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TCC MUTABILIDADE DO REGIME DE BENS

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
REGIMES MATRIMONIAIS DE BENS NO DIREITO BRASILEIRO: 
VISÃO LEGAL E DOUTRINÁRIA 
 
 
MILENA MAZUCO CAMPOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí, maio de 2006
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
REGIMES MATRIMONIAIS DE BENS NO DIREITO BRASILEIRO: 
VISÃO LEGAL E DOUTRINÁRIA 
 
MILENA MAZUCO CAMPOS 
 
 
 
 
Monografia submetida à Universidade 
do Vale do Itajaí – UNIVALI, como 
requisito parcial à obtenção do grau de 
Bacharel em Direito. 
 
 
 
 
Orientador: Prof.ª Msc. Maria Fernanda Gugelmin Girardi 
 
 
 
 
 
 
Itajaí, maio de 2006
AGRADECIMENTOS 
Primeiramente, a Deus, por ser o responsável por 
minhas realizações. 
A minha Mãe, pelo esforço, amor e apoio 
dedicado. 
Ao meu Pai (em memória), por ser meu pai, e 
pela sapiência deixada. 
Ao meu namorado Rodrigo, pela compreensão e 
por não me deixar desistir. 
A Professora Mª Fernanda, orientadora deste 
estudo, por sua ajuda e conhecimentos, os quais, 
com certeza, levarei comigo após a conclusão 
deste trabalho. 
A todos os grandes amigos que fiz durante o 
caminho percorrido nesta etapa e, que 
continuarão, de uma forma ou de outra, sempre 
presentes em minha vida. 
As minhas amigonas, Marli, Jade e Paty, pelas 
noites longas de estudos, que irão ficar na 
saudade. 
A Conce e Romeu, pelo apoio e ajuda a cada dia 
oferecido, para que pudesse chegar até aqui. 
Obrigada. 
DEDICATÓRIA 
A minha Mãe Liege, a qual tenho muito orgulho, 
pela confiança, pelos incentivos, pelos esforços 
dispensados na minha formação e por tornar este 
sonho possível. 
Aos meus irmãos Mirela e Cassiano, e aos meus 
sobrinhos, pela amizade que nos une. 
Ao Rodrigo, amor e amigo, que percorreu comigo 
esta trajetória de minha vida, por seus incentivos, 
que na sua ausência seria muito mais difícil. 
 
 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo 
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do 
Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o 
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. 
 
Itajaí, maio de 2006 
 
 
Milena Mazuco Campos 
Graduando 
 
 
PÁGINA DE APROVAÇÃO 
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale 
do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduada Milena Mazuco Campos, sob o 
título Regimes Matrimoniais de Bens no Direito Brasileiro: Visão Legal e 
Doutrinária foi submetida em 01/06/2006 à banca examinadora composta pelos 
seguintes professores: Ana Lúcia Pedrone e Eduardo Eriveltom Campos, e 
aprovada com a nota 10 (dez). 
 
Itajaí, maio de 2006 
 
 
Profª Msc Maria Fernanda Gugelmin Girardi 
Orientador e Presidente da Banca 
 
 
Profº. Msc Antônio Augusto Lapa 
Coordenação da Monografia 
ROL DE CATEGORIAS 
Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à 
compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais. 
Bens Comunicáveis 
“A comunicação de certos bens, isto é, o seu ingresso numa comunhão, em 
virtude do que, originariamente pertencente a uma pessoa, passa a ser 
propriedade de mais de uma” 1. 
Bens Incomunicáveis 
“A incomunicabilidade é o impedimento para comunicação ou comunhão” 2. 
Pacto Antenupcial 
“O pacto antenupcial é um contrato solene firmado entre os nubentes, com o 
objetivo de escolher o regime de bens que vigorará durante o casamento”3. 
Princípios 
“Revelam o conjunto de regras ou preceitos, que se fixam para servir de norma a 
toda espécie de ação jurídica, traçando, assim, a conduta a ser tida em qualquer 
operação jurídica” 4. 
Regimes Matrimoniais de Bens 
“É o conjunto de normas aplicáveis às relações e interesses econômicos 
resultantes do casamento. É o constituído, portanto, por normas que regem as 
relações patrimoniais entre o marido e a mulher, durante o matrimônio”5. 
 
 
1 SILVA, de Plácido e. Vocabulário jurídico. 20. ed. Rio de janeiro: forense, 2002. p. 190 
2 SILVA, de Plácido e. Vocabulário jurídico. p.422 
3 FIUZA, Ricardo. Novo código civil comentado. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 1.512 
4 SILVA, de Plácido e. Vocabulário jurídico. p. 639 
5 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 18.ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 145 
 
Regimes de Bens Convencional 
“O regime de bens convencional é aquele que é estipulado pela vontade das 
partes, por meio de pacto antenupcial” 6. 
Regime de Bens Legal Supletivo 
“Fez bem o legislador em manter a comunhão parcial como o regime legal 
supletivo, visto que, em princípio, por determinar a comunicação apenas dos bens 
adquiridos a título oneroso após o enlace, atende o referido regime aos interesses 
da maioria dos nubentes” 7. 
Regime de Bens Legal Cogente ou Obrigatório 
“Apesar de haver liberdade dos nubentes na escolha do regime de bens que lhes 
aprouver, a lei, por precaução ou para puni-los, impõe, em certos casos, um 
regime obrigatório. Entre nós, o regime obrigatório é o da separação de bens sem 
a comunhão dos aqüestos, necessário em hipóteses excepcionais” 8. 
Regime da Comunhão Parcial de Bens 
“Regime da comunhão parcial é aquele em que, basicamente, se excluem da 
comunhão os bens que os cônjuges possuem ao casar ou que venham a adquirir 
por causa anterior e alheia ao casamento, como as doações e sucessões; e em 
que entram na comunhão os bens adquiridos posteriormente. Trata-se de um 
regime de separação quanto ao passado e de comunhão quanto ao futuro” 9. 
Regime da Comunhão Universal de Bens 
“É aquele em que se tornam comuns tanto os bens que os cônjuges já possuíam 
antes do casamento, como aqueles que foram posteriormente adquiridos” 10. 
 
6 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense , 
2004. p.188 
7 LEITE, Heloisa Maria Daltro. O novo código civil. livro IV. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2002. 
p. 318 
8 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 2002. p.149 
9 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 27. ed. São Paulo: Saraiva. 2002. p.206 
10 WALD, Arnold. O novo direito de família: curso de direito civil brasileiro. 14. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2002 . p.115 
 
Regime da Separação de Bens 
“Regime da separação é aquele em que os cônjuges conservam não apenas o 
domínio e a administração de seus bens presentes e futuros, como também a 
responsabilidade pelas dívidas anteriores e posteriores ao casamento” 11. 
Regime da Participação Final nos Aqüestos 
“Participação final nos aqüestos é o regime em que cada cônjuge possui o seu 
patrimônio próprio, submetendo-se os bens adquiridos posteriormente à data do 
matrimônio à partilha no caso de dissolução da sociedade conjugal” 12. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. p.215 
12 LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil: direito de família e das sucessões. 3 ed. 
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. p.163 
 
SUMÁRIO 
RESUMO..............................................................................................XI 
INTRODUÇÃO ...................................................................................... 1 
CAPÍTULO 1 ......................................................................................... 4 
REGIMES DE BENS E PACTOS ANTENUPCIAIS NO DIREITO 
BRASILEIRO......................................................................................... 4 
1.1 REGIME MATRIMONIAL DE BENS.................................................................41.1.1 CONCEITUAÇÃO ...............................................................................................4 
1.1.2 CONCEITUAÇÃO DE PACTO ANTENUPCIAL ..........................................................6 
1.1.3 PRINCÍPIOS QUE REGEM OS REGIMES MATRIMONIAIS DE BENS: ...........................8 
1.1.3.1 Princípio da Variedade dos Regimes de Bens .......................................8 
1.1.3.2 Princípio da Liberdade dos Pactos Antenupciais ................................10 
1.1.3.3 Princípio da Mutabilidade Justificada do Regime de Bens .................12 
1.1.4 REGIME DE BENS CONVENCIONAL (OPTATIVO) .................................................13 
1.1.5 REGIME DE BENS LEGAL:................................................................................14 
1.1.5.1 Regime Legal Supletivo..........................................................................14 
1.1.5.2 Regime Legal Cogente ou Obrigatório..................................................15 
CAPÍTULO 2 ...................................................................................... 19 
OS REGIMES DA COMUNHÃO PARCIAL E UNIVERSAL DE BENS 
NO DIREITO PÁTRIO ......................................................................... 19 
2.1 REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS ...........................................19 
2.1.1 CONCEITUAÇÃO .............................................................................................19 
2.1.2 BENS COMUNICÁVEIS .....................................................................................20 
2.1.3 BENS INCOMUNICÁVEIS ...................................................................................22 
2.1.4 RESPONSABILIDADE DOS CÔNJUGES EM RELAÇÃO ÀS DÍVIDAS .........................26 
2.1.5 ADMINISTRAÇÃO DO PATRIMÔNIO ....................................................................28 
2.2 REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS.......................................29 
2.2.1 CONCEITUAÇÃO .............................................................................................30 
2.2.2 BENS COMUNICÁVEIS .....................................................................................31 
2.2.3 BENS INCOMUNICÁVEIS ...................................................................................33 
2.2.4 RESPONSABILIDADE DOS CÔNJUGES EM RELAÇÃO ÀS DÍVIDAS .........................36 
2.2.5 ADMINISTRAÇÃO DO PATRIMÔNIO ....................................................................37 
CAPÍTULO 3 ...................................................................................... 39 
 
