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Dossiê SuperInteressante - Edilção 356-B - Abril 2015 - Como plantar, regar e colher dinheiro

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Dê um pé na bunda 
do seu banco e ganhe 
mais dinheiro.
Conheça 
(e entenda) 
todas as 
formas de 
investimento 
ao seu alcance. 
1.000% em um dia: 
o mundo insano 
dos derivativos.
Tesouro Direto: como 
ganhar 300% do CDI 
com títulos públicos.
Ações: entenda de uma 
vez esse jogo entre 
malandros e otários.
CARTA
Q uando saí da faculdade, eu queria muito fazer mestrado na Inglaterra. Mas tinha um problema: eu não tinha di-nheiro para viver em libras. Começo de carreira, salário de iniciante. Pedir à família não era opção. Meus pais pagavam a escola das minhas irmãs. A vida tinha ou-
tras urgências.
Com esse plano na cabeça, eu conseguia guardar até 60% do 
que eu recebia na poupança – ao custo de dividir um apartamento 
minúsculo com outros três marmanjos. Mesmo assim, o mestrado 
parecia distante... Até que uma amiga me disse: e se você inves-
tisse em fundos? Quase fiz o sinal da cruz. Fundos são a personi-
ficação do capeta bancário. Ela riu, e me indicou o gerente dela. 
Santa dica.
Em meados dos anos 2000, fundos rendiam bem. Quanto mais 
colocava dinheiro, mais rendia. Pouco tempo depois, eu já tinha 
dinheiro para viver na terra da rainha tranquilo. E, naquele mes-
mo ano, descobri que poderia perder dinheiro. Fui para a Ingla-
terra logo após a crise de 2008. Meus fundos derraparam. Mas aí 
eu já conhecia outros investimentos...
Bancos são complicados, mas não são os vilões do mundo. Eles 
podem fazer seu dinheiro trabalhar para você. Esse é o objetivo 
desta edição especial: fazer com que você possa usar as ferramen-
tas financeiras para realizar seus sonhos. Simples assim. 
COMO FAZER 
SEU DINHEIRO 
TRABALHAR 
PARA VOCÊ
LEANDRO BEGUOCI
EDITOR
SUMÁRIO
R
ISCO
CAPÍTULO I
A BASE DOS 
INVESTIMENTOS 
DICIONÁRIO DE FINANÇAS 
E INVESTIMENTOS
SUMÁRIO
CAPÍTULO II
RISCO BAIXO
CAPÍTULO III
RISCO MÉDIO
CAPÍTULO IV
RISCO ALTO
CAPÍTULO V
RISCO ALTÍSSIMO
Títulos Públicos e Tesouro Direto
CDB
Renda Fixa e Previdência Privada
Poupança
Fundos: das ações aos imóveis
Debêntures
Ouro
Derivativos
Ações
Vamos falar deles várias vezes ao longo desta edição. 
Então, saiba o que cada um significa. 
INVESTIMENTOS
PEQUENO DICIONÁRIO DO MUNDO DOS
M U D A R D E 
C A P Í T U L O
[ 02/06 ] DICIONÁRIO
O Certificado de Depósito Bancário 
(CDB) é um empréstimo que você 
faz ao banco. Sempre que você deixa 
um dinheiro no banco, é como se 
fizesse um empréstimo para ele. O 
certificado é exatamente isso: uma 
espécie de comprovante de que você 
emprestou um tanto para o banco e 
que ele se compromete a pagar de 
volta em um determinado período. 
CDB
É a parcela do lucro distribuído pelas empresas aos 
acionistas depois dos descontos de imposto de renda 
e contribuição social. A distribuição de dividendos 
depende da decisão da assembleia geral da sociedade 
e é feita uma vez por ano, em geral. Os donos de ações 
preferenciais têm direito a um percentual fixo do lucro e 
são os primeiros a receber. Logo atrás vêm os investidores 
de ações ordinárias. Na maior parte das vezes, esse valor 
é pago direto na conta do acionista. No Brasil, e só no 
Brasil, existe a figura do “juro sobre capital próprio”, o JCP. 
É dividendo do mesmo jeito. A diferença é que, no caso 
do JCP, quem paga o imposto não é a empresa. É você. 
DIVIDENDOS
acionistas recebem lucro
lucroimposto de renda e contribuição social
parcela de lucro distribuída
As opções são uma mistura de muito 
conhecimento e um bocado de sorte. Você 
compra um negócio estranho, é verdade: o 
direito de apostar no preço de alguma coisa 
daqui a algum tempo. Por exemplo, você 
paga R$ 1 para ter o direito de comprar uma 
ação por R$ 50 daqui a duas semanas. Se a 
ação estiver custando R$ 70, você ganhou. 
Se estiver custando R$ 40, você perdeu. Se 
esse direito de aposta não for exercido após 
um período especificado, já era. Perde tudo. 
3
OPÇÕES
AÇÃO ação
Uma ação é a menor parte do 
capital de uma empresa. Ao 
comprar uma ação, você passa 
a ser considerado um sócio. Por 
isso, pode dizer que é dono de 
uma parte da empresa, parti-
cipando de seus resultados. 
direito de apostar
RENDA FIXA
O nome engana, porque raramente a 
renda é fixa e tranquila. Na prática, 
renda fixa significa investimentos em 
títulos públicos pré-fixados, CDBs ou 
debêntures. São papéis que deixam 
claro, no começo, o quanto você vai 
receber no final. Só que renda fixa não 
significa estabilidade. Ela é boa quando 
a inflação e os juros estão baixos. Se 
eles subirem, podem comer aquele 
rendimento que você esperava receber 
quando investiu seu dinheiro. 
[ 03/06 ] DICIONÁRIO
É a melhor forma que um governo 
tem para bater sua carteira. A 
inflação começa quando o governo 
gasta demais e passa a imprimir 
muito dinheiro. Aí surge um 
descompasso: com mais moeda no 
mercado, a demanda por produtos 
cresce mais rápido do que a oferta.
Infelizmente, não dá para duplicar 
a produção de um dia para o outro. 
Então os preços sobem ainda mais, 
o governo imprime mais dinheiro e o 
dragão da inflação começa a comer 
o seu salário. O governo fecha as 
contas. Você fica mais pobre. 
Você está passando na frente de uma loja e vê 
aquele celular que você queria. Suponha que 
você tenha na carteira exatamente o valor do 
aparelho. Você vai lá e transforma dinheiro em 
smartphone. Imagine a mesma situação, mas 
agora o seu dinheiro está em alguma aplicação 
financeira. Dependendo da aplicação, terá de 
esperar algum tempo. Se você tem algum primo 
que trabalha no mercado financeiro, ele diria: 
notas têm mais liquidez do que aplicações. É isso 
mesmo.Liquidez é a capacidade de transformar 
valores em coisas. Papel moeda tem altíssima 
liquidez. É só pegar a nota e trocar pelo que você 
quiser. Já a liquidez dos investimentos varia de 
tipo para tipo. É fácil e rápido tirar dinheiro da 
poupança e colocá-lo na conta corrente. É quase 
automático. Outros investimentos, como títulos 
públicos, só podem ser resgatados uma vez por 
semana. Ou seja, têm menos liquidez. Aplicações 
de renda fixa podem demorar alguns dias para 
cair na sua conta. Para ter o dinheiro das ações, 
precisa encontrar um comprador para elas. Por 
isso que, na hora de investir, é bom ficar de olho 
na liquidez do investimento. Nem sempre o seu 
dinheiro vai estar disponível para você na hora 
que você quiser.
INFLAÇÃO
LIQUIDEZ
[ 04/06 ] DICIONÁRIO
Ouviu renda variável? Então, é um outro jeito de falar de 
ações. Quando você faz investimento nessa modalidade, 
está colocando seu dinheiro em papéis que podem render 
muito, pouco ou podem fazer você perder todo o seu 
dinheiro. E por que raios alguém coloca dinheiro nisso, 
você poderia me perguntar. Simples. No mercado, quanto 
maior o risco, maiores as chances de retorno. Pegue o caso 
de Eike Batista. Quem acreditou nele viu seu dinheiro 
virar pó. Porém, muita gente já ganhou muito com ações. 
Acionistas da Vale nos anos 2000, por exemplo. 
RENDA
VARIÁVEL 
DEBÊNTURES
Debêntures são empréstimos que você faz a empresas. 
Para elas, é uma maneira de conseguir dinheiro sem 
precisar ir aos bancos ou lançar mais ações na bolsa. 
Para você, é uma forma de fazer seu dinheiro crescer com 
juros mais gordos do que os oferecidos pelos bancos. 
Os bancos vivem emprestando dinheiro uns para os outros. 
Ou você achou que era fácil fazer milhões de empréstimos 
e financiamentos bancários todos os dias? Não há dinheiro 
que dê conta. O overnight é justamente isso: os emprés-
timos feitos por uma determinada taxa, entre os bancos, no 
mercado. Quando o Brasil tinha inflação alta, o overnight era 
aberto para qualquer pessoa. Era uma chance de preservar 
o valor do dinheiro. Você emprestava para o banco a uma 
determinada taxa e ganhava no outro dia o dinheiro corrigido. 
Era como se o dinheiro tivesse crescido durante a noite - por 
isso chama “overnight”, no termo em inglês. 
OVERNIGHT
O governo tem várias formas de conseguir dinheiro. Uma 
delas você conhece bem, os impostos. A outra também: as 
multas. Mastem uma que não te irrita tanto – na verdade, 
pode te fazer bastante feliz. O governo pega dinheiro empres-
tado com você, por meio de títulos públicos. Quando você 
compra um título público, está fazendo um empréstimo 
para o governo. 
TÍTULOS
PÚBLICOS
[ 05/06 ] DICIONÁRIO
Selic é a taxa dos empréstimos entre os 
bancos quando esses empréstimos têm, como 
garantia, títulos públicos que pertencem ao 
banco. Quase todos os empréstimos inter-
bancários são feitos dessa forma. A Selic, 
então, é o “preço do dinheiro”para o banco. 
Por isso que você vai ler, com frequência, que 
a Selic é a taxa básica de juros da economia. 
TAXA 
SELICDEFLAÇÃOÉ o antônimo de inflação, mas não tem nada 
de bom. Com taxas de deflação sucessivas, 
um país pode entrar em recessão, pois ocorre 
queda geral no consumo. Você sempre fica 
esperando o preço baixar mais um pouco – e 
ninguém compra nada. 
O Certificado de Depósito Interbancário (CDI) 
é uma espécie de CDB dos bancos. Para fechar 
contas, os bancos trocam empréstimos entre 
si no overnight todos os dias. Então, esse 
certificado é o banco X falando para o banco 
Y que pegou um dinheiro emprestado e devolve 
de volta pagando uma determinada taxa de 
juros. O CDI, na prática, é quase igual à Selic. 
CDI
30% 20%
OFF! OFF!
15%
OFF!
50% 45%
OFF! OFF!
60%
OFF!
[ 06/06 ] DICIONÁRIO
M U D A R D E 
C A P Í T U L O
O COMEÇO DE TUDOTÍTULOS PÚBLICOS
As empresas, eu, você e os outros 200 milhões de brasileiros pagamos as despesas do governo por meio de impostos. Mas todo esse dinheiro não é 
suficiente para manter as contas em dia. 
Para complementar o orçamento, o go-
verno faz o mesmo que muitas pessoas 
fazem quando falta grana e a situação é 
urgente: pega dinheiro emprestado. 
Mas quem tem dinheiro para em-
prestar ao Estado? Bancos, empresas e 
pessoas. E por que emprestar dinheiro 
ao governo? Porque ninguém tem mais 
garantias a oferecer do que o Estado. 
