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Informativo 988-STF (02/09/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
 
Informativo comentado: 
 Informativo 988-STF 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
Julgamento que ainda não foi concluído em virtude de pedido de vista. Será comentado assim que chegar ao fim: ADC 58/DF. 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
COMPETÊNCIAS 
▪ Usurpa a competência dos Municípios a exigência feita pela Constituição Estadual de que os serviços de saneamento 
e abastecimento de água sejam realizados por pessoa jurídica de direito público ou sociedade de economia mista. 
 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
▪ Para ser considerada entidade de classe de âmbito nacional e, assim, ter legitimidade para propor ações de controle 
abstrato de constitucionalidade, é necessário que a entidade possua associados em pelo menos 9 Estados-membros. 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS 
▪ A inscrição de Estado-membro nos cadastros federais de inadimplência antes da instauração e do julgamento de 
tomada de contas especial viola o devido processo legal. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
NULIDADES 
▪ Nulidade reconhecida por dois fundamentos: i) juiz, ao analisar a homologação de colaboração premiada, fez 
diversas perguntas para reforçar a acusação; ii) juiz, depois das alegações finais, determinou a juntada, de ofício, 
de documentos utilizados para condenar o réu. 
 
COLABORAÇÃO PREMIADA 
▪ STF reconheceu, em habeas corpus impetrado por um dos delatados, a nulidade de acordo de colaboração premiada em 
virtude de suspeita de que teria havido irregularidade na atuação do Ministério Público nas tratativas feitas com o delator. 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
COMPETÊNCIAS 
Usurpa a competência dos Municípios a exigência feita pela Constituição Estadual de que os 
serviços de saneamento e abastecimento de água sejam realizados por pessoa jurídica de direito 
público ou sociedade de economia mista 
 
Atenção PGM 
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que preveja que os serviços públicos 
de saneamento e de abastecimento de água serão prestados por pessoas jurídicas de direito 
público ou por sociedade de economia mista sob controle acionário e administrativo, do Poder 
Público Estadual ou Municipal. 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 988-STF (02/09/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
Compete aos Municípios a titularidade dos serviços públicos de saneamento básico. Assim, a 
eles cabe escolher a forma da prestação desses serviços, se diretamente ou por delegação à 
iniciativa privada mediante prévia licitação. Isso é garantido pelo art. 30, I e IV, da CF/88. 
Além disso, essa previsão da Constituição Estadual também viola o art. 175 da Constituição 
Federal, que atribui ao poder público a escolha da prestação de serviços públicos de forma 
direta ou sob regime de concessão ou permissão mediante prévia licitação. 
STF. Plenário. ADI 4454, Rel. Cármen Lúcia, julgado em 05/08/2020 (Info 988 – clipping). 
 
O § 3º do art. 210-A da Constituição do Estado do Paraná, incluído pela Emenda Constitucional nº 24/2008, 
previu o seguinte: 
Art. 210-A. A água é um bem essencial à vida. O acesso à água potável e ao saneamento constitui 
um direito humano fundamental. 
(...) 
§ 3º Os serviços públicos de saneamento e de abastecimento de água serão prestados por pessoas 
jurídicas de direito público ou por sociedade de economia mista sob controle acionário e 
administrativo, do Poder Público Estadual ou Municipal. 
 
Essa previsão é constitucional? 
NÃO. 
 
O que diz a Constituição Federal: 
A Constituição Federal prevê que compete a todos os entes promover a melhoria das condições de 
saneamento básico, inclusive por intermédio do sistema único de saúde: 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: 
(...) 
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e 
de saneamento básico; 
 
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: 
(...) 
IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; 
 
Qual é a competência da União a respeito do tema? 
O papel da União, neste campo, é o de instituir diretrizes nacionais: 
Art. 21. Compete à União: 
(...) 
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e 
transportes urbanos; 
 
Diretrizes nacionais sobre saneamento básico 
As diretrizes nacionais para o saneamento básico foram fixadas pela União na Lei nº 11.445/2007. 
De acordo com essa Lei nº 11.445/2007, os titulares dos serviços públicos de saneamento podem delegar 
a organização, a regulação, a fiscalização e a própria prestação desses serviços (art. 8º). 
A Lei autoriza que tais serviços sejam realizados por entidade não integrante da Administração Pública do 
titular. Neste caso, será necessária a celebração de contrato público (art. 10). 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 988-STF (02/09/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
Regulamento prevê quem pode prestar o serviço 
O Decreto nº 7.217/2010 regulamenta a Lei nº 11.445/2007. 
O art. 38 do Regulamento prevê que o titular do serviço de saneamento básico poderá prestá-lo de três formas: 
I - diretamente, por meio de órgão de sua administração direta ou por autarquia, empresa pública ou 
sociedade de economia mista que integre a sua administração indireta, facultado que contrate terceiros, 
no regime da Lei nº 8.666/93, para determinadas atividades; 
II - de forma contratada: 
a) indiretamente, mediante concessão ou permissão, sempre precedida de licitação na modalidade 
concorrência pública, no regime da Lei nº 8.987/95; ou 
b) no âmbito de gestão associada de serviços públicos, mediante contrato de programa autorizado por 
contrato de consórcio público ou por convênio de cooperação entre entes federados, no regime da Lei nº 
11.107/2005; ou 
III - mediante autorização a usuários organizados em cooperativas ou associações, no regime previsto no 
art. 10, § 1º, da Lei nº 11.445/2007, desde que os serviços se limitem a: 
a) determinado condomínio; ou 
b) localidade de pequeno porte, predominantemente ocupada por população de baixa renda, onde outras 
formas de prestação apresentem custos de operação e manutenção incompatíveis com a capacidade de 
pagamento dos usuários. 
 
