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ABORDANDO O TEMA Apresentação As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) estão entre os problemas de saúde pública mais comuns em todo o mundo. Nos últimos anos, provavelmente devido à alta transcendência da aids, o trabalho com as outras IST, doenças que facilitam a transmissão do HIV, passou a ter redobrada importância, principalmente no que se refere à vigilância epidemiológica, ao treinamento de profissionais para o atendimento adequado, e à disponibilidade e controle de medicamentos. Nos países industrializados ocorre um novo caso de DST em cada 100 pessoas por ano, e nos países em desenvolvimento as DST estão entre as 5 principais causas de procura por serviços de saúde (OMS-1990). Essas infecções são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos. Elas são transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha masculina ou feminina, com uma pessoa que esteja infectada. A transmissão de uma IST pode acontecer, ainda, da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação. De maneira menos comum, as IST também podem ser transmitidas por meio não sexual, pelo contato de mucosas ou pele não íntegra com secreções corporais contaminadas. O tratamento das pessoas com IST melhora a qualidade de vida e interrompe a cadeia de transmissão dessas infecções. O atendimento, o diagnóstico e o tratamento são gratuitos nos serviços de saúde do SUS. É notório que os portadores de DST continuam sendo discriminados nos vários níveis do sistema de saúde. Essas situações ferem a confidencialidade, discriminam as pessoas com DST e contribuem para afastá-las dos serviços de saúde. O que são ISTs/DSTs? A terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) passou a ser adotada em substituição à expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), porque destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas. Essas infecções quando não diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir para complicações graves, como infertilidades, câncer e até a morte. Infelizmente a falta de informação combinada com a despreocupação, principalmente dos jovens, são fatores determinantes para o aumento da transmissão das (ISTs). As ISTs como prioridade Em relação à priorização das ISTs, temos quatro critérios para que as priorizemos como agravos em saúde pública: • Magnitude: pode-se inferir por pesquisas a elevada frequência das IST no Brasil, alto índice de automedicação, orientação e tratamento inadequados, revelando muitos casos subclínicos, permanecendo transmissores e mantendo- se como os elos fundamentais na cadeia de transmissão das doenças. • Transcendência: as ISTs são o principal fator facilitador da transmissão sexual do HIV, na gestação, podem ser transmitidas ao feto e podem causar grande impacto psicológico e social em seus portadores; • Vulnerabilidade: as IST são agravos vulneráveis a ações de prevenção primária, devido às suas características epidemiológicas. O controle das DST é possível, desde que existam bons programas preventivos e uma rede de serviços básicos resolutivos, ou seja, unidades de saúde acessíveis para pronto atendimento, com profissionais preparados, não só para o diagnóstico e tratamento, mas também para o adequado acolhimento e aconselhamento dos portadores de DST e de seus parceiros sexuais, e que tenham a garantia de um fluxo contínuo de medicamentos e preservativos. Princípios e Estratégias para o controle Para o controle das ISTs, como em qualquer processo de controle de epidemias, temos como princípios básicos: • a interrupção da cadeia de transmissão: detecção e tratamento dos casos precoces, e de seus parceiros, adequada e oportunamente. • a prevenção de novas ocorrências: faz-se aconselhamento específico, buscando a compreensão e o seguimento das prescrições médicas e contribuindo de forma mais efetiva para a adoção de práticas sexuais mais seguras. Vigilância epidemiológica das ISTs Vigilância Epidemiológica é o conjunto de atividades que permite reunir a informação indispensável para conhecer, a cada momento, o comportamento ou a história natural de uma doença, e detectar ou prever mudança que possa ocorrer por alteração dos fatores que a condicionam. A sua