Afinal, o calote só acontece se as coisas 
estiverem indo muito mal, com o país à 
beira da falência – o que não é o caso. 
O QUE É » TÍTULOS 
PÚBLICOS SÃO 
PAPÉIS DA DÍVIDA 
DOS GOVERNOS. É A 
FORMA QUE O ESTADO 
ENCONTROU PARA 
FINANCIAR SUAS 
DESPESAS. QUEM 
INVESTE RECEBE O 
DINHEIRO DE VOLTA 
COM JUROS DEPOIS 
DE UM DETERMINADO 
PERÍODO. 
O Tesouro Direto transformou os títulos num investimento 
acessível e lucrativo. Aprenda a ganhar dinheiro grosso com eles. 
 ALEXANDRE VERSIGNASSI E TATIANA KLIX
A força dos 
TÍTULOS
PÚBLICOS
[ 03/13 ]
O COMEÇO DE TUDOTÍTULOS PÚBLICOS
INDICADO PARA QUEM?
Para todo mundo. É uma 
aplicação democrática: remunera 
quem tem muito e quem tem 
pouco com as mesmas taxas.
CENÁRIO ATUAL
As NTN-Bs têm pago juros 
altos: inflação mais 5%, 6% ao 
ano. E as LFTs sempre são uma 
boa em tempos de Selic alta. 
VARIAÇÃO DO INVESTIMENTO
Nos últimos 6, 12, 24 e 36 meses
INVESTIMENTO MÍNIMO
R$ 30
RISCO DO INVESTIMENTO
Baixo.
12 24 36
Inflação
35%
20%
0%
6MESES » 
LTF
TRIBUTAÇÃO
Regressiva. Começa em 
22,5% e cai até 15%.
TÍTULOS PÚBLICOS
[ 04/13 ]
Outra pergunta: o governo não poderia viver sem dívidas? Não, por-
que elas permitem que o Estado funcione, e isso em qualquer parte do 
mundo. Além dos empréstimos, os títulos também servem para con-
trolar aquelas três sílabas que causaram calafrios a gerações de brasi-
leiros: a inflação. Por fim: como o governo pega seu dinheiro empres-
tado? Usando títulos públicos. 
Bem-vindo ao fantástico mundo dos títulos. Eles são uma declaração 
de que você emprestou uma certa quantia ao governo, que se compro-
mete a devolver seu dinheiro de volta dentro de alguns anos corrigido 
por uma taxa de juros fixa ou variável. Toda economia que se preze tem 
uma boa quantidade deles em circulação. Eles são, ao mesmo tempo, o 
coringa e a fundação de qualquer país moderno. Servem para incentivar 
as pessoas a poupar, para manter os bancos funcionando, para investir 
em infraestrutura e até para controlar a quantidade de dinheiro em cir-
culação. Eles são os carregadores de piano da economia. 
TIPOS E RISCOS
Se você tem dinheiro num fundo DI, já está emprestando para o go-
verno. Está quase tudo aplicado em títulos públicos que pagam a Selic, 
a taxa básica de juros da economia. Quando a Selic sobe, então você 
ganha mais. Se o fundo for de renda fixa, o grosso ali está em títulos 
pré-fixados, os que pagam um juro fixo, na alegria ou na tristeza, na 
subida ou na descida da Selic. Esse juro fixo geralmente é maior que a 
Selic. Então, quando a taxa básica cai, fica maior ainda. E o fundo 
começa a dar dinheiro a rodo. Mas quem ganha mesmo, na saúde ou 
na doença, é o nosso amigo banco. 
Um fundo normal cobra quase 2% ao ano de taxa de administração. 
Não é pouca coisa. Um cálculo simplificado, que não leva em conta as 
filigranas financeiras desse tipo de operação, deixa claro: se a taxa 
básica de juros ficar um ano em 10%, um fundo DI que cobra 2% vai 
render 8%. Em dez anos (caso a Selic continue nessa faixa), nosso 
fundo aqui vai ter dado 116%. Legal. Só que não: se você comprar via 
Tesouro Direto o tal do título que rende igual à Selic – o nome dele é 
LFT –, vai ganhar 148% nesses mesmos dez anos. O cálculo é simpli-
ficado, mas não grosseiro: descontamos 0,5% de taxa de administra-
ção (o Tesouro Direto não é tão direto assim: mesmo sem banco, você 
acaba pagando para alguns atravessadores oficiais). 
De qualquer forma, o 1,5% a mais de rendimento anual se transforma 
em 32% a mais em dez anos, graças à magia dos juros compostos. É o 
suficiente para que o Tesouro Direto seja sempre mais negócio que qual-
quer fundo DI. Mas isso só é certeza com as LFTs, os títulos que acom-
O COMEÇO DE TUDOTÍTULOS PÚBLICOS[ 05/13 ]
panham a Selic. No caso daqueles que pagam 
um juro determinado, faça chuva ou caia o 
ministro da Fazenda, é diferente. Eles são 
mais oito ou oitenta: ou dão um dinheiro 
gordo ou te deixam no prejuízo.
Na prática agora. Desses outros títulos, os 
mais populares são os indexados pela infla-
ção: as NTN-Bs. Se você compra uma NTN-B 
de R$ 1.000, o governo te dá um papelzinho 
onde aparece escrito “vale R$ 1.000 mais 
toda a inflação acumulada nos próximos dez 
anos mais 6% anuais de juros”. Bom, o gover-
no não dá um papelzinho, só uma conta no 
site do Tesouro Direto para você monitorar o 
rendimento do título. Mas a imagem do papelzinho é importante para 
mostrar como a coisa funciona, porque um título é um vale. Um vale-di-
nheiro. Com data de vencimento. Uma NTN-B vai te pagar a inflação mais 
um juro pré-fixado até uma certa data. Pode ser até 15 de maio de 2019, 
até 15 de agosto de 2035… Depende da NTN-B que você comprar.
Então você vai e compra. Compra uma NTN-B que paga o IPCA mais 
6% ao ano até 15 de maio de 2017. Paga R$ 1.000 por ela. O que aconte-
ce, então? Quando chegar a data de vencimento, o governo depositará 
automaticamente na sua conta os R$ 1.000 corrigidos, pagando pelo 
empréstimo que você fez aos cofres públicos. Se a inflação ficar em, vá 
lá, 7%, você saca um pouco mais de R$ 1.400 lá na frente. Legal: 40% em 
três anos. Nenhum fundo DI ou de renda fixa hoje dá algo perto disso.
Mas e se você não quiser esperar até o vencimento? Faz todo o sentido 
precisar do dinheiro antes, já que existem títulos à venda hoje que só 
vencem em 2050. E aí? O que acontece? Bom, acontece que dá para ven-
der o título, como se ele fosse um carro. Do mesmo jeito que existe um 
mercado exuberante de carros usados, tem um não menos vibrante de 
“títulos usados”. Mas você não precisa levar o seu título às 6h da manhã 
no feirão de usados para ver se acha quem compre. O governo mesmo é 
quem compra. De volta. Se não fizesse, deixando tudo na mão do merca-
do, você gastaria mais tempo tentando vender um título usado por um 
preço justo do que gasta trabalhando – e o Tesouro Direto seria basica-
mente inútil. Mas o governo se compromete a recomprar – para depois 
vender a outros interessados. Então beleza.
O problema aí é que não dá para prever quanto o governo vai desem-
bolsar.Ele paga o preço de mercado, o quanto os outros interessados 
estão dispostos a pagar. E esse preço varia bem.
O COMEÇO DE TUDOTÍTULOS PÚBLICOS
A INGLATERRA 
FOI O PRIMEIRO 
PAÍS A PEDIR 
DINHEIRO 
EMPRESTADO AO 
POVO. EM VEZ 
DE AUMENTAR 
IMPOSTOS, 
ENFRENTOU A 
FRANÇA COM 
TÍTULOS. 
[ 06/13 ]
Vamos ver dois cenários. Primeiro, um negativo. Pegue aquele título 
de R$ 1.000. Ele não dá a inflação mais 6% ao ano porque está escrito na 
Bíblia. Ele paga isso porque a Selic, neste momento, está um pouco aci-
ma de 10%. O governo espera uma inflação em torno de 5% nos próximos 
anos. Então os 6% extras entram para que o rendimento dê basicamente 
a Selic mais um chorinho (o extra vai para compensar o tempo generoso 
que você está dando para o governo pagar o que te deve).
Bom, então a Selic vai e sobe 3% nos próximos anos (mais ou menos 
o que subiu de 2012 para cá). Sabe o que acontece? O governo começa
a lançar títulos pagando a inflação mais 9%. E o seu titulinho, que só
paga a inflação mais 6%, vira um mico desgraçado.
Se você esperar até o vencimento, não chega a se dar mal. O Banco 
Central aumenta a Selic para conter a inflação. Se a Selic estiver em 13%, 
14%, é porque a inflação está em 9%, 10%. Então, lá na frente, você tira 
razoavelmente mais que aqueles R$ 1.400. Seu dinheiro continua prote-
gido. Mesmo assim, os títulos novos vão pagar essa inflação bombada 
mais um juro fixo bem mais alto, de 9%. Aí complica para quem quer 
vender o antigo, de 6%. Ele vai sofrer uma concorrência desleal. Só vai 
aparecer comprador para o de 6% se tiver um jeito de fazer com que ele 
renda tanto quanto o de 9%. E tem um jeito. Assim: um de 9% que cus-
tasse R$ 1.000, com vencimento em dez anos, pagaria R$ 2.367 mais a 
inflação lá na frente. Só isso já dá 137%. Bom, então o seu titulinho de 
6%, também com vencimento em 2024 e também adquirido por R$ 
O COMEÇO DE TUDOTÍTULOS PÚBLICOS
A R R A S T E
[ 07/13 ]
AS MAIORES
INFLAÇÕES
da história
Steve Hanke e Nicholas Krus 
listaram as maiores inflações da 
história no livro The Handbook of 
Major Events in Economic History. 
Apesar da hiperinflação dos 
anos 80, o Brasil está apenas em 
40º lugar no ranking dos países 
que mais sofreram com ela.
Página abaixo
AS MAIORES
INFLAÇÕES
da história
Steve Hanke e Nicholas Krus 
listaram as maiores inflações da 
história no livro The Handbook of 
Major Events in Economic History. 
Apesar da hiperinflação dos 
anos 80, o Brasil está apenas em 
40º lugar no ranking dos países 
que mais sofreram com ela.
 HUNGRIA 
Arruinada pela guerra, 
a Hungria imprimiu 
muito mais dinheiro 
do que podia. Entre 
1945 e 1946, a inflação 
explodiu e os preços 
dobravam a cada 15 
horas. O pico foi de 41,9 
quatrilhões por cento. 
1° 2°
 ZIMBÁBUE 
Durante os anos 90, o 
governo redistribuiu terras, 
mas devastou a produção. 
Somado à sanção 
internacional e impressão 
de dinheiro, o país 
teve uma inflação de79,6 
bilhões por cento em 
novembro de 2008.
3° 4°
 IUGOSLÁVIA 
A combinação de conflitos 
políticos e étnicos, 
economia devastada, 
embargos e impressão 
de dinheiro para pagar 
dívidas criou uma 
hiperinflação entre 1992 
e 1994. Em janeiro de 94, 
foi de 313.000.000%.
 ALEMANHA 
Derrotado na Primeira 
Guerra, o país tinha pouca 
capacidade de produção, 
mas devia muito dinheiro 
e imprimiu moeda. 
Resultado? A economia 
enlouqueceu entre 1922 
e 1923. A taxa mensal 
chegou a 29.500%.
