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ATEROSCLEROSE 1. HISTOLOGIA DOS VASOS Os vasos sanguíneos do nosso sistema circulatório são compostos por inúmeras camadas de tecido conjuntivo, tecido muscular composto por musculatura lisa e mais internamente pelo ENDOTÉLIO. As células endoteliais mantém a barreira de permeabilidade dos vasos sanguíneos, evitando que o sangue estravasse para fora deles em um processo denominado de hemorragia, contribui para a produção de MEC (matriz extracelular). Além disso, são responsáveis pela elaboração de mediadores pró-trombóticos, antitrombóticos e fibrinolíticos como o fator de Von Willebrand e células responsáveis pela produção de fibrina na composição dos trombos, além de modular o fluxo sanguíneo e o tônus vasomotor e regular o crescimento celular. As células musculares lisas localizadas logo abaixo do endotélio são responsáveis quando expostas devido alguma injuria no tecido endotelial de migrar e proliferar em resposta a vários mediadores como o fator de crescimento derivado de plaquetas, trombina, endotelina, fator de crescimento de fibroblastos. Os vasos sanguíneos do organismo humano são subdivididos em artérias, veias e vasos linfáticos cada um com suas características especificas, fluxo de sangue diferenciado e composição celular básica ainda que semelhante, mas em disposições diferentes. Alguns problemas podem afetar esses vasos, nas artérias problemas como Aterosclerose, Arterioloeslcerose e Esclerose Medial de Monckeberg são patologias comuns desses tipos de vasos sanguíneos, já as veias podem ser afetadas em patologias que denominados de Varizes, Tromboflebites e Flebotrombose. Os vasos linfáticos podem possuir problemas de obstrução da circulação linfática como aqueles causados pela filaria Wuchereria Bancrofti causadora da doença conhecida como Filariose ou Elefantíase. 2. ARTERIOSCLEROSE O termo genérico que reflete o espessamento da parede arterial e perda da sua elasticidade, arteriosclerose significa “endurecimento das artérias”. Existem três padrões gerais de Arteriosclerose, que se diferenciam conforme a localidade em que ocorrem e as estruturas que são atingidas. O primeiro padrão é a ARTERIOLOSCLEROSE que afeta pequenas artérias e arteríolas e podem causar lesão isquêmica distal devido ao comprometimento da circulação principalmente periférica do organismo. O segundo padrão de arteriosclerose é a ESCLEROSE MEDIAL DE MONCKEBERG que se caracteriza por depósitos calcificados nas artérias musculares em pessoas tipicamente acima dos 50 anos de idade. Esses depósitos podem sofrer alteração metaplásica e se transformar em osso, no entanto, não são clinicamente significativas. O terceiro padrão e mais importante clinicamente é a ATEROSCLEROSE em que ocorre a formação de placas de ateroma sobre as paredes das artérias dos indivíduos afetados, podendo trazer consequências graves a circulação sanguínea. 3. FATORES DE RISCO: São inúmeros os fatores de riscos existentes para o desenvolvimento de aterosclerose principalmente relacionados a idade já que esses distúrbios começam a se manifestar clinicamente a partir dos 40 anos de idade e com a incidência de IAM aumenta até cinco vezes a chance de ocorrência. Outro fator de risco é o gênero, mulheres em pré- menopausa são relativamente protegidas contra a aterosclerose e suas consequências, em comparação a homens de idade correspondente. Depois da menopausa incidências de doenças relacionadas com a aterosclerose aumenta. A genética é responsável por apenas uma pequena porcentagem dos casos, a hipercolesterolemia familiar ou agrupamentos familiares com outros fatores de riscos como a hipertensão e diabetes. O principal fator de risco é a HIPERLIPEDIMIA, ou seja, a presença de uma quantidade exagerada de gordura na circulação que é suficiente para estimular o desenvolvimento da lesão endotelial por si só. O principal componente é a lipoproteína de baixa densidade ou LDL ou conhecimento popularmente como colesterol ruim que é uma forma oferecida