finalidade maior vem a ser recomendar, sobre bases científicas, as medidas oportunas que levem à prevenção e ao controle dessa mesma doença. Portanto, a vigilância epidemiológica só será eficiente se puder proporcionar informações fidedignas. Caso contrário, corre-se um grande risco de levar a cabo ações de controle de forma empírica, sem que o seu impacto sobre a resolução do problema possa ser avaliado com segurança. Ainda assim, sua utilidade dependerá da capacidade dos servidores de saúde em executar as medidas recomendadas. Sob esse ângulo, a vigilância epidemiológica constitui o subitem informação do sistema informação-decisão-controle de doenças específicas. As principais atribuições do serviço de vigilância epidemiológica são: - Reunir toda a informação necessária e atualizada; - Processar, analisar e interpretar os dados; e - Recomendar a implantação e/ou implementação das atividades pertinentes ao controle imediato, ou a longo prazo, da doença. Assim, poderíamos definir a atividade de vigilância epidemiológica como informação para a ação. Aconselhamento O aconselhamento é entendido como um processo de escuta ativa individualizado e centrado no cliente. Pressupõe a capacidade de estabelecer uma relação de confiança entre os interlocutores, visando o resgate dos recursos internos do cliente para que ele mesmo tenha possibilidade de reconhecer-se como sujeito de sua própria saúde e transformação. Tido como um instrumento importante para a quebra na cadeia de transmissão das IST, o aconselhamento auxilia o paciente a: • compreender a relação existente entre o seu comportamento e o problema de saúde que está apresentando, • a reconhecer os recursos que tem para cuidar da sua saúde e evitar novas infecções. Esta prática pressupõe o reconhecimento pelo profissional de que o sucesso a ser alcançado depende da ação conjunta de ambos interlocutores (profissional e paciente). Implica, portanto, na participação ativa do paciente no processo terapêutico e na promoção de um diálogo no qual a mensagem é contextualizada às características e vivências do indivíduo em atendimento. Referências bibliográficas Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Projetos Especiais de Saúde. Coordenação de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids. Manual de Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis. Brasília. Ministério da Saúde, 1999 - 3ª edição 142 p. HIV Descrição O HIV também conhecido como o vírus da imunodeficiência humana, pertence à família retrovidae e se apresenta em dois subtipos, HIV1 e HIV2. (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., p. 239). Ataca o sistema imunológico, deixando o corpo vulnerável a várias infecções e tem o contato sexual e compartilhamento de agulhas ou acidentes com objetos cortantes as principais formas de transmissão. Características clínicas As lesões bucais ocorrem com frequência em pacientes infectados pelo vírus HIV, podendo ser a representação dos primeiros sinais da doença. As mais prevalentes são: a candidíase nas suas diversas formas clínicas, as doenças gengivais e periodontais, a leucoplasia pilosa, o sarcoma de Kaposi (SK) e o herpes simples. Dentre estas lesões, o SK (Figura 1), é considerado um sinal patognomônico da doença, tem como agente etiológico o vírus Herpes humano tipo 8 (HHV-8) e manifesta estágios clínicos diferentes, mácula, placa ou nódulo. A fase macular apresenta pouca proliferação de vasos na derme, na fase de placa tem-sea proliferação de células e vasos envolvendo a maior parte da derme e, por vezes, até o tecido subcutâneo, já a nodular apresenta uma massa bem circunscrita na derme. Figura 1: Sarcoma de Kaposi associado ao HIV. Aumento do volume vermelho- azulado, difuso da gengiva demonstrando necrose disseminada. Fonte: (NEVILLE et al., 2009, 3 ed., p. 255) Características histopatológicas Em relação a análise histopatológica, o SK apresenta grande variedade citohistológica, com diferenças de acordo com o estágio clínico (mácula, placa ou nódulo), como proliferação de células fusiformes; vascularização anormal; sinal de promontório com dissecação do colágeno; depósitos de hemossiderina; inclusões hialinas; extravasamento de eritrócitos; invasão vascular; atipia celular; desmoplasia e