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ABORTO · Conceito: interrupção da gestação antes de 20/22 semanas ou feto < 500g · Abortamento: processo · Aborto: produto conceptual Classificação · Cronológica · Precoce: até 12 semanas (1º trimestre) - 80% das perdas gestacionais · Tardio:13 a 20/22 semanas · Óbito fetal intrauterino (após 20/22 semanas) · Intenção: espontâneo x provocado (4ª causa de mortalidade materna no mundo) Incidência · Complicação mais frequente da gravidez · Ocorre em 20% das gestações clínicas (aquelas com alterações além de elevação do BHCG): 1 a cada 5 gestações · Maior em gestações químicas ou não diagnosticadas Etiologia · Causas fetais · Alterações cromossômicas e/ou genéticas: 50 a 80% dos abortamentos precoces · Mais comum: trissomias autonômicas (50%), relacionadas à idade materna avançada · Monossomia cromossomo X: 7 a 10% · Anomalias morfológicas fetais · Causas maternas · Causas endócrinas · Insuficiência de corpo lúteo: responsável pela produção de progesterona até formação completa da placenta com cerca de 10 sem, diagnóstico de exclusão, tratamento com progesterona via vaginal até IG 10-12 sem · Diabetes materna mal controlada: HbA1c > 7% aumenta chance de mal formações e piora qualidade da ovulação · Tireoidopatias · Síndrome do ovário policístico · Causas infecciosas · Virais: CMV, hepatites, sarampo, rubéola (Covid ainda não evidenciou relação) · Bacterianas: ITU, IST, clamídia, pneumonia · Protozoários: toxoplasmose · Trombofilias: adquiridas e hereditárias - tromboses na formação da placenta · Causas imunológicas · Autoimunes: produção de autoanticorpos (p. ex. anticardiolipina) · Aloimunes: diferença genética entre indivíduos da mesma espécie, isto é, parceiros possuem incompatibilidade de HLA, aumentando a atividade das células NK e culminando em abortos de repetição · Causas anatômicas · Síndrome de Asseram: sinéquias uterinas - paciente com manipulação uterina prévia (curetagem, AMIU, etc.), diagnóstico por histerossalpingografia ou histeroscopia e tratamento com lise dessas sinéquias via histeroscopia · Malformações anatômicas: todas (defeitos na fusão do ducto de Muller) - útero unicorno, septado, de Delphos, etc. · Miomas: os localizados dentro da cavidade uterina (submucosos e intramurais com componente submucoso), por gerarem decidualização inadequada · Incompetência istmo-cervical: inabilidade do colo em se manter ocluído - perda gestacional tardia ou parto prematuro extremo · Abuso de substâncias: tabagismo, drogas ilícitas, álcool e cafeína (grandes doses) · Trauma: concepto dentro da bacia óssea até 12 semanas, após isso pode haver risco de abortamento por trauma abdominal direto Ameaça de aborto · Sangramento genital · Pode ou não haver cólicas · Colo uterino fechado/impérvio ao toque vaginal · Volume uterino compatível com a idade gestacional · Feto vivo ao ultrassom (solicitar): pode identificar hematoma (se presente, pode persistir quadro de sangramento) · Não há indicação de internação · Prescrever analgésicos e antiespasmódicos se cólica · Recomendada abstinência sexual · Repouso relativo: estudos mostram que não muda o curso da gestação caso esse seja o abortamento · Progesterona: sem evidência científica que melhore prognóstico, embora prescrito para todas na prática como se fosse insuficiência de corpo lúteo - não recomendado pelo MS · Imunoglobulina anti-RH: mãe RH- com pai RH+ Abortamento em curso · Sangramento vaginal moderado ou intenso · Forte cólica · Especular: sangramento ativo e/ou restos ovulares · Toque vaginal: colo com dilatação · Volume uterino menor que o esperado · Completo: expulsão completa do produto conceptual do aborto · Dor melhora rápido · Colo uterino se fecha em poucas horas · Ultrassom: cavidade vazia ou com coágulos · Falta de consenso sobre eco endometrial (15, 20 ou 30 mm - no Brasil, maioria adota 15mm) · Tratamento: observação e sintomáticos · Incompleto: expulsão incompleta do produto conceptual do aborto · Ultrassom: MS coloca como não obrigatório · Tratamento: AMIU ou curetagem a depender da IG e do protocolo do serviço · Antes de 12 semanas: sem espículas ósseas, permite AMIU sem risco de perfuração · Após 12 semanas: indução (misoprostol) até eliminação do produto conceptual antes do procedimento, pois ossos fetais já formados podem causar perfuração uterina - após esse procedimento costuma-se proceder curetagem Abortamento retido · Regressão dos sinais e sintomas da gestação · Morte do produto conceptual com retenção desse dentro do útero · Sangramento ausente ou mínimo · Volume uterino menor que o esperado · Colo uterino fechado ao toque vaginal · Ultrassom confirma o diagnóstico · Presença de saco gestacional com BHCG > 1500 (MS) a 2000 (escolas) UI: caso contrário pode indicar gestação ectópica · Presença de vesícula vitelínica quando diâmetro médio do saco gestacional > 8 mm: caso contrário pode indicar gestação não evolutiva · Presença de embrião quando diâmetro médio do saco gestacional > 25 mm (antes era 18 mm): caso contrário pode indicar gestação anembrionária/aborto retido · Presença de BCF se comprimento cabeça-nádega (CCN) ≥ 7: caso contrário indica abortamento retido · Tratamento · < 12 sem: misoprostol 20mcg vv + AMIU após 4h · 12 a 17 sem: misoprostol 200mcg vv 6/6h até 4 doses · 18 a 22 sem: misoprostol 100mcg vv 6/6h por até 4 doses, se necessário, repetir mais 1 ciclo após 24h da última dose · Pode aguardar eliminação espontânea como abortamento completo por até 30 dias com controle infeccioso Abortamento infectado · Principal complicação, mais clássica (sangramento é mais prevalente) · Por manipulações da cavidade uterina: abortamento provocado · Infecções: polimicrobianas (bactérias da flora vaginal) · Manifestações clínicas: febre, sangramento genital com odor fétido, dores abdominais, secreção purulenta e queda do estado geral · Tipo 1: mais leve, infecção limitada à cavidade uterina, febre até 38°C, dor · Tipo 2: febre até 39°C, taquicardia, desidratadação, dor com sinais de irritação peritoneal, útero bastante doloroso à palpação e à mobilização · Tipo 3: altas temperaturas refratárias à medicação, taquicardia e desidratação intensas, distensão abdominal, sepse grave de foco uterino, insuficiência renal aguda, abcessos intracavitários · Exames: HMG completo, EAS, coagulograma, hemocultura, cultura secreção vaginal e material endometrial, RX abdome, US pélvico, TC abdome e pelve (coleções intracavitárias) · Tratamento · Medidas clínicas gerais · Esvaziamento uterino: AMIU ou curetagem · Antibioticoterapia de amplo espectro: clindamicina + gentamicina ou ampicilina/penicilina + gentamicina + metronidazol · Cirurgia: por vezes necessária, com drenagem de abscesso ou histerectomia total abdominal Abortamento habitual · 3 ou mais abortamento consecutivos do mesmo parceiro · Atinge 1 a 2% das mulheres · Causas: malformações uterinas, miomatose, insuficiência do corpo lúteo, fatores imunológicos, fatores infecciosos (doenças crônicas), trombofilias, fatores genéticos, incompetência istmo-cervical · Incompetência istmo-cervical · Perda recorrente tipicamente no 2º trimestre · decorre da insuficiência do sistema de oclusão do sistema do colo uterino · Representa 15 a 20% dos abortamento habituais · Diagnóstico retrospectivo pela história da paciente: parto prematuro extremo e/ou abortamento tardio · Exames diagnósticos: histerossalpingografia, passagem de vela de Hegar número 8 pelo OI (clássico), US é auxiliar (não definitivo), afunilamento/comprimento do colo < 25mm (polêmico - menta risco de prematuridade, mas não necessariamente significa IIC) · Causas: trauma cirúrgico no colo uterino, laceração cervical pós-parto, amputação/conização do colo, alterações do colágeno, exposição uterina ao dietilestilbestrol · Tratamento: cerclagem uterina pela técnica de McDonald/modificado após morfológico de 1º trimestre (de 12 a 14 sem) · Retirada com 36-37 semanas · Na presença de rotura de bolsa ou trabalho de parto prematuro: retirada da cerclagem
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