aos tecidos periféricos. A lipoproteína de alta densidade ou HDL ou conhecido popularmente como colesterol bom mobiliza o colesterol do tecido e o transporta ao fígado para excreção na bile. Outros fatores ambientais como a hipertensão que aumenta em aproximadamente 60% o risco de DCI (doença cardiovascular sistêmica) sendo a principal causa de hipertrofia ventricular esquerda, também relacionada com a DCI. O tabagismo prolongado por anos duplica a taxa de morte por DCI e o abandono reduz substancialmente o risco e a DIABETES é um fator extremamente importante, pois induz a hipercolesterolemia e aumenta muito o risco de aterosclerose. Curiosamente, a incidência de infarto de miocárdio é duas vezes mais alta em diabéticos do que em não diabéticos e existe ainda, o aumento do risco de acidentes vasculares cerebrais e um aumento de 100 vezes do risco de gangrena induzida pela aterosclerose. Alguns fatores de riscos adicionais podem ser somados como o processo inflamatório que já está presente em todos os estágios de aterogênese e se liga estreitamente à formação da placa aterosclerótica e sua ruptura. A proteína C-reativa, também conhecida como PCR, é uma proteína produzida pelo fígado, cuja concentração sanguínea se eleva radicalmente quando há indicativo de processos inflamatórios ou infecciosos. O nível da proteína é medido através de um exame de sangue comum, com o objetivo de avaliar a possibilidade de uma infecção, inflamação, risco de doenças cardiovasculares, neoplasias, doenças reumáticas, traumatismos e outras condições sérias. Embora o exame não indique onde há uma inflamação ou infecção, o aumento nos seus valores são preocupantes e precisam ser investigados. Além disso, quando o corpo está lidando contra um processo inflamatório, o exame de sangue também pode indicar um aumento de leucócitos, que são as células de defesa do corpo. Além disso, a inflamação ativa as células endoteliais e induz um estado pró-trombótico e também aumenta a adesividade dos leucócitos ao endotélio. Pode levar ao infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, doença arterial periférica e morte súbita cardíaca. A síndrome metabólica é outro risco adicional durante a ocorrência da aterosclerose principalmente problemas envolvendo a intolerância à glicose, hipertensão e obesidade natural. A dislipidemia leva a disfunção das células endoteliais secundaria ao aumento do estresse oxidativo e o estado pró-inflamatório sistêmico predispõe ainda mais à trombose vascular. A hiper-homocisteinemia é outro risco de complicação devido a capacidade de inibir a estrutura de substâncias que compõe o vaso sanguíneo. A HOMOCISTEÍNA é um homólogo do aminoácido natural CISTEÍNA, diferindo dela por conter uma pequena variação estrutural, um gupo metileno adicional na sua cadeia lateral. A CISTEÍNA, por sua vez, é um dos aminoácidos naturais codificados pelo código genético, sendo um dos componentes próprios das proteínas dos seres humanos. Fala-se em hiper-homocisteinemia quando as taxas sanguíneas de homocisteína estão acima do normal. O valor de referência para a homocisteína plasmática varia de 5 a 15 micromol/L. O aumento é considerado leve se os valores estiverem entre 16 e 30 micromol/L, intermediário entre 31 e 100 micromol/L e grave se maior do que 100 micromol/L. A determinação do nível de homocisteína é útil para a avaliação de pacientes em risco para doenças cardiovasculares. A homocisteína degrada e inibe a formação dos três principais componentes estruturais das artérias: colágeno, elastina e proteoglicanos e assim danifica as células endoteliais, aumentando o risco de formação de trombos. Um aumento nas taxas sanguíneas dessa substância faz crescer esses efeitos.Portanto, os fatores de riscos para a aterosclerose envolvem uma série de circunstancias como o estilo de vida, obesidade, tabagismo, praticas de exercícios físicos, alimentação, pode esta relacionado a problemas metabólicos como inflamação, produção excessiva de homocisteína, desregulação metabólica