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Síndromes Hemorrágicas na Gravidez Classificação • Sangramentos da primeira metade: - Abortamento - Gravidez ectópica - Neoplasia trofoblástica gestacional benigna (mola hidatiforme) - Descolamento corioamniótico • Sangramentos da segunda metade: - Placenta prévia - Descolamento prematuro da placenta - Rotura uterina - Vasa prévia Sangramentos da primeira metade Abortamento • Definição: conceitua-se como abortamento a interrupção da gravidez ocorrida antes de 22ª semana de gestação e/ou expulsão do concepto com peso menor que 500g, e/ou menor que 25cm. • O produto da concepção eliminado no processo de abortamento é chamado aborto. • O abortamento pode ser precoce, quando ocorre até a 13ª semana e tardio, quando ocorre entre 13ª e 22ª semanas. • Etiologia: └ Decorre, muitas vezes, de alterações cromossômicas. └ Em várias ocasiões, não é possível esclarecer a causa da perda. └ Os fatores fetais são representados, principalmente, pelas aneuploidias, e 75% das perdas por anormalidades cromossômicas ocorrem em até 8 semanas. └ A taxa de aborto e de aneuploidia diminui com o avançar da idade gestacional. └ A investigação das causas da perda gestacional está indicada na repetição do aborto. • Classificação: └ Abortamento espontâneo └ Ameaça de abortamento └ Abortamento completo └ Abortamento incompleto └ Abortamento inevitável └ Abortamento retido └ Abortamento infectado └ Abortamento habitual 1. Ameaça de Abortamento • É a ocorrência de sangramento uterino com a cérvix fechada sem eliminação de tecidos ovulares. • Sinais e sintomas clínicos: └ O sangramento genital de pequena a moderada intensidade └ Dor tipo cólicas de pequena intensidade └ O colo uterino (orifício interno) fechado. └ Volume uterino é compatível com o esperado para a idade gestacional └ Sem sinais de infecção └ USG; embrião com BCF, presença ou não de hematoma subcoriônico • Diagnóstico: └ Necessário uma ultrassonografia └ Pode não ter alterações ou identificar área de descolamento ovular, com vitalidade embrionária. • Conduta: └ Sem indicação de internação hospitalar └ Orientar repouso └ Analgésico se dor └ Evitar relações sexuais durante a perda sanguínea → líquido espermático é irritativo para o útero, útero pode contrair em decorrência da produção de prostaglandinas. └ Retorno ao atendimento de pré-natal 2. Abortamento espontâneo • É a perda involuntária da gestação. • Completo • Incompleto/inevitável • Retido • Infectado Abortamento completo • Geralmente, ocorre em gestações com menos de oito semanas. • A perda sanguínea e as dores diminuem ou cessam após a expulsão ovular. • O colo uterino (orifício interno) pode estar aberto. • O B-HCG deve ser positivo. • Tamanho uterino mostra-se menor que o esperado para a idade gestacional. • No exame de ultrassonografia, encontra-se cavidade uterina vazia ou com imagens sugestivas de coágulos. • Conduta: observação, com atenção ao sangramento e/ou à infecção uterina. Abortamento incompleto/inevitável • Quando apenas parte do conteúdo uterino foi eliminado. • Quando há sangramento e dilatação cervical mas ainda não ocorreu eliminação de conteúdo uterino. • O sangramento maior que na ameaça de aborto. • Diminui com a saída de coágulos ou de restos ovulares • Dor de maior intensidade que na ameaça • Orifício cervical interno aberto • Exame de USG confirma a hipótese diagnóstica. • Conduta: └ Em gestações com menos de 12 semanas – aspiração manual intrauterina (AMIU) → Quando não for possível empregar essa técnica, realiza-se a curetagem uterina. → O tratamento alternativo, na indisponibilidade de AMIU ou curetagem, estando o colo pérvio (aberto). → Sem colo pérvio: misoprostol 400 a 600mcg via sublingual └ Gestação superior a 12 semanas: o feto já tem parte óssea → Misoprostol na dose de 200mcg de 12 em 12h, via vaginal. → Após a expulsão, se restos ovulares ou placentários remanescentes, realiza-se a curetagem uterina. → Importante avaliar a perda sanguínea e, se necessário, fazer a transfusão sanguínea. Abortamento retido • Em geral, regressão dos sintomas e sinais da gestação. • Quando ocorre a morte do embrião ou feto e o mesmo permanece na cavidade sem ser eliminado. De uma maneira geral, o colo se encontra fechado, podendo ocorrer leve sangramento. • O colo uterino encontra-se fechado e não há perda sanguínea. • O exame de ultrassonografia revela ausência de sinais de vitalidade ou a presença de saco gestacional sem embrião (ovo anembrionado) • Pode ocorrer o abortamento retido sem sinais de ameaça de abortamento • USG – embrião com mais de 5mm e ausência de BCF • Conduta: └ Gestações com menos de 12 semanas – misoprostol, 1cp de 200mcg, via vaginal, dose única, para preparo do colo. Após 4h, realizar o esvaziamento uterino por AMIU ou curetagem. └ Também pode ser usado o misoprostol 4cp de 200mcg a cada 12h (3 doses) └ Gestações entre 13 a 17 semanas – misoprostol 200mcg via vaginal de 6 em 6h, 4 doses. └ Gestações entre 18 e 22 semanas – misoprostol 100mcg via vaginal de 6 em 6h, 4 doses. Se necessário, repetir após 24h da última dose. └ Após a expulsão, havendo suspeita de restos ovulares ou placentários remanescentes, realiza-se a curetagem uterina. └ Em úteros pequenos, compatíveis com menos de 12 semanas, também pode ser utilizada AMIU. Abortamento infectado • Abortamento provocado. • Associado a manipulações da cavidade uterina pelo uso de técnicas inadequadas e inseguras. • Infecções polimicrobianas e provocadas por bactérias da flora vaginal, gram negativos e anaeróbios. • Casos graves e devem ser tratados, independentemente da vitalidade do feto. • Manifestações clínicas: └ Elevação da temperatura └ Sangramento genital com odor fétido └ Dores abdominais ou eliminação de pus através do colo uterino └ Colo uterino permeável └ Taquicardia, taquidispneia, hipotensão, agitação psicomotora e choque séptico. • Conduta: └ Solicitar exames └ Hemograma com contagem de plaquetas └ Urina tipo I └ Coagulograma └ Hemocultura, cultura da secreção vaginal e do material endometrial (aeróbios e anaeróbios) └ Raios-x do abdome └ Ultrassonografia pélvica transvaginal ou de abdome total └ Tomografia principalmente para definir coleções intracavitárias └ Fundamental o restabelecimento das condições vitais com soluções parenterais ou com sangue, principalmente se a hemoglobina for inferior a 8g%. └ Antibioticoterapia de largo espectro, junto com as medidas de suporte. └ Anaerobicida associado com um aminoglicosídeo; └ Metronidazol 500mg-1g, intravenoso, a cada 6h, ou └ Clindamicina 600-900mg, intravenoso, a cada 6-8h, └ Associado com um aminoglicosídeo (gentamicina 1,5mg/Kg, dose intravenosa ou intramuscular, a cada 8h ou 5mg/Kg em dose única diária). └ Outros esquemas de tratamento associam anaerobicida com cefalotina 1g IV de 6 em 6h. └ O esquema intravenoso será mantido até que se completem 48h sem febre ou sintomatologia clínica, sintomas após, └ Introduzir medicação oral por 10-14 dias └ Cefalexina 500mg de 6-6h e metronidazol 400mg de 12/12h └ Pode ser dada alta hospitalar um dia após a introdução da medicação oral. • Esvaziamento uterino: └ Útero até 12 sem – realizar AMIU └ Na impossibilidade de AMIU – realizar curetagem uterina. └ Em ambas, o esvaziamento uterino deve ser feito sob infusão de ocitocina 20U diluídas em 500ml de soro fisiológico ou ringer lactato └ Nos casos mais graves, acompanhados de peritonite e que demoram a dar resposta satisfatória, deve-se proceder a laparotomia exploradora e, se necessário, retirada de órgãos pélvicos. Abortamento habitual • Definição: história de 2 ou mais abortamentos consecutivos • Causas: └ Malformações uterinas (útero bicorno, útero septado, útero bidelfo) └ Miomatose uterina └ Insuficiência istmocervical └ Insuficiência do corpo lúteo └ Fatores imunológicos └ Fatores infecciosos └ Síndrome antifosfolípide └ Fatores genéticos Gravidez Ectópica Implantação e desenvolvimento do ovo fora da cavidade uterina Ocorre 1 a cada 100 gestações Localização: abdominal, ovárica, no colo uterino, tubária (90 a 95% dos casos). Principaletiologia – disfunção tubária causada pela doença inflamatória pélvica (DIP) Fatores de risco: • História de gravidez ectópica prévia • História de infecção tubária e/ou de DIP • Cirurgia tubária, abdominal ou pélvica prévia • Falha de métodos contraceptivos – ligadura tubária ou DIU (do tipo hormonal) • Tumores anexiais • Endometriose • Exposição ao dietilbestrol (estrógeno não esteroide usado em fertilização assistida e no tratamento de câncer metastático de mama e próstata) Classificação • Íntegra • Rota Diagnóstico em gravidez ectópica íntegra: • Clínico: └ Atraso menstrual └ Dor pélvica, às vezes mais localizada em uma região anexial onde se pode palpar uma massa dolorosa └ Sangramento vaginal de pequena quantidade irregular • Exame físico: └ Sangue no canal vaginal └ Útero menor do que o esperado para a idade gestacional └ Amolecimento do colo uterino Diagnóstico em gravidez ectópica rota • Clínico e exame físico: └ Atraso menstrual └ Dor de forte intensidade, associada a abdome distendido e silencioso └ Dor no ombro e abaulamento de fundo de saco vaginal └ Hemoperitônio
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