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ISTs na odontologia

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ABORDANDO O TEMA 
Apresentação 
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) estão entre os 
problemas de saúde pública mais comuns em todo o mundo. Nos últimos anos, 
provavelmente devido à alta transcendência da aids, o trabalho com as outras 
IST, doenças que facilitam a transmissão do HIV, passou a ter redobrada 
importância, principalmente no que se refere à vigilância epidemiológica, ao 
treinamento de profissionais para o atendimento adequado, e à disponibilidade 
e controle de medicamentos. 
Nos países industrializados ocorre um novo caso de DST em cada 100 
pessoas por ano, e nos países em desenvolvimento as DST estão entre as 5 
principais causas de procura por serviços de saúde (OMS-1990). 
Essas infecções são causadas por vírus, bactérias ou outros 
microrganismos. Elas são transmitidas, principalmente, por meio do contato 
sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha masculina ou feminina, com 
uma pessoa que esteja infectada. A transmissão de uma IST pode acontecer, 
ainda, da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação. 
De maneira menos comum, as IST também podem ser transmitidas por meio 
não sexual, pelo contato de mucosas ou pele não íntegra com secreções 
corporais contaminadas. O tratamento das pessoas com IST melhora a 
qualidade de vida e interrompe a cadeia de transmissão dessas infecções. O 
atendimento, o diagnóstico e o tratamento são gratuitos nos serviços de saúde 
do SUS. 
É notório que os portadores de DST continuam sendo discriminados nos 
vários níveis do sistema de saúde. Essas situações ferem a confidencialidade, 
discriminam as pessoas com DST e contribuem para afastá-las dos serviços de 
saúde. 
 
O que são ISTs/DSTs? 
A terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) passou a 
ser adotada em substituição à expressão Doenças Sexualmente 
Transmissíveis (DST), porque destaca a possibilidade de uma pessoa ter e 
transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas. Essas infecções 
quando não diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir para 
complicações graves, como infertilidades, câncer e até a morte. Infelizmente a 
falta de informação combinada com a despreocupação, principalmente dos 
jovens, são fatores determinantes para o aumento da transmissão das (ISTs). 
 
As ISTs como prioridade 
Em relação à priorização das ISTs, temos quatro critérios para que as 
priorizemos como agravos em saúde pública: 
• Magnitude: pode-se inferir por pesquisas a elevada frequência das IST 
no Brasil, alto índice de automedicação, orientação e tratamento inadequados, 
revelando muitos casos subclínicos, permanecendo transmissores e mantendo-
se como os elos fundamentais na cadeia de transmissão das doenças. 
• Transcendência: as ISTs são o principal fator facilitador da transmissão 
sexual do HIV, na gestação, podem ser transmitidas ao feto e podem causar 
grande impacto psicológico e social em seus portadores; 
• Vulnerabilidade: as IST são agravos vulneráveis a ações de prevenção 
primária, devido às suas características epidemiológicas. O controle das DST é 
possível, desde que existam bons programas preventivos e uma rede de 
serviços básicos resolutivos, ou seja, unidades de saúde acessíveis para 
pronto atendimento, com profissionais preparados, não só para o diagnóstico e 
tratamento, mas também para o adequado acolhimento e aconselhamento dos 
portadores de DST e de seus parceiros sexuais, e que tenham a garantia de 
um fluxo contínuo de medicamentos e preservativos. 
 
Princípios e Estratégias para o controle 
Para o controle das ISTs, como em qualquer processo de controle de 
epidemias, temos como princípios básicos: 
• a interrupção da cadeia de transmissão: detecção e tratamento dos 
casos precoces, e de seus parceiros, adequada e oportunamente. 
• a prevenção de novas ocorrências: faz-se aconselhamento específico, 
buscando a compreensão e o seguimento das prescrições médicas e 
contribuindo de forma mais efetiva para a adoção de práticas sexuais mais 
seguras. 
 