provocada pela diabetes e algumas doenças podem se associar a aterosclerose e promover complicações cardiovasculares sistêmicas como hipertensão, diabetes, infecções e hipercolesterolemia ou hiperlipidemia. OBS: COLESTEROL E DIABETES O colesterol é uma gordura existente no organismo, essencial para o seu bom funcionamento. Tem duas origens: há uma parte que é produzida dentro do próprio organismo, principalmente no fígado, e outra que é ingerida através da alimentação Desempenha funções fundamentais no organismo, integrando a constituição das paredes das células e participando na produção de vitaminas, hormonas e ácidos biliares. No entanto, a quantidade necessária para todas estas funções é muito pequena, e o colesterol em excesso pode acumular-se na parede das artérias e constituir um risco significativo de desenvolver várias doenças, em especial doenças cardiovasculares, como o enfarte agudo do miocárdio (EAM) ou o acidente vascular cerebral (AVC). Como qualquer gordura, não é miscível com a água e, portanto, não consegue circular no sangue isoladamente. É necessário haver proteínas que “carreguem” o colesterol na circulação sanguínea, chamadas de lipoproteínas transportadoras de colesterol. O risco cardiovascular depende sobretudo do peso relativo de duas destas proteínas: as HDL (do inglês, high density lipoprotein), também chamadas de colesterol bom, e as LDL (low density lipoprotein), ou colesterol mau. O LDL transporta o colesterol do fígado até às artérias periféricas: quanto mais elevado estiver o nível de LDL, maior o risco de a pessoa vir a sofrer uma doença cardiovascular. O HDL retira colesterol das artérias e leva-o ao fígado para ser eliminado: níveis mais altos de HDL representam uma proteção efetiva e estão associados a menor risco de doença. As pessoas com diabetes mellitus apresentam à partida um risco de vir a ter doença cardiovascular muito superior ao das pessoas que não têm diabetes. Quando acrescentamos na mesma pessoa outros fatores de risco, como a hipertensão arterial, o colesterol, o tabagismo, o sedentarismo, o excesso de peso/obesidade, este risco multiplica-se. Com a exceção de um pequeno grupo de pessoas com Diabetes Mellitus tipo 1 até aos 40 anos e que não apresentam lesões relacionadas ou outros fatores de risco, todas as pessoas com Diabetes Mellitus apresentam um risco cardiovascular alto ou muito alto, representando uma probabilidade significativa de vir a sofrer um enfarte do miocárdio ou um acidente vascular cerebral (AVC). Gerir este risco é controlar a diabetes e os restantes fatores de risco, incluindo o colesterol. Para a maioria das pessoas com diabetes o valor desejado do colesterol LDL é inferior a 100 mg/dl (doentes de alto risco) ou inferior a 70 mg/dl (doentes de muito alto risco). A diabetes provoca só por si alterações da distribuição do colesterol e outras gorduras no sangue, fazendo com que para os mesmos valores a carga aterogênica (probabilidade de doença) seja muito superior. 4. PATOGENIA O processo de desenvolvimento da aterosclerose se inicia com uma lesão endotelial que causa o aumento da permeabilidade vascular, adesão de leucócitos e trombose naquele local injuriado. Ocorre então o acumulo de lipoproteínas ou colesterol do tipo LDL e suas formas oxidadas na parede dos vasos, já que esse colesterol é responsável por transportar gorduras paras as artérias periféricas do organismo ao invés de leva-las ao fígado para a degradação. Ocorre então a adesão de monócitos ao endotélio, seguida por migração para a região intima e transformação em macrófagos e células espumosas, além de uma elevada adesão plaquetária que irá formar os trombos posteriormente. A liberação de fatores das plaquetas, macrófagos e células da parede vascular ativados induzem o recrutamento de células musculares lisas ao local injuriado para realizar a cicatrização. Ocorre a proliferação de células musculares lisas e produção de MEC (matriz extracelular) naquele local e o acumulo de lipídios extracelularmente e dentro das