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Cirurgia - noções básicas
PARAMENTAÇÃO E LAVAGEM DAS MÃOS:
O centro cirúrgico é dividido em parte irrestrita, semirrestrita (onde deve-se transitar com os pijamas cirúrgicos) e parte restrita, onde o profissional deve estar paramentado.
Lavagem das mãos:
Antes e depois de qualquer procedimento
Antes e depois do contato com o paciente
Sujidades
Sempre que tocar objetos
Sequência da paramentação:
Lavagem normal das mãos (o profissional deve estar com gorro, máscara, propé e óculos) → escovação cirúrgica (iodoprovidina ou clorexidina) → secagem → capote (o de algodão é contraindicado em cirurgias longas) → luvas.
O uso de máscaras tem seu máximo de 4 horas e devem ser trocadas sempre que molhadas ou sujas
O capote não reciclável é hidrofóbico e aumenta a quantidade de lixo hospitalar
Usar duas luvas em procedimentos longos.
INSTRUMENTAÇÃO:
FIOS:
Objetivos: Homeostasia; Suturas
Postulados:
O fio deve ser tão forte quanto o tecido
A força tênsil deve diminuir enquanto a resistência da cicatriz aumenta
As alterações biológicas provocadas pelo fio devem ser conhecidas
Origem dos fios:
Naturais
Animal: Categute, seda, colágeno
Vegetal: algodão, linho
Sintéticos: Náilon, poliéster, ác poliglicólico, poliglactina, polidioxanona, polipropileno
Aço inoxidável
Estrutura:
Monofilamentar: Mais delicados (cuidado ao manuseio)
Menos maleável
Menos lesão tecidual
Menos infecções
Multifilamentar: Pode ser torcido, trançado ou recoberto por único filamento
Maior flexibilidade (mais maleável)
Maior arrasto tecidual (mais traumático)
Mais infecções
Os trançados são mais suscetível à ruptura
Maior carreamento de bactérias
Absorção de líquidos e capilaridade:
Capacidade de reter líquido e a forma de propagação dele pelo fio, respectivamente (quanto maior, + chances de infecção por microorganismos)
Diâmetro:
1, 2, …, 6 → maior diâmetro
00, 3-0, …, 12-0 → menor diâmetro (são mais estéticos)
Quanto maior o diâmetro, maior a força tênsil
Força tênsil:
Deve ser mantida até o fim da cicatrização
Fios incolores possuem menor força tênsil
Fios com alta capilaridade possuem menor força tênsil
Tecidos com mais colágeno necessitam de fios com maior força tênsil
Tecidos mais vascularizados necessitam de fios com menor força tênsil
Força e segurança dos nós (resistência tênsil efetiva)
Força necessária para que um nó não deslize ou rompa
Quanto menor essa força, maior a possibilidade do nó se desfazer
É menor em mono não absorvíveis (devem ser feitos mais nós, o que aumenta a reação de corpo estranho)
Memória:
Plasticidade: capacidade de estiramento
Elasticidade: capacidade de volta ao tamanho original
Alta memória aumenta as chances de deslizamento e diminui a segurança do nó (adicionar seminós)
Manuseio:
Flexibilidade: Aumento da rigidez (alta memória) = difícil manuseio
Coeficiente de fricção: Aumento do coeficiente de fricção = aumento da dificuldade de deslizar = aumento da estabilidade dos nós
Arraste tecidual: O aumento da rigidez e do coeficiente de fricção levam a aumento do arraste tecidual = aumento do dano tecidual
Visualização: Fios são usados para localizar estruturas no campo cirúrgico, portanto tende-se a usar cores fortes
Características de reação tecidual:
Inflamação:
Maior nos naturais
Corpo estranho
Encapsulamento ou absorção do fio
Absorção: Os absorvíveis param a reação de corpo estranho, a força tênsil (“tempo de absorção”)
Podem ser absorvidos por hidrólise ou por enzimas
Potencial para multiplicação bacteriana:
Todos os fios diminuem a efetividade de defesa do organismo
Multifilamentares
Alergia: Fios absorvíveis causam mais alergia que os não absorvíveis
Usos:
Categute: GO, mucosa oral
Ácido poliglicólico: tecidos peritoneal, muscular, aponeurótico, subcutâneo, pele (intradérmico), TGI (não deve ser usado em contato com suco pancreático)
Poliglactina: Não usar em contato com fluidos pancreáticos
Polidioxanona: pode ser usado em anastomoses pancreáticas
Seda: Mucosa oral
Polipropileno: pode ser usado em áreas infectadas
Aço: osso
Náilon: pele
Algodão: vasos calibrosos
Escolha do fio:
Fio ideal:
Flexível
Mostrar grande resistência à tração e torção
Fácil manuseio
Calibre fino e regular
Facilidade para o nó cirúrgico
Pouca reação tecidual
Facilmente esterilizável
Não servir como nicho para infecções
Baixo custo
Na face, deve-se usar um fio mono com o menor diâmetro possível e inerte (náilon ou polipropileno); preferir o fechamento subdérmico; usar adesivos tópicos ou fitas se pertinente
Em locais com cicatrização lenta, usar não absorvíveis ou absorvíveis de longo tempo
O melhor fio:
Apresenta maior força tênsil associado à menor diâmetro
Menor arrasto tecidual
Nós seguros, com mínimo deslizamento e memória
Menor grau de inflamação
Menor multiplicação de microorganismos
Baixo custo
TIPOS DE SUTURA:
Diretrizes:
Manipulação do tecido: As bordas da ferida devem ser elevadas por uma pinça com dentes
Colocação da agulha no porta-agulha: parte média-posterior
Direção da linha de sutura: agulha curva: distal → proximal.