Vigilância epidemiológica das ISTs 
Vigilância Epidemiológica é o conjunto de atividades que permite reunir a 
informação indispensável para conhecer, a cada momento, o comportamento 
ou a história natural de uma doença, e detectar ou prever mudança que possa 
ocorrer por alteração dos fatores que a condicionam. A sua finalidade maior 
vem a ser recomendar, sobre bases científicas, as medidas oportunas que 
levem à prevenção e ao controle dessa mesma doença. 
Portanto, a vigilância epidemiológica só será eficiente se puder 
proporcionar informações fidedignas. Caso contrário, corre-se um grande risco 
de levar a cabo ações de controle de forma empírica, sem que o seu impacto 
sobre a resolução do problema possa ser avaliado com segurança. Ainda 
assim, sua utilidade dependerá da capacidade dos servidores de saúde em 
executar as medidas recomendadas. 
Sob esse ângulo, a vigilância epidemiológica constitui o subitem 
informação do sistema informação-decisão-controle de doenças específicas. 
As principais atribuições do serviço de vigilância epidemiológica são: 
 - Reunir toda a informação necessária e atualizada; 
 - Processar, analisar e interpretar os dados; e 
 - Recomendar a implantação e/ou implementação das atividades 
pertinentes ao controle imediato, ou a longo prazo, da doença. 
Assim, poderíamos definir a atividade de vigilância epidemiológica como 
informação para a ação. 
 
Aconselhamento 
O aconselhamento é entendido como um processo de escuta ativa 
individualizado e centrado no cliente. Pressupõe a capacidade de estabelecer 
uma relação de confiança entre os interlocutores, visando o resgate dos 
recursos internos do cliente para que ele mesmo tenha possibilidade de 
reconhecer-se como sujeito de sua própria saúde e transformação. Tido como 
um instrumento importante para a quebra na cadeia de transmissão das IST, o 
aconselhamento auxilia o paciente a: 
• compreender a relação existente entre o seu comportamento e o 
problema de saúde que está apresentando, 
• a reconhecer os recursos que tem para cuidar da sua saúde e evitar 
novas infecções. Esta prática pressupõe o reconhecimento pelo profissional de 
que o sucesso a ser alcançado depende da ação conjunta de ambos 
interlocutores (profissional e paciente). Implica, portanto, na participação ativa 
do paciente no processo terapêutico e na promoção de um diálogo no qual a 
mensagem é contextualizada às características e vivências do indivíduo em 
atendimento. 
 
Referências bibliográficas 
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Projetos Especiais de Saúde. 
Coordenação de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids. Manual de 
Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis. Brasília. Ministério da 
Saúde, 1999 - 3ª edição 142 p. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HIV 
Descrição 
O HIV também conhecido como o vírus da imunodeficiência humana, 
pertence à família retrovidae e se apresenta em dois subtipos, HIV1 e HIV2. 
(NEVILLE et al., 2016, 4 ed., p. 239). Ataca o sistema imunológico, deixando o 
corpo vulnerável a várias infecções e tem o contato sexual e compartilhamento 
de agulhas ou acidentes com objetos cortantes as principais formas de 
transmissão. 
 
Características clínicas 
As lesões bucais ocorrem com frequência em pacientes infectados pelo 
vírus HIV, podendo ser a representação dos primeiros sinais da doença. As 
mais prevalentes são: a candidíase nas suas diversas formas clínicas, as 
doenças gengivais e periodontais, a leucoplasia pilosa, o sarcoma de Kaposi 
(SK) e o herpes simples. 
Dentre estas lesões, o SK (Figura 1), é considerado um sinal 
patognomônico da doença, tem como agente etiológico o vírus Herpes humano 
tipo 8 (HHV-8) e manifesta estágios clínicos diferentes, mácula, placa ou 
nódulo. A fase macular apresenta pouca proliferação de vasos na derme, na 
fase de placa tem-sea proliferação de células e vasos envolvendo a maior 
parte da derme e, por vezes, até o tecido subcutâneo, já a nodular apresenta 
uma massa bem circunscrita na derme. 
 
Figura 1: Sarcoma de Kaposi associado ao HIV. Aumento do volume vermelho-
azulado, difuso da gengiva demonstrando necrose disseminada. 
 
