanto aos 
chamados bens de personalidade: 
 
art 5º- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
............. 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo 
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na 
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias: 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o 
anonimato; 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, 
científica e de comunicação, independentemente de censura ou 
licença; 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a 
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo 
dano material ou moral decorrente de sua violação; 
 
 
MARCELO SANTOS 
TEORIA DO DIREITO CIVIL (Direito Civil 1) 
 
 3 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, 
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
 
Classificação dos bens no Código Civil 
O Código Civil agrupa os bens em: 
a) bens considerados em si mesmos; 
b) bens reciprocamente considerados; 
c) bens públicos e bens particulares 
Essa classificação será objeto dos próximos tópicos. 
 
2. Bens intrinsecamente considerados e reciprocamente considerados. 
2.1. Bens considerados em si mesmos 
 
Bens móveis e imóveis 
O Código Civil encarregou-se de definir os bens imóveis, com base em três critérios: 
a) natural; 
b) artificial; e 
c) ficcional ou legal. 
 
Estabelece o Código Civil que são bens imóveis o solo e tudo quanto lhe incorporar natural ou 
artificialmente, numa combinação de dois critérios: o natural e o artificial. 
 
Sob o critério legal ou ficcional , o Código Civil considerou, ainda, bens imóveis: 
a) os direitos reais sobre imóveis e as ações que o asseguram; e b) o direito à sucessão aberta. 
 
 
 
MARCELO SANTOS 
TEORIA DO DIREITO CIVIL (Direito Civil 1) 
 
 4 
Ressalta o legislador que não perdem o caráter de bens imóveis: 
a) as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para 
outro local; e 
b) os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Permite-
se a inferência de que não é pela propriedade ou característica de transferibilidade ou 
removibilidade que se define um bem imóvel, consoante se conclui da leitura das coisas 
elencadas pelo legislador. 
Também, não será sua natureza corpórea, porque é possível que o direito à sucessão aberta, 
considerado para os efeitos legais, um bem imóvel, não se apresente com os predicativos 
próprios das coisas que têm corpo. 
Certamente, estimula o erro a afirmação de que o legislador descreveu taxativamente os bens 
imóveis, como se todos estivessem relacionados à exaustão nos dispositivos do Código Civil, 
haja vista que a legislação complementar poderá descrever outros.De acordo com o artigo 79 
do CC, são bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente 
(árvore, plantação, casa etc). Não perdendo as características de imóvel as edificações que, 
separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local e os 
materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. 
 
São considerados imóveis por força de lei os direitos reais sobre imóveis e as ações que os 
asseguram e o direito à sucessão aberta (aquela que se realiza por causa mortis). 
 
Res nullius: coisa de ninguém, sem dono. 
Res derelictae: coisa abandonada. 
Res communes omium: coisa comum aos homens. 
 
Desta distinção resultam os importantes efeitos jurídicos abaixo, entre outros: 
1- a propriedade dos bens móveis se transfere com a tradição (1267 CC), enquanto que a 
transferência da propriedade dos imóveis se faz por escritura pública (1245 CC); 
2- os bens móveis podem ser alienados livremente, enquanto que os imóveis,ressalvado o 
regime de separação absoluta de bens, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, 
alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis (1647 CC). 
 
 
 
MARCELO SANTOS 
TEORIA DO DIREITO CIVIL (Direito Civil 1) 
 
 5 
Os bens móveis são caracterizados como aqueles que têm movimento próprio (semolventes), 
como animais; ou as removíveis por força alheia, tais como objetos, mercadorias, utensílios, 
moeda, títulos da dívida pública etc. (art 82 CC), sem alteração da substância ou da destinação 
econômico-social, bem como as que são móveis por força de lei, como a energia elétrica, os 
direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações etc (art 83 do CC). 
Assim, de acordo com o Código Civil, bens móveis são os "suscetíveis de movimento próprio, 
ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-
social". 
Também são considerados, para os efeitos legais, bens móveis : 
a) as energias que tenham valor econômico; 
b) os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; e 
c) os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. 
Percebe-se que o Código Civil, na definição de bem móvel, calcou-se em dois critérios: 
a) natural; e 
b) ficcional ou legal. 
 