Qual é a competência dos Municípios sobre o tema? 
Os Municípios são os titulares dos serviços públicos de saneamento básico. É um serviço municipal. 
Assim, compete aos Municípios a titularidade dos serviços públicos de saneamento básico. 
A eles cabe escolher a forma da prestação desses serviços, se diretamente ou por delegação à iniciativa 
privada mediante prévia licitação. 
Na Constituição da República se confere aos Municípios competência expressa para organizarem, 
diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local: 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
(...) 
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços 
públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; 
 
Norma da CE/PR violou o art. 30, I e V e o art. 175, da CF/88 
A Constituição do Estado do Paraná, ao tornar obrigatória a prestação de serviços de saneamento e 
abastecimento de água por pessoas jurídicas de direito público ou por sociedade de economia mista sob 
controle acionário e administrativo do poder público estadual ou municipal, usurpou a competência dos 
Municípios para legislarem sobre saneamento básico, assunto de interesse local. 
Houve, portanto, uma violação ao art. 30, I e V, da CF/88.Além disso, § 3º do art. 210-A da CE/PR também contrariou o art. 175 da Constituição Federal, que atribui 
ao poder público a escolha da prestação de serviços públicos de forma direta ou sob regime de concessão 
ou permissão mediante prévia licitação: 
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou 
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. 
 
Em suma: 
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que preveja que os serviços públicos de saneamento 
e de abastecimento de água serão prestados por pessoas jurídicas de direito público ou por sociedade de 
economia mista sob controle acionário e administrativo, do Poder Público Estadual ou Municipal. 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 988-STF (02/09/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
Compete aos Municípios a titularidade dos serviços públicos de saneamento básico. Assim, a eles cabe 
escolher a forma da prestação desses serviços, se diretamente ou por delegação à iniciativa privada 
mediante prévia licitação. Isso é garantido pelo art. 30, I e IV, da CF/88. 
Além disso, essa previsão da Constituição Estadual também viola o art. 175 da Constituição Federal, que 
atribui ao poder público a escolha da prestação de serviços públicos de forma direta ou sob regime de 
concessão ou permissão mediante prévia licitação. 
STF. Plenário. ADI 4454, Rel. Cármen Lúcia, julgado em 05/08/2020 (Info 988 – clipping). 
 
 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
Para ser considerada entidade de classe de âmbito nacional e, assim, ter legitimidade para 
propor ações de controle abstrato de constitucionalidade, é necessário que a entidade possua 
associados em pelo menos 9 Estados-membros 
 
A CF/88 e a lei preveem que a “entidade de classe de âmbito nacional” possui legitimidade 
para propor ADI, ADC e ADPF. 
A jurisprudência do STF, contudo, afirma que apenas as entidades de classe com associados 
ou membros em pelo menos 9 (nove) Estados da Federação dispõem de legitimidade ativa 
para ajuizar ação de controle abstrato de constitucionalidade. 
Assim, não basta que a entidade declare no seu estatuto ou ato constitutivo que possui caráter 
nacional. É necessário que existam associados ou membros em pelo menos 9 (nove) Estados 
da Federação. Isso representa 1/3 dos Estados-membros/DF. 
Trata-se de um critério objetivo construído pelo STF com base na aplicação analógica da Lei 
Orgânica dos Partidos Políticos (art. 7º, § 1º, da Lei nº 9.096/95). 
STF. Plenário. ADI 3287, Rel. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Ricardo Lewandowski, julgado em 
05/08/2020 (Info 988 – clipping). 
 
Veja o texto da Constituição Federal: 
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de 
constitucionalidade: 
(...) 
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. 
 
 (Procurador TCE/PA 2019 CEBRASPE) Tem legitimidade para o ajuizamento de ação direta de 
inconstitucionalidade associação de caráter nacional, desde que esteja presente em pelo menos dois 
terços das unidades da federação. (errado) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 988-STF (02/09/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS 
A inscrição de Estado-membro nos cadastros federais de inadimplência antes da instauração e 
do julgamento de tomada de contas especial viola o devido processo legal 
 
Atenção PGE / PGM 
A tomada de contas especial é a medida adequada para se alcançar o reconhecimento 
definitivo das irregularidades detectadas. Só a partir daí é que se permite a inscrição do ente 
nos cadastros de restrição ao crédito organizados e mantidos pela União. 
O processo de contas é essencial para a apuração de responsabilidades. Não se pode impor 
sanção sem anterior identificação de responsáveis. 
STF. Plenário. ACO 2910 AgR, Rel. Roberto Barroso, julgado em 29/06/2020 (Info 988 – clipping). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
A União (Ministério da Integração Nacional) celebrou um convênio com o Estado do Mato Grosso do Sul. 
Ocorre que o Estado-membro deixou de cumprir algumas obrigações previstas no ajuste. 
A União notificou o Estado-membro determinando que ele regularizasse as pendências, sob pena de lhe 
serem aplicadas sanções. 
Apesar disso, o Estado-membro não sanou os vícios apontados. 
Foram, então, tomadas duas medidas: 
1) o Estado-membro foi inserido no Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI), no Serviço 
Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias (CADIN) e no Cadastro Informativo de Créditos 
não Quitados do Setor Público Federal (CAUC). 
Obs: esses cadastros são instrumentos de consulta, por meio dos quais se pode verificar se os Estados-
membros ou Municípios estão com débitos ou outras pendências perante o Governo federal. Se houver, 
por exemplo, um atraso do Estado ou do Município na prestação de contas de um convênio com a União 
ou suas entidades, essa informação passará a figurar nestes sistemas. Com isso, o ente devedor fica 
impedido de contratar operações de crédito, celebrar convênios com órgãos e entidades federais e 
receber transferências de recursos. Em uma alegoria para que você entenda melhor (não escreva isso na 
prova!), seria como se fosse um “Serasa” de débitos dos Estados e Municípios com a União, ou seja, um 
cadastro federal de inadimplência. 
 
2) foi instaurada Prestação de Contas Especial para apurar o convênio. 
 
Ação cível originária 
O Estado do Mato Grosso do Sul ajuizou, então, ação cível originária, no STF, contra a União, pedindo a 
retirada de seu nome de tais cadastros até que seja concluído o processo de Tomada de Contas Especial. 
O autor alegou, dentre outros argumentos, que não foi observado o devido processo legal, o contraditório 
e a ampla defesa, considerando que, antes da inclusão nos cadastros, era indispensável a conclusão do 
Processo de Tomada de Contas Especial. 
 