Fonte: (NEVILLE et al., 2009, 3 ed., p. 255) 
 
 
Características histopatológicas 
Em relação a análise histopatológica, o SK apresenta grande variedade 
citohistológica, com diferenças de acordo com o estágio clínico (mácula, placa 
ou nódulo), como proliferação de células fusiformes; vascularização anormal; 
sinal de promontório com dissecação do colágeno; depósitos de 
hemossiderina; inclusões hialinas; extravasamento de eritrócitos; invasão 
vascular; atipia celular; desmoplasia e figuras mitóticas (MOHANLAL et al, 
2015; SPEICHER et al, 2015). 
 
Prognóstico/tratamento 
O prognostico (Risco de aids, morte ou ambos) é realizado através da 
contagem de células CD4 em curto prazo e o nível plasmático de RNA do HIV 
em longo prazo. O tratamento consiste em na combinação de terapias 
antirretrovirais e quimioprofilaxia para infecções oportunistas em pacientes de 
alto risco. 
Considera-se que a cura da infecção pelo HIV não é possível e, 
portanto, o tratamento medicamentoso por toda a vida é necessário. Com o 
advento das terapias antirretrovirais, houve uma diminuição na mortalidade e 
também nas doenças associadas ao HIV, aumentando assim a expectativa de 
vida destes pacientes, e consequentemente, o surgimento de doenças 
crônicas. 
 
Referências bibliográficas 
Brad Neville, [et. al.]; Patologia oral & maxilofacial /– 4. ed. - Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2016. 
 
PAPILOMA 
Descrição 
O papilomavírus humano (HPV) é um tumor benigno que pode surgir na 
pele ou mucosa no formato de um mamilo. As lesões orais causadas pelo HPV 
(comumente denominadas verrugas orais) incluem o papiloma escamoso oral e 
a hiperplasia epitelial multifocal. 
 
 
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doenças-infecciosas/vírus-da-imunodeficiência-humana-hiv/infecção-pelo-vírus-da-imunodeficiência-humana-hiv#v1022730_pt
 
Características Clínicas 
A hiperplasia epitelial multifocal (HEM) se apresenta como múltiplas 
projeções nódulo-papulares e indolores, que podem agrupar-se em placas 
normocrômicas e acometem principalmente mucosa labial, mucosa jugal e 
língua (Figura 2). No papiloma escamoso pode-se notar um crescimento 
exofílico com superfície rugosa, semelhante a uma couve-flor, alterando a cor 
entre branco, rosa e/ou avermelhado de acordo com a queratinização (Figura 
3). 
 
 Figura 2: hiperplasia epitelial multifocal em todo rebordo bucal 
Fonte: Disponível em: http://ve.scielo.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0001-
63652007000300019&lng=es&nrm=iso&tlng=es 
 
Figura 3: Papiloma Escamoso - Lesão esbranquiçada apresentando superfície papilar 
em palato 
Fonte: Disponível em: http://www.studiodentisticovalenti.com/en/oral-pathology 
 
Características Histopatológicas 
http://www.studiodentisticovalenti.com/en/oral-pathology
Na histopatologia HEM apresenta-se uma mucosa revestida por epitélio 
escamoso estratificado hiperplásico exibindo área de acantose, cristas 
epiteliais largas e células mitosóides. Já o Papiloma Escamoso evidencia o 
epitélio com padrão de maturação normal. Papilomas ocasionais mostram 
hiperplasia basilar e atividade mitótica, que podem ser confundidas com 
displasia epitelial leve, verruga vulgar e condiloma. 
 
Tratamento/Prognóstico 
O tratamento aconselhado para o Papiloma Escamoso consiste na 
remoção cirúrgica; outras opções incluem crioterapia, eletrocautério e ablação 
com laser. No entanto, todos esses métodos cirúrgicos estão associados à 
recorrência frequente, e os dois últimos métodos podem expor a equipe 
cirúrgica e o paciente a aerossol que pode conter HPV infectante. Tratamentos 
alternativos empíricos incluem o uso tópico de cidofovir, interferon-alfa 
intralesional ou sistêmico, cimetidina oral e podofilina tópica. 
O Papiloma Escamoso bucal está associado a prognóstico favorável, até 
por ser uma neoplasia benigna e mesmo tendo chances de recorrência. 
Já a Hiperplasia Epitelial Multiforme não apresenta tratamento 
específico. Regressão espontânea ou desaparecimento das lesões foram 
observados em diversos casos. Portanto, possui um prognóstico positivo. 
 