5°
 GRÉCIA 
Durante a Segunda 
Guerra, o país foi 
ocupado e arrasado 
pelas tropas de Hitler e 
Mussolini, perdendo boa 
parte da capacidade de 
produção e exportação. 
Em outubro de 1944, a 
inflação foi de 13.800%.
6°
 CHINA 
Depois
Guerra
guerra c
moedas
durant
caos, s
e impr
termin
5.070% e
6°
A 
ois da Segunda 
ra, conviveu com 
ra civil e três 
das simultâneas 
nte dez anos. Esse 
 somado a dívidas 
pressão de dinheiro, 
inou em inflação de 
0% em abril de 1949.
7°
 ARMÊNIA 
A hiperinflação de 1993 
a 1994 aconteceu por 
causa do terremoto 
que devastou o país em 
1988 e porque a União 
Soviética, que apoiava a 
indústria local, acabou. 
Em novembro de 1993, 
a taxa foi de 438%.
8°
 TURCOMENISTÃO 
Entre 1992 e 1993, o país 
recém-independente 
entrou em parafuso. 
Sem uma política 
econômica clara, sofreu 
com o fim da União 
Soviética e com uma 
inflação de 429% em 
novembro de 1993.
9°
 TAIWAN 
A guerra civil na C
anos 40, afetou o p
Taiwan enfrento
de matérias-pri
de obra. O proble
só dois meses, m
grande. Em ago
de 1945, a infla
foi de 399%.
l na China, nos 
tou o país. 
ntou escassez 
rimas e mão 
oblema durou 
, mas foi 
m agosto 
ação 
10°
 PERU 
Lutou contra a inflação 
durante toda a década 
de 1980. A hiperinflação, 
contudo, veio na transição 
de um governo austero 
para um estatizante. 
Durou dois meses, 
mas teve pico de 397% 
em agosto de 1990.
1.000, teria que render pelo menos 137% (fora a inflação) para que al-
guém se dê ao trabalho de comprar. O valor final do seu título, fazendo 
o mesmo cálculo e cortando fora a inflação, seria de R$ 1.790. O percen-
tual entre R$ 1.000 e R$ 1.790 é bem menor: 79%. Como fazer com que
ele chegue a 137%, então? Diminuindo o valor a ser pago pelo título. Se
ele custar R$ 753, vai render tanto quanto o de 9%. É por esse preço que
o governo vai te comprar o título de volta. Você coloca R$ 1.000 e tira R$
753. Aí vai dar saudade do banco…
Agora vem o lado positivo. Se a Selic cair, acontece o contrário: o pre-
ço do título sobe. Invertendo o exemplo aí de cima, o governo passa a 
lançar títulos que pagam só 3% mais a inflação. Aí o seu título de 6% vira 
ouro. Vai chover comprador. E você consegue vender a coisa pelo dobro 
– anos e anos antes do vencimento. No último ciclo de queda da Selic, as
NTN-Bs estavam dando 30%, 40% ao ano. Isso dá 300% do CDI... Nada
mal para um investimento seguro.
DÍVIDAS E MAIS DÍVIDAS
A ideia de emprestar dinheiro ao governo sur-
giu na Inglaterra, no final do século 17, quan-
do um comitê foi formado para financiar a 
guerra contra a França. O poder da Marinha 
britânica estava ameaçado após sucessivas 
derrotas e a população não suportaria novos 
aumentos de impostos. A solução foi aceitar 
a proposta feita pelo visionário mercador es-
cocês William Petterson: um empréstimo de 
1,2 milhão de libras, a juros de 8% ao ano, le-
vantado com a população. Assim, em 1694, 
foram criados, ao mesmo tempo, o Banco da 
Inglaterra e a dívida pública do país. 
No Brasil, a dívida pública se estabeleceu 
no período colonial. Naquela época, os gover-
nantes faziam empréstimos que se confun-
diam com empréstimos pessoais, em uma 
bela confusão entre o público e o privado. O 
primeiro título público digno deste nome só 
foi emitido em 1827, depois que D. Pedro 1° 
mandou contar todos os débitos do império, 
para organizar um pouco a bagunça, e oficia-
lizou a dívida interna federal. Foram 12 con-
tos de reis que o governo usou para pagar 
O COMEÇO DE TUDOTÍTULOS PÚBLICOS
R$ 30
É O VALOR INICIAL QUE 
VOCÊ PRECISA TER PARA 
COMEÇAR A INVESTIR 
– UM DOS MENORES DO 
MERCADO FINANCEIRO. 
[ 08/13 ]
empréstimos feitos da Inglaterra, o equivalente a R$ 20,6 milhões em 
valores de hoje, ajustado pela inflação. 
Mas a organização não durou muito. Nos anos seguintes, as re-
gras dos títulos mudaram bastante. Era um padrão da economia 
brasileira, aliás. Nada era muito previsível e confiável a longo prazo. 
Só com a criação do Banco Central e o lançamento das ORTN (Obri-
gações Reajustáveis do Tesouro Nacional), em 1964, que o Brasil 
começou a organizar a casa – e o seu mercado de títulos públicos, 
que passou a ter finalidades parecidas com as de hoje: financiar o 
governo e controlar a inflação. Mas essa reestruturação durou pou-
co. Na segunda metade da década de 1970, as coisas começaram a 
degringolar. Nos anos 80, a década perdida da economia, os pro-
blemas estouraram. Inflação em alta e crescimento em baixa. O go-
verno passou a ter dificuldades para honrar os empréstimos. A im-
O COMEÇO DE TUDOTÍTULOS PÚBLICOS40%
ESTE ERA O RENDIMENTO 
ANUAL DE ALGUNS 
TÍTULOS DURANTE O 
GOVERNO DE FHC, PARA 
SEGURAR A INFLAÇÃO. 
[ 09/13 ]
O COMEÇO DE TUDOTÍTULOS PÚBLICOS
A
R
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A
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E
A
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A
S
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[ 10/13 ]
COMO O 
BRASIL SE DEU 
MAL COM O 
BAGUNCISMO
Página
Abaixo
COMO OS TÍTULOS 
CONTROLAM A 
INFLAÇÃO
Página
Abaixo
O Brasil dos anos 80 p arece uma peça de ficção inventada por 
um escritor ruim. A inflação 
era gigante, os preços foram 
congelados, a Bolsa de 
Valores não rendia quase 
nada justamente por causa da 
inflação. Nesse meio tempo, 
o aís resolveu bagunçar
até o jeito de se financiar.
Emprestou dinheiro para o
governo? É. Foi mal. Espere 
só mais um pouquinho.
Um dos títulos mais 
conhecidos daquele período 
de baguncismo era o ORTN 
(Obrigação Reajustável do 
Tesouro Nacional). O valor 
a ser pago pelo governo era 
reajustado de acordo com a 
inflação. Só que o governo 
brasileiro tinha muitas difi-
culdades para pagar seus 
compromissos. Resultado? 
Imprimia mais dinheiro.
Só que a inflação é um 
bicho voraz. Ela se alimenta 
de dinheiro – e o governo 
estava colocando ainda 
mais moeda na economia. 
Quando tentava controlar a 
inflação, fechava a torneira. 
Mas aí ele ficava sem dinheiro 
para pagar os títulos. Então
COMO O 
BRASIL SE DEU 
MAL COM O 
BAGUNCISMO
o governo mudava o venci-
mento e você nunca sabia
quando ia receber seu
dinheiro de volta.
Por isso, a confiança dos 
investidores foi acabando. 
O prazo dos títulos ficou 
cada vez mais curto, acom-
panhando o descrédito do 
governo. Títulos que costu-
mavam ter um prazo de 30 
meses caíram para apenas 
quatro meses, em 1988. 
Era uma corrida incessante 
contra o tempo. 
Com prazos tão curtos, 
o governo precisava dar um 
jeito de levantar cada vez
mais dinheiro. A roda da
impressora voltava a girar.
E o resultado, claro, era só
mais inflação. Em vez de
usar uma forma simples de
se financiar, pegando dinheiro 
da população e pagando
alguns juros, o governo só
criava mais problema para
si. E para o País.
Q uando o governo vende títulos públicos a juros altos, pode ter certeza: ele 
está longe de 
ser bonzinho, embora pareça 
uma mãe. O governo faz isso 
porque está precisando de 
recursos para pagar dívidas 
antigas, fazer investimentos ou 
controlar a inflação.
Uma das formas de evitar 
o aumento de preços é 
diminuir a quantidade de dinheiro 
em circulação, reduzindo a 
demanda por produtos. Quanto 
mais moeda na mão, mais as 
pessoas vão comprar. Nessa toada, 
COMO OS TÍTULOS 
CONTROLAM A 
INFLAÇÃO
pessoas vão comprar. Nessa toada, 
elas incentivam a produção e o cres-
cimento do país. Mas quando existe 
mais demanda do que capacidade 
de produção, os preços aumentam. 
Aí o caldo entorna. 
Por isso, o governo usa os títulos 
para controlar o consumo. Quanto 
mais títulos o governo vende, menos 
dinheiro circula. O risco de inflação 
diminui. O contrário ocorre quando o 
governo recompra títulos e devolve 
dinheiro à roda da economia. Essa 
medida é usada quando há uma 
recessão no horizonte. Definir 
quando fazer essa recompra antes 
do prazo de vencimento é um dos 
maiores desafios de qualquer país. 
pressora de dinheiro do Estado começou a criar problemas. A 
economia enlouqueceu. 
A inflação naquele ano chegou a 211% e, para atacá-la, em 1986 
vieram novas mudanças no sistema financeiro. A Conta Movimento, 
que por 20 anos permitiu que o Banco do Brasil pudesse gastar mais 
do que tinha e repor seu déficit com dinheiro novo, impresso pelo 
Banco Central, foi extinta. O controle de gastos públicos deixou de ser 
tarefa do BC e passou para a recém-criada Secretaria do Tesouro Na-
cional. O Plano Cruzado criou uma moeda com três zeros a menos, 
congelou preços e salários, decretou o fim da correção monetária e 
reduziu as taxas de juros. Também foi o início de um novo título, o 
primeiro a ser remunerado pela taxa de juros básica da economia (Se-
lic), com indexação diária: a LBC, a Letra do Banco Central. 
Também é dessa época uma outra herança que teve impacto na 
credibilidade do País por muitos anos. Em 1987, o presidente Sarney 
decidiu suspender o pagamento de títulos a credores internacionais, 
o que dificultou a venda de papéis para o exterior depois disso. A já 
abalada reputação econômica do País ficou ainda mais arranhada. Até 
que o Brasil, finalmente, resolveu organizar a casa. 
O PLANO REAL
Todas essas medidas foram insuficientes para combater a hiperinfla-
ção. Planos econômicos nasceram e morreram. Moedas circularam e 
sumiram. Novos títulos vieram à tona, mas ninguém acreditava neles. 
A economia brasileira era uma bagunça. 
Foi só com a inflação controlada, sob o Plano Real, que os títulos 
públicos voltaram a ter credibilidade interna e externa. A partir de 
1994, as coisas começaram a entrar nos eixos. Uma das formas ado-
tadas para segurar a inflação foi o pagamento de juros altos pelos 
títulos públicos - em 1995 os rendimentos atingiram mais de 40% ao 
ano. Com uma inflação baixa, era o paraíso. Para se ter uma ideia, um 
título que pague 12%, 13% hoje é uma maravilha. É outro mundo. 
Embora a dívida pública continue grande e seja uma preocupação 
constante, o resgate da confiança no governo como bom pagador não 
deixa de ser um indicador positivo. Finalmente, foi possível levar o 
governo a sério. 