figuras mitóticas (MOHANLAL et al, 2015; SPEICHER et al, 2015). Prognóstico/tratamento O prognostico (Risco de aids, morte ou ambos) é realizado através da contagem de células CD4 em curto prazo e o nível plasmático de RNA do HIV em longo prazo. O tratamento consiste em na combinação de terapias antirretrovirais e quimioprofilaxia para infecções oportunistas em pacientes de alto risco. Considera-se que a cura da infecção pelo HIV não é possível e, portanto, o tratamento medicamentoso por toda a vida é necessário. Com o advento das terapias antirretrovirais, houve uma diminuição na mortalidade e também nas doenças associadas ao HIV, aumentando assim a expectativa de vida destes pacientes, e consequentemente, o surgimento de doenças crônicas. Referências bibliográficas Brad Neville, [et. al.]; Patologia oral & maxilofacial /– 4. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. PAPILOMA Descrição O papilomavírus humano (HPV) é um tumor benigno que pode surgir na pele ou mucosa no formato de um mamilo. As lesões orais causadas pelo HPV (comumente denominadas verrugas orais) incluem o papiloma escamoso oral e a hiperplasia epitelial multifocal. https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doenças-infecciosas/vírus-da-imunodeficiência-humana-hiv/infecção-pelo-vírus-da-imunodeficiência-humana-hiv#v1022730_pt Características Clínicas A hiperplasia epitelial multifocal (HEM) se apresenta como múltiplas projeções nódulo-papulares e indolores, que podem agrupar-se em placas normocrômicas e acometem principalmente mucosa labial, mucosa jugal e língua (Figura 2). No papiloma escamoso pode-se notar um crescimento exofílico com superfície rugosa, semelhante a uma couve-flor, alterando a cor entre branco, rosa e/ou avermelhado de acordo com a queratinização (Figura 3). Figura 2: hiperplasia epitelial multifocal em todo rebordo bucal Fonte: Disponível em: http://ve.scielo.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0001- 63652007000300019&lng=es&nrm=iso&tlng=es Figura 3: Papiloma Escamoso - Lesão esbranquiçada apresentando superfície papilar em palato Fonte: Disponível em: http://www.studiodentisticovalenti.com/en/oral-pathology Características Histopatológicas http://www.studiodentisticovalenti.com/en/oral-pathology Na histopatologia HEM apresenta-se uma mucosa revestida por epitélio escamoso estratificado hiperplásico exibindo área de acantose, cristas epiteliais largas e células mitosóides. Já o Papiloma Escamoso evidencia o epitélio com padrão de maturação normal. Papilomas ocasionais mostram hiperplasia basilar e atividade mitótica, que podem ser confundidas com displasia epitelial leve, verruga vulgar e condiloma. Tratamento/Prognóstico O tratamento aconselhado para o Papiloma Escamoso consiste na remoção cirúrgica; outras opções incluem crioterapia, eletrocautério e ablação com laser. No entanto, todos esses métodos cirúrgicos estão associados à recorrência frequente, e os dois últimos métodos podem expor a equipe cirúrgica e o paciente a aerossol que pode conter HPV infectante. Tratamentos alternativos empíricos incluem o uso tópico de cidofovir, interferon-alfa intralesional ou sistêmico, cimetidina oral e podofilina tópica. O Papiloma Escamoso bucal está associado a prognóstico favorável, até por ser uma neoplasia benigna e mesmo tendo chances de recorrência. Já a Hiperplasia Epitelial Multiforme não apresenta tratamento específico. Regressão espontânea ou desaparecimento das lesões foram observados em diversos casos. Portanto, possui um prognóstico positivo. Referências bibliográficas Andrade SA, Pratavieira S,et al. Papiloma escamoso oral: uma visão sob aspectos clínicos, de fluorescência e histopatológicos. einstein (São Paulo). 2019;17(2):eRC4624. http://dx.doi.org/ 10.31744/einstein_journal/2019 Brad Neville, [et. al.]; Patologia oral & maxilofacial /– 4. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. CONDILOMA ACUMINADO Descrição Causado pelo papiloma vírus (papiloma vírus humano). Ocorre mais frequentemente na pele e mucosa anogenital, considerado doença de transmissão venérea, sendo que sua baixa referência na cavidade oral e orofaringe pode ser devido ao fato de normalmente ser confundido com outras lesões (papiloma, verruga, pólipo fibroepitelial etc.). A inoculação de um extrato sem bactérias e sem células de condiloma acuminado na pele produz verruca vulgaris ou verruca plana e que a inoculação em mucosas produz condilomas. Características clínicas Aparece como lesões nodulares múltiplas e pequenas, sésseis, rosa- esbranquiçadas, podendo ocorrer em qualquer lugar da mucosa oral e trato aerodigestivo superior. (Figura 4). Figura 4: Condiloma Acuminado Fonte:https://www.facebook.com/camaragibeagora/photos/pcb.3044190152356613/304419006 5689955/ Características histopatológicas Apresenta-se como uma proliferação benigna de epitélio escamoso estratificado acantótico, com projeções papilares superficiais levemente ceratóticas. Prognóstico/tratamento É possível tratar as verrugas com medicamentos de prescrição aplicados diretamente nelas ou removê-las cirurgicamente. Independentemente do método usado os condilomas devem ser removidos, porque são contagiosos e podem espalhar-se para outras superfícies da boca e para outras pessoas através do contato. Referências bibliográficas Brad Neville, [et. al.]; Patologia oral & maxilofacial /– 4. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. Mononucleose Infecciosa (“Doença do Beijo”) Descrição Mononucleose infecciosa é uma doença transmissível pelo contato com a saliva. Causada pelo vírus chamado Epstein barr, a doença pode ter vários tipos manifestações. Características Clínicas A apresentação clínica varia de acordo com a idade. Mas em geral, os sintomas mais comuns são: febre, faringite (Figura 5), adenopadia, além de complicações como: sintomas neurológicos, psicológicos, respiratórios, hematológicos e hepáticos. Figura 5: Mononucleose infecciosa (Faringite) Fonte: disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as- infecciosas/herpes-v%C3%ADrus/mononucleose-infecciosa Características Histopatológicas O histopatológico é diagnosticado com alguns testes sorológicos e laboratoriais como o hemograma, que apresenta elevação das aminotransferases ALT e AST e há casos de aumento da bilirrubina, outro teste bastante eficaz é o monoteste para anticorpos heterofilos que aponta os anticorpos IgM e IgG elevados. https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/herpes-v%C3%ADrus/mononucleose-infecciosa https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/herpes-v%C3%ADrus/mononucleose-infecciosa Tratamento/ prognóstico A mononucleose infecciosa é normalmente autolimitada. A duração da doença varia; a fase aguda dura cerca de 2 semanas. Fadiga pode persistir por várias semanas ou, em até 10% dos casos, por meses. O tratamento da mononucleose infecciosa é de suporte,consiste em repouso e em casos graves o uso de corticoide é recomendado. A maioria dos casos possui prognóstico positivo e, normalmente, desaparece dentro de algumas semanas, mas em alguns casos pode levar meses para sarar. Pessoas que tiveram mononucleose uma vez desenvolvem anticorpos para a doença, não podendo contrai-la novamente. Mas a literatura trás que algumas complicações podem acontecer decorrente da presença do vírus Epstein-Barr. As múltiplas complicações que podem surgir refletem a variedade de órgãos comprometidos, o polimorfismo da doença, além das dificuldades diagnósticas. As complicações tornam-se importantes em menos de 5% dos casos, atingindo mortalidade de 1:3.000 casos. Referências bibliográficas Da Silva, Vanessa Yuri Nakaoka Elias et al. Mononucleose infecciosa - uma revisão de literatura -. Revista UNINGÁ review, [S.l.], v. 16, n. 1, out. 2013. ISSN 2178-2571. Disponível em: <http://34.233.57.254/index.php/uningareviews/article/view/1460>. Acesso em: 13 out. 2020. Cardoso, M., André, S., Leal, L., Araújo, J., & Santos, M. (1). Mononucleose infecciosa: estudo retrospectivo. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia E Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 48(4), 195-200. https://doi.org/10.34631/sporl.211 Herpes Simples Descrição Herpes simples é uma lesão decorrente por dois tipos de vírus. Em geral com aparição entre o lábio ocasionado pelos herpes vírus tipo um (HSV-1) e do tipo dois (HSV-2) em regiões genitais, sendo manifestada em casos de stress ou diluição do quadro imunológico. Sua disseminação ocorre por troca salivar ou contato sexual, podendo apresentar sintomas logo após contato ou periodicamente (NEVILLE et al.,2016). Características Clínicas A gengivoestomatite herpética aguda (herpes primário) é o padrão mais comum de infecção primária sintomática pelo HSV e mais de 90% dos casos são resultantes da infecção pelo HSV-1 (Figura 1). A herpes labial pode-se manifestar nos lábios, boca ou gengiva e as manifestações dependem muito do estado imunológico do indivíduo. Normalmente, a herpes oral apresenta pequenas lesões avermelhadas, que aumentam de tamanho e desenvolvem áreas centrais de ulceração, recobertas por fibrina amarela (Figura 6). Os casos brandos têm remissão em cinco a sete dias (NEVILLE et al.,2016). Figura 6: Gengivoestomatite Herpética Aguda Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., ps. 468-469) Em situações como idade avançada, estresse, tratamento odontológico, doenças sistêmicas e neoplasias malignas, dentre outras, têm sido associadas à reativação do vírus (Infecção pelo HSV-1 secundária, recorrente ou recrudescente, sendo mais comum de recidiva (Figura 7) (NEVILLE et al.,2016). Figura 7: Herpes labial. Múltiplas vesículas preenchidas por líquido no vermelhão do lábio. Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., p. 470) Vale atentar para as infecções recorrentes pelo HSV, em uma úlcera crônica oral, pois pode vislumbrar disfunção imunológica, muito comum em pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). Características Histopatológicas Histologicamente o processo acontece de maneira no qual a célula exibe acantólise com o núcleo claro e aumentado e com degeneração balonizante (Figura 8) (NEVILLE et al.,2016). Figura 8: de células epiteliais alteradas exibindo degeneração, balonizante, marginação de cromatina e multiceração. Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., p. 475) Tratamento/Prognóstico O tratamento consiste no uso de uma pomada antiviral nomeada aciclovir quando há surgimento de lesão, o uso é opcional pois a ferida some em média 5 a 10 dias. Em casos específicos como quando ocorrendo grande número de recidiva anual ao mesmo paciente a opção e tratar com antivirais orais agindo na célula impedindo a replicação, fazendo com que diminua as rupturas. Seu diagnóstico é feito minuciosamente na boca por uma boa anamnese (NEVILLE et al.,2016). Referências bibliográficas Brad Neville, [et. al.]; Patologia oral & maxilofacial /– 4. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. Sífilis Descrição Sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. Apresentam fases distintas com sintomas específicos (sífilis primária, secundária e terciária), ela é conhecida por ser silenciosa. Há outros tipos de Sífilis como a Cardiovascular, Sífilis Congênita e Neurossífilis (ACCIOLI et al., 2019). Na cavidade Ora,l a sífilis pode apresentar- se como ulceração, manchas mucosas, e lesões maculopapulares ocorrendo mais comumente no estágio secundário e mais raramente é um sinal na forma primária da doença (DYBECK e LUND, 2016). Características clínicas A sífilis apresenta três estágios clínicos. O estágio primário da doença ocorre por volta de 90 dias e é caracterizado pela presença de cancro que se desenvolve no local da lesão. O estágio secundário ocorre entre 2 e 12 semanas após o período primário, envolvendo sintomas cutâneos, mucosos e sistêmicos, dor de cabeça, febre baixa, anorexia, perda de peso e aumento dos linfócitos. O terceiro estágio da sífilis é tardio e pode levar em média 3 anos ou mais para se manifestar. As lesões orais da sífilis (Figura 9) podem ser múltiplas sendo as manifestações mais comuns as placas cinzentas, úlceras com bordas irregulares e esbranquiçadas, placas mucosas, nódulos, manchas e erosão (NEVILLE et al.,2016; CAPITANO, et al.,2017). Figura 9: Lesões orais da Sífilis Cancro Placa mucosa Placa mucosa da S. Secundária Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., ps. 375-380). A sífilis congênita resulta em um quadro de hipoplasia de esmalte nos dentes anteriore,os incisivos de Hutchinson, cujas características da coroa em formato de chave de fenda, com maior diâmetro no terço médio e incisal afilada, já nos dentes posteriores, os molares na face oclusal (Figura 10) sofrem alterações em sua forma (molares em