O argumento do Estado-membro foi acolhido pelo STF? Houve violação ao devido processo legal? 
SIM. 
A inscrição de Estado-membro nos cadastros federais de inadimplência antes da instauração e do 
julgamento de tomada de contas especial viola o devido processo legal. 
STF. Plenário. ACO 2910 AgR, Rel. Roberto Barroso, julgado em 29/06/2020 (Info 988 – clipping). 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 988-STF (02/09/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
 
A tomada de contas especial é a medida adequada para se alcançar o reconhecimento definitivo das 
irregularidades detectadas. Só a partir daí é que se permite a inscrição do ente nos cadastros de restrição 
ao crédito organizados e mantidos pela União. 
O processo de contas é essencial para a apuração de responsabilidades. Não se pode impor sanção sem 
anterior identificação de responsáveis. 
 
Por que a competência para julgar essa ação é do STF? 
A ação que discute a inscrição de Estado-membro em cadastro de inadimplência da União em sede de 
convênio implica conflito federativo, o que atrai a competência do STF para julgamento da causa, nos 
termos do art. 102, I, “f”, da CF/88: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, 
cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente: 
(...) 
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e 
outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta; 
 
O Supremo Tribunal Federal é originariamente competente para processar e julgar as causas que revelempotencial conflito federativo entre a União e os Estados-membros (art. 102, I, ‘f’, da CRFB/88), como nos 
casos em que se discute a inscrição destes nos cadastros federais de irregularidades ou inadimplência. 
2. A União é parte legítima para figurar no polo passivo das ações em que Estado-membro impugne 
inscrição em cadastros federais de inadimplentes e/ou de restrição de crédito. 
STF. Plenário. ACO 2764 AgR, Relator p/ Acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 16/10/2017. 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NULIDADES 
Nulidade reconhecida por dois fundamentos: i) juiz, ao analisar a homologação de colaboração 
premiada, fez diversas perguntas para reforçar a acusação; ii) juiz, depois das alegações finais, 
determinou a juntada, de ofício, de documentos utilizados para condenar o réu 
 
Paulo foi condenado pelo então Juiz Federal Sérgio Moro por crimes contra o sistema 
financeiro nacional, no âmbito da operação que ficou conhecida como “Caso Banestado”. 
A defesa pediu que o STF reconhecesse que o referido magistrado quebrou a imparcialidade 
e, portanto, a sentença seria nula. 
Houve um empate na 2ª Turma do STF e, diante disso, prevaleceu a posição mais favorável ao 
réu. Assim, foi declarada a nulidade da sentença condenatória proferida nos autos do processo 
penal, por violação à imparcialidade do julgador. 
O simples fato de o juiz ter feito a homologação dos acordos de colaboração ou mesmo ter 
realizado as oitivas dos colaboradores não tem o condão de configurar, por si só, a quebra de 
sua imparcialidade para o julgamento do réu ao qual imputados ilícitos no âmbito dos 
respectivos acordos. 
Todavia, as circunstâncias particulares do caso concreto demonstram que o juiz se investiu na 
função persecutória ainda na fase pré-processual, violando o sistema acusatório. 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 988-STF (02/09/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
Ao se analisar as atas de depoimentos, percebe-se uma proeminência (um destaque) para a 
realização de perguntas feitas pelo juiz ao interrogado. O papel do magistrado era apenas o de 
fazer o controle da legalidade e voluntariedade do acordo de colaboração premiada. No 
entanto, o que se percebe pelas perguntas realizadas é que o juiz ultrapassou a mera 
realização dessa função e atuou diretamente reforçando a acusação. 
Logo, não houve mera supervisão dos atos de produção de prova, mas o direcionamento e a 
contribuição do magistrado para o estabelecimento e para o fortalecimento da tese 
acusatória. 
Além disso, ao final da instrução, depois das alegações finais, o magistrado ordenou a juntada 
de documentos diretamente relacionados com os fatos criminosos imputados aos réus, sem 
pedido do Ministério Público ou da defesa. 
Depois, ao sentenciar, ele utilizou expressamente tais elementos para fundamentar a 
condenação. 
Mesmo que se pudesse invocar, em tese, a possibilidade jurídica da produção de prova de 
ofício pelo julgador com base no art. 156 do CPP, na situação dos autos, sequer é possível falar 
verdadeiramente em produção probatória. Os documentos juntados não poderiam ter sido 
utilizados para a formação do juízo de autoria e materialidade das imputações, uma vez 
encerrada a instrução processual. 
STF. 2ª Turma. RHC 144615 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, 
julgado em 25/8/2020 (Info 988). 
 
A situação concreta, com algumas adaptações, foi a seguinte: 
O doleiro Paulo foi condenado pelo então Juiz Federal Sérgio Moro por crimes contra o sistema financeiro 
nacional, no âmbito da operação que ficou conhecida como “Caso Banestado”. 
A defesa pediu que o STF reconhecesse que o referido magistrado quebrou a imparcialidade e, portanto, 
não poderia ter sentenciado o processo. 
Dois foram os motivos alegados para a quebra da imparcialidade: 
a) o juiz tomou diretamente o depoimento dos colaboradores no momento da celebração do acordo de 
colaboração premiada. Isso, na visão da defesa, significa que o magistrado participou da própria produção 
da prova na fase investigativa exercendo as atribuições próprias dos órgãos de persecução. Em outras 
palavras, a defesa afirmou que o juiz atuou no processo como se fosse Delegado de Polícia ou membro do 
Ministério Público. 
Por esse motivo, estaria caracterizada hipótese de impedimento estabelecida no art. 252 do CPP, 
notadamente em seu inciso II: 
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: 
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até 
o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade 
policial, auxiliar da justiça ou perito; 
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha; 
 
b) o juiz determinou ex officio (ou seja, sem requerimento das partes) a juntada aos autos de documentos 
que, posteriormente, foram utilizados na sentença para fundamentar a condenação. Esses documentos 
teriam sido juntados após a apresentação de alegações finais. Isso significa que o magistrado teria suprido, 
indevidamente, a insuficiência probatória da acusação prevista no art. 156 do CPP: 
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas 
urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 988-STF (02/09/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências 
para dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
 
O STF concordou com os argumentos da defesa? 
O recurso foi decidido pela 2ª Turma do STF e houve um empate: 
• os Ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia não concordam com as alegações da defesa; 
• os Ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski concordaram. 
• o quinto Ministro (Celso de Mello) estava de licença médica no dia do julgamento. 
STF. 2ª Turma. RHC 144615 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado 
em 25/8/2020 (Info 988). 
 