Referências bibliográficas 
Andrade SA, Pratavieira S,et al. Papiloma escamoso oral: uma visão sob 
aspectos clínicos, de fluorescência e histopatológicos. einstein (São Paulo). 
2019;17(2):eRC4624. http://dx.doi.org/ 10.31744/einstein_journal/2019 
 
Brad Neville, [et. al.]; Patologia oral & maxilofacial /– 4. ed. - Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2016. 
 
CONDILOMA ACUMINADO 
Descrição 
Causado pelo papiloma vírus (papiloma vírus humano). Ocorre mais 
frequentemente na pele e mucosa anogenital, considerado doença de 
transmissão venérea, sendo que sua baixa referência na cavidade oral e 
orofaringe pode ser devido ao fato de normalmente ser confundido com outras 
lesões (papiloma, verruga, pólipo fibroepitelial etc.). A inoculação de um extrato 
sem bactérias e sem células de condiloma acuminado na pele produz verruca 
vulgaris ou verruca plana e que a inoculação em mucosas produz condilomas. 
 
Características clínicas 
Aparece como lesões nodulares múltiplas e pequenas, sésseis, rosa-
esbranquiçadas, podendo ocorrer em qualquer lugar da mucosa oral e trato 
aerodigestivo superior. (Figura 4). 
 Figura 4: Condiloma Acuminado 
Fonte:https://www.facebook.com/camaragibeagora/photos/pcb.3044190152356613/304419006
5689955/ 
 
Características histopatológicas 
Apresenta-se como uma proliferação benigna de epitélio escamoso 
estratificado acantótico, com projeções papilares superficiais levemente 
ceratóticas. 
 
Prognóstico/tratamento 
É possível tratar as verrugas com medicamentos de prescrição aplicados 
diretamente nelas ou removê-las cirurgicamente. Independentemente do 
método usado os condilomas devem ser removidos, porque são contagiosos e 
podem espalhar-se para outras superfícies da boca e para outras pessoas 
através do contato. 
 
Referências bibliográficas 
Brad Neville, [et. al.]; Patologia oral & maxilofacial /– 4. ed. - Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2016. 
 
 
 
Mononucleose Infecciosa (“Doença do Beijo”) 
Descrição 
Mononucleose infecciosa é uma doença transmissível pelo contato com 
a saliva. Causada pelo vírus chamado Epstein barr, a doença pode ter vários 
tipos manifestações. 
 
Características Clínicas 
A apresentação clínica varia de acordo com a idade. Mas em geral, os 
sintomas mais comuns são: febre, faringite (Figura 5), adenopadia, além de 
complicações como: sintomas neurológicos, psicológicos, respiratórios, 
hematológicos e hepáticos. 
 
 Figura 5: Mononucleose infecciosa (Faringite) 
Fonte: disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-
infecciosas/herpes-v%C3%ADrus/mononucleose-infecciosa 
 
Características Histopatológicas 
O histopatológico é diagnosticado com alguns testes sorológicos e 
laboratoriais como o hemograma, que apresenta elevação das 
aminotransferases ALT e AST e há casos de aumento da bilirrubina, outro teste 
bastante eficaz é o monoteste para anticorpos heterofilos que aponta os 
anticorpos IgM e IgG elevados. 
 
