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DIREITO INTERNACIONAL Prof. Luís Eduardo Lessa Ferreira Doutorando em Direito Privado - UFPE Mestre em Direito Privado - UFPE RECIFE, 2020. DIREITO INTERNACIONAL A) DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO. - Desenvolvimento histórico; A sociedade internacional e suas características. Princípios. Relação do Direito Internacional e o Direito Interno. A Constituição brasileira e o Direito Internacional. - Fontes do Direito Internacional Público. Normas imperativas. Jus Cogens. Obrigações erga omnes. Soft Law. - DIREITO DOS TRATADOS. - PERSONALIDADE JURÍDICA INTERNACIONAL: ESTADO. ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS. - OS INDIVÍDUOS E O DIREITO INTERNACIONAL: povo, estrangeiros (extradição, expulsão, etc. ) Tema da Aula de hoje: DIREITO DOS TRATADOS ● Tratados internacionais.Gênese. Negociação e competência negocial. Formas de expressão do consentimento. Conflito entre tratados e com as demais fontes. Tratados Internacionais Segundo Portela, consistem em acordos escritos, firmados por Estados e organizações internacionais dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Direito Internacional Público, com o objetivo de produzir efeitos jurídicos no tocante a temas de interesse comum. De acordo com o art. 2.1, “a”, da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (CVDT), “’tratado’ significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica. Acordos internacionais só podem ser estabelecidos entre países e assinados pelos seus presidentes? Acordos internacionais podem ser estabelecidos entre dois ou mais Estados ou entre um ou mais Estados e uma organização internacional. No Brasil, estão autorizados a assinar acordos internacionais apenas o Presidente da República, o Ministro das Relações Exteriores e os Embaixadores chefes de missões diplomáticas do Brasil no exterior. Além disso, outras autoridades podem assinar tratados, desde que tenham uma Carta de Plenos Poderes (treaty making power (poder de celebrar tratados)), assinada pelo Presidente da República e referendada pelo Ministro das Relações Exteriores. O que acontece se um país descumprir um acordo internacional? Caso um país descumpra um acordo internacional, seu parceiro iniciará consultas para conhecer, em detalhe, os motivos do descumprimento. Caso esse país esteja enfrentando dificuldades, mas deseje cumprir o acordo, ambos podem negociar estratégia que permita seu cumprimento, o que pode incluir tanto estender prazos e modificar o acordo original quanto celebrar um novo acordo. Caso esse país deseje não mais fazer parte do acordo, notificará, então, seu parceiro dessa decisão, e o acordo será cancelado (denunciado). Alguns acordos contêm regras mais elaboradas para resolver descumprimentos. // Esse é o caso dos acordos entre membros da Organização Mundial do Comércio (OMC): se um país entender que foi prejudicado por outro, pode solicitar que a OMC julgue o caso Existe acordo internacional secreto? A Organização das Nações Unidas (ONU) proíbe acordos secretos. Dessa forma, todos os países membros da ONU são obrigados a tornar públicos seus acordos internacionais, conforme determina o Artigo 102 da Carta da ONU. Um acordo internacional entra em vigor no dia em que for assinado? ● Alguns acordos, por tratar de assuntos mais simples e por não criar custos financeiros aos seus signatários, entram em vigor na data de assinatura, sem necessidade de confirmação posterior pelos países que os assinarem. ● Outros acordos, por tratarem de assuntos mais complexos ou por criarem custos financeiros aos seus signatários, só entram em vigor depois de esses signatários confirmarem seu compromisso em cumpri-los (ratificação). No caso do Brasil, a ratificação só é feita, na grande maioria dos casos, se o acordo for aprovado pelo Congresso Nacional. Exceções incluem, por exemplo, contratos de empréstimo, que só precisam de aprovação pelo Senado Federal. Por que o Congresso precisa aprovar alguns acordos internacionais para que eles entrem em vigor? Acordos internacionais que criarem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional têm de ser aprovados pelo Congresso antes de entrarem em vigor, conforme determina o Artigo 49.I da Constituição Federal. Depois que o Congresso aprova um acordo internacional, esse acordo passa a valer imediatamente? Depois que o Congresso aprova um acordo internacional, ainda são necessárias algumas etapas para que o acordo entre em vigor no Brasil: 1. o país informa seu(s) parceiro(s) de que a aprovação ocorreu e, assim, confirma seu compromisso em cumprir o acordo (ratificação); 2. seu(s) parceiro(s) também confirma(m) esse compromisso, caso ainda não tenha(m) feito isso; 3. o presidente da República assina Decreto que determina o cumprimento pelo Brasil do acordo (promulgação). É possível que acordos internacionais aprovados pelo Congresso nunca entrem em vigor? Acordos internacionais aprovados pelo Congresso podem nunca entrar em vigor se a(s) outra(s) parte(s) nunca confirmar(em) o compromisso de cumprir o acordo. Outra possibilidade é o Presidente decidir não confirmar o Brasil como parte do acordo, em razão de mudanças nos interesses do país e na conjuntura internacional. Gênese. Negociação e competência negocial. O tratado é elaborado por meio de um processo cuja observância condiciona sua validade. Há etapas internacionais e internas; ETAPA INTERNA: enquanto compete a cada Estado definir o procedimento de incorporação do tratado à ordem interna, ETAPA INTERNACIONAL: as etapas internacionais foram determinadas no âmbito do Direito Internacional. 