O que acontece em caso de empate? 
De acordo com o art. 150, § 3º do Regimento Interno do STF, no caso de empate em habeas corpus e em 
recurso de habeas corpus, deve prevalecer a decisão mais favorável ao réu. 
Art. 150 (...) 
§ 3º Nos habeas corpus e recursos em matéria criminal, exceto o recurso extraordinário, havendo 
empate, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente ou réu. 
 
Diante do empate na votação, na 2ª Turma prevaleceu a posição mais favorável ao réu e, portanto, foi 
declarada a nulidade da sentença condenatória proferida nos autos do processo penal, por violação à 
imparcialidade do julgador. 
Prevaleceu o voto do Min. Gilmar Mendes, que foi acompanhado pelo Min. Ricardo Lewandowski. 
 
Princípio acusatório 
Para o Min. Gilmar Mendes, não é possível que o julgador realize a coleta de provas que possa servir, mais 
tarde, como fundamento da sua própria decisão (ADI 1.570). 
O princípio fundante (fundamental) do processo penal brasileiro é o princípio acusatório, que decorre do 
due process of law (devido processo legal) e que pode ser extraído do art. 129, I, da Constituição Federal: 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
 
Segundo esse princípio, o processo penal deve ser marcado pela clara divisão entre as funções de acusar, 
defender e julgar. 
O modelo acusatório determina, em sua essência, que deve existir uma separação das funções de acusar, 
julgar e defender. Isso tem como escopo(objetivo) fundamental a efetivação da imparcialidade do juiz. 
A própria Constituição Federal é quem consagra o sistema acusatório no processo penal brasileiro, o que 
impõe a separação das funções de acusar e julgar a atores distintos na justiça criminal. 
Vale ressaltar, contudo, que não basta uma separação “formal”. É necessário que essa separação seja 
também substancial, de forma que não se pode admitir que, na prática, ocorra a “usurpação das funções 
acusatórias pelo juiz e, também, a sua união ilegítima em detrimento da paridade de armas”. 
 
Imparcialidade 
Ao tratar sobre a imparcialidade do julgador, o CPP regula as causas de impedimento e de suspeição.: 
• Rol de impedimentos: art. 252 
• Rol de suspeições: art. 254. 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 988-STF (02/09/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
O simples fato de o juiz ter homologado o acordo ou de ter ouvido os colaboradores não quebra a 
imparcialidade; no entanto, no caso concreto, existem várias circunstâncias que apontam nesse sentido 
Segundo o Ministro, há um conjunto muito particular de elementos nos autos que aponta para a violação 
à imparcialidade judicial. 
O simples fato de o juiz ter feito a homologação dos acordos de colaboração ou mesmo ter realizado as 
oitivas dos colaboradores não tem o condão de configurar, por si só, a quebra de sua imparcialidade para 
o julgamento do réu ao qual imputados ilícitos no âmbito dos respectivos acordos. 
Todavia, as circunstâncias particulares do caso concreto demonstram que o juiz se investiu na função 
persecutória ainda na fase pré-processual, violando o sistema acusatório. 
Não houve mera homologação de acordo de colaboração premiada para verificação de sua legalidade e 
voluntariedade, tampouco ocorreu mera produção de prova de ofício pelo julgador. A espécie apresenta 
especificidades que caracterizam manifesta ilegalidade. 
O acordo analisado e a sua homologação judicial ocorreram em momento anterior à promulgação da Lei 
nº 12.850/2013. A despeito disso, mesmo antes da Lei, já existia a necessidade de o juiz manter a 
imparcialidade no tratamento desses acordos. Esse dever decorre da Constituição Federal e de tratados 
internacionais de direitos humanos. 
 
Atas de depoimentos revelam a atuação acusatória do juiz 
Para o Min. Gilmar Mendes, ao se ler as atas de depoimentos, percebe-se de forma evidente a atuação 
acusatória do julgador. 
Ao se analisar essas atas, percebe-se uma proeminência (um destaque) para a realização de perguntas 
feitas pelo juiz ao interrogado. O papel do magistrado era apenas o de fazer o controle da legalidade e 
voluntariedade do acordo de colaboração premiada. No entanto, o que se percebe pelas perguntas 
realizadas é que o juiz ultrapassou a mera realização dessa função e atuou diretamente reforçando a 
acusação. 
Logo, não houve mera supervisão dos atos de produção de prova, mas o direcionamento e a contribuição 
do magistrado para o estabelecimento e para o fortalecimento da tese acusatória. 
 
Juntada dos documentos reforçou a quebra da imparcialidade 
Ainda que essa autuação não fosse suficiente para configurar a quebra de imparcialidade do magistrado, 
a sua atuação alinhada com a estratégia acusatória mostrou-se evidente em outro momento processual. 
O juiz determinou a juntada, de ofício (sem pedido das partes), de vários documentos aos autos, invocando 
o art. 234 do CPP, após o oferecimento das alegações finais pelas partes: 
Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto relevante da acusação 
ou da defesa, providenciará, independentemente de requerimento de qualquer das partes, para 
sua juntada aos autos, se possível. 
 
Desse modo, ao final da instrução, o magistrado ordenou a juntada de centenas de folhas, em quatro 
volumes de documentos, diretamente relacionados com os fatos criminosos imputados aos réus, sem 
qualquer pedido do órgão acusador. 
Depois, ao sentenciar, ele utilizou expressamente tais elementos para fundamentar a condenação. “Ou 
seja, o juiz produziu, sem pedido das partes, a prova para justificar a condenação que já era por ele 
almejada, aparentemente.” 
Mesmo que se pudesse invocar, em tese, a possibilidade jurídica da produção de prova de ofício pelo 
julgador com base no art. 156 do CPP, na situação dos autos, sequer é possível falar verdadeiramente em 
produção probatória. Os documentos juntados não poderiam ter sido utilizados para a formação do juízo 
de autoria e materialidade das imputações, uma vez encerrada a instrução processual. 
 Informativo 
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Informativo 988-STF (02/09/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
Assim, essas provas juntadas devem ser consideradas ilícitas, devendo ser desentranhadas, nos termos do 
art. 157 do CPP: 
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim 
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. 
 