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/herpes-v%C3%ADrus/mononucleose-infecciosa
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/herpes-v%C3%ADrus/mononucleose-infecciosa
Tratamento/ prognóstico 
A mononucleose infecciosa é normalmente autolimitada. A duração da 
doença varia; a fase aguda dura cerca de 2 semanas. Fadiga pode persistir por 
várias semanas ou, em até 10% dos casos, por meses. O tratamento da 
mononucleose infecciosa é de suporte,consiste em repouso e em casos 
graves o uso de corticoide é recomendado. 
A maioria dos casos possui prognóstico positivo e, normalmente, 
desaparece dentro de algumas semanas, mas em alguns casos pode levar 
meses para sarar. Pessoas que tiveram mononucleose uma vez desenvolvem 
anticorpos para a doença, não podendo contrai-la novamente. Mas a literatura 
trás que algumas complicações podem acontecer decorrente da presença do 
vírus Epstein-Barr. 
As múltiplas complicações que podem surgir refletem a variedade de 
órgãos comprometidos, o polimorfismo da doença, além das dificuldades 
diagnósticas. As complicações tornam-se importantes em menos de 5% dos 
casos, atingindo mortalidade de 1:3.000 casos. 
 
Referências bibliográficas 
Da Silva, Vanessa Yuri Nakaoka Elias et al. Mononucleose infecciosa - uma 
revisão de literatura -. Revista UNINGÁ review, [S.l.], v. 16, n. 1, out. 2013. 
ISSN 2178-2571. Disponível em: 
<http://34.233.57.254/index.php/uningareviews/article/view/1460>. Acesso em: 
13 out. 2020. 
 
Cardoso, M., André, S., Leal, L., Araújo, J., & Santos, M. (1). Mononucleose 
infecciosa: estudo retrospectivo. Revista Portuguesa De Otorrinolaringologia E 
Cirurgia De Cabeça E Pescoço, 48(4), 195-200. 
https://doi.org/10.34631/sporl.211 
 
 
Herpes Simples 
Descrição 
 Herpes simples é uma lesão decorrente por dois tipos de vírus. Em geral 
com aparição entre o lábio ocasionado pelos herpes vírus tipo um (HSV-1) e do 
tipo dois (HSV-2) em regiões genitais, sendo manifestada em casos de stress 
ou diluição do quadro imunológico. Sua disseminação ocorre por troca salivar 
ou contato sexual, podendo apresentar sintomas logo após contato ou 
periodicamente (NEVILLE et al.,2016). 
 
Características Clínicas 
 A gengivoestomatite herpética aguda (herpes primário) é o padrão mais 
comum de infecção primária sintomática pelo HSV e mais de 90% dos casos 
são resultantes da infecção pelo HSV-1 (Figura 1). A herpes labial pode-se 
manifestar nos lábios, boca ou gengiva e as manifestações dependem muito do 
estado imunológico do indivíduo. Normalmente, a herpes oral apresenta 
pequenas lesões avermelhadas, que aumentam de tamanho e desenvolvem 
áreas centrais de ulceração, recobertas por fibrina amarela (Figura 6). Os 
casos brandos têm remissão em cinco a sete dias (NEVILLE et al.,2016). 
 
Figura 6: Gengivoestomatite Herpética Aguda 
 
Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., ps. 468-469) 
Em situações como idade avançada, estresse, tratamento odontológico, 
doenças sistêmicas e neoplasias malignas, dentre outras, têm sido associadas 
à reativação do vírus (Infecção pelo HSV-1 secundária, recorrente ou 
recrudescente, sendo mais comum de recidiva (Figura 7) (NEVILLE et 
al.,2016). 
 
Figura 7: Herpes labial. Múltiplas vesículas preenchidas por líquido no vermelhão do lábio. 
 
Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., p. 470) 
Vale atentar para as infecções recorrentes pelo HSV, em uma úlcera crônica 
oral, pois pode vislumbrar disfunção imunológica, muito comum em pacientes com 
síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). 
 
Características Histopatológicas 
 Histologicamente o processo acontece de maneira no qual a célula 
exibe acantólise com o núcleo claro e aumentado e com degeneração 
balonizante (Figura 8) (NEVILLE et al.,2016). 
 
Figura 8: de células epiteliais alteradas exibindo degeneração, balonizante, marginação de 
cromatina e multiceração. 
 