 
O REGIME DA SEPARAÇÃO DE BENS E O REGIME DA 
PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQÜESTOS NO DIREITO POSITIVO 
BRASILEIRO....................................................................................... 39 
3.1 REGIME DA SEPARAÇÃO DE BENS: ..........................................................39 
3.1.1 CONCEITUAÇÃO: ............................................................................................39 
3.1.2 REGIME OPTATIVO DE SEPARAÇÃO DE BENS E REGIME LEGAL DE SEPARAÇÃO DE 
BENS: ALGUMAS DIFERENCIAÇÕES ...........................................................................41 
3.1.3 BENS COMUNICÁVEIS .....................................................................................44 
3.1.4 BENS INCOMUNICÁVEIS ...................................................................................45 
3.1.5 RESPONSABILIDADE DOS CÔNJUGES EM RELAÇÃO ÀS DÍVIDAS .........................46 
3.1.6 ADMINISTRAÇÃO DO PATRIMÔNIO ....................................................................48 
3.2 REGIME DA PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQÜESTOS : ............................50 
3.2.1 CONCEITUAÇÃO .............................................................................................51 
3.2.2 BENS COMUNICÁVEIS .....................................................................................54 
3.2.3 BENS INCOMUNICÁVEIS ...................................................................................56 
3.2.4 RESPONSABILIDADE DOS CÔNJUGES EM RELAÇÃO ÀS DÍVIDAS .........................58 
3.2.5 ADMINISTRAÇÃO DO PATRIMÔNIO ....................................................................61 
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................ 65 
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS............................................ 68 
 
RESUMO 
A presente pesquisa tem como objeto o estudo analítico dos 
regimes matrimoniais de bens no ordenamento jurídico brasileiro. Entende-se por 
Regime Matrimonial de Bens, o conjunto de regras que visam a regular os 
interesses patrimoniais dos cônjuges. Seu objetivo geral é verificar, com base, 
principalmente, na doutrina e legislação brasileira, o instituto do regime 
matrimonial de bens, com ênfase na comunicabilidade e incomunicabilidade dos 
bens. Os objetivos específicos são: obter dados atuais do instituto do regime de 
bens, a partir da doutrina e legislação pátria; verificar a incomunicabilidade de 
bens e dívidas nos Regimes da Comunhão Parcial e Comunhão Universal, 
insertas no direito positivo brasileiro; observar, com base na legislação e doutrina 
brasileira, os elementos caracterizadores dos Regimes da Separação de Bens e 
da Participação Final nos Aqüestos. Quanto à metodologia empregada, registra-
se que nas Fases de Investigação e do Relatório dos Resultados foi utilizado o 
Método Indutivo e acionadas as Técnicas do Referente, da Categoria, do 
Conceito Operacional e da Pesquisa Bibliográfica. Observou-se que, com o 
advento do Código Civil de 2002, houve algumas mudanças em relação a esses 
Regimes, como por exemplo, o Regime da Participação Final nos Aqüestos. 
 
 
INTRODUÇÃO 
Esta Monografia versará sobre os Regimes Matrimoniais de 
Bens no Direito Brasileiro. 
Seus objetivos são: a) institucional: produzirá uma 
monografia para obtenção de grau de bacharel em Direito pela Universidade de 
Vale do Itajaí – UNIVALI; b) geral: verificará, com base, principalmente, na 
doutrina e legislação brasileira, o instituto do regime matrimonial de bens, com 
ênfase na comunicabilidade e incomunicabilidade dos bens; c) específicos: obterá 
dados atuais do instituto do regime de bens, a partir da doutrina e legislação 
pátria; verificará a incomunicabilidade de bens e dívidas nos regimes da 
Comunhão Parcial e Comunhão Universal, insertas no direito positivo brasileiro; 
observará, com base na legislação e doutrina brasileira, os elementos 
caracterizadores dos regimes da Separação de Bens e da Participação Final nos 
Aqüestos, 
A opção pelo tema deu-se ao grande interesse da 
acadêmica pelo Direito de Família Brasileiro, levando-a a aprofundar seu 
conhecimento no Regime Matrimonial de Bens. 
Quanto à metodologia13 empregada, registra-se-á que nas 
Fases de Investigação e do Relatório dos Resultados – expresso nesta 
monografia - foram utilizado o Método Indutivo. Nas diversas fases da pesquisa, 
foram acionadas as Técnicas do Referente14, da Categoria15, do Conceito 
Operacional16 e da Pesquisa Bibliográfica. 
 
13“Na categoria metodologia estão implícitas duas categorias diferentes entre si: método de 
investigação e técnica” . Conforme PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica – idéias 
e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito. 7.ed. Florianópolis: OAB/SC Editora, 2002, p.87 
(destaque no original). 
14 “Referente é a explicação prévia do motivo, objetivo e produto desejado, delimitando o alcance 
temático e de abordagem para uma atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa”. In: 
PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica – idéias e ferramentas úteis para o 
pesquisador do Direito. p. 62 
 2 
A monografia se encontra dividida em três capítulos. Para 
tanto, iniciar-se, no Capítulo 1, uma abordagem do Conceito e Característica de 
Regime Matrimonial de Bens até o Pacto Antenupcial, desde os princípios que 
regem esse matrimônio, direcionando-separa o Regime de Bens Convencional, 
Legal e este se subdivide em Supletivo e Cogente ou Obrigatório, somente no que 
diz respeito ao Código Civil de 2002. 
No Capítulo 2, por seu turno, trataremos de identificar os 
principais aspectos do Regime da Comunhão Parcial e Universal no Direito Pátrio, 
fornecendo as bases conceituais, os bens comunicáveis e os bens 
incomunicáveis, a responsabilidade dos cônjuges em relação às dívidas seus 
efeitos jurídicos na esfera da administração dos bens pessoais e patrimoniais, 
frente ao atual Código Civil Brasileiro. 
No Capítulo 3, por sua vez, trataremos do Regime da 
Separação de Bens e o Regime da Participação Final nos Aqüestos, conceituação 
e novamente a respeito dos bens comunicáveis e incomunicáveis, 
responsabilidades dos cônjuges em relação às dívidas, e a administração do 
patrimônio de ambos, referentes à Lei nº 10.406/02. 
Para a presente monografia irão ser levantadas as seguintes 
hipóteses: a) Regimes de Bens e Pactos Antenupciais não são vocábulos 
sinônimos. Enquanto o primeiro significa o complexo de normas que dará 
destinação aos bens das pessoas casadas, o segundo, por seu turno, trata-se do 
contrato, acessório ao casamento, que tem o condão de colocar em vigor um 
regime matrimonial de bens; b) no regime da Comunhão Universal, embora 
existam indícios de uma comunicabilidade total de bens entre os cônjuges, há 
previsão legal que aponta incomunicabilidade de determinados bens; c) o Regime 
da Participação Final nos Aqüestos se trata de um regime misto, segundo o qual, 
na constância do casamento, vigora o Regime da Separação de Bens entre os 
 
15 “Categoria é a palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou expressão de uma idéia” In: 
PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica – idéias e ferramentas úteis para o 
pesquisador do Direito. p. 31 
16 “Conceito operacional (cop) é uma definição para uma palavra e expressão, com o desejo de 
que tal definição seja aceita para efeitos das idéias que expomos” In: PASOLD, César Luiz. 
Prática da pesquisa jurídica – idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito. p. 56 
 3 
cônjuges, todavia, ao término do casamento, seja em vida ou por morte, a partilha 
de bens será efetuada em conformidade com o Regime da Comunhão Parcial de 
Bens. 
Em virtude da existência de elevado número de categorias e 
conceitos operacionais importantes para a melhor compreensão deste trabalho, 
optou-se pela elaboração de um rol específico. 
O presente relatório de pesquisa se encerra com as 
considerações finais, nas quais apresentar-se-á a confirmação ou não das 
hipóteses levantadas. 
 
 
CAPÍTULO 1 
REGIMES DE BENS E PACTOS ANTENUPCIAIS NO DIREITO 
BRASILEIRO 
1.1 REGIME MATRIMONIAL DE BENS 
1.1.1 Conceituação 
Na legislação brasileira, os regimes matrimoniais de bens 
objetivam disciplinar os direitos e obrigações patrimoniais oriundas, via de regra, 
do casamento. Esses regimes são de suma importância, pois tratam das relações 
econômicas entre marido e mulher, como a maioria dos autores escreve. 
A respeito do tema, Gomes17 assim conceitua regime 
matrimonial de bens: “(...) é o conjunto de regras aplicáveis à sociedade conjugal 
considerada sob o aspecto dos seus interesses patrimoniais. Em síntese, o 
estatuto patrimonial dos cônjuges”. 
Já Dias18, cita que: 
Precede aos dispositivos que regulamentam os quatro distintos 
regimes de bens do novo Código Civil Brasileiro, um conjunto de 
normas que prescrevem os princípios aplicáveis à sociedade 
conjugal, do ponto de vista dos seus interesses patrimoniais. 
Disciplinam, em seu âmbito, a propriedade, a administração, o 
gozo e a disponibilidade dos bens e das obrigações que os 
cônjuges podem ou não assumir (...)“. 
Na versão de Oliveira19, regime de bens é a “(...) 
organização estruturada dessas relações pecuniárias dadas por um conjunto de 
 