O Ministro Gilmar Mendes ponderou ser evidente a quebra da imparcialidade do juízo, o que finda por 
macular os atos decisórios proferidos, considerando que está ausente o elemento base de legitimidade da 
jurisdição em um Estado Democrático de Direito. 
 
 
COLABORAÇÃO PREMIADA 
STF reconheceu, em habeas corpus impetrado por um dos delatados, a nulidade de acordo de 
colaboração premiada em virtude de suspeita de que teria havido irregularidade na atuação do 
Ministério Público nas tratativas feitas com o delator 
 
A situação concreta, com adaptações, foi a seguinte: 
Luiz, auditor da receita estadual, estava sendo investigado por supostamente estar recebendo 
vantagem indevida (“propina”) para reduzir tributos. Ele não sabia que estava sendo 
investigado. Determinado dia, Luiz foi preso em flagrante por suposto crime sexual (estupro 
de vulnerável). Depois de preso, o Ministério Público ofereceu a Luiz e sua irmã a 
possibilidade de fazer um acordo de colaboração premiada. Eles aceitaram. No acordo, Luiz 
confessou crimes e delatou infrações penais que teriam sido praticadas por outros colegas 
auditores da receita estadual. Com base nessas declarações prestadas por Luiz e sua irmã, foi 
deflagrada a “Operação Publicano IV”, no final de 2015, tendo sido decretada a prisão 
preventiva de diversos auditores da receita estadual. Em maio de 2016, o Ministério Público 
constatou que Luiz descumpriu os termos do acordo de colaboração premiada. Isso porque, 
segundo o Parquet, ele teria mentido e omitido fatos e cometido novos crimes após a 
celebração do acordo. Assim, o acordo foi rescindido. Em fevereiro de 2017, foi realizado o 
interrogatório judicial de Luiz. Ele declarou que a rescisão do acordo teria sido arbitrária. 
Acusou os Promotores “de manipular suas declarações e ocultar todos os vídeos dos 
depoimentos que havia prestado extrajudicialmente”. Posteriormente, o Ministério Público 
firmou com Luiz novo acordo de delação premiada, sob a condição de que ele se retratasse das 
mencionadas acusações e ratificasse as declarações que fizeram parte do acordo rescindido. 
O segundo acordo foi homologado pelo juiz sob o argumento de que seria apenas um “termo 
aditivo” do primeiro. A defesa de Gilberto, um dos auditores delatados por Luiz, impetrou 
habeas corpus alegando, dentre outros argumentos: a) a impossibilidade de se aditar acordo 
de colaboração premiada rescindido; b) a relevância de o delator Luiz, na audiência realizada 
em fevereiro de 2017, ter exposto supostas ilegalidades que teriam sido cometidas durante o 
primeiro acordo de colaboração premiada. 
A 2ª Turma do STF, por empate na votação, concedeu a ordem de habeas corpus para declarar 
a nulidade da utilização, como meio de prova, do segundoacordo de colaboração premiada 
firmado. 
O colegiado reconheceu a ilicitude das declarações incriminatórias prestadas por Luiz e sua irmã. 
O relator ressaltou que o estabelecimento de balizas legais para o acordo é uma opção do 
nosso sistema jurídico, para garantir a isonomia e evitar a corrupção dos imputados, mediante 
incentivos desmesurados à colaboração, e dos próprios agentes públicos, aos quais se daria 
um poder sem limite sobre a vida e a liberdade dos imputados. 
 Informativo 
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Informativo 988-STF (02/09/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
É preciso respeitar a legalidade, visto que as previsões normativas caracterizam limitação ao 
poder negocial no processo penal. 
No caso de ilegalidade manifesta (evidente) em acordo de colaboração premiada, o Poder 
Judiciário deve agir para a efetiva proteção de direitos fundamentais. 
O acordo de colaboração premiada é meio de obtenção de prova. Portanto, trata-se de instituto 
de natureza semelhante, por exemplo, à interceptação telefônica. 
O STF reconheceu, várias vezes, a ilegalidade de atos relacionados a interceptações 
telefônicas. Logo, não há motivo para afastar essa possibilidade em ilegalidades que 
permeiam acordos de colaboração premiada. 
STF. 2ª Turma. HC 142205, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 25/08/2020 (Info 988). 
 
A situação concreta, com adaptações, foi a seguinte: 
Luiz, auditor da receita estadual, estava sendo investigado por supostamente estar recebendo vantagem 
indevida (“propina”) para reduzir tributos. Ele não sabia que estava sendo investigado. 
Determinado dia, Luiz foi preso em flagrante por suposto crime sexual (estupro de vulnerável). 
Depois de preso, o Ministério Público ofereceu a Luiz e sua irmã a possibilidade de fazer um acordo de 
colaboração premiada. Eles aceitaram. No acordo, Luiz confessou crimes e delatou infrações penais que 
teriam sido praticadas por outros colegas auditores da receita estadual. 
Com base nessas declarações prestadas por Luiz e sua irmã, foi deflagrada a “Operação Publicano IV”, no 
final de 2015, tendo sido decretada a prisão preventiva de diversos auditores da receita estadual. 
 
Maio de 2016 
Em maio de 2016, o Ministério Público constatou que Luiz descumpriu os termos do acordo de colaboração 
premiada. Isso porque, segundo o Parquet, ele teria mentido e omitido fatos e cometido novos crimes 
após a celebração do acordo. 
Assim, o acordo foi rescindido. 
 
Fevereiro de 2017 
Em fevereiro de 2017, foi realizado o interrogatório judicial de Luiz. Ele declarou que a rescisão do acordo 
teria sido arbitrária. Acusou os Promotores “de manipular suas declarações e ocultar todos os vídeos dos 
depoimentos que havia prestado extrajudicialmente”. 
 
Segundo acordo 
Posteriormente, o Ministério Público firmou com Luiz novo acordo de delação premiada, sob a condição 
de que ele se retratasse das mencionadas acusações e ratificasse as declarações que fizeram parte do 
acordo rescindido. O segundo acordo foi homologado pelo juiz sob o argumento de que seria apenas um 
“termo aditivo” do primeiro. 
 