amora, molares de Fournier, molares de Moon) (NEVILLE et al.,2016). Figura 10: Lesões dentais da Sífilis Incisivo de Hutchinson Molar em amora Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., ps. 375-380) Características histopatológicas O quadro histológico das sífilis primaria e secundária são semelhantes. Apresentam superfície epitelial ulcerada e, nas lesões secundarias podem estar ulceradas e hiperplásicas (Figura 11 A-B). As lesões orais da sífilis terciariam exibem superfície ulcerada, com hiperplasia pseudoepiteliomatosa periférica (NEVILLE et al.,2016). Figura 11: A- Sífilis Secundária, Condiloma Lata, mostrando hiperplasia epitelial papilar e intenso infiltrado plasmocitário no tecido conjuntivo. B- Sífilis Primária. Infiltrado inflamatório crônico perivascular de plasmócitos e linfócitos. (Cortesia do Dr. John Metcalf.) Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., p. 382-283) Características Radiográficas Em caso de sífilis congênita, a radiografia dos ossos longos (Figura 12) auxiliam no diagnostico, pois em mais de 50% dos casos atingem os ossos (LOURENÇO, 2016). Figura 12: Radiografia de ossos longos Fonte:https://www.spsp.org.br/2016/10/13/sifilis-congenita-aspectos-ortopedicos/ Tratamento e Prognóstico O prognóstico é ruim para a sífilis terciária com comprometimento cerebral ou cardíaco, pois a lesão pode não ser revertida. Primaria e secundária tem prognostico excelente. Tratamento de escolha é a penicilina benzatina (benzetacil). A gestante deve fazer acompanhamento mensal para tratamento e cura. Vale resaltar que a Sífilis é de notificação compulsória e a notificação deve ser feita por todos profissionais de saúde. Referências bibliográficas Accioli PV. Neurossífilis:conheça os sintomas e saiba como diagnósticar, Pubmed. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: https://pebmed.com.br/neurossifilis-voce-sabe-reconhecer-e-diagnosticar/. Acesso em: 25 de outubro de 2020. Brad Neville, [et. al.]; Patologia oral & maxilofacial /– 4. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. Capitano, B.S. Manifestações orais da sífilis, Passo Fundo, v. 22, n. 1, p. 82-85, jan./abr. 2017.http://docs.bvsalud.org/biblioref/2017/08/848727/artigo14. Dybeck S, Lund B. Oral Syphilis: A Reemerging Infection Prompting Clinicians’ Alertness .Hindawi Publishing Corporation Case Reports in Dentistry. v. 2016, http://dx.doi.org/10.1155/2016/6295920sso em: 25 de outubro de 2020. Lourenço. AF. Sífilis congênita – aspectos ortopédicos. São Paulo, 2016. https://www.spsp.org.br/2016/10/13/sifilis-congenita-aspectos-ortopedicos/. Acesso em: 25 de outubro de 2020. Gonorreia Descrição A gonorreia é uma doença infecciosa sexualmente transmissível, bacteriana, causada pela Neisseria gonorrhoeae e é transmitida quase exclusivamente por contato sexual ou perinatal. A infecção genital ascendente na mulher leva a uma complicação séria, a salpingite aguda, uma das principais causas de infertilidade feminina. (OLIVEIRA, et al., 2020; NEVILLE, et al., 2016). Características clínicas A infecção se dissemina pelo contato sexual e a maioria das lesões ocorre na região genital. Normalmente, o período de incubação varia de dois a cinco dias. As áreas frequentemente afetadas exibem significativa secreção purulenta. Na mulher pode causar a doença inflamatória pélvica levando a gravidez ectópica ou infertilidade. A gonorreia também afeta a cavidade oral, chamada de gonorreia faríngea porque normalmente afeta a região de faringe. As principais manifestações da gonorreia oral são: aftas na boca; lesões similares a herpes labial, ao redor da boca; garganta vermelha e dolorida, com dificuldade para engolir; amidalite; vermelhidão com manchas brancas que se assemelham a infecção de garganta e corrimento esbranquiçado ou amarelado (NEVILLE et al.,2016; HUMBERT e CHRISTODOULIDES, 2019). A gengivite ulcerativa necrotizante (GUN) pode raramente ser encontrada em dentes anteriores (Figura 13) porém, alguns clínicos relatam que o odor oral típico da GUN está ausente (NEVILLE et al.,2016). Figura 13: GUN Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., p. 255) A maioria dos casos de gonorreia oral parece ser resultado da felação, embora a gonorreia orofaringiana possa ocorrer pela