1. NEGOCIAÇÃO. A negociação é a fase inicial do processo de elaboração do tratado, dentro da qual as partes discutem e estabelecem os termos do ato internacional; pode ter longa duração e desenvolver-se nas chamadas “rodadas”. A competência para a condução das negociações é das autoridades competentes para concluir os tratados (em geral estão no Poder Executivo). Para concluir um tratado, é preciso que o agente encarregado a representar a parte detenha o treaty making power (poder de celebrar tratados). 1. NEGOCIAÇÃO Segundo a CVDT, possuem poderes amplos para negociar, em virtude de suas funções: a) os Chefes de Estado, os Chefes de Governo e os Ministros das Relações Exteriores, para a realização de todos os atos relativos à conclusão de um tratado; b) os Chefes de missão diplomática, para a adoção do texto de um tratado entre o Estado acreditante e o Estado junto ao qual estão acreditados; c) os representantes acreditados pelos Estados perante uma conferência ou organização internacional ou um de seus órgãos, para a adoção do texto de um tratado em tal conferência, organização ou órgão. 1. negociação Atenção: É comum que a negociação seja conduzida por outras pessoas (plenipotenciários), especialmente diante de temas com elevada carga técnica; no entanto, para isso precisam de carta de plenos poderes para representar o Estado. DOGMÁTICA DA NEGOCIAÇÃO INTERNACIONAL - POSIÇÃO DO BRASIL: No Brasil, a competência para a negociação repousa, do ponto de vista orgânico, na União (art. 21, I, da CRFB/88). 1. NEGOCIAÇÃO - CONCLUSÃO Ao final da negociação, quando as partes chegam a um acordo, ocorre a adoção, que é o ato pelo qual os negociadores finalizam o texto, concordando com seu teor. 2. ASSINATURA. A assinatura é o ato pelo qual os negociadores formalizam o encerramento das negociações e sua concordância com o teor do ato internacional e autenticam seu texto. Em regra, contudo, o tratado ainda não está apto à produção de efeitos jurídicos. Por outro lado, há tratados que obrigam suas partes apenas com a assinatura, como os acordos executivos (acordos em forma simplificada) e atos internacionais que não implicam novos compromissos externos, bem como tratadosque sejam objeto de deliberação dos signatários nesse sentido. De qualquer modo, a assinatura obriga os signatários a não atuar de modo a frustrar o objeto do tratado. Ademais, a assinatura impede que o texto do acordo seja alterado unilateralmente. 2. ASSINATURA. ATENÇÃO: EM REGRA, O tratado pode entrar em vigor provisoriamente antes da ratificação, nos termos do que decidam as partes, por meio do próprio texto do ato ou por outra forma. Vale registrar que o Brasil fez reserva ao art. 25 da CVDT, que admite a aplicação provisória dos tratados. 3. RATIFICAÇÃO A ratificação é o ato pelo qual o Estado, após reexaminar um tratado assinado, confirma seu interesse em concluí-lo e estabelece, no âmbito internacional, o seu consentimento em obrigar-se por suas normas. É a aceitação definitiva do acordo. 3. RATIFICAÇÃO Cabe aos ordenamentos nacionais regular como os Estados praticarão esse ato, definindo as autoridades competentes para levá-lo a efeito e o procedimento a ser seguido. Em geral, a maior parte dos entes estatais confere o poder de ratificar tratados ao respectivo Chefe de Estado, condicionado à autorização parlamentar. No Brasil, a ratificação é ato privativo do Presidente da República, após autorização do Congresso Nacional. ATENÇÃO: A ratificação é ato discricionário, podendo ocorrer apenas no momento mais oportuno ou conveniente aos interesses nacionais. Entretanto, é possível que os tratados estabeleçam um lapso temporal dentro do qual os Estados devem ratificá-los. CONFLITO ENTRE TRATADOS/OUTRAS FONTES De acordo com o entendimento majoritário, não há hierarquia entre as fontes do DIP, sendo o conflito entre tratados e outras fontes solucionado pelos critérios de especialidade e cronológico, exceto se o conflito for com uma norma imperativa de direito internacional (jus cogens), caso em que o tratado será considerado nulo. Na hipótese de conflito entre tratados, devem-se distinguir as situações de identidade e de diversidade de fontes de produção normativa. No caso de identidade, quando as partes são as mesmas, não há conflito, prevalecendo o posterior ou o especial. Já quando as partes não coincidem, haverá um conflito real, sem solução jurídica. LINKS COMPLEMENTARES. TRATADOS INTERNACIONAIS. http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/perguntas-frequentes-artigos/19365-tratados-internacionais INSTITUTO SOU DA PAZ - INTERNALIZAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS. http://soudapaz.org/o-que-fazemos/mobilizar/sistema-de-justica-criminal-e-seguranca-publica/participacao-no-debate-publico/controle- de-armas/?show=documentos#2016 http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/perguntas-frequentes-artigos/19365-tratados-internacionais http://soudapaz.org/o-que-fazemos/mobilizar/sistema-de-justica-criminal-e-seguranca-publica/participacao-no-debate-publico/controle-de-armas/?show=documentos#2016 http://soudapaz.org/o-que-fazemos/mobilizar/sistema-de-justica-criminal-e-seguranca-publica/participacao-no-debate-publico/controle-de-armas/?show=documentos#2016
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