Para o investidor, emprestar ao governo - em momentos de estabili-
dade econômica, claro – se tornou um investimento de poucos riscos. 
Mesmo que a dívida pública federal do Brasil ainda seja considerada 
alta, principalmente porque os juros pagos por ela são elevados, e que a 
economia esteja praticamente estagnada, o País é considerado confiável. 
O COMEÇO DE TUDOTÍTULOS PÚBLICOS[ 11/13 ]
Em março de 2014, a agência de classificação de risco S&P (Standard & 
Poor’s) baixou a nota do crédito do Brasil, o que significa que o risco de ca-
lote aumentou. Mas não muito. O País segue na categoria de grau de inves-
timento, que o recomenda como destino de aplicações, segundo todas as 
instituições que avaliam riscos referentes a crédito. 
Atualmente, em tempos de instabilidade na bolsa e poupança rendendo 
pouco, emprestar dinheiro para o governo é um bom negócio, mesmo que os 
juros já estejam mais modestos que os do século passado. Para quem tiver 
tempo e paciência de fazer isso via Tesouro Direto, melhor ainda. É isso que 
vamos ver agora. 
A VIDA PRÁTICA
Agora que você já conhece a história dos títulos públicos e como os gover-
nos os usam, vamos ao que interessa no final do mês: como você pode usá-
-los a favor do seu saldo bancário. 
Uma das melhores coisas que o Brasil fez nos últimos anos foi simpli-
ficar a vida de quem quer comprar títulos. Desde 2002, é possível com-
prá-los pela internet. E mais: só é preciso R$ 30 para começar. No site do 
Tesouro Direto é possível escolher os títulos, agendar aplicações, progra-
mar reinvestimento automático (útil para investidores de longo prazo e 
que compram títulos periodicamente) e vender papéis antes do vencimen-
to. Mas, antes de começar, é preciso fazer um cadastro em uma corretora 
(agente de custódia) e transferir seus recursos para ela. Ela é responsável 
por deixar o governo captar o dinheiro. O site do Tesouro Direto apresen-
ta a lista de instituições habilitadas para a tarefa e um ranking das taxas 
cobradas. A média é de 0,3% ao ano. Algumas cobram 0%. Nada. 
Porém, preste atenção na hora de escolher as 
corretoras. Recentemente, uma delas deu um golpe. 
Em vez de pegar o dinheiro e aplicar no título que 
você queria, ela pegava a grana e comprava títulos 
para ela mesma. A corretora tinha uma das meno-
res taxas do mercado, e deixou uma parte dos in-
vestidores na mão. Um bom jeito de checar se a sua 
corretora está trabalhando direitinho é conferir, 
diretamente no site do Tesouro Direto, se ela real-
mente comprou os títulos que você mandou com-
prar. Se não estiver lá, é sinal vermelho. 
Agora, se a sua corretora aplicar seu dinheiro, 
mas tiver problemas financeiros e falir, você está 
protegido. Os títuloscomprados são mantidos na 
Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia 
O COMEÇO DE TUDOTÍTULOS PÚBLICOS
ALGUNS TÊM 
VENCIMENTO 
LONGO E 
OFERECEM BOM 
RENDIMENTO. 
ELES PODEM 
SUBSTITUIR A 
PREVIDÊNCIA 
PRIVADA, ESPE-
CIALMENTE SE 
VOCÊ JÁ TEM 
RESERVAS. 
[ 12/13 ]
[ 13/13 ] O COMEÇO DE TUDOTÍTULOS PÚBLICOS
(CBLC) em uma conta que fica no nome do investidor. Se a corretora 
quebrar, os recursos não são perdidos. Pela custódia, a CBLC cobra 
0,4% ao ano sobre o valor de compra, referente aos serviços de guarda 
dos títulos, saldos e movimentação dos investidores. Somando os dois 
valores, você paga de 0,4 a 0,7% ao ano sobre os títulos, bem menos que 
as taxas de fundos em bancos, que vão até 3% ao ano. 
Algumas corretoras têm sistemas interligados com o Tesouro Direto 
e permitem a compra de títulos diretamente em seu site. Caso contrário, 
você receberá uma senha para entrar no site oficial, onde poderá fazer 
as operações. Ainda precisa de banco? Talvez sim. As recompras de 
títulos acontecem só nas quartas-feiras. Se der um aperto em outro dia, 
precisa esperar para resgatar seu dinheiro. Então vale manter algumas 
reservas num fundo do banco, que te permite resgatar imediatamente. 
Os títulos públicos são indicados para quem quer um investimento 
de longo prazo, coisa de dois anos para cima. Alguns podem até subs-
tituir o plano de previdência privada, especialmente se você já tem uma 
reserva. Para saber mais sobre os títulos, veja o quadro com os princi-
pais papéis e saiba como o governo, finalmente, vai começar a te pagar. 
Uma hora isso teria de acontecer. 
OS PRINCIPAIS TIPOS DE TÍTULOS PÚBLICOS
A LFT é o único 
título 100% seguro, 
já que o valor não 
cai. O rendimento 
é vinculado à taxa 
básica de juros da 
economia, a Selic, 
e é atualizado 
diariamente. 
É indicada para 
quem não quer correr 
riscos. É uma das 
melhores proteções 
contra a inflação e 
compõe o grosso 
dos fundos DI .
LTF 
Letra Financeira 
do Tesouro
PÓS-FIXADO
A LTN é de curto prazo. A 
rentabilidade é definida na 
compra. A maior parte dos fundos 
de renda fixa aplica nela. Vale 
investir quando a inflação está 
baixa e há expectativa de queda 
nos juros, porque o governo se 
compromete a pagar, hoje, juros 
maiores do que pagará no futuro.
LTN
Letra do Tesouro Nacional 
O rendimento da NTN-F é 
definido na compra. Diferente 
da LTN, faz o pagamento de 
juros a cada semestre, o que 
permite reinvestimentos. 
NTN-F 
Nota do Tesouro Nacional - série F
PRÉ-FIXADO 
A rentabilidade é vinculada à 
inflação oficial, o IPCA, mais 
juros definidos no momento da 
compra. Se você mantiver durante 
o período combinado, só ganha. O 
risco é vender de volta ao governo 
antes do prazo. Nesses casos, o 
risco de você perder uma parte 
do que investiu é grande. 
NTN-B
Nota do Tesouro Nacional - série B
Tem as mesmas características 
da NTN-B Principal, com a 
diferença de que paga um valor 
semestral ao investidor, o que 
permite reinvestimento. 
NTN-B PRINCIPAL 
Nota do Tesouro Nacional - Principal
PRÉ-FIXADO + INFLAÇÃO
M U D A R D E 
C A P Í T U L O
Ela é centenária, confiável, simples 
de usar e não paga impostos. 
Mesmo assim, você pode estar 
perdendo dinheiro com ela. 
Saiba por quê. VINICIUS OLIVEIRA
POUPANÇA
A SIMPLICIDADE DA 
INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCOPOUPANÇA[ 03/11 ]
O contato com a caderneta de poupança lembra os primei-ros dias da pré-escola. Ela é a cartilha com o bê-a-bá fi-nanceiro em um mundo sem riscos. Ela também é uma introdução ao sistema bancário. De uma forma muito resumida, bancos fazem o meio campo entre quem tem dinheiro e quem precisa dele, cobrando uma taxa por 
esse trabalho. No caso da poupança, o dinheiro que você coloca nela, no 
banco, vai para o financiamento de um negócio bem concreto: imóveis. 
Fácil e palpável, ela é o “amor eterno, amor verdadeiro” dos brasileiros. 
Na prática, a poupança se diferencia dos outros investimentos de 
uma forma bem simples: ela é isenta de impostos e taxas de adminis-
tração. A ampla maioria dos investimentos paga as duas taxas. Além 
disso, o resgate é fácil e rápido. Outros investimentos têm um conjunto 
de regras para o momento do saque, e nem sempre você vai poder res-
gatar quando quiser. 
Ela também é garantida pelo governo. Depósitos em poupança no 
valor de até R$ 250 mil são cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito. 
Se o banco quebrar, você recebe o dinheiro de volta. Por fim, o uso que 
o governo e os bancos fazem dela é seguro. O dinheiro vai obrigatoria-
mente para o crédito imobiliário – e você sabe que, no final das contas, 
esse financiamento costuma ser pago. Se não for, o imóvel continua lá, 
como garantia. Ele não foge. 
Mas, às vezes, segurança demais pode significar um negócio ruim. 
Em algumas situações, atrapalha o rendimento. Apesar de todas es-
sas facilidades e da segurança, a caderneta perde de fundos com taxa 
de administração de até 1%. Em 2014, o 
poupador que colocou suas economias 
na caderneta viu seu poder aquisitivo ser 
corroído. A inflação medida pelo IPCA no 
primeiro semestre de 2014 foi de 3,75%. O 
retorno da poupança, de 3,47%. “Quanto 
mais a Selic subir, mais desinteressante a 
poupança se torna”, explica o economista 
Samy Dana, professor da FGV. No longo 
prazo, segundo ele, o investimento é peri-
goso justamente porque existe a possibili-
dade de perda pura. Seu dinheiro vale na 
saída menos do que ele valia na entrada. 
Só que esse é apenas um dos problemas 
da caderneta de poupança. A sua populari-
dade criou uma grande confusão financei-
INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCOPOUPANÇA
O QUE É » A POUPANÇA 
É FÁCIL DE APLICAR E 
DE SACAR. É SEGURA, 
QUASE NÃO OSCILA E 
TEM REGRAS SIMPLES. 
MAS, NOS ÚLTIMOS 
ANOS, VEM PERDENDO 
A GRAÇA. QUEM 
COLOCA DINHEIRO 
NELA ESTÁ VENDO 
O RENDIMENTO 
SER TRAGADO 
PELA INFLAÇÃO. 
[ 04/11 ]
ra no País. “Fazer uma poupan-
ça”, no Brasil, ganhou o sentido 
de abrir uma... conta poupança. 
Só que há vários jeitos de pou-
par. E a poupança, com o per-
dão da repetição de palavras, 
é só uma delas. Nos EUA, por 
exemplo, significa investir em 
ações e títulos públicos.
Portanto, para entender por 
que ela é a “namoradinha do 
Brasil”, é preciso entrar no tú-
nel do tempo.
AGIOTA NA PAREDE
Em 1861, o imperador Dom 
Pedro 2° criou a Caixa Econô-
mica da Corte, que deu origem 
ao banco que conhecemos hoje 
como Caixa Econômica Federal. 
Junto com ela nasceu o concei-
to e o nome “caderneta de pou-
pança”. Em 12 de janeiro da-
quele ano, D. Pedro 2° mandou 
ver o decreto número 2.723: “A 
Caixa Econômica estabelecida 
na cidade do Rio de Janeiro (...) 
tem por fim receber, a juro de 
6%, as pequenas economias das 
classes menos abastadas e de 
assegurar, sob garantia do Go-
verno Imperial, a fiel restituição do que pertencer a cada contribuinte, 
quando este o reclamar (...)”. Numa lista criada pela Caixa, Antônio Al-
ves Pereira Coruja aparece como o primeiro cidadão a ter uma caderneta 
de poupança. Logo no início das operações (e sem pegar fila), em 4 de 
novembro de 1861, ele levou 10 mil réis que começariam a render juros. 