septicemia gonocócica, pelo beijo ou cunilíngua. Figura 14: Felação Fonte: (Mendes et al., 2018) Mendes et al (2018), relatou em um relato clínico, que o diagnóstico de felação foi estabelecido durante um exame odontológico de rotina (Figura 14). Os sítios mais comuns de envolvimento a faringe, amígdalas e úvula devendo o profissional da saúde considerá-lo uma causa potencial de lesões palatinas em nosso diagnóstico diferencial (MENDES et al.,2018; NEVILLE et al.,2016). Tratamento e prognóstico: O tratamento é difícil devido à resistência que a bactéria tem aos antibióticos. Apenas a classe de antibióticos, cefalosporinas são eficazes nessa infecção. O tratamento de todos os parceiros sexuais recentes deve ser realizado (NEVILLE et al.,2016). Referências bibliográficas Brad Neville, [et. al.]; Patologia oral & maxilofacial /– 4. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. Humbert MV, Christodoulides M. Atypical, Yet Not Infrequent, Infections with Neisseria Species . Pathogens 2020, 9, 10; doi:10.3390/pathogens9010010 Mendez LA, Martinez R, Rubio M. BMJ Case Rep Published Online First: [please include Day Month Year]. doi:10.1136/ bcr-2017-221901 Oliveira G; Abrahão, L; Magalhães, T. Gonorreia. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Brasília, 33(5): 451-464, set-out, 2000. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v33n5/3125.pdf. Acesso em: 14 de outubro de 2020. Candidíase Descrição A candidíase é uma infecção causada pelo fungo de levedura, Candida albicans. Assim como outras doenças fúngicas, a candidíase apresenta dimorfismo, de forma inofensiva e patogênica dependendo dos mecanismos de defesa do corpo se encontrar comprometido favorecendo o crescimento do fungo (VILA et al., 2020). A candidíase é uma das infecções orais mais comuns e desenvolve diversas manifestações clínicas (NEVILLE et al.,2016). Características clínicas As manifestações clínicas dependem de fatores geraisdo organismo. As manifestações clínicas da candidíase oral (Figura 15,16) englobam lesões brancas e pastosas que aparecem em qualquer lugar da boca, dor durante movimentos irregulares da boca, sangramento, pacientes que usam dentadura apresentam vermelhidão e rachaduras no canto da boca, boca seca e perda perceptível do paladar (VILA et al., 2020). Figura 15 Queilite angular Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., p. 420). Figura 16: Candidíase Oral em diferentes formas de apresentação e intensidade Fonte: Disponível em: https://medsimples.com/sintomas-candidiase/ A tabela 1: vários padrões clínicos de candidíase oral Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., p. 415) Características histopatológicas O padrão histopatológico da candidíase oral pode variar dependendo da forma clínica da infecção que foi enviada para biopsia. As características em comum incluem maior espessura de paraqueratina (Figura 17) na superfície da lesão, junto com o alongamento das cristas epiteliais (NEVILLE et al.,2016). Tabela 1 https://medsimples.com/sintomas-candidiase/ Figura 17: Essa microfotografia exibe um padrão característico de paraqueratose, microabscessos neutrofílicos, uma camada espinhosa espessa e inflamação crônica Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., p. 255). Tratamento e diagnóstico O diagnóstico é feito a partir dos sinais clínicos do paciente e por um estudo histológico para analisar as mudanças morfológicas e morfométricas das células no local da infecção. Outro método é por meio de cultura que dará a identificação definitiva do patógeno. A infecção é tratada com medicações antifúngicas. O prognostico da candidíase depende de um bom diagnostico, que avalie o tipo de infecção e o uso de medicamentos antifúngicos, seguindo o tratamento de forma correta. (NEVILLE et al.,2016). Referências bibliográficas Brad Neville, [et. al.]; Patologia oral & maxilofacial /– 4. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. Niemies A., 2020. Sintomas da candidíase, outubro de 2016. Disponível em: https://medsimples.com/sintomas-candidiase/. Acessado em: 14 de outubro de 2020. Vila T, Sultan AS, Montelongo-Jauregui D, Jabra-Rizk MA. Oral Candidiasis: A Disease of Opportunity J. Fungi 2020, 6, 15.
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