Habeas corpus impetrado por um dos delatados 
A defesa de Gilberto, um dos auditores delatados por Luiz, impetrou habeas corpus alegando, dentre 
outros argumentos: 
a) a impossibilidade de se aditar acordo de colaboração premiada rescindido; 
b) a relevância de o delator Luiz, na audiência realizada em fevereiro de 2017, ter exposto supostas 
ilegalidades que teriam sido cometidas durante o primeiro acordo de colaboração premiada. 
 
Diante disso, o impetrante pediu a declaração de nulidade do acordo de colaboração premiada. 
 
 Informativo 
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Informativo 988-STF (02/09/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
Primeira pergunta: o delatado pode ingressar em juízo impugnando o acordo de colaboração premiada 
celebrado pelo colaborador? É possível a impugnação do acordo de colaboração premiada por terceiro 
delatado? 
Regra geral: NÃO. 
Por se tratar de negócio jurídico personalíssimo, o acordo de colaboração premiada não pode ser 
impugnado por coautores ou partícipes do colaborador na organização criminosa e nas infrações penais 
por ela praticadas, ainda que venham a ser expressamente nominados no respectivo instrumento no 
“relato da colaboração e seus possíveis resultados” (art. 6º, I, da Lei nº 12.850/13). 
STF. Plenário. HC 127483, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/08/2015 (Info 796). 
 
O relator esclareceu, contudo, que o caso em questão é diferente do que foi decidido pelo STF no HC 
127483. 
Aqui se está discutindo a possibilidade de aproveitamento das provas resultantes do segundo acordo em 
processos concretos. 
O Pleno do STF não discutiu a possibilidade na qual o acordo possui reflexos diretos sobre situações de 
terceiros. 
Para o Ministro Gilmar Mendes, o caso concreto “não trata de impugnação do acordo de colaboração 
premiada por terceiros, mas de questionamento de terceiros que tem a aplicação de provas no seu caso 
concreto. Ou seja, o que se discute é a produção de provas pelo colaborador nos processos que tramitam 
em face dos pacientes da ação. O foco da impugnação diz respeito à utilização de provas contra os 
imputados e ao modo que tais elementos foram produzidos a partir de um cenário de acordos de 
colaborações temerários e claramente questionáveis.” 
Sendo assim, no caso concreto, pode-se questionar a aplicação das provas colhidas nos acordos. 
Não se está, portanto, violando a posição adotada pelo Plenário no HC 127483. O que se está fazendo é 
desenvolvendo e refinando o sistema para analisar as consequências que precisam ser controláveis pelo 
Poder Judiciário. 
Nessa perspectiva, diante da complexidade das relações que se colocam em uma Justiça criminal negocial, 
o relator reputou ser necessário avançar para traçar critérios adequados à limitação de abusos. 
Vale ressaltar que o Min. Gilmar Mendes defendeu que a posição manifestada pelo Plenário do STF no HC 
127483 fosse revista. Nas suas palavras: 
“Diante da gravidade dos fatos narrados, em que houve a caracterização evidente de um cenário 
de abusos e desconfiança na atuação das partes envolvidas no acordo de colaboração premiada, 
penso que é chegado o momento adequado para que se repense a posição adotada pelo Supremo 
Tribunal Federal em relação à impossibilidade de impugnação dos acordos por terceiros 
delatados.” 
 
Não se pode, contudo, ainda, dizer que a posição pela impossibilidade de impugnação do acordo pelo 
delatado (HC 127483) tenha sido superada. Isso porque a decisão aqui comentada (HC 142205) foi 
proferida pela 2ª Turma do STF e houve empate (2x2), de forma que ainda persiste a posição do Plenário, 
pelo menos como regra geral. 
 
E quanto ao mérito, o pedido foi acolhido pelo STF? 
SIM. 
A 2ª Turma do STF, por empate* na votação, concedeu a ordem de habeas corpus para declarar a nulidade 
da utilização, como meio de prova, do segundo acordo de colaboração premiada firmado, por auditor e 
sua irmã, no âmbito de operação deflagrada com o objetivo de desarticular organização criminosa 
formada por auditores fiscais. 
O colegiado reconheceu a ilicitude das declarações incriminatórias prestadas por Luiz e sua irmã. 
 Informativo 
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Informativo 988-STF (02/09/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
Além disso, determinou ao juízo de origem que verifique eventuais outros elementos probatórios 
contaminados pela ilicitude declarada e atos que devam ser anulados em razão de neles estarem 
fundamentados, além da viabilidade de manutenção ou trancamento do processo penalao qual estão 
submetidos os pacientes. 
O STF determinou ainda a inutilização da prova declarada ilícita, nos termos do art. 157, § 3º, do CPP: 
Art. 157 (...) 
§ 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será 
inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. 
 
Necessidade de respeitar as balizas legais 
O relator ressaltou que o estabelecimento de balizas legais para o acordo é uma opção do nosso sistema 
jurídico, para garantir a isonomia e evitar a corrupção dos imputados, mediante incentivos desmesurados 
à colaboração, e dos próprios agentes públicos, aos quais se daria um poder sem limite sobre a vida e a 
liberdade dos imputados. 
É preciso respeitar a legalidade, visto que as previsões normativas caracterizam limitação ao poder 
negocial no processo penal. 
No caso de ilegalidade manifesta (evidente) em acordo de colaboração premiada, o Poder Judiciário deve 
agir para a efetiva proteção de direitos fundamentais. 
 
A legalidade dos meios de obtenção de prova pode ser aferida 
O acordo de colaboração premiada é meio de obtenção de prova. Portanto, trata-se de instituto de 
natureza semelhante, por exemplo, à interceptação telefônica. 
O STF reconheceu, várias vezes, a ilegalidade de atos relacionados a interceptações telefônicas. Logo, não 
há motivo para afastar essa possibilidade em ilegalidades que permeiam acordos de colaboração 
premiada. 
 