17 GOMES, Orlando. Direito de família. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. p.173 
18 DIAS, Maria Berenice; PEREIRA, Rodrigo da Cunha (Coord.). Direito de família e o novo 
código civil. Belo Horizonte: Del Rey, 2001. p.157 
19 OLIVEIRA, José Lamartine Correa; MUNIZ Francisco José Ferreira. Curso de direito de 
família. 4. ed. Curitiba: Juruá, 2004. p. 329 
 5 
regras que formam o que se denominam de regime matrimonial de bens ou 
regime de bens do casamento”. 
Como se pôde observar, os autores citados, valendo-se de 
palavras distintas, concordam que regime matrimonial de bens trata-se de um 
complexo de normas hábil a interferir, diretamente, no patrimônio das pessoas 
casadas20. 
Para Diniz21, regimes matrimoniais de bens “(...) é o conjunto 
de normas aplicáveis às relações e interesses econômicos resultantes do 
casamento. É constituído, portanto, por normas que regem as relações 
patrimoniais entre o marido e a mulher, durante o matrimônio”. 
Ainda nesta temática, Venosa22 ensina que: “Regime de 
bens constitui a modalidade de sistema jurídico que rege as relações patrimoniais 
derivadas do casamento”. 
Sobre o conceito de regime de bens, apresenta-se a opinião 
de Pereira23: “Os regimes de bens constituem, pois, os princípios jurídicos que 
disciplinam as relações econômicas entre os cônjuges, na constância do 
matrimônio, (...)”. 
Para complementar este estudo sobre a conceituação de 
regime de bens, cita-se o ensinamento de Rodrigues24: “Regime de bens, como 
acima foi dito (...), é o estatuto que regula os interesses patrimoniais dos cônjuges 
durante o matrimônio”. 
O Código Civil de 2002 prevê quatro tipos de Regime de 
Bens distintos que são: Regime da Comunhão Parcial, Regime da Comunhão 
 
20 Cumpre ressaltar que, conforme o art. 1.724 do CC, na união estável também vigora um regime 
de bens, geralmente, o da Comunhão Parcial. 
21 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 18.ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 145 
22 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p.176 
23 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense , 
2004. p.187 
24 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 27. ed. São Paulo: Saraiva. 2002.p.173 
 6 
Universal, Regime da Separação de Bens e o Regime da Participação Final nos 
Aqüestos. Esses regimes matrimoniais serão estudados com maior 
aprofundamento nos próximos capítulos desta pesquisa. 
 
1.1.2 Conceituação de Pacto Antenupcial 
O pacto antenupcial, também denominado de pacto 
anteunião, possui regulamento próprio no atual Código Civil Brasileiro, em seus 
artigos 1653 ao 1657. 
Para Gomes25, pacto antenupcial é a “convenção solene na 
qual (os nubentes) grifo nosso - declaram adotar um dos regimes definidos na lei 
ou estipulam regime misto”. 
De acordo com Dias26, “Podem os nubentes, antes de 
celebrado o casamento, estipular o regime que lhes aprouver, embora existam 
casos em que a lei vigente (...) impõe o regime obrigatório da separação de bens”. 
Oliveira27 conceitua pacto antenupcial como sendo “(...) o ato 
pelo qual os nubentes organizam suas relações patrimoniais e suas relações com 
terceiros (...)”. 
Neste sentido, Fiúza28 escreve que: “O pacto antenupcial é 
um contrato solene firmado entre os nubentes, com o objetivo de escolher o 
regime de bens que vigorará durante o casamento. (...) É obrigatório quando os 
nubentes optam por regime que não seja o legal”. 
 
25 GOMES, Orlando. Direito de família. 2002. p.177 
26 DIAS, Maria Berenice; PEREIRA, Rodrigo da Cunha (Coord.). Direito de família e o novo 
código civil. 3. ed. Belo Horizonte: Rev. Atual, 2003. p. 207 
27 OLIVEIRA, José Lamartine Correa; MUNIZ Francisco José Ferreira. Curso de direito de 
família. 2004. p. 35928 FIUZA, Ricardo. Novo código civil comentado. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 1.512 
 7 
A respeito do assunto, traz-se o entendimento de Venosa29: 
“A escritura pública é necessária para a validade do ato, sendo nula a convenção 
que não obedecer a esse formalismo”. 
O pacto antenupcial não tem validade se não for feito por 
escritura pública em cartório, conforme preceitua o artigo 1.653 do Código Civil: 
 Art. 1653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura 
publica e ineficaz se não lhe seguir o casamento. 
Diniz30, neste ínterim, comenta que “É, portanto, da 
substância do ato a escritura pública nos pactos antenupciais, logo, a 
inobservância desse preceito acarreta sua nulidade”. 
Pereira31 ensina que: “O pacto antenupcial é subordinado a 
uma conditio legis que decorre necessariamente da sua natureza e da sua 
finalidade: seguir-lhe o casamento (...)”. 
Com relação à natureza jurídica dos pactos antenupciais, 
Gomes32 leciona que: 
(...) o pacto antenupcial não é um contrato da mesma natureza 
dos regulados no Livro das Obrigações, afirmando-se que tem 
caráter institucional porque, verificada a condição a que se 
subordina o início de sua eficácia, as partes, ainda de comum 
acordo, não podendo modificá-lo nem dissolvê-lo. As cláusulas 
estipuladas são intangíveis, conservando-se a disposição 
originária até a dissolução da sociedade conjugal. 
O pacto antenupcial - ou pacto anteunião - é um contrato 
realizado antes do casamento pelos contraentes, no qual é escolhido o regime de 
bens que será dotado na constância do matrimônio. 
 
29 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil. 2004. p.184 
30 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 2002. p.147 
31 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 2004. p.208 
32 GOMES, Orlando. Direito de família. 2002. p.177 
 8 
Por fim, conforme art. 1.653 do CC, o pacto antenupcial é 
solene, ou seja, não pode ser estipulado por um simples instrumento particular, 
terá que ser feito em cartório e lavrado por escritura pública. 
 
1.1.3 Princípios que regem os Regimes Matrimoniais de Bens: 
 Princípios33, observados de forma genérica, “(...) revelam o 
conjunto de regras ou preceitos, que se fixam para servir de norma a toda espécie 
de ação jurídica, traçando, assim, a conduta a ser tida em qualquer operação 
jurídica, (...)”. 
Na matéria alusiva aos regimes de bens, existem três 
princípios fundamentais para sua organização, que são: Princípio da Variedade 
dos Regimes de Bens, Princípio da Liberdade dos Pactos Antenupcial e Princípio 
da Mutabilidade Justificada do Regime de Bens. 
 
1.1.3.1 Princípio da Variedade dos Regimes de Bens 
Estudando este princípio, tem-se definido que a lei vigente 
coloca à disposição dos contraentes do matrimônio, quatro regimes de bens, que 
serão melhores estudados no decorrer da pesquisa. 
O Princípio da Variedade dos Regimes de Bens, como 
Gomes34 ensina, “(...) significa que a lei não impõe um regime matrimonial, mas, 
ao contrário, oferece a escolha dos nubentes diversos, que define em linhas 
gerais”. 
Portanto, segundo este princípio, os nubentes não estão 
limitados a escolher apenas um determinado regime, e sim, terão como opção 
para a escolha, um dos quatro tipos existentes no Código Civil. 
 
33 SILVA, de Plácido e. Vocabulário jurídico. 20 ed. Rio de janeiro: Forense, 2002. p. 639 
34 GOMES, Orlando. Direito de família. 2002. p. 173 
 9 
Valendo-se de outras palavras, porém possuindo o mesmo 
sentido, Diniz35 assevera que: 
(...) a norma não impõe um só regime matrimonial aos nubentes, 
pois oferece-lhes quatro tipos diferentes: o da comunhão 
universal; o da comunhão parcial; o da separação; e o da 
participação final nos aqüestos. Este último substitui o antigo 
regime dotal (...). 
Seguindo o mesmo entendimento, Gonçalves36 pondera que: 
A lei coloca a disposição dos nubentes não apenas um modelo de 
regime de bens, mas quatro. Como o regime dotal previsto no 
diploma de 1916 não vingou, assumiu a sua vaga, no novo 
Código, o regime de participação final nos aquestos (...), sendo 
mantidos os de comunhão parcial, comunhão universal e 
separação convencional ou legal. 
Pereira37 entende por princípio da variedade do regime de 
bens, como sendo: 
(...) lícito aos cônjuges escolher o regime de suas preferências, 
combiná-los ou estipular cláusulas de sua livre escolha e redação, 
desde que não atentam contra os princípios da ordem pública, e 
não contrariem a natureza e os fins do casamento. Excluem-se 
desta escolha as situações especiais indicadas no artigo 1.641, 
onde é negada esta escolha aos nubentes. Considerar-se-á como 
não escrita qualquer convenção contrária aos princípios que as 
regem. 
Os mencionados autores consideram o princípio da 
variedade do regime de bens como de livre escolha entre os nubentes, dispondo 
de quatro tipos, conforme aduz Venosa38: 
 “O código de 2002 disciplina a comunhão parcial (arts. 1.658 a 
1.666); a comunhão universal (arts. 1.667 a 1.671); a participação 
 
35 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 2002. p.45 
36 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito de família. 9 ed. São Paulo:Saraiva, 2003.p.116 
37 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 2004. p.189 
38 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil. 2004. p.178 
 10
final nos aquestos (arts. 1.672 a 1.686) e a separação de bens 
(arts. 1.687 e 1.688). Suprime –se o regime dotal, de praticamente 
nenhuma utilização em nosso país, introduzindo-se o regime de 
participação final nos aqüestos”. 
Como pôde ser observado, trata-se o princípio da variedade 
dos regimes de bens, como sendo aquele que prevê a existência de mais de um 
regime matrimonial de bens e a possibilidade que os contraentes possuem de 
optar por um deles. 
 