Até o surgimento da Caixa, o País vivia na pré-história bancária. Ha-
via o Banco do Brasil, mas ele estava longe das pessoas. O BB era muito 
mais um Banco Central, controlando a quantidade de moeda na econo-
mia. Se você queria empreender e precisava de crédito, uma das manei-
ras era ir a uma casa de penhor: você deixava um bem como garantia e 
INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCOPOUPANÇA
POUPANÇA
FONTE: BB, Caixa, Itaú, Economática e Consultoria Samy Dana
VARIAÇÃO DO INVESTIMENTO
Nos últimos 6, 12, 24 e 36 meses.
INVESTIMENTO MÍNIMO
R$ 1
PARA QUEM?
Ok para perfis 
conservadores: alia 
a garantia do FGC a 
uma boa liquidez. 
CENÁRIO ATUAL
Ruim. Com 
a Selic em 
alta, é o pior 
investimento. 
RISCO DO INVESTIMENTO
Baixo.
25%
15%
0%
6MESES » 12 24 36
Poupança Inflação
TRIBUTAÇÃO
Isento.
[ 05/11 ]
fazia um empréstimo por uma determinada taxa de juros. Porém, essas 
casas não eram confiáveis e às vezescobravam juros extorsivos. Até que 
veio a Caixa. 
Além de abrigar a poupança, ela passou a oferecer empréstimos com 
penhor. Era um salto de formalidade e confiança combinado com juros 
mais baixos e previsíveis. De um lado, ela recebia o dinheiro das pessoas 
e pagava uma taxa de juros. Ótimo para quem queria poupar. Do outro, 
emprestava a quem precisava. Excelente para quem queria empreender. 
Com essas duas medidas, o Brasil finalmente criou um sistema bancá-
rio. Estava mais fácil planejar o futuro. E tinha mais. De quebra, a Caixa 
amenizou um problema social. Para conseguir dinheiro, muitas pessoas 
recorriam a agiotas violentos, que resolviam empréstimos atrasados com 
pancadaria e assassinato. Com a simplicidade da poupança, o Brasil co-
meçou a avançar um pouquinho.
Então o tempo passa, o tempo voa, veio a abolição da escravatura em 
1888, depois a Proclamação da República, em 1889. Mas a poupança 
continuava numa boa. Já em 1915, as Caixas Econômicas de diferentes 
Estados puderam remunerar clientes com taxas de juros diferentes, de 
acordo com as condições econômicas de cada lugar. O público atendido 
também cresceu. As mulheres, finalmente, puderam aplicar na poupan-
ça – mas só com autorização do marido. Assim, ao longo das primeiras 
décadas do século 20, a população se acostumou a amar a poupança. 
Sem mais nenhum investimento à mão, era o que tinha. 
Só que esse amor foi tão intenso que acabou criando uma encren-
ca. As pessoas só tinham olhos para a poupança, o que também é um 
problema, como lembra Luiz Jurandir Simões, professor de Finanças 
da Faculdade de Economia da USP. “Foi um mecanismo de poupança 
direcionado para as classes mais humildes, que não dava consciência 
econômica e financeira”, explica ele. Até hoje, muitas pessoas têm medo 
de colocar dinheiro em qualquer outra coisa que não seja a boa e velha 
caderneta. 
ZIGUE-ZAGUE
Ao longo dessa história, apenas duas coisas abalaram a relação: o con-
fisco e o dragão de comer dinheiro. 
A inflação começou a comer os ganhos da poupança na segunda me-
tade do século. O problema era urgente e os militares, que tomaram o 
poder em 1964, tiveram de lidar com ele. Para driblar o dragão, o gover-
no inventou a correção monetária. A medida mantinha a remuneração 
anual de 6% (0,5% ao mês) e ainda pagava uma taxa extra, que acom-
panhava a alta dos preços. Esse reajuste mensal era definido pelo Banco 
INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCOPOUPANÇA[ 06/11 ]
 JUNTO COM A CAIXA 
Econômica, o 
imperador Dom 
Pedro 2° cria 
a caderneta 
de poupança, 
o primeiro 
investimento 
oficial brasileiro.
 UMA NOVA LEI 
permite que 
escravos possam 
guardar dinheiro 
proveniente de 
legado, herança 
ou doações na 
poupança.
 ESCRAVOS SÃO 
liberados a 
depositar também 
valores recebidos 
como renda de 
trabalho, desde 
que autorizados 
por seus senhores.
 JÁ NA REPÚBLICA, 
decreto determina 
que taxas de juros 
da poupança 
não poderiam 
ultrapassar 
6% por ano.
 AS MULHERES 
casadas ganham 
o direito de abrir 
suas cadernetas, 
desde que 
autorizadas 
pelos maridos. 
 PARA PROTEGER 
a poupança 
da inflação, é 
criada a correção 
monetária. 
 O PLANO COLLOR 
congela o dinheiro 
depositado em 
cadernetas de 
poupança por 
18 meses. A CORREÇÃO 
monetária é 
substituída pela 
Taxa Referencial 
(TR), uma das 
taxas mais baixas 
da economia. 
 NOVA REGRA 
muda remuneração 
da poupança e liga o 
rendimento a uma parcela 
da Selic, a taxa básica 
de juros da economia. 
1872
1874
Conheça a história do mais antigo e 
popular investimento dos brasileiros.
A CADERNETA
DE 153 ANOS
1915
1934
1964
1990
1991
2012
1861
1871
 O CONSELHO 
superior, um órgão 
de fiscalização e 
controle das Caixas 
Econômicas da 
época, é criado. Com 
isso, os depósitos 
aumentaram 
em 200%.
INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCOPOUPANÇA
SONHO DA CASA PRÓPRIA 
SÓ SE POPULARIZOU 
QUANDO O DINHEIRO 
DA POUPANÇA VIROU 
CRÉDITO IMOBILIÁRIO. 
[ 07/11 ]
INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCOPOUPANÇA
Central. Só que isso, na prática, criava mais inflação. Como você já sabe, 
quanto mais dinheiro na economia, mais consumo. Se a produção não 
acompanha a demanda, os preços sobem. E aí tome mais correção mo-
netária, mais dinheiro na economia e mais inflação. Era o começo da 
tempestade perfeita que assolaria o País algumas décadas depois. 
Nos anos seguintes, as regras da poupança passaram por um zigue-
-zague: o rendimento deixou de ser mensal e passou a ser trimestral. 
Os juros e a correção monetária eram acumulados durante os últimos 
três meses. Depois, um novo passo atrás e as regras voltaram para o 
rendimento mês a mês. 
Nessas idas e vindas, a caderneta de poupança passou por um dos 
momentos mais importantes da sua existência, que teve um grande im-
pacto na história do País. Havia uma demanda crescente por casas no 
Brasil, mas poucos recursos para financiá-las. Em 1967, o governo deci-
diu usar recursos da poupança para a habitação. Isso mudou as cidades. 
Com mais recursos, ficou mais fácil comprar e construir a casa própria. 
A caderneta entrou no SFH (Sistema Financeiro de Habitação) e veio 
um boom de crédito. É por causa dessa medida que milhões de pessoas 
puderam, finalmente, ter um lugar para morar. Ainda hoje, a poupança 
é a principal ferramenta de crédito imobiliário no Brasil. 
[ 08/11 ]
Já nos anos 80, o País conheceu cor-
tes de zero e a moeda foi mudando de 
nome tão logo cada um dos cinco pla-
nos econômicos ia caindo por terra: 
cruzeiro mudou para cruzado, cruzado 
novo, cruzeiro e cruzeiro real. Protegi-
da pela correção monetária, a poupança 
era um dos poucos investimentos mais 
ou menos protegidos da inflação. Ação 
em bolsa? Dava menos do que a boa e 
velha caderneta de Dom Pedro 2°.
Mas a mudança que o País não es-
quece até hoje veio no dia 16 de maio 
de 1990, após um feriado bancário de 
três dias que resultou no confisco dos 
depósitos da caderneta. Nascia ali o 
Plano Brasil Novo, que ficou mais co-
nhecido como Plano Collor, e um trau-
ma para gerações de pessoas. A relação de amor era abalada. 
Collor e a ministra da Economia, Zelia Cardoso de Mello, anuncia-
ram um conjunto de mudanças contra a inflação. Em 1989, a taxa acu-
mulada ao ano foi de estratosféricos 1.782,90%. Hoje, 6% já deixam 
todo mundo de cabelo em pé. Para “mexer com o psicológico” do cida-
dão, como diria um técnico de futebol, repetiu-se a fracassada estratégia 
e o dinheiro mudou de nome outra vez, só que sem cortar zeros: de 
cruzado novo para cruzeiro. Mas isso não era o pior. O plano congelou 
contas correntes e cadernetas de poupança por 18 meses. Tudo que ex-
cedesse Cr$ 50 mil na poupança ou na conta corrente não poderia sair 
da sua conta. Hoje, seria como dizer: todos os depósitos acima de R$ 
5,5 mil estão bloqueados por um ano e meio. Os reajustes da poupança 
continuavam, mas você não podia sacar nada. Estava prestes a usar o 
dinheiro guardado para comprar a casa própria? Sem chance. 
O plano traumatizou gerações de brasileiros, que passaram a descon-
fiar de todo e qualquer investimento. “A essência do plano foi o congela-
mento dos saldos”, diz o professor Luiz Jurandir Simões, da USP. Para 
conter a inflação, o Plano Collor deu um cavalo de pau na economia e 
tirou dinheiro de circulação. Cerca de 80% da moeda saiu do mercado, 
a inflação despencou e... logo voltou. 
Até hoje, 390 mil processos estão espalhados pelo País à espera de 
uma decisão do Supremo Tribunal Federal, o mais alto nível da Justi-
ça brasileira, sobre as mudanças no rendimento da poupança não só 
INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCOPOUPANÇA
HOJE, INVESTIMENTOS 
TÃO SEGUROS QUANTO 
A POUPANÇA SUPERAM 
A ANTIGA CADERNETA. 
MUITA GENTE PERDE A 
CHANCE DE GANHAR 
MAIS DINHEIRO 
PORQUE DEIXA AS 
ECONOMIAS NELA. 
[ 09/11 ]
no Plano Collor 1 (1990) e 2 (1991), mas também pelo Cruzado (1986), 
Bresser (1988) e Verão (1989). O tribunal vai decidir se bancos públicos 
e privados terão de cobrir as perdas. 
A ESTABILIDADE
Com a chegada do Plano Real, que completou 20 anosem julho, e a esta-
bilidade da moeda, a poupança voltou a ser querida. Mas, agora, com no-
vos concorrentes. Em um país mais normal, você tem outras ferramentas 
para guardar dinheiro e planejar o futuro. Desde a chegada da nova mo-
eda, a renda fixa se destaca como o investimento mais rentável. O CDI 
(Certificado de Depósito Interbancário), que serve de referência para vá-
rios fundos, teve rendimento de 632,3% nestas últimas duas décadas, se-
gundo a consultoria Economática. No mesmo período, o Ibovespa, índice 
INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCOPOUPANÇA[ 10/11 ]
BRASILEIRO NÃO 
É BOM POUPADOR
Muitos educadores financeiros recomendam que você tenha uma reserva de dinheiro que seja três vezes maior que o seu salário. Se 
você já tiver filhos ou trabalhar como autônomo, 
aumente para seis vezes o que você ganha por mês. 
No Brasil, isso é uma raridade. Segundo pesquisa 
do Ibope Inteligência, realizada a pedido da Serasa 
Experian em 2013, 69% da população não poupa. 
Entre os entrevistados, 35% ainda disseram que 
não guardam dinheiro porque sentem mais prazer 
em gastá-lo imediatamente.
Embora o hábito de poupar seja um aprendizado 
que normalmente acontece na infância, com a ajuda 
da família, fatores econômicos e sociais ajudam a 
entender por que o brasileiro é um mau poupador. 
