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caso dos exploradores de caverna

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FACULDADE DE BELÉM 
CURSO DE DIREITO 
DISCIPLINA: HERMENEUTICA 
DOCENTE: JOMAR NASCIMENTO 
DISCENTE: EMANNUELLE SUZY GOMES MONTEIRO 
TURMA: 1 DIN 
 
 
 
PARECER JURIDICO Nº 00002 
 
REQUERENTE: JOMAR NASCIMENTO NEVES 
 
EMENTA: DIREITO POSITIVO, HOMICIDIO, VIDA. 
 
RELATORIO: O doutor e professor Jomar nascimento neves, solicitou um parecer 
jurídico no dia 11 de novembro com analise sobre o caso do homicídio do sr. Roger 
Whetmore, ocorrido no ano 4299 d.C. na cidade de Newgart, que durante uma exploração 
em uma caverna, esta veio a desmoronar fechando a única saída existente no local, 
durante o trabalho de resgate houve outros desmoronamentos na mesma, e dez outros 
operários vieram a falecer pelo ocorrido restando apenas cinco sobreviventes até então. 
Ao vigésimo dia a equipe de resgate conseguiu fazer comunicação via rádio com os 
exploradores e o sr whetmore perguntou quantos dias eles teriam em média para o resgate, 
os engenheiros responsáveis disseram que o resgate ocorreria na base de dez dias. Então 
o próprio sr Roger whetmore pediu para falar com o médico presente o indagando se as 
provisões que tinham seriam o suficiente para a sobrevivência do grupo por mais dez dias, 
o doutor disse que as possibilidades eram muito poucas. Houve então uma pausa na 
comunicação. Após oito horas o sr whetmore perguntou novamente se eles sobreviveriam 
se alimentando da carne de um deles, contragosto o médico disse que sim. Com isso as 
comunicações cessaram. Então o próprio Roger whetmore propôs aos seus parceiros que 
um deles fosse morto para servir de alimento aos demais, e que fosse tirado a sorte como 
meio de escolha, a partir de um par de dados que ele havia consigo. Sendo inicialmente 
nem todos a favor desse ato, entretanto, no final aceitaram. Todavia ao arremessar os 
dados o sr Roger whetmore hesitou e propôs a espera de mais uma semana antes de tomar 
tal medida. Devido a isso ele foi acusado de quebra de acordo, continuou o arremesso dos 
dados, e quando chegou sua vez, outro jogador jogou os dados por ele, com o 
consentimento do próprio. Tendo com resultado a sua morte e consumo de sua carne. 
Quando houve o resgate veio ao conhecimento que no trigésimo dia os demais comeram 
a carne do próprio whetmore para se manterem vivos. 
Os quatro sobreviventes foram acusados de homicídio do sr Roger whetmore e foram 
condenados a forca em primeiro grau. Ouve uma petição ao poder executivo para a 
comutação da pena de morte em prisão de seis meses até o momento do julgamento do 
recurso pelo tribunal. Da condenação pelo tribunal do júri houve recurso a suprema corte 
de Newgart. Por consequência de empate dos votos, a sentença fora mantida. 
 
FUNDAMENTAÇÃO: diante das condutas vemos expressamente o conflito entre o 
direito positivo e o jusnaturalismo, o direito natural. Para este caso e necessária a 
utilização do realismo para resolução desse conflito como uma alternativa de 
determinação do direito. As condutas dos réus estão amparadas sobre uma causa de 
exclusão da ilicitude, o estado de necessidade, alocado no artigo 23,24 e 25, do Código 
Penal. “Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para 
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de 
outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, 
não era razoável exigir-se. 
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos 
meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu 
ou de outrem. 
 Pois a causa da exclusão da ilicitude que depende de uma situação de perigo, que se 
caracterizada pelo conflito de interesses lícitos, ou seja, uma colisão entre bens jurídicos 
pertencentes a pessoas diversas, que foi solucionada com a autorização conferida pelo 
ordenamento jurídico para o sacrifício de um deles para a preservação do outro - Cleber 
Masson (2013: 397-398)- .Nesse contexto analisado e inegável existência de perigo atual, 
visto que além do terror, o medo de morrer a qualquer momento é vivenciado pelas 
vítimas, havia o risco de morte por desnutrição, sendo necessário um sacrifício para o 
bem da coletividade. 
Assim como o artigo 188 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 do código civil, que 
institui: 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; 
Em relação a doutrina, uso as palavras do renomado professor Fernando Capez: 
“Causa de exclusão da ilicitude da conduta de quem, não tendo o dever legal de enfrentar 
uma situação de perigo atual, a qual não provocou por sua vontade, sacrifica um bem 
jurídico ameaçado por esse perigo para salvar outro, próprio ou alheio, cuja perda não era 
razoável exigir. No estado de necessidade existem dois ou mais bens jurídicos postos em 
perigo, de modo que a preservação de um depende da destruição dos demais. Como o 
agente não criou a situação de ameaça, pode escolher, dentro de um critério de 
razoabilidade ditado pelo senso comum, qual deve ser salvo” 
Nesse viés vale salientar que o sacrifício ocorreu após de 21 dias de Suprimentos escassos, 
desde o momento do soterramento, em que a fome se tornou insuportável, e mesmo assim 
os exploradores ainda tinham esperança de serem salvo antes que fizesse o necessário 
sacrifício, adiaram ao máximo essa medida extrema de sobrevivência por uma semana 
ainda, porém isto não os exclui a culpa pela negligência em adentrarem uma caverna com 
escassos suprimentos, portanto fora comum entre os Exploradores. 
 
CONCLUSAO: 
diante a analise apresentada, e contra partida a comoção social do grande e rejeição desse 
caso, declaro que o sacrifício à vida de Whetmore está nitidamente amparado 
juridicamente, tendo em vista ser o único meio necessário para a sobrevivência e 
considerando - se também que nem o direito à vida é absoluto e o ato foi consentido e 
assumido por todos, porquanto não havendo solução diversa da tomada de decisão pelos 
exploradores com finalidade de salvar suas vidas, declaro que houve afastamento da 
conduta do elemento da culpabilidade, pois estavam impelidos pelo estado de necessidade 
que é uma excludente dessa conduta, pois para a constituição de um crime é necessário 
um Fato Típico, Ilícito e Culpável. Portanto declaro com base nos estudos hermenêuticos 
constitucionais que não houve nenhum crime, e os sobreviventes devem ser absolvidos 
da acusação de homicídio do sr Roger whetmore, porém estes devem responder 
juridicamente pela negligencia ao adentrarem na caverna para explorar sem os 
suprimentos necessários para um caso de acidente. Ratifico que este parecer e favorável 
aos exploradores. É o parecer. 
 
Belém/ Pa, 18 de novembro de 2020. 
Emannuelle Suzy Gomes Monteiro 
Juíza de direito da 10º vara Civil e Criminal de Belém.

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