1.1.3.2 Princípio da Liberdade dos Pactos Antenupciais 
Este princípio encontra-se estabelecido no caput do artigo 
1.639 do Código Civil Brasileiro, com a seguinte redação: 
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o 
casamento, estipular, quanto aos bens, o que lhes aprouver. 
Segundo o artigo supra citado, podem os nubentes, antes da 
celebração do casamento, estipular sobre seus bens o que acharem mais 
convenientes. 
Ratificando o citado dispositivo legal, prescreve o parágrafo 
único do artigo 1.640 do Código Civil: 
Art. 1640 – (...) 
Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de 
habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código 
regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela 
comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura 
pública, nas demais escolhas. 
Contudo, poderão os nubentes em sua habilitação, optar por 
qualquer um dos regimes que o atual Código Civil regulamenta, uma vez que se 
torna necessário estipularem - mediante pacto antenupcial - o regime de sua 
preferência, salvo nos casos específicos, em que a lei determina 
 11
imperativamente. Em princípio, a liberdade na confecção do pacto antenupcial é 
livre, mas deverá se restringir apenas às relações patrimoniais. 
Esse princípio é semelhante ao princípio da Variedade dos 
Regimes de Bens, conforme ensina Gomes39: 
Os nubentes podem escolher, em princípio, o regime que lhes 
convenha, não estando adstritos, sequer, à adoção de um dos 
tipos, tal como se acham definidos em lei, eis que podem 
combiná-los, formando regime misto, uma vez respeitadas as 
disposições legais de ordem públicas. Necessário que estipulem, 
mediante pacto antenupcial, o regime que escolherem. 
Sendo assim, permite-se aos nubentes a liberdade de 
escolha dos regimes estabelecidos em lei e, ainda, prescreve a possibilidade de 
combinar um regime com outro, criando um tipo de regime matrimonial de bens 
misto, porém, específico para suprir às expectativas econômicasdos futuros 
cônjuges. 
No entendimento de Oliveira40: 
Os nubentes podem, dentro dos limites da lei, regular o regime de 
bens do casamento, celebrando convenções ou pacto antenupcial. 
Eles não só podem escolher um dos regimes-modelo previstos na 
lei ou introduzir-lhe alterações, adaptando-os às suas 
necessidades, como eleger um novo regime. 
Então, pelo princípio da liberdade dos pactos antenupciais, 
faculta-se aos nubentes a escolha do tipo de regime matrimonial de bens, levando 
em conta suas necessidades. 
Fiúza41 salienta que: “Prevalece à regra da liberdade das 
convenções nos pactos antenupciais, relativamente às questões patrimoniais, 
desde que não contrarie disposição absoluta de lei”. 
 
39 GOMES, Orlando. Direito de família. 2002. p. 173 
40 OLIVEIRA, José Lamartine Correa; MUNIZ Francisco José Ferreira. Curso de direito de 
família. 2004. p.345 
41 FIUZA, Ricardo. Novo código civil comentado. 2004. p.1.512 
 12
Conforme este princípio, além de possibilitar a liberdade de 
escolha do regime a ser adotado pelos cônjuges, determina, ainda, que esta 
escolha deverá ser feita através de um pacto antenupcial, confeccionado por 
cartório competente. 
Contudo, tal princípio da liberdade dos pactos antenupciais, 
não é absoluto, pois existem casos específicos, em que a própria lei estabelece 
imperativamente, o tipo de regime de bens que deverá viger entre alguns 
cônjuges, é o que será analisado mais adiante. 
 
1.1.3.3 Princípio da Mutabilidade Justificada do Regime de Bens 
Por último, apresenta-se o princípio da mutabilidade 
justificada do regime de bens, que está estabelecido no artigo 1.639, parágrafo 2º 
do Código Civil, e prevê a possibilidade de alteração do regime matrimonial de 
bens na constância do casamento, mediante autorização judicial. 
Reza o parágrafo 2º do artigo 1.639 do Código Civil: 
Art. 1.639 - (...) 
 §2º. É admissível alteração do regime de bens, mediante 
autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, 
apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os 
direitos de terceiros. 
No entendimento de Gomes42, 
(...) a mudança somente deve ser autorizada se requerida por 
ambos os cônjuges, justificadamente. Seu acolhimento deverá 
depender de decisão judicial, verificando o juiz se o pedido foi 
manifestado livremente e se motivos plausíveis aconselham seu 
deferimento. Finalmente, só é de ser acolhido se não for feito com 
o propósito de prejudicar terceiros, cujos interesses, em qualquer 
hipótese, se ressalvam para o que se deve exigir a publicidade 
 
42 GOMES, Orlando. Direito de família. 2002. p. 174 
 13
necessária através da obrigação de transcrever a sentença no 
registro próprio. 
 Diniz43 entende que: “O regime de bens que era 
inalterável, afora pequenas exceções introduzidas jurisprudencialmente, pode 
hoje ser modificado mediante decisão judicial, a requerimento de ambos os 
consortes”. 
Cumpre esclarecer que o regime de bens era inalterável, 
hoje em dia, com a atual legislação brasileira, poderá ser modificado mediante 
ordem judicial e a requerimento do casal. 
Esse princípio novo, positivado com a mudança do Código 
Civil, veio para substituir o princípio da imutabilidade do regime de bens, o qual 
proibia qualquer tipo de alteração do regime matrimonial de bens no decorrer do 
matrimônio. 
Nesta temática, elencam-se os pressupostos básicos para a 
mutabilidade do regime matrimonial de bens na duração do casamento: 
provocação judicial consensual, apresentação dos motivos que ensejam o pedido 
de alteração e prova de que tal pretensão não trará prejuízo de nenhuma espécie 
a terceiros. 
 
1.1.4 Regime de Bens Convencional (Optativo) 
Pereira44 ensina que: “O regime de bens no casamento ora 
provém da convenção, ora da lei. Diz-se, então, que pode ser ‘convencional’ ou 
‘legal’. O regime de bens convencional é aquele que é estipulado pela vontade 
das partes, por meio de pacto antenupcial”. 
Quando as partes puderem escolher um dos regimes 
matrimoniais de bens que estão prescritos na lei civilista, será preciso a 
 
43DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 2002. p.152 
44PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 2004. p.188 
 14
confecção de pacto antenupcial, salvo no caso do Regime da Comunhão Parcial 
de Bens ou no da imposição legal do Regime da Separação de Bens. 
 
1.1.5 Regime de Bens Legal: 
1.1.5.1 Regime Legal Supletivo 
Decorre do art. 1.640 do CC, que prevê que se não houver 
convenção, vigorará sobre os bens o regime da comunhão parcial de bens. 
Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo nula, vigorará, 
quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão 
parcial. 
Como alguns nubentes têm constrangimento em escolher o 
tipo de regime matrimonial de bens que irão adotar, o Código Civil manteve este 
tipo – legal supletivo - para aquelas pessoas com dificuldade de escolha, recaindo 
no regime de comunhão parcial de bens. 
Quanto a esse regime, tem-se o ensinamento de Oliveira45, 
ao dizer que: “Na ausência de convenção ou pacto antenupcial, considera-se 
celebrado o casamento sob o regime da comunhão parcial. O regime da 
comunhão parcial, entre nós, é o regime supletivo”. 
Já Leite46 diz que: “Fez bem o legislador em manter a 
comunhão parcial como o regime legal supletivo, visto que, em princípio, por 
determinar a comunicação apenas dos bens adquiridos a título oneroso após o 
enlace, atende o referido regime aos interesses da maioria dos nubentes”. 
No entanto, o pedido formulado pelas partes à escolha do 
regime é facultativo, salvo se as partes optarem por outro regime de bens que não 
 
45 OLIVEIRA, José Lamartine Correa; MUNIZ Francisco José Ferreira. Curso de direito de 
família. 2004. p.346 
46 LEITE, Heloisa Maria Daltro. O novo código civil. livro IV. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2002. 
p. 318 
 15
seja o regime da comunhão parcial de bens. No entanto, se a convenção (pacto) 
for nula, vigorará o regime da comunhão parcial de bens. 
Assim dispõe Gomes47: 
(...) não há nulidade propriamente dita, senão ineficácia. O 
casamento é condição suspensiva do pacto antenupcial; os efeitos 
do pacto começam, realmente, com a sua celebração e não se 
produzem se os nubentes não se casam. O pacto é facultativo, 
mas necessário se os nubentes querem adotar regime matrimonial 
que não o legal, visto que não há outro meio de o instituir. Os que 
preferem o regime legal não precisam obviamente estipulá-los. 
Por outro lado, há pessoas que não poderão escolher o 
regime de bens ao contrair o matrimônio, pois estão impedidas – por lei - de 
escolher um determinado regime que passará a vigorar em seu matrimônio. Neste 
caso, a legislação lhes imporá o regime da separação de bens, que será o 
próximo regime legal a ser comentado. 
 
1.1.5.2 Regime Legal Cogente ou Obrigatório 
O regime legal cogente (ou obrigatório), é aquele em que a 
lei impõe as normas sobre os bens mesmo se os contraentes tenham estipulado o 
contrário no pacto antenupcial. 
Nesta senda, Diniz48 leciona que: 
Apesar de haver liberdade dos nubentes na escolha do regime de 
bens que lhes aprouver, a lei, por precaução ou para puni-los, 
impõe, em certos casos, um regime obrigatório. Entre nós, o 
regime obrigatório é o da separação de bens sem a comunhão 
dos aquestos, necessário em hipóteses excepcionais (...), quando 
perdem os noivos a liberdade de escolher o regime matrimonial de 
sua preferência. 
 