células, principalmente dos macrófagos que realizaram fagocitose e das células musculares lisas. A injuria endotelial pode ocorrer devido a diversos fatores distintos como problemas hemodinâmicos, toxinas, hiperlipidemia, hipertensão, entre outros. As células de defesa do organismo tenta controlar a deposição da placa gordurosa, ao mesmo tempo em que busca o controle da hemorragia vascular, formando o trombo com plaquetas, macrófagos e redes de fibrinas englobando nesse trombo também o LDL que se depositou no local, por isso o colesterol também permanece internamente ao trombo formado e externamente já que continua se depositando nos vasos mesmo depois da formação do trombo, contribuindo mais ainda para a obstrução do vaso. Em condições fisiológicas normais em que os níveis de colesterol estão mais baixos ou controlados, não ocorre a deposição de gordura no local injuriado e o processo de cicatrização e formação do trombo ocorre normal. É por isso que doenças como hipertensão e diabetes representam fatores de riscos ao desenvolvimento da aterosclerose, a hipertensão pode provocar injurias endoteliais, enquanto a diabetes promove o aumento de pressão sanguínea causando o próprio quadro de hipertensão. OBS: HIPERCOLESTEROLEMIA E DINFUNÇÃO ENDOTELIAL Ainda, após o consumo de uma refeição hiperlipidica, o endotélio vascular pode ser comprometido diretamente através do estresse oxidativo gerado pela diminuição da biodisponibilidade de NO. O acúmulo de radicais superóxidos, provenientes da oxidação lipídica, interage com o NO formando peroxinitrito, contribuindo para a diminuição desses FRDE (fatores de relaxamento do endotélio) e, consequentemente, afetando o tônus vascular. Dentre os FRDEs, o óxido nítrico (NO) desempenha uma importante função protetora contra o processo aterosclerótico, mantendo o vaso sanguíneo em um estado constante de vasodilatação. A produção vascular de NO pode ser estimulada por uma variedade de receptores agonistas, bem como pela tensão de cisalhamento produzida por fluxo sanguíneo, insulina e acetilcolina (ACh). Os dois primeiros trabalham através de sinalização independente de cálcio que é mediada, em parte, pela fosfoinositídeo 3-quinase (PI-3 Kinase), enquanto a ACh trabalha a partir de uma via dependente de cálcio. O NO causa dilatação em todos os tipos de vasos sanguíneos por meio da ativação da proteína guanilato- ciclase solúvel, que promove a conversão de guanina trifosfato (GTP) em guanina monofosfato cíclico (GMPc) em células musculares lisas. Isso leva ao relaxamento da musculatura vascular lisa e a concomitante vasodilatação, principal marcador da função endotelial. Ao mesmo tempo, mudanças na função endotelial podem ser precursoras de doenças vasculares, como a aterosclerose. O termo “disfunção endotelial” refere-se tanto ao desequilíbrio entre os agentes vasoativos que atuam controlando o tônus vascular (FRDEs e FCDEs) quanto à agregação plaquetária, coagulação e fibrinólise, porém o tônus vascular tem sido o aspecto mais estudado. Devido a esses fatores, existe uma piora no relaxamento dependente do endotélio, causada, entre outros aspectos, pela perda da biodisponibilidade do NO. Doenças como hipertensão arterial, diabetes mellitus e hipercolesterolemia podem causar danos ao endotélio, gerando disfunção endotelial que em grande parte das vezes está relacionada à aterosclerose e aoseventos cardiovasculares. Sendo assim, diagnósticos que sejam capazes de detectar mudanças na conformação vascular podem ser benéficos na identificação de possíveis disfunções endoteliais. Radicais livres são átomos ou moléculas que, devido a apresentarem um ou mais elétrons desemparelhados em suas camadas de valência, apresentam forte tendência para oxidar outras moléculas. A produção excessiva de tais moléculas está associada com o desenvolvimento de diversas doenças: câncer, aterosclerose e acidente vascular cerebral, entre outras. Vale ressaltar também que níveis fisiológicos de radicais livres são importantes para o correto funcionamento