Pais que viveram o período de hiperinflação não
conseguiam poupar e não repassaram esse hábito 
às novas gerações. Durante muito tempo o dinheiro 
deixou de exercer uma de suas funções, a de reserva 
de valor, e uma das únicas maneiras de não perder 
ainda mais dinheiro era comprando. Além disso, 
medidas como o congelamento dos depósitos das 
contas correntes e cadernetas de poupança no Plano 
Collor tiraram a confiança do brasileiro no sistema 
financeiro.
Com a estabilização da economia veio também 
a expansão do crédito e, novamente, as condições 
econômicas afastaram o brasileiro dos investimentos. 
As pessoas fizeram uma corrida às compras. A nova 
classe média atingiu níveis de renda que permitiram 
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entender por que 30% dos consumidores assumiram, 
na mesma pesquisa do Ibope, que compram por 
impulso. Futuro? Ainda estamos bem longe de 
começar a planejá-lo. 
com as principais ações negociadas na Bolsa 
de Valores de São Paulo, avançou 219,8%. A 
poupança está em terceiro lugar, com 103,2%. 
Esse bom desempenho da poupança im-
pôs um desafio ao governo. A Selic, taxa bá-
sica de juros da economia, que já alcançou 
a casa dos 40% durante alguns momentos 
do Plano Real, começou a cair nos primei-
ros anos do governo de Dilma Rousseff. Isso 
deixava fundos de investimento com ganhos 
parecidos com o da poupança quando a Selic estava perto de 11%. Pe-
quenos aplicadores começaram a trocar seus fundos pela poupança. O 
rendimento era melhor, não paga taxa de administração e é isento de 
imposto de renda. Só que esses fundos são fundamentais para amplas 
áreas da economia. Se o dinheiro migrasse todo para a poupança, os 
bancos e o governo começariam a ter problemas para fechar as suas 
contas. Afinal, eles financiam as operações de crédito e a dívida do 
governo federal. 
Mexer na poupança sempre traz muito risco. Os governos que me-
xeram nela pagaram um preço político alto. A solução encontrada 
para diminuir críticas foi manter a regra anterior para depósitos feitos 
até 3 de maio de 2012 e mudar a situação para novos aportes. Quan-
do a taxa Selic está a 8,5% ou acima desse patamar, o rendimento 
continua sendo de 0,5% por mês mais TR (Taxa Referencial) – e, nos 
últimos anos, a TR tem ficado perto de zero. Abaixo de 8,5% da Selic, 
a poupança rende apenas 70% da taxa básica de juros da economia. 
Nesse cenário, quanto dinheiro é ideal manter na poupança? “O 
menor possível”, segundo o educador financeiro Mauro Calil: “Muitas 
pessoas perdem a chance de ter um rendimento melhor ao deixar R$ 
10 mil na caderneta por 30 anos”. Com a Selic em mais de 10%, pra-
ticamente todos os fundos de renda fixa ganham da poupança. Além 
disso, os fundos têm liquidez e rentabilidade diárias. Já a caderneta 
só traz rendimento mês a mês (no aniversário da aplicação). 
A conveniência da poupança ainda pesa para que o brasileiro pule 
de fase na hora de investir suas economias. “É conhecida. Você não 
come uma comida que não conhece. Se servirem um prato diferente, 
que não se sabe como é feito e com gosto esquisito, você não vai comer 
tudo e acabará pedindo um hambúrguer”, diz Calil. Porém, existe um 
mundão de outras opções no cardápio: Tesouro Direto, CDBs e Letras 
de Crédito... É hora de conhecê-las. No mundo financeiro, você pode 
ter mais de um amor. 
[ 11/11 ] INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCOPOUPANÇA
69%
É A PORCENTAGEM DE 
BRASILEIROS QUE NÃO 
GUARDAM DINHEIRO, 
SEGUNDO PESQUISA 
DO IBOPE. 
A atração e a facilidade do
CDB
Chega de pedir emprestado. 
É hora de oferecer dinheiro e cobrar 
juros do seu banco. VINICIUS OLIVEIRA
Quando você compra títulos públicos, empresta dinheiro ao governo. Quando investe em CDB (Certificado de De-pósito Bancário), você empresta a juros para o próprio banco. Mas aí vem uma pergunta: qual é a taxa de juros? E por que os bancos precisam pedir para mim e para você? Vamos lá. 
Os bancos fazem empréstimos entre si para fechar as contas no 
final do expediente. Dificilmente um banco termina o dia com muito 
dinheiro em caixa. O dinheiro deles está investido em títulos públicos, 
que não têm liquidez imediata. Os títulos têm data de vencimento e 
dias certos para serem resgatados. Não dá para simplesmente resga-
tar um título e resolver a vida. Além disso, os bancos precisam colo-
car uma parte de todo o dinheiro que têm no Banco Central. O nome 
disso é depósito compulsório e é usado pelo governo para controlar a 
quantidade de moeda em circulação. Assim, o BC mantém a inflação 
em padrões razoáveis. 
Como os bancos fazem milhares de operações todos os dias, eles 
precisam recorrer a outras instituições para fechar as contas de ro-
tina. É normal. É assim no mundo inteiro. Pois bem, quando bancos 
[ 01/06 ] INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCOCDB
emprestam uns para os outros, eles cobram juros. 
Esse tipo de investimento que os bancos fazem uns 
com os outros é chamado de CDI, o Certificado de 
Depósito Interbancário. Portanto, quando você em-
presta para o banco, é CDB. Quando banco empresta 
para outro banco, é CDI. 
A taxa paga pelo banco no CDB é uma parte do 
CDI. Por isso, todo dia o CDB rende alguma coisa 
– diferente da poupança, por exemplo. E é nessa di-
ferença diária que o banco ganha alguma coisa. Ele 
pega emprestado de você por uma taxa de juros mais 
baixa e empresta a taxas mais altas. O empréstimo 
pode ser para outro banco ou para o mercado, nesse 
caso com taxas bem maiores do que as do CDI. 
O CDB NA ECONOMIA
Apenas políticos têm reputação tão ruim quanto 
banqueiros. Nós nos acostumamos a imaginá-los como pessoas que 
estão sempre esperando alguém abrir a guarda para atacar. Mas, na 
realidade, bancos são apenas intermediários de operações que nós, 
sozinhos, não conseguiríamos fazer. É quando entra um pouco de 
história. 
Sempre existiu alguém que tem dinheiro e outro alguém se ofe-
recendo para guardá-lo. Outro grupo quer financiamento para abrir 
um novo negócio. Por mais que as partes se conheçam, sempre vai 
haver desconfiança. Além disso, seria bem complicado sair pedin-
do ou oferecendo dinheiro na rua para desconhecidos. Os bancos 
surgem, então, como responsáveis por intermediar essas relações. 
Todo o dinheiro que você coloca num banco será emprestado, 
menos o valor destinado ao compulsório. Nada fica parado na sua 
conta. Os valores vão para clientes que querem comprar carros, 
para empresas que precisam de recursos, para outros bancos. Seu 
dinheiro ajuda a irrigar a economia. 
Mas o CDB ainda tem uma vantagem adicional para o banco: 
ele é mais fácil de usardo que o dinheiro que você deixa na conta 
corrente. Quando você deixa dinheiro ali, parado, 42% desse valor 
precisa ser depositado no Banco Central, por causa das regras do 
depósito compulsório. Quando você faz uma aplicação em CDB, a 
fatia do compulsório é de 15%. O banco tem mais dinheiro para 
emprestar e é por isso que seu gerente vai, sempre, te dizer para co-
locar dinheiro em CDB. Ele garante uma remuneração maior para o 
O QUE É » QUANDO 
O BANCO PEGA O SEU 
DINHEIRO E PROMETE 
DEVOLVÊ-LO NO 
FUTURO COM JUROS, 
ELE ESTÁ FAZENDO UMA 
OPERAÇÃO DE CDB. 
É UM INVESTIMENTO 
SEGURO, GARANTIDO 
PELO GOVERNO E 
INDICADO PARA QUEM 
TEM PLANOS DE MÉDIO 
E LONGO PRAZO. 
[ 02/06 ] INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCOCDB
CDB
FONTE: Itaú e Caixa
INVESTIMENTO MÍNIMO
R$ 100
VARIAÇÃO DO INVESTIMENTO
Nos últimos 6, 12, 24 e 36 meses.
RISCO DO INVESTIMENTO
Baixo.
Adequado a todos. 
Bom para reserva de 
aposentadoria. Para quem 
tem menos de R$ 2.500, a 
poupança é mais indicada. 
Atrativo com Selic alta. 
Grandes bancos remuneram 
menos. Pequenos têm maior 
risco e dão ganho maior, 
acima de 100% do CDI.
PARA QUEM?
35%
20%
0%
6MESES » 12 24 36
CDB 
(100% CDI)
CDB 
(80% CDI) 
Inflação
De 22,5% a 15% de imposto de 
renda sobre os rendimentos. 
Se resgatar o CDB em menos 
de 30 dias, também paga IOF.
TRIBUTAÇÃO
CENÁRIO ATUAL
[ 03/06 ] INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCOCDB
banco porque CDBs têm prazos de resgate maiores. Então pode ser 
emprestado para outras pessoas por mais tempo. “Para o banco, o 
cliente deixar dinheiro parado é muito ruim porque existem restri-
ções sobre o uso do dinheiro [os 42% do compulsório]. Com o CDB, 
é uma situação na qual os dois ganham”, explica Rodrigo Zeidan, 
professor de Economia e Finanças da Fundação Dom Cabral. 
Mas os bancos não estão sozinhos nessa operação – seria muito 
poder em poucas mãos. O registro dos contratos de CDB é feito pela 
Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip), 
que processa a emissão, o resgate e a “guarda” dos títulos, além 
do pagamento dos juros. “A Cetip dá segurança a toda transferên-
cia de recursos de um lado para o outro”, diz Ricardo Magalhães, 
gerente-executivo da empresa. A Cetip, portanto, é a guardiã dos 
CDBs. “Um banco emite um CDB, uma fundação de funcionários 
compra o título e uma ordem é enviada ao banco liquidante para o 
pagamento. Quando o título chega de um lado, o pagamento chega 
do outro”, explica Magalhães. 
O cumprimento das taxas do CDI, prometidas pelo banco para 
seus clientes, também é calculado pela Cetip. 
CDB É PARA MIM?
Como em todos os tipos de investimento, com o CDB a sua rentabili-
dade está diretamente ligada ao prazo que você quer investir, ao risco 
que você quer correr e ao valor a ser investido. 
Se você tiver uma boa quantia, o banco vai estender o tapete ver-
melho e pode oferecer um porcentual maior de rendimento. Nesses 
casos, os bancos costumam oferecer CDBs com taxas mais próximas 
do CDI. Por outro lado, se você optar por investir o mínimo exigido 
para um CDB, algo como R$ 50 ou R$ 100, o Imposto de Renda pode 
minar seu rendimento. Assim, a taxa do CDB pode ser uma parcela 
muito pequena do CDI – e você ainda paga imposto. O rendimento 
acaba sendo menor do que o da poupança, que é livre de tributos. 
E tem mais alguns pontos para levar em consideração. Quem 
está acostumado com as transações da poupança pode estranhar o 
comportamento do CDB. Afinal, ele não abre brecha para resgate 
parcial. Está com saldo negativo e não tem mais de onde tirar? En-
tão, você terá que sacar todo o valor do título. Não pode tirar só um 
pedacinho. Por outro lado, ele rende alguma coisa todo dia. 