47 GOMES, Orlando. Direito de família. 2002. p. 178 
48 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 2002. p.149 
 16
Na mesma temática, Oliveira49 assevera que: 
Não se lhes fixa imperativamente um regime determinado,com 
exclusão de todos os outros, como é próprio de um sistema de 
regime de bens imperativo ou obrigatório, nem eles estão 
obrigados a escolher um dos vários tipos ou modelos de regimes 
matrimoniais oferecidos pelo legislador (...). 
Para complementar o assunto, traz-se o entendimento de 
Venosa50: 
Existem exceções a essa autonomia de escolha, (...), em 
situações nas quais a lei impõe o regime da separação. Trata-se 
de regime obrigatório, imposto em determinadas condições, que 
não se confunde com o regime legal da comunhão parcial, 
supletivo da vontade dos interessados. 
O regime legal cogente ou obrigatório está estipulado no art. 
1.641 do CC, que possui a seguinte redação: 
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no 
casamento: 
I – das pessoas que o contraírem com inobservância das causas 
suspensivas da celebração do casamento; 
II – da pessoa maior de sessenta anos; 
III – de todos os que dependerem, para casar, de suprimento 
judicial. 
O inciso I do art. 1.641 do CC trata da imposição do regime 
de separação de bens para as pessoas que contraem matrimônio com causas 
suspensivas. Cumpre lembrar que causa suspensiva51 se dá, na visão de Diniz, 
quando: 
 (...) o viúvo ou viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto 
não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; 
 
49 OLIVEIRA, José Lamartine Correa; MUNIZ Francisco José Ferreira. Curso de direito de 
família. 2004. p.345 
50 VENOSA, Silvio de Salvo. 2004. Direito civil. p.179 
51 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 2002. p.167 
 17
porém, na falta de bens a inventariar, não há que se falar em 
separação de bens, o mesmo se diga se demonstrar que não 
haverá prejuízo para o herdeiro da viúva, ou da mulher cujo 
casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez 
meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da 
sociedade e do vínculo conjugal, salvo se antes de findo esse 
prazo der à luz algum filho ou provar inexistência de gravidez; do 
divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a 
partilha dos bens do casal, exceto se provar a inexistência de 
dano patrimonial para o ex-cônjuge; do tutor ou curador e dos 
seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, 
com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a 
tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas 
contas, salvo se houver comprovação de ausência de qualquer 
prejuízo para a pessoa tutelada ou curatelada. 
O disposto no inciso II do art. 1.641do CC trata da imposição 
do regime de separação de bens para as pessoas maiores de 60 anos de idade. 
Rodrigues52 diz que: “Nesse caso, mais do que nos outros, é 
nítido o propósito do legislador de impedir que pessoa moça procure casar com 
outra bem mais idosa, atraída menos pelos encantos pessoais do que pela 
fazenda de seu consorte”. 
Referindo-me ao inciso III do art. 1.641 do CC, há a 
imposição do regime de separação de bens a todas as pessoas que dependem 
para casar de suprimento, ou seja, autorização judicial. 
Pereira53 assevera que “Cumpre, entretanto, destacar na 
categoria legal, o que impõe aos cônjuges com caráter de obrigatoriedade. É a 
separação, quando determinada como medida defensiva dos interesses dos 
cônjuges, ou aos que se casam infringindo certos impedimentos matrimoniais 
(...)”. 
Já Gomes54, ensina: 
 
52 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 2002. p.182 
53 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 2004. p.188 
54 GOMES, Orlando. Direito de família. 2002. p. 175 
 18
Do regime legal deve distinguir-se o regime obrigatório, imposto 
no casamento de certas pessoas. (...) Entre nós, o regime 
obrigatório é o da separação de bens. Este regime é normalmente 
facultativo, pelo que depende de convenção antenupcial válida, 
mas se torna necessário em casos excepcionais, quanto aos 
nubentes se retira à liberdade de escolha. 
Após deflagrar considerações sobre o conceito, princípios e 
alguns tipos de regimes de bens, como o Convencional e o Legal, apresentar-se-
ão, no próximo capítulo, os Regimes da Comunhão Parcial e Universal insertos no 
Direito Brasileiro. 
 19
 
CAPÍTULO 2 
OS REGIMES DA COMUNHÃO PARCIAL E UNIVERSAL NO 
DIREITO PÁTRIO 
2.1 REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS 
2.1.1 Conceituação 
Como já visto no capítulo anterior, o Regime da Comunhão 
Parcial de Bens é o denominado, também, de regime legal, aplicável quando 
ausente o pacto antenupcial, sendo o mesmo nulo ou ineficaz. No entanto, esse 
regime passa a vigorar no momento em que o matrimônio for contraído. 
Definindo o regime de bens em tela, Venosa55 aduz que: 
A idéia central no regime da comunhão parcial (...) é a de que os 
bens adquiridos após o casamento, os aqüestos, formam a 
comunhão de bens do casal. Cada esposo guarda para si, em seu 
próprio patrimônio, os bens trazidos antes do casamento. É o 
regime legal, o que vigora nos casamentos sem pacto antenupcial 
ou cujos pactos sejam nulos, (...). Não havendo convenção 
antenupcial ou sendo esta nula, vigorará, quanto aos bens entre 
os cônjuges, o regime da comunhão parcial. 
No mesmo pensamento, mas com palavras distintas, 
Gomes56 conceitua que: “Na falta de pacto em contrário prevalece o regime da 
comunhão parcial ou limitada, sob a forma de comunhão de aqüestos”. 
Oportuno destacar que com o advento da Lei n° 6.515/77 
(que inicialmente regulamentou o divórcio no Brasil), o regime da comunhão 
 
55 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil. 2004. p.187 
56 GOMES, Orlando. Direito de família. 2002. p.183 
 20
parcial de bens passou a ser chamado também de regime legal; assim, se os 
nubentes silenciarem ou sendo nulo o pacto antenupcial, prevalecerá o regime da 
comunhão parcial, ou seja, o regime legal. 
Discorrendo sobre o assunto, Pereira57 lembra que ”O 
Código Civil, tal como fizera a Lei do Divórcio (Lei nº 6.515, de 1977), considerou 
a comunhão parcial de bens como regime legal (art.1.640). Caracteriza-se este 
regime pela comunicação do que seja adquirido na constância do matrimônio”. 
Com relação à conceituação do regime da Comunhão 
Parcial de Bens, reza o art. 1.658 do CC: 
Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os 
bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com 
as exceções dos artigos seguintes. 
Explicitando o dispositivo legal supra citado, Rodrigues58 
assim se manifesta: 
Regime da comunhão parcial é aquele em que, basicamente, se 
excluem da comunhão os bens que os cônjuges possuem ao 
casar ou que venham a adquirir por causa anterior e alheia ao 
casamento, como as doações e sucessões; e em que entram na 
comunhão os bens adquiridos posteriormente. Trata-se de um 
regime de separação quanto ao passado e de comunhão quanto 
ao futuro. 
 Pode-se dizer que o regime de comunhão parcial de bens 
comporta três massas patrimoniais: a) o patrimônio do casal decorrente do 
matrimônio; b) o patrimônio exclusivo do marido e c) o patrimônio exclusivo da 
mulher. 
2.1.2 Bens Comunicáveis 
Entende-se por comunicabilidade59, “(...) a comunicação de 
certos bens, isto é, o seu ingresso numa comunhão, em virtude do que, 
 
57 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 2004. p.213 
58 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 2002. p.206 
 21
originariamente pertencente a uma pessoa, passa a ser propriedade de mais de 
uma”. 
Em princípio, neste tipo de regime de bens analisado, 
basicamente, todos os bens adquiridos na constância do casamento, de forma 
onerosa, comunicam-se. 
Ratificando o exposto, preceitua o artigo 1.660 do Código 
Civil Brasileiro: 
Art. 1.660. Entram na Comunhão: 
I – os bens adquiridos na constância do casamento por título 
oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges;II – os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso 
de trabalho ou despesa anterior; 
III – os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor 
de ambos os cônjuges; 
IV – as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; 
V – os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada 
cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes 
ao tempo de cessar a comunhão. 
Com relação ao inciso I do referido artigo, todos os bens 
adquiridos, onerosamente, pelos cônjuges, na constância do casamento, ainda 
que em nome de um deles, pertencerão ao casal. Pereira60 ratifica, aduzindo que: 
“Comunicam-se os bens adquiridos a título oneroso na constância do casamento, 
por qualquer dos cônjuges (...)”. 
O inciso II do art. 1.660 do CC é esclarecido por Diniz61, uma 
vez que são de ambos os cônjuges os bens “adquiridos por fato eventual (jogo, 
apostas, rifa, loteria etc.), com ou sem o concurso de trabalho ou despesa 
anterior”. 
 
59 SILVA, de Plácido e. Vocabulário jurídico. 2002. p. 190 
60 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 2004. p.216 
61 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 2002. p.155 
 22
O inciso III do art. 1.660 do CC recebe o seguinte 
comentário de Leite62: “(...) É fácil identificar a diferença entre os bens recebidos 
por cada cônjuge em virtude de doação ou sucessão e aqueles recebidos por 
ambos os cônjuges pelos mesmos motivos”. 
Nesse inciso é importante conceituar liberalidade63: “do latim 
liberalitas, na técnica jurídica significa toda disposição ou ato a título, tais como a 
doação, o legado ou quaisquer outras instituições que venham favorecer a 
outrem”. 
Faz-se destacar no inciso IV do art. 1.660 do CC, que este 
não faz nenhuma distinção entre o tipo de benfeitoria. Rodrigues64 esclarece: “As 
benfeitorias, a que se refere o inciso IV, presumem-se feitas com o produto do 
esforço comum, sendo justo que o seu valor se incorpore ao patrimônio comum. 
(...)”. 
Com referência ao inciso V do art. 1.660 do CC, Pereira65 
atenta que o legislador condicionou o direito aos frutos por dois fatos, que são: 
“(...) a constância do casamento, excluindo aqueles que sobrevirem à separação 
judicial e, ainda, os que dependam ainda de o serem percebidos após cessar a 
comunhão”. 
 