 
 
 
 
Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., p. 475) 
 
 
Tratamento/Prognóstico 
O tratamento consiste no uso de uma pomada antiviral nomeada 
aciclovir quando há surgimento de lesão, o uso é opcional pois a ferida some 
em média 5 a 10 dias. Em casos específicos como quando ocorrendo grande 
número de recidiva anual ao mesmo paciente a opção e tratar com antivirais 
orais agindo na célula impedindo a replicação, fazendo com que diminua as 
rupturas. Seu diagnóstico é feito minuciosamente na boca por uma boa 
anamnese (NEVILLE et al.,2016). 
 
Referências bibliográficas 
Brad Neville, [et. al.]; Patologia oral & maxilofacial /– 4. ed. - Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2016. 
 
 
 
 
Sífilis 
Descrição 
Sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela 
bactéria Treponema pallidum. Apresentam fases distintas com sintomas 
específicos (sífilis primária, secundária e terciária), ela é conhecida por ser 
silenciosa. Há outros tipos de Sífilis como a Cardiovascular, Sífilis Congênita e 
Neurossífilis (ACCIOLI et al., 2019). Na cavidade Ora,l a sífilis pode apresentar-
se como ulceração, manchas mucosas, e lesões maculopapulares ocorrendo 
mais comumente no estágio secundário e mais raramente é um sinal na forma 
primária da doença (DYBECK e LUND, 2016). 
 
Características clínicas 
A sífilis apresenta três estágios clínicos. O estágio primário da doença 
ocorre por volta de 90 dias e é caracterizado pela presença de cancro que se 
desenvolve no local da lesão. O estágio secundário ocorre entre 2 e 12 
semanas após o período primário, envolvendo sintomas cutâneos, mucosos e 
sistêmicos, dor de cabeça, febre baixa, anorexia, perda de peso e aumento dos 
linfócitos. O terceiro estágio da sífilis é tardio e pode levar em média 3 anos ou 
mais para se manifestar. As lesões orais da sífilis (Figura 9) podem ser 
múltiplas sendo as manifestações mais comuns as placas cinzentas, úlceras 
com bordas irregulares e esbranquiçadas, placas mucosas, nódulos, manchas 
e erosão (NEVILLE et al.,2016; CAPITANO, et al.,2017). 
 
Figura 9: Lesões orais da Sífilis 
 Cancro Placa mucosa Placa mucosa da S. Secundária 
 
Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., ps. 375-380). 
A sífilis congênita resulta em um quadro de hipoplasia de esmalte nos 
dentes anteriore,os incisivos de Hutchinson, cujas características da coroa em 
formato de chave de fenda, com maior diâmetro no terço médio e incisal 
afilada, já nos dentes posteriores, os molares na face oclusal (Figura 10) 
sofrem alterações em sua forma (molares em amora, molares de Fournier, 
molares de Moon) (NEVILLE et al.,2016). 
 
Figura 10: Lesões dentais da Sífilis 
Incisivo de Hutchinson Molar em amora 
 
Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., ps. 375-380) 
Características histopatológicas 
 O quadro histológico das sífilis primaria e secundária são semelhantes. 
Apresentam superfície epitelial ulcerada e, nas lesões secundarias podem 
estar ulceradas e hiperplásicas (Figura 11 A-B). As lesões orais da sífilis 
terciariam exibem superfície ulcerada, com hiperplasia pseudoepiteliomatosa 
periférica (NEVILLE et al.,2016). 
Figura 11: A- Sífilis Secundária, Condiloma Lata, mostrando hiperplasia epitelial papilar e 
intenso infiltrado plasmocitário no tecido conjuntivo. B- Sífilis Primária. Infiltrado inflamatório 
crônico perivascular de plasmócitos e linfócitos. (Cortesia do Dr. John Metcalf.) 
 
 
 
 
 
Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., p. 382-283) 
 
Características Radiográficas 
Em caso de sífilis congênita, a radiografia dos ossos longos (Figura 12) 
auxiliam no diagnostico, pois em mais de 50% dos casos atingem os ossos 
(LOURENÇO, 2016). 
 