Transfixação: 1 ou 2 tempos. Englobar o mínimo de tecido para manter a vitalidade tecidual.
Extração: Feita de acordo com a forma e direção da agulha. Usa-se o porta-agulha, pinça com dentes (cirurgião) ou a pinça forte (auxiliar)
Idosos: Por terem menor elasticidade, costumam ter melhor recuperação se não tiverem comorbidades
Cuidado para sutura como possível causa de isquemia
Pontos separados:
A quebra de 1 nó não interfere no restante
Não são muitos impermeáveis (melhores para drenagem)
Mais trabalhosas e demoradas
Menos fio em contato com a lesão (menos reação de corpo estranho)
Os ponto Donatti ou U e o X são pontos hemostáticos, não estéticos
Ponto simples e simples invertido:
Pode ser epidérmico ou dérmico, ambos possuem bos estética
Se for feito o dérmico, pode-se fechar a epiderme com pontos epidérmicos ou com fitas adesivas
Donatti ou em U vertical:
Lesões de grande quantidade de tecido (distribui melhor a tensão por suportá-la mais)
Usado quando as bordas tendem a invaginar
Vertical ou horizontal
Não tem boa estética
X:
2 alças ficam cruzadas, seja dentro ou fora da ferida
Helicoidal
Polia/pontos recorrentes
Transfixiante:
Ponto circular
Vasos
Pontos contínuos:
Se houver quebra, deve-se refazer toda a sutura
É mais impermeável
A única que deve ser feita é a intradérmica
Maior reação tecidual
Chuleio simples
Sutura intradérmica contínua
Pele:
Donatti modificado e ponto simples
O fio pode ser absorvível ou não
Pode ser feita sutura intradérmica contínua com fio absorvível - boa estética
Na parte subcutânea, geralmente só é necessária a sutura em pacientes obesos
ANESTESIA LOCAL:
Inibem reversivelmente a geração e condução do potencial de ação pelo bloqueio do canal de sódio (bloqueio sensitivo, motor e autonômico)
Aumento da dose = aumento da absorção sistêmica
Os efeitos dependem da dose, concentração e tipo de anestésico
Fatores físico-químicos:
Grau de ionização: Entram na célula na forma molecular e atuam na forma iônica (inflamação diminui o ph do tecido, aumentando a forma iônica, necessitando, assim, de superdosagem)
Lipossolubilidade (pode tanto aumentar o efeito como diminuir por reduzir a entrada do anestésico local devido à deposição em tecido adiposo). Maior lipossolubilidade = maior potência = maior efeitos adversos. Bupi > lido > proca
Ligação à proteínas
Tamanho das moléculas
Anestesia local:
Administrada no tecido subcutâneo adjacente
Procedimentos pequenos
Contra-indicações: Alergia, recusa do paciente, infecção local, instabilidade na condição do paciente
Efeitos adversos:
Ocorrem após o efeito anestésico, quando a droga está no sangue
Toxicidade:
Alergia: Os ésteres causam mais (PABA), cuidado com alérgicos ao sulfito, um conservante; quando há alergia a amidas, geralmente é devido ao metilparabeno, um conservante.
SNC: Sonolência → zumbidos → fala arrastada → tremor de extremidades → convulsão. (efeitos no SNC são alcançados com doses menores das necessárias para afetar cardiovascular)
Cardiovascular: Arritmias, paradas cardiovasculares. Bupivacaína é o pior (alta afinidade pelo nó sinoatrial). Deve-se monitorar a frequência cardíaca. Adrenalina leva a uma taquicardia não patológica
Efeitos colaterais
Vasoconstritor:
Adrenalina
Aumento do efeito do anestésico (pela diminuição da absorção sanguínea)
Diminuição dos efeitos colaterais (pela diminuição da absorção sanguínea)
Diminuição do sangramento (vasoconstrição)
Desvantagem: dói mais.
Não usar:
Extremidades: Causa isquemia
Cardiopatas
Uso de tricíclico
IMAO
Cocaína crônica
Crianças com tumor em adrenal
Associado à Rupivacaína (ela já é um vasoconstritor)
Agulhas: Descartáveis hipodérmicas 13x4,5 ou 25x7
Técnica: Sempre aspirar a agulha para ter certeza de que não está em um vaso
Tipos de anestésicos:
Ésteres:
Procaína (dentistas): Latência moderada; duração de 15 mim há 1hr
Em desuso pelo alto índice alérgic o
Cocaína
Excreção renal (urina azul)
Amida:
Lidocaína: 2-4hs, é o mais seguro, latência rápida (10-20 segundos)
Rupivacaína
Nova bupi: não tem efeito cardíaco; 4-8hs de efeito; latência de 3 min; mais potente que a procaína e que a lidocaína