Se você tiver disposição, vale a pena fazer algumas coisas antes 
de emprestar dinheiro ao banco. Compare as taxas oferecidas pelo 
CDB pré-fixado, com taxas de juros determinadas no momento do 
[ 04/06 ] INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCOCDB
COMO O “CDB” AJUDOU A 
CONSTRUIR O RENASCIMENTO 
N a Europa dos séculos 13, 14 e 15, muita gente tinha ouro e não tinha como guardar. Elas deixavam o metal com um ourives e recebiam uma nota, um “vale tantos quilos de ouro”. Era o primeiro CDB, um “certificado de 
depósito bancário” primitivo. Mas, naquela época, você pagava pela proteção. 
Afinal, artesãos que faziam joias tinham bons cofres. 
Com o tempo, as pessoas começaram a apelar aos ourives quando precisavam 
de crédito. Então eles emitiam uma nota dizendo que estavam emprestando 
tanto para aquela pessoa, que deveria devolver o valor acrescido de juros. Aos 
poucos, essas notas começaram a circular e a valer como dinheiro - afinal, era 
muito mais fácil de carregar. 
Na Itália, isso foi grande. O país era uma potência, a economia crescia e os 
ourives do passado passaram a viver só de empréstimos, montando banquinhas 
nas praças para atender aos clientes. É daí que vem o nome banca, em italiano, 
para definir o que é banco, em português. Agora, você cobrava para deixar seu 
ouro com o dono da banca e ganhava um certificado. 
Um dos mais bem-sucedidos donos de banquinha foi Giovanni Di Bicci de’ 
Medici, patriarca da família Medici e fundador do Banco de Florença. Com os 
lucros bancários, os Medici financiaram o Renascimento e fizeram a fortuna 
histórica e turística de Florença. Alguns grandes artistas, como Michelangelo 
e Leonardo da Vinci, foram patrocinados por eles. Sem aquele CDB primitivo, 
até poderia ter existido Renascimento. Mas talvez fosse bem menos dourado 
[ 05/06 ] INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCOCDB
investimento, com as Letras do Tesouro Nacional 
(LTN), negociadas via Tesouro Direto. Às vezes, o 
CDB é vantagem. Às vezes, a LTN vale muito mais 
a pena. No final de 2014, a LTN com prazo de dois 
anos estava dando 12,7% ao ano. Um CDB com o 
mesmo prazo pagava só 11%. 
No caso dos CDBs pós-fixados, nos quais você 
só sabe o resultado quando o título chega ao ven-
cimento, busque os que cheguem o mais perto pos-
sível dos 100% do CDI. Não achou? Quem busca 
maior rentabilidade pode usar a estratégia dos pilotos de bugue que 
fazem os passeios pelas dunas de Natal: “Vai querer com ou sem 
emoção?”. 
Você pode recorrer aos bancos médios e pequenos que oferecem 
taxas mais vantajosas, pela necessidade de fazer caixa e concor-
rer com os grandes. Se porventura esse banco cambalear enquanto 
você estiver com o dinheiro aplicado, entra em cena o FGC (Fun-
do Garantidor de Crédito), que garantirá depósitos de até R$ 250 
mil. Tal como a poupança, o CDB também tem essa garantia. Se 
der alguma coisa errado, você não fica solto na tempestade. Mas, e 
sempre tem um mas: se você investiu num CDB e ele, por alguma 
razão, passa a render menos do que outros investimentos, aí não 
tem FGC. Isso é considerado risco normal do mercado. Você não 
perde o capital investido. Apenas deixa de ganhar mais ou é rendido 
pelo dragão da inflação. 
Outro fator é o prazo que o CDB exige, que pode ser de 30 dias 
a vários anos. A liquidez é diária, o que significa que, diante de 
uma emergência, é possível sacar o dinheiro. Porém, o banco vai 
estabelecer uma penalidade e você terá um rendimento menor do 
que o da taxa final combinada. Tal como a poupança, e diferente 
de outros investimentos, o CDB não tem taxa de administração. O 
banco não cobra para cuidar do dinheiro que você emprestou para 
ele. Menos mal. 
Portanto, se você quer um investimento seguro como a poupan-
ça e tem paciência para esperar resultados a médio e longo prazo, 
então o CDB é uma ótima escolha. Mas, claro, você sempre pode 
querer mais. E temos mais para oferecer.
22,5%
É O TAMANHO DA 
MORDIDA DO IMPOSTO 
DE RENDA PARA CDBS 
QUE FICAM APLICADOS 
POR POUCO TEMPO.
[ 06/06 ] INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCOCDB
O que saber, o que evitar e no que 
prestar atenção nos investimentos que 
prometem vida mansa, segurança e 
planejamento financeiro. ILTON CALDEIRA
PRIVADA
RENDA FIXA
A segurança da
e da previdência
[ 01/09 ] RENDA FIXA E PREVIDÊNCIA PRIVADA INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCO
[ 02/09 ] INVESTIMENTOSDE BAIXO RISCO
Quando um candidato a investidor pergunta ao geren-te do banco como dinheiro pode virar mais dinheiro, mas sem risco, o especialista não titubeia: fundos de renda fixa. Se a pessoa quer se preparar para a apo-sentadoria, a dica é previdência privada. São dois caminhos parecidos. Só que, antes de agradecer pela 
dica, é preciso saber algumas coisinhas. 
A história da renda fixa é antiga. O primeiro fundo de renda 
fixa da história foi a tontina. A invenção é creditada ao banqueiro 
napolitano Lorenzo de Tonti, que colocou a tontina no mundo em 
1653. Os compradores de uma determinada emissão de tontina re-
cebiam, todo ano, uma anuidade. Era um valor correspondente aos 
juros de um empréstimo. Só que não eram juros fixos. Eram juros 
variáveis – para mais. 
Quanto mais tempo você vivia, mais ganhava. O valor recebido 
pelos mais longevos ia aumentando conforme outros investidores 
morriam. Portanto, quem tinha tontina possuía uma... renda fixa. 
Era dinheiro certo e funcionava como um antepassado dos fundos 
de hoje: você investe em alguma coisa junto com outras pessoas 
para procurar investimentos mais rentáveis e dividir os riscos. A 
tontina era tão atrativa porque o valor não era herdado pelos des-
cendentes. O maior incentivo para manter o empréstimo eram os 
juros crescentes e a confiança de que você teria uma vida longa... 
Tanto que os governos se animaram. 
O rei Luís 14, da França, foi o primeiro a usar as tontinas. Em 
1689, esses títulos serviram para financiar uma série de operações 
militares. O governo britânico não ficou para trás. Ele emitiu as 
suas tontinas em 1693 justamente para financiar uma guerra contra 
a... França. Guerra, afinal, não se ganha só com arma. 
OS FUNDOS
Hoje, os fundos mais populares no Brasil são os DI e os de renda fixa. 
O DI funciona bem quando o cenário é de juros altos no futuro. Já 
os fundos de renda fixa são melhores quando a perspectiva é oposta. 
Vale a pena pular de tempos em tempos do DI para a renda fixa e 
vice-versa. Você não se casou com o fundo, como acontece em outros 
investimentos. Está apenas em um relacionamento sério, que pode 
acabar dependendo dos humores da economia.
No Brasil, esses fundos ganharam força depois do Plano Real, 
quando a inflação foi domada e a economia abandonou o modo 
vida louca. Hoje, investimento em fundo de renda fixa significa 
RENDA FIXA E PREVIDÊNCIA PRIVADA
contratar um banco para que ele escolha os investimentos mais 
rentáveis e seguros à disposição. 
Portanto, quando o gerente fala “vá de renda fixa”, ele está se 
oferecendo para ser um intermediário – e ele vai cobrar um valor 
para fazer esse trabalho, a famosa taxa de administração. 
Bom, vamos começar pelos fundos DI. Eles investem, no mínimo, 
95% do total em papéis pós-fixados. Isso significa que eles vão abra-
çar investimentos cujos juros totais só vão ser definidos no final do 
prazo – você só sabe quanto vai ganhar no fim. Os papéis pós-fixados 
são títulos públicos em 99% das ocasiões. São LFTs, basicamente, e 
por isso sempre vão estar acima da inflação. Já os 
fundos de renda fixa aplicam, no mínimo, 51% dos 
recursos em papéis pré-fixados, que podem ser tí-
tulos públicos, CDBs ou debêntures. 
O que faz um bom fundo de renda fixa ou DI, no 
final das contas, é a sabedoria do banco em conciliar 
títulos bons, com rendimento razoável, e segurança. 
Não é uma tarefa fácil. E é por isso mesmo que as 
taxas de administração dos fundos costumam ser 
salgadas... Em alguns casos, de 3%. Se a inflação 
está em 6%, por exemplo, coloque na sua conta que 
o seu investimento tem de render acima de 9% para 
você começar a ganhar alguma coisa... O lado bom 
é que o banco sempre garante que você não vá per-
der absurdos em uma mudança de cenário. Como 
um fundo é formado por muitos títulos que vencem 
praticamente todo dia, o banco tem margem e fle-
xibilidade para navegar em cenários turbulentos. 
É diferente quando você vai lá e compra um títu-
lo com vencimento daqui a 20 anos. Aí é você com 
você mesmo, sozinho, fazendo as suas escolhas. 
A escolha de um fundo depende do perfil e da expectativa do 
investidor com relação à taxa de juros, destaca o consultor e edu-
cador financeiro André Massaro: “Uma recomendação tipo receita 
da vovó para um investidor inexperiente é dividir o investimento 
nas duas opções, tanto a pré como a pós-fixada. Para quem está en-
trando nesse investimento e não tem expectativa nenhuma, é uma 
alternativa diversificar entre essas duas possibilidades e ficar com 
o investimento equilibrado”.
Os títulos pré-fixados são mais favorecidos em cenários com a 
inflação baixa, controlada e com a taxa de juros em queda. Os títu-
O QUE É » OS FUNDOS 
DE RENDA FIXA 
FACILITAM A VIDA 
DE QUEM QUER 
COLOCAR DINHEIRO 
EM APLICAÇÕES 
SEGURAS, COMO 
TÍTULOS PÚBLICOS E 
CDBS. EM TROCA, O 
BANCO COBRA TAXA 
DE ADMINISTRAÇÃO. 
ATÉ POR ISSO, PODEM 
RENDER MAIS.
[ 03/09 ] INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCORENDA FIXA E PREVIDÊNCIA PRIVADA
los pós-fixados são o contrá-
rio. Eles são mais atraentes 
quando a taxa de juros está 
aumentando. Então é isso: 
renda fixa tem menos risco. 
Mas menos risco não signi-
fica ausência de risco. A vida 
sempre vai te levar, vida leva 
eu. 
OS FUNDOS DE PREVIDÊNCIA
Vamos retomar as tontinas. 
Elas também foram o em-
brião dos planos de previ-
dência privada. Isso aconte-
ceu justamente porque elas 
poderiam durar a vida inteira 
do investidor. Como elas não 
eram hereditárias, algumas 
pessoas com posses começa-
ram a comprar tontinas para 
os filhos pequenos. A expec-
tativa era a de ampliar a du-
ração do investimento. Logo 
as tontinas começaram a se 
tornar um enorme problema 
para os governos por causa 
da longevidade das pessoas 
que tinham a titularidade de 
uma tontina. Os governos 
eram grandes emissores de 
tontinas. Em uma época na 
qual as pessoas viviam pou-
co, os reis tinham uma cer-
ta garantia de que os juros 
nunca seriam grandes demais. Só que, quando as pessoas passaram 
a ter tontinas desde bebês, isso virou um problemão.