 
 
 Figura 12: Radiografia de ossos longos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:https://www.spsp.org.br/2016/10/13/sifilis-congenita-aspectos-ortopedicos/ 
 
Tratamento e Prognóstico 
 O prognóstico é ruim para a sífilis terciária com comprometimento 
cerebral ou cardíaco, pois a lesão pode não ser revertida. Primaria e 
secundária tem prognostico excelente. Tratamento de escolha é a penicilina 
benzatina (benzetacil). A gestante deve fazer acompanhamento mensal para 
tratamento e cura. Vale resaltar que a Sífilis é de notificação compulsória e a 
notificação deve ser feita por todos profissionais de saúde. 
 
Referências bibliográficas 
 
Accioli PV. Neurossífilis:conheça os sintomas e saiba como diagnósticar, 
Pubmed. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: 
https://pebmed.com.br/neurossifilis-voce-sabe-reconhecer-e-diagnosticar/. 
Acesso em: 25 de outubro de 2020. 
 
Brad Neville, [et. al.]; Patologia oral & maxilofacial /– 4. ed. - Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2016. 
 
Capitano, B.S. Manifestações orais da sífilis, Passo Fundo, v. 22, n. 1, p. 82-85, 
jan./abr. 2017.http://docs.bvsalud.org/biblioref/2017/08/848727/artigo14. 
 
 Dybeck S, Lund B. Oral Syphilis: A Reemerging Infection Prompting Clinicians’ 
Alertness .Hindawi Publishing Corporation Case Reports in Dentistry. v. 2016, 
http://dx.doi.org/10.1155/2016/6295920sso em: 25 de outubro de 2020. 
 
Lourenço. AF. Sífilis congênita – aspectos ortopédicos. São Paulo, 2016. 
https://www.spsp.org.br/2016/10/13/sifilis-congenita-aspectos-ortopedicos/. 
Acesso em: 25 de outubro de 2020. 
 
 
 
 
Gonorreia 
Descrição 
A gonorreia é uma doença infecciosa sexualmente transmissível, 
bacteriana, causada pela Neisseria gonorrhoeae e é transmitida quase 
exclusivamente por contato sexual ou perinatal. A infecção genital ascendente 
na mulher leva a uma complicação séria, a salpingite aguda, uma das 
principais causas de infertilidade feminina. (OLIVEIRA, et al., 2020; NEVILLE, 
et al., 2016). 
 
Características clínicas 
A infecção se dissemina pelo contato sexual e a maioria das lesões 
ocorre na região genital. Normalmente, o período de incubação varia de dois a cinco 
dias. As áreas frequentemente afetadas exibem significativa secreção purulenta. Na 
mulher pode causar a doença inflamatória pélvica levando a gravidez ectópica 
ou infertilidade. A gonorreia também afeta a cavidade oral, chamada de 
gonorreia faríngea porque normalmente afeta a região de faringe. 
 As principais manifestações da gonorreia oral são: aftas na boca; lesões 
similares a herpes labial, ao redor da boca; garganta vermelha e dolorida, com 
dificuldade para engolir; amidalite; vermelhidão com manchas brancas que se 
assemelham a infecção de garganta e corrimento esbranquiçado ou amarelado 
(NEVILLE et al.,2016; HUMBERT e CHRISTODOULIDES, 2019). 
A gengivite ulcerativa necrotizante (GUN) pode raramente ser 
encontrada em dentes anteriores (Figura 13) porém, alguns clínicos relatam 
que o odor oral típico da GUN está ausente (NEVILLE et al.,2016). 
Figura 13: GUN 
Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., p. 255) 
A maioria dos casos de gonorreia oral parece ser resultado da felação, 
embora a gonorreia orofaringiana possa ocorrer pela septicemia gonocócica, 
pelo beijo ou cunilíngua. 
Figura 14: Felação 
 
Fonte: (Mendes et al., 2018) 
Mendes et al (2018), relatou em um relato clínico, que o diagnóstico de 
felação foi estabelecido durante um exame odontológico de rotina (Figura 
14). Os sítios mais comuns de envolvimento a faringe, amígdalas e úvula 
devendo o profissional da saúde considerá-lo uma causa potencial de lesões 
palatinas em nosso diagnóstico diferencial (MENDES et al.,2018; NEVILLE et 
al.,2016). 
 