2.1.3 Bens Incomunicáveis 
Pela negativa que rege o vocábulo, claramente se verifica o 
sentido que exprime: a qualidade ou caráter da coisa que não pode ser 
comunicada a outra, que é incomunicável. (...) A incomunicabilidade é o 
impedimento para comunicação ou comunhão” 66. 
 
62 LEITE, Heloisa Maria Daltro. O novo código civil. 2002. p. 343 
63 SILVA, de Plácido e. Vocabulário jurídico. 2002. p. 490 
64 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 2002. p.213 
65 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 2004. p.217 
66 SILVA, de Plácido e. Vocabulário jurídico. 2002. p. 422 
 23
 No Regime de Comunhão Parcial de Bens, os bens 
incomunicáveis são os enumerados no artigo 1.659 do Código Civil, que são: 
I – os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe 
sobrevirem, na constância do casamento, por doação ou 
sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; 
II – os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes 
a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; 
III – as obrigações anteriores ao casamento; 
IV – as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em 
proveito do casal; 
V – os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; 
VI – os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; 
VII – as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas 
semelhantes. 
No inciso I do citado dispositivo legal, os bens que cada um 
possuía ao se casar, e os que foram adquiridos na constância do casamento a 
título gratuito - como sucessão e até mesma as doações - não entram na 
comunicação dos bens. 
Analisando o inciso em questão, Venosa67 pondera que 
“esses bens não se comunicam ao outro esposo, conservando cada consorte 
exclusivamente para si os que possuíam ao casar. A comunhão se formará, como 
regra, com os bens adquiridos a título oneroso na constância do casamento”. 
 O inciso II do art. 1.659 do CC trata da chamada sub-
rogação real, ou melhor, o novo bem adquirido em sub-rogação do bem particular, 
que conserva o caráter de bem incomunicável. 
Comentando o disposto, Diniz68 acrescenta que: 
Se os bens possuídos por ocasião do ato nupcial não se 
comunicam, é óbvio que também não devem comunicar-se os 
adquiridos com o produto da venda dos primeiros. Se o nubente ao 
 
67 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil. 2004. p.188/189 
68 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 2002. p.153 
 24
convocar núpcias tinha um terreno, vendendo-o posteriormente, e 
adquirindo uma casa com o produto dessa venda, o imóvel 
comprado continua a lhe pertencer com exclusividade. Tem-se uma 
sub-rogação real. 
Apreciando o inciso III do art. 1.659 do CC, as obrigações 
que cada cônjuge possuía antes da união conjugal, serão de inteira 
responsabilidade de quem as adquiriram, que responderá com seus bens 
particulares ou com os bens que trouxe para a sociedade conjugal. 
Sobre o assunto, Leite69 dá seu parecer: “(...) mesmo que as 
obrigações anteriores tenham advindo de despesas com aprestos70 do casamento 
ou tenham gerado proveito comum, deverão ser suportadas pelo patrimônio 
particular do devedor ou de sua metade ideal e variável no tempo do patrimônio 
comum”. 
Em relação ao inciso IV do art. 1.659 do CC, o cônjuge 
devedor será responsável pelo ato ilícito que cometer, mas, no caso de se 
comprovar que o casal tirou proveito do ato, ambos serão responsabilizados, 
conforme ensina Diniz71: “(...) O cônjuge faltoso será o responsável pelo ato 
eivado de ilicitude que praticar; mas se comprovar que ambos tiraram proveito, 
lícito será responsabilizado um e outro pelas obrigações oriundas de ato ilícito, 
devendo o quantum indenizatório recair sobre bens comuns do casal”. 
Sobre o inciso V do art. 1.659 do CC, Leite72 afirma: “(...) que 
roupas, jóias, e retratos de família podem e devem ser entendidos como objetos 
de uso pessoal, sendo desnecessária a repetição das expressões”. 
No mesmo entendimento, mas com palavras distintas, 
Pereira73 explica que: “Não se comunicam os ‘bens de uso pessoal’, (...) ‘livros e 
 
69 LEITE, Heloisa Maria Daltro. O novo código civil. 2002. p. 341 
70 “Comumente, designa os preparativos ou equipamento necessários para a realização de um ato 
ou execução de uma iniciativa”. (SILVA, de Plácido e. Vocabulário jurídico. 2002. p. 72) 
71 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 2002. p.153 
72 LEITE, Heloisa Maria Daltro. O novo código civil. 2002. p. 341 
73 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 2004. p.215 
 25
instrumentos de trabalho’, o que abrange, também, roupas, jóias, objeto de 
ornamentação”. 
O inciso VI do art. 1.659 do CC trata dos proventos do 
trabalho pessoal de cada cônjuge. Deve ser abordado que somente os proventos 
não se comunicam, mas os frutos, como a compra de um imóvel no decorrer do 
casamento, este sim irá se comunicar. 
Na ótica doutrinária, Rodrigues74 confirma: “Entretanto só os 
proventos, enquanto tais, não se comunicam. No exato instante em que 
transformar em patrimônio, por exemplo, pela compra de bens, opera-se, em 
relação a este, a comunhão, (...)”. 
O inciso VII do art. 1.659 do CC, diz respeito à exclusão da 
comunicação as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas que se 
assemelham. 
Para Venosa75: 
As pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas 
semelhantes também sãomencionados no dispositivo como não 
comunicantes. Pensão é a quantia paga periodicamente a alguém 
para sua subsistência, decorrente de lei, decisão judicial, contrato 
ou testamento. Meio-soldo é o valor pago pelo Estado aos 
servidores reformados das Forças Armadas. Montepio é a quantia 
paga pelo Estado aos beneficiários de funcionário falecido (...). 
Verificados quais bens não se comunicam na vigência do 
regime da comunhão parcial, no item que segue, será estudada a 
responsabilidade dos cônjuges em relação às dívidas. 
 
 
74 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 2002. p.212 
75 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil. 2004. p.190 
 26
2.1.4 Responsabilidade dos Cônjuges em Relação às Dívidas 
Quanto às dívidas subseqüentes ao matrimônio, pondera 
Diniz76 que, se “(...), contraídas no exercício da administração do patrimônio 
comum, obrigam aos bens comuns e aos particulares do cônjuge que o administra 
e aos do outro na proporção do proveito que houver auferido, (...)”. 
Os artigos 1.663 e 1.666 ambos do Código Civil, ao 
versarem sobre dívidas, assim prescrevem: 
Art. 1.663 – (...) 
§ 1º - As dívidas contraídas no exercício da administração 
obrigam os bens comuns e particulares do cônjuge que os 
administra, e os do outro na razão do proveito que houver 
auferido. 
§ 2º - A anuência de ambos os cônjuges é necessária para os 
atos, a título gratuito, que impliquem cessão do uso ou gozo dos 
bens comuns. 
§ 3º – Em caso de malversação dos bens, o juiz poderá atribuir a 
administração a apenas um dos cônjuges. 
Com relação ao primeiro parágrafo do artigo em comento, 
Pereira77, destaca que: 
(...) As dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges, no exercício 
da administração, obrigam o patrimônio comum e os bens do 
administrador. Somente alcança os bens particulares do outro 
cônjuge na proporção do proveito que auferir. Mas, se qualquer 
dos cônjuges comprometer o acervo comum, poderá o juiz retirar-
lhe a gerência, confiando-a exclusivamente ao outro. 
O parágrafo segundo do art. 1.663 do CC, prevê que o bem 
comum do casal precisa da anuência de ambos para a prática de atos gratuitos, 
alusivos ao uso, ou gozo dos bens comuns. No caso em tela, Leite78 diz que: “(...) 
somente pode ser praticado pelo cônjuge com a autorização do outro. Na 
 
76 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 2002. p.156 
77 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 2004. p.219 
78 LEITE, Heloisa Maria Daltro. O novo código civil. 2002. p. 345 
 27
hipótese de inexistir tal autorização, cabe ao cônjuge que não a forneceu o 
ajuizamento da ação anulatória prevista no artigo 1.649”. 
 Revisando o parágrafo terceiro do art. 1.663 do CC, se for 
constatada a malversação79 dos bens, o magistrado terá todo o direito de atribuir 
a administração dos bens a apenas um dos cônjuges. 
 Neste sentido, Rodrigues80 assevera que: 
(...) Cada cônjuge administra o que é seu e ambos administram o 
comum. As dívidas contraídas pelo marido, com sua assinatura, 
são só dele e por elas respondem os seus bens, e os comuns até 
a sua meação (...). Se os títulos forem firmados por ambos, 
respondem os comuns e os particulares de cada um dos 
signatários, ressalvado a qualquer deles alegar que o outro é que 
teve proveito. O preceito constitucional igualou a posição dos 
cônjuges em todo e por tudo. 
Em relação às dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges, 
quando da administração de seus bens particulares, deve-se seguir a regra 
esculpida no artigo 1.666 do CC 
Art. 1.666 . As dívidas, contraídas por qualquer dos cônjuges na 
administração de seus bens particulares e em benefício destes, 
não obrigam os bens comuns. 
Pereira81 declara que: 
“O artigo é corolário do anterior: sendo os patrimônios separados, 
as dívidas que cada um dos cônjuges contrair na sua 
administração não se comunicam. Os bens comuns não 
respondem por elas, nem os do outro cônjuge. Há, todavia, que 
distinguir entre as dívidas contraídas no interesse do casal, e as 
que beneficiarem o acervo particular do cônjuge que as contraiu. 
Pelas primeiras, respondem os bens comuns; pelas outras, não”. 
 