 Os investidores começaram a comprar tontinas para crianças pe-
quenas, especialmente para as meninas ao redor dos 5 anos. Desde 
aquela época as mulheres apresentavam expectativa de vida supe-
rior aos homens. Isso criou a possibilidade de retornos significati-
INVESTIMENTO MÍNIMO
R$ 50 POR MÊS
VARIAÇÃO DO INVESTIMENTO
RISCO DO INVESTIMENTO
Médio.
PARA QUEM?
São adequados para 
todo mundo. Mas se 
você tem planos de curto 
prazo, prefira os fundos 
DI – eles oscilam menos 
que os de renda fixa.
CENÁRIO ATUAL
O cenário de 
taxas de juros 
em ascensão 
torna os 
fundos DI 
mais atraentes. 
FUNDOS DE RENDA FIXA
Nos últimos 6, 12, 24 e 36 meses.
35%
0%
6MESES » 12 24 36
Renda Fixa Diferenciado DI Inflação
FONTE: Anbima, Caixa, Itaú e Consultoria Samy Dana
TRIBUTAÇÃO
Regressiva. Começa em 
22,5% e cai até 15%.
[ 04/09 ] INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCORENDA FIXA E PREVIDÊNCIA PRIVADA
vos para os rentistas e perdas gigantescas para os governos. Como 
resultado, as tontinas acabaram sendo abandonadas e substituídas 
por regimes de pensão públicos e privados parecidos com os que 
temos hoje no mercado. 
No Brasil, a previdência surgiu em janeiro de 1835, com a criação 
do Montepio Geral de Economia dos Servidores do Estado. Foi uma 
medida proposta pelo então ministro da justiça, Barão de Sepetiba. 
Pela primeira vez, o País oferecia planos de previdência - mas so-
mente para funcionários públicos. 
 A previdência social, aquele valor que o governo paga a todos 
os aposentados, só seria criada em 1923. Já a previdência priva-
da, para quem queria receber mais na velhice, só foi instituída em 
1977. Como o cenário econômico era instável, ela demorou muito 
tempo para pegar. 
 Foi apenas com a estabilização da economia, na década de 1990, 
que as pessoas puderam fazer mais planos para o futuro. Foi nessa 
época que os planos de previdência privada explodiram. 
Em 2013, os investimentos de previdência privada somaram R$ 
374,2 bilhões.Foi um crescimento de 10,54% em relação a 2012, 
segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fena-
Previ). É muito dinheiro. Se todos os brasileiros que têm previdên-
cia privada resolvessem comprar uma empresa, eles teriam, juntos, 
dinheiro o bastante para adquirir a Petrobras, pelo atual valor de 
mercado da maior empresa do País. 
OS PLANOS E OS IMPOSTOS
Hoje, há dois modelos de previdência 
privada no Brasil. O Plano Gerador de 
Benefício Livre (PGBL) é recomenda-
do para pessoas com renda mais alta. 
O valor pago ao plano pode ser aba-
tido no Imposto de Renda, desde que 
esse valor represente até 12% da renda 
bruta anual do titular do plano. Mas, 
quando o dinheiro é sacado, o imposto 
pago é referente ao total que havia no 
fundo. Por exemplo, se esse valor for 
de R$ 100 mil, o imposto será cobrado 
sobre essa quantia. Ao longo da vida, 
você usa o PGBL para abater impostos. 
Mas, na aposentadoria, o Leão vem de 
A ORIGEM DOS 
FUNDOS ESTÁ 
NA TONTINA, 
INVESTIMENTO 
CRIADO POR 
UM BANQUEIRO 
NAPOLITANO. ELA 
PAGAVA JUROS 
AO LONGO DA 
VIDA E FOI USADA 
PELA FRANÇA 
PARA FINANCIAR 
SUAS GUERRAS. 
[ 05/09 ] INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCORENDA FIXA E PREVIDÊNCIA PRIVADA
O QUE É O OVERNIGHT 
E POR QUE HOJE SÓ 
BANCO PODE TER? 
[ 06/09 ] INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCORENDA FIXA E PREVIDÊNCIA PRIVADA
H ouve uma época, no Brasil, e m que um dos poucos investimentos seguros, 
em renda fixa, tinha nome de 
boate ruim. Era o overnight. Ele 
garantia uma renda fixa, todo 
dia, contra a inflação. Hoje, só 
pode ser usado por bancos e é 
responsável pela sobrevivência 
do sistema financeiro. 
Ao longo do dia, um banco 
pode fazer uma enormidade 
de operações. Muitas vezes, 
encerra o expediente preci-
sando de dinheiro para cobrir 
os empréstimos que fez, os 
financiamentos que arrumou, 
os seguros que pagou. Então 
vai a outros bancos, pega um 
empréstimo para cobrir o caixa e 
se compromete a pagar no outro 
dia, quando já vai ter recebido 
empréstimos, parcelas do finan-
ciamento e novos clientes de 
seguros. Essas operações em 
que você pega num dia e paga 
no outro são conhecidas como 
overnight. 
Quando o Brasil vivia com 
uma inflação gigantesca, as 
pessoas mais ricas tinham 
acesso a aplicações financeiras 
que protegiam suas economias 
da desvalorização diária e desen-
freada. Elas podiam participar 
do overnight emprestando para 
os bancos e recebendo no outro 
dia. Era um CDB com prazo de 
24 h
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ntas, essas
24 horas, portanto.
No final das contas, essas 
pessoas acabavam se benefi-
ciando da inflação. Para evitar que 
os bancos perdessem dinheiro 
todo dia, o governo colocava 
dinheiro na roda. E uma parte 
desse dinheiro ia para o bolso 
das pessoas que participavam 
do overnight. Era uma fantás-
tica fábrica de concentração de 
riqueza: o mínimo para aplicar 
no overnight era de US$ 100 mil. 
Com inflação alta, quem 
mais perde é quem menos tem 
recursos e meios de proteger 
o p uco que tem. Isso ajuda 
a entender por que os super-
mercados ficavam lotados nos 
primeiros dias do mês, quando 
os assalariados recebiam. A 
compra do mês era a única
forma de proteger o dinheiro 
da desvalorização.
O overnight acabou em 1991, 
três anos antes da estabilização 
monetária, em 1994. Hoje, só os 
bancos podem participar dessa 
troca de dinheiro. A necessidade 
dele desapareceu na medida em 
que a economia ficou menos 
maluca. 
uma vez, e não só sobre 
os juros, como acontece 
em outros investimen-
tos. Ele vem em cima de 
tudo. Portanto, se op-
tar por um PGBL, faça 
a declaração completa 
e tenha o abatimento. 
Senão, você vai pagar o 
Imposto de Renda duas 
vezes: ano após ano e de-
pois, no final do plano. 
A outra opção é o cha-
mado Vida Gerador de 
Benefício Livre (VGBL). 
A diferença para o PGBL é que ele não pode ser abatido no Im-
posto de Renda ano a ano. Porém, quando o dinheiro é sacado, o 
imposto cobrado é referente ao que o dinheiro investido obteve 
de remuneração. Por exemplo, se a quantia aplicada é de R$ 100 
mil, mas o rendimento que houve ao longo do plano foi de R$ 20 
mil, o imposto cobrado será referente a este valor. Esse plano é 
voltado para pessoas que têm renda menor, já que, dessa forma, 
o desconto de 12% da renda bruta propiciada pelo PGBL não vale 
grande coisa. 
Nos dois casos, você ainda pode escolher por qual tabela será 
cobrado o imposto de renda: regressiva ou progressiva. Na primei-
ra, quanto mais tempo sua reserva tiver, menos imposto paga. É 
ideal para quem tem planos de longo prazo na aposentadoria. Na 
progressiva, o Imposto de Renda aumenta de acordo com o valor 
que será recebido ou resgatado. Quanto maior a grana, maior a 
tributação. Essa é ideal para quem sente que, talvez, seja obrigado 
a tirar o dinheiro do plano no curto ou médio prazo. 
NO QUE PRESTAR ATENÇÃO 
Na previdência privada, é possível começar poupando pequenos 
valores. Não há idade mínima nem necessidade de comprovação 
de renda. Isso é uma boa notícia, já que, quanto antes começar, 
melhor. “Viver só com a aposentadoria do INSS é embutir uma 
dose de risco na velhice de ver uma redução muito drástica no pa-
drão de vida”, afirma o economista Celso Grisi, diretor-presidente 
do Instituto de Pesquisa de Mercado Fractal.
A PREVIDÊNCIA PRIVADA FOI 
CRIADA NOS ANOS 70, MAS SÓ 
EXPLODIU A PARTIR DA DÉCADA 
DE 1990. HOJE, O VALOR 
DEPOSITADO NELA DARIA PARA 
COMPRAR A PETROBRAS. 
[ 07/09 ] INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCORENDA FIXA E PREVIDÊNCIA PRIVADA
Só que há algumas pegadinhas no caminho. Muita gente faz 
os planos para a aposentadoria com base na taxa de juros atual. 
Segundo os analistas, isso não é realista. Em algumas décadas, 
os juros podem cair bastante. É melhor ser mais conservador 
nas projeções porque, se houver uma surpresa no futuro, tende 
a ser uma surpresa boa. Hoje, afinal, os juros brasileiros estão 
entre os mais altos do mundo.
Além disso, a previdência também cria uma falsa expectativa 
– tal como a renda fixa. Quando a gente ouve falar em previdên-
cia, pensa em recursos constantes e seguros. Só que a vida real 
é mais complicada. Previdência privada não tem garantia, dife-
rente da poupança ou do CDB. O banco pode quebrar – e a sua 
aposentadoria pode ir pelo ralo. É difícil, mas é bom ter isso em 
mente. Afinal, assinar um plano de previdência significa casar 
com o banco por algumas décadas da sua vida. 
Essa é uma das razões pelas quais não basta deixar o dinheiro 
lá e esquecer. Previdência é um compromisso longo. Hoje, os 
planos de previdência investem em seis modalidades diferentes. 
Tem títulos públicos, debêntures, ações. E, como todo investi-
mento, tem uma taxa boa de risco. Dependendo do cenário, você 
poderia garantir um futuro melhor em outro tipo de investimen-
to. Investir não é esquecer o dinheiro. 
Portanto, pergunte ao gerente para onde vai o dinheiro da 
sua previdência. Depois, questione o banco sobre as taxas. As 
empresas de previdência privada têm três cobranças. A taxa de 
carregamento é feita sobre cada depósito e não ultrapassa 5% do 
valor. Alguns planos extinguem a cobrança após certo tempo de 
aplicação. Outros atrelam esse percen-
tual ao saldo investido: quanto maior 
o volume aplicado, menor a taxa. A se-
gunda é a tarifa de administração anu-
al. Por fim, há a taxa de saída, cobrada 
quando você saca o dinheiro. Portan-
to, seja chato. Dependendo da infla-
ção, da taxa de juros e do lugar onde 
o banco está investindo seu dinheiro, 
você pode ficar no zero a zero. Consi-
dere também o plano de previdência 
da sua empresa. As taxas costumam 
ser menores e as empresas ainda fa-
zem um depósito complementar.
12%
É A PORCENTAGEM MÁXIMA 
DE ISENÇÃO DE IMPOSTO DE 
RENDA QUE VOCÊ PODE TER, 
POR ANO, COM PREVIDÊNCIA 
PRIVADA. PARA ISSO, PRECISA 
TER O PGBL (PLANO GERADOR 
DE BENEFÍCIO LIVRE).
[ 08/09 ] INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCORENDA FIXA E PREVIDÊNCIA PRIVADA
Hoje, muita gente contrata um plano de previdência privada por-
que se obriga

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