Tratamento e prognóstico: 
O tratamento é difícil devido à resistência que a bactéria tem aos 
antibióticos. Apenas a classe de antibióticos, cefalosporinas são eficazes nessa 
infecção. O tratamento de todos os parceiros sexuais recentes deve ser 
realizado (NEVILLE et al.,2016). 
 
Referências bibliográficas 
 
Brad Neville, [et. al.]; Patologia oral & maxilofacial /– 4. ed. - Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2016. 
 
Humbert MV, Christodoulides M. Atypical, Yet Not Infrequent, Infections with 
Neisseria Species . Pathogens 2020, 9, 10; doi:10.3390/pathogens9010010 
Mendez LA, Martinez R, Rubio M. BMJ Case Rep Published Online First: 
[please include Day Month Year]. doi:10.1136/ bcr-2017-221901 
Oliveira G; Abrahão, L; Magalhães, T. Gonorreia. Revista da Sociedade 
Brasileira de Medicina Tropical. Brasília, 33(5): 451-464, set-out, 2000. 
Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v33n5/3125.pdf. Acesso em: 14 
de outubro de 2020. 
 
Candidíase 
Descrição 
 A candidíase é uma infecção causada pelo fungo de levedura, Candida 
albicans. Assim como outras doenças fúngicas, a candidíase apresenta 
dimorfismo, de forma inofensiva e patogênica dependendo dos mecanismos de 
defesa do corpo se encontrar comprometido favorecendo o crescimento do 
fungo (VILA et al., 2020). A candidíase é uma das infecções orais mais comuns 
e desenvolve diversas manifestações clínicas (NEVILLE et al.,2016). 
 
Características clínicas 
 As manifestações clínicas dependem de fatores geraisdo organismo. As 
manifestações clínicas da candidíase oral (Figura 15,16) englobam lesões 
brancas e pastosas que aparecem em qualquer lugar da boca, dor durante 
movimentos irregulares da boca, sangramento, pacientes que usam dentadura 
apresentam vermelhidão e rachaduras no canto da boca, boca seca e perda 
perceptível do paladar (VILA et al., 2020). 
Figura 15 Queilite angular 
 
Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., p. 420). 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 16: Candidíase Oral em diferentes formas de apresentação e intensidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Disponível em: https://medsimples.com/sintomas-candidiase/ 
 
A tabela 1: vários padrões clínicos de candidíase oral 
 
Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., p. 415) 
 
Características histopatológicas 
 O padrão histopatológico da candidíase oral pode variar dependendo da 
forma clínica da infecção que foi enviada para biopsia. As características em 
comum incluem maior espessura de paraqueratina (Figura 17) na superfície da 
lesão, junto com o alongamento das cristas epiteliais (NEVILLE et al.,2016). 
 
Tabela 1 
https://medsimples.com/sintomas-candidiase/
Figura 17: Essa microfotografia exibe um padrão característico de paraqueratose, 
microabscessos neutrofílicos, uma camada espinhosa espessa e inflamação crônica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: (NEVILLE et al., 2016, 4 ed., p. 255). 
 
Tratamento e diagnóstico 
 O diagnóstico é feito a partir dos sinais clínicos do paciente e por um 
estudo histológico para analisar as mudanças morfológicas e morfométricas 
das células no local da infecção. Outro método é por meio de cultura que dará 
a identificação definitiva do patógeno. A infecção é tratada com medicações 
antifúngicas. O prognostico da candidíase depende de um bom diagnostico, 
que avalie o tipo de infecção e o uso de medicamentos antifúngicos, seguindo 
o tratamento de forma correta. (NEVILLE et al.,2016). 
 
Referências bibliográficas 
Brad Neville, [et. al.]; Patologia oral & maxilofacial /– 4. ed. - Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2016. 
 
Niemies A., 2020. Sintomas da candidíase, outubro de 2016. Disponível em: 
https://medsimples.com/sintomas-candidiase/. Acessado em: 14 de outubro de 
2020. 
 
Vila T, Sultan AS, Montelongo-Jauregui D, Jabra-Rizk MA. Oral Candidiasis: A 
Disease of Opportunity J. Fungi 2020, 6, 15.

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