79 “É ainda a administração, em que o administrador, conscientemente, desvia valores, ou subtrai 
bens em seu benefício, locupletando-se abusivamente à custa do dono do negócio 
administrado”. (SILVA, de Plácido e. Vocabulário jurídico. 2002. p. 510) 
80 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 2002. p.214 
81 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 2004. p.220 
 28
As dívidas contraídas exclusivamente por um dos cônjuges, 
sem que o conjunto familiar tire proveito, serão só dele e por essas dívidas só 
responderão seus bens particulares e os comuns até a meação. 
 
2.1.5 Administração do Patrimônio 
Com o advento da Constituição Federal de 1998, em seu 
artigo 226, § 5º, os homens e mulheres são conferidos direitos e obrigações iguais 
dentro do casamento. Do preceito constitucional, decorre que cada cônjuge tem 
direito de administrar o seu patrimônio exclusivo e ambos administram o que é 
comum. 
Dita o caput do art. 1.633 do CC: 
Art. 1.633- A administração do patrimônio comum compete a 
qualquer dos cônjuges. 
Sobre a temática, Venosa82 aduz que: “O art. 1.663 do CC 
estabelece que a administração do patrimônio comum compete a qualquer dos 
cônjuges. O código de 1916 estabelecia que essa administração competia ao 
marido, o que não mais podia vigorar após a Constituição Federal de 1998”. 
Oliveira83 assevera que “ambos os cônjuges podem praticar 
todos os atos de gestão sobre os bens comuns”. 
Leite84 também posiciona a respeito: 
O caput do presente dispositivo vem disciplinar os comandos 
constitucionais de igualdade genérica entre homens e mulheres 
(artigo 5º, I) e de igualdade de direitos e deveres referentes a 
sociedade conjugal (artigo 226, § 5º). A igualdade de direitos e 
deveres entre os cônjuges na sociedade conjugal e a existência 
de patrimônio comum pressupõe o estabelecimento de regras 
 
82 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil. 2004. p.191/192 
83 OLIVEIRA, José Lamartine Correa; MUNIZ Francisco José Ferreira. Curso de direito de 
família. 2004. p.368 
84 LEITE, Heloisa Maria Daltro. O novo código civil. 2002. p. 344 
 29
para sua administração, bem como as conseqüências de tal 
administração. 
Ainda no tocante à administração do patrimônio, traz-se o 
artigo 1.665 do Código Civil Brasileiro, que assim prescreve: 
Art. 1.665. A administração e a disposição dos bens constitutivos 
do patrimônio particular competem ao cônjuge proprietário, salvo 
convenção diversa em pacto antenupcial. 
Nesta temática, Pereira85 apresenta a seguinte explicação: 
O art. 1.665 inova ao declarar que “a administração e a disposição 
dos bens constitutivos do patrimônio particular competem ao 
cônjuge proprietário, salvo convenção diversa ao contrário”. É da 
natureza do regime da comunhão parcial a separação dos 
patrimônios. Cada um dos cônjuges tem a administração e a 
disposição dos bens que lhe pertencem. Ressalvam-se as 
disposições em contrário do pacto antenupcial, bem como as 
restrições estabelecidas no Código. 
Então, entende-se que a administração do patrimônio no 
Regime da Comunhão Parcial de Bens compete ao cônjuge proprietário, caso não 
seja estipulado em pacto antenupcial o contrário. È da natureza desse regime a 
administração de cada bem que lhes pertence com exclusividade. 
 
2.2 REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS 
Para iniciar esse estudo, é importante saber que a 
comunhão universal de bens é aquela em que há comunhão de todos os bens - 
presentes e futuros - dos cônjuges, com algumas exceções que serão melhores 
analisadas. Está disposta nos artigos de 1.667 a 1.671 do Código Civil Brasileiro 
e, diferentementedo Regime da Comunhão Parcial, este necessita de pacto 
antenupcial. 
 
85 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 2004. p.219/220 
 30
 
2.2.1 Conceituação 
 O regime da comunhão universal de bens, segundo Wald86, 
é aquele em que se tornam comuns tanto os bens que os cônjuges já possuíam 
antes do casamento, como aqueles que foram posteriormente adquiridos. 
Segundo Rodrigues87, o regime da comunhão universal de 
bens, renovado pelo artigo 1.667 do Código Civil, importa na comunicação de 
todos os bens presentes e futuros, até mesmo as dívidas do casal. 
O CC traz em seu artigo 1.667 a seguinte definição sobre o 
regime da comunhão universal: 
Art. 1.667. O regime da comunhão universal importa a 
comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e 
suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte. 
Para Diniz88, a comunhão universal de bens deve ser 
estipulada por meio de pacto antenupcial, e os nubentes podem estipular nele não 
só os seus bens presentes e futuros, mas os bens adquiridos antes ou depois do 
matrimônio, tornando-se até as dívidas passivas comuns, constituindo uma só 
massa. Há, assim, o estado de indivisão, passando a ter cada cônjuge direito à 
metade ideal do patrimônio comum, não podendo formar sociedade entre si. 
No mesmo sentido, Gomes89 contribui aduzindo que: 
(...) os bens tornam-se comuns, assim os que cada cônjuge 
possuía ao casar, como os adquiridos depois do casamento. 
Instaura-se o estado de indivisão, passando a pertencer cada qual 
a metade ideal do patrimônio comum. Os bens trazidos ou 
adquiridos compenetram-se de tal modo que, ao se dissolver a 
 
86 WALD, Arnold. O novo direito de família: curso de direito civil brasileiro. 14. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2002 . p.115 
87 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 2002. p.196/197 
88 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 2002. p.157 
89 GOMES, Orlando. Direito de família. 2002. p.195 
 31
sociedade conjugal, não se reintegram no patrimônio do cônjuge 
que os trouxe ou adquiriu. 
No regime da Comunhão Universal de Bens a regra geral é 
a comunicabilidade dos bens, tanto presentes como futuros de cada cônjuge, 
formando uma só massa patrimonial. Todavia, há exceções que a lei impõe, 
objeto de estudo do item 2.2.3. 
 
2.2.2 Bens Comunicáveis 
Conforme mencionados anteriormente, bens comunicáveis 
são aqueles bens que se comunicam, isto é, ingressam em uma comunhão, em 
que, originariamente o que pertence a uma pessoa, passa a ser propriedade de 
ambas. 
Segue, novamente, o disposto legal do CC pertinente: 
Art. 1.667 – O regime de comunhão universal importa a 
comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e 
suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte. 
Nesta temática Wald90, assevera que: “O regime da 
comunhão universal importa, em princípio, na comunicação de todos os bens 
presentes e futuros, como também de todas as suas dívidas”. 
Por esta mesma ótica, Gonçalves91 comenta que este é o 
regime em que se comunicam todos os bens, atuais e futuros dos cônjuges, 
mesmo que adquiridos em nome de um deles, até mesmo as dívidas posteriores 
ao casamento, salvo os expressos em lei ou pelos nubentes através de pacto 
antenupcial. 
 
90 WALD, Arnold. O novo direito de família: curso de direito civil brasileiro. 2002 p.118 
91 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito de família. 2003. p.126 
 32
Neste mesmo tema, Diniz92 assim se expressa segundo o 
ensinamento do autor Lafayette Rodrigues Pereira: 
1) Em regra, tudo o que entra para o acervo dos bens do casal 
fica subordinado à lei da comunhão. 2) Torna-se comum tudo o 
que cada consorte adquire, no momento em que se opera a 
aquisição. 3) Os cônjuges são meeiros em todos os bens do 
casal, embora um deles nada trouxesse ou nada adquirisse na 
constância do matrimônio. 
Já Venosa93 escreve que: 
Nesse regime, em princípio, comunicam-se todos os bens do 
casal, presentes e futuros, salvo algumas exceções legais 
(art.1.677). Como regra, tudo que entra para o acervo dos 
cônjuges ingressa na comunhão; tudo que cada cônjuge adquire 
torna -se comum, ficando cada consorte meeiro de todo o 
patrimônio, ainda que um deles nada tivesse trazido anteriormente 
ou nada adquirisse na constância do casamento. Há exceções, 
pois a lei admite bens incomunicáveis, que ficarão pertencendo a 
apenas um dos cônjuges, os quais constituem um patrimônio 
especial. 
Finalizando, Pereira94 aduz que: 
(...) comunicam-se os bens móveis e imóveis que cada um dos 
cônjuges traz para a sociedade conjugal e bem assim os 
adquiridos na constância do casamento, tornando-se os cônjuges 
meeiros em todos os bens do casal, posto que somente um deles 
os haja trazido e adquirido. Comunicam-se igualmente as dívidas. 
Mas excluem-se da comunhão o que a lei especial menciona, e 
será referido adiante. 
Sendo assim, comunicam-se todos os bens, sejam eles 
móveis ou imóveis que cada cônjuge trouxe para a sociedade conjugal e também 
os adquiridos na constância do casamento, tornando-se assim o casal meeiro em 
 
92 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 2002. p.157 
93 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil. 2004. p.193 
94 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 2004. p.223 
 33
todos os bens – com as exceções previstas em lei -, mesmo que só um deles 
tenha trazido para o casamento. 
 