Gravidade das acusações atribuídas aos membros do MP 
Em face da gravidade das acusações atribuídas aos membros do Ministério Público estadual, é 
questionável a possibilidade de esses agentes negociarem e transigirem sobre a pretensão acusatória com 
relação a fatos supostamente criminosos a eles imputados. 
Além disso, diante do cenário descrito, em que houve a realização de acordo de colaboração premiada 
sucessivo à rescisão por descumprimento de avença anterior, há clara fragilização à confiabilidade das 
declarações prestadas pelos delatores. 
A força probatória de tais declarações, já mitigada em razão do previsto no art. 4º, § 16, da Lei nº 
12.850/2013, resta completamente esvaziada diante do panorama de ilegalidades narrado. 
Art. 4º (...) 
§ 16. Nenhuma das seguintes medidas será decretada ou proferida com fundamento apenas nas 
declarações do colaborador: 
I - medidas cautelares reais ou pessoais; 
II - recebimento de denúncia ou queixa-crime; 
III - sentença condenatória. 
 
Os benefícios de Luiz e sua irmã obtidos com o acordo de colaboração premiada foram rescindidos? 
NÃO. O STF manteve os benefícios oferecidos pelo Ministério Público e concedidos pelo juízo de origem 
aos delatores. 
 
 
 
 Informativo 
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Informativo 988-STF (02/09/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
Oficiar aos órgãos correicionais para apurar a conduta dos Promotores 
Por fim, o Tribunal mandou oficiar ao Conselho Nacional do Ministério Público e à Corregedoria do Ministério 
Público do Paraná, a fim de que instaurem procedimentos investigatórios para o esclarecimento dos fatos 
relacionados a atuações dos membros do Ministério Público na realização dos acordos de colaboração 
premiada, devendo tais órgãos manter o STF informado sobre o andamento e os resultados da apuração. 
 
Registro das tratativas 
Vale ressaltar que esse fato ocorreu antes da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), que promoveu 
algumas alterações no regime jurídico da colaboração premiada. 
A fim de dar maior segurança aos envolvidos (tanto Polícia e MP como também o eventual colaborador), 
a Lei nº 13.964/2019 modificou a Lei nº 12.850/2013 passando a exigir que as tratativas do acordo de 
colaboração também sejam gravadas. Veja: 
LEI DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 
Antes da Lei 13.964/2019 ATUALMENTE 
Art. 4º (...) 
§ 13. Sempre que possível, o registro dos atos de 
colaboração será feito pelos meios ou recursos 
de gravação magnética, estenotipia, digital ou 
técnica similar, inclusive audiovisual, destinados 
a obter maior fidelidade das informações. 
Art. 4º (...) 
§ 13. O registro das tratativas e dos atos de 
colaboração deverá ser feito pelos meios ou 
recursos de gravação magnética, estenotipia, 
digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, 
destinados a obter maior fidelidade das 
informações, garantindo-se a disponibilização de 
cópia do material ao colaborador. 
 
Segundo o Ministro Gilmar Mendes, grande parte dos problemas que se verificaram no caso concreto 
decorreram da ausência de registro e de controle dos atos de negociação e das declarações prestadas 
pelos delatores. 
 
* Empate na votação 
De acordo com o art. 150, § 3º do Regimento Interno do STF, no caso de empate em habeas corpus e em 
recurso de habeas corpus, deve prevalecer a decisão mais favorável ao réu. 
 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
Julgue os itens a seguir: 
1) É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que preveja que os serviços públicos de 
saneamento e de abastecimento de água serão prestados por pessoas jurídicas de direito público ou por 
sociedade de economia mista sob controle acionário e administrativo, do Poder Público Estadual ou 
Municipal. ( ) C 
2) (Procurador TCE/PA 2019 CEBRASPE) Tem legitimidade para o ajuizamento de ação direta de 
inconstitucionalidade associação de caráter nacional, desde que esteja presente em pelo menos dois 
terços das unidades da federação. ( ) E 
3) A inscrição de Estado-membro nos cadastros federais de inadimplência antes da instauração e do 
julgamento de tomada de contas especial viola o devido processo legal. ( ) C 
 
Gabarito 
1. C 2. E 3. C 
 
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Informativo 988-STF (02/09/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
OUTRAS INFORMAÇÕES 
 
Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos Julgamentos por meio 
eletrônico* 
 Em curso Finalizados 
Pleno 26.8.2020 27.8.2020 4 — 352 
1ª Turma — — — — 171 
2ª Turma 25.8.2020 — — 4 161 
 
* Emenda Regimental 52/2019-STF. Sessão virtual de 21 a 28 de agosto de 2019. 
 
