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Universidade Estadual de Maringá Departamento de Farmácia Disciplina de Toxicologia e Análises Toxicológicas Prof.a Simone A. G. Mossini Aluno(a): Paula Vitória Russo de Oliveira RA: 100887 RELATÓRIO AULA DE SOLVENTES Os solventes são substâncias orgânicas, líquidas à temperatura ambiente, lipossolúveis e voláteis. De ponto de vista toxicológico, são substâncias que possuem a capacidade de atravessarem a barreira hematoencefálica com facilidade produzindo uma alteração no estado de consciência, similar aos níveis mais leves de anestesia. Na indústria eles são utilizados como solubilizantes, dispersantes, diluentes, combustíveis ou aditivos. Movimentam um grande mercado manufaturado. O estudo desta área da toxicologia aplica-se principalmente no ambiente de trabalho onde estes solventes estão expostos, sendo de grande importância para saúde pública, pois possui um grande potencial de exposição, cerca de 10 milhões de pessoas são expostas a solventes orgânicos no local de trabalho (10 - 15% da população ocupacional de alguns países). A concentração de vapor no ambiente de trabalho são expressas em ppm ou mg solvente/m3 de ar, o mg/m3 permite estimar prontamente a exposição a um solvente por um dado período. Outro fator importante para a avaliação da toxicidade do solvente é o coeficiente de partição sangue/ar, capaz de fornecer informação sobre a solubilidade do vapor no sangue e nos tecidos. Os solventes são absorvidos rapidamente pelo organismo, podendo ser pela via inalatória (solventes voláteis, por difusão), pela via cutânea ou ingestão, que é a menos comum. Solventes absorvidos no sistema digestório via sistema porta estão sujeitos a absorção/eliminação pelo fígado e exalado pelos pulmões, estes solventes transportados pelo sangue arterial são distribuídos de acordo com a taxa de fluxo sanguíneo tecidual e do coeficiente de partição. Eles são armazenados e tecidos adiposos e os ricos em lipídeos. A biotransformação pode mudar a toxicidade do solventes, os hidrossolúveis são facilmente eliminados pela urina e pela bile, porém, outros solventes podem sofrer bioativação e produzir metabólitos reativos citotóxicos ou mutagênicos. Sua excreção pode ser pela urina (inalterados, metabólitos e conjugados), pela fezes (conjugados) e pelo ar expirado, solventes voláteis (inalterados). Os solventes podem causar vários efeitos tóxicos, como: efeitos dérmicos locais devido a extração dos lipídeos da derme, efeito depressor do SNC, efeitos neurotóxicos, efeitos hepatotóxicos, efeitos nefrotóxicos, alterações cardíacas e risco variável de câncer. Os efeitos hepatotóxicos podem gerar hepatite química => dano hepatocelular, esteatose (fígado gorduroso) levando a uma necrose hepática e a uma possível cirrose. Os hidrocarbonetos clorados, como tetracloreto de carbono, cloreto de metileno, tricloroetileno e tetracloroetileno, são especialmente hepatotóxicos, os pacientes expostos a eles apresentam quadro de náuseas, vômitos, dor abdominal, perda de apetite, evoluindo com icterícia, letargia e/ou hipersensibilidade abdominal. A nefrotoxicidade dos solventes pode ser aguda (gerando euforia, agitação, incoordenação motora, ataxia e disartria) ou crônica (resultando em depressão, desempenho psicomotor retardado, alteração da personalidade e diminuição da memória recente), podendo levar o paciente a desenvolver sindromes. Um solvente pode competir com outro por sítios catalíticos nas enzimas, sendo por indução enzimática ou por inativação enzimática. Os hidrocarbonetos halogenados são usados principalmente em desengraxamento de peças metálicas; propelentes de aerossol; removedores de tinta; expansão de plásticos; intermediários em processos de síntese; fumigantes e etc. Entre eles temos o diclorometano (H2CCl2), clorofórmio (HCCl3), tetracloreto de carbono (CCl4), tricloroetileno. O tricloroetileno, por exemplo, agem predominantemente mediante a metabólitos do que pelo composto original. São depressores do SNC, pois possuem propriedades sedativas, após ser absorvido, sua maior parte sobre oxidação via citocromo P450, este, pode causar câncer hepático, câncer renal e câncer pulmonar. A toxicidade destes hidrocarbonetos halogenados aumenta com o aumento do peso molecular (massa dos halogênios), com o grau de substituição com halogênios e com o número de ligações insaturadas. Os hidrocarbonetos aromáticos são utilizados como matéria-prima e solvente nas indústrias de tinta, corante, plástico, borracha, adesivo, óleo, drogas e petróleo. São nefrotóxicos e hepatotóxicos, pequenas alterações estruturais podem ter grandes implicações sobre a toxicidade. Entre eles temos o benzeno, que pode causar intoxicação aguda, caracterizada por irritação da pele e mucosas edema pulmonar e hemorragias locais (inalação de altas concentrações), cefaléia, tonturas, tremores (baixas concentrações), náuseas, vômitos, visão turva e sonolência, depressão do SNC. perda da consciência, convulsões, arritmias cardíacas ventriculares, falhas respiratórias e morte. Podendo o mesmo progredir para um intoxicação crônica, caracterizada por fadiga, palidez, cefaléia, perda do apetite e irritabilidade, trombocitopenia, leucopenia (infecções bacterianas), anemia aplástica, pancitopenia que resulta em aplasia medular que gera uma infiltração gordurosa levando possivelmente a uma necrose da medula, leucemia (pode aparecer anos após término exposição ocupacional). A intoxicação por benzeno é de grande relevância para a saúde pública, de acordo com o ministério do trabalho e emprego, notificou em 2017 cerca de 3 mil casos de intoxicações por benzeno e malignidades linfo-hematopoiéticas relacionadas a essa exposição. O limite de tolerância para a exposição de benzeno é de 0,5 ppm (ACGIH, 1999), 1 ppm para indústrias químicas e 2,5 ppm em indústrias siderúrgicas. REFERÊNCIAS 1. OGA, S. Fundamentos de toxicologia. Atheneu Editora Ltda, São Paulo, 4a edição, 2014. 2. KLAASSEN, C.D.; WATKINS, J.B.Fundamentos em Toxicologia de Casarett e Doull. AMGH Editora, Porto Alegre, 2 edição, 2012. 3. BUSCHINELLI, JTP. Toxicologia Ocupacional. São Paulo: Fundacentro, 2020. p. 622. Disponível em: www.fundacentro.gov.br
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