de importantes funções em nosso organismo. As reações entre radicais são, geralmente, reações de terminação de cadeia, resultando na formação de produtos não radicalares estáveis. A reação em cadeia de radicais livres mais importantes que ocorre nos sistemas biológicos é a oxidação de lipídios, ou seja, peroxidação lipídica. Quando um lipídio poli-insaturado reage com EROs ou de nitrogênio, é desencadeada a peroxidação lipídica. Essa reação pode resultar em mudanças na conformação da membrana celular e consequentemente provocar lesão ou disfunção endotelial. Após o consumo de uma refeição hiperlipídica, há aumento no influxo de AGL no tecido muscular, adiposo e hepático, bem como nas células endoteliais. Desse modo, há um aumento na β-oxidação e, consequentemente, dos processos oxidativos que ocorrem na parte terminal da cadeia de transporte de elétrons. Grande parte do O2 consumido é reduzido em água através de uma reação tetravalente catalisada pela citocromo oxidase, embora esse aumento da β-oxidação crie uma superprodução de doadores de elétrons, sobrecarregando sua cadeia de transporte. Como resultado, há acúmulo de elétrons, fazendo com que o O2 restante seja reduzido de forma univalente a metabólitos denominados EROs que desempenham papel importante do desenvolvimento da aterosclerose via aumento da oxidação de LDL. O LDL é uma gotícula oleosa que contém um núcleo hidrofóbico de ésteres de colesterol e uma monocamada de fosfolipídios e colesterol livre que cobre cerca de 70% da sua superfície. Os 30% restantes de sua superfície são cobertos por uma grande apolipoproteína (apo) B-100 que estabiliza a partícula na fase aquosa do sangue. A absorção celular do LDL é medida pelos receptores clássicos B/E ou por receptores SCAVENGERS (varredores). As interações específicas entre a apoB‑100 e os receptores celulares são o principal foco de interesse, pois esse mecanismo de reconhecimento está intimamente envolvido no aparecimento e progressão de várias doenças, tais como hipercolesterolemia, hiperlipidemia e aterosclerose. Na fase inicial de modificação do LDL, os componentes lipídicos reagem com agentes oxidativos, resultando em uma reação em cadeia que produz diversos tipos de produtos oxidativos de lipídios. Então, esses produtos reagem com a apoB diretamente, resultando em mudanças nas cadeias de aminoácidos e na clivagem de ligações peptídicas. O LDL minimamente modificado (LDL-MM) pode conter produtos oxidativo de lipídios sem modificação proteica, uma vez que possui maior afinidade com o receptor de LDL do que com o receptor SCAVENGER. A modificação da proteína apoB continua até perder a afinidade com o receptor do LDL, então reconhecido pelo receptor scavenger do macrófago. Como resposta inflamatória, o LDL oxidado (LDL-ox) leva à ativação dos monócitos por quimiotaxia, que são transformados em macrófagos no espaço subendotelial. Conforme os macrófagos começam a fagocitar os lipídios, vão se formando células espumosas, derivadas dos macrófagos, que contêm lipídios principalmente sobre forma de colesterol livre. A formação dessas células pode obstruir o lúmen arterial e diminuir o seu potencial elástico. Após a ruptura da placa, os LDL-ox são rapidamente liberados das lesões na circulação, o que provoca um aumento temporal dos níveis circulantes de LDL-ox. Ainda, após o consumo de uma RH, o endotélio vascular pode ser comprometido diretamente através do estresse oxidativo gerado pela diminuição da biodisponibilidade de NO. O acúmulo de radicais superóxidos, provenientes da oxidação lipídica, interage com o NO formando peroxinitrito, contribuindo para a diminuição desses FRDE e, consequentemente, afetando o tônus vascular. De maneira resumida, a oxidação dos lipídeos gera uma resposta oxidativa muito grande, liberando radicais livres de oxigênio denominado de EROs, esses radicais são responsáveis por provocar alterações nas membranas das células fazendo com que o endotélio se rompa e as moléculas de colesterol entrem no tecido conjuntivo. Como