Na classe dos bens móveis, pelo critério natural, existem os: 
a) os bens suscetíveis de movimento próprio ; 
b) os bens suscetíveis de remoção por força alheia. A nova disposição desenhada é quase a 
reprodução legal da regra vigente no Código anterior, que oferecia classificação dos bens 
móveis, pelo critério natural, com base na definição de que se expurgava a expressão "sem 
alteração da substância ou da destinação econômico-social". 
Para a lei, acomoda-se indiferente a natureza da força física ou jurídica mediante a qual o bem 
se movimenta, situação que lhe confere o atributo de bem móvel. 
A força que estimula a movimentação ou mobilidade do bem pode ser própria ou alheia, posto 
que se lhe guarda o atributo de bem móvel, desde que a interferência não lhe altere a substância 
ou a destinação econômico-social. 
Mostra-se a regra indiferente, por conseguinte, à causa que fomenta a movimentação ou a 
mobilidade do bem, haja vista que ela mais se preocupa com a conservação da substância ou da 
destinação econômico-social. 
 
 
MARCELO SANTOS 
TEORIA DO DIREITO CIVIL (Direito Civil 1) 
 
 6 
Mas se ressalte que a tração capaz de mover o bem decorre da interferência direta ou indireta 
do homem, que maneja recursos físicos ou jurídicos, em decorrência dos quais sucede a 
movimentação do bem. 
Nada obsta, contudo, a que a natureza ofereça o seu concurso para viabilizar a mobilidade ou 
movimentação do bem, de que venha o homem a se apropriar. O importante, porém, é que, para 
a movimentação própria ou remoção por força alheia, exige-se a disposição e a intervenção do 
homem. 
Na classe dos bens móveis, pelo critério ficcional ou legal, houve a inovação, com a introdução 
das energias que tenham valor econômico e os direitos pessoais de caráter patrimonial e as 
respectivas ações , como bens móveis. 
 
A energia que se considera bem móvel é aquela que o homem, aproveitando-se dos recursos 
naturais e científicos, produz, transmite e distribui, com agregação de valor econômico, por 
força de sua utilidade e necessidade. 
Os direitos reais sobre objetos móveis, com as ações correspondentes, foram considerados bens 
móveis, para os efeitos meramente legais. 
Em relação aos direitos pessoais de caráter patrimonial, com as respectivas ações, diz-se que o 
conceito é ampliativo ou extensivo, sob cujo alcance acham-se todos os direitos que dizem 
respeito aos atributos da pessoa, natural ou jurídica. 
Ressalte-se, ainda, que o Código Civil conservou a regra segundo a qual "os materiais 
destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de 
móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio". 
 
Bens fungíveis e infungíveis (não fungíveis) 
Os bens móveis classificam-se em fungíveis e infungíveis. Bens fungíveis são aqueles que 
podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Fungível = 
substituível - art. 85 do CC. 
O dinheiro é o bem fungível por excelência, dado que quando se empresta uma quantia a alguém 
(por exemplo, R$100,00), não se está exigindo de volta aquelas mesmas cédulas, mas sim um 
valor, que pode ser pago com quaisquer notas de Real (moeda). 
Se a utilização de um bem fungível implica na sua destruição ou transformação em outra 
substância (como uma xícara - ou chávena - de açúcar emprestada para se fazer um bolo), este 
bem é denominado consumível. 
 
 
MARCELO SANTOS 
TEORIA DO DIREITO CIVIL (Direito Civil 1) 
 