2.2.3 Bens Incomunicáveis 
Ainda que este regime de bens se intitule como sendo um 
regime de comunhão universal, alguns bens ficam fora dessa comunhão, ou seja, 
não há comunicação de todos os bens. 
Por sua vez, Gomes95 descreve: 
A incomunicabilidade de certos bens resulta do regime jurídico a 
que se acham submetidos, como é o caso dos que são gravados 
de fideicomisso. Outros não se comunicam em virtude de sua 
destinação, como as pensões, meios-soldos, montepios, tenças, 
roupas de uso pessoal, jóias esponsalícias, livros, instrumentos da 
profissão, retratos de família. Outros, finalmente, por 
determinação de quem os doou ou legou. Os últimos não se 
comunicam porque são declarados incomunicáveis no título de 
transmissão a um dos cônjuges, enquanto os outros são excluídos 
da comunhão por determinação legal. 
Essas exceções referentes à incomunicabilidade dos bens 
estão elencadas no artigo 1.668 do Código Civil. 
Art. 1.668 – São excluídos da comunhão: 
I – os bens doados ou herdados com a cláusula de 
incomunicabilidade e os sub – rogados em seu lugar; 
II – os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro 
fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; 
III – as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de 
despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; 
IV – as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro 
com a cláusula de incomunicabilidade; 
V – os bens referidos nos incisos V e VII do artigo 1.659. 
 
95 GOMES, Orlando. Direito de família. 2002. p.197 
 34
Referindo-se ao inciso primeiro do artigo acima, traz se 
ensinamento de Gonçalves96 : 
Não só são excluídos os bens doados em vida, os deixados em 
testamento, com cláusula de incomunicabilidade, como também 
os sub-rogados em seu lugar, ou seja, os que substituem os bens 
incomunicáveis. Assim, se o dono de um terreno recebido em 
doação com cláusula de incomunicabilidade resolver vendê-lo 
para, com o produto da venda, adquirir um veículo, este se sub-
rogará no lugar do terreno e será também incomunicável. 
Como comenta o autor, os bens doados ou herdados com a 
cláusula de incomunicabilidade e os bens sub-rogados, não se comunicam no 
regime da comunhão universal de bens. 
O inciso II do art. 1.668 do CC prescreve que antes de 
realizara condição suspensiva, os bens gravados de fideicomisso e os direitos do 
herdeiro fideicomissário, são bens também livres da comunicação. 
Para complementar o entendimento, traz-se as palavras de 
Diniz97: 
(...) O fideicomisso é, portanto, uma situação em que o testador 
(fideicomitente) determina que o fiduciário deve, por sua morte ou 
certo tempo, ou condição, transmitir o bem ao fideicomissário. 
Claro está que essa propriedade tem de ser incomunicável para 
que o fiduciário possa cumprir a fidúcia, ou seja, a obrigação de 
transmitir a coisa. Percebe-se que o fiduciário é o titular de um 
domínio resolúvel e o fideicomissário, de um direito eventual, que, 
enquanto não se der a condição, não se transmite ao seu cônjuge, 
pois se o fideicomissário falecer antes do fiduciário caduca o 
fideicomisso, consolidando-se a propriedade nas mãos do 
fiduciário (CC, art. 1.958). O direito do fideicomissário não se 
comunica enquanto não se realizar a condição suspensiva, pois 
tem apenas um direito eventual, só adquire o domínio se advier a 
condição. 
 
96 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito de família. 2003 p.126/127 
97 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 2002. p.158 
 35
Tratando do inciso III do art. 1.668 do CC, este traz que as 
dívidas anteriores ao casamento não se comunicam, exceto se tiverem relação 
com as despesas de seus aprestos, ou se reverterem em proveito comum. 
 Nesta temática, Rodrigues98 distingue: 
(...) (a) as dívidas anteriores que provierem de aprestos para o 
casamento ou reverterem em proveito comum, tais como as 
resultantes da aquisição de móveis, casa, enxoval etc., dívidas 
essas que se comunicam; b) dívidas outras, anteriores ao 
casamento, que não se comunicam. (...) No sistema atual, a 
solução da lei é a seguinte: a) após o casamento, apenas os bens 
que os cônjuges trouxe para a comunhão respondem pelas 
dívidas anteriores ao casamento; b) dissolvido o casamento, a 
meação do devedor passa a responder por suas dívidas, 
contraídas anteriormente ao enlace. 
O inciso IV do art. 1.668 do CC prevê que não se 
comunicam as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a 
cláusula de incomunicabilidade. Para Pereira99, “Não cabem doações propter 
núpcias na constância do casamento ou que envolvam fraude ao regime de 
separação obrigatória”. 
Cita-se o entendimento de Oliveira100: “A doação para 
casamento com a cláusula de incomunicabilidade faz com que o bem doado por 
um cônjuge ao outro seja próprio do donatário”. 
Finalmente o inciso V do art. 1.668 do CC, dita que os bens 
referidos no artigo 1.659 e seus incisos V a VII do CC, não se comunicam no 
regime da comunhão de universal de bens. São eles: os bens de uso pessoal, 
como livros e instrumentos de profissão; os rendimentos de trabalho pessoal de 
cada cônjuge e as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas 
semelhantes. 
 
98 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 2002. p.202/203 
99 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 2004. p.226 
100 OLIVEIRA, José Lamartine Correa; MUNIZ Francisco José Ferreira. Curso de direito de 
família. 2004. p.367 
 36
 
2.2.4 Responsabilidade dos Cônjuges em Relação às Dívidas 
No regime da Comunhão Universal de Bens, em relação às 
dívidas efetuadas pré e pós-casamento, Gonçalves101 assegura que: 
(...) Somente o devedor responde pelas dívidas anteriores ao 
casamento, com seus bens particulares ou com os bens que 
trouxe para a comunhão. A lei, entretanto, abre duas exceções: 1) 
comunicam-se as dívidas contraídas com os aprestos 
(preparativos do casamento), como enxoval, aquisição de móveis 
etc.; 2) e também as que reverterem em proveito comum, como as 
decorrentes da aquisição de imóvel que servirá de residência do 
casal. 
Sustenta Venosa102 que: “Não pode o casamento converter-
se em forma de extinção de obrigação ou obtenção de vantagens. As dívidas que 
o cônjuge possui, quando das núpcias, não se comunicam”. 
Nas palavras de Oliveira103: 
Tudo gira ao redor da questão de saber que bens (bens comuns 
ou bens próprios) respondem pelo cumprimento das dívidas dos 
cônjuges. Cabe distinguir, desde logo, entre dívidas anteriores ao 
casamento e dívidas contraídas na vigência da sociedade 
conjugal. O princípio – regra fundamental é o de que as 
obrigações anteriores ao casamento não se comunicam. É que a 
obrigação se constitui num momento anterior à realização do 
casamento e as dívidas assim contraídas normalmente não 
revertem em proveito comum do casal. 
Sobre essa mesma temática, Gomes104 expõe: “A comunhão 
universal não exclui a possibilidade da coexistência de patrimônios especiais, 
 
101 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito de família. 2003. p.127/128 
102 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil. 2004. p.195/196 
103 OLIVEIRA, José Lamartine Correa; MUNIZ Francisco José Ferreira. Curso de direito de 
família. 2004. p.384 
104 GOMES, Orlando. Direito de família. 2002. p.197 
 37
constituídos pelos bens incomunicáveis e dívidas da responsabilidade de um só 
dos cônjuges”. 
É importante salientar no regime da comunhão universal, 
que pelas dívidas anteriores ao casamento, o devedor é quem responde, com os 
seus bens particulares ou os que trouxeram para a comunhão. Mas a lei prevê 
duas exceções à regra, ditando que poderão se comunicar, dois tipos de dívidas 
anteriores ao casamento, são elas: as dívidas contraídas para os preparos do 
casamento e também as que forem de proveito comum. 
 
2.2.5 Administração do Patrimônio 
Durante o matrimônio, no regime da comunhão universal de 
bens, a posse e a propriedade dos bens, pertencem a ambos os cônjuges, ou 
seja, formando uma só massa patrimonial. 
Quanto à administração dos bens, Diniz105 declara que: 
Na constância da sociedade conjugal, a propriedade e posse dos 
bens é comum, mas, como a direção da sociedade conjugal é de 
ambos os consortes, compete-lhes a administração desses bens. 
Qualquer dos cônjuges poderá administrar o patrimônio comum, 
sendo que pelas dívidas contraídas na gestão respondem os bens 
comuns e os particulares do cônjuge administrador. Os bens do 
outro consorte apenas responderam se provar que este obteve 
algum lucro. 
Sobre o mesmo tema, Gonçalves106, dispõe que: “(...) A 
administração dos bens comuns compete ao casal (sistema da co-gestão), e a 
dos particulares, ao cônjuge proprietário, salvo convenção diversa em pacto 
antenupcial. (arts. 1.670, 1.663 e 1.665 do CC)”. 
 
105 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 2002. p.160 
106 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito de família. 2003. p.128 
 38
Pereira107 destaca, ainda “(...) que o art. 1.670 do CC 
declara ser as mesmas as condições relativas à administração dos bens adotadas 
no regime da comunhão parcial. São aqueles previstos nos arts. 1.663 a 1.666 do 
CC”. 
 Traz-se o citado dispositivo legal, incerto no CC: 
Art. 1.670 – Aplicam-se ao regime da comunhão universal o 
disposto no capítulo antecedente, quanto à administração dos 
bens. 
Discorrendo sobre artigo 1.670 do Código Civil, a 
administração dos bens, neste regime, deverá ser feita com base nos artigos 
1.663 e 1.664 do CC, sobre os quais explana Leite108: 
O legislador quer referir-se às regras sobre administração dos 
bens comuns e particulares, as quais se encontram no capítulo 
referente ao regime da comunhão parcial de bens. Considerando 
a identidade de situações, uma vez que tanto no regime da 
comunhão universal como no regime da comunhão parcial 
existem bens comuns e bens particulares, devem ser aplicadas 
também as mesmas regras de disponibilidade responsabilidade 
patrimonial em virtude das dívidas assumidas por apenas um dos 
cônjuges, como as contidas nos artigos 1.663, § 1º, 1.664, 1.665 e 
1.666 deste Código. 
Como

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