essa molécula de colesterol no tecido conjuntivo é uma molécula estranha para o organismo, se inicia uma resposta inflamatória com a adesão de monócitos ao endotélio que se transformam em macrófagos ao entrarem no tecido conjuntivo após o processo de diapedese e iniciam o combate dessa estrutura, formando as células espumosas que são macrófagos e células musculares lisas com colesterol livre em seu interior. Nesse meio tempo de recrutamento de células e combate do colesterol no meio intracelular, o processo de formação de trombos com a adesão plaquetária e fibrinolítica se forma para recuperar o endotélio, assim como as células musculares lisas que produzem MEC para reparação tecidual do local injuriado, dessa forma, o colesterol permanece dentro da célula e também fora dela devido a grande quantidade de LDL ingerida. Outros problemas podem levar a disfunção endotelial como os desequilíbrios hemodinâmicos provocando lesões por cisalhamento, ou seja, ruptura do endotélio de maneira mecânica por hipertensão, toxinas ou vírus. A própria inflamação prova distúrbios no endotélio quando as quimiocinas e citocinas expressam moléculas de adesão no endotélio para o recrutamento dos macrófagos na corrente sanguínea e de mais células inflamatórias. Os linfócitos T liberam IFN que contribuem mais ainda para o recrutamento dos macrófagos resultando na fagocitose do colesterol e formação de células espumosas, recrutamento de células musculares lisas e fabricação de MEC. Infecções como clamídia Herpes e CMV podem provocar maiores problemas no endotélio e levarem a disfunção. O processo com múltiplas etapas da migração de neutrófilos ao longo dos vasos sanguíneos, mostrando aqui para os neutrófilos. Primeiro os leucócitos rolam, então se tornam ativados e aderem ao endotélio, então transmigram pelo endotélio penetrando na membrana basal e migrando em direção aos quimioatraentes liberados na fonte da injuria. Lesões ou exposições a certos mediadores resultam na ativação endotelial: estado em que as células endoteliais desenvolvem uma superfície pró-coagulante que pode ser adesiva para células inflamatórias e passam a expressar fatores que podem causar contração muscular lisa e/ou proliferação e síntese de MEC. PROLIFERAÇÃO DE MÚSCULO LISO A proliferação de musculo liso ocorre a partir da formação de estria gordurosa como uma lesão mais inicial no endotélio. Existem fatores de crescimento como o PDGF liberado por plaquetas aderentes ao local, bem como macrófagos, células endoteliais e células musculares lisas, além de fatores de crescimento de fibroblastos e TGF. As células musculares recrutadas sintetizam a MEC principalmente colágeno, que estabiliza as placas ateroscleróticas e as células infamatórias ativadas podem causar apoptose de células musculares lisas da intima e aumentar o catabolismo de MEC, resultando em placas instáveis. A aterosclerose não é algo que ocorre de maneira rápida, mas sim de maneira gradual, piorando conforme os hábitosalimentares e qualidade de vida durante um longo período, e manifestando-se depois de até 40 anos, por isso que a idade torna-se um fator de risco e problemas como a aterosclerose é mais evidente após os 50 anos de idade. RUPTURA DE PLACA A ruptura de placa é um evento extremamente grave e avançado do processo da aterosclerose ocorrendo principalmente em áreas com estenose subcrítica menor que 70% da capacidade do vaso. As placas gordurosas formadas nas paredes do endotélio podem ser vulneráveis quando apresenta grandes núcleos lipídicos, capa fibrosa final e uma grande parcela de conteúdo inflamatório como MMP que degradam a MEC. Já as placas estáveis apresentam um pequeno núcleo lipídico, capa fibrosa espessa e pouco conteúdo inflamatório. A ruptura dessa placa pode ser influenciada por fatores extrínsecos como hipertensão arterial que promove maior risco de ruptura e a vasoconstrição focal que é aquele tipo de vasoconstrição centralizada em um local especifico.
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