 
CLIPPING DAS SESSÕES VIRTUAIS 
DJE DE 24 A 28 DE AGOSTO DE 2020 
 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.068 
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA 
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou improcedente a ação direta, nos termos do voto da Relatora. Falou, pelos 
interessados Presidente da República e Congresso Nacional, o Ministro José Levi Mello do Amaral Júnior, Advogado-
Geral da União. Plenário, Sessão Virtual de 26.6.2020 a 4.8.2020. 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. § 1º DO ART. 16 DA LEI N. 11.457/2007. CRIAÇÃO 
DA “SUPER-RECEITA”. COMPETÊNCIA DA PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL PARA A 
COBRANÇA DE CRÉDITOS DE QUALQUER NATUREZA INSCRITOS NA DÍVIDA ATIVA. PRAZO PARA 
IMPLEMENTAÇAO DA FASE DOIS DA “SUPER- RECEITA” COM OBSERVÂNCIA DO DISPOSTO NOS ARTS. 
18 E 19 DA LEI N. 11.457/2007. ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE, DA 
EFICIÊNCIA ADMINISTRATIVA E DA CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO: NÃO CONFIGURAÇÃO. 
AÇÃO DIRETA JULGADA IMPROCEDENTE. 
 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.454 
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA 
Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou procedente o pedido formulado na ação direta para declarar a 
inconstitucionalidade do § 3º do art. 210-A da Constituição do Paraná, incluído pela Emenda Constitucional nº 24/2008, 
nos termos do voto da Relatora, vencido o Ministro Marco Aurélio. Plenário, Sessão Virtual de 26.6.2020 a 4.8.2020. 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. § 3º DO ART. 210-A DA CONSTITUIÇÃO DO 
PARANÁ, ACRESCENTADO PELA EMENDA CONSTITUCIONAL N. 24/2008. EXIGÊNCIA DE SEREM 
PRESTADOS OS SERVIÇOS LOCAIS DE SANEAMENTO E ABASTECIMENTO DE ÁGUA POR PESSOA 
JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO OU SOCIEDADE DE ECONOMIAMISTA SOB CONTROLE ACIONÁRIO E 
ADMINISTRATIVO DO ESTADO OU DO MUNICÍPIO. INVASÃO DA COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO PARA 
LEGISLAR SOBRE ASSUNTOS DE INTERESSE LOCAL: SANEAMENTO BÁSICO. INCS. I E V DO ART. 30 DA 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. AÇÃO DIRETA JULGADA PROCEDENTE. 
 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.551 
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA 
Decisão: O Tribunal, por maioria, não conheceu da ação direta, nos termos do voto da Relatora, vencidos os Ministros 
Edson Fachin, Rosa Weber, Gilmar Mendes, Luiz Fux e Dias Toffoli (Presidente). Plenário, Sessão Virtual de 26.6.2020 
a 4.8.2020. 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI N. 9.270/2009, DO RIO GRANDE DO NORTE: 
PROGRAMA DE INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO VEICULAR DA FROTA DO ESTADO QUANTO À EMISSÃO DE 
POLUENTES E RUÍDOS. ALEGADA INCONSTITUCIONALIDADE DOS DISPOSITIVOS DA LEI POTIGUAR 
DETERMINANTE DE PAGAMENTO DE TARIFA SOBRE INSPEÇÃO VEICULAR. ALEGADA 
CARACTERIZAÇÃO DO EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA, A EXIGIR A COBRANÇA DE TAXA. 
CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO: NORMA INDISSOCIÁVEL DA PREVISÃO LEGAL DE COBRANÇA DE 
TARIFA. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL POR USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA 
UNIÃO PARA LEGISLAR SOBRE TRÂNSITO E TRANSPORTE. INC. XI DO ART. 22 DA CONSTITUIÇÃO DA 
REPÚBLICA. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE NÃO CONHECIDA. 
 
 Informativo 
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Informativo 988-STF (02/09/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 16 
AG.REG. NA AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA 2.910 
RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO 
Decisão: O Tribunal, por maioria, negou provimento ao agravo interno, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro 
Edson Fachin. Afastada a aplicação da multa porquanto não atingida a unanimidade prevista no § 4º do art. 1.021 do CPC. 
Plenário, Sessão Virtual de 19.6.2020 a 26.6.2020. 
Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL E FINANCEIRO. AGRAVO INTERNO EM AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. 
INSCRIÇÃO DE ENTE FEDERATIVO EM CADASTROS FEDERAIS DE INADIMPLÊNCIA. 1. A inscrição de 
Estado-membro nos cadastros federais de inadimplência antes da instauração e do julgamento de tomada de contas 
especial viola o devido processo legal. Precedentes. 2. Agravo interno a que se nega provimento. 
 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3.287 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO 
REDATOR DO ACÓRDÃO: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI 
Decisão: O Tribunal, por maioria, reconheceu a ilegitimidade ativa da requerente, nos termos do voto do Ministro Ricardo 
Lewandowski, Redator para o acórdão, vencidos os Ministros Marco Aurélio (Relator) e Edson Fachin. Falou, pelo 
interessado Município do Rio de Janeiro, o Dr. Gustavo da Gama Vital de Oliveira, Procurador do Município. Plenário, 
Sessão Virtual de 26.6.2020 a 4.8.2020. 
Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO. ENTIDADE 
DE CLASSE DE ÂMBITO NACIONAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 103, IX, E 
102, 'I', 'A', DA CF/1988. CARÊNCIA DA AÇÃO RECONHECIDA. AÇÃO DIRETA DE 
INCONSTITUCIONALIDADE NÃO CONHECIDA. I - A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal exige, para 
configuração do caráter nacional da entidade de classe, comprovação da existência de associados ou membros em pelo 
menos 9 Estados da Federação. Precedente: ADI 108/QO, Relator Ministro Celso de Mello. II - Reconhecimento da 
carência da ação, por força da ilegitimidade ativa da associação. III - Ação direta de inconstitucionalidade não conhecida. 
 
INOVAÇÕES LEGISLATIVAS 
21 A 24 DE AGOSTO DE 2020 
 
Lei nº 14.046, de 24.8.2020 - Dispõe sobre o adiamento e o cancelamento de serviços, de reservas e de eventos dos 
setores de turismo e de cultura em razão do estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 
20 de março de 2020, e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente da pandemia da Covid-
19. 
 
Lei nº 14.047, de 24.8.2020 - Dispõe sobre medidas temporárias para enfrentamento da pandemia da Covid-19 no âmbito 
do setor portuário, sobre a cessão de pátios da administração pública e sobre o custeio das despesas com serviços de 
estacionamento para a permanência de aeronaves de empresas nacionais de transporte aéreo regular de passageiros em 
pátios da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero); e altera as Leis nºs 9.719, de 27 de novembro de 
1998, 7.783, de 28 de junho de 1989, 12.815, de 5 de junho de 2013, 7.565, de 19 de dezembro de 1986, e 10.233, de 5 
de junho de 2001. 
 
Lei nº 14.048, de 24.8.2020 - Dispõe sobre medidas emergenciais de amparo aos agricultores familiares do Brasil para 
mitigar os impactos socioeconômicos da Covid-19; altera as Leis n os 13.340, de 28 de setembro de 2016, e 13.606, de 9 
de janeiro de 2018; e dá outras providências (Lei Assis Carvalho). 
 
Medida Provisória nº 996, de 25.8.2020 - Institui o Programa Casa Verde e Amarela. 
 
Emenda Constitucional nº 108, de 26.8.2020 - Altera a Constituição Federal para estabelecer critérios de distribuição da 
cota municipal do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de 
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), para disciplinar a disponibilização de dados 
contábeis pelos entes federados, para tratar do planejamento na ordem social e para dispor sobre o Fundo de Manutenção 
e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb); altera o Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias; e dá outras providências. 
 
 
Supremo Tribunal Federal – STF 
Secretaria de Documentação 
Coordenadoria de Divulgação de Jurisprudência 
cdju@stf.jus.br 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/Lei/L14046.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/Lei/L14047.htm
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