 7 
Como os bens fungíveis podem ser substituídos por outros da mesma espécie, quantidade e 
qualidade, esse predicativo da permuta, sem prejuízo da essência ou natureza, favorece a 
faculdade que se confere ao devedor no cumprimento da obrigação. 
Decerto, pela propriedade da equivalência, admite-se que o devedor entregue ao credor uma 
coisa em substituição à outra, situação mediante a qual se tem como adimplida a obrigação, se 
observadas, evidentemente, as particularidades referentes ao gênero, à qualidade e à quantidade. 
Já os bens infungíveis não podem substitui-se por outros da mesma espécie e qualidade e 
quantidade. Infungibilidade é o princípio que define os bens móveis que não podem ser 
substituídos por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade. Logo, todo bem móvel único 
é infungível, assim como todo bem imóvel. 
São infungíveis as obras de arte, bens produzidos em série que foram personalizados, objetos 
raros dos quais restam um único exemplar etc. 
Bens consumíveis e não consumíveis 
Bens consumíveis são bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, 
sendo também considerados tais os destinados a alienação, ou seja, coisas que se excluem, num 
só ato, com o primeiro uso, podendo ser coisas fungíveis ou infungíveis. 
Na caracterização do bem consumível, deixa-se de investigar a natureza a causa ou a natureza 
do consumo, haja vista que importa constatar que, com o uso, lhe ocorreu a destruição imediata 
da própria substância. 
Consumir não significa, apenas, alimentar-se biologicamente, como característica ímpar que se 
agrega ao bem chamado consumível, porquanto a expressão alarga-se na extensão necessária 
para alcançar todo processo natural ou artificial que gere ou provoque, com o uso, a destruição 
imediata da própria substância. Não basta a descaracterização formal do bem para se lhe atribuir 
o caráter de consumível, se cujo uso não lhe implicar a destruição imediata da própria 
substância. 
É interessante observar que a lei também emprestou o caráter de bem móvel consumível a todo 
bem que se destina à alienação, o que reforça o entendimento segundo o qual o processo que 
lhe explica a natureza não é apenas o consumo biológico. 
No entanto, vale a ressalva de que consumibilidade não se confunde com deteriorabilidade, 
atributos que se impregnam nos bens, conforme a natureza. A deteriorabilidade é, no geral, 
caráter de coisa inconsumível; a consumibilidade, de coisa consumível, obviamente. 
Os bens inconsumíveis são os que proporcionam reiterada utilização do homem, sem destruição 
da sua substância. Assim, não é consumível a roupa, de uso de uma pessoa, já que lhe 
proporciona o uso reiterado. Todavia, a mesma roupa torna-se consumível numa loja, onde se 
destina à venda (consuntibilidade jurídica). 
 
 
 
MARCELO SANTOS 
TEORIA DO DIREITO CIVIL (Direito Civil 1) 
 
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Bens divisíveis e indivisíveis 
Bens divisíveis são aquelas que não comportam fracionamento ou aquelas que, fracionadas, 
perdem a possibilidade de prestar serviços e utilidades que o todo anteriormente oferecia. 
Um exemplo de bem indivisível é um carro ou um diamante lapidado(uma vez que sua divisão 
irá acarretar uma diminuição considerável de valor). Vale lembrar que um bem fisicamente 
divisível pode ser transformado em indivisível por vontade das partes ou por determinação 
legal. Também, ressalta-se que a divisão física em partes iguais de coisa indivisível, quando 
possível (um terreno, por exemplo) é denominada pro indiviso. 
Analisa-se a divisibilidade com base em dois atributos de natureza: 
a) física; e 
b) jurídica. A caracterização da divisibilidade sob o aspecto físico prende-se à natureza da 
possibilidade de fracionamento do bem. 
 
Quando pode ser dividido fisicamente, diz-se que o bem é divisível; ao contrário, fala-se em 
bem indivisível. Essa obviedade permite a instalação da assertiva de que a primeira referência 
que se busca para a definição da divisão de um bem é a da aceitação física. Em sendo assim, a 
própria natureza do bem sugere ou aceita a divisão, seja um bem móvel ou imóvel. 
Sublinhe-se que o conhecimento científico atrofiado sedimentou, no primeiro momento, a 
dimensão da divisibilidade física das coisas, a qual se intimidava, com repercussão, inclusive, 
no campo jurídico. 
A divisibilidade, sobre se revelar um entendimento físico ou natural, incorpora o ideológico, 
para permitir que os bens incorpóreos também estejam inseridos na regra do fracionamento, 
desde que, seja física ou jurídica a natureza da divisão, não sobrevenha: 
a) a substância; 
b) a diminuição considerável de valor; 
c) o uso a que se destinam. 
 
Recusa a lei que um bem seja dividido, se houver alteração ou perda da sua substância, que 
significa a qualidade que lhe define e que lhe faz próprio, enquanto se conserva a utilidade a 
que se destina. 
 
 
MARCELO SANTOS 
TEORIA DO DIREITO CIVIL (Direito Civil 1) 
 
 9 
Pouco importa a extensão da alteração, sendo suficiente, porém, que atinge a substância do 
bem, que, aí, já não se presta a alvejar a satisfação de um interesse ou necessidade, porquanto 
se lhe esvaiu a qualidade. 
Rejeita a lei que um bem seja dividido, se lhe sobrevier diminuição considerável de valor, que 
implica a desvalorização de ordem econômica, financeira, histórica, científica, cultural, etc, que 
se lhe agrega por força de sua própria natureza. 
Entenda-se como diminuição considerável de valor de que fala a regra o fenômeno que deprecia 
o bem a ponto de o tornar minguado, capaz de provocar substancial prejuízo, de ordem social 
ou econômico-financeira, ao titular em cujo patrimônio se encontra, com empobrecimento 
manifesto. 
O valor, por conseguinte, não se afere apenas pela expressão monetária, posto que qualidades 
outras podem influenciar mais na composição dos elementos que definem a relevância do bem, 
com conteúdo que não se limite ao econômico-social. 
Nega a lei, por fim, que um bem seja dividido, se lhe ocorrer prejuízo do uso a que se destina, 
que representa a desfiguração formal ou material que fragiliza ou impede seja ele utilizado na 
plenitude para alcançar o resultado a que se presta, como meio ou instrumento. 
Destaque-se que a regra não exige que o prejuízo do uso seja parcial ou total, razão por que se 
impõe a análise em cada caso, segundo o bem, a natureza e a sua finalidade. Mas, como regra 
geral, sustente-se que, se houver prejuízo do uso, inviabiliza-se a divisão do bem, salvo se restar 
demonstrado que, ainda prejudicado, ele pode cumprir uma obrigação, promover uma 
necessidade ou suprir um interesse, malgrado o faça parcialmente. 
Sublinhe-se que bens divisíveis, corpóreos ou incorpóreos - aqui se fala apenas em divisão 
jurídica, não física -, são aqueles que de possível fracionamento, que comportam segmentação, 
que aceitam divisão, que se compatibilizam com fracionamento. 
No entanto, não é fato que todo bem é divisível, embora enquanto coisa possa se submeter à 
divisão, haja vista que o comando legal assimila a regra segundo a qual os bens naturalmente 
divisíveis podem se tornar indivisíveis: 
a) por determinação legal; ou 
b) por vontade das partes - divisão chamada convencional. Comporta-se obsequioso o Código 
Civil à regra de que uma lei possa determinar que um bem, naturalmente divisível, trespasse 
sua realidade física e, pois, se transforme num bem indivisível, se o interesse público assim 
justificar. 
 
Ressalve-se, contudo, que os bens corpóreos somente podem ser juridicamente divididos 
quando forem naturalmente - diga-se normalmente e não apenas por influência de fenômeno 
natural - divisíveis. 
 
 
MARCELO SANTOS 
TEORIA DO DIREITO CIVIL (Direito Civil 1) 
 
 10 
 
Bens singulares e bens coletivos 
Bens singulares são aqueles que, embora reunidos, se consideram per si, independentemente 
dos demais, têm individualidade própria, valor próprio. À esta singularidade deve-se, também, 
emprestar o significado da titulação de um predicativo exclusivo que particulariza o bem, 
distinguindo-lhe extraordinariamente, como se fosse fora do comum ou excepcional. 
Bens coletivos (ou universais) são os que, embora constituídos de duas ou mais coisas 
singulares, consideram-se agrupados em um todo. Os bens coletivos dividem-se em: 
a) universalidades de fato (universitas facti); e 
b) universalidades de direito (universitas juris). 
Na universalidade de fato, concorre a pluralidade de bens singulares, simples ou compostos 
pertinentes à mesma pessoa, natural ou jurídica, os quais se prestam à destinação unitária ou 
comum. 
Justifica-se a lembrança de que, na universalidade de fato - tome-se o exemplo de uma 
esquadrilha, biblioteca, pinacoteca, manada, esquadra etc -, emerge a constatação da 
composição homogênea dos bens, sob o mesmo domínio. Consente o Código Civil que os bens 
que formam a universalidade de fato podem ser objeto de relação jurídicas próprias , razão por 
que se diz que eles, se assim desejar o titular, destacam-se do patrimônio agrupado para servir 
a negócios jurídicos autônomos. 
Na universalidade de direito, reúne-se uma complexidade de bens corpóreos e incorpóreos, a 
qual se credencia a sedimentar o patrimônio, com ativo e passivo, de uma pessoa natural ou 
jurídica, categorizando-a economicamente. 
Identifica-se, na universalidade de direito, um conjunto que forma uma unidade jurídica, por 
agregação de bens subordinados a idêntico tratamento jurídico, enquanto se apresentarem, 
porém, na projeção patrimonial da mesma pessoa. 
Enunciado n. 288, IV Jornada de Direito Civil: a pertinência subjetiva não constitui requisito 
imprescindível para a